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ETNOMATEMÁTICA

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ETNOMATEMÁTICA: UMA PROPOSTA INTERDISCIPLINAR PARA O ENSINO NA MATEMÁTICA
Lucilene Rzende alcanfor1
Moisés Wilkson Nunes Dos Santos2
RESUMO
Desde muito cedo as crianças estão inseridas em um meio onde a matemática é importante para o cotidiano. Muitas vezes a matemática se torna um “monstro” devido a forma como a mesma é apresentada, fazendo com que desde muito cedo a seja rejeitada por muitos. A etnomatemática pode ser entendida como um método que busca entender as “Matemáticas” criadas por diferentes grupos de culturais distintas. Segundo D'Ambrósio (1990) a etnomatemática propõe-se a examinar as produções culturais de distintos grupos, destacando, entre outros, seus particulares modos de contar, medir, inferir e raciocinar. Um dos principais objetivos da etnomatemática é a busca por melhorias do ensino de Matemática, inserindo-o no contexto cultural de alunos e professores. A etnomatematica utiliza-se de ferramentas pouco convencionais para repassar o conhecimento tradicional. Desta forma, este trabalho tem como objetivo apresentar uma proposta pedagógica construída a partir dos saberes da etnomatemática e da educação ambiental em uma perspectiva que visa facilitar o ensino da matemática de maneira interdisciplinar e lúdica na educação infantil. A atividade aqui descrita, aconteceu no ano de 2018 na Casa Encantada (Redenção-CE). A casa encantada, trata-se de um projeto da Prefeitura de Redenção, cujo objetivo é oferecer às crianças e adolescentes um processo de aprendizagem em suas mais variadas formas, aliada à tecnologia voltada para Educação e Saúde. Tal observação relata experiências e práticas desenvolvidas com crianças de 3 (três) a 8 (oito) anos de idade junto ao Centro De Atenção Ao Desenvolvimento Infantil (CIADI) que é um projeto de pesquisa, extensão e ensino sobre o desenvolvimento integrado da criança. O programa oferece atividades na perspectiva interdisciplinar e intercultural para filhos de estudantes da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira e para crianças da comunidade civil. A atividade teve início com a apresentação de um mapa do Brasil onde se iniciou uma roda de conversa abordando assuntos sobre as funções de um mapa, Como construir um mapa e qual a sua importância. Nesta conversa, também abordou-se como a matemática entra em nosso cotidiano em coisas como receitas de bolo, construção de casas e atividades escolares, atividades agrícolas e na elaboração de mapas. Também foi abordada as diferentes formas e maneiras de realizar medições com passos, polegadas, com auxílio de cordas e equipamentos não convencionais. Além da importância de situar pontos de referências para a construção de mapas e para a se localizar no espaço. O Referencial Curricular Nacional Para A Educação Infantil, ressalta a importância de se trabalhar a matemática com crianças uma vez que que elas participam de uma série de situações envolvendo números, relações entre quantidades, noções sobre espaço. (BRASIL, 1998, p.207). Após a roda de conversa, as crianças foram levadas para área externa da casa encantada para que pudessem observar todos os pontos abordados na conversação para a construção de mapa. Em seguida foram divididas em dois grupos, onde o primeiro grupo realizou a medição da área com passadas e o segundo grupo realizou a medição com o auxílio de uma corda. Ao retornarem com todas as informações colhidas em campo, foram discutidos os pontos de referências encontrados e quantos passos e cordas seriam necessários para realizar a medição de toda a área. Ao fim desta troca de dados os dois grupos desenharam em uma folha de papel madeira dois mapas da área externa observada. O mapa continha informações que ajudavam na localização do espaços e a quantidade de passos ou cordas para a medição da área. A atividade com a etnomatemática teve continuidade na semana seguinte com a separação e contagem de sementes de pimentão e tomate. Cada criança deveria escolher e pegar 5 sementes, duas de uma espécie e 3 de outra. Cabendo a ela realizar a conta e a escolha das sementes. As referências curriculares ainda ressaltam a importância da matemática para a vida cotidiana das crianças. Dessa forma as crianças poderão tomar decisões, agindo como produtoras de conhecimento e não apenas executoras de instruções. Portanto, o trabalho com a Matemática pode contribuir para a formação de cidadãos autônomos, capazes de pensar por conta própria, sabendo resolver problemas. (BRASIL 1998, p.207). Ao fim da atividade as crianças puderam contar a quantidade de covas que eram necessárias para o cultivo das sementes e realizaram o plantio tendo em vista a importância de preservar o meio ambiente cultivando alimentos de forma agroecológica. Os resultados foram satisfatórios ao perceber que as crianças do CIADI demonstraram total interesse, aceitação e entendimento sobre o assunto que que os foram apresentados, visto que o material produzido foi grande relevância para a produção do conhecimento. Trabalhar a matemática nas séries iniciais é muito importante tendo em vista que as crianças estão sendo moldadas. A utilização de práticas pedagógicas adequadas que facilitem a compreensão e que utilizem da realidade vivida por cada criança e que acima de tudo enxergue a criança como sujeito capaz de construir conhecimento são essenciais para compreensão e aprendizado das mesmas de forma integrada. 
Palavras-chave: Etnomatemática; CIADI; Educação infantil.
Referências Bibliográficas
Brasil. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil — Brasília: MEC/SEF, 1998. 
D’AMBROSIO U. Etnomatemática: arte ou técnica de explicar e conhecer. São Paulo: Ática, 1990.
1
2Graduado em Agronomia Universidades da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira (UNILAB). Pós-graduando em Gestão Pública pela UNILAB. E-mail: wilksomoises@hotmail.com

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