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AULA 6 DISCIPLINA: ASSISTÊNCIA EM UTI A O ADULTO E IDOSO Prof ª Glaucia Garanhani Correa CONVERSA INICIAL Uma UTI de assistência eficaz deve possuir diversos recursos de suporte à vida, desde os mais complexos até os mais simples, como os ventiladores manuais (ambus). Reconhecidamente o equipamento de suporte à vida de maior complexidade tecnológica e mecânico é o ventilador mecânico (VM), que passou por evolução tecnológica incrível desde que foi criado. Inicialmente, funcionava com pressão negativa, forçando a inspiração do paciente, de forma semelhante a um fole adaptado ao tórax e salvou muitas vidas na ocorrência da epidemia de pólio na década de 50 e 60, ficando conhecido como pulmão de aço. Atualmente a medicina conta com equipamentos microprocessados que oferecem uma infinidade de monitoramentos e parâmetros de regulação para que o equipamento seja aplicado de maneira mais especifica e individualizada possível, trazendo muitos benefícios ao usuário. Apesar do avanço tecnológico indiscutível, eles oferecem grande risco ao paciente quando mal utilizados e suas complicações podem ser fatais para o paciente. Um exemplo de complicação que deve ser prevenida a qualquer custo são as pneumonias associadas à ventilação mecânica, altamente mórbidas e mortais. Esse tipo de pneumonia foi agravado com o advento das infecções pelas superbactérias, resistentes a quase todos os antibióticos e muitas delas resistentes até a todos os antibióticos. A UTI é um ambiente ambíguo quando consideramos a possibilidade de recuperação de um paciente e a iminente morte de outro. Um exemplo adequado nesse caso é o diagnóstico de uma morte encefálica (ME) e o cuidado prestado à manutenção dos órgãos de um possível doador. Podemos identificar a morte de um paciente, mas a recuperação da vida de inúmeros outros, salvos da sentença de morte iminente ou vindoura. O diagnóstico da ME deve ser realizado com muita responsabilidade pela equipe, devendo-se considerar em todo o processo a guarda da legislação e a participação da família, a qual deve ser comunicada e assistida durante todas as fases do processo. Quando o diagnóstico de ME está determinado e a família concorda com a doação de órgãos, inicia-se a fase de manutenção do possível doador. Essa fase tem o objetivo de manter o mais saudável possível os órgãos que têm possibilidade de transplante. 02 A manutenção do potencial doador demanda tempo, investimento da equipe e materiais. Exige também da equipe energia no sentido de cuidar de um paciente que se encontra em óbito, ou melhor, sem possibilidade de recuperação, o que é emocionalmente desgastante. Considerando a dubiedade da UTI, muitos pacientes podem ser beneficiados pelos órgãos do doador. A estimativa é de que até 10 indivíduos possam ser beneficiados com um único doador, considerando coração, dois rins, duas córneas, fígado (que também pode ser dividido), pele e ossos. Dessa forma, o cuidado com o possível doador deve ser tão minucioso quanto em relação a qualquer outro paciente viável. Clique aqui e acesse o vídeo 01 CONTEXTUALIZANDO Entende-se por ventilação mecânica a aplicação, por modo invasivo ou não, de uma máquina que substitui total ou parcialmente a atividade ventilatória do paciente. Na década de 1950, as epidemias de poliomielite forçaram o desenvolvimento dos ventiladores mecânicos, bem como da assistência ventilatória. Os chamados pulmões de aço, aparelhos que atuam por pressão negativa, foram utilizados amplamente durante a epidemia de pólio. Conceito – A ventilação mecânica (VM) é um método de suporte para o tratamento de pacientes com insuficiência respiratória aguda ou crônica agudizada. Indicações – a VM é indicada quando ocorre a presença de uma insuficiência respiratória grave. A decisão de se instalar uma VM é baseada em parâmetros clínicos e de avaliação funcional respiratória. As manifestações clínicas constituem muitas vezes o fator decisivo, especialmente em pacientes crônicos, para os quais os parâmetros numéricos não refletem adequadamente o grau de comprometimento da função respiratória. • Alguns sinais clínicos de insuficiência respiratória – a hipóxia pode trazer sinais neurológicos centrais, como agitação, cefaleia, tremores, alucinações e convulsões; sinais na pele, como sudorese, cianose, puxão traqueal e uso de musculatura acessória. Movimentos respiratórios com alterações de amplitude, frequência, ritmo, padrão respiratório e expiração prolongada. Presença de roncos, sibilos, estertores e ausência de murmúrio vesicular na ausculta pulmonar. Alterações hemodinâmicas estão presentes, como arritmias, hipertensão, hipotensão e poliúria ácida. • Parâmetros que podem indicar uma ventilação mecânica PaCO2 < 50 mmhg com FiO2 > 0,60; PaCO2 > 50 mmhg com Ph < 7,25; Capacidade vital < 2 vezes volume corrente; Força inspiratória negativa < 25 cm H2O; Frequência respiratória > 35/min. Objetivos – os objetivos fundamentais da VM em pacientes críticos podem ser divididos em fisiológicos e clínicos. Objetivos