Buscar

artigo espasticidade

Prévia do material em texto

XVII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XIII Encontro Latino Americano de Pós-
Graduação e III Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba. 
1 
 
FISIOTERAPIA NA REDUÇÃO DA ESPASTICIDADE: UMA REVISÃO DE 
LITERATURA 
 
Anne Karoline de Oliveira Santos1, Jéssica Silva Costa2, Elizângela M. Carvalho 
Abreu3 
 
1,2 Graduanda em Fisioterapeuta pela Universidade Paulista (UNIP) / Instituto de Ciências da Saúde (ICS), 
Rod. Presidente Dutra, km 157,5 - Pista Sul, CEP 12240-420 - São José dos Campos - SP, 
karololiver2@yahoo.com.br 
3 Fisioterapeuta; Doutoranda em Engenharia Biomédica pela Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP) – 
Av. Shishima Hifumi, 2911 – Urbanova, São José dos Campos - SP, Professora do curso de Fisioterapia da 
UNIP, eliz_nasa@yahoo.com.br 
 
Resumo: A espasticidade é umas das sequelas que mais acometem pacientes neurológicos, sendo a sua 
redução de suma importância para o tratamento fisioterapêutico. Os objetivos do estudo foram revisar a 
respeito dos métodos e das terapias disponíveis na literatura especializada para o tratamento da 
espasticidade, identificar a eficácia destes recursos e determinar quais deles são os mais utilizados, e assim 
aprimorar o conhecimento e o tratamento fisioterapêutico da espasticidade. Foram analisados 23 artigos e 
02 livros, publicados entre os anos de 1993 e 2012. A busca foi realizada nos bancos de dados Medline, 
Scielo e Lilacs. Entre os recursos encontrados na literatura, para o tratamento da espasticidade estão: o 
Bobath com 17,36% dos artigos encontrados na literatura científica, a Crioterapia com 17,36%, a Crioterapia 
e Calor com 13,02%, a Hidroterapia com 13,02%, a Eletroestimulação Neuromuscular (EENM) com 4,34%, 
a Estimulação Elétrica Funcional (FES) com 17,36%, a Estimulação Elétrica Transcutânea (TENS) com 
4,34% e o Alongamento com 13,02%. Através do presente estudo podemos concluir que existem vários 
métodos de tratamento para a espasticidade, porém não há um consenso sobre qual é o melhor deles. 
 
Palavras-chave: Espasticidade, Fisioterapia e Tratamento. 
Área do Conhecimento: Ciências da Saúde 
 
Introdução 
 
 A espasticidade pode ser considerada como 
um dos principais sintomas em doenças 
neurológicas, sendo tratada constantemente pelos 
fisioterapeutas. O tratamento da espasticidade 
vem se desenvolvendo cada vez mais, porém 
ainda não existe um fundamento concreto para os 
melhores métodos e materiais que possam ser 
utilizados (TEIVE, ZONTA e KUMAGAI, 1998). 
O avanço das pesquisas em neuroreabilitação 
contribui para o uso adequado dos recursos 
terapêuticos, no tratamento da espasticidade. O 
Conceito Neuroevolutivo Bobath pode ser usado 
como um dos possíveis tratamentos na redução da 
espasticidade, assim como a Crioterapia, Calor 
Superficial, Calor e Crioterapia, Hidroterapia, 
Estimulação Elétrica Neuromuscular, Estimulação 
Elétrica Funcional (FES), Estimulação Elétrica 
Nervosa Transcutânea (TENS) e o uso do 
Alongamento Estático (MACHADO, 2000). 
Os objetivos desta pesquisa foram investigar os 
métodos e as terapias disponíveis na literatura 
especializada para o tratamento da espasticidade, 
identificar a eficácia destes recursos e determinar 
quais deles são os mais utilizados, e assim 
aprimorar o conhecimento e o tratamento 
fisioterapêutico da espasticidade. 
 
