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DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 
 
 
2 
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. Introdução aos Direitos Humanos .................................................................................. 3 
2.Os direitos humanos antes da ONU ................................................................................ 9 
3.A Organização Internacional do Trabalho ..................................................................... 10 
4.Sistema Internacional de Direitos Humanos ................................................................ 10 
5.O direito internacional dos refugiados ......................................................................... 12 
6.Direito Internacional Público ......................................................................................... 14 
7.A codificação dos Direitos Humanos ............................................................................. 34 
8.O Tribunal Penal Internacional (TPI) ............................................................................. 63 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 
 
 
3 
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO AOS 
DIREITOS HUMANOS 
 
Conceito: O conjunto de direitos e garantias assegurados nas declarações e tratados internacionais 
de direitos humanos. “Um conjunto de faculdades e instituições que, em cada momento histórico, 
concretizam as exigências da dignidade, da liberdade, da igualdade humanas, as quais devem ser 
reconhecidas positivamente pelos ordenamentos jurídicos em nível nacional e internacional. “Dá-se 
o nome de liberdades públicas, de direitos humanos ou individuais àquelas prerrogativas que tem o 
indivíduo em face do Estado.” 
 Um das bases dos DH é o direito natural baseado na dignidade da pessoa humana. Direitos Humanos 
é diferente de Direitos Fundamentais do título II da CF/88. Direitos fundamentais seriam aqueles 
reconhecidos no catálogo de direitos e garantias – sejam individuais ou coletivos – reconhecidos na 
Constituição dos Estados. Direitos Humanos são direitos previstos em tratados e declarações, 
positivados internacionalmente. 
 Os direitos fundamentais são aqueles consagrados na Constituição, os direitos humanos são aqueles 
consagrados em tratados e declarações. Dignidade da Pessoa Humana é a base de todos os DH. 
Por ser um dos 5 fundamentos da República Federativa do Brasil alcança todo o ordenamento 
constitucional. A Dignidade da pessoa humana está ligada ao piso mínimo vital que corresponde no 
nosso ordenamento constitucional aos direitos estabelecidos no art. 6º da CF/88, chamados de 
direitos sociais. 
 
DIREITOS HUMANOS NA HISTÓRIA 
Não há um ponto exato que determine o nascimento de uma disciplina jurídica, pelo contrário, há 
um processo que desemboca na consagração de diplomas normativos, com princípios e regras que 
dimensionam o novo ramo do Direito. 
No tocante aos direitos humanos, o seu cerne é a luta contra a opressão e busca do bem-estar do 
indivíduo; consequentemente, suas “idéias-âncoras” são referentes à justiça, igualdade e liberdade, 
cujo conteúdo impregna a vida social desde o surgimento das primeiras comunidades humanas. 
 Na Antiguidade (período compreendido entre os séculos VIII e II a.C.): primeiro passo rumo á 
afirmação dos direitos humanos, com a emergência de vários filósofos de influência até os dias de 
hoje (Zaratustra, Buda, Confúcio, Dêutero-Isaías). Cujo ponto em comum foi a adoção de códigos de 
comportamento baseados no amor e no respeito ao outro. 
- Antigo Egito: reconhecimento de direitos dos indivíduos na codificação de Menes 
(3100-2850 a.C.); 
- Suméria antiga: edição do Código de Hammurabi, na Babilônia (1792-1750 a.C): 
primeiro código de normas de condutas, preceituando esboços de direitos dos 
indivíduos, consolidando os costumes e estendendo a lei a todos os súditos do império; 
 - Suméria e Pérsia: edição, por Ciro II, no século VI a. C, de uma declaração de boa 
governança. O Cilindro de Ciro, é considerado a primeira declaração de direitos 
 
 
 
DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 
 
 
4 
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 
humanos, ao permitir que os povos exilados na Babilônia regressassem à suas terras de 
origem, Ciro II, o Grande, Rei persa, a sua importância é tão grande que a ONU o 
traduziu para todos os seus idiomas oficiais em 1971; 
- China: no século VI e V a.C., Confúcio lançou as bases para a sua filosofia, com ênfase 
na defesa do amor aos indivíduos; 
- Budismo: introduziu um código de conduta pelo qual se prega o bem comum e uma 
sociedade pacífica, sem prejuízo a qualquer ser humano; 
 - Islamismo: traz a prescrição da fraternidade e solidariedade aos vulneráveis. 
 
Temos também na afirmação histórica dos direitos humanos a herança grega na consolidação destes 
direitos: 
- Consolidação dos direitos políticos, com participação dos cidadãos (com diversas 
exclusões). 
- Platão, em sua obra A República (400 a C), defendeu a igualdade e a noção do bem 
comum; 
- Aristóteles, na Ética a Nicômaco, salientou a importância do agir com justiça, para o 
bem de todos da pólis, mesmo em face de leis injustas; 
- Reflexão sobre a superioridade normativa de determinadas normas, mesmo em face 
da vontade do poder. 
 
No tocante a República Romana: 
- Há uma contribuição na sedimentação do princípio da legalidade; 
- Consagração de vários direitos, como a propriedade, liberdade, personalidade jurídica, 
entre outros; 
- Reconhecimento da igualdade entre todos os seres humanos, em especial pela 
aceitação do jus gentium, o direito aplicado a todos romanos ou não; 
 - Marco Túlio Cícero retoma a defesa da razão reta (recta ratio), salientando, na 
República, que a verdadeira lei é a lei da razão, inviolável mesmo em face da vontade do 
poder. 
 
No antigo e no novo testamento temos a influência do cristianismo: 
- 5 livros de Moisés (Torah): apregoam solidariedade e preocupação com o bem-estar de 
todos (1800-1500 a.C.); 
- O Antigo Testamento: faz menção à necessidade de respeito a todos, em especial aos 
vulneráveis; 
- Cristianismo contribui para a disciplina: há varios trechos da Bíblia (Novo Testamento) 
que pregam a igualdade e a solidariedade com o semelhante; 
 - Filósofos católicos também merecem ser citados, em especial São Tomás de Aquino. 
 
 
 
DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 
 
 
5 
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 
A idade média, o início da idade moderna e os primeiros diplomas de direitos humanos: 
- Na idade média: o poder dos governantes era ilimitado, pois era fundado na vontade 
divina; 
- O surgimento dos primeiros movimentos de reivindicação de liberdades a 
determinados estamentos, como a Declaração das Cortes de Leão adotada na Península 
Ibérica em 1188 e a Magna Carta inglesa de 1215. 
 - Renascimento e Reforma Protestante: crise da Idade Média deu lugar ao surgimento 
dos Estados nacionais absolutistas e a sociedade estamental medieval foi substituída 
pela forte centralização do poder na figura do rei; 
- Com a erosão da importância dos estamentos (igreja e senhores feudais), surge a ideia 
de igualdade de todos submetidos ao poder absoluto do rei, o que não exclui a opressão 
e a violência, como o extermínio perpetrado contra os indígenas na América; 
- O Século XVII: o Estado Absolutista foi questionado, em especial na Inglaterra. A busca 
pela limitação do poder é consagrada na Petition of Rights de 1628. A edição do Habeas 
Corpus Act (1679) formaliza o mandado de proteção judicial aos que haviam sido 
injustamente presos, existente tão somente no direito consuetudinário inglês (commonlaw); 
 - 1689 (após a Revolução Gloriosa): edição da “Declaração Inglesa de Direitos”, a “Bill of 
Rights” (1689), pelo qual o poder autocrático dos reis ingleses é reduzido de forma 
definitiva; 
- 1701: aprovação do Act of Settlement, que enfim fixou a linha de sucessão da coroa 
inglesa, reafirmou o poder do Parlamento e da vontade da lei, resguardando-se os 
direitos dos súditos contra a volta da tirania dos monarcas. 
 
Os Pensadores e as principais ideias ligadas aos direitos humanos: 
- Thomas Hobbes (Leviatã – 1651): é um dos 1ºs textos que versa claramente sobre o 
direito do ser humano, que é ainda tratado sendo pleno no estado da natureza. Mas 
Hobbes conclui que o ser humano abdica de sua liberdade inicial e se submete ao poder 
do Estado (o Leviatã), cuja existência justifica-se pela necessidade de se dar segurança 
ao indivíduo, diante das ameaças de seus semelhantes. Entretanto, os indivíduos não 
possuiriam qualquer proteção contra o poder do Estado. 
 - Hugo Grócio (Da guerra e da paz – 1625): defendeu a existência do direito natural, de 
cunho racionalista, reconhecendo, assim, que suas normas decorrem de “princípios 
inerentes ao ser humano”. 
- John Locke (Tratado sobre o governo civil – 1689): defendeu o direito dos indivíduos 
mesmo contra a Estado, um dos pilares contemporâneo regime dos direitos humanos. O 
grande e principal objetivo das sociedades políticas sob a tutela de um determinado 
governo é a preservação dos direitos à vida, à liberdade e à propriedade. Logo, o 
governo não pode ser arbitrário e deve seu poder ser limitado pela supremacia do bem 
público. 
 
 
 
DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 
 
 
6 
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 
- Abbé Charles de Saint-Pierre (Projeto de paz perpétua – 1713): defendeu o fim das 
guerras européias e o estabelecimento de mecanismos pacíficos para superar as 
controvérsias entre os Estados em uma precursora ideia de federação mundial. 
- Jean-Jacques Rousseau (Do contrato social – 1762): prega que a vida em sociedade é 
baseada em um contrato (o pacto social) entre homens livres e iguais (qualidades 
inerentes aos seres humanos), que estruturam o estado para zelar pelo bem-estar da 
maioria. Um governo arbitrário e liberticida não poderia sequer alegar que teria sido 
aceito pela população, pois a renúncia à liberdade seria o mesmo que renunciar à 
natureza humana, sendo inadmissível. 
- Cesare Beccaria (Dos delitos e das penas – 1766): sustentou a existência de limites para 
a ação do Estado na repressão penal, balizando os limites do jus puniendi que 
permanecem até hoje. 
 - Kant (Fundamentação da metafísica dos costumes – 1785): defendeu a existência da 
dignidade intrínseca a todo ser racional, que não tem preço ou equivalente. Justamente 
em virtude dessa dignidade, não se pode tratar o ser humano como um meio, mas sim 
como um fim em si mesmo. 
 
