Buscar

Nacionalidade em Direito Internacional

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ – UESPI
CAMPUS CLÓVIS MOURA - CCM 
CURSO: BACHARELADO EM DIREITO
DISCIPLINA: DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
PROFESSOR: LIRTON NOGUEIRA SANTOS
SEMINÁRIO SOBRE NACIONALIDADE
ACADÊMICOS:
Alysson Rangel
Emerson Wagner
Daniel Leal
Maílson Roldão 
Ricardo Castro
Fabio Henrique
Teresina (PI), Nov. 2015.
 A NACIONALIDADE EM DIREITO INTERNACIONAL 
Princípios gerais e normas costumeiras. 
A dimensão humana, a dimensão pessoal, é inerente ao Estado: ele tem assim a elementar necessidade de estabelecer distinção entre seus nacionais e os estrangeiros. Esse princípio geral, que nenhuma ordem jurídica deixou de observar, foi não obstante posto em dúvida por Hans Kelsen, para quem nada impede que o Estado se abstenha de editar o regramento jurídico de sua própria nacionalidade — e, pois, de possuir nacionais. Mas Pontes de Miranda observou, com razão, que há uma necessidade imperiosa de que o Estado se manifeste em determinadas pessoas (quando menos, na singular pessoa do seu chefe). Mal se pode compreender, mesmo em pura teoria, a existência de um Estado cuja dimensão humana fosse toda ela integrada por estrangeiros, e cujo governo “soberano” se encontrasse nas mãos de súditos de outros países. 
É também princípio geral de direito das gentes a regra expressa no art. 15 da Declaração Universal dos Direitos do Homem (ONU — 1948): o Estado não pode arbitrariamente privar o indivíduo de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade. Esse duplo preceito sucede, no contexto do artigo, à afirmação de que todo indivíduo tem direito a uma nacionalidade — regra que recolhe unânime simpatia, mas que, por não ter um destinatário identificável, pode carecer de eficácia. 
Por último, vale dar destaque ao princípio da efetividade: o vínculo patrial não deve fundar-se na pura formalidade ou no artifício, mas na existência de laços sociais consistentes entre o indivíduo e o Estado. 
Tratados multilaterais. 
O direito internacional escrito tem, de modo esparso e avulso, procurado reduzir os problemas da apatria e da polipatria, ora trazendo à ordem geral certos Estados excessivamente absorventes, ou, pelo contrário, refratários demais à outorga da nacionalidade, ora tendendo a proscrever, nesse âmbito, a distinção entre os sexos e a repercussão automática do casamento, ou de sua dissolução, sobre o vínculo patrial. 
A Convenção da Haia de 12 de abril de 1930 proclama, de início, a liberdade do Estado para determinar em direito interno quais são seus nacionais, ponderando, embora, que tal determinação só é oponível aos demais Estados quando revestida de um mínimo de efetividade, à base de fatores ditados pelo costume pertinente (lugar do nascimento, filiação, tempo razoável de residência ou outro indicativo de vínculo como pressuposto da naturalização). No mais, limita-se o texto da Haia a condenar a repercussão de pleno direito sobre a mulher, na constância do casamento, da eventual mudança de nacionalidade do marido, e a determinar aos Estados cuja lei subtrai a nacionalidade à mulher em razão do casamento com estrangeiro, que se certifiquem da aquisição, por aquela, da nacionalidade do marido, prevenindo desse modo a perda não compensada, vale dizer a apatria. 
Ainda em salvaguarda dos direitos da mulher, duas convenções multilaterais viriam a merecer a cômoda participação do Brasil, cuja lei doméstica já então abolira toda distinção fundada no sexo, no terreno da nacionalidade. A primeira, resultante da 7ª Conferência Interamericana, condenava qualquer legislação ou prática discriminatória, nisto se resumindo.
A segunda, de alcance espacial mais amplo, porém de conteúdo igualmente simples, celebrou-se em Nova York, sob o patrocínio das Nações Unidas, em 20 de fevereiro de 1957, e cuidou tão só de imunizar a nacionalidade da mulher contra todo efeito automático do casamento, do divórcio, ou das alterações da nacionalidade do marido na constância do vínculo. 
Espécies de nacionalidade:
Nacionalidade Originária
Também chamada de primária, atribuída ou involuntária). É aquela que resulta de um fato natural (o nascimento) e a a pessoa se torna nacional nato.
Os Critérios para atribuição da nacionalidade originária são:
Critério territorial (jus soli): se a pessoa nascer no território do país, será considerada nacional deste.
