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Doenças Neurodegenerativas: Parkinson Profa. Dra. Sara Maria Thomazzi Disciplina de Farmacologia Departamento de Fisiologia CCBS - UFS Distúrbios Neurodegenerativos Perda progressiva e irreversível de neurônios Regiões específicas do SNC Desenvolvimento tardio Exemplos: Doença de Parkinson (DP) Doença de Alzheimer (DA) Doença de Huntington (DH) Esclerose Amiotrófica Lateral (EAL) GLU Glicose Ciclo de krebs Glutaminase Glutamina sintetase GLU Receptores: NMDA AMPA CAINATO METABOTRÓPICO ionotrópicos Receptor NMDA – Glutamato e Glicina T ra ns m is sã o G lu ta m a té rg ic a Carobrez, AP. Revista Brasileira de Psiquiatria 25(supp2) 2003. L-Glutamato Principal transmissor excitatório ubíquo no SNC Distúrbios neurodegenerativos – excitotoxicidade Dor – potencialização da resposta Plasticidade sináptica – alterações a longo prazo Ca2+ Na/Ca NMDA VDCC Na/K Ca Glu + Na+ Na+ Ca2+ Ca2+ ATP K+ Despolarização RE Liberação AA NO Ca2+ Ativação de protease Dano da membrana Vilões Heróis Ca2+ IP3 Morte Celular pelo Glutamato NMDA = N-Metil-D-Aspartato Excitotoxicidade Mecanismos Neurodegenerativos Radicais livres AMPA Mg2+ Estresse oxidativo Apoptose ++ + - - NO• NO• NO• respiração mitocondrial NO• + O2 - ONOO- H+ ONOOH •OH + NO2 • morte celularO2 - mitocôndria SOD H2O2 •OH H2O catalaseFe 3+ Fe2+ guanilato ciclase GTP GMPc O2 xantina oxidase Ca2+ Ca2+ Glu Neurônio alvo Estresse Oxidativo Mecanismos Neurodegenerativos NO = óxido nítricoO2- = ânion superóxido H2O2 = peróxido de hidrogênio OH- = radical hidroxila ONOO- - ânion peroxinitrito Doença de Parkinson Epidemiologia Geralmente, pacientes > 50 anos. Antes de 20 anos é rara (Parkinson Juvenil). Mais comum em homens. Prevalência = 1 a 3 % da população > 65 anos. Incidência = 20 por 100.000 habitantes/ano. Risco de desenvolver a doença = 1 em 40. Maior prevalência = América do Norte e Europa Mais comum em caucasianos (?). Associações com vida rural, ingestão de água de poço, cultivo de vegetais, exposição a polpa de madeira e pesticidas (???). ETIOLOGIA DA DOENÇA DE PARKINSON Genética ? Toxinas exógenas ? Toxinas endógenas ? Estresse oxidativo ? I D I O P Á T I C A Parkinson, 1817 2 famílias de receptores: Todos acoplados à Proteína G (AMPc) Família D1: pós-sinápticos Receptores D1 e D5 (Gs) Família D2: pré- e pós-sinápticos Receptores D2, D3 e D4 (Gi) 75% da Dopamina localiza-se no cérebro Controle motor, efeitos comportamentais e controle endócrino. VIA NIGRO-ESTRIATAL Substância negra Corpo estriado VIA TÚBERO-HIPOFISÁRIA VIAS MESOLÍMBICA E MESOCORTICAL Área tegumentar ventral Áreas límbicas: Amígdala, hipocampo Córtex frontal Hipotálamo Hipófise (Controle motor) (Efeitos comportamentais) (Controle endócrino) D1 +++ D2 ++ D3 + D4 + D5 + Doença de Parkinson – déficit de DA D1 +++ D2 ++ D3 + D5 + D1 +++ D2 ++ D4 + D2 ++ D3 + Anatomia Básica da D.P. Na DP a produção de Dopamina está reduzida. Sintomas aparecem quando a substância negra já perdeu 60% dos neurônios dopaminérgicos e o conteúdo de Dopamina é 80% inferior ao normal. Os neurônios sobreviventes, na substância negra e no locus ceruleus, contêm inclusões citoplasmáticas eosinofílicas conhecidas como Corpos de Lewis - a característica patológica da doença. SINAIS E SINTOMAS DA DOENÇA DE PARKINSON Tremor em repouso Rigidez muscular Bradicinesia = Hipocinesia Postura fletida Perda dos reflexos posturais Fenômeno de parada = “freezing” DA ACh, NA, 5-HT, GABA, DA TREMOR 70% casos Pode estar presente em um ou mais membros. É comum nos lábios, queixo e língua. Ocorre, tipicamente, quando o membro está em repouso. Desaparece durante ação, ressurgindo quando os membros mantêm uma postura. “Contar moedas” ou “enrolar pílulas” = flexão/extensão dos dedos ou do pulso. Amplitude aumenta em períodos de estresse ou quando pede-se ao paciente que realize alguma tarefa cognitiva Desaparece durante o sono. RIGIDEZ MUSCULAR Aumento do tônus muscular quando o examinador move os membros, o pescoço ou o tronco do paciente (movimentos passivos). A rigidez é igual em todas as direções. Fenômeno da roda denteada (catraca). BRADICINESIA Lentidão de movimentos, dificuldade em iniciar movimentos e perda de movimentos automáticos. A face perde a expressão espontânea = Facies em máscara ou hipomimia ou facies congelada - não traduz o estado emocional do paciente. Diminuição do piscar. Diminuição da movimentação espontânea = perda da gesticulação, tendência a ficar sentado, imóvel. Rigidez cérea (como se fosse de cera). A voz torna-se baixa (hipofonia), com um tom monótono. BRADICINESIA A bradicinesia da mão dominante leva a uma escrita lenta e com letra pequena (micrografia), dificuldade em fazer barba, escovar dentes, pentear o cabelo, abotoar roupas, maquiar, etc. O andar é lento, com passos mais curtos e tendência a arrastar os pés. O balanço dos braços diminui. Bradicinesia do tronco = Dificuldade em levantar-se de uma cadeira baixa, sair de automóveis e virar-se na cama. A bradicinesia é interpretada, erroneamente, pelos pacientes como fraqueza. BRADICINESIA A saliva escorre pelos cantos da boca devido à incapacidade para deglutir (não há produção excessiva de saliva). A deglutição pode alterar-se com o avanço da doença . Engasgos e aspirações são preocupações frequentes. Dissinergia óculo-cefálica = O doente ao dirigir os olhos para um determinado lado não acompanha com a cabeça o movimento dos olhos. É a característica mais limitante da doença. POSTURA FLETIDA A rigidez parkinsoniana confere ao doente uma atitude característica: cabeça em ligeira flexão, tronco ligeiramente inclinado para frente, flexão moderada da perna sobre a coxa e do antebraço sobre o braço. Ao deambular o doente parece um bloco, com o tronco inclinado para frente, como que à procura do seu centro de gravidade. PERDA DOS REFLEXOS POSTURAIS O paciente desaba sobre uma cadeira ao tentar sentar-se (sentar-se em bloco). Marcha festinante = o paciente anda mais e mais rapidamente, tentando mover os pés para frente para ficar sob o centro de gravidade do corpo em flexão e assim evitar quedas. A perda dos reflexos posturais leva a quedas e, finalmente, à incapacidade de ficar de pé, sem auxílio. 22 FENÔMENO DE PARADA (BLOQUEIO MOTOR) Incapacidade transitória na execução de movimentos ativos. Mais comum nas pernas. Os pés parecem grudados ao solo e então, subitamente se desprendem, possibilitando caminhar novamente. A parada ocorre subitamente, durando no máximo alguns segundos, de cada vez. Ocorre, tipicamente, quando o paciente começa a andar (hesitação de partida), tenta virar-se ao caminhar ou aproxima-se de um destino (hesitação de alvo). Freezing TRATAMENTO DA D.P. Visa o controle dos sintomas, porque nenhum tratamento farmacológico ou cirúrgico impede a progressão da doença. A doença evolui de forma lenta. Demência pode ocorrer apóslongos anos. Maioria se dá bem com a medicação por 4 a 6 anos. Muitos desenvolvem sério distúrbio de equilíbrio entre 10 e 12 anos de doença. Progressão: estado rígido e acinético/complicações de mobilidade (pneumonia respiratória - embolia pulmonar). Terapia Sintomática - Levodopa A Levodopa é o tratamento gold standard (é um precursor da Dopamina; aumenta a concentração de Dopamina na corpo estriado). Eficaz na redução da bradicinesia e da rigidez. Efeito altamente variável sobre o tremor. Complicações a longo prazo (4 a 8 anos) em 50% dos casos: • Flutuações motoras - “On e Off” • Discinesias (movimentos anormais involuntários) Terapia Sintomática Levodopa Precursor da Dopamina = muitas náuseas e vômitos. A administração concomitante de Inibidores de DOPA Descarboxilase Periférica (Carbidopa ou Benzerazida), reduz a decomposição periférica de Levodopa e permite que mais Levodopa cruze a barreira hematoencefálica Diminui a incidência de náuseas e vômitos. • Levodopa/carbidopa (Sinemet®, Cronomet®) • Levodopa/benzerazida (Prolopa®, Parkidopa®) Iniciar 1/4 comprimido 2x/dia e aumentar a cada semana. AAAD = Dopa descarboxilase Entacapona / Tolcapona - degradação - COMT