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ANALGÉSICOS OPIÓIDES Profa. Dra. Sara Maria Thomazzi Associação Internacional para o Estudo da Dor “... experiência sensorial e emocional desagradável, associada com dano tecidual potencial ou de fato, ou ainda, descrita em termos que sugerem tal dano”. O que é Dor ? ANALGÉSICOS OPIÓIDES Mecanismos Periféricos Inflamação Neurogênica NGF = fator de crescimento neural Adaptado de Brookoff, 2000 TRPV = receptor transitório de potencial vaniloide TrK = receptor associado às quinases ASIC = canais iônicos sensíveis a ácido NGF = fator de crescimento neural Dor ESTÍMULO LESIVO S e ns ib il iz aç ão Hiperalgesia In te n s id a d e d a D o r Intensidade do Estímulo Estímulos Supralimiares Dor mais intensa e prolongada Diminuição do Limiar doloroso Tecidos normais não respondem a estímulos dolorosos sublimiares ALODINIA O mesmo estímulo que antes era sublimiar passa a ser doloroso Célula de 2a. Ordem Neurônio Aferente Primário Gânglio da Raiz Dorsal Matéria Cinzenta Nociceptor Medula Espinal Corpo Celular do Neurônio Corno Dorsal Fascículo Anterolateral Lado oposto I II III IV V VI Substância P NKA CGRP Glutamato BK PGs Via de Entrada de Estímulos Nociceptivos Trato Ascendente Corpo Celular da Célula de 2a. Ordem Gânglio da Raiz Dorsal Fibras C Fibra A d I II III IV V VI Camada ou Zona Marginal Substância Gelatinosa Camada Profunda Fibras Aferentes Nociceptivas Terminais Adaptado de Brookoff, 2000 Núcleos da Coluna Dorsal V VII IX X Coluna Dorsal Mesencéfalo Medula Trato Paleoespinotalâmico Trato Espinomesencefálico Trato Espinorreticular V VII IX Trato Neoespinotalâmico Matéria Cinzenta Periaquedutal Formação Reticular Sistema Lateral Sistema Medial Adaptado de Brookoff, 2000 V ia s A s c e n d e n te s d a N o c ic e p ç ã o Lemnisco Medial Trato Neotrigeminotalâmico Sistemas Aferentes Multi-sinápticos Trato Espinocervical GABAB α2 M GABAA Enc Vias Descendentes Inibitórias P A G = s u b s tâ n c ia c in z e n ta p e ri a q u e d u ta l N R P G = n ú c le o p a ra g ig a n to c e lu la r re ti c u la r N R M = n ú c le o m a g n o d a r a fe L C = l o c u s c e ru le u s D L F = f u n íc u lo d o rs o la te ra l Histórico - Opioides Suco da papoula Papaver somniferum Opium (grego) = látex- + 20 alcalóides Sumérios – Escritos de Theophrastus – 3° século a.C. Egípcios – Papiro de Ebers – 1550 a.C. – cefaleia Árabes – disenterias Brasil – Elixir Paregórico – disenterias Histórico - Opioides 1806 – Sertürner – morfina 1832 – Rabiqet – codeína 1848 – Merck – papaverina – relaxante do músculo liso Meados do século XIX – uso dos alcalóides II GM - derivados sintéticos: meperidina e metadona 1950 - nalorfina (antagonismo) - intoxicação por morfina 1977 – Martin e Sloan – classes de receptores Opióides São todas as drogas, naturais e sintéticas, com propriedades semelhantes à morfina, incluindo peptídeos endógenos. Opiáceos São substâncias (alcalóides) derivadas do ópio, como a morfina e a codeína. Terminologias Opióides Endógenos Encefalina Endorfina Dinorfina Precursores dos Opióides Endógenos Pré-proencefalina (Proencefalina A) Pró-ópio-melanocortina (POMC) Pré-prodinorfina (Proencefalina B) Dinorfina A Dinorfina B Neoendorfinas a e b b-Lipotropina (b-LPH) Metionina-Encefalina Leucina-Encefalina b-MSH b-Endorfina Adrenocorticotropina (ACTH) Hormônio Estimulador do Melanócito (g-MSH) Opióides Endógenos Dinorfina A Apresenta efeito pró-nociceptivo independente do sistema de receptores opioides. Se liga ao receptor NMDA e a um novo sistema de receptor homólogo aos peptídeos opioides - receptor do subtipo 1 da Orfanina (ORL1 = NOP) – sistema N/OFQ Ligante endógeno – Orfanina FQ = Nociceptina m (mi) – m1 e m2 d (delta) – d1 e d2 k (kappa) – k1, k2 e k3 ORL1 (opioid receptor like-1) Acoplados à Proteína Gi/o (s = esquizofrenia, depressão, efeitos abusivos de cocaína, câncer – NÃO É OPIOIDE) extracelular intracelular HOOC - - NH2 I II III IV V VI VII Receptores Opióides Opióide Receptores Opióides K+ Ca++ ATP Adenilato Ciclase AMPc PK dependentes de AMPc Outras funções celulares Altera expressão gene Proteínas Fosforiladas Go/Gi Go/Gi Mecanismos Efetores dos Receptores Opióides Mecanismo de Ação Drogas Opioides FENANTRENOS Agonistas fortes Agonistas leves a moderados Ação mista FENILEPTILAMINAS Agonistas fortes Agonistas leves a moderados FENILPIPERIDINAS Agonistas fortes Agonistas leves a moderados Drogas Opioides - Classificação MORFINANOS Agonistas fortes Ação mista BENZOMORFANOS Ação mista OUTROS ANTAGONISTAS FENANTRENOS Agonistas fortes MORFINA (+ em m, - em g e k) – dor intensa HIDROMORFINA - + potente que morfina – dor intensa OXIMORFONA - + potente que morfina – dor intensa HEROÍNA (Diamorfina, Diacetilmorfina) Agonistas leves a moderados CODEÍNA – usada na supressão da tosse (normalmente contem expectorantes) DI-HIDROCODEÍNA – sem vantagens/desvantagens em relação codeína HIDROCODONA – dor moderada ou intensa OXICODONA - + potente – dor moderada ou intensa Ação mista BUPRENORFINA – agonista m, antagonista g e k Dissociação lenta com m – efeitos resistentes a naloxona Se liga ao receptor de Orfanina ORL1 Uso na dependência de opioides, compulsão por álcool e dor moderada NALBUFINA – agonista k, antagonista parcial m - dor moderada Drogas Opioides - Classificação FENILEPTILAMINAS Agonistas fortes METADONA (+ em m, - em g e k) Antagonista receptor NMDA Bloqueador da recaptação de monoaminas Administração – v.o., e.v., s.c., espinal, retal Tratamento da desintoxicação por opioides Agonistas leves a moderados PROPOXIFENO – pequena atividade analgésica Drogas Opioides - Classificação FENILPIPERIDINAS Agonistas fortes FENTANILA (+ em m, - em g e k) – droga sintética – 100x + potente que morfina SUFENTANILA – 5-7x + potente que fentanila, mas com ação + curta ALFENTANILA – menos potente e com ação + curta que fentanila REMIFENTANILA – ação + curta que fentanila PETIDINA (Meperidina) – ação antimuscarínica (taquicardia) – ação inotrópica negativa - crises convulsivas (metabólito Norpetidina) Agonistas leves a moderados DIFENOXILATO – não usado na analgesia - uso como antidiarreico (+ atropina) DIFENOXINA – não usado na analgesia - uso como antidiarreico (+ atropina) LOPERAMIDA – não tem ação SNC – não usado na analgesia - uso como antidiarreico Drogas Opioides - Classificação MORFINANOS Agonistas fortes LEVORFANOL (agonista m, g e k) – droga sintética Inibe a recaptação de NA e 5-HT Antagonista de receptor NMDA Ação mista BUTORFANOL - agonista k, agonista parcial ou antagonista m Drogas Opioides - Classificação BENZOMORFANOS Ação mista PENTAZOCINA - agonista k, agonista parcial ou antagonista m fraco Drogas Opioides - Classificação OUTROS TRAMADOL – ação central Bloqueio da recaptaçãode 5-HT Bloqueio da recaptação de NA fraco Agonista m (sua ação analgésica é independente de m) Uso na dor neuropática crônica com agonista opioide puro Dor moderada Pode causar convulsões, síndrome serotoninérgica, náuseas, tontura TAPENTADOL Bloqueio da recaptação de NA Bloqueio da recaptação de 5-HT Agonista m (afinidade modesta) Dor moderada Pode causar convulsões, síndrome serotoninérgica Drogas Opioides - Classificação ANTAGONISTAS NALOXONA Antagonista m, g e k Uso na superdosagem de opioides NALTREXONA Mais afinidade por m – duração + longa que naloxona Aumenta a liberação basal de b-endorfinas Uso no tratamento da adição / desejo compulsivo por álcool NALMEFENO Mais afinidade por m – duração + longa que naloxona Drogas Opioides - Classificação Eficácia