Critério sanguíneo (jus sanguinis): a pessoa irá adquirir a nacionalidade de seus ascendentes, não importando que tenha nascido no território de outro país.
No Brasil, adota-se, como regra, o critério do jus soli, havendo, no entanto, situações nas quais o critério sanguíneo é aceito.
Nacionalidade Secundária
Também chamada de derivada, adquirida ou voluntária. É aquela decorrente de um ato voluntário da pessoa, que decide adquirir, para si, uma nova nacionalidade, disso surge a naturalização. 
A naturalização pode ser um ato voluntário expresso ou tácito, tornando a pessoa um nacional naturalizado.
4. A naturalização e a Constituição Federal de 1988
Outros conceitos importantes:
5.1 Polipátrida: indivíduo que possui mais de uma nacionalidade.
Apátrida, apólidos ou heimatlos (vem do alemão e significa "sem pátria"): é o indivíduo que não possui nenhuma nacionalidade. 
A situação de "apatridia" é indesejável e condenada pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, que reconhece, como vimos acima, a nacionalidade como um direito fundamental. Apesar disso, na história já tivemos casos de pessoas famosas que, durante pelo menos algum tempo de suas vidas, tornaram-se apátridas. Foi o caso, por exemplo, de Albert Einstein, Karl Marx e Elke Maravilha.
Português Equiparado (quase-nacionalidade)
Aos portugueses com residência permanente no País, serão atribuídos os direitos inerentes a brasileiro naturalizado, se houver reciprocidade de tratamento em favor dos brasileiros em Portugal. Essa regra dirige-se ao português que não quer a naturalização, mas sim permanecer como português no Brasil. Esse nacional português terá os mesmos direitos do brasileiro naturalizado, mesmo tem ter obtido a naturalização, desde que haja reciprocidade de tratamento para os brasileiros em Portugal. A isso se chama de cláusula do ut des (cláusula de reciprocidade).
Distinção entre brasileiros natos e naturalizados
A lei não pode estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados. Como regra, a CF/88 determina que a lei não pode estabelecer discriminação entre brasileiros natos e naturalizados. 
O Texto Constitucional, no entanto, previu 5 distinções excepcionais e taxativas (só podem existir essas), assim, ambos são iguais perante a lei, salvo nas seguintes hipóteses: 
Extradição
Somente o naturalizado pode ser extraditado.
O naturalizado pode ser extraditado por crime cometido antes da naturalização ou então mesmo depois da naturalização se o crime cometido foi o tráfico ilícito de entorpecentes.
Cargos privativos
Há alguns cargos privativos de brasileiro nato. São eles:
I - Presidente e Vice-Presidente da República;
II - Presidente da Câmara dos Deputados;
III - Presidente do Senado Federal;
IV - Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - de carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas.
VII - de Ministro de Estado da Defesa.
Atividade nociva ao interesse nacional
Somente o brasileiro naturalizado poderá perder a nacionalidade em virtude da prática de atividade nociva ao interesse nacional (art. 12, § 4º, I, da CF/88).
Conselho da República
Participam do Conselho da República, além de outros membros, seis cidadãos brasileiros natos, segundo o art. 89 da CF/88.
Empresa jornalística e de radiodifusão
Para que o brasileiro naturalizado seja proprietário de empresa jornalística e de radiodifusão no Brasil é necessário que tenha se naturalizado há mais de 10 anos.
Hipóteses de Perda da Nacionalidade (art. 12, § 4º, da CF/88)
 Praticar atividade nociva ao interesse nacional
A doutrina denomina de "perda-punição", pois se um brasileiro naturalizado praticaratividade nociva ao interesse nacional terá cancelada a sua naturalização. Essa perda ocorre por meio de um processo judicial, assegurado contraditório e ampla defesa, que tramita na Justiça Federal (art. 109, X, da CF/88). 
A lei não descreve o que seja atividade nociva ao interesse nacional.
Após a tramitação do processo, a perda efetiva-se por meio de sentença que deve ter transitado em julgado. Assim, o brasileiro nato não pode perder a sua nacionalidade, mesmo que pratique atividade nociva ao interesse nacional.
Os efeitos da sentença serão ex nunc e havendo a perda da nacionalidade por este motivo, a sua reaquisição somente poderá ocorrer caso a sentença que a decretou seja rescindida por meio de ação rescisória. Desse modo, não é permitido que a pessoa que perdeu a nacionalidade por esta hipótese a obtenha novamente por meio de novo procedimento de naturalização.