Carbidopa – ação periférica - efeitos colaterais / dose Domperidina – antagonista DA periférico - náuseas Selegilina - degradação – MAOB Terapia Sintomática Agonistas da Dopamina Benefícios sintomáticos como monoterapia no início da doença ou como coadjuvante da Levodopa. Torna-se ineficaz como monoterapia dentro de, no máximo, 3 anos deve-se adicionar Levodopa. • Bromocriptina (Parlodel®) - 2,5 mg a 40 mg/dia • Pergolida (Celance®, Pergolide®) - 0,25 mg 3x/dia • Pramipexol (Sifrol®) -0,25 mg a 4,5 mg/dia caros Terapia Sintomática As medicações dopaminérgicas (preparações com Levodopa e Agonistas da Dopamina) não devem ser interrompidas abruptamente. SÍNDROME NEUROLÉPTICA MALIGNA Rigidez muscular, febre, alterações cognitivas (delírios) Terapia Sintomática I.M.A.O. Inibidores da Monoamina Oxidase – tipo B Selegilina (Niar®, Jumexil®, Deprilan®) Niar® - 5 mg 2x/dia Irreversível Efeito dura 3 a 4 meses após interrupção da droga. Retarda a terapia com Levodopa - cerca de 9 meses – torna a progressão da doença mais lenta Efeito sintomático fraco Terapia Sintomática I.M.A.O. Inibidores da Monoamina Oxidase – tipo B Rasagilina (Azilect®) Irreversível Fase inicial da doença ou como coadjuvante Terapia Sintomática Inibidores da C.O.M.T. COMT = Catecol-O-metiltransferase = Uma das principais enzimas responsáveis pelo metabolismo da Levodopa e da Dopamina. Inibem o metabolismo periférico da Levodopa, aumentando sua disponibilidade central. Efeito colateral tardio (4 a 12 semanas) = diarreia Risco de lesão hepática (10 a 100 vezes maior) Entacapone = Contam® Tolcapone = Tasmar® Muito caros Terapias Sintomáticas Anticolinérgicos São eficazes na redução dos tremores. Mínimos benefícios para rigidez e bradicinesia. Uso limitado pelos efeitos colaterais = Confusão mental, alucinações, retenção urinária e taquicardia Contraindicações: Glaucoma e hipertrofia prostática Efeitos colaterais : Secura na boca, constipação e borramento visual. Triexifenidil = Artane® - 2 a 8 mg/dia Biperideno = Akineton® - 2 mg, 3 a 4 x/dia Receptores muscarínicos exercem efeitos inibitórios nos terminais nervosos dopaminérgicos Terapia Sintomática Liberador de Dopamina Antiviral - demonstrou melhorar sintomas da DP em pacientes tratados para gripe asiática, na década de 60. Aumenta a liberação de Dopamina (bloqueia a recaptação de Dopamina nos terminais pré-sinápticos). Antagonista de receptor NMDA (glutamato) Nas fases iniciais é eficaz em 2/3 pacientes. Benefício aparece em 2 dias. Adia o uso da Levodopa ou age como adjuvante. Amantadina (Mantidan®) - 100 mg, 2 x/dia Contraindicada nas doenças renais Terapia Sintomática Domperidona Antidopaminérgico periférico = Antagonista dos receptores dopaminérgicos, que não penetra no SNC. É usado para evitar as náuseas da Levodopa e dos agonistas da Dopamina Domperidona = Motilium® Efeitos indesejáveis LEVODOPA - Discinesia - Efeito on-off (variações [DA]pl – levodopa + ICOMT) - Náuseas/anorexia (c/ antagonista DA periférico = domperidina) - Efeitos psicóticos/confusão/desorientação/insônia/pesadelos (clozapina e quetiapina) Levodopa = precursor da DOPA Benzerasida = inibidor da DOPA descarboxilase Selegilina = IMAO Bromocriptina = agonista de DA Tratamento – Doença de Parkinson 1. Fármacos que substituem a DA – LEVODOPA (+++ rigidez, +++ bradicinesia, + tremor) Eficácia melhora em associação com: Inibidor da DOPA decarboxilase (CARBIDOPA / BENSERAZIDA) Inibidor da MAO-B (SELEGILINA) Inibidor da COMT (ENTACAPONA) Sintomas psicóticos (CLOZAPINA) Náuseas (DOMPERIDINA) 2. Agonistas nos Receptores D2 ou D3 da DA PERGOLIDA / BROMOCRIPTINA / LISURIDA / PRAMIPEXOL 3. Inibidores seletivos da MAO-B SELEGILINA (não provoca a reação de queijo) 4. Antagonistas de receptores muscarínicos (+ ++ tremor) BENZATROPINA (sonolência, confusão) 5. Fármacos que liberam DA AMANTADINA Novas abordagens farmacológicas Antagonista de A2A ISTRADEFILINA – memória Agonista de 5-HT1A e Antagonista D2 SARIZOTON - discinesia
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