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Tácio JR NAMORAL, A LEITURA DESTE RESUMO NÃO TE EXIME DO DEVER DE LER A DOUTRINA, JUMENTOSSAURO! Boa fé 1- Conceito O p in ipio o exige que as partes se comportem de forma correta n o durante as tratativas como também durante a formação e o cumprimento do contrato. Antes de avançarmos no estudo da boa fé é imperioso destacar que o referido princípio divide-se em duas vertentes. Quais sejam: A boa fé objetiva e a boa fé subjetiva. OBJETIVA -> Diz respeito a dados externos, normas de conduta que determinam como ele deve agir. P.S.: Repise-se, que, a quebra desses deveres anexos gera a violação positiva do contrato, com responsabilização civil objetiva daquele que desrespeita a boa-fé objetiva (Enunciado n. 24 do CJF/STJ). SUBJETIVA -> Diz respeito a dados internos, psicológicos. Atinentes diretamente ao sujeito. A dita boa fé subjetiva refere-se à esfera interna da pessoa. Opera em seu plano de consciência, e por isso se relaciona com a moral. O princípio da boa fé, ou boa fé objetiva, por sua vez, refere-se ao comportamento da pessoa. Por isso, opera no plano exterior, e, por conseguinte, insere-se na órbita jurídica. (Donizetti) Obs: Recomenda ao juiz que presuma a boa , devendo a má , ao contrario, ser provada por quem a alega. 2- Funções da boa fé O Código Civil de 2002, em três dos seus dispositivos, apresenta três funções importantes da boa-fé objetiva. Função interpretativa art.113 Eis que os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar da sua celebração. Nesse dispositivo, a boa-fé é consagrada como meio auxiliador do aplicador do direito para a interpretação dos negócios, da maneira mais favorável a quem esteja de boa-fé. Função controladora art.187 Uma vez que aquele que contraria a boa-fé objetiva comete abuso de direito. Vale relembrar que, a responsabilidade civil que decorre do abuso de direito é objetiva. Função integradora art.422 Cria deveres para as partes, além daqueles estabelecidos por ambas, na realização de um negócio jurídico. São os h m o “ eve e nexo ”. Tratativas formação Cumprimento Tácio JR NAMORAL, A LEITURA DESTE RESUMO NÃO TE EXIME DO DEVER DE LER A DOUTRINA, JUMENTOSSAURO! São regras mínimas de conduta que devem ser observadas nas fases, pré- contratual, contratual e pós-contratual. Nesta seara, Flávio Tartuce elenca alguns deveres anexos. Vejamos: a) Dever de cuidado em relação à outra parte negocial; b) Dever de respeito; c) Dever de informar a outra parte sobre o conteúdo do negócio; d) Dever de agir conforme a confiança depositada; e) Dever de lealdade e probidade. 3- Conceitos parcelares da boa-fé objetiva Integrantes da função integrativa, as figuras (ou conceitos) parcelares, são institutos decorrentes da boa fé. Inicialmente, há de se considerar que tais construções teóricas servem como luva para a aplicação do Enunciado n. 26 do CJF/STJ, da I Jornada de Direito Civil, in verbis: “A láu ul ge l onti no t. 422 do novo Código Civil impõe ao juiz interpretar e, quando necessário, suprir e corrigir o contrato segundo a boa-fé objetiva, entendida como a exigência de comportamento leal o ont t nte ”. Pois bem, passados os estudos preliminares, vamos aos conceitos parcelares em espécie: Supressio e Surrectio -Supressio Significa a supressão, por renúncia tácita, de um direito ou de uma posição jurídica, pelo seu não exercício com o passar dos tempos. P.ex.: Creuza e Ermelino celebraram um contrato de locação. Ajusta-se no contrato que o aluguel será pago todos os meses em cima da serra de Itabaiana. Ocorre que, a partir do segundo mês, todo mundo tava morrendo de preguiça de subir a serra para entregar o aluguel, portanto, o pagamento, a partir daí foi feito na Unit, já que eles se viam todos os dias lá. Depois de 2 anos, Ermelino quer receber dnovo lá em cima da serra... mas se ferrou pq o direito dele foi suprimido. -Surrectio Ao mesmo tempo em que o credor perde um direito por essa supressão, surge um direito a favor do devedor, por meio da surrectio, direito este que não existia juridicamente até então, mas que decorre da efetividade social, de acordo com os costumes. P.ex.: Creuza e Ermelino celebraram o mesmo contrato e acontece a mesma coisa de cima. A surrectio e tá p e ente om “ urreição”, ou ej , o direito que antes não existia (estava morto) surge dos mortos tal qual Michael Jackson em Thriller, havendo assim, a surreição do direito. No caso em estudo o direito de Creuza de pagar na Unit. Supressio // Supressão Surrectio // Sureição Decurso de prazo sem exercício do direito Certo lapso de tempo (variável), durante o qual se atua uma situação jurídica idêntica ao direito subjetivo que vai surgir. Indícios objetivos