Adquirir outra nacionalidade
A doutrina denomina de "perda-mudança”, pois se um brasileiro, nato ou naturalizado, adquirir voluntariamente uma nacionalidade estrangeira, perderá, então, a brasileira, no entanto esta perda ocorre por meio de um processo administrativo, assegurado contraditório e ampla defesa, que tramita no Ministério da Justiça, e somente após a tramitação do processo, a perda efetiva-se por meio de Decreto do Presidente da República.
Os efeitos do Decreto serão ex nunc e havendo a perda da nacionalidade por este motivo, a sua reaquisição será possível por meio de pedido dirigido ao Presidente da República, sendo o processo instruído no Ministério da Justiça. Caso seja concedida a reaquisição, esta é feita por meio de Decreto.
Exceções
A CF traz duas hipóteses em que a pessoa não perderá a nacionalidade brasileira, mesmo tendo adquirido outra nacionalidade.
Assim, será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que adquirir outra nacionalidade, salvo no casos: 
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;
Ex: a Itália reconhece aos filhos de seus nacionais a cidadania italiana. Os brasileiros descendentes de italianos que adquirem aquela nacionalidade não perderão a brasileira, uma vez que se trata de mero reconhecimento de nacionalidade originária italiana em virtude do vínculo sanguíneo. Logo, serão pessoas com dupla nacionalidade.
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis;
Aqui, o objetivo da exceção é preservar a nacionalidade brasileira daquele que, por motivos de trabalho, acesso aos serviços públicos, moradia etc., praticamente se vê obrigado a adquirir a nacionalidade estrangeira, mas que, na realidade, jamais teve a intenção ou vontade de abdicar da nacionalidade brasileira.
Proteção Diplomática 
Teoria geral. No domínio da responsabilidade internacional, o estudo da proteção diplomática tem merecido destaque desde quando, em função do interesse das antigas potências coloniais, a análise estatística revelou que nas mais das vezes o Estado reclamante — ou, se assim se pode dizer sem especial incômodo, o Estado vítima do ilícito internacional imputável a outra soberania — não pretendia ver-se ressarcido por dano causado diretamente à sua dignidade ou ao seu patrimônio, mas por alegada afronta ao patrimônio privado de um nacional seu — em geral um investidor do hemisfério norte, seduzido pela rentabilidade dos investimentos no hemisfério sul. Recordemos, de início, em sua exatidão imaculada, a primitiva ideia da proteção diplomática (que não deve ser confundida com outro tópico de nossa disciplina, aquele referente aos privilégios do serviço diplomático).
A proteção que agora estudamos nada tem de essencial a ver com a diplomacia. Seu objeto é o particular — indivíduo ou empresa — que, no exterior, seja vítima de um procedimento estatal arbitrário, e que, em desigualdade de condições frente ao governo estrangeiro responsável pelo ilícito que lhe causou dano, pede ao seu Estado de origem que lhe tome as dores, fazendo da reclamação uma autêntica demanda entre personalidades de direito internacional público. O nome proteção diplomática deriva, de resto, do mais rudimentar e simples contexto possível, qual seja a situação do peregrino vitimado, em solo estrangeiro, pelo abuso de poder estatal a que não consegue resistir sozinho, e que invoca, dirigindo-se à legação diplomática de sua bandeira, o arrimo da pátria distante. Mas esse molde legal neutro bem cedo se deixaria preencher por uma argamassa de elevado teor político. O particular, objeto da proteção diplomática, vinha a ser cada vez mais a empresa e menos o indivíduo. O ente causador do dano e responsável por sua reparação era, via de regra, um Estado em desenvolvimento, plantado no hemisfério sul, quase sempre na América Latina. Por seu turno o Estado patrial, outorgante da proteção, tendia a estar alinhado entre os exportadores de capital, de tecnologia, e de súditos tanto mais entusiastas do lucro em ritmo de aventura quanto resguardados, pelo providencial mecanismo, dos riscos que com lógica e justiça se presumem inerentes a toda aventura. A doutrina tradicional, sempre solícita às sugestões do seu meio, cuidou de prestigiar quanto possível esse emprego unidirecionado e tendencioso do instituto da proteção diplomática, ao qual, entretanto, a primeira reação de grande vulto produziu-se já em 1868, por meio das proposições de Carlos Calvo, que veremos adiante.
 
O Endosso
A outorga da proteção diplomática de um Estado a um particular leva o nome de endosso: esse ato significa que o Estado assume a reclamação, fazendo-a sua, e dispondo-se a tratar da matéria junto ao Estado autor do ilícito. O endosso não significa necessariamente que haverá instância judiciária ou arbitral: é sempre possível que uma composição resulte do entendimento direto, ou de outro meio diplomático ou político de solução de controvérsias entre Estados.