A fase do constitucionalismo liberal e das declarações de direitos 
- As revoluções liberais, inglesa, americana e francesa, e suas respectivas Declarações de 
Direitos marcaram a primeira afirmação histórica dos direitos humanos; 
- “Revolução Inglesa”: teve como marcos a Petition of Rights, de 1628, que buscou 
garantir determinadas liberdades individuais, e o Bill of Rights, de 1689, que consagrou a 
supremacia do parlamento e o império da lei; 
- “Revolução Americana”: retrata o processo de independência das colônias britânicas 
na América do Norte, culminado em 1776, e ainda a criação da Constituição norte-
americana de 1787. Somente em 1791 foram aprovadas 10 Emendas que, finalmente, 
introduziram um rol de direitos na Constituição norte-americana; 
 - “Revolução Francesa”: adoção da Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do 
Cidadão pela Assembleia Nacional Constituinte francesa, em 27 de agosto de 1789, que 
consagra a igualdade e liberdade, que levou à abolição de privilégios, direitos feudais e 
imunidades de várias castas, em especial da aristocracia de terras. Lema dos 
revolucionários: “liberdade”, “igualdade” e “fraternidade”. 
- Projeto de Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã: de 1971, proposto por 
Olympe de Gouges, reivindicou a igualdade de direitos de gênero; 
 - 1791: edição da primeira Constituição da França revolucionária, que consagrou a 
perda dos direitos absolutos do monarca francês, implantando-se uma monarquia 
constitucional, mas ao mesmo tempo reconheceu o voto censitário; 
- Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão consagrada como sendo a 
primeira com vocação universal. Esse universalismo será o grande alicerce da futura 
afirmação dos direitos humanos no século XX, com a edição da Declaração Universal dos 
Direitos Humanos. 
 
 
 
DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 
 
 
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 DIREITOS HUMANOS 
 
 A Fase do socialismo e do constitucionalismo social 
- Antecedentes: Final do século XVIII: próprios jacobinos franceses defendiam a 
ampliação do rol de direitos da Declaração Francesa para barcar também os direitos 
sociais, como o direito à educação e assistência social; 
- Em 1793: revolucionários franceses editam uma nova “Declaração Francesa dos 
Direitos do Homem e do Cidadão”, redigida com forte apela à igualdade, com 
reconhecimento de direitos sociais como o direito a educação. 
- Na Europa do século XIX os movimentos socialistas ganham apoio popular nos seus 
ataques ao modo de produção capitalista. Expoentes: Proudhon, Karl Marx, Engels, 
August Bebel. 
 - Revolução Russa de 1917 estimulou novos avanços na defesa da igualdade e justiça 
social. 
- Introdução dos chamados direitos sociais que pretendiam assegurar condições 
materiais mínimas de existência, em várias constituições, tendo sido a pioneira a 
Constituição do México (1917), da República da Alemanha (também chamad de 
República de Weimar, 1919) e , no Brasil a Constituição de 1934; 
- Plano do direito internacional: consagrou-se, pela primeira vez, uma organização 
internacional voltada à melhoria das condições dos trabalhadores – a Organização 
Internacional do Trabalho (OIT), criada em 1919 pelo próprio tratado de Versailles que 
pôs fim à Primeira Guerra Mundial. 
 
As dimensões ou gerações de DH: A doutrina menciona 3 dimensões clássicas dos DH: Liberdade, 
Igualdade e Fraternidade. 
LIBERDADE: protege os direitos civis e políticos individuais (liberdade, vida e segurança); 
IGUALDADE: protege os direitos econômicos, sociais, culturais e trabalhistas; 
FRATERNIDADE: também conhecida como “princípio da solidariedade”, protege os direitos difusos 
como meio ambiente, consumidor e desenvolvimento. 
 
 A Classificação dos direitos humanos quanto a natureza dos mesmos restou fragmentada em dois 
campos que os próprios tratados internacionais criaram uma classificação: a existência de direitos 
civis e políticos, por um lado e de direitos econômicos, sociais e culturais por outro. 
Direitos Civis e Políticos: em regra são direitos relacionados à vida, liberdade e participação política 
dos cidadãos. Também em regra exigem uma atitude negativa dos Estados, que não podem coibir a 
liberdade e nem proibir a manifestação política de seus nacionais. 
Mas, em alguns momentos impõe aos Estados certos deveres positivos, como a promoção de 
eleições periódicas pelos Estados (art. 25 do PDCP). 
 Direitos Econômicos, Sociais e Culturais: são os denominados direitos sociais, como direito à 
alimentação, saúde, educação e habitação, que por sua vez, obrigam os Estados a exercerem 
prestações positivas, isto é, deverão proporcionar aos cidadãos serviços e bens públicos destinados 
ao cumprimento de condições materiais suficientes de existência. 
 
 
 
DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 
 
 
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 DIREITOS HUMANOS 
 
Há também prestações negativas comoa não interferência no direito à sindicalização (art. 8º do 
PIDCP). Uma classificação tradicional dos direitos humanos é aquela que divide-os em gerações ou 
dimensões segundo a doutrina mais atual. 
 Direitos de 1º Dimensão ou Geração: nasceu nas revoluções burguesas dos séculos XVII E XVIII e 
envolvem os direitos de autonomia, defesa e participação, possuindo característica de distribuição 
de competências entre o Estado e o indivíduo. Essa geração refere-se aos direitos civis e políticos, 
também chamados de direitos de liberdade. As liberdades públicas negativas que buscavam a 
abstenção estatal, a não interferência do poder público na esfera dos interesses privados. 
Direitos de 2º Dimensão ou Geração: Decorrente dos movimentos sociais do século XIX e XX, 
demandavam um papel ativo e interventivo do Estado. Também considerados direitos prestacionais, 
alcançam os direitos econômicos, sociais e culturais pautados pelo direito da igualdade. 
 Direitos de 3º Dimensão ou Geração: São os denominados direitos de solidariedade ou direitos 
globais, que incluem o direito ao desenvolvimento, o direito a um ambiente sadio e ecologicamente 
equilibrado, o direito à paz, o direito à autodeterminação dos povos e o direito de propriedade sobre 
o patrimônio comum da humanidade. São denominados os direitos transindividuais. 
Direitos de 4º Dimensão ou Geração: são os direitos decorrentes da globalização política e que 
correspondem à fase de institucionalização do Estado Social. 
5º Dimensão Futuro dos Indivíduos – Paz Universal. 
6º Dimensão Futuro dos Indivíduos – Acesso à água. 
 1º Geração: Liberdades individuais: Vida, liberdade, segurança e propriedade. 
2º Geração: Igualdade, coletivos: Sociais, econômicos, culturais, trabalhistas, saúde, educação, 
habitação e lazer. 
3º Geração: Fraternidade dos povos: Paz, meio ambiente, patrimônio histórico e cultural, 
consumidor. 
4º Geração: Futuro dos Indivíduos Evolução da Ciência Desenvolvimento sustentável, bioética, 
gerações futuras e realidade virtual. 
 DIREITOS DO HOMEM: Inatos aos seres humanos - vida, liberdade, não há necessidade de 
codificação para que os mesmos sejam respeitados. 
DIREITOS FUNDAMENTAIS: Estão positivados em uma Constituição de um país. 
DIREITOS HUMANOS: Direitos do homem e/ou fundamentais positivados em tratados ou 
documentos de direitos humanos. 
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: O mínimo que uma pessoa deve ter para sua existência. 
 
 
 
 
 
 
 
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 DIREITOS HUMANOS 
 
 
 