Metodologia 
 
A pesquisa foi classificada como exploratória 
descritiva. O material utilizado foi obtido por meio 
de pesquisas nos bancos de dados Scielo, Lilacs e 
Medline, além de livros. Foram incluídos artigos 
sobre os recursos fisioterapêuticos utilizados para 
tratar a espasticidade e foram excluídos artigos 
que abordassem outras formas de tratamento. 
Foram selecionados 23 artigos e 02 livros 
publicados entre os anos de 1996 e 2012. Para 
realizar a busca, utilizou-se uma combinação das 
palavras chave: espasticidade, fisioterapia e 
tratamento. 
 
Resultados 
 
A Figura 1 demonstra a porcentagem de cada 
recurso ou técnica utilizada no tratamento da 
espasticidade encontrados na literatura. Os 
resultados obtidos referem-se a 23 artigos 
científicos encontrados. 
 
XVII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XIII Encontro Latino Americano de Pós-
Graduação e III Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba. 
2 
Figura 1: Valores em porcentagem dos métodos 
de tratamento para a espasticidade, encontrados 
na literatura analisada. 
 
Na Tabela 1 estão demonstrados os estudos 
encontrados e seus resultados. De acordo com 
esses dados existem vários métodos utilizados 
para tal, sendo eles o Bobath, Crioterapia, Calor, 
Hidroterapia, Estimulação Elétrica Funcional 
(FES), Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea 
(TENS) e Alongamento. E cada modalidade de 
tratamento apresenta as suas próprias 
peculiaridades e a sua eficácia. Dos quinze 
estudos demonstrados na tabela em apenas três 
não houve redução da espasticidade, sendo um 
para hidroterapia e dois para FES. 
 
Tabela 1: estudos clínicos 
 
Autores Recursos Resultados 
Peres, Ruedell 
e Diamante 
(2009) 
Conceito 
Neuroevolutivo 
Bobath 
Redução do 
grau 02 para 01 
Palácio, 
Ferdinande e 
Gnoatto (2008) 
Conceito 
Neuroevolutivo 
Bobath 
Adequação do 
tônus muscular 
Bakhtiary e 
Fatemy (2008) 
Bobath x EENM 
Bobath = 
redução: -1,1 
Bobath e 
EENM = 
redução: 1,6 
Correia et al. 
(2010) 
Crioestimulação 
Redução de 
14,3% 
Ferreira e 
Fernandes 
(2012) 
Crioterapia e 
Calor superficial 
Redução de 
50% 
Camara et al. 
(2005) 
Crioterapia e 
infravermelho 
Redução de 
86% 
Bonono et al. 
(2007) 
Hidroterapia 
Não houve 
redução 
Melo, Alves e 
Leite (2002) 
Hidroterapia 
Redução do 
grau 03 para 
grau 02 
Silva e 
Chiumento 
(2007) 
Hidroterapia 
Redução do 
grau 03 para 01 
e do grau 4 
para 02 
King (1996) 
FES X 
Alongamento 
FES = redução: 
4,6cm-kg 
FES + 
Alongamento: 
redução de 
9,6cm-kg 
Felice, Ishizuka 
e Amarilha 
(2011) 
FES 
Não houve 
redução da 
espasticidade 
Yeh et al. 
(2010) 
FES 
Não houve 
redução da 
espasticidade 
Schuste, Sant 
e Dalbosco 
(2007) 
FES 
Redução do 
grau +1 para 0 
Nunes, Martins 
e Macedo 
(2010) 
Alongamento 
Estático 
Redução da 
espasticidade, 
sem valores 
numéricos 
Couto, 
Maragon e 
Damázio (2011) 
Alongamento e 
Crioterapia 
Redução do 
grau 02 para 
01, 03 para 01 
 