de que o direito não mais seria exercido Conjunção objetiva de fatores que incitem a constituição do novo direito Desequilíbrio, pela ação do tempo, entre o benefício do credor e o prejuízo do devedor. Ausência de previsões negativas que impeçam a surrectio. Tácio JR NAMORAL, A LEITURA DESTE RESUMO NÃO TE EXIME DO DEVER DE LER A DOUTRINA, JUMENTOSSAURO! Tu quoque O termo tu quoque, significa que um contratante que violou uma norma jurídica não poderá, sem a caracterização do abuso de direito, aproveitar-se dessa situação anteriormente criada pelo desrespeito. Como bem afirma Ronnie Preuss Duarte “A lo uç o e ign itu ç o e abuso que se verifica quando um sujeito viola uma norma jurídica e, posteriormente, tenta tirar proveito itu ç o em ene í io p p io”. P.ex.: O condômino que viola a regra do condomínio e deposita moveis em área de uso comum, ou a destina para uso próprio, não pode exigir do outro comportamento obediente ao preceito (...). Venire contra factum proprium Pela máxima venire contra factum proprium non potest, determinada pessoa não pode exercer um direito próprio contrariando um comportamento anterior, devendo ser mantida a confiança e o dever de lealdade, decorrentes da boa-fé objetiva. P.ex.: Fernanda e Paulo celebram compra e venda de uma tela de um pintor famoso. Na execução do contrato, Fernanda aceita receber uma pintura diversa da pactuada. Pelo princípio do venire, ela não poderá ajuizar uma ação contra Paulo alegando o inadimplemento contratual por causa da pintura diversa da acordada. Podem ser apontados quatro pressupostos para aplicação da proibição do comportamento contraditório: a) Um fato próprio, uma conduta inicial; b) Legítima confiança de outrem na conservação do sentido objetivo dessa conduta; c) Um comportamento contraditório com este sentido objetivo; d) Um dano ou um potencial de dano decorrente da contradição. Conforme consta do Enunciado n. 362 da IV Jornada de Direito Civil: “A ve ç o o ompo t mento contraditório (venire contra factum proprium) funda-se na proteção da confiança, como se extrai dos arts. 187 e 422 o C igo Civil”. Duty to mitigate the loss Trata-se do dever imposto ao credor de mitigar suas perdas, ou seja, o próprio prejuízo. P.ex.: Alexandre sofreu um acidente de transito e viu que seu carro sofreu alguns danos e estava com um leve foco de incêndio no banco traseiro, ele tinha extintor e nada fez, pois ele queria que o carro explodisse para ele ganhar um novinho em folha da seguradora. Imagens fortes, cuidado! Obs: Por fim,parece que há uma relação direta entre o duty to mitigate the loss e a cláusula de stop loss, tema analisado pelo Superior Tribunal de Justiça em 2014. Agora vamos para algumas questões... Tácio JR NAMORAL, A LEITURA DESTE RESUMO NÃO TE EXIME DO DEVER DE LER A DOUTRINA, JUMENTOSSAURO! Questões legais 1- A respeito da boa-fé, julgue os itens a seguir. I- A boa-fé objetiva recomenda a verificação da vontade aparente das partes em um contrato. II- Não é possível que uma pessoa aja com boa-fé subjetiva, desprovida de boa-fé objetiva. III- Por se tratar de regra de conduta, a boa-fé objetiva da parte é analisada externamente. IV- A boa-fé objetiva, apesar de desempenhar importante papel de paradigma interpretativo do negócio jurídico, não é fonte de obrigação. V- A boa-fé objetiva impõe deveres laterais aos negócios jurídicos, ainda que não haja previsão expressa das partes. Estão certos apenas os itens: I, II e IV. A) I, III, e V I, IV e V II, III e IV II, III e V B) C) D) E) (Ano: 2009 Banca: CESPE Órgão: TRF - 2ª REGIÃO Prova: CESPE - 2009 - TRF - 2ª REGIÃO - Juiz Federal) 2- Durante dez anos, empregados de uma fabricante de extrato de tomate distribuíram, gratuitamente, sementes de tomate entre agricultores de uma certa região. A cada ano, os empregados da fabricante procuravam os agricultores, na época da colheita, para adquirir a safra produzida. No ano de 2009, a fabricante distribuiu as sementes, como sempre fazia, mas não retornou para adquirir a safra. Procurada pelos agricultores, a fabricante recusou-se a efetuar a compra. O tribunal competente entendeu que havia responsabilidade pré- contratual da fabricante. A responsabilidade pré-contratual é aquela que: Deriva da violação à boa-fé objetiva na fase das negociações preliminares à formação do contrato. A) Deriva da ruptura de um pré-contrato, também chamado contrato preliminar. B) Surgiu, como instituto jurídico, em momento histórico anterior à responsabilidade contratual. C) Segue o destino da responsabilidade contratual, como o acessório segue o principal. D) (Ano: 2010 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2010 - OAB - Exame de Ordem Unificado - II - Primeira Fase)