 
OS DIREITOS HUMANOS 
ANTES DA ONU 
 
A Liga das Nações foi uma organização internacional criada em abril de 1919, quando a Conferência 
de Paz de Paris adotou seu pacto fundador, posteriormente inscrito em todos os tratados de paz. 
Ainda durante a Primeira Guerra Mundial, a idéia de criar um organismo destinado à preservação da 
paz e à resolução dos conflitos internacionais por meio da mediação e do arbitramento já havia sido 
defendida por alguns estadistas, especialmente o presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson. 
Contudo, a recusa do Congresso norte-americano em ratificar o Tratado de Versalhes acabou 
impedindo que os Estados Unidos se tornassem membro do novo organismo. 
 Com fim da 1º guerra mundial (1914-1918), os países vencedores se reuniram em Versalhes, no 
subúrbio de Paris na França, em janeiro de 1919 para firmar um tratado de paz, o Tratado de 
Versalhes. Um dos pontos do tratado era a criação de um organismo internacional que tivesse como 
finalidade assegurar a paz num mundo traumatizado pelas dimensões do conflito que se encerrara. 
Em 15/11/1920, teve lugar em Genebra/Suíça, a 1º Assembleia Geral da Liga das Nações. Os 
objetivos da organização eram impedir as guerras e assegurar a paz, a partir de ações diplomáticas, 
de diálogos e negociações para a solução dos litígios. Porém, infelizmente não se conseguiu impedir a 
2º guerra. 
 A Liga das nações segundo a profa. Dra. Flávia Piovesan: tinha como finalidade promover a 
cooperação, paz e segurança internacional, condenando agressões externas contra a integridade 
territorial e a independência política dos seus membros. 
O Brasil aderiu desde o início à Liga das Nações, porém por ato isolado do presidente da República 
Artur Bernardes que após seis anos se desligou (denunciou) do tratado sem a anuência do Congresso 
Nacional. 
Já os Estados Unidos não ratificaram o tratado. As eleições para o congresso americano (Senado) em 
1918 deram a vitória ao Partido Republicano que era oposição ao Presidente Woodrow Wilson, 
portanto o Partido Republicano que assumiu o controlo do Senado por duas vezes bloqueou a 
ratificação do tratado de Versalhes, favorecendo o isolamento do país opondo-se à Sociedade das 
Nações. Assim, os Estados Unidos nunca aderiram à Sociedade das Nações e negociaram em 
separado uma paz com a Alemanha: o Tratado de Berlim de 1921, que confirmou a pagamento de 
indenizações e de outras disposições do Tratado de Versalhes, mas excluiu explicitamente todos os 
assuntos relacionados com a Sociedade das Nações. 
 Sem a participação americana e não possuindo forças armadas próprias, o poder de coerção da Liga 
das Nações baseava-se apenas em sanções econômicas e militares. Sua atuação foi bem-sucedida no 
arbitramento de disputas nos Bálcãs e na América Latina, na assistência econômica e na proteção a 
refugiados, na supervisão do sistema de mandatos coloniais e na administração de territórios livres 
como a cidade de Dantzig. Mas, ela se revelou impotente para bloquear a invasão japonesa da 
Manchúria (1931), a agressão italiana à Etiópia (1935) e o ataque russo à Finlândia (1939). Em abril 
de 1946, o organismo se autodissolveu, transferindo as responsabilidades que ainda mantinha para a 
recém-criada Organização das Nações Unidas, a ONU. 
 
 
 
 
DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 
 
 
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 DIREITOS HUMANOS 
 
 
 
 
A ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO 
TRABALHO 
 
A OIT foi criada em 1919, como parte do Tratado de Versalhes, que pôs fim à Primeira Guerra 
Mundial. A sua constituição converteu-se na Parte XIII do Tratado de Versalhes (1919). 
Fundou-se sobre a convicção primordial de que a paz universal e permanente somente pode estar 
baseada na justiça social. É a única das agências do Sistema das Nações Unidas com uma estrutura 
tripartite, composta de representantes de governos e de organizações de empregadores e de 
trabalhadores. A OIT é responsável pela formulação e aplicação das normas internacionais do 
trabalho (convenções e recomendações). 
 As convenções, uma vez ratificadas por decisão soberana de um país, passam a fazer parte de seu 
ordenamento jurídico. O Brasil está entre os membros fundadores da OIT e participa da Conferência 
Internacional do Trabalho desde sua primeira reunião. Na primeira Conferência Internacional do 
Trabalho, realizada em 1919, a OIT adotou seis convenções. 
Em 1944, à luz dos efeitos da Grande Depressão e da 2º Guerra Mundial, a OIT adotou a Declaração 
da Filadélfia como anexo da sua Constituição. A Declaração antecipou e serviu de modelo para a 
Carta das Nações Unidas e para a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH). 
 Em junho de 1998 (86º sessão) foi adotada a Declaração da OIT sobre os Princípios e Direitos 
Fundamentais do Trabalho e seu Seguimento. O documento é uma reafirmação universal da 
obrigação de respeitar, promover e tornar realidade os princípios refletidos nas Convenções 
fundamentais da OIT, ainda que não tenham sido ratificadas pelos Estados-membros. 
Atualmente a OIT estabeleceu um patamar mínimo de proteção dos trabalhadores e conseguiu 
identificar os sujeitos de proteção, tais como crianças, gestantes e idosos. 
A OIT tem sede em Genebra/Suíça. 
Direito Humanitário:As Convenções de Genebra (1949) e seus Protocolos Adicionais são a essência 
do Direito Internacional Humanitário (DIH), o conjunto de leis que rege a conduta dos conflitos 
armados e busca limitar seus efeitos. Eles protegem especificamente as pessoas que não participam 
dos conflitos (civis, profissionais de saúde e de socorro) e os que não mais participam das 
hostilidades (soldados feridos, doentes, náufragos e prisioneiros de guerra). 
 
 
 
 
SISTEMA INTERNACIONAL DE DIREITOS 
HUMANOS 
 
O Direito Humanitário, a Organização Internacional do Trabalho e a Liga das Nações são considerados 
os principais precedentes do processo de internacionalização dos direitos humanos, uma vez que 
rompem com o conceito de soberania, já que admitem intervenções nos países em prol da proteção 
dos direitos humanos. 
 
 
 
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 DIREITOS HUMANOS 
 
 A TUTELA INTERNACIONAL DA PESSOA HUMANA E SEUS TRÊS EIXOS DE PROTEÇÃO 
DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS: proteção do ser humano em todos os 
aspectos, englobando direitos civis e políticos, direitos sociais, econômicos, culturais e os direitos 
transindividuais. 
DIREITO INTERNACIONAL DOS REFUGIADOS: age na proteção do refugiado, desde a saída do seu 
local de residência, concessão do refúgio e seu eventual término. 
 DIREITO INTERNACIONAL HUMANITÁRIO: foca na proteção do ser humano na situação 
específica dos conflitos armados (internacionais ou não internacionais – guerras civis). 
O DIREITO INTERNACIONAL HUMANITÁRIO 
É também conhecido como o direito internacional da guerra, pois precede a própria formação do 
direito internacional dos direitos humanos. Surge a partir da iniciativa do suíço Henri Dunant que, 
após presenciar o massacre e a desumana situação de feridos na Batalha de Solferino (1859), 
ocorrida em solo italiano, decide criar a Cruz Vermelha e iniciar uma campanha internacional para a 
proteção dos militares feridos e doentes. 
Com o sucesso obtido na sua empreitada em 1864 foi aprovada a primeira Convenção de Genebra. 
A 1º Convenção de Genebra, sucederam-se diversas outras: 
1) Segunda Convenção de Genebra – 1907, que visou a proteção de feridos, enfermos e 
náufragos das forças armadas do mar; 
2) Terceira Convenção de Genebra – 1929, que instituiu regime jurídico e proteção dos 
prisioneiros de guerra; 
3) Quarta Convenção de Genebra – 1949, que revisou as convenções anteriores e 
acrescentou a proteção em relação aos civis, inclusive em territórios ocupados. 
 
Às Convenções de Genebra, seguiram-se três protocolos: 
A) Protocolo I de 1977 – proteção das vítimas dos conflitos armados internacionais, 
considerando que conflitos armados contra dominação colonial, ocupação estrangeira 
ou regimes racistas devem ser considerados como conflitos internacionais; 
B) Protocolo II de 1977 – proteção de vítimas em conflitos armados não internacionais 
(guerras civis); 
C) Protocolo III de 2007 – adiciona o emblema do cristal vermelho ao lado da cruz 
vermelha e do crescente vermelho. 
 
Assim, o Direito Humanitário não visa impedir a guerra, mas tão somente regulamentar o uso da 
força e da violência uma vez que o conflito armado é deflagrado. 
- Princípios de Direito Internacional Humanitário: 
A) Princípio da Humanidade: De acordo com esse princípio, a dignidade humana deve 
ser preservada por mais precária e gravosa que seja a situação; 
 
 
 
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12 
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 
B) Princípio da Necessidade: os bens civis devem ser respeitados e não podem ser alvos 
de ataques e retaliações; 
C) Princípio da Proporcionalidade: as partes devem utilizar de seus recursos bélicos de 
forma proporcional a superar e vencer a parte adversa, rejeitando-se um malefício 
superior aos ganhos militares pretendidos. 
 
O COMITÊ INTERNACIONAL DA CRUZ VERMELHA (CICV): A principal entidade responsável 
pelo monitoramento do cumprimento do direito internacional humanitário pelos Estados é o CICV, 
em realidade, uma organização independente e não- governamental cujo status e prerrogativas são 
reconhecidos nas próprias Convenções de Genebra. 
O CICV visa defender e amparar as vítimas de guerras e catástrofes naturais, além de auxiliar no 
contato com familiares e na busca por desaparecidos. 
Embora não prevejam um órgão internacional voltado para aplicação de sanções, os tratados que 
compõem o direito internacional humanitário podem ser invocados perante a CIJ e o TPI. 
 Deste modo, o desenvolvimento do direito internacional humanitário é considerado como um dos 
precedentes históricos para a internacionalização dos direitos humanos. 
 
 
 
 
O DIREITO INTERNACIONAL 
DOS REFUGIADOS 
 
O direito internacional dos refugiados também decorre de um “Convenção de Genebra”, que, a não 
ser pelo nome, não se identifica com aquelas relacionadas ao direito internacional humanitário. 
O principal instrumento do direito internacional dos refugiados é a Convenção das Nações Unidas 
sobre o Estatuto dos Refugiados, adotada em 28/07/1951 e com vigência a partir de 22/04/1954. 
 Essa Convenção definia o que se compreendia como refugiado e ao mesmo tempo estipulava regras 
para a sua proteção e a concessão de asilo político pelos Estados- membros. Contudo, ela possuía em 
grave limitados de tempo: somente se aplicava aos refugiados em relação a eventos ocorridos antes 
de 1º de 1951. A esse condicionamento denominou-se “reserva temporal”. 
Após um período de discussões internacionais, foi elaborado o Protocolo relativo ao Estatuto dos 
Refugiados que entrou em vigor em outubro de 1967. 
Com esse protocolo, deixaram de existir limitações geográficas e temporais para o reconhecimento 
do status de refugiado a determinadas categorias de pessoas, buscando-se agora conferir efetiva 
proteção a todos aqueles que se deslocam em razão de uma crise política. 
 Refugiado: é todo o indivíduo que, em decorrência de fundados temores de perseguição, seja 
relacionado a sua raça, religião, nacionalidade, associação a determinado grupo social ou opinião 
política e também por fenômenos ambientais, encontra-se fora de seu país de origem e que, por 
causa dos ditos temores, não pode ou não quer regressar a ele. 
 