Discussão 
 
Após a análise da literatura foi possível 
observar que existem vários recursos 
fisioterapêuticos para o tratamento da 
espasticidade, dentre eles o Conceito 
Neuroevolutivo Bobath, que tem como conceito a 
inibição dos padrões reflexos anormais e a 
facilitação dos movimentos normais. Esse método 
auxilia na inibição de padrões motores anormais, o 
que gera uma facilitação dos movimentos normais 
e a adequação do tônus muscular (PERES, 
RUEDELL E DIAMANTE, 2009). 
Peres, Ruedell e Diamante (2009) aplicaram o 
Bobath em 04 pacientes (3 meninos e 1 menina), 
com idade entre 06 e 08 anos, diagnosticados com 
Paralisia Cerebral (PC). Foram realizados 03 
meses de atendimentos, duas vezes por semana, 
com duração de 40 minutos por sessão, 
totalizando 25 sessões. Com finalidade de auxiliar 
a criança a mudar suas posturas e inibir seus 
movimentos anormais, facilitando sua adaptação 
ao ambiente e melhorando a qualidade nas 
habilidades funcionais. 
Bakhtiary e Fatemy (2008) realizaram um 
estudo com 40 pacientes que sofreram Acidente 
Vascular Encefálico (AVE), com sequela de 
espasticidade dos músculos plantares do 
tornozelo. Os indivíduos foram divididos em dois 
grupos, um grupo foi submetido a 15 minutos de 
método Bobath, associado a 09 minutos deEstimulação Elétrica Neuromuscular (EENM), e o 
outro grupo foi tratado somente com a Técnica 
Bobath. Os autores relataram que houve uma 
maior diminuição do tônus muscular no grupo 
Bobath e EENM, se comparado ao grupo Bobath, 
a diferença foi -1,6 versus -1,1. Sendo assim os 
 