analgésica Efeitos dos Opioides SISTEMA NERVOSO CENTRAL – receptor m Analgesia Diminuem aspectos sensitivos e emocionais da dor Euforia Sensação de bem estar físico, alegria, despreocupação, otimismo Também podem ocasionar disforia (sensação desagradável com inquietação, ansiedade, depressão e mal-estar) - receptor k Sedação Sonolência – principalmente em idosos Alteram o sono REM e não REM – despertar fácil Depressão respiratória Inibem mecanismos respiratórios do tronco encefálico (dessensibilização ao dióxido de carbono nos neurônios do centro respiratório) – diminui sensibilidade a PCO2 arterial sem alteração na taxa de ventilação (VE)/min Efeitos dos Opioides SISTEMA NERVOSO CENTRAL – receptor m Supressão da tosse Podem aumentar o acúmulo de secreções, levando obstrução das vias respiratórias Mecanismo não claro Não se relaciona estreitamente com as ações analgésica e depressora Envolvimento de receptores NMDA e s - ??? Miose Receptores m e k - pupila puntiforme Náuseas / Vômitos Ativam a zona de gatilho quimiorreceptora Movimentos aumentam estes efeitos – pode também haver ativação do componente vestibular Efeitos dos Opioides SISTEMA NERVOSO CENTRAL – receptor m Rigidez do tronco Altas doses, aumentam o tônus dos grandes músculos do tronco (ação supraespinal) Para evitar – uso concomitante com bloqueadores neuromusculares Temperatura Ação no hipotálamo Receptor m = hipertermia / Receptor k = hipotermia Arquitetura do sono Diminuem os estágios 3 e 4 Mecanismo não claro Efeitos dos Opioides PERIFÉRICOS Sistema Cardiovascular Sem efeitos significativos além de bradicardia Exceção: PETIDINA – ação antimuscarínica - taquicardia Trato Gastrintestinal Causam constipação intestinal Diminuem a secreção gástrica de ácido clorídrico Diminuem a motilidade e aumentam o tônus Renal Possuem efeito antidiurético Aumentam a reabsorção de sódio tubular Útero Podem prolongar o trabalho de parto Mecanismo não claro Efeitos dos Opioides PERIFÉRICOS Endócrino Atuam no hipotálamo, levando ao aumento da liberação de ADH, prolactina e somatotrofina, e diminuem a liberação do hormônio luteinizante Prurido Atuam centralmente, nos circuitos neurais pruritoceptivos Comtribui para esta ação a liberação de histamina por alguns opioides Imune Aumentam linfócitos Aumentam a produção de anticorpos Diminuem a quimiotaxia Analgesia Dor constante e intensa – mais eficaz Dor aguda e intermitente – menos eficaz •Dor associada ao câncer e de outras doenças terminais •Dor pós-operatória •Dor crônica – associação com anfetaminas •Analgesia obstétrica - depressão respiratória no feto Petidina – causa menos depressão respiratória •Dor aguda e intensa de cólicas renal e biliar Edema pulmonar agudo No edema pulmonar da IC ventricular esquerda, diminui a dispneia •Diminui a ansiedade (a percepção da dispneia) •Diminui a pré-carga (diminui o tônus venoso) •Diminui a pós-carga (diminui a resistência periférica) Se houver indícios/possibilidade de depressão respiratório - Furosemida Usos Terapêuticos Tosse Doses menores que a necessária para analgesia DEXTROMETORFANO / LEVOPROPOXIFENO / CODEÍNA / NOSCAPINA Normalmente com expectorante Diarreia DIFENOXALATO / LOPERAMIDA Calafrios Diminui por ação em a2-adrenérgicos PETIDINA Anestesia Pré-medicação anestésica e cirúrgica Propriedades sedativa, ansiolítica e analgésica Depressão respiratória (superdosagem - antagonistas) e dependência por narcóticos/álcool (agonistas) Usos Terapêuticos Efeitos Adversos dos Analgésicos Opióides Efeitos Adversos dos Analgésicos Opióides Tolerância Em torno de 2 a 3 semanas Alguns opioides potentes em poucas horas Analgesia, sedação e depressão respiratória Tolerância cruzada (receptores m) – parcial ou incompleta • “Revezamento de opioides” • Agentes não