 
 
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13 
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) foi criado em 1949 e é órgão 
integrante do Sistema da ONU responsável por garantir e assegurar aos refugiados a observância dos 
seus direitos e por monitorar e acompanhar os movimentos de refugiados no globo. 
 No Brasil, o direito dos refugiados foi regulamentado pela Lei nº 9.474/1997, que também criou o 
Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE), órgão colegiado vinculado ao Ministério da Justiça. 
De acordo com o art. 1º dessa lei, será reconhecido como refugiado todo indivíduo que: 
Art. 1º Será reconhecido como refugiado todo indivíduo que: 
I - devido a fundados temores de perseguição por motivos de raça, religião, 
nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas encontre-se fora de seu país de 
nacionalidade e não possa ou não queira acolher-se à proteção de tal país; 
II - não tendo nacionalidade e estando fora do país onde antes teve sua residência 
habitual, não possa ou não queira regressar a ele, em função das circunstâncias 
descritas no inciso anterior; 
 III - devido a grave e generalizada violação de direitos humanos, é obrigado a deixar seu 
país de nacionalidade para buscar refúgio em outro país. 
Art. 2º Os efeitos da condição dos refugiados serão extensivos ao cônjuge, aos 
ascendentes e descendentes, assim como aos demais membros do grupo familiar que do 
refugiado dependerem economicamente,desde que se encontrem em território 
nacional. 
 
O direito dos refugiados visa defender o ser humano em uma de suas condições mais fragilizadas: 
quando encontra-se desvinculado de sua terra natal e em ameaça de violência (seja física, psicológica 
ou econômica) caso a ela retorne. 
 INERÊNCIA: os DH pertencem a todos os seres humanos; 
UNIVERSALIDADE: não importa a raça, a cor, o sexo, a origem, a condição social, a língua, a religião 
ou opção sexual; 
TRANSNACIONALIDADE: não importa o local em que esteja o ser humano; 
INDIVISIBILIDADE: os DH não são fracionados; implica em unicidade, assegurando não ser possível 
se reconhecer apenas alguns direitos humanos (atenção aos direitos sociais). 
INTERDEPENDÊNCIA: muitas vezes para o exercício de um dir. humano, passa-se obrigatoriamente 
pelo anterior de outra geração/dimensão. 
INDISPONIBILIDADE: o ser humano não pode abrir mão, dispor de um direito humano, por ser 
inerente a ele e nem os Estados podem suprimi-los, a partir do momento que os reconhece; 
IMPRESCRITIBILIDADE: um direito humano não prescreve por decurso de prazo. 
 Atualmente a majoritária jurisprudência do STJ está aplicando a imprescritibilidade dos direitos 
humanos. 
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. INDENIZAÇÃO. REPARAÇÃO DE DANOS 
MATERIAIS E MORAIS. REGIME MILITAR. DISSIDENTE POLÍTICO PRESO NA ÉPOCA DO 
REGIME MILITAR. TORTURA. DANO MORAL. FATO NOTÓRIO. NEXO CAUSAL. NÃO 
INCIDÊNCIA DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL - ART. 1º DECRETO 20.910/1932. 
IMPRESCRITIBILIDADE. 
 
 
 
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14 
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 
RECURSO ESPECIAL Nº 1.165.986 - SP (2008/0279634-1) RELATOR : MINISTRO LUIZ FUX 
Julgado em 16/11/2010. 
 Dir. Internacional: É o conjunto de princípios e normas, positivas e costumeiras, 
representativos dos direitos e deveres aplicáveis no âmbito da sociedade internacional. 
Dir. Inter. Público: regula ou regra a relação entre os Estados, os Estados e organismos 
internacionais intergovernamentais (ONU, BIRD, FMI) e os Estados e Particulares. Deste 
modo, podemos dizer que o DIPub regula as relações em que o Estado é parte ou outro 
ente com personalidade jurídica de direito internacional. 
 
 
 
 
 
 
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 
 
O Direito Internacional Público tem como características fundamentais: a inexistência de uma 
autoridade superior, a falta de coercibilidade para o cumprimento dos regramentos estabelecidos, 
sistema de sanções frágeis, descentralização das decisões e o dever do respeito à soberania dos 
Estados. 
E tem com fonte mais importante os tratados internacionais. 
O que fundamenta o DIP é a soberania estatal (art. 1, I da CF/88), 
manifestação do consentimento e o pacta sunt servanda. 
SOBERANIA: é a qualidade que caracteriza o poder supremo de um Estado (independência, 
autoridade dentro e fora do seu território); Art. 1º, I; Art. 4º, I, III e V; Art. 170, I, todos da CF/88; 
PACTA SUNT SERVANDA: liberdade de contrair obrigações (direitos e deveres), compromissos 
livremente firmados devem ser cumpridos. 
 
FONTES DE DIREITO INTERNACIONAL 
PRIMÁRIAS: tratados internacionais, o costume internacional e os princípios gerais de direito. 
SECUNDÁRIAS: doutrina, jurisprudência da Corte Internacional de Justiça de 1945 – Corte de Haia – 
art. 38 (decisões da corte, convenções e tratados, costumes e princípios gerais de direito). 
Os costumes reconhecidos e praticados nas relações exteriores vinculam as partes, sem necessitar 
que esta norma esteja escrita. 
PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO: são os valores que apontam um caminho a seguir e que servem 
de base para as decisões internacionais. 
AS JURISPRUDÊNCIAS das cortes internacionais (CIJ (corte internacional de justiça) E TPI (tribunal 
penal internacional)) fazem fonte de direito intencional, no entanto as jurisprudências dos Tribunais 
 
 
 
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15 
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 
Constitucionais internos de cada nação não), apesar de terem relevância do dir. internacional 
privado, não são fontes de DIP. 
OS ATOS UNILATERAIS dos Estados fazem fonte de DIP??? Convenção de Viena – Decreto nº 
7.030/2009. 
 CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE O DIREITO DOS TRATADOS DE 1969 – vigência a partir 
de 27/01/80. 
1. Para os fins da presente Convenção: 
a)“tratado” significa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e 
regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou 
mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica; 
b)“ratificação”, “aceitação”, “aprovação” e “adesão” significam, conforme o caso, o ato 
internacional assim denominado pelo qual um Estado estabelece no plano internacional 
o seu consentimento em obrigar-se por um tratado; 
c)“plenos poderes” significa um documento expedido pela autoridade competente de 
um Estado e pelo qual são designadas uma ou várias pessoas para representar o Estado 
na negociação, adoção ou autenticação do texto de um tratado, para manifestar o 
consentimento do Estado em obrigar-se por um tratado ou para praticar qualquer outro 
ato relativo a um tratado; 
 d)“reserva” significa uma declaração unilateral, qualquer que seja a sua redação ou 
denominação, feita por um Estado ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, 
ou a ele aderir, com o objetivo de excluir ou modificar o efeito jurídico de certas 
disposições do tratado em sua aplicação a esse Estado; 
e)“Estado negociador” significa um Estado que participou na elaboração e na adoção do 
texto do tratado; 
f)“Estado contratante” significa um Estado que consentiu em se obrigar pelo tratado, 
tenha ou não o tratado entrado em vigor; 
g)“parte” significa um Estado que consentiu em se obrigar pelo tratado e em relação ao 
qual este esteja em vigor; 
h)“terceiro Estado” significa um Estado que não é parte no tratado; i)“organização 
internacional” significa uma organização intergovernamental. 
 
2. As disposições do parágrafo 1 relativas às expressões empregadas na presente 
Convenção não prejudicam o emprego dessas expressões, nem os significados que lhes 
possam ser dados na legislação interna de qualquer Estado. 
 
 
 
 
 
 
 
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 DIREITOS HUMANOS 
 
NORMA IMPERATIVA INTERNACIONAL GERAL – normas “ius cogens”. 
Artigo 53 
Tratado em Conflito com uma Norma Imperativa de Direito Internacional Geral (jus cogens) 
É nulo um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma norma imperativa de 
Direito Internacional geral. Para os fins da presente Convenção, uma norma imperativa de Direito 
Internacional geral é uma norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados 
como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação é permitida e que só pode ser modificada 
por norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza. 
 POPULAÇÃO: é o conjunto de habitantes que mantêm ligação estável com um determinado Estado, 
por meio de um vínculo jurídico, o vínculo da nacionalidade. Inclui os nacionais residentes dentro e 
fora do território. Não inclui os estrangeiros residentes no território do Estado. 
NACIONALIDADE: é o vínculo jurídico-político de fidelidade entre o Estado e o indivíduo, atribuído 
pelo Estado, na exercício de seu poder soberano. 
TERRITÓRIO: é o espaço onde se exerce a soberania estatal. Ele determina os limites do exercício 
do poder do estado. Delimitar um território significa estabelecer seus limites, o que é feito por 
tratados ou costumes. Demarcar um território significa implantar marcos físicos sobre o território. 
Limite não se confunde com fronteira. Limite é um ponto que determina com certa precisãoaté onde 
vai o território do Estado. Fronteira é uma região em torno do limite territorial, sobre o qual o Estado 
tem interesse de zelar para garantir sua segurança nacional. 
 