XVII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XIII Encontro Latino Americano de Pós-
Graduação e III Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba. 
3 
autores concluíram que a combinação Bobath e 
EENM é bastante eficaz no tratamento da 
espasticidade muscular. 
De acordo com Souza et al. (2011), a EENM é 
empregada para controlar a hipertonia espástica, 
por meio da inibição recíproca, do relaxamento do 
músculo espástico, da estimulação sensorial de 
vias aferentes, da neuroplasticidade, modificando 
assim a propriedade elástica dos músculos e 
recrutando fibras musculares. 
Segundo Arantes et al. (2007), a Estimulação 
Elétrica Funcional (FES) proporcionam efeitos 
positivos na adequação do tônus muscular, pois 
induz potencias de ação no nervo motor, 
promovendo ativação de unidades motoras, 
auxiliando na diminuição da espasticidade. 
Yeh et al. (2010) realizaram um estudo com 16 
pacientes, portadores de sequela de AVE, com 
hipertonia no membro inferior. Um grupo de 08 
pacientes efetuou exercício de ciclismo associado 
à FES por 20 minutos, já os outros 08 não 
utilizaram o FES. Foram utilizados quatro 
eletrodos de superfície, um negativo no meio do 
músculo quadríceps, e outro positivo 3-5 cm acima 
da articulação do joelho. Um eletrodo negativo no 
meio do tendão e o eletrodo positivo 3-5 cm acima 
da fossa patelar. Os parâmetros do FES utilizados 
foram de onda retangular bifásica com frequência 
de 20Hz, sequencial, de 300mS duração de pulso, 
e 0 a 100 mA, a Intensidade de estimulação foi 
ajustado pela observação do terapeuta. Após 
duas sessões, houve redução significativa da 
hipertonia muscular do grupo FES, a análise 
estatística mostrou diferenças significativas entre 
pré e pós-teste no grupo ciclismo e FES (Z = -
3,035 com p = 0,002) e também no grupo apenas 
ciclismo (Z = -2,500 com p = 0,012). 
Schuster, Sant e Dalbosco (2007), realizaram 
um estudo com um indivíduo, sexo masculino, 54 
anos de idade, com diagnóstico de AVE 
hemorrágico, com dois anos de lesão, e sequelas 
de hemiparesia esquerda, com déficit de força nos 
membros inferiores. O paciente recebeu 20 
sessões de FES no músculo dorsiflexor de 
tornozelo (tibial anterior), por 30 minutos, três 
vezes semanais, durante 45 dias, com parâmetros 
fixos de 250 μs modulados a 50 Hz, Ton 06 
segundos, Toff de 12 segundos, com rampa de 
súbita de 0,2 segundos e descida de 0,1 segundos 
e intensidade, conforme a tolerância do paciente. 
O tônus dos músculos tratados foi avaliado pela 
escala de Asworth, na avaliação inicial, foi 
verificada uma espasticidade leve grau +1 de 
gastrocnêmio, e na reavaliação grau 0, compatível 
com a normalidade. 
Silveira e Gusmão (2008) afirmam que o uso 
da Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea 
(TENS) na redução e controle da espasticidade, é 
eficaz quando utilizado nos modos de 100 Hz de 
frequência de estimulação do músculo espástico, 
porém ainda não se sabe exatamente a 
determinação de parâmetros quanto à duração de 
pulso, tempo de aplicação e números de 
aplicações, dificultando a elaboração de um 
protocolo de tratamento para a espasticidade. 
King (1996) observou uma redução do tônus 
muscular dos músculos flexores após a aplicação 
de 10 minutos de FES, em comparação com outro 
grupo que realizou 10 minutos de alongamento, 
sendo realizado em 10 séries de 1 minuto. O 
estudo foi realizado com 21 pacientes, que 
apresentavam espasticidade no músculo flexor do 
punho após acidente cerebrovasculares. Antes do 
tratamento foi realizado teste de torque, em um 
medidor de binário. Para o uso da FES, foi 
acoplado um eletrodo na superfície proximal do 
antebraço e outro na superfície distal do 
antebraço. Os parâmetros utilizados foram: 
Estimulação modo síncrona, 45Hz de pulso, 250µs 
largura de pulso, 3/0segundos de rampa de subida 
e descida, tempo on/off de 10 segundos e de 15 
mA a 20mA de amplitude. A diminuição da 
resistência do grupo Alongamento foi de 4,6 cm-
kg, já no Grupo FES de 9,6 cm-kg. 
Bovend’eerdt et al. (2008) chamam a atenção 
para a importância do alongamento no tratamento 
da espasticidade. O alongamento normaliza o 
tônus muscular, melhora a extensibilidade dos 
tecidos moles, a postura e a amplitude de 
movimento. O tratamento através de 
alongamentos deve ser aplicado diariamente ou 
semanalmente, atentando-se para a intensidade 
de estiramento, para evitar danos na musculatura 
alongada. 
Nunes, Martins e Macedo (2010) realizaram um 
estudo de caso de um paciente, com 15 anos de 
idade e diagnosticado de PC Hemiparética 
Espástica. Como intervenção foi utilizado o 
alongamento estático e passivo, nas seguintes 
musculaturas: flexores e abdutores de ombro, 
flexores e extensores de cotovelo, pronadores, 
supinadores e extensores de punho, extensores 
das interfalangianas e abdutor do polegar do 
membro superior esquerdo, e de isquiotibiais, tibial 
anterior e extensores dos dedos do pé. Os 
alongamentos foram realizados duas vezes por 
semana, com duração de 50 minutos, totalizando 
11 sessões. Os autores não descreveram quantas 
repetições foram realizadas. O goniômetro foi 
utilizado para quantificar a amplitude de 
movimento (ADM). Observou-se diminuição da 
espasticidade, através da melhora da ADM, porém 
os valores numéricos não foram descritos. 
Outra forma de tratamento para a adequação 
do tônus muscular é a crioterapia, que pode ser 
descrita como a aplicação de modalidades 
 