fisiológicos Sustentar as trocas gasosas pulmonares; Normalizar a ventilação alveolar (PaCO2, Ph); Obter nível aceitável de oxigenação arterial; Aumentar o volume pulmonar; Reduzir o trabalho muscular respiratório. • Objetivos clínicos Reverter hipoxemia; Tratar acidose respiratória; Aliviar o desconforto respiratório; Prevenir e tratar atelectasias; Reverter a fadiga dos músculos respiratórios; Permitir a sedação ou o bloqueio neuromuscular; Diminuir o consumo de oxigênio sistêmico e miocárdico; Reduzir a pressão intracraniana; Estabilizar a parede torácica. Clique aqui e acesse o vídeo 02 TEMA 1 – VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA Classificação dos ventiladores – são classificados de acordo com a maneira pelas quais eles sustentam a ventilação. As duas características gerais são por pressão negativa e por pressão positiva. A categoria mais comum em uso atualmente é a do ventilador por pressão positiva. Os ventiladores de pressão negativa exercem pressão negativa sobre o tórax externo. A diminuição da pressão intratorácica durante a inspiração permite que o ar flua para dentro do pulmão, preenchendo o seu volume. Fisiologicamente, esse tipo de ventilação assistida é semelhante à ventilação espontânea. Ele é utilizado principalmente na insuficiência respiratória crônica associada com distúrbios neuromusculares, por exemplo, a poliomielite, a distrofia muscular, a esclerose lateral amiotrófica (ELA) e a miastenia grave. Ele é inadequado para utilização em um paciente instável ou complexo ou ainda em pacientes que exijam alterações ventilatórias frequentes. Os ventiladores de pressão negativa são de fácil utilização e não necessitam de entubação traqueal, por isso são especialmente adaptáveis para o uso domiciliar. São exemplos de ventiladores sob pressão negativa o pulmão de aço, o envoltório corporal e a couraça torácica. As UTIs dificilmente possuem um equipamento deste tipo. Os ventiladores de pressão positiva inflam os pulmões, exercendo uma pressão positiva sobre as vias aéreas, semelhante a um mecanismo de fole, forçando os alvéolos a expandirem durante a inspiração. A expiração acontece passivamente. A entubação endotraqueal ou uma traqueostomia é necessária.Esses ventiladores são amplamente utilizados nos ambientes hospitalares e estão sendo utilizados cada vez mais no ambiente domiciliar. Existem três tipos de ventiladores de pressão positiva, que são classificados pelo método de finalização da fase inspiratória da respiração: • Ventiladores ciclados a pressão – é um ventilador de pressão positiva que finaliza a inspiração quando uma pressão preestabelecida foi alcançada, ou seja, o ventilador liga, administra um fluxo de ar até que uma pressão predeterminada seja atingida e desliga. Há limitação da sua utilização, pois o volume de ar ou oxigênio administrado pode variar conforme muda a resistência ou complacência da via aérea do paciente. O resultado é uma inconsistência no volume corrente administrado e um possível comprometimento da ventilação. Nos adultos, os ventiladores ciclados a pressão têm utilização de curto prazo; • Ventiladores ciclados a tempo – terminam ou controlam a inspiração após um período de tempo preestabelecido. O volume de ar que o paciente recebe é regulado pela duração da inspiração e pela frequência de fluxo do ar. Muitos ventiladores possuem taxa de controle que determina a frequência respiratória, porém o ciclo a tempo é raramente utilizado no adulto; são mais utilizados em crianças; • Ventiladores ciclados a volume – são os mais comumente utilizados, o volume de ar a ser administrado é preestabelecido. Uma vez que o volume preestabelecido é administrado ao paciente, o ventilador desliga e a exalação acontece passivamente. Entre uma respiração e outra, o volume do ar administrado pelo ventilador é relativamente constante, assegurando consistência e respirações adequadas, a despeito da variação das pressões das vias aéreas; • Ventilação por pressão positiva não invasiva − a ventilação por pressão positiva pode ser administrada por meio de máscaras faciais que cobrem o nariz e a boca, máscaras nasais ou outros dispositivos nasais. Isso elimina a necessidade de entubação endotraqueal ou traqueostomia. A ventilação pode ser administrada por um ventilador de volume, um ventilador de pressão controlada, um dispositivo de pressão positiva contínua de vias aéreas ou um ventilador de dois níveis de pressão positiva de via aérea (biPap). O modo mais confortável para o paciente é a ventilação de pressão controlada com o suporte pressórico. Isso facilita o trabalho da respiração e promove a troca gasosa. Os pacientes gravemente doentes e com comprometimento cognitivo não são candidatos a essa terapia. Os cuidados com a máscara utilizada nesta terapia devem ser intensivos, pois normalmente provocam lesões no dorso do nariz, chegando ao ponto de ruptura importante da pele, irritação dos olhos e intolerância à mascara nasal. A máscara deve ser fixada à face de modo a abranger o nariz e a boca, hermeticamente fechada para prevenir escape