opioides adjuvantes • Antagonista de receptor de NMDA – CETAMINA – reacoplar a função dos receptores Graus de Tolerância que podem se desenvolver para alguns dos efeitos dos opioides Hipóteses - Tolerância Suprarregulação do sistema de AMPc. Reciclagem do receptor m – a manutenção da sensibilidade do receptor depende da endocitose, ressensibilização e reciclagem para a membrana plasmática. Morfina não consegui induzir a endocitose, diferente da metadona (usada no tratamento da tolerância e dependência de opioides). Desacoplamento do receptor – disfunção das interações do receptor m com proteínas G, 2º. mensageiros e canais iônicos (provavelmente ligado a reciclagem do receptor). Receptores de NMDA (ligado a canal iônico) envolvido no desenvolvimento e manutenção da tolerância. Efeitos Adversos dos Analgésicos Opióides Dependência Sinais e sintomas da abstinência “Síndrome da Abstinência” – rebote exagerado Rinorreia, lacrimejamento, bocejos, calafrios, piloereção, hiperventilação, hipertermia, midríase, dores musculares, vômitos, diarreia, ansiedade, hostilidade A maioria desaparece após uns 5 dias Tratamento da desintoxicação por opioides: • METADONA • BUPRENORFINA • CLONIDINA Síndrome de abstinência Efeitos Adversos dos Analgésicos Opióides Adição Doença crônica primária de recompensa, motivação, memória e circuitos relacionados ao cérebro Hiperalgesia induzida por opioides Administração persistente pode aumentar a sensação de dor – estado de hiperalgesia Envolvimento: • Dinorfina • Ativação de receptores de Bradicinina • Ativação de receptores de Glutamato – NMDA • Aumento na expressão de receptores P2X (ATP) • Aumento na via de sinalização TrK (receptor associado às quinases) Mudança de opioide - METADONA (também antagonista NMDA) Agonista a2 Antagonista NMDA - CETAMINA Inibidor COX Dor crônica Tratamento controverso!! Efeitos Adversos dos Analgésicos Opióides Administração: Oral (inclusive liberação lenta) / s.c. / i.m. / s.l. / e.v. / Intratecal Transmucosa oral: pastilhas (lorenze) – Fentanila; pirilitos (lollipop) Intranasal – Butorfanol Retal: supositório – Morfina, Hidromorfona Adesivos transdérmicos: Fentanila (dor constante e persistente); Buprenorfina (dor crônica, desintoxicação por opioides) Absorção: Efeito de 1ª. passagem Excreção: • Renal - principalmente • Ciclo entero-hepático – pode ocorrer reabsorção Farmacocinética Metabolização: • Hepática – CYP450 CYP3A4 / CYP2D6 – polimorfismo • Esterases plasmáticas e teciduais Morfina-3-Glicuronídeo (M3G) – neuroexcitatório (convulsões) Morfina-6-Glicuronídeos (M6G) – 4-6x mais potente que morfina na ação analgésica possuem capacidade limitada de atravessar a BHE - mas o uso prolongado Codeína → Morfina Petidina → Norpetidina (Normeperidina) – crises convulsivas Heroína → Monoacetilmorfina→ Morfina Farmacocinética Morfina Levopropoxifeno **Tratamento da adição de narcóticos Dor neuropática ADT – amitriptilina, nortriptilina, desipramina IRSNA – duloxetina, venlafaxina Antiepilépticos – gabapentina, pregabalina, carbamazepina Anestésico local – lidocaína Antiarrítmicos – mexiletina, tocainida Fibromialgia Antidepressivos – amitriptilina, citalopram, milnacipram, venlafaxina Antiepilépticos – gabapentina, pregabalina BZD – clonazepam, zopiclone Outros fármacos com ação analgésica Cetamina – antagonista NMDA Toxina botulínica – dores nas costas e dor associada a espasticidade Ziconotida – bloqueador de canais de Ca++ tipo N – dor que não responde a outros analgésicos Sativex – extrato Cannabis – dor neuropática na esclerose múltipla Agonistas DOPAminérgicos – ropinirol, rotigotina, pramipexal – síndrome das pernas inquietas, que pode ser dolorosa Outros fármacos com ação analgésica
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