Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Profª Julia Gorla Dissertação Argumentativa [...] O sermão há de ser duma só cor, há de ter um só objeto, um só assunto, uma só matéria. Há de tomar o pregador uma só matéria, há de defini-la para que se conheça, há de dividi-la para que se distinga, há de prová-la com a Escritura, há de declará-la com a razão, há de confirmá-la com o exemplo, há de amplificá-la com as causas, com os efeitos, com as circunstâncias que se hão de seguir, com os inconvenientes que se devem evitar, há de se responder às dúvidas, há de satisfazer às dificuldades, há de impugnar e refutar com toda força da eloqüência os argumentos contrários, e depois disto há de colher, há de apertar, há de concluir, há de persuadir, há de acabar. Isto é sermão, isto é pregar, e o que não é isto, é falar de mais alto. Não nego nem quero dizer que o sermão não haja de ter variedade de discursos, mas esses hão de nascer todos da mesma matéria, e continuar e acabar nela” (Sermão da Sexagésima. IN: Os sermões. São Paulo: Difel, 1968. VI, p. 99.) Argumentação: Gerenciar Informação :........................Convencer Gerenciar Emoção : ..............................Persuadir Público-alvo............................... Valores Para ser BOM Leitor / Escritor: 1.Conhecimento linguístico 2. Conhecimento de mundo 3. Conhecimento lógico-matemático (razão) 4. Conhecimento intertextual Profª Julia Gorla Cosmovisão: Devo conhecer as várias esferas em que o homem, ser social, se movimenta para melhor entender o “mundo” e, consequentemente, melhor argumentar. Devemos conhecer todos os universos em seus aspectos para que não fiquemos limitados Por exemplo: Lembrem-se do que conversamos em aula ?No corpus da música popular brasileira, podemos inserir os cantores/compositores: Reginaldo Rossi e Chico Buarque e , assim, termos contato com diferentes expressões artísticas, populares ou clássicas, variadas e de várias fontes. ! ! ! DISSERTAÇÃO 1)DEFINIÇÃO GERAL: Tipo textual que busca expor ideias a respeito de um assunto, ou discutir tais ideias, analisá- las e apresentar provas que justifiquem e convençam o leitor da validade do ponto de vista de quem as defende. “Analisar de maneira crítica situações diversas , questionando a realidade e nosso posicionamento diante dela.” 2)ESTRUTURA: Introdução-----= apresentação do assunto. ideia-núcleo (TESE ) Desenvolvimento ---= análise crítica da ideia central ( ARGUMENTAÇÃO) Conclusão-----= parte em que se condensa a essência do conteúdo desenvolvido, reafirma-se o posicionamento exposto ou lança-se uma perspectiva sobre o tema ( RETOMADA DA TESE) 3) CONTEÚDO: Encadeamento de Ideias (questionadoras, informativas, analíticas , opinativas) Paula Fernandes Chico Buarque Profª Julia Gorla • Criticidade - exame e discussão crítica do assunto por meio de argumentos convincentes, gerados pelo acervo de conhecimentos pessoais – análise e síntese. • Clareza das ideias – vocabulário preciso e coerente ( ex: infligir / infringir ; emenda / ementa) • Unidade – texto deve se desenvolver em torno de 1 assunto. Ideias pertinentes devem suceder-se em ordem seqüente e lógica, completando e enriquecendo a ideia núcleo da tese. • Coerência - associação e correlação das ideias na construção dos períodos e na passagem de um parágrafo a outro. (elementos de ligação são indispensáveis) 4) DELIMITAÇÃO DE ASSUNTO Depois de definir o ASSUNTO (genérico, amplo) devemos delimitar o assunto que será enfocado ;aspecto particular, específico= TEMA . Ex: Futebol (asunto) Futebol feminino; Escolas de Futebol; Cartolas e Corrupção no Futebol, etc....(tema) 5) INTERPRETAÇÃO DO TEMA: - Ler com atenção - Fazer a interpretação referenial- denotativa ( concreta) - Fazer interpretação conotativa ( metafórica) - Tentar decodificar, interpretar a situação metaforizada (ex: Em uma luta entre elefantes o prejudicado é o capim; Em terra de urubu letrado, sabiá não canta) 6) DISTINÇÃO ENTRE TEMA E TÍTULO Tema - assunto proposto ( Violência contra a mulher) Título – sintetiza o conteúdo discutido (é sempre bom colocar o título após a redação estar pronta) EX: Tema: “Eu sou trezentos, sou trezentos e cinquenta, mas um dia afinal eu toparei comigo mesmo...” (Mário de Andrade) Título: As máscaras do homem. 7) TIPOS DE DISSERTAÇÃO a) Expositiva: aborda uma verdade inquestionável, dá a conhecer uma informação ou explica o assunto. Objetiva: aborda o assunto de modo impessoal, utiliza linguagem denotativa. b)Argumentativa: discute o assunto sempre com visão crítica (juízos, raciocínios, provas, exemplos, testemunhos históricos, justificativos... para argumentar a ideia) Subjetiva: linguagem metafórica, poética, abordagem introspectiva, provocando a emotividade. 8) GENERALIZAÇÃO – a)Indução: do particular para o geral. ex: Vestibular- João- aluno não passou no vestibular por causa de redação ( 1 caso específico) Isso também aconteceu com outros amigos ---conclui-se que a redação é ponto que define a aprovação. Profª Julia Gorla b)Dedução: processo inverso. Parte-se do geral e termina-se no específico, no exemplo. CUIDADO: Sofisma: parte-se de premissas verdadeiras que levam a uma conclusão falsa.. Ex: situações de corrupção administrativa . João é funcionário e é corrupto, logo, todos os funcionários públicos são corruptos. 