de ar, com perda da pressão positiva. Ela é fixada à face através de tiras ou faixas de borracha tracionadas e presas em pontos de suporte na máscara e ao redor da face, semelhante a uma focinheira. Clique aqui e acesse o vídeo 03 TEMA 2 – PARÂMETROS DO VENTILADOR MECÂNICO (VM) O ventilador deve ser adaptado ao paciente para que fique confortável e em sintonia com a máquina. É desejável uma alteração mínima das dinâmicas normais cardiovasculares e pulmonares. Caso o ventilador esteja adaptado de modo adequado, os valores da gasometria arterial serão satisfatórios e o comprometimento cardiovascular será mínimo ou inexistente. Modalidade ou modo − a escolha de uma modalidade de uma ventilação mecânica determina como o ventilador e o paciente vão interagir. Inicialmente e durante períodos de instabilidade, o modo de ventilação deve permitir o controle máximo da ventilação. Descreveremos as modalidades com pressão positiva mais utilizadas: • CMV ou ventilação controlada – volume corrente (VC), frequência respiratória (FR) e fluxo são predeterminados no ventilador mecânico. Esta modalidade é usada para pacientes em apneia devido a patologias ou drogas. Ex.: anestesia geral ou sedação por agitação psicomotora intensa; • Ventilação assistida/controlada – a FR é controlada pelo paciente, o ciclo respiratório é iniciado quando o paciente gera uma pressão negativa (tentativa de inspiração), alcançando um valor imposto pelo mecanismo de sensibilidade do ventilador; o VC e o fluxo são predeterminados; caso não haja estímulo do paciente, o ventilador fornece ciclos controlados na FR mínima determinada. Ex.: fase de recuperação de uma anestesia geral para desmame do ventilador mecânico; • IMV ou ventilação mandatória intermitente – a ventilação mecânica permite a combinação de ciclos controlados, fornecidos a uma frequência predeterminada, com períodos de respiração espontânea. Ex.: fase de desmame ou situações em que o paciente necessitou retornar ao ventilador por cansaço, tanto que nas UTIs a extubação é realizada, mas o ventilador permanece ao lado do paciente até que o desmame seja definitivo; • SIMV ou ventilação mandatória intermitente sincronizada – combina ciclos espontâneos com um determinado número de ciclos mecânicos assistidos, portanto sincronizados com o esforço respiratório do paciente. Ex.: o paciente inspira e o ventilador completa o movimento com reforço da inspiração; • PSV ou ventilação com pressão de suporte – os esforços inspiratórios espontâneos do paciente são assistidos com uma pressão positiva nas vias aéreas, o fluxo de gás é livre durante toda a fase inspiratória que termina quando o fluxo inspiratório diminui, atingindo 25% do valor inicial. O paciente controla a FR, o fluxo e o tempo inspiratório e a relação I:E (inspiração: Expiração). O paciente deve ter um estímulo respiratório íntegro e necessidades ventilatórias relativamente estáveis. Ex.: neste modo, o paciente deve estar lúcido e cooperando. A orientação é a de atentar para a demanda do ventilador e observar se a respiração está em sintonia para o sucesso da oxigenação; • CPAP ou pressão positiva contínua nas vias aéreas – o paciente respira espontaneamente dentro do circuito pressurizado após ventilador mecânico. Uma pressão positiva, predeterminada, é mantida praticamente constante durante o ciclo respiratório. Ex.: é utilizado quando o paciente está fadigado para evitar o ventilador mecânico, pois é de difícil aceitação, uma vez que é bastante desconfortável. Também é utilizado em casos de apneia do sono nos domicílios. Fração inspirada de oxigênio (FiO2) – geralmente iniciada com 1, devendo em seguida ser reduzida ao valor mínimo necessário para manter uma adequada oxigenação. Volume – o volume corrente inicial deve ser regulado em 6 a 10 ml/kg de peso corporal. Procura-se não utilizar valores de volume corrente muito altos, pois acima de 35 cm de H2O podem provocar barotrauma. Frequência – inicialmente a frequência usada é de 10 a 14 ciclos por minuto, em adultos. Deve ser ajustada após o controle da PaCO2. Fluxo – é regulado em 5 a seis vezes o volume/minuto ou conforme o tempo desejado em ventilação controlada, geralmente abaixo de 40 l/min. Em modalidades em que o paciente apresente respiração espontânea, o fluxo máximo deveria responder às necessidades do paciente, entre 40 e 100 l/min. Relação tempo inspiratório/tempo expiratório (I:E) – geralmente a relação I:E é de 1:2. Nos pacientes portadores de obstrução aérea, instabilidade hemodinâmica, hipertensão intracraniana, o tempo expiratório deve ser aumentado para ter uma relação de 1:3. O tempo expiratório e a relaçãoI:E podem ser aumentados para melhorar a oxigenação, elevando assim a pressão média nas vias aéreas. A repercussão desse aumento no sistema cardiovascular deve ser bem avaliada, pois pode ser necessária a ventilação com inversão da relação, ou seja, >1:1, criando uma PEEP intrínseca que pode provocar desconforto, exigindo sedação e curarização do paciente. Sensibilidade – deve ser regulada no nível mais sensível possível, sem