PERSONALIDADE JURÍDICA DE DIREITO INTERNACIONAL 
Os Estados e organizações internacionais intergovernamentais e os particulares ou indivíduos tem 
personalidade jurídica internacional ou seja, são sujeitos do Direito Internacional. 
Atenção: A Anistia Internacional e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha não são organizações 
internacionais, mas sim ONGs de atuação internacional, por este motivo não celebram tratados, e 
por este motivo não são considerados sujeitos de direito internacional. 
ESTADOS: para que sejam sujeitos de direito internacional devem reunir 4 elementos constitutivos 
em sua formação: População Permanente; Território determinado; Governo e Soberania. 
RECONHECIMENTO DE UM ESTADO: é o surgimento de um novo sujeito de direito internacional, 
atestado pelos demais Estados por meio de um ato discricionário, unilateral, irrevogável e 
incondicional; Cuja importância é fundamental para que o novo Estado se relacione com os seus 
pares na comunidade internacional. 
RECONHECIMENTO DE GOVERNO: é todo o governo que exerce a sua autoridade como sendo a 
única no Estado. Tem as seguintes FORMALIDADES: efetividade (controle da máquina e obediência 
civil), cumprimento das obrigações internacionais, Constituição própria e ser democrático. 
EFEITOS DO RECONHECIMENTO DE UM GOVERNO: estabelecimento de relações diplomáticas; 
imunidade de jurisdição; capacidade para demanda em tribunal estrangeiro; admissão da validade 
das leis e atos governamentais. 
 
 
 
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 DIREITOS HUMANOS 
 
 CHEFE DE ESTADO X CHEFE DE GOVERNO 
No Brasil cabe Privativamente ao Chefe de Estado art. 84, VII e VIII da CF/88 manter relações com 
outros Estados, acreditar seus representantes diplomáticos e celebrar tratados internacionais ad 
referendum do Congresso Nacional. 
O Chefe de Estado goza de imunidade plena que é uma restrição ao direito fundamental dos Estados 
soberanos que se veem impedidos de sujeitar representantes de outros Estados presentes em seu 
território ao seu ordenamento jurídico. 
 No Brasil o Ministro das Relações Exteriores ou chanceler tem como principal função auxiliar o chefe 
de Estado na formulação e execução da política externa. 
PESSOA JURÍDICA DE DIR. PUB. EXTERNO – República Federativa do Brasil; 
PESSOA JURÍDICA DE DIR. PUB. INTERNO – UNIÃO FEDERAL; 
 
ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS INTERGOVERNAMENTAIS: são pessoas de direito público 
externo formadas pela reunião de Estados que têm uma finalidade em comum. Após serem 
constituídas adquirem personalidade internacional independente da de seus membros constituintes 
(ONU, OIT, FAO, UNESCO (educação, ciência e cultura), OTAN E FMI). 
SANTA SÉ: é a aliança da Cúria Romana com o Papa, o Tratado de Latrão firmado em 1929 pela 
Itália e a Santa Sé, reconhece a personalidade internacional da Santa Sé, reconheceu a propriedade e 
a jurisdição soberana sobre o Vaticano e atribuiu ao Vaticano neutralidade permanente. 
ESTADO DA CIDADE DO VATICANO possui personalidade jurídica própria que não se confunde 
com a da santa sé, nacionalidade própria (nacionalidade funcional ou jus domicilli + jus laboris); 
quem reside no Vaticano está submetido a soberania da Santa Sé que também tem direito a 
representação diplomática ativa e passiva (núncio apostólico); o Papa é chefe de Estado e da Igreja 
Católica; 
 
TRATADOS INTERNACIONAIS 
É o acordo internacional celebrado por escrito entre dois ou mais Estados ou outros sujeitos sob 
égide do Direito Internacional. 
Requisitos de Validade: CAPACIDADE DAS PARTES, HABILITAÇÃO DO AGENTE SIGNATÁRIO 
(representatividade derivada carta de plenos poderes), CONSENTIMENTO MÚTUO, OBJETO LÍCITO E 
POSSÍVEL. 
 NO BRASIL assinam e negociam tratados o Chefe de Estado e o Ministro das relações Exteriores e 
também o PLENIPOTENCIÁRIO (pessoa escolhida pelo Presidente com a confirmação do Min das rel. 
Exteriores) e Delegação nacional, ambos necessitam de “CARTA DE PLENOS PODERES”. Que 
significa que é um doc. expedido por autoridade competente dando os poderes necessários, para 
firmar, negociar e alterar acordos em nome da nação. 
TRATADOS são normas de direito externo até serem internalizados pelos ordenamentos jurídicos de 
cada nação. O Brasil adotou a teoria da incorporação no art. 5º, §s 2º, 3º e 4º da CF/88. 
 
 
 
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 DIREITOS HUMANOS 
 
 No Brasil, assinado o tratado, o mesmo é enviado com uma carta ao Congresso Nacional e deve ser 
aprovado nas duas casas, sendo aprovado é emitido pelo Presidente do Congresso Nacional um 
Decreto Legislativo autorizando o presidente a ratificar o acordo, uma vez ratificado por Decreto 
presidencial, o tratado será promulgado e publicado passando a valer no território nacional. 
Conflito entre o tratado e norma interna, a doutrina majoritária prega a prevalência do direito 
internacional sobre o direito interno. No entanto, nenhum tratado internacional poderá contrariar a 
CF/88, para ser incorporado no ordenamento legislativo brasileiro. 
 “Reserva” significa uma declaração unilateral, qualquer que seja a sua redação ou denominação, 
feita por um Estado ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, com o 
objetivo de excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições do tratado em sua aplicação a 
esse Estado. 
 Sistema Universal: composto pela Carta da ONU (1945), Declaração Universal dos Direitos Humanos 
(1948) e Pactos Internacionais (1966) docs tb chamados de Carta Internacional de Direitos Humanos 
(International Bill of Rights). 
Sistemas Regionais: temos 3 – Europeu, Americano e Africano. Para cada sistema regional temos um 
documento de referência. 
Europeu – Convenção Europeia de DH (1950); Americano – Convenção Americana sobre DH (1969) 
conhecida como pacto de São José da Costa Rica; Africano – Carta Africana de DH e carta dos povos 
(1981). 
 O nosso sistema regional é o americano filiado a OEA. A convenção Americana Sobre os DH, 
conhecida como Pacto de São José da Costa Rica, é o documento mais importante de DH no âmbito 
do sistema regional. 
 Sistema Universal: composto pela Carta da ONU (1945), Declaração Universal dos Direitos Humanos 
(1948) e Pactos Internacionais (1966) docs tb chamados de Carta Internacional de Direitos Humanos 
(International Bill of Rights). 
Sistemas Regionais: temos 3 – Europeu, Americano e Africano. Para cada sistema regional temos um 
documento de referência. 
Europeu – Convenção Europeia de DH (1950); Americano – Convenção Americana sobre DH (1969) 
conhecida como pacto de São José da Costa Rica; Africano – Carta Africana de DH e carta dos povos 
(1981). 
 O nosso sistema regional é o americano filiado a OEA. A convenção Americana Sobre os DH, 
conhecida como Pacto de São José da Costa Rica, é o documento mais importante de DH no âmbito 
do sistema regional. 
 
Quanto a Origem da ONU 
Organização das Nações Unidas foi um nome concebido pelo então Presidente dos EUA, Franklin 
Roosevelt utilizado pela primeira vez na Declaração das Nações Unidas de 12 de janeiro de 1942, 
quando os representantes de 26 países assumiram o compromisso de que seus governos 
continuariam a lutar contra as potências do Eixo. 
 
 
 
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19 
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 
A Carta das Nações Unidas foi elaborada pelos representantes de 50 países presentes à Conferência 
sobre Organização Internacional, que se reuniu em São Francisco de 25 de abril a 26 de junho de 
1945. 
As Nações Unidas, entretanto, começarama existir oficialmente em 24 de outubro de 1945, após a 
ratificação da Carta pela China, Estados Unidos, França, Reino Unido e a ex-União Soviética, bem 
como pela maioria dos signatários. Por isso, no dia 24 de outubro é comemorado em todo o mundo o 
"Dia das Nações Unidas". 
A ONU é fruto da incompetência do órgão anterior, denominado Sociedade das Nações (ou Liga das 
Nações). A ONU surge depois da 2º guerra mundial, em 26/06/1945, após o término da Conferência 
de São Francisco. Os propósitos da ONU são basicamente manter a paz e a segurança internacionais. 
A ONU tem 51 países como membros fundadores, incluso o Brasil, atualmente a ONU tem 193 países 
membros, sendo o último país que se integrou o Sudão Sul. 
Trata-se de uma organização internacional intergovernamental. Trata-se de uma organização 
vocacional mundial, cujo objetivo inicial é evitar uma 3º guerra mundial e promover a Paz. 
 
A criação da ONU junto com suas agências e órgãos especializados, iniciou uma nova ordem mundial, 
criando novas condutas e padrões internacionais. 
As Nações Unidas são regidas por uma série de propósitos e princípios básicos aceitos por todos os 
Países-Membros da Organização. 
Os propósitos das Nações Unidas são (art. 1º): 
- Manter a paz e a segurança internacionais; 
- Desenvolver relações amistosas entre as nações; 
- Realizar a cooperação internacional para resolver os problemas mundiais de caráter 
econômico, social, cultural e humanitário, promovendo o respeito aos direitos humanos 
e às liberdades fundamentais; 
 - Ser um centro destinado a harmonizar a ação dos povos para a consecução desses 
objetivos comuns. 
 