Ao particular — indivíduo ou empresa — é facultado pedir a proteção diplomática de seu Estado patrial, mas não tem ele o direito de obtê-la. O Estado, com efeito, é livre para conceder o endosso ou recusá-lo. Tem-se mesmo lembrado, em doutrina, que o Estado, assim como pode recusar a proteção diplomática que um nacional lhe solicita, pode igualmente concedê-la sem pedido algum do particular, e mesmo à revelia deste. Essa tese, reaquecida no contexto da reação europeia à doutrina Calvo, não teve, de todo modo, grande amostragem na prática internacional.
Esta última afirmação refere-se ao contexto das reclamações internacionais de vulto econômico, onde o endosso resultou sempre do pedido — muitas vezes repetido e insistente — do particular lesado ao seu Estado patrial. No quadro dos direitos individuais elementares não é raro que a iniciativa da proteção diplomática prescinda do pedido da vítima: diplomatas e cônsules costumam agir ante a simples notícia de que compatriotas seus se encontram presos arbitrariamente no Estado territorial, sem esperar que estes formalizem um pedido de proteção.
Duas são as condições do endosso — noutras palavras, dois são os pressupostos que o Estado deve apurar ocorrentes antes de outorgar a seu nacional a proteção diplomática. É o que veremos agora.
 Primeira condição do endosso: a nacionalidade do particular. 
É a condição patrial da pessoa física ou jurídica que permite ao Estado o exercício da proteção diplomática. No caso das pessoas jurídicas, entretanto, a nacionalidade é um elemento carente das raízes sociais e do relevo jurídico que esse vínculo ostenta quando existente entre a pessoa humana e o Estado. Determina-se a nacionalidade das pessoas jurídicas em função da ordem jurídica estatal a que se subordinam, e que resulta, via de regra, do foro de sua constituição.
O aparato formal prevalece, assim, sobre a realidade econômica: no caso da Barcelona Traction, a Corte de Haia estimou que a Bélgica não estava qualificada para proteger uma empresa constituída e sediada no Canadá, emborabelgas fossem seus acionistas majoritários.
Nos indivíduos, o vínculo patrial é mais consistente que aquele das pessoas jurídicas (para as quais o próprio uso do termo nacionalidade é mera tradição insinuada pela analogia), mas não deixa de apresentar certos problemas. Sabemos desde logo que, apesar dos esforços reinantes no direito internacional contemporâneo com vistas à eliminação da apatria, ainda hoje existem apátridas em bom número. Para estes, vistos como estrangeiros por todas as soberanias, não há proteção diplomática possível. Dependem eles, no âmbito territorial em que se encontrem, das normas protetivas que lhes consagra o direito local. O direito das gentes busca confortá-los especialmente quando a apatria se soma neles à condição de refugiados. Não é possível, entretanto, que um Estado se veja demandar por outro em razão do dano causado a um apátrida.
 Dupla nacionalidade. 
Nas hipóteses de dupla ou múltipla nacionalidade, qualquer dos Estados patriais pode proteger o indivíduo contra terceiro Estado. O endosso é, contudo, impossível de dar-se numa reclamação contra um dos Estados patriais: isso resulta, de resto, do princípio da igualdade soberana.
Uma sentença arbitral proferida em 1912, no caso Canevaro, ilustrou corretamente esse princípio. Rafael Canevaro era um binacional nato, italiano jure sanguinis, peruano jure soli. No Peru entregou-se aos negócios e teve participação na vida pública, a ponto de se haver um dia candidatado a senador. Quando medidas fiscais e expropriatórias do governo peruano alcançaram parte de seu patrimônio, Canevaro pretendeu valer-se da proteção diplomática de uma de suas pátrias — a Itália — contra justamente a outra, o Peru. A sentença arbitral, da lavra de Louis Renault, considerou irreceptível a demanda italiana, por ser o réu um Estado que também contava Canevaro entre seus nacionais. Ficou claro que ambos os vínculos patriais desse homem eram legítimos à luz do direito das gentes: tanto a Itália quanto o Peru poderiam eventualmente endossar alguma reclamação sua contra a Espanha ou o Brasil; nenhum deles, contudo, poderia pretender proteger o nacional comum exatamente contra o outro.