que haja autociclagem do aparelho; em geral -0,5 a -2 cm de H2O de pressão negativa ou 1 a 3l/min de fluxo de esforço inspiratório. Pressão expiratória final positiva (PEEP) – é a manutenção de pressões positivas nas vias aéreas ao final da expiração. O objetivo da PEEP é manter os alvéolos abertos durante o ciclo respiratório a fim de melhorar a oxigenação. A entubação traqueal ou a traqueostomia provocam a perda da PEEP fisiológica que, segundo consenso brasileiro, deve ser reposta por uma PEEP de 3 a 5 cm H2o no ventilador, salvo contraindicações. Valores acima são indicados na SARA. Alarmes – sinalizam situações de risco para o paciente, portanto é de suma importância que permaneçam ligados e que os valores limites dos parâmetros estejam compatíveis com a necessidade do paciente. Os limites da pressão devem estar entre 10 e 40 cm de H2O, antes de conectar o aparelho ao paciente. Além de disparar o alarme, a insuflação é interrompida, caso a pressão ultrapasse o limite máximo. Clique aqui e acesse o vídeo 04 TEMA 3 – CUIDADOS COM O PACIENTE E VIA AÉREA ARTIFICIAL É preciso haver a elaboração de um plano de cuidados individualizado, com implantação o mais breve possível e também registros detalhados com comunicação ao médico responsável na ocorrência de alguma irregularidade. Cuidados com o paciente: • Observar cor da pele e mucosas quanto à presença de cianose, pois ela pode indicar má perfusão dos tecidos. A presença de sudorese é um sinal de alarme (agitação, calor, febre, estimulação do sistema simpático, edema agudo de pulmão, hipoglicemia, hipercapnia, etc.) e deve ser avaliada; • Observar movimentos respiratórios e realizar ausculta pulmonar a fim de determinar a expansão torácica, a simetria dela e complicações, como atelectasia, pneumotórax, entubação seletiva e derrame pleural. Controlar frequência respiratória, mesmo em modo controlado, pois a presença de esforço respiratório, retração intercostal, batimento de asa do nariz indicam dificuldade respiratória. Observar também a sincronia dos movimentos respiratórios com o ventilador. Uma assincronia (briga com o aparelho) pode indicar ajuste inadequado ao aparelho. Outras causas incluem: hipoxemia, alterações cardiovasculares, secreção na via aérea, tubo parcialmente obstruído, mau posicionamento no leito, adaptadores inadequados e PEEP intrínseca; • Controlar a oxigenação – monitorar a pressão de oxigênio através de gasometria arterial (valor mínimo − 60 mmhg), saturação de oxigênio na hemoglobina (valor mínimo – 90 a 92%); oximetria de pulso; monitorar a concentração de oxigênio na FiO2 através de um analisador na linha inspiratória (valor normal − abaixo de 1); • Controlar os índices de ventilação alveolar (PaCO2) – através da gasometria arterial, reflete o equilíbrio entre a produção de gás carbônico e a ventilação alveolar. É também importante monitorar o Ph, pois variações na PaCO2 provocam alterações no Ph. Instalar um capnógrafo, uma vez que este determina a pressão parcial do gás carbônico no ar expirado, através de um sensor instalado no tubo orotraqueal; • Controlar a pressão, volume e monitorar a mecânica ventilatória – alterações no padrão de pressão durante o ciclo respiratório espontâneo ou mecânico indicam possíveis problemas com ou paciente ou ventilador; a presença de PEEP intrínseca pode ser causada por tempo expiratório insuficiente ou limitação ao fluxo expiratório devido a colapso dinâmico das vias aéreas; • Monitorar volume expirado – alguns ventiladores possuem sistema de monitoração, mas, caso não possuam, o volume expirado pode ser verificado com a instalação de um espirômetro na válvula expiratória do circuito; a ocorrência de diferença entre o volume inspirado e o volume expirado pode indicar vazamentos no circuito. Nos casos de ciclos espontâneos, a medida do volume expirado é um parâmetro importante da função respiratória do paciente; • Fazer radiografia de tórax – deve ser realizada de rotina para pacientes em ventilação mecânica, pois determinam sinais de complicações, posicionamento do tubo endotraqueal e cateteres; • Realizar avaliação cardiovascular – a monitoração contínua do ECG é necessária, pois a VM possui repercussões importantes na função circulatória; controlar rotineiramente a PA e a PVC. Os controles devem ser realizados sempre com paciente conectado ao ventilador; • Fazer controle neurológico – a avaliação do nível de consciência é necessária. É preciso atentar para a orientação no tempo e no espaço, miose, midríase, fotomotricidade das pupilas, reflexo córneo-palpebral e de tosse. Agitação é um sinal frequente e sua causa deve ser determinada, pois muitas vezes é provocada por hipóxia cerebral, que é consequente à hipoxemia, distúrbios de oferta do oxigênio ou da perfusão; • Monitorar a função renal e o balanço hídrico – a VM pode causar redução do débito urinário e da excreção do sódio, então um controle da diurese com balanço hídrico rigoroso deve ser mantido. É preciso verificar rotineiramente peso diário, presença de edema, dosagem laboratorial de eletrólitos, ureia