Já as ações das nações unidas serão efetuadas respeitando os seguintes Princípios (art. 2º): 
- A Organização se baseia no principio da igualdade soberana de todos seus membros; 
- Todos os membros se obrigam a cumprir de boa fé os compromissos da Carta; 
- Todos deverão resolver suas controvérsias internacionais por meios pacíficos, de modo 
que não sejam ameaçadas a paz, a segurança e a justiça internacionais; 
 - Todos deverão abster-se em suas relações internacionais de recorrer à ameaça ou ao 
emprego da força contra outros Estados; 
- Todos deverão dar assistência às Nações Unidas em qualquer medida que a 
Organização tomar em conformidade com os preceitos da Carta, abstendo-se de prestar 
 
 
 
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 DIREITOS HUMANOS 
 
auxílio a qualquer Estado contra o qual as Nações Unidas agirem de modo preventivo 
ou coercitivo; 
- Cabe às Nações Unidas fazer com que os Estados que não são membros da 
Organização ajam de acordo com esses princípios em tudo quanto for necessário à 
manutenção da paz e da segurança internacionais; 
- Nenhum preceito da Carta autoriza as Nações Unidas a intervir em assuntos que são 
essencialmente da alçada nacional de cada país. 
 
QUANTO AOS MEMBROS DA ONU (art. 3 ao art. 6) 
Segundo o art. 3º, da Carta das Nações, chamam-se Membros-Fundadores ou originais das Nações 
Unidas os países que assinaram a Declaração das Nações Unidas de 1º de janeiro de 1942 ou que 
tomaram parte da Conferência de São Francisco, tendo assinado e ratificado a Carta. 
O Brasil é um dos Membros-Fundadores da ONU. 
 O direito de tornar-se membro das Nações Unidas cabe a todas as nações amantes da paz que 
aceitarem os compromissos da Carta e que, a critério da Organização, estiverem aptas e dispostas a 
cumprir tais obrigações (art. 4º, §1º). 
Países que não fazem ainda parte da Organização podem ingressar nas Nações Unidas por decisão da 
Assembleia Geral mediante recomendação do Conselho de Segurança (art. 4º, § 2º). 
 A Suspensão de um membro da ONU é regulada pelo art. 5º da Carta das Nações e a expulsão pelo 
art. 6 da Carta das Nações. 
A suspensão de algum Estado-Membro pode ocorrer quando o Conselho de Segurança tomar 
medidas preventivas ou coercitivas contra ele, cabendo a expulsão sempre que houver uma violação 
persistente dos preceitos da Carta. O exercício dos direitos e privilégios de um membro que tenha 
sido suspenso pode ser restabelecido pelo Conselho de Segurança. Porém, desde 1945, nenhum País-
Membro da ONU foi suspenso ou expulso da Organização. 
 
Idiomas 
Os seis idiomas oficiais da Assembleia Geral das Nações Unidas são: inglês, francês, espanhol, árabe, 
chinês e russo. Os idiomas oficiais nos outros órgãos principais variam. No Conselho de Segurança, 
por exemplo, eles são apenas cinco: inglês, francês, espanhol, chinês e russo. 
 
Emendas à Carta (arts. 108 e 109) 
Emendas à Carta entram em vigor uma vez aprovadas pelo voto de dois terços da Assembleia Geral e 
ratificadas por dois terços dos Estados-Membros das Nações Unidas, inclusive todos os membros 
permanentes do Conselho de Segurança. Até o momento, todas as reformas incorporadas à Carta se 
relacionam com o número de integrantes do Conselho de Segurança e do Conselho Econômico e 
Social. Tais mudanças visam tornar mais adequada a representação naqueles órgãos, pois o número 
de Estados-Membros da ONU quase quadruplicou desde sua fundação. 
 
 
 
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 DIREITOS HUMANOS 
 
 Órgãos Principais ( art. 7, § 1º) 
A ONU, de acordo com o estabelecido pela Carta das Nações Unidas, possui seis órgãos principais, 
responsáveis pelo funcionamento da Organização internacional. São eles: Assembleia Geral, 
Conselho de Segurança, Conselho Econômico e Social, Conselho de Tutela, Corte Internacional de 
Justiça e Secretariado. 
Órgãos Subsidiários (art. 7, § 2º) - Poderão ser criados, de acordo com a presente Carta, os órgãos 
subsidiários considerados necessários. 
 Da Assembleia Geral (art. 9 ao art. 22) – Compete discutir e fazer recomendações relativamente a 
qualquer matéria objeto da Carta das Nações. 
Suas funções são: 
• Examinar e fazer recomendações sobre os princípios da cooperação internacional para 
a manutenção da paz e da segurança, inclusive os princípios que regem o 
desarmamento e a regulamentação dos armamentos; 
• Discutir quaisquer questões que afetem a paz e a segurança e, exceto quando uma 
situação ou controvérsia estiver sendo debatida pelo Conselho de Segurança, formular 
recomendações a respeito; 
 • Discutir e, salvo exceção acima, formular recomendações sobre qualquer questão 
dentro das atribuições da Carta ou que afete as atribuições e funções de qualquer órgão 
das Nações Unidas; 
• Iniciar estudos e formular recomendações visando promover a cooperação política 
internacional, o desenvolvimento do direito internacional e a sua codificação, o 
reconhecimento dos direitos humanos e das liberdades fundamentais para todos, bem 
como a colaboração internacional nos setores econômico, social, cultural, educacional e 
de saúde; 
• Receber e apreciar os relatórios do Conselho de Segurança e dos demais órgãos das 
Nações Unidas; 
 • Formular recomendações para o acerto pacífico de toda situação, qualquer que seja 
sua origem, que possa prejudicar as relações amistosas entre as nações; 
• Eleger os dez membros não-permanentes do Conselho de Segurança e os 54 membros 
do Conselho Econômico e Social; participar com o Conselho de Segurança na eleição dos 
juízes da Corte Internacional de Justiça; e, por recomendação do Conselho de 
Segurança, nomear o Secretário-Geral. 
• Examinar e aprovar o orçamento das Nações Unidas, determinar a cota de 
contribuições que cabe a cada membro e apreciar os orçamentos das agências 
especializadas. 
 
De acordo com a resolução "Unidos para a Paz", aprovada pela Assembleia Geral em novembro de 
1950, se o Conselho de Segurança deixar de agir em face de uma aparente ameaça à paz, ruptura da 
paz ou ato de agressão por falta de unanimidade entre seus cinco membrospermanentes, a própria 
Assembleia pode avocar a si a questão imediatamente, com a finalidade de recomendar aos estados- 
membros a adoção de medidas coletivas – inclusive, no caso de ruptura da paz ou ato de agressão, o 
 
 
 
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22 
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 
emprego de força armada quando necessário - para manter ou restaurar a paz e a segurança 
internacional. Na votação de assuntos importantes, tais como recomendações relacionadas com a 
paz e a segurança, eleição de membros integrantes de órgãos, admissão, suspensão e expulsão de 
membros, e assuntos orçamentários, as decisões são aprovadas por maioria de dois terços. Noutras 
questões, por maioria simples. 
Cada membro da Assembleia Geral tem direito a um voto (art. 18). 
O Membro com atraso na sua contribuição financeira a ONU, não terá direito a voto, a não ser que 
o motivo do atraso seja alheio a sua vontade (art. 19). 
 As reuniões da AG são definidas pelo art. 20. 
Das Sessões 
A Assembleia Geral reúne-se uma vez por ano em sessão ordinária que começa no mês 
de setembro na sede da ONU, em Nova York (EUA). Em 2014 teremos a 69º AG. Sessões 
especiais podem ser convocadas a pedido do Conselho de Segurança, da maioria dos 
membros das Nações Unidas ou ainda de um só membro com a anuência da maioria. 
A Assembleia Geral, seguindo as determinações da resolução "Unidos para a Paz“, 
também pode ser convocada em sessão especial de emergência, com o prazo de 24 
horas de antecedência, a pedido do Conselho de Segurança, pelo voto de quaisquer 
membros do Conselho, ou por decisão da maioria dos membros das Nações Unidas ou 
de um só membro com a anuência da maioria. 
 
Comitês Principais 
A Assembleia Geral cumpre suas funções através do trabalho de seis Comitês Principais, nas quais 
todos os membros têm direito a representação: 
• Primeiro Comitê (desarmamento e segurança internacional) 
• Segundo Comitê (econômico e financeiro) 
• Terceiro Comitê (social, humanitário e cultural) 
• Quarto Comitê (assuntos políticos especiais e descolonização) 
• Quinto Comitê (administração e orçamento) 
• Sexto Comitê (jurídico) 
 
A Assembleia Geral, normalmente, atribui todas as questões de sua ordem do dia a um ou outro dos 
Comitês acima mencionados ou Comitês Especiais estabelecidos para estudar uma questão 
específica. Eles, por sua vez, submetem propostas à aprovação do plenário da Assembleia. A votação 
nos Comitês e Subcomitês se processa por maioria simples. Assuntos que deixam de ser adjudicados 
aos Comitês Principais são tratados pela própria Assembleia, nas sessões plenárias. 
Apesar dos períodos de sessão ordinária só durarem três meses, o trabalho da Assembleia se realiza 
de forma continua: 
 
 
 
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 DIREITOS HUMANOS 
 
 • Em comitês especiais (por exemplo, os que se ocupam da manutenção da paz, do 
desarmamento ou do meio ambiente); 
• Através de atividades de organismos estabelecidos pela Assembleia como, por 
exemplo, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a Conferência 
das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) ou o Fundo das 
Nações Unidas para a Infância (UNICEF); 
• Através dos programas de trabalho do Secretariado e dos preparativos para as 
Conferências Internacionais relativas a problemas concretos (como meio ambiente, 
alimentação, população, condição jurídica e social da mulher, direito do mar, utilização 
da energia atômica para fins pacíficos, etc). 
 