Nacionalidade contínua 
Sabemos que a nacionalidade — ao contrário das impressões digitais, que persistem na pessoa humana ao longo de toda sua vida — pode sofrer mudanças. O mesmo ocorre com a nacionalidade das pessoas jurídicas. Por isso é importante conhecer uma antiga regra costumeira de direito internacional público: para que o endosso seja válido, é preciso que o vínculo patrial entre o Estado reclamante e o particular protegido tenha sido contínuo. É preciso que o particular tenha sido um nacional do Estado reclamante no momento em que sofreu dano decorrente de ato ilícito da potência estrangeira, e que, sem qualquer quebra de continuidade, permaneça na condição de nacional desse mesmo Estado quando da reclamação.
Nacionalidade efetiva 
Abusando de sua prerrogativa soberana, o Estado pode conferir sua nacionalidade a pessoa que com ele não tenha qualquer vínculo social. Neste caso, é lícito que os demais Estados, e ainda os foros internacionais de qualquer natureza, recusem valor a semelhante vínculo patrial, por falta de efetividade(vinculo). Com efeito, é do entendimento geral que a nacionalidade originária — aquela que a pessoa se vê atribuir quando nasce — deve resultar do jus soli, ou do jus sanguinis, ou de uma combinação desses dois critérios, acaso associados ao serviço do Estado ou à manifestação de vontade. Já a nacionalidade derivada — aquela que se adquire mediante naturalização — reclama fatores de índole social que lhe dêem consistência: alguns anos de residência no Estado em questão, somados, em geral, ao domínio do idioma, e às vezes reduzidos na extensão, com parcimônia, pela prestação de serviço relevante a esse Estado, ou pelo desempenho de ofício de seu particular interesse, ou pelo casamento com pessoa local. Se nenhum fator social embasa a nacionalidade derivada, o Estado que a concedeu pode perfeitamente prestigiá-la em seu próprio território. Mas não deve esperar que no plano internacional esse vínculo inconsistente seja reconhecido: tal foi a lição da Corte de Haia no julgamento do caso Nottebohm.
Sucessão de Estados
Os Estados se caracterizam pela sua dinamicidade. Quando há a criação de um Estado haverá a mudança de um outro, uma vez que não existem mais territórios a serem conquistados.
Sempre que se altera a configuração do território, no governo ou no conjunto de nacionais, há uma transformação do Estado.
Quando muda o território e o conjunto de nacionais juntos, há uma sucessão.
Nos termos do terceiro elemento (governo), o que vigora é o princípio da continuidade de um Estado: quando muda apenas o governo, o Estado prevalece e não há a sucessão. Isso porque o Dto Internacional não tem uma definição para revolução e não é do interesse do Estado nascer num clima de ostilidade com a comunidade internacional.
Ex: Os Estados X e Y unem-se apenas em Z. X e Y são antecessores e Z é sucessor.
Sucessão é a substituição de um Estado predecessor, por um Estado sucessor, nas relações internacionais de um território.
Elementos do Estado
Conjunto dos Nacionais e Território: com a modificação de um ou ambos os elementos há sucessão.
Governo: apenas sua modificação não acarreta em sucessão*
Princípio da autodeterminação dos povos: é o direito de um povo de se autodeterminar, isto é, de tomar suas próprias decisões. Quando se pensou nesse princípio, pensou-se na superação da colonização.
Princípio do domínio reservado: este princípio é muito importante. É referente à autogerência de um Estado. Assim, não é justo que o DI interfira na sua estabilidade das relações jurídicas internacionais. Ex: A escolha do governo é dever do direito interno.
CDI (Comissão de Direito Internacional) – Encarregados de codificar as normas de Direito Internacional. O tema mais urgentemente atribuído à comissão foi o direito dos tratados –Convenção de Viena 1969. O segundo tema foi o direito do mar – Convenção de Viena de 1978.
Modalidades de sucessão da nacionalidade das pessoas:
Fusão ou agregação: junção de um ou mais Estados com outro. Ex: lombardos e romanos, vênetos e piemonteses tornaram-se Italianos na data de 1870.
Sucessão ou desmembramento: casos de descolonização, divisão de um Estado em 2 ou mais. E é comum que os habitantes do novo Estado adquiram automaticamente sua nacionalidade, perdendo a primitiva, e tendo um eventual direito de opção. 
Simples transferência de território: Estado(s) predecessor(es) não deixa(m) de existir, apenas transfere(m) um pedaço de seu(s) território(s). Ex: Estado do Acre. O Brasil comprou da Bolívia. A abertura de opção é também usual na hipótese de transferência de território.
Referência Bibliográfica
REZEK, José Francisco. Direito internacional público: curso elementar. 15. ed. rev. e atual. São Paulo : Saraiva, 2014.

Outros materiais