e creatinina; • Monitorar o estado nutricional – a presença de desnutrição afeta o controle da respiração, a musculatura respiratória e o parênquima pulmonar, provocando uma impossibilidade de se estabelecer uma ventilação adequada. Uma dieta voltada para o tratamento e para a prevenção da desnutrição deve ser administrada; • Monitorar sinais de sangramento digestivo − o sangramento digestivo possui alta incidência em pacientes sob VM, então sinais como presença de ruídos hidroaéreos, flacidez ou ausência de distensão devem ser verificados. Cuidados relacionados à via aérea artificial: • Umidificar os gases – a umidificação e o aquecimento dos gases inalados em VM são indispensáveis para evitar uma hipotermia, o aumento da viscosidade das secreções e a destruição das mucosas da via aérea e de atelectasias. A mistura de gases deve ter uma temperatura de 33° e umidade em torno de 30 mg de vapor de água em cada litro; • Manter alarmes de temperatura parametrizado entre 30° de mínima e 37° de máxima; • Respeitar o volume de água no ventilador, conforme parâmetros de máximo e mínimo de cada equipamento; • Monitorar o aspecto das secreções, viscosidade, cor, odor e intensidade. Comunicar ao médico responsável sinais de infecção; Instalar filtros de umidade e calor que também podem ser filtros de bactérias e vírus – a troca deve ser realizada de acordo com a determinação do fabricante em geral a cada 24 horas e quando contaminados. Esses filtros devolvem a umidade exalada para o sistema, o que exclui a necessidade de umidificação extra. Contraindicações – presença de secreção traqueal abundante, espessa ou sanguinolenta, perdas importantes de volume corrente por fístula ou ao redor da via aérea artificial, hipotermia e volume minuto espontâneo alto; Vantagens – eliminação do risco de superaquecimento e a ausência de condensação nos circuitos. Devem ser retirados na nebulização com medicamentos. • Trocar circuitos a cada 48h ou de acordo com a rotinado serviço. Eliminar água condensada dos circuitos sempre que necessário, respeitando as precauções universais padrão; • Aspirar secreções quando necessário – as secreções traqueais devem ser aspiradas quando necessário, pois a aspiração expõe o paciente a riscos como hipóxia, lesões da mucosa traqueal, atelectasia e infecção. A drenagem postural (posição de Fowler e mudanças de decúbito) deve ser promovida e a fisioterapia respiratória, instituída. Observar o ritmo cardíaco, a saturação de oxigênio e a pressão intracraniana, antes e durante a aspiração. A hiperoxigenação prévia é indicada, com a administração de quatro ou cinco respirações com FiO2 de 100% e hiperventilação com volume equivalente a 1,5 vezes o volume corrente instalado, ambas com o ventilador mecânico; um ventilador manual do tipo ambu pode provocar problemas hemodinâmicos, pois não oferece a FiO2 necessária. Cada sucção não deve exceder cinco segundos. Aspirar duas ou três vezes se necessário, permitindo que o paciente descanse entre as sucções, conectando-o ao ventilador. As rolhas podem ser prevenidas com a umidificação dos gases e hidratação adequada do paciente; • Fixar via aérea artificial – o tubo traqueal deve ser firmemente preso para evitar deslocamentos, entubação seletiva e extubação acidental. Posicionar adequadamente o tubo para não haver lesão dos lábios ou da asa do nariz, evitando compressão ou tração excessivas. Manter fixação dos circuitos de ventilador de maneira a promover a movimentação do paciente no leito. O curativo da traqueostomia deve ser realizado com técnica asséptica até a cicatrização do estoma; • Verificar pressão no balonete – a pressão do balonete deve ser monitorada a cada plantão. Manter em torno de 25 mmhg para prevenir distensão e pressão excessiva sobre a mucosa da traqueia. A pressão ideal é a menor possível, desde que não haja vazamento ao redor da via aérea artificial. O escape ou vazamento é detectado pela ausculta da região cervical; • Administrar dieta enteral – manter sonda enteral no local correto, ou seja, no intestino; monitorar a migração da sonda para o intestino e monitorar escape dela do local correto; fixar firmemente. Interromper a dieta a cada sessão de fisioterapia, higiene no leito e manter o paciente com cabeceira elevada a 30 ou 40° previnem a broncoaspiração de dieta. Administrar em bomba infusora também previne a broncoaspiração. Verificar a presença de estase gástrica, no mínimo, a cada quatro horas, bem como a presença de ruídos hidroaéreos e distensão abdominal. Observar a presença de diarreia, constipação, náuseas e vômitos. Estimular a dieta oral em pacientes conscientes com ventilação mecânica em traqueostomia, desde que não seja contraindicada pelo médico responsável e fonoterapeuta; • Mobilizar no leito – mudar de decúbito a cada duas horas facilita a expansão pulmonar e a mobilização de secreções e previne a atelectasia. Também previnem a formação de úlceras de decúbito e as deformações musculoesqueléticos em conjunto com a higiene corporal, hidratação da pele, fisioterapia e nutrição