CONSELHO DE SEGURANÇA (art. 23 ao art. 32) 
O Conselho de Segurança é constituído por 15 membros: cinco permanentes - Estados Unidos, 
Rússia, Grã-Bretanha, França e China, e 10 membros não são permanentes eleitos pela AG a cada 
dois anos. 
Suas funções e atribuições são: 
• Manter a paz e a segurança internacionais de acordo com os propósitos e princípios 
das Nações Unidas; 
• Examinar qualquer controvérsia ou situação suscetível de provocar atritos 
internacionais; 
 • Recomendar métodos para o acerto de tais controvérsias ou as condições para sua 
solução. 
• Formular planos para o estabelecimento de um sistema para a regulamentação dos 
armamentos; 
• Determinar a existência de ameaças à paz ou atos de agressão e recomendar as 
providências a tomar; 
• Solicitar aos membros a aplicação de sanções econômicas ou outras medidas que não 
impliquem emprego de força, mas sejam capazes de evitar ou deter a agressão; 
• Empreender ação militar contra um agressor; 
• Recomendar a admissão de novos membros nas Nações Unidas e as condições sob as 
quais os Estados poderão tornar-se partes do Estatuto da Corte Internacional de Justiça; 
 • Recomendar à Assembleia Geral a nomeação do Secretário-Geral; 
• Conjuntamente com a Assembleia Geral, eleger os juízes da Corte Internacional de 
Justiça; 
• Apresentar relatórios anuais e especiais à Assembleia Geral. 
 
 
 
 
 
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 DIREITOS HUMANOS 
 
Cada membro do Conselho tem direito a um voto. As decisões sobre procedimentos necessitam dos 
votos de nove dos 15 membros. As decisões relativas a questões de fundo também necessitam de 
nove votos, incluindo os dos cinco membros permanentes. Esta é a regra da "unanimidade das 
grandes potências", também chamada de "veto". Os cinco membros permanentes já exerceram o 
direito ao veto. Se um membro permanente não apóia uma decisão, mas não deseja bloqueá-la 
através do veto, pode abster-se de participar da votação ou declarar que não participa da votação. A 
abstenção e a não participação não são consideradas vetos. 
 De acordo com a Carta todos os membros das Nações Unidas concordam em aceitar e cumprir as 
decisões do Conselho. 
Apesar de outros órgãos da ONU formularem recomendações aos governos, somente o Conselho de 
Segurança pode tomar decisões, observados os artigos da Carta, que os Estados-Membros ficam 
obrigados a cumprir. 
O Conselho de Segurança funciona continuamente e um representante de cada um de seus membros 
deve estar sempre presente na Sede das Nações Unidas. O Conselho pode reunir-se fora da Sede, se 
assim o achar conveniente. 
 Qualquer Estado-Membro da ONU, mesmo que não pertença ao Conselho de Segurança, pode 
tomar parte nos debates, sem direito a voto, se o Conselho considerar que os interesses desse 
Estado estão sendo especialmente afetados. 
Tanto os membros como os não-membros são convidados a participar dos debates, sem direito a 
voto, quando são partes envolvidas na controvérsia em exame no Conselho, que especificará as 
condições para participação dos não-membros. A Presidência do Conselho de Segurança é exercida 
pelos membros (inclusive os não-permanentes) dentro de um sistema de rodízio alfabético, por 
períodos de um mês. 
 
CONSELHO ECONÔMICO E SOCIAL (ECOSOC) 
O Conselho Econômico e Social (ECOSOC) é o órgão coordenador do trabalho econômico e social da 
ONU, das Agências Especializadas e das demais instituições integrantes do Sistema das Nações 
Unidas. 
O Conselho formula recomendações e inicia atividades relacionadas com o desenvolvimento, 
comércio internacional, industrialização, recursos naturais, direitos humanos, condição da mulher, 
população, ciência e tecnologia, prevenção do crime, bem-estar social e muitas outras questões 
econômicas e sociais. O Conselho tem 54 membros. Anualmente a Assembleia Geral elege 18 deles 
por um período de três anos. 
 São funções do ECOSOC: 
• Encarregar-se, sob a supervisão da Assembleia Geral, das atividades econômicas e 
sociais das Nações Unidas; 
• Elaborar ou iniciar estudos, relatórios e recomendações a respeito de assuntos de 
caráter econômico, social, cultural, educacional e conexos;• Promover o respeito e a observância dos direitos humanos e das liberdades 
fundamentais para todos; 
 
 
 
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 DIREITOS HUMANOS 
 
• Convocar conferências internacionais e preparar projetos de convenções para 
apresentação à Assembleia Geral sobre assuntos de sua competência; 
 • Negociar acordos com as Agências Especializadas, definindo as relações destas com as 
Nações Unidas; 
• Coordenar as atividades das Agências, mediante consultas e recomendações às 
mesmas, bem como mediante recomendações à Assembleia Geral e aos membros das 
Nações Unidas; 
• Executar serviços, aprovados pela Assembleia, para membros das Nações Unidas e, a 
pedido, para as Agências Especializadas; 
• Realizar consultas com organizações não-governamentais competentes a respeito de 
assuntos em estudo no Conselho. 
 
 A votação no Conselho Econômico e Social se processa por maioria simples, cada membro tendo um 
voto. 
 
Órgãos Subsidiários 
O Conselho funciona através de Comissões Funcionais, Comitês Permanentes e vários outros órgãos 
subsidiários. 
As Comissões Funcionais são seis: Estatística, População, Desenvolvimento Social, Condição Jurídica e 
Social da Mulher, de Entorpecentes e de Direitos Humanos. Existe também uma Subcomissão da 
Comissão de Direitos Humanos para a Prevenção da Discriminação e Proteção das Minorias. 
 Os Comitês Permanentes são: Programas e Coordenação, Organizações Não- Governamentais, 
Negociando com Organismos Intergovernamentais, Recursos Humanos, Recursos Naturais, Ciência e 
Tecnologia para o Desenvolvimento e Comitê de Exame e Avaliação. 
Estão subordinadas ao ECOSOC as Comissões Econômicas Regionais, cuja finalidade é ajudar o 
desenvolvimento sócioeconômico em suas respectivas regiões e fortalecer as relações econômicas 
dos países em sua área de atuação, tanto entre si como com outros países do mundo. As Comissões 
Econômicas estudam os problemas de suas regiões e fazem recomendações aos governos e Agências 
Especializadas. 
 As Comissões Econômicas são: a Comissão Econômica para a África (ECA, com sede em Adis Abeba, 
Etiópia), a Comissão Econômica e Social para a Ásia e o Pacífico, (ESCAP, em Bancoc, Tailândia), a 
Comissão Econômica para a Europa, (ECE, que funciona em Genebra, Suíça), a Comissão Econômica 
para a América Latina e o Caribe (CEPAL, cuja sede é em Santiago, no Chile) e a Comissão Econômica 
para a Ásia Ocidental (ECWA, com sede em Beirute, Líbano). 
As organizações não-governamentais (ONGs) podem ser consultadas pelo Conselho Econômico e 
Social em assuntos de sua competência e especialidade. O ECOSOC acredita que se deve dar a essas 
organizações a oportunidade de expressar seus pontos de vista. Reconhece também que elas em 
geral possuem experiência ou conhecimentos técnicos especiais que podem ter grande valor para os 
trabalhos do Conselho. As ONGs que gozam de status consultivo junto ao Conselho podem fazer-se 
representar por observadores nas reuniões públicas, quer do Conselho quer de seus órgãos 
subsidiários, podendo ainda apresentar declarações por escrito. 
 
 
 
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 DIREITOS HUMANOS 
 
 Conselho de Tutela 
Segundo a Carta, cabia ao Conselho de Tutela a supervisão da administração dos territórios sob 
regime de tutela internacional. As principais metas desse regime de tutela consistiam em promover o 
progresso dos habitantes dos territórios e desenvolver condições para a progressiva independência e 
estabelecimento de governo próprio. 
Os objetivos do Conselho de Tutela foram tão amplamente atingidos que os territórios inicialmente 
sob esse regime - em sua maioria países da África - alcançaram, ao longo dos últimos anos, sua 
independência. Tanto assim que em 19 de novembro de 1994, o Conselho de Tutela suspendeu suas 
atividades, após quase meio século de luta em favor da autodeterminação dos povos. A decisão foi 
tomada após o encerramento do acordo de tutela sobre o território de Palau, no Pacífico. Palau, 
último território do mundo que ainda era tutelado pela ONU, tornou-se então um Estado soberano, 
membro das Nações Unidas. 
 
Corte Internacional de Justiça 
A Corte Internacional de Justiça, com sede em Haia (Holanda), é o principal órgão judiciário das 
Nações Unidas, seu funcionamento obedece ao que estipula seu Estatuto, que é parte integrante da 
Carta da ONU. Todos os membros das Nações Unidas são, ipso facto, parte do Estatuto. Estados não-
membros das Nações Unidas podem tornar-se partes do Estatuto, obedecendo às condições 
estipuladas para cada caso pela Assembleia Geral, à recomendação do Conselho de Segurança. 
 Todos os países que fazem parte do Estatuto da Corte podem recorrer a ela sobre qualquer caso. 
Outros Estados poderão fazê-lo sob certas condições estipuladas pelo Conselho de Segurança, que 
pode encaminhar à Corte qualquer controvérsia jurídica. 
Além disso, a Assembleia Geral e o Conselho de Segurança podem solicitar à Corte pareceres sobre 
quaisquer questões jurídicas; também aos outros órgãos da Nações Unidas, assim como as Agências 
Especializadas, é facultado recorrer à Corte para pareceres sobre questões jurídicas dentro do 
objetivo de suas respectivas atividades, desde que tenham para isso autorização da Assembleia 
Geral. Somente países - nunca indivíduos, podem recorrer à Corte Internacional de Justiça. 
 A competência da Corte se estende a todas as questões submetidas pelos Estados e a todos os 
assuntos previstos na Carta das Nações Unidas e nos tratados e convenções em vigor. 
Os Estados podem comprometer-se antecipadamente a aceitar a jurisdição da Corte em 
determinados casos, seja por meio de tratados ou convenções que estipulem o recurso à Corte ou 
por meio de uma declaração especial nesse sentido. Tais declarações aceitando a jurisdição 
compulsória da Corte podem, contudo, excluir determinados tipos de questões. Para emitir suas 
sentenças, a Corte, de acordo com o Artigo 38 do Estatuto, recorre às seguintes fontes de direito: 
• Convenções Internacionais que estabelecem regras conhecidas pelos Estados 
litigantes; 
• Costumes Internacionais com evidências de uma praxe geralmente aceita como de 
direito; 
• Princípios gerais de direito reconhecidos pelas nações; 
• Jurisprudência e pareceres emitidos por competentes juristas das várias nações, como 
elementos subsidiários para determinar as regras de direito. 
 