9) Qualidades do texto dissertativo: a) COESÃO Encadeamento semântico = significado, ideias. Encadeamento sintático (mecanismos que ligam uma oração à outra) Elementos de ligação = conjunções, pronomes, preposições, etc. B) COERÊNCIA O texto precisa se desenvolver com fluidez em que um parágrafo dá continuidade a outro. ( coerência interna). Além disso, deve ter coerência com o mundo que o envolve, com o contexto de produção ( coerência externa) 1 MINIRREDAÇÃO: O parágrafo como unidade de composição 1)Parágrafo é constituído por um ou mais períodos, em que se desenvolve determinada ideia central ou nuclear, a que se agregam outras, secundárias relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela. 2) Importância do parágrafo : unidade de composição “suficientemente ampla para conter um processo completo de raciocínio e suficientemente curta para nos permitir a análise dos componentes desse processo, na medida em que contribuem para a tarefa de comunicação.”Trainor &Mclaughlin 3) Extensão do parágrafo: sua extensão varia de uma linha a uma página. Se a composição é um conjunto de ideias associadas, cada parágrafo deve corresponder a cada uma dessas ideias, tanto quanto elas correspondem às diferentes partes em que o autor julgou ser necessário dividir seu assunto. Ë.pois, da divisão do assunto que depende a extensão do parágrafo.(as ideias mais complexas podem se desdobrar em mais de um parágrafo). O núcleo do parágrafo da dissertação é uma ideia. O núcleo do parágrafo da descrição é um quadro. O núcleo do parágrafo da narração é um incidente (episódio curto). Fontes: MASSARANDUBA, Elizabeth e CHINELATTO, Thaís M. -Coleção Objetivo – Redação, livro 22 1 MEDEIROS, João Bosco- Comunicação Escrita,2ed. São Paulo: Atlas,1991 MEDEIROS et ANDRADE, Maria Margarida- Comunicação em Língua Portuguesa 2 ed. São Paulo: Atlas, 2000. Profª Julia Gorla 4. Tópico frasal: parágrafo –padrão, tem habitualmente dois períodos curtos iniciais e encerra de modo conciso a ideia-núcleo do parágrafo.ë uma generalização em que se expressa opinião pessoal, um juízo, se define ou se declara alguma coisa. Nem todo parágrafo tem essa características mas 60% deles apresenta tópico frasal inicial. Tópico frasal garante a objetividade,a coerência e a unidade do parágrafo definindo-lhe o propósito e evitando digressões impertinentes. “O Brasil é a primeira grande experiência que faz na história moderna a espécie humana para criar um grande país independente, dirigindo-se por si mesmo, debaixo dos trópicos. Somos os iniciadores, os ensaiadores, os experimentadores de uma das mais amplas, profundas e graves empresas que ainda se acharam em mãos da humanidade. Os navegadores das descobertas que chegaram até nós impelidos pela vibração matinal da Renascença, cumpriram um feito que terminava com o triunfo na luz da própria glória; belo era o país que descobriram, opulenta a terra que pisavam, maravilhoso o mundo que em redor se desdobrava; podiam voltar, contentes, que tudo para eles se cumprira.” 1º período = tópico frasal= traduz o Brasil como país independente Daí em diante o autor faz especificação, justificação, fundamentação. Seu propósito já está definido. 5. Diferentes feições do tópico frasal: a) Declaração inicial: - autor afirma ou nega alguma coisa logo de saída para, em seguida, justificar ou fundamentar sua tese, apresentando argumentos sob a forma de exemplos, confrontos, analogias, razões, restrições, fatos ou evidências. Ex: “Vivemos numa época de ímpetos. A vontade, divinizada, afirma sua preponderância, para desencadear ou encadear; o delírio fascista ou o torpor marxista são expressões pouco diferentes do mesmo império da vontade. À realidade substitui-se o dinamismo; à inteligência substituiu-se o gesto e o grito; e na mesma linha desse dinamismo estão os amadores de imprecações e os amadores de mordaças...” Formas de iniciar o parágrafo introdutório Teses: 1. Opinião direta: “É um grave erro o projeto de liberação da maconha. Provocará de imediato violenta elevação do consumo, o Estado perderá o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda.” 2. Frase nominal qualificadora: “Uma decepção . Essa é a melhor expressão para definir a frustração dos eleitores brasileiros diante do discurso único que os candidatos presidenciáveis vêm defendendo sua campanha. Erguendo as mesmas bandeiras , fica difícil saber em quem votar. 3. Dupla adjetivação: Profª Julia Gorla “Equivocada e pouco racional. Esta é a verdadeira adjetivação para a política educacional do governo.” 4. Tese de terceiros; “Há quem sustente que o rebaixamento da maioridade penal de 18 para 16 anos seria uma eficaz medida para combater a criminalidade. Eis uma visão ingênua de quem ainda não compreendeu as verdadeiras causa da delinqüência no país.” Dissertação: Introdução Podemos fazer a introdução de várias formas: • Comparando socialmente, geograficamente, ou fazendo oposições de qualquer natureza Ex: ‘Imagine-se num país no qual, em cada 100 pessoas, as oito mais ricas comprassem mais coisas do que todas as outras 92 juntas.Imagine-se depois, que uma única dessas oito pessoas de vida boa gastasse num ano, sozinha, o que gastam somadas 1300 pessoas que estão no outro extremo da linha, o que reúne os mais pobres.Imagine-se, enfim, que um dos integrantes da classe mais rica gaste também num ano, apenas com seu automóvel, 60% a mais do que alguém colocado bem no meio da escala consome durante o mesmo período com toda a sua alimentação. Este país é o Brasil de hoje. ( Veja) • Conceituando ou definindo uma ideia ou uma situação Ex: “História é uma palavra de origem grega que significa apreender os acontecimentos pelo olhar. Daí, historiador era aquele indivíduo que possuía uma atitude de ver, olhar para os fatos, para testemunhar o comportamento dos homens diante das suas relações com a natureza e com eles mesmos.”(Clarence J. de Matos) • Caracterizando espaços ou aspectos Ex: “O velho bairro de Serrote, em Poços de Caldas, Minas Gerais, é uma alegria só, na tarde clara de domingo. As casas, minúsculas, penduram-se pelos morros, entre bananeiras e eucaliptos.”