adequada; • Higienizar os olhos – realizar higienização dos olhos com solução fisiológica e hidratar a córnea com colírios à base de celulose, prescritos. Manter fechados (caso não haja controle palpebral) previne o ressecamento da córnea e possível ulceração. • Realizar higiene oral e nasal − realizar a cada turno ou 4 vezes ao dia. A boca deve ser higienizada com soluções antissépticas de acordo com protocolo de cada serviço e a cavidade nasal com solução fisiológica. Esse procedimento oferece conforto e reduz a colonização bacteriana. Clique aqui e acesse o vídeo 05 TEMA 4 – PNEUMONIA ASSOCIADA A VENTILAÇÃO MECÂNICA (PAVM) A complicação mais importante da ventilação mecânica é, sem dúvida, a pneumonia. A invasão das vias aéreas favorece as infecções respiratórias. Acrescidas da colonização da orofaringe, colonização gástrica, refluxo e aspiração das secreções, aumentam o risco de pneumonia em pacientes com VM. Conceito – A pneumonia associada a ventilação mecânica é a mais comum e fatal infecção nosocomial das UTI’s. Sua incidência está entre 9 e 27% dos pacientes entubados, e é associada à mortalidade em 30 a 50% dos casos, dobrando os riscos de óbito comparados com pacientes sem PAVM, que é um quadro de pneumonia que surge 48 a 72 h após a intubação endotraqueal e instituição de ventilação invasiva, causada por um agente infeccioso que não estava presente ou incubado até o momento da instituição da ventilação mecânica. A PAVM é precoce quando ocorrer até o quarto dia e tardia quando ocorrer após o quinto dia após a intubação e início da ventilação mecânica, conforme descrito no Manual de Bolso de UTI. Fatores de riscos de pneumonia associada à ventilação mecânica: • Idade superior a 60 anos; • Pneumopatias crônicas prévias; • Doenças neuromusculares; • Depressão do nível de consciência; • Desnutrição; Tabagismo. Fatores de risco de pneumonia por microrganismos resistentes a diversos antimicrobianos: • Uso de antimicrobiano prévio, nos últimos 90 dias; • Tempo de hospitalização superior a cinco dias; • Hospitalização em qualquer unidade hospitalar por mais de dois dias, nos últimos 90 dias; • Indivíduos residentes em instituições de longa permanência; • Uso de antimicrobiano endovenoso; • Quimioterapia ou tratamento de escara nos últimos 30 dias; Usuários de unidade de hemodiálise. Diagnóstico: • São raros os sinais e sintomas clássicos de pneumonia; • Quadro clínico variado e inespecífico; • Podem estar ausentes a tosse e a febre; • Podem apresentar alguns sintomas de infecção das vias aéreas inferiores como a atelectasia; • Suspeitar de PAVM quando houver febre, leucocitose, secreção traqueal purulenta associada a um novo infiltrado pulmonar no RX de tórax; • Critérios clínicos – ocorrência de, no mínimo, dois dos sinais: leucocitose superior a 12.000 ou leucopenia menor de 4.000; febre > 38° ou hipotermia < 35° e presença de secreção traqueal purulenta; • Aspirado traqueal com cultura quantitativa > 105 UFC/ml; • Escovado brônquico protegido > 105 UFC/ml; • Lavado bronquioalveolar> 104 UFC/ml; • Biopsia pulmonar – quando há suspeita de infiltrado não pneumônico e agente não bacteriano; • Hemocultura – duas amostras; • Toracocentese – indicada para pacientes com derrame pleural significativo para definição diagnostica e principalmente identificação de empiema. Cuidados preventivos da infecção PAVM: • Lavar as mãos antes e depois de manipular o paciente, os circuitos e as conexões do ventilador; • Empregar as precauções universais de barreira; • Técnica asséptica de aspiração traqueal; • Instilação traqueal de medicações estéreis, preferencialmente em frascos de dose única; • Desprezar água de condensação dos circuitos, pois estes podem se tornar meios de cultura; • Trocar sistema de nebulizadores a cada 24 h, contra-indicados na ventilação mecânica, pois aumentam o risco de infecção • Nebulizadores de medicação montados nos circuitos devem ser lavados com água estéril e secados entre as utilizações; • Utilizar água destilada estéril no umidificador – não ultrapassar as 24 h de validade e datar o frasco na abertura. Indicados frascos de 250 ml para favorecer a troca a cada turno; • Esterilizar os circuitos dos ventiladores ou submetê-los a desinfecção de alto nível. Trocar de acordo com a norma da instituição – não há necessidade de troca em intervalosmenores de 48 h − ou quando sujos/danificados. Atualmente existem circuitos descartáveis com menor preço e seguros; • Usar cânula de traqueostomia estéril e curativo com técnica asséptica; • Os ressuscitadores manuais devem ser esterilizados ou submetidos a desinfecção de alto nível quando não forem mais necessários. Na presença de sujidades e enquanto estão em utilização, devem ser protegidos por embalagem; • Utilização de filtros de barreira ou trocadores de umidade e calor – segundo a Anvisa, descrita na publicação sobre de resistência antimicrobiana. Não há evidência que comprove ou contraindique a utilização, mas, se utilizados, não há necessidade de troca antes de 48 h; • Higiene oral com antissépticos – indicados com