XVII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XIII Encontro Latino Americano de Pós-
Graduação e III Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba. 
4 
diferentes de frio, com uma variação de 
temperatura de 0ºC a 18,3ºC. O declínio da 
temperatura corporal desencadeia respostas locais 
e sistêmicas. O gelo atua diminuindo a 
neurotransmissão de impulsos aferentes e 
eferentes, com consequente diminuição dos 
reflexos osteotendinosos e cutâneos. Inicialmente 
o gelo promove um aumento na descarga fusal e 
logo em seguida uma redução nessa descarga, 
diminuindo assim a atividade elétrica do músculo e 
consequentemente o espasmo muscular 
(CORREIA ET AL., 2010). 
Couto, Marangon e Damázio (2011) realizaram 
um estudo com duas mulheres com idade de 46 a 
64 anos, que apresentavam sequelas de AVE. O 
protocolo de tratamento para o indivíduo 01 foi o 
uso de compressas de gelo na musculatura flexora 
de punho e dedos no antebraço esquerdo, por 15 
minutos e após a aplicação foi realizado o 
alongamento passivo de flexores de punho e 
dedos, mantidos por um minuto e meio distribuídos 
em 3 séries de 30 segundos. O protocolo do 
indivíduo 02 foi apenas o alongamento passivo de 
flexores de punho e dedos, mantido por um minuto 
e meio distribuído em 03 séries de 30. Os 
músculos bíceps braquial e os flexores de punho e 
dedos foram avaliados por meio da escala de 
Ashoworth antes e após o tratamento. Para o 
indivíduo 01 a espasticidade do músculo bíceps 
braquial passou do grau 2 para 1 e nos flexores de 
punho e dedos passou de 3 para 1. Já para o 
indivíduo 02 a espasticidade do bíceps braquial 
manteve-se o grau +1 e nos flexores de punho e 
dedos passou do grau 2 para 1. 
Correia et al. (2010) em seu estudo com 07 
voluntários que sofreram AVE (5 homens e 2 
mulheres), com idade entre 68 e 84 anos. O gelo 
foi aplicado de forma continua e rápida 
(crioestimulação) na musculatura extensora de 
punho e mão, durante 1 minuto e 40 segundo, e a 
cinesioterapia foi aplicada logo após, seguiu-se 
este protocolo por 10 sessões.Após o tratamento 
verificou-se a redução do grau de espasticidade 
no membro superior de 14,3% em seis pacientes, 
apenas um paciente não apresentou redução do 
grau de espasticidade. De acordo com os autores, 
a crioterapia aplicada de forma contínua reduz a 
espasticidade por diminuir a neurotransmissão de 
impulsos aferentes e eferentes. O gelo atua 
diminuindo os reflexos osteotendinosos e 
cutâneos, aumentando inicialmente a descarga do 
fuso e logo em seguida promovendo uma redução 
nessa descarga, diminuindo a atividade elétrica do 
músculo e consequentemente o espasmo 
muscular. 
 Camara et al. (2005) realizaram um estudo com 
03 pacientes com lesão medular, pacientes A e C 
com grau 5 de espasticidade e paciente B com 
grau 4 de acordo com a Escala de Ashworth. Os 
pacientes foram submetidos à crioterapia por 20 
minutos, por meio de uma bolsa de gelo envolta 
por uma toalha colocada sobre o ventre dos 
músculos adutores da coxa de ambos os membros 
inferiores. Após a retirada do gelo, aplicou-se o 
infravermelho por 20 minutos no mesmo local, com 
intensidade moderada, a 50 cm de distância da 
pele. O tratamento foi realizado por um período de 
dois meses e meio, com duração de 1 hora cada 
sessão. Entre outras medidas, os pacientes 
tiveram a distância entre os maléolos internos 
medida, após uma abdução passiva dos membros 
inferiores. No paciente A, o valor de 41,6 cm 
passou para 89,3 cm no final do tratamento. No 
paciente B, foi de 35,6 cm para 75,6 cm. E no 
paciente C, de 35,6 cm para 75,6 cm. Os autores 
atribuem o aumento desta distância à redução da 
espasticidade. 
Outro recurso utilizado no tratamento da 
espasticidade é o calor. Fonseca et al. (2006) 
relatam que o calor superficial pode ser utilizado 
no tratamento da espasticidade, já que suas 
propriedades trazem benefícios como o 
relaxamento muscular, que ocorre quando se 
atinge progressivamente temperaturas entre 38,5 
e 40°C. As formas de aplicação utilizadas são 
banhos, bolsas e compressas no segmento 
corporal espástico. 
Sobre o uso do Calor e da Crioterapia, Ferreira 
e Fernandes (2012) realizaram um estudo com 
uma paciente com tetraplegia espástica, devido à 
PC. A paciente foi avaliada por meio da Escala 
Modificada de Ashworth e apresentou hipertonia 
espástica de grau 3. O tratamento consistiu em 
aplicação de crioterapia sobre forma de pacote de 
gelo por 30 minutos no ventre do músculo bíceps 
braquial do membro superior esquerdo, e 
simultaneamente, foi realizada aplicação de Calor 
Profundo por Ultrassom Terapêutico Contínuo 
(UST), com frequência de 1MHz, intensidade de 
1,0 a 3,5 w/cm², durante 10 minutos, no tendão do 
músculo Bíceps Braquial, foram realizadas 14 
sessões. De acordo com os autores houve 
redução da espasticidade em cerca de 50% após 
o tratamento, e eles atribuem esta diminuição à 
redução dos impulsos aferentes e eferentes, 
diminuindo assim os reflexos cutâneos e 
osteotendineos. Os autores recomendam a 
aplicação de crioterapia por no mínimo 20 minutos, 
mas preferencialmente de 30 minutos, o uso do 
gelo reduz a espasticidade por até 60 minutos 
após a sua aplicação, promovendo relaxamento 
muscular de 30 minutos até 2 horas. 
Além dos recursos utilizados nos estudos 
descritos acima, a hidroterapia também vem sendo 
utilizada no tratamento da espasticidade. Bonono 
et al. (2007) realizaram um estudo com 06 
 