 
 
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 DIREITOS HUMANOS 
 
A Corte pode decidir ex aequo et bono (segundo o que for justo e bom), isto é, lavrar sentença por 
equidade, se as partes litigantes estiverem de acordo. 
O Conselho de Segurança poderá ser chamado, se necessário, por uma das partes para determinar 
quais as medidas a tomar, para dar cumprimento a uma sentença, caso a parte contrária se recuse a 
acatá-la. 
A Corte Internacional de Justiça se compõe de quinze juízes chamados “membros” da Corte. São 
eleitos pela Assembleia Geral e pelo Conselho de Segurança em escrutínios separados. 
Os juízes são escolhidos em função de sua competência, e não pela sua nacionalidade, observando-
se, contudo, o critério de fazer com que estejam representados na Corte os principais sistemas 
jurídicos do mundo. Não poderá haver dois juízes da mesma nacionalidade na Corte. 
O mandato dos juízes é de nove anos, podendo haver reeleição. Os juízes não podem dedicar-se a 
outras atividades durante o exercício de seu mandato. 
 
Secretariado 
O Secretariado presta serviço a outros órgãos das Nações Unidas e administra os programas e 
políticas que elaboram. Seu chefe é o Secretário-Geral, que é nomeado pela Assembleia Geral, 
seguindo recomendação do Conselho de Segurança. 
Como uma de suas múltiplasfunções tem a de chamar a atenção do Conselho de Segurança para 
qualquer assunto que a seu ver ameace a paz e a segurança internacionais. 
 O primeiro Secretário-Geral da ONU foi Trygve Lie, da Noruega, que exerceu suas funções até 1953. 
Dag Hammarskjold, da Suécia, ocupou o cargo de 1953 até sua morte, em um acidente aéreo na 
África em 1961, quando foi substituído por U Thant, da Birmânia (atual Mianmar). 
Em dezembro de 1971, foi nomeado Kurt Waldheim, da Áustria, que desempenhou suas funções até 
dezembro de 1981. Tomou posse em janeiro de 1982 o peruano Javier Pérez de Cuéllar, que cumpriu 
dois mandatos de cinco anos. 
 Em dezembro de 1991, foi eleito Boutros Boutros-Ghali, do Egito, que cumpriu apenas um mandato, 
ficando no cargo de janeiro de 1992 a dezembro de 1996. Em 1º de janeiro de 1997, tomou posse 
Kofi Annan, de Gana, que em 2001 foi reeleito para um segundo mandato que expirou em 31 de 
dezembro de 2006. 
O atual Secretário-Geral das Nações Unidas é o sul coreano Ban Ki-moon que assumiu suas funções 
no dia 1º de janeiro de 2007. 
 O Secretário-Geral dirige um quadro internacional de funcionários, cuja contratação obedece aos 
mais elevados padrões de eficiência, competência e integridade, levando em conta também a mais 
ampla distribuição geográfica possível, bem como um equilíbrio entre o número de homens e 
mulheres. No desempenho de suas funções, é vedado ao Secretário-Geral e ao seu quadro de 
funcionários receberem instruções de parte de qualquer governo ou de qualquer autoridade alheia 
às Nações Unidas. Os membros da ONU se comprometeram a respeitar o caráter exclusivamente 
internacional das atribuições do Secretariado, bem como a não tentar influenciá-lo no desempenho 
de suas funções. 
 
 
 
 
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 DIREITOS HUMANOS 
 
Do Financiamento e do Orçamento da ONU 
O orçamento regular das Nações Unidas é aprovado pela Assembleia Geral por um período de dois 
anos. Ele é inicialmente apresentado pelo Secretário-Geral e examinado pela Comissão Consultiva 
em Assuntos Administrativos e Orçamentários, composta por 16 peritos, que pode recomendar 
modificações à Assembleia Geral, antes que esta o aprove. 
O orçamento cobre os gastos com atividades nos diversos campos de atuação das Nações Unidas, 
além das despesas administrativas tanto na Sede como nos escritórios espalhados pelo mundo e 
cobre os custos dos programas da ONU em áreas como assuntos políticos, justiça e direito 
internacional, cooperação internacional para o desenvolvimento, informação pública, direitos 
humanos e assuntos humanitários. 
 As contribuições dos Estados constituem a principal fonte de recursos do orçamento e são revisadas 
a cada três anos. Tais contribuições são feitas de acordo com uma escala de quotas, determinada 
pela Assembleia Geral. A contribuição de cada Estado é determinada principalmente por sua renda 
nacional total em relação à dos outros Estados-Membros, levando em consideração diversos fatores, 
como, por exemplo, o Produto Interno Bruto (PIB) e o rendimento per capita de cada país. A 
Assembleia fixou que as contribuições podem ser de no máximo 22% e no mínimo 0,01% do total do 
orçamento. 
Os países que não pagam suas contribuições obrigatórias perdem o direito ao voto na Assembleia 
Geral, se o total de suas contribuições atrasadas for igual ou exceder a soma das contribuições 
correspondentes aos dois anos anteriores completos. 
 Os Estados-Membros também realizam pagamentos - com base em uma versão modificada da 
escala de quotas - para cobrir os custos das Forças de Paz e os gastos dos Tribunais Internacionais. 
Fundos e programas da ONU, como por exemplo, o Programa das Nações Unidas para o 
Desenvolvimento (PNUD), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e o Alto Comissariado 
das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) possuem orçamentos próprios e grande parte de seus 
recursos são provenientes de doações voluntárias dos governos e também de indivíduos, como é o 
caso do UNICEF. As Agências do Sistema ONU também têm seus próprios orçamentos e podem 
receber contribuições voluntárias dos governos. 
 
Organismos e Programas Vinculados ao Sistema das Nações Unidas 
Os organismos intergovernamentais são organizações a parte, autônomas, vinculadas à ONU 
mediante acordos especiais. Trabalham com a ONU e entre si através do mecanismo coordenador 
que é o Conselho Econômico e Social (ECOSOC). Seus secretariados, integrados por pessoal 
internacional, trabalham sob a direção dos chefes executivos desses organismos. 
Esses organismos são conhecidos como Agências Especializadas e apresentam relatórios anuais ao 
ECOSOC. São eles: Organização Internacional do Trabalho (OIT); Organização das Nações Unidas para 
Agricultura e Alimentação (FAO); Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura 
(UNESCO); Organização Mundial da Saúde (OMS); Grupo do Banco Mundial – que inclui o Banco 
Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BIRD); a Associação Internacional de 
Desenvolvimento (IDA), Corporação Financeira Internacional (CFI); a Agência de Garantia Multilateral 
de Financiamento (AGMF) e o Centro Internacional para a Resolução de Disputas Financeiras (CIRDF). 
 São também Agências Especializadas da ONU o Fundo Monetário Internacional (FMI); Organização 
da Aviação Civil internacional (ICAO); União Postal Universal (UPU); União Internacional de 
 
 
 
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 DIREITOS HUMANOS 
 
Telecomunicações (ITU); Organização Meteorológica Mundial (OMM); Organização Marítima 
Internacional (IMO); Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI); Fundo Internacional de 
Desenvolvimento Agrícola (FIDA); Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial 
(UNIDO) e a Organização Mundial do Turismo (OMT). 
A Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA), embora também seja um organismo 
intergovernamental, presta contas de suas atividades, anualmente, à Assembleia Geral e, quando 
necessário, ao Conselho de Segurança e também ao ECOSOC. A Organização Mundial do Comércio 
(OMC) faz parte também deste grupo. 
 Duas outras organizações, a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) e a 
Organização Preparatória para o Tratado de Proibição de Testes Nucleares (CTBTO), prestam contas 
diretamente à Assembleia Geral da ONU. 
Além dos organismos intergovernamentais especializados, que integram o Sistema das Nações 
Unidas, existe uma série de outros programas e fundos, criados pela ONU com propósitos 
específicos, de caráter econômico, social, humanitário, etc. 
Todos eles respondem diretamente à Assembleia Geral das Nações Unidas. São os Programas e 
Fundos da ONU. 
 Atualmente, funcionam no Brasil os seguintes Programas e Fundos da ONU: Programa das Nações 
Unidas para o Desenvolvimento (PNUD); o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF); o 
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA); o Alto Comissariado das Nações 
Unidas para Refugiados (ACNUR); o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA); o Programa das 
Nações Unidas para Assentamentos Humanos (UN-HABITAT); o ONU Mulheres – Entidade das 
Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres (UNIFEM); o Programa 
Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS) e o Escritório das Nações Unidas contra Drogas 
e Crime (UNODC). 
 Somente três Programas não possuem representações no Brasil: a Conferência das Nações Unidas 
sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD); o Programa Mundial de Alimentos (PMA); e a Agência 
das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA). 
Além das Agências Especializadas e dos Programas ou Fundos as Nações 
Unidas possuem outro tipo de instituições, que não se encaixam nestas definições

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