antissépticos 3 ou 4 vezes ao dia; • Manter cabeceira elevada de 30 a 45° a fim de evitar a aspiração em pacientes com nutrição enteral − não que isso aumente a incidência das PAVM, mas como cuidado em todos os pacientes submetidos a nutrição enteral; • Utilização de sistemas fechados de aspiração – a Anvisa descreve na publicação sobre de resistência antimicrobiana. Ainda não há descrição que comprove a superioridade dos cateteres de aspiração de uso único, mas podem ser utilizados, desde que respeitado o prazo de validade e integridade do dispositivo. Clique aqui e acesse o vídeo 06 TEMA 5 – MORTE ENCEFÁLICA E MANUTENÇÃO DO POTENCIAL DOADOR DE ÓRGÃOS Conceito − de acordo com o Manual de Bolso de UTI, morte encefálica (ME) é uma situação de irresponsividade total a qualquer estímulo externo, havendo ausência de movimentos, respiração espontânea, reflexos de tronco cerebral associado com uma causa definida de coma e métodos laboratoriais comprobatórios. É na UTI que se encontra o maior número de pacientes com lesões neurológicas agudas graves, especialmente as traumáticas, que não raramente evoluem para a morte encefálica, sendo assim considerados possíveis doadores de órgãos. Entre as causas de maior incidência na morte encefálica estão a hemorragia intracraniana, o traumatismo craniano e a lesão cerebral isquêmica. A resolução CFM 1.826 de 6 de dezembro de 2007, em seu artigo 1°, determina: É legal e ética a suspensão dos procedimentos de suportes terapêuticos quando determinada a morte encefálica em não doador de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante [...]. (Brasil, 2007) Diagnóstico de morte encefálica: • O exame clínico neurológico deve ser realizado por um médico através de um exame semiológico, testando os pares cranianos pertencentes ao mesencéfalo, ponte e medula oblonga (tronco cerebral); • A legislação brasileira vigente determina que o exame clínico neurológico deve ser realizado por dois médicos diferentes, com intervalo de tempo variável, conforme a idade do paciente; • Após verificação de ausência de resposta motora cortical, realizando estímulo doloroso externo, como compressão na articulação temporomandibular ou compressão do leito ungueal, realizam-se os testes de avaliação do tronco cerebral; • Os exames devem respeitar o intervalo de 48 h em pacientes de 7 dias a 2 meses incompletos; 25 h em pacientes de 2 meses a 1 ano incompleto; 12 h para pacientes de 1 ano a 2 anos incompletos; e de 6 h para pacientes com idade superior a dois anos; • Teste do reflexo óculo-motor – pupilas em posição média ou midriática e fixas, ausência de contração pupilar; • Teste do reflexo córneo palpebral – ausência do reflexo de piscar ao estímulo da córnea – estímulo com instrumento delicado ou solução fisiológica; • Reflexo óculo-cefálico – ausência de movimentos oculares quando movimentada a cabeça horizontalmente ou lateralmente; • Reflexo óculo-vestibular – em infusão de líquido gelado no ouvido, não há movimentação dos olhos esperada; • Reflexo da tosse – ausência de tosse ou movimentos torácicos.com aspiração traqueal e ausência de náuseas e vômitos quando estimulada a faringe posterior; • Teste da apneia – desconectar o paciente do ventilador e instalar cateter de oxigênio no tubo a 6l/min.. Observar por um período de 10’ e realizar gasometria arterial – resultado esperado caso não haja ME - concentração de gás carbônico atingindo 55 mmhg, hipotensão arterial, arritmias ventriculares ou presença de qualquer movimento respiratório. Caso a pressão de gás carbônico seja maior do que 60 mmhg, e o Ph < 7,24, sem esboço qualquer de movimento respiratório. • Exames complementares – Angiografia Cerebral com ausência de fluxo sanguíneo intracerebral. Eletroencefalograma com ausência de atividade cerebral. Doppler transcraniano com influxo sistólico inicial seguido de refluxo diastólico reverso. Manutenção do potencial doador – cuidados Importante lembrar que o potencial doador possui família e esta deve ser informada sobre todos os passos do tratamento e diagnóstico, desde a suspeita de ME (esta informação é de notificação compulsória), exames clínicos e auxiliares, até a notificação da ME com possível abordagem da família para a autorização da doação dos órgãos e tecidos. A ME é uma situação bastante complexa, agressiva e conflitante para os familiares, portanto devem receber toda a atenção possível da equipe de trabalho da UTI. Profissional especializado, como assistente social ou psicólogo, podem intervir na assistência dos familiares, mas outros profissionais da equipe não devem ser excluídos, pois toda a informação e o apoio nesse momento são bem- vindos. Cuidados de enfermagem: • Controlar dados hemodinâmicos – Débito cardíaco, PAM, PVC, saturação de oxigênio e outros; • Realizar controle hídrico rigoroso e manter balanço de entradas e perdas intensivo; • Manter administração de drogas vasoativas em bomba infusora sob rigoroso controle de administração das doses, em especial ao Nitroprussiato de sódio, pois pode provocar hipotensão importante. É comum, na