XVII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XIII Encontro Latino Americano de Pós-
Graduação e III Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba. 
5 
crianças diagnosticadas com PC e com sequela de 
tetraparesia espástica, com idade entre 2 e 6 
anos. Os pacientes realizaram 20 sessões de 
tratamento hidroterapêutico em piscina aquecida, 
com temperatura de 33-34 °C, sendo 2 vezes por 
semana, com duração de 40 minutos cada sessão. 
O tônus muscular foi avaliado pela escala de 
Ashworth Modificada, na avaliação inicial do tônus 
muscular, 04 pacientes apresentaram grau 03, um 
paciente apresentou grau 02 e um paciente 
apresentou grau 01. Após o tratamento não houve 
mudança desses valores. Porém, os autores 
afirmaram que a hidroterapia pode ser eficaz na 
aquisição e melhora da capacidade funcional de 
crianças com PC tetraparéticas espásticas. 
Em contrapartida Melo, Alves e Leite (2012) 
realizaram um estudo com uma criança com 
diagnóstico clínico de hidrocefalia e diagnóstico 
fisioterápico de quadriplégia espástica moderada. 
As sessões de Hidroterapia foram realizadas 03 
vezes por semana com duração de 45 minutos 
cada, totalizando 20 sessões. O tônus muscular foi 
avaliado por meio da escala de Asworth 
Modificada, na avaliação inicial do tônus muscular 
o paciente apresentou grau 03, e após o 
tratamento houve redução da espasticidade 
muscular para grau 02. Segundo os autores o 
calor da água na hidroterapia reduz a 
sensibilidade das terminações sensitivas e 
conforme o sangue dos músculos é aquecido, o 
calor causa um relaxamento muscular, o que 
colabora significavelmente na realização de 
manobras, possibilitando a aquisição e melhora do 
controle motor e equilíbrio, o que muitas vezes 
fora do ambiente aquático seria impossível. 
Silva e Chiumento (2007) realizaram um estudo 
com 03 homens, com idade entre 33 e 42 anos, 
dos quais dois pacientes apresentando tetraplegia 
e um paraplegia. Os pacientes foram, então, 
submetidos a dois atendimentos semanais através 
do Watsu, totalizando 10 atendimentos, com 
duração de 40 minutos cada. Para avaliar o tônus 
muscular antes e após o tratamento, foi utilizada a 
Escala de Ashworth Modificada. Foi observado 
que o primeiro indivíduo do grau 03 de 
espasticidade passou para o grau 01, o segundo 
indivíduo do grau 04 para grau 02 e o terceiro 
indivíduo de grau 03 para grau 02. Os autores 
relataram que a hidroterapia gera relaxamento da 
musculatura, o que torna mais fácil a realização de 
alongamento, dos movimentos passivos, e o 
fortalecimento da musculatura antagonista, e 
consequentemente, melhor funcionalidade ao 
paciente. 
 
