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Jamille Ponte ] Epidemiologia e fatores de risco Acomete 1% da população idosa (idade) sexo (> em homens) trabalhadores rurais exposição a agua de poço, metais pesados, pesticidas e herbicidas genética tabagismo – fator de proteção Quadro clínico Apresenta-se após os 55 anos Caracterizada pela tétrade: − Tremor de repouso do tipo “contar dinheiro” ou do tipo pronação-supinação; − Bradicinesia; − Rigidez em “roda denteada”; − Instabilidade postural OBS: o tremor e a rigidez frequentemente são unilaterais ou assimétricos Marcha parkinsoniana: passos curtos, ausência de movimentos dos braços e tronco para frente (“buscando o centro de gravidade”) Pode haver congelamento (acinesia) e fáscies de múmia (perda de expressão facial) Sinal de Myerson→ não esgotamento do reflexo de piscar após sucessivos toques na glabela Força muscular e os reflexos tendinosos e cutâneo- plantar estão normais Dificuldade de parar a marcha para frente, para trás ou virar para o lado é frequente, sendo chamada propulsão, retropulsão e lateropulsão, respectivamente. Manifestações não motoras Neuropisiquiatrica: depressão, declínio cognitivo, psicose/alucinações Autonômicas: constipação intestinal, hipotensão postural, disfunção erétil. Transtorno comportamental do sono REM Outras: fadiga e hiposmia Manifestações motoras Para caracterizar o parkinsonismo é necessário bradicinesia e pelo menos mais 1 dos seguintes: − Rigidez muscular (sinal da roda denteada) − Tremor de repouso − Instabilidade postural Fisiopatologia Degeneração progressiva da substância negra mesencefálica A substância negra participa do sistema extrapiramidal, composto também pelos núcleos da base e pelo córtex pré-motor frontal Esse sistema é responsável pelo automatismo e modulação dos movimentos. Os neurônios da substância negra são dopaminérgicos e inibem os neurônios colinérgicos do corpo estriado, através do feixe nigro-estriatal. Na doença de Parkinson, o corpo estriado (putâmen e núcleo caudado) e o globo pálido interno encontram-se ativados. Este último ativa núcleos talâmicos que, por sua vez, mandam fibras inibitórias para o córtex pré- motor. Acúmulo de alfa-sinucleína na substancia negra (no mesencéfalo), degenerando a substancia negra onde estão presentes os neurônios dopaminérgicos, levando a um déficit na produção de dopamina. Degeneração dos neurônios dopaminérgicos da substância negra, por deposito anormal de emaranhados proteicos nos corpos desses neurônios. Os chamados corpúsculos de Lewy são eosinofilicos e há um papel maior de uma proteína que é chamada de alfa-sinucleína. Diagnóstico Quadro clínico e pela exclusão de outras entidades que cursam com parkinsonismo (drogas, doença de Wilson, paralisia supranuclear progressiva, síndrome de Shy-Drager, hidrocefalia comunicante normobárica, demência vascular multinfarto ect) Drogas que levam ao parkinsonismo: neurolépticos (especialmente o haloperidol), a metoclopramida, a cinarizina e a flunarizina Exame neurológico SPECT USG substância negra Tratamento Inibidor da MAO-B Selegilina Atua inibindo a degradação de dopamina na fenda sináptica Efeito neuroprotetor na doença de Parkinson É um fraco antiparkinsoniano Uso deve ser limitado a pacientes com doença de Parkinson inicial Rasagilina Tem demonstrado benefício no tratamento da doença de Parkinson, inclusive em monoterapia Parkinson Parkinson Parkinson Jamille Ponte ] Anticolinérgicos Biperideno e triexifenidil Reservados para pacientes jovens nos quais o tremor seja o sintoma predominante Não deve ser utilizado em pacientes acima de 65 anos, pois levam a confusão mental, retenção urinaria, borramento visual e constipação intestinal Amantadina Bloqueia a recaptação de serotonina na fenda sináptica É um fraco antiparkinsoniano com baixa toxicidade Útil nos pacientes com sintomas iniciais ou em estágios avançados da doença, quando a discinesia se torna um problema incapacitante Agonistas dopaminérgicos Pramipexol Podem ser usados como monoterapia desde cedo ou em combinação com outros antiparkinsonianos em fases mais avançadas da doença Retardam o inicio do uso de levodopa e consequentemente a discinesia induzida por ela OBS: a pergolida e a cabergolina são agonistas dopaminérgicos que NÃO devem ser utilizados na doença de Parkinson pelo risco de doença valvular cardíaca L-Dopa droga antiparkinsoniana mais eficaz utilizada como precursor da dopamina, repondo os estoques da substância negra para fazer efeito, ela deve penetrar no SNC e ser metabolizada em dopamina nos neurônios contudo, esse fármaco sofre a ação da descarboxilase presente na mucosa intestinal e no plasma, convertendo-o em dopamina na periferia e acarretando dois problemas: − menos L-Dopa passa para o SNC → redução do efeito − aumento da dopamina plasmática → efeitos adversos do tipo náuseas, intolerância gástrica, taquicardia, hipotensão arterial OBS: para evitar este problema, a formulação do L- Dopa é preparada associada a um inibidor da descarboxilase periférica (carbidopa ou benzerasida), na proporção 4;1 O efeito da L-Dopa é maior na bradicinesia, rigidez e instabilidade postural, sendo menos eficaz no tremor Seu efeito diminui após os primeiros 3 anos de tto, quando há necessidade de doses mais altas. Aumento da dose leva ao surgimento de efeitos colaterais: − Alucinações − Agitação − Discinesias − Fenômeno liga/desliga→ melhora do estado motor na primeira hora após a tomada do comprimido – “liga” – e piora importante no período restante – “desliga” –, até a próxima dose OBS: para evitar esse problema, deve-se associa-la a amantadina e/ou anticolinérgicos (se idade<65 anos) Inibidores da COMT Tolcapone e entacapone São uteis para prolongar as efeitos da levodopa Ineficazes quando em monoterapia São principalmente usados para tratar pacientes com flutuações motoras como o fenômeno liga-desliga Tratamento cirúrgico Palidotomia ou talamotomia Para os casos de parkinsonismo refratário Tratamento cirúrgico estereotáxico
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