fase inicial da ME, ocorrer hipertensão, relacionada a descarga hiperadrenérgica; • Realizar reposição volêmica, preferencialmente em veias periféricas de grosso calibre; • Optar por administração de drogas vasoativas em veias de acesso central em vias exclusivas; • Monitorar hiperglicemia através de dosagens de glicose ou glicemia capilar e administrar insulina sob prescrição médica; • Monitorar a dosagem dos eletrólitos, principalmente do magnésio, sódio e potássio e administrar infusões conforme prescrição médica; • Atentar para distúrbios de coagulação, através dos sinais de sangramento gengival, locais de punção e hematúria. Também pode ocorrer coagulação intravascular disseminada em pacientes que sofreram traumatismo craniano grave; • Manter cuidados assépticos e precauções universais de contato; • Realizar eletrocardiograma de rotina e sempre que solicitado, pois é importante para diagnóstico precoce de arritmias e tratamento precoce delas; • Manter temperatura corporal norma (36 a 37° C) através de cobertores térmicos, soluções aquecidas e lavagem gástrica com soluções aquecidas se necessário; • Controle rigoroso de diurese, a fim de diagnosticar possível diabetes insipidus com poliuria importante; • Realizar coleta de sangue arterial para gasometria e monitorização de distúrbio ácido-básicos, também da adequada ventilação mecânica; • Instituir manobras de ressuscitação cardiopulmonar em caso de parada cardíaca, básicas e avançadas. Clique aqui e acesse o vídeo 07 FINALIZANDO Dentro da equipe multidisciplinar da UTI não é o enfermeiro o profissionalresponsável pela ventilação mecânica, mas é de extrema importância que ele tenha conhecimento básico do funcionamento para auxiliar ou somar forças no sentido de prevenir falhas e intercorrências com o equipamento. Outra importante medida para a qual a equipe de UTI deve atentar é com relação às complicações que a ventilação mecânica e a invasão das vias aéreas podem provocar no paciente. Dentre as atribuições do enfermeiro frente à ventilação mecânica estão a manutenção da vigilância constante e sistematizada do paciente através da elaboração de um plano de cuidados individualizado e a execução dele de forma completa, ou seja, considerando todos os aspectos da assistência de enfermagem. Quando necessário, o registro detalhado da assistência, sinais e sintomas com comunicação ao médico responsável é de extrema importância para o sucesso e a segurança da assistência. As principais complicações são as pneumonias relacionadas à assistência ventilatória, pois, além de serem as de maior incidência, são também de alta morbidade e mortalidade, principalmente se a doença de base ou a idade do paciente provocarem agravamento do quadro clinico. A medicina de ponta tem evoluído rapidamente nos últimos anos e, mais especificamente na área de transplantes de órgãos, o processo foi revolucionário: em poucos anos, passamos dos transplantes de rins para transplante cardíaco, pulmonar, pâncreas, pele, ossos, em uma infinidade de possibilidades. Para viabilizar a captação de órgãos, foram criadas várias normas e rotinas específicas nas UTI’s, dentre elas a capacitação da equipe no sentido de implementar o diagnóstico da morte encefálica seguro e a manutenção do possível doador até que o diagnóstico e a doação dos órgãos seja efetivada no centro cirúrgico. É importante salientar que a família do paciente merece atenção especial da equipe, desde o momento da identificação de possível morte encefálica, o diagnóstico da morte encefálica, a abordagem para levantamento da vontade do paciente em relação a doação, até a efetiva retirada dos órgãos do paciente, o mais saudável possível. Esta manutenção exige conhecimento da equipe e aplicação rápida e eficaz dos cuidados. No livro Assistência de enfermagem ao paciente grave (Cintra, Nishide; Nunes, 2008), estão relacionadas as metas terapêuticas básicas do potencial doador, consideradas “razoavelmente simples” pelas autoras e podendo ser resumidas na regra 10:100: hemoglobina > 10g%; PVC > 10 mmhg; dopamina < 10 mcg/Kg/min.; Pressão arterial sistólica > 10 mmhg; PaCO2 > 100mmhg e debito urinário > 100 ml/hora. A fim de que a doação obtenha sucesso, é necessária a implantação de cuidados voltados para a manutenção do estado hemodinâmico; sinais vitais; débito cardíaco adequado; equilíbrio eletrolítico, hídrico e ácido-básico; função renal ativa; glicemia normal e temperatura corporal, dentre outras. Clique aqui e acesse o vídeo 08 021 REFERÊNCIAS BRASIL. Conselho Federal de Medicina. Resolução CFM n. 1.826/2007. Diário Oficial da União, 6 dez. 2007. CINTRA, E. A.; NISHIDE, V. M.; NUNES, W. A. Assistência de enfermagem ao paciente gravemente enfermo. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2008. GUIMARÃES, H. P. et al. Manual de bolso de UTI. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 2013. SMELTZER, S. C. et al. Brummer & Suddarth: tratado de enfermagem médicocirúrgica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. 022
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