Conclusão 
 
A pesquisa demonstrou que o tratamento e 
redução da espasticidade ocorrem pelo uso de 
vários métodos e técnicas fisioterapêuticos. 
Verificou-se que entre os estudos analisados as 
formas de tratamentos mais utilizados foram o 
Bobath, a crioterapia e a FES, e os menos 
utilizados a EENM e a TENS. 
Na maioria dos estudos analisados houve 
resultados positivos com o uso do método de 
escolha, seja ele utilizado de forma isolada ou em 
combinação. Porém verifica-se uma falta de 
padronização na utilização dos métodos, como por 
exemplo, em relação aos parâmetros da 
eletroestimulação, a forma e tempo de aplicação 
da crioterapia e do calor e ao tempo e séries do 
alongamento, isso dificulta a escolha do método a 
ser utilizado e retrata a necessidade de mais 
estudos sobre o assunto. 
 
Referências 
 
- ARANTES, N. F., VAZ, D. V., MANCINI, M. C., 
PEREIRA, M. S. D. C., PINTO, F. P. Efeitos da 
estimulação elétrica funcional nos músculos do 
punho e dedos em indivíduos hemiparéticos: uma 
revisão sistemática da literatura. Revista 
Brasileira de Fisioterapia. vol. 11 no. 6 São 
Carlos Nov./Dec. 2007. 
 
- BAKHTIARY A. H, FATEMY E. Does electrical 
stimulation reduce spasticity after stroke? A 
randomized controlled study. Clin Rehabil May. 
22: 418-425. 2008. 
 
- BONOMO, L. M. M., CASTRO, V. C., 
FERREIRA, D. M., MIYAMOTO, S. T. Hidroterapia 
na aquisição da funcionalidade de crianças com 
Paralisia Cerebral. Rev. Neurocienc; vol. 15, no. 
2, p.125–130, 2007. 
 
- BOVEND’EERDT T.J., NEWMAN M., BARKER 
K., DAWES H., MINELLI C., WADE D.T.The 
Effects of Stretching in Spasticity: A Systematic 
Review. Review Article. Arch Phys Med Rehabil 
Vol. 89, July 2008. 
 
- CAMARA, F. C., LIMA, G. M., FANTINI, G., 
MACARI, K., LUCATOJÚNIOR, R.V., HADAD, 
P.J. Efeitos da utilização da crioterapia e do calor 
superficial na espasticidade de pacientes com 
lesão medular. Rev. Unorp, São José do Rio 
Preto, vol. 4, no. 12, p. 7-23. 2005. 
 
- CORREIA, A. C. S., SILVA, J. D. S., SILVA, L. V. 
C. S., OLIVEIRA, D. A., CABRAL, E.D. Crioterapia 
e cinesioterapia no membro superior espástico no 
acidente vascular cerebral. Fisioter. Mov., 
Curitiba, vol. 23, no. 4, p. 555-563, out./dez. 2010. 
 
XVII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XIII Encontro Latino Americano de Pós-
Graduação e III Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba. 
6 
 
- COUTO, C. M., MARANGON, M. S, DAMÁZIO, 
L. C. M. Efeito da crioterapia e alongamento no 
ganho da funcionalidade da mão hemiparética de 
pacientes com sequela de acidente vascular 
encefálico. Revista ENAF Science, voL. 6, no. 1, 
2011. 
 
- FELICE, T. D., ISHIZUKA, R. O. R., AMARILHA, 
J. D. Eletroestimulação e Crioterapia para 
espasticidade em pacientes acometidos por 
Acidente Vascular Cerebral. Rev. Neurocienc; 
vol.19, no. 1,p. 77-84, 2011. 
 
- FERREIRA. A. S., FERNANDES, D. S. D. L. 
Influência da Crioterapia e do Calor Ultrassônico 
na Paralisia Cerebral: Relato de Caso. Rev 
Neurocienc 20.710.8p 2012. 
 