( Murilo Carvalho, Jornal Movimento) • Elaborando uma enumeração de informações Ex: É difícil saber o que mais atormenta, prejudica e desfigura o nosso país, deforma nossa cultura, desmoraliza nossa política, desinforma nosso povo, desgasta nossas crenças, desfaz nossas esperanças, arruína nosso presente, compromete nosso futuro, transfigura nosso passado – se a incompetência ou a safadeza, se o amadorismo ou o cinismo, se o desrespeito pelo próximo ou o autoritarismo herdado, se a desfaçatez objetiva ou a falta de caráter adquirida, se a luta pela sobrevivência da esqualidez, se a diferença entre níveis e níveis da sociedade, diferenças que não existem talvez em nenhuma outra parte do mundo; se é por falta de mera capacidade analítica que somos,e como somos, se é por ausência de senso crítico ou de senso moral, se é em consequência da incapacidade generalizada e do diletantismo levados ambos às últimas consequências, se é por força da moleza implícita das pessoas, da ausência de convicções, se é efeito da falta de tradição cultural e histórica, se, se, se - , a verdade é que oferecemos de nós mesmos, com exagerada freqüência, o que Shakespeare chamava de sorry sight, que poderíamos traduzir, empoladamente , como Profª Julia Gorla “imagem lamentável”, mas que na língua mais simples e mais pura quer dizer: “damos vexame”.( Cláudio Abramo – Somos todos culpados – Revista Isto É) • Apresentando dados estatísticos Ex: A Nike é acusada de vender tênis produzidos em países asiáticos por mão-de-obra aviltada. Um levantamento feito junto a quatro mil trabalhadores de nove das 25 fábricas que servem à empresa na Indonésia revelou que 56% dos trabalhadores queixam-se de insultos verbais, 15,7% das mulheres reclamam de bolinas e 13,7% contam que sofreram coerção física no serviço.Esse estudo foi realizado sob o patrocínio da própria Nike. Outro levantamento , feito no Vietnã, mostrou que os trabalhadores ganham US$1,60 por dia e teriam que gastar US$ 2,10 pra fazer três refeições diárias. Banheiros, só uma vez por dia. Água, duas vezes. O descumprimento das normas de uso do uniforme é punido com corridas compulsórias. Em outros casos, o trabalhador é obrigado a ficar de castigo, ajoelhado. A fábrica da localidadde de Sam Yang trabalha 20 horas por dia, tem seis mil empregados, mas o expediente do médico é apenas de duas horas diárias. ( Elio Gaspari, O micreiro do MIT pegou a Nike, Folha de S. Paulo, 4/3/2001). • Elaborando uma sequência de interrogações Ex: “Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa ideia nos parece estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, como é possível compra-los? Cada pedaço desta terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante de ujm pinheiro, cada punhado de areia da praia, a penumbra na floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados para meu povo. A seiva que percorre o corpo das arvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho. Os mortos do homem branco esquecem sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem essa bela terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela faz parte de nós.”(Carta do chefe Seatle ao presidente do Estados Unidos, 1854- UNESCO) • Narrando um fato Ex: O argumento é conhecido, justo e internacional: por lei, as crianças devem estar na escola, e não trabalhando 12 horas por dia; empresários inescrupulosos recorrem ao trabalho infantil, pagando salários indecentes; portanto, é preciso uma lei para impedir essas injustiças. A questão é: qual lei? No caso brasileiro, a lei pode levar as crianças a perder o emprego e a não ganhar nada em termos de aprendizado profissional. Portanto, para que se cumpra a lei, os menores de 16 anos deverão serdespedidos. [...] A verdadeira alternativa, para muitos adolescentes, não é trabalhar ou estudar, mas trabalhar ou não. As famílias pobres precisam dessa renda, que a lei acaba confiscando. (Adaptado de Carlos ª Sardenberg, Boas intenções que matam, O Estado de S. Paulo, 18/06/2001). • Fazendo uso de linguagem figurada EX: Uma estranha loucura apossa-se das classes operárias das nações onde impera a civilização capitalista. Esta loucura tem como consequência as misérias individuais e sociais que, há dois séculos, torturam a triste humanidade.Esta loucura é o amor pelo trabalho, a paixão moribunda pelo trabalho, levada até o esgotamento das forças vitais do individuo e sua Profª Julia Gorla prole.Em vez de reagir contra essa aberração mental, os padres, economistas moralistas sacrossantificaram o trabalho.Pessoas cegas e limitadas quiseram ser mais sábias que seu próprio Deus; pessoas fracas e desprezíveis quiseram reabilitar aquilo que seu próprio Deus havia amaldiçoado. ( Paul Lafargue, O direito à preguiça, SP: Kayrós,2.ed.,1980) • Traçando uma trajetória histórica do passado ao presente Ex: Entre meados do século XIX e começo do século XX, sucedem-se em cadeia movimentos de rebelião de pobres do campo, de norte a sul do país. Assumem as mais diversas características e seus pontos culminantes são Canudos(1896-1897), Contestado (1912-1916) e o Caldeirão( 1936-1938) ( Rui Faço- Cangaceiros e fanáticos) Exercício: FRASE DE ABERTURA Você se lembra de quantas vezes começou a ler um texto e não foi adiante? Muitas vezes, é claro. Isso pode ter sido ocorrido porque o começo não estava interessante. Falha do escritor, possivelmente. Se o texto não tem um início interessante, um começo criativo, corre-se o risco de perder o leitor. Observe os parágrafos e classifique as frases de abertura segundo as modalidades: 1. FRASE INDAGATIVA; 2.FRASE DE CITAÇÃO; 3. FRASE DE SUSPENSE; 4.RESUMO NARRATIVO; 5.RESUMO DESCRITIVO; 6. FRASE DE IMPACTO;7.RETROSPECTIVA HISTÓRICA. a) Ela surge de repente. É pequena, apenas um desconforto tolerável. Rapidamente, porém, começa a doer forte dentro da gente. Vai machucando cada vez mais fundo, corroendo a barriga, enlouquecendo a cabeça. É a fome que nos mata se não a matamos. Triste é saber que não existe razão alguma para a persistência da fome neste mundo injusto. Afinal, a humanidade produz, hoje, alimentos para atender duas vezes a demanda de cada habitante. ( ) b) Tenho pena do vestibulando: a boca seca, as mão suando, uma energia gelada de medo percorrendo todo o corpo, desde o dedinho do pé ao último fio de cabelo. Ao lado, um exército de