- FONSECA, A. P. C., JAKAITIS, F., D’ANDREIA-
GREVE, J. M., PAVAN, K., LOURENÇÃO, M. I. P., 
GAL, P. L. M., LIANZA, S. Autoria: Associação 
Brasileira de Medicina Física e Reabilitação. 
Espasticidade: Tratamento por Meio de 
Medicina Física. Projeto Diretrizes Associação 
Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina, 
2006. 
 
- KING,T. I. The effect of neuromuscular electrical 
stimulation in reducing tone. Am J Occup Ther ; 
vol. 50, no. 1,p. 62-4. 1996. 
 
- MACHADO, A. Neuroanatomia funcional. 2° 
Edição, São Paulo, Atheneu, 363p, 2000. 
 
- MELO, F. R., ALVES, D. A. G., LEITE J. M. R. S. 
Benefícios da Hidroterapia para Espasticidade em 
Uma Criança com Hidrocefalia. Rev. Neurocienc 
vol. 20, no. 3, p. 415-421. 2012. 
 
- NUNES, L. E., MARTINS, R. A. S., MACEDO, A. 
B. A eficácia da associação das técnicas de 
alongamento, facilitação neuromuscular 
proprioceptiva e controle postural em adolescente 
com hemiparesia – estudo de caso. Revista 
Eletrônica “Saúde CESUC” - Centro de Ensino 
Superior de Catalão, Ano I, Nº 01, 2010. 
 
- PALÁCIO, S.G, FERDINANDE, A. K. S e 
GNOATTO, F. C. Análise do desempenho motor 
de uma criança com hemiparesia Espástica pré e 
pós-tratamento fisioterapêutico: Estudo de caso. 
Cienc Cuid Saude; vol.7, no. 1, p.127-131, 2008. 
 
- PERES, L. W., RUEDELL, A. M. e DIAMANTE, 
C. Influência do conceito neuroevolutivo bobath no 
tônus e força muscular e atividades funcionais 
estáticas e dinâmicas em pacientes diparéticos 
espásticos após paralisia cerebral. Saúde. Santa 
Maria, vol. 35, no. 1, p. 28-33, 2009. 
 
- SCHUSTER, R. C., SANT C. R., DALBOSCO, V. 
Efeitos da estimulação elétrica funcional (FES) 
sobre o padrão de marcha de um paciente 
hemiparético. ACTA FISIATR vol.14, no. 2, p. 82 
– 86, 2007. 
 
- SILVA L. C., CHIUMENTO L. F. Análise da 
espasticidade de membro inferiores em pacientes 
com traumatismo raquimedular, submetidos a 
relaxamento aquático. Rev. Neurocienc vol.15, 
no.7, p. 316-325. 2007. 
 
- SILVEIRA, D. W. S. e GUSMÃO, C. A. A 
utilização da estimulação elétrica nervosa 
transcutânea (tens) no tratamento da 
espasticidade – uma revisão bibliográfica. Rev. 
Saúde. Com.; vol.4, no.1, p. 64-71, 2008. 
 
- SOUZA, D. Q., MENDES, I. S., BORGES, A. C. 
L., FREITAS, S. T. T., LIMA, F. P. S., LIMA, M. O., 
LUCARELI, P. R. G. Efeito da estimulação elétrica 
neuromuscular (EENM) no músculo agonista e 
antagonista de indivíduos com hemiplegia 
espástica decorrente de disfunção vascular 
encefálica: revisão sistemática. Revista Univap, 
São José dos Campos-SP, vol. 17, no. 30. ISSN 
2237-1753, dez, 2011. 
 
- TEIVE, H. A. G., ZONTA, M. e KUMAGAI, Y. 
Tratamento da espasticidade uma atualização. 
Arquivos de Neuro-Psiquiatria. São Paulo, 
vol.56, no.4, p. 852-858, 1998. 
 
- YEH,C. Y., TSAI, K. H., SU, F.C., LO, H.C. Effect 
of a bout of leg cycling with electrical stimulation on 
reduction of hypertonia in patients with stroke. 
Arch Phys Med Rehabil. Vol.91, no.11, p.1731-6, 
2010.

Continue navegando