competidores, todos brigando pelo mesmo pedaço de pão. Precisamos, com urgência, descobrir caminhos alternativos para minimizar tal situação. Afinal, um país em desenvolvimento, como o Brasil, não pode perder tanta energia, tantos sonhos joviais. O prejuízo é incomensurável. ( ) c) José da Silva, 58 anos, pedreiro com muito orgulho, sim senhor! Saiu de casa às quatro horas da manhã. Tomou o trenzinho, depois o metrô e, de quebra, uma lotação. Desceu no centro da cidade para mais um dia de cal e cimento. Tinha no pulso um relógio barato. Por isso foi morto. Dois tiros à queima roupa. Quem mandou ter relógio vagabundo? Infelizmente, a vida nos grandes centros não vale mais nada. Por qualquer coisa se mata. Mata-se porque se tem ou porque não se tem. Mata-se e ponto final. ( ) Profª Julia Gorla d) “Cada macaco em seu galho”, diz o ditado popular. Embora seja a voz do povo – que dizem ser a de Deus – essa afirmação é ideologicamente perigosa. Não tenhamos dúvida de que o inventor dessa frase era um macaco muito bem situado na árvore. Quem está num galho ruim quer mais é balançar essa árvore para ver se lhe sobra lugar melhor. Nada pior do que uma árvore sem possibilidade de mudanças. ( ) e) Como descobrir se nosso amigo é mesmo verdadeiro? Para tanto existe um teste, bastante eficiente. Amigo mesmo é aquele em cuja companhia não precisamos falar. É aquela pessoa com quem podemos ficar horas em silêncio sem perder o prazer e a alegria da convivência. Não nos importa, no caso, o assunto interessante, nem a falta dele. Importa sim é o sentimento prazeroso daquela companhia que vale pelo que é e não pelo que fala. ( ) f) Na nova universidade da Califórnia não existe lugar para uma biblioteca. Incrível, uma universidade sem livros. É que com a digitalização de livros, o criador do projeto original entendeu que seria inútil um espaço para guardar obras. Esta é uma ideia totalmente enganosa. O livro é muito mais que um suporte para informações. O livro é fisicamente informação histórica que deve ser preservada. Por mais perfeitas que sejam as bibliotecas virtuais, as pessoas ainda gostam do contato físico com o livro, com cheiro e mecânica de livro. Não é a mesma coisa adormecer com um bom romance na cama ou com um incômodo “lap-top”, ainda por cima ligado na rede elétrica. ( ) g) Desde que aprendeu a manejar o fogo e a roda, o homem passou a gerar uma força produtiva que desencadeou as invenções, as conquistas e o progresso. Mas essa produtividade prejudicou o relacionamento entre os povos, assim como entre patrão e empregado, no domínio pela tecnologia e na exploração da mão-de-obra. ( ) Dissertação: Desenvolvimento . O desenvolvimento é a redação propriamente dita. No desenvolvimento, o aluno deverá discutir os argumentos apresentados na Introdução. Em cada parágrafo, escreve-se sobre um, e somente um argumento. Os parágrafos argumentativos da redação podem ser feitos de diversas maneiras diferentes: 01) Hipótese: Apresentar hipótese no desenvolvimento é a tentativa de buscar soluções, apontando prováveis resultados. Na hipótese, o aluno mostra estar interessado pelo assunto e disposto a encontrar soluções, para melhorar a situação. Com a hipótese, praticamente, não se corre o risco de apenas expor o assunto. 02) Paralelismo: Profª Julia Gorla Trabalhar com o paralelismo, no desenvolvimento, é apresentar um mesmo assunto com diferentes enfoques, é apresentar correspondência entre ideias ou opiniões diferentes em relação ao mesmo argumento. Por exemplo, em se tratando de informática, discutir sobre o mercado de trabalho, não apenas argumentando que a máquina tomou o lugar do homem, mas também apresentando o aumento de emprego na área, os recursos técnicos disponíveis, a comodidade, etc... 03) Bilateralidade: Trabalhar com a bilateralidade é apresentar aspectos positivos e aspectos negativos, pontos favoráveis e pontos desfavoráveis do argumento. É trabalhar com os "prós e contras", sem dar ênfase a apenas um deles. Procure trabalhar com apenas dois parágrafos no desenvolvimento: um com os aspectos favoráveis; outro com os desfavoráveis. 04) Oposição de ideias: Trabalhar com oposição de ideias é explorar com o mesmo interesse crítico dois pólos que sustentam a discussão. Por exemplo, em se tratando de educação infantil, explorar a educação masculina e a educação feminina com o mesmo interesse, mostrando as diferenças existentes. 05) Causas e consequências: Trabalhar com causas e consequências é apresentar, em um parágrafo, os aspectos que levaram ao problema discutido e, em outro parágrafo, as suas decorrências. 06) Exemplificação: Seja qual for a introdução, a exemplificação é a maneira mais fácil de se desenvolver a dissertação. Devem-se apresentar exemplos concretos, que sejam importantes para a sociedade. Argumente sobre personagens históricas, artísticas, políticas, sobre fatos históricos, culturais, sociais importantes. Frases-modelo, para o desenvolvimento: 1)Frases para parágrafos com causas e consequências: Ao se examinarem alguns ..., verifica-se que ... . Pode-se mencionar, porexemplo, ... Em consequência disso, vê-se, a todo instante, ... 2)Frases para parágrafos com prós e contras: Alguns argumentam que .... . Além disso ... . Isso sem contar que .... Outros, porém, ..... . Há registros históricos de ....... que ....... 3)Frases para parágrafos trajetória histórica: Profª Julia Gorla Antigamente, quando ... , percebia-se que ... Atualmente, observa-se que ... Em consequência disso, nota-se ... 4)Outras frases: Dentre os inúmeros motivos que levaram o ...... é incontestável que ..... A observação crítica de fatos históricos revela o porquê de ...... Fazendo um estudo de ....... , percebe-se, por meio de ...... , .... 5)Ligação entre os parágrafos do desenvolvimento: É muito importante que os parágrafos do desenvolvimento tenham ligação, a fim de que não transformem a dissertação em uma seqüência de parágrafos desconexos. Segue, a seguir, uma série de frases para a ligação entre os parágrafos. Além disso ... Outro fator existente ... Outra preocupação constante ... Ainda convém lembrar ... Por outro lado ... Porém, mas, contudo, todavia, no entanto, entretanto ... PROCEDIMENTOS ARGUMENTATIVOS Os recursos para estabelecer uma comunicação são procedimentos argumentativos de que o autor se vale para justificar sua opinião. Há basicamente dois tipos de argumentação: o eficaz e o falacioso.O primeiro apresenta justificativas adequadas, consistentes, suficientes, enquanto o segundo expõe argumentos falsos e inadequados. Recursos argumentativos mais utilizados para provar uma afirmação opinativa: • Exemplificação: busca justificar os pontos de vista exarados por meio de exemplos, com expressões como: mais importante que , superior a, de maior relevância que, por exemplo; por dados estatísticos : considerando pelos dados , conforme,analisando os dados, pelos dados, segundo; também ocorre por apresentação de causa e consequência , com expressões como: porque, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, por causa de , em virtude de, em vista de, por motivo de. • Explicitação: o objetivo do texto é explicar, esclarecer os pontos de vista apresentados, por definição ou interpretação. São seus principais marcadores sintáticos: isto é, haja vista, quer dizer, na verdade, considera-se, denomina-se, chama- se, segundo, consoante, do ponto de vista, no pensamento de, parece-me, a meu ver, em meu entender. • Enumeração: o autor do texto tem em vista apresentar uma seqüência de elementos que provem sua opinião. A enumeração pode ser por fatos, por sequenciação de espaço e tempo.São seus principais marcadores sintáticos: primeiro, segundo, um, outro, por último, sucessivamente, respectivamente, antes, depois, ainda, em seguida, então, presentemente, outrora, atualmente, ultimamente, antes de, depois Profª Julia Gorla de, no passado, hoje, ontem, ao lado de, adiante, aí, ali, cá, além, lá, acolá, junto a, perto de, ao redor de, no sul, no norte, nas grandes cidades, no interior, na cidade X,etc. • Comparação: texto que procura, mediante comparação (analogia e contraste), provar o que é apresentado como opinião do autor.Expressões comuns: da mesma forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente, em contraste, em oposição, ao contrário, por um lado, por outro lado, de um lado, de outro lado, mais que, menos que, melhor que, pior que. A comparação nem sempre é explícita; ela pode transformar-se em uma metáfora. Exemplos: a) Você pode controlar a maioria dos ruídos de seu corpo ( o espirro, o arroto, você sabe do que eu estou falando) mesmo que isto lhe custe algum suplício. Mas existe um ruído absolutamente incontrolável que nada reprime ou disfarça. É aquele barulho que faz a barriga quando menos os que estão à sua volta ou você esperam. É ou não é? Um ronco, algo como um trovão distante, ou então uma seqüência de sons vagamente hidráulicos. ( Luis F. Veríssimo) ---Exemplificação b) “A função poética da linguagem é aquela que se centra sobre a própria mensagem. Ela coloca em evidência o lado papável dos signos. Tudo o que, numa mensagem, suplementa o seu sentido através do jogo de sua estrutura, do seu ritmo, sonoridade, efeitos rímicos, diz respeito à função poética. “O rato roeu a roupa do rei de Roma”. Nesse enunciado é fácil observar que a forma já é conteúdo.”---Explicitação por definição c) Horta se parece com filho. Vai acontecendo aos poucos, a gente vai se alegrando a cada momento, cada momento é hora de colheita. Tanto o filho quanto a horta nascem de semeaduras. Semente, sêmen: a coisinha é colocada dentro seja da mulher/mãe, seja da mãe/terra, e a gente fica esperando, pra ver se o milagre ocorreu, se a vida aconteceu. E quando germina – seja criança, seja planta – é uma sensação de euforia, de fertilidade, de vitalidade. Tenho vida dentro de mim! E agente se sente um semideus, pelo po0der de gerar, pela capacidade de despertar o cio da terra. (Rubens Alves) Comparação: Analogia d) Diferente dos outros animais, o sr humano nasce não só desprotegido, mas completamente despreparado para a vida. Há animais que já nascem programados para as principais atividades que devem desempenhar nos complicados esquemas ecológicos do planeta Terra. O ser humano não só se afastou da natureza, tornando-se um animal artificial, como é ele próprio, ao nascer, uma massa extremamente plástica, que será moldada em possibilidades infinitas e variadas a que os cientistas chamam de culturas. (Dulce Whitaker- Mulher e Homem- o mito da desigualdade – adaptação de Roberto Magalhães)---------Comparação: Contraste Exercício:Qual é o recurso argumentativo de cada excerto? 1) Você já reparou nas propagandas que bombardeiam nossos olhos e ouvidos a todo momento? Já pensou sobre as mensagens que nos são transmitidas pela mídia de Profª Julia Gorla um modo geral. Então, você já percebeu que o discurso publicitário é traiçoeiro e manipulador. Os cigarros Free tentam nos convencer de que o seu consumo nos dará a liberdade individual tão sonhada. A marca Hollywood promete-nos o sucesso. Agora se você quer curtir um raro prazer, então o caminho é Carlton. Na verdade, o que importa é vender e a propaganda, objetivando faturamento, não tem pudor nenhum em distribuir ilusões aos consumidores mais ingênuos. 2) Os 12% de mortes de paulistanos por doenças coronarianas superam muito a média brasileira de 8%. No Piauí não chega a 4%. Nos Estados Unidos, a cada 34 segundos alguém morre de doenças cardiovasculares – em primeiro lugar de ataque cardíaco e, em seguida, de derrame. Se essas doenças pudessem ser eliminadas, a idade média do americano aumentaria 10 anos. 3)Embora muito se fale sobre a índole pacífica e hospitaleira do nosso povo, o Brasil é um país insensível e injusto para com os chamados meninos de rua. Segundo estudos do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), sete milhões de crianças e adolescentes vivem miseravelmente nas ruas de nossas cidades. 4)Estresse, palavra proveniente do inglês stress, significando pressão, foi usada pela primeira vez após a primeira guerra mundial, quando se percebeu que grande número de soldados continuava sofrendo de males variados após os combates, devido às pressões vividas no front. Depois o termo passou a ser utilizado também para descrever a vida angustiante dos grandes centros urbanos. Hoje, sabe-se que qualquer situação que implique muita responsabilidade é estressante e gera problemas de saúde variados. Argumentação A argumentação deve basear-se nos princípios da lógica.Normalmente ela se desvirtua, degenerando em “bate-boca” estéril, falacioso ou sofismático.Em vez de lidar com ideias, princípios ou fatos, o orador descamba para o insulto, o xingamento, a ironia, o sarcasmo, enfim, para invectivas de toda ordem, que constituem oque se costuma chamar de ad hominem; ou então revela o propósito de expor ao ridículo os que se opõem às suas ideias recorrendo assim ao artifício ad populum . Os insultos, a ironia, o sarcasmo ,por mais brilhantes que sejam , jamais constituem os argumentos, antes revelam falta deles.Não valem como argumentos os preconceitos, as superstições ou as generalizações apresentadas que se baseiam naquilo que a lógica chama de juízos de simples inspeção. A argumentação ,portanto, não se confunde com o “bate-boca”.Ela deve ser construtiva na sua finalidade, cooperativa em espírito e socialmente útil. A argumentação apóia-se em dois elementos principais: A)a consistência do raciocínio e B) a evidência das provas. Evidência: critério da verdade, certeza manifesta, certeza a que se chega pelo raciocínio ( evidência de razão) ou pela apresentação dos fatos ( evidência de fato). Há 5 tipos de evidências ( mais comuns): Profª Julia Gorla 1) Fatos: Só os fatos provam e convencem, mas nem todos os fatos são irrefutáveis; seu valor de prova é relativo, sujeitos como estão à evolução da ciência, da técnica e dos próprios conceitos e preconceitos. Ex de fato evidente ( o que mais prova): Provo a deficiência da previdência social, citando o fato de contribuintes se verem forçados a recorrer a hospitais particulares para operações ou tratamentos de urgência, porque o instituto de previdência a que pertencem não os pode atender em condições satisfatórias. 2) Exemplos: fatos típicos ou representativos de dadas situações. Ex: Professores que precisam dar aulas em muitos lugares , Profº João. 3) Ilustrações : narrativa detalhada e entremeada de descrições.Podem ser hipotéticas ou reais.Seu propósito é tornar mais viva e expressiva um argumentação. Torna mais claro o fato explicado. 4) Dados estatísticos: fatos específicos que têm grande valor de convicção, prova incontestável.Entretanto devemos tomar cuidado pois com os mesmos dados podemos chegar a conclusões opostas. 5) Direcionamentos de raciocínio Exemplo: 6) Testemunho: tese de terceiros.Apesar de também não ser 100% é ainda bastante aceito como prova. Argumentação informal . Presente em quase tudo que dizemos ou escrevemos.Conversas, “rodinhas’, tentativas de convencer os outros, de fazê-los aceitar nosso ponto de vista”. Consiste, em geral, numa declaração seguida de prova (fatos, razões, evidências). Estrutura típica da argumentação informal (escrita ou falada).( para poder criticá-la ou comprová-la) Tema: O castigo físico é o melhor meio de educar a criança. A) Para contestá-la: 1) Proposição ( declaração / tese/ opinião) Ex: “Dizem que só o castigo físico, a pancada, educa, só ele é realmente eficaz quando se deseja corrigir a criança, formar-lhe o caráter...” 2) Concordância parcial- reconhecer que em certos casos, excepcionais isso é possível.Frisar bem- só em certos casos. Ex: “É verdade que, em certos casos... “Em parte , talvez tenham razão...” Você acha que trabalha demais? Então vejamos: O ano tem.......................................................................365 dias Menos: 8h de sono por dia...............................................122 dias – sobram 243 dias Menos: 8 horas de descanso diário.....................................122 dias- sobram 121 dias Menos ; domingos.............................................................52 dias –sobram 69 dias Menos: ½ dia por sábado....................................................26 dias- sobram 43 dias Menos : feriados..................................................................13 dias- sobram 30 dias Menos: férias....................................................................20 dias- sobram 10 dias Menos : tempo gasto no cafezinho, lavatório, papinho,etc....10 dias- sobram 000 dias. Que tal? Ainda acha que trabalha demais? (procure descobrir onde está o erro do raciocínio) Profª Julia Gorla Em seguida juntam-se provas, razões, fatos, exemplos de casos particulares que parecem confirmar a tese. Porém , se não encontrarmos razões para a concordância parcial, passamos para o item 3. 3) Contestação ou refutação.( é o “miolo”deste tipo de argumentação) O parágrafo sempre se inicia com uma conjunção adversativa ou expressão equivalente para indicar pensamento contrário. Ex: “Mas, por outro lado...” “Entretanto, na maioria dos casos....a pancada não educa, é um método de educação condenável, porque...” Então , após essa frase inicial de contestação, as razões devem ser expressas em orações encabeçadas geralmente por conjunções explicativas ou causais. “ ....porque humilha, revolta, cria complexos..” 4) Conclusão – Não existe argumento sem conclusão, que decorre naturalmente das provas ou argumentos apresentados.As principais partículas típicas da conclusão são, como se sabe, “logo”, “portanto”, “por consequência” Ex: Logo, não se devem espancar as crianças... Normas para refutar argumentos: 1º Procure refutar o argumento que lhe pareça mais forte. Comece por ele; 2º Procure a atacar os pontos fracos da argumentação contrária; 3º Utilize a técnica de “redução às últimas consequências”, levando os argumentos contrários ao máximo de sua extensão; 4º Veja se o opositor apresentou uma evidência adequada ao argumento empregado; 5º Escolha uma autoridade que tenha dito exatamente o contrário do que afirma o seu opositor; 6º Aceite os fatos, mas demonstre que foram mal empregados; 7º Ataque a fonte na qual se basearam os argumentos do seu opositor; 8º Cite outros exemplos semelhantes, que provem exatamente o contrário dos argumentos que lhe são apresentados pelo opositor. 9º Demonstre que a citação feita pelo opositor foi deturpada, com a omissão de palavras ou de toda a sentença que diria o contrário do que quis dizer o opositor. 10º Analise cuidadosamente os argumentos contrários, dissecando-os para revelar as falsidades que contêm. Exercício: Terra de cegos Há um conto de H.G. Wells, chamado A terra dos cegos, que narra o esforço de um homem com visão normal para persuadir uma população cega de que ele possui um sentido do qual ela é destituída; fracassa, e afinal a população decide arrancar-lhe os olhos para curá-lo de sua ilusão. Discuta a ideia central do conto de Wells, comparando-a com a do ditado popular “Em terra de cego quem tem um olho é rei”. Em, sua opinião essas ideias são antagônicas ou você Vê um modo de conciliá-las? Profª Julia Gorla Dissertação: Conclusão A conclusão deve ser sucinta, conter apenas 01 parágrafo e deve retomar a ideia principal, desenvolvida no texto, de forma convincente. A conclusão deve conter a síntese de tudo o que foi apresentado no texto, e não somente em relação às ideias apresentadas no último parágrafo do desenvolvimento. Não se devem acrescentar informações novas na conclusão, pois, se ainda há informações a serem inclusas, o desenvolvimento ainda não terminou. Maneiras de se fazer o parágrafo da conclusão: 01) Retomada da tese: A conclusão é a apresentação da visão geral do assunto tratado, portanto pode-se retomar o que foi apresentado na introdução e/ou no desenvolvimento, relembrando a redação como um todo. É uma espécie de fechamento em que se parece dizer de acordo com os exemplos/ argumentos/tópicos que foram apresentados no desenvolvimento, pode-se concluir que realmente a introdução é verdadeira. 02) Perspectiva: Pode-se também apresentar possíveis soluções para os problemas expostos no desenvolvimento, buscando prováveis resultados (É preciso. É imprescindível. É necessário.), trabalhando com a conscientização geral. Por exemplo: É imprescindível que, diante dos argumentos expostos, todos se conscientizem de que ... 03) Oração Coordenada Conclusiva Pode-se ainda iniciar a conclusão comuma conjunção coordenativa conclusiva - logo, portanto, por isso, por conseguinte, então - apresentando, posteriormente, soluções para os problemas expostos no desenvolvimento. Frases-modelo, para o início da conclusão: Em virtude dos fatos mencionados ... Por isso tudo ... Levando-se em consideração esses aspectos ... Dessa forma ... Em vista dos argumentos apresentados ... Dado o exposto ... Tendo em vista os aspectos observados ... Levando-se em conta o que foi observado ... Em virtude do que foi mencionado ... Por todos esses aspectos ... Pela observação dos aspectos analisados ... Portanto ... / logo ... / então ... Profª Julia Gorla Após a frase inicial, pode- se continuar a conclusão com as seguintes frases: ... somos levados a acreditar que ... ... é-se levado a acreditar que ... ... entende-se que ... ... percebe-se que ... ... resta aos homens ... ... é imprescindível que todos se conscientizem de que ... ... só nos resta esperar que ... ... é preciso que ... ... é necessário que ... ... faz-se necessário que ... Pronomes Demonstrativos na Dissertação 01) Este, esta, isto: Usa-se este, esta, isto, para referir-se à frase ou oração posterior, ou seja, frase que ainda será escrita, e para referir-se ao elemento imediatamente anterior, ou seja, elemento que acabou de ser escrito. Ex. Atenção a estas palavras: O fumo é prejudicial à saúde. O fumo é prejudicial à saúde. Esta deve ser preservada sempre, portanto não fume. 02) Esse, essa, isso: Usa-se esse, essa, isso, para referir-se a frase ou oração anterior, ou seja, frase que já foi escrita. Ex.: O fumo é prejudicial à saúde. Isso já foi comprovado cientificamente. . Caminhos e descaminhos NÃO HÁ PROBLEMA EM SEGUIRMOS UM NORTE PARA MELHORARMOS O NOSSO TEXTO. OS ESQUEMAS DE REDAÇÃO PASSAM A SER UM PROBLEMA QUANDO ELES TORNAM-SE GRILHÕES QUE PRENDEM A NOSSA CRIATIVIDADE. ELES PRECISAM, SIM, SER UMA MOLA PARA ACHARMOS AS NOSSAS PRÓPRIAS PALAVRAS E NOSSO ESTILO. Alguns passos 1) interrogar o tema; 2) responder, com a opinião 3) apresentar argumento básico 4) apresentar argumentos auxiliares 5) apresentar fato- exemplo 6) concluir (in Novo Manual da Nova Cultural - Redação, Gramática, Literatura e Interpretação de Textos, de Emília Amaral e outros) Profª Julia Gorla Como ficaria o esquema 1º parágrafo: a tese 2º parágrafo: argumento 1 3º parágrafo: argumento 2 4º parágrafo: fato-exemplo 5º parágrafo: conclusão Exemplo de redação com esse esquema: Tema: Como encarar a questão do erro Título: Buscar o sucesso Tese 1º§ O homem nunca pôde conhecer acertos sem lidar com seus erros. Argumentação 2º§ O erro pressupõe a falta de conhecimento ou experiência, a deficiência de sintonia entre o que se propõe a fazer e os meios para a realização do ato. Deriva-se de inúmeras causas, que incluem tanto a falta de informação, como a inabilidade em lidar com elas. 3º§ Já acertar, obter sucesso, constitui-se na exata coordenação entre informação e execução de qualquer atividade. É o alinhamento preciso entre o que fazer e como fazer, sendo esses dois pontos indispensáveis e inseparáveis. Fato-exemplo 4º§ Como atingir o acento? A experiência é fundamental e, na maior das vezes, é alicerçada em erros anteriores, que ensinarão os caminhos para que cada experiência ruim não mais ocorra. Assim, um jovem que presta seu primeiro vestibular e fracassa pode, a partir do erro, descobrir seus pontos falhos e, aos poucos, aliar seus conhecimentos à capacidade de enfrentar uma situação de nova prova e pressão. Esse mesmo jovem, no mercado de trabalho, poderá estar envolvido em situações semelhantes: seus momentos de fracasso estimularão sua criatividade e maior empenho, o que fatalmente levará a posteriores acertos fundamentais em seu trabalho. Conclusão 5º§ Assim, o aparecimento dos erros nos atos humanos é inevitável. Porém, é preciso, acima de tudo, saber lidar com eles, conscientizar-se de cada ato falho e tomá-los como desafio, nunca se conformando, sempre buscando a superação e o sucesso. Antes do alcance da luz, será sempre preciso percorrer o túnel. Trabalho Partindo do esquema acima, lembrando que ele precisa ser ampliado, faça uma redação dissertativa com a proposta abaixo. Mínimo 25 linhas e máximo 30. Agora, faça a INTRODUÇÃO. Lembre-se sempre de que SEGUIR SOMENTE ESQUEMAS FECHADOS APENAS MOSTRA QUE SOMOS PREGUIÇOSOS. UNB / 2005 Texto 1 O mito da caverna Imaginemos uma caverna subterrânea onde, desde a infância, geração após geração, seres humanos estão aprisionados. Suas pernas e seus pescoços estão algemados de tal modo que são forçados a permanecer sempre no mesmo lugar e a olhar apenas para a frente, não podendo girar a cabeça nem para trás nem para os lados. A luz que ali entra provém de uma imensa e alta fogueira externa. Entre ela e os prisioneiros – no exterior, portanto –, há um caminho ascendente, ao longo do qual foi erguida uma mureta, como se fosse a parte fronteira de um palco de marionetes. Ao longo dessa mureta-palco, homens transportam estatuetas de todo tipo, com figuras de seres humanos, animais e todas as coisas. Por causa da luz da fogueira e da posição ocupada por ela, os prisioneiros enxergam, na parede do fundo da caverna, as sombras das estatuetas transportadas, mas sem poderem ver as próprias estatuetas nem os homens que as transportam. Profª Julia Gorla Como jamais viram outra coisa, os prisioneiros imaginam que as sombras vistas são as próprias coisas, ou seja, não podem saber que são sombras, nem podem saber que são imagens (estatuetas de coisas) nem que há outros seres humanos reais fora da caverna. Também não podem saber que enxergam porque há a fogueira e a luz no exterior e imaginam que toda a luminosidade possível é a que reina na caverna. Que aconteceria, indaga Platão, se alguém libertasse os prisioneiros? Que faria um prisioneiro libertado? Em primeiro lugar, olharia toda a caverna, veria os outros seres humanos, a mureta, as estatuetas e a fogueira. Embora dolorido pelos anos de imobilidade, começaria a caminhar, dirigindo- se à entrada da caverna e, deparando com o caminho ascendente, nele adentraria. Em um primeiro momento, ficaria completamente cego, pois a fogueira, na verdade, é a luz do sol, e ele ficaria inteiramente ofuscado por ela. Depois, acostumando-se com a claridade, veria os homens que transportam as estatuetas e, prosseguindo no caminho, enxergaria as próprias coisas, descobrindo que, durante toda a sua vida, não vira senão sombras de imagens (as sombras das estatuetas projetadas no fundo da caverna) e que somente naquele momento estava contemplando a própria realidade. Libertado conhecedor do mundo, o prisioneiro regressaria à caverna, ficaria desnorteado pela escuridão, contaria aos outros o que viu e tentaria liberta-los. (Marilena Chauí, Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 1997, p. 40-41. (com adaptações)). Texto 2 Pode-se constatar semelhança temática entre os textos I e II. Seguindo essa linha temática – a do mito da caverna – redija reportando-se aos dias atuais, um texto dissertativo. Dê um título a seu texto. Complemento O Mito da Caverna O Mito da Caverna narrado por Platão no livro VII do Republica é, talvez, uma das mais poderosas metáforas imaginadas pela filosofia, em qualquer tempo, para descrever a situação geral em que se encontra a humanidade. Para o filósofo, todos nós estamos condenados a ver sombras a nossa frente e tomá-las como verdadeiras. Essa poderosa crítica à condição dos homens, escrita há quase 2500 anos atrás, inspirou e ainda inspira inúmeras reflexões pelos tempos a fora. A mais recente delas é o livro de José SaramagoA Caverna. A Condição Humana Platão viu a maioria da humanidade condenada a uma infeliz condição. Imaginou (no Livro VII de A República, um diálogo escrito entre 380-370 a.C.) todos presos desde a infância no fundo de uma caverna, imobilizados, obrigados pelas correntes que os atavam a olharem sempre a parede em frente. O que veriam então? Supondo a seguir que existissem algumas pessoas, uns prisioneiros, carregando para lá para cá, sobre suas cabeças, estatuetas de homens, de animais, vasos, bacias e outros vasilhames, por detrás do muro onde os demais estavam encadeados, havendo ainda uma escassa iluminação vindo do fundo do subterrâneo, disse que os habitantes daquele triste lugar só poderiam enxergar o bruxuleio das sombras daqueles objetos, surgindo e se desafazendo diante deles. Era assim Profª Julia Gorla que viviam os homens, concluiu ele. Acreditavam que as imagens fantasmagóricas que apareciam aos seus olhos (que Platão chama de ídolos) eram verdadeiras, tomando o espectro pela realidade. A sua existência era pois inteiramente dominada pela ignorância (agnóia). Libertando-se dos grilhões Se por um acaso, segue Platão na sua narrativa, alguém resolvesse libertar um daqueles pobres diabos da sua pesarosa ignorância e o levasse ainda que arrastado para longe daquela caverna, o que poderia então suceder-lhe? Num primeiro momento, chegando do lado de fora, ele nada enxergaria, ofuscado pela extrema luminosidade do exuberante Hélio, o Sol, que tudo pode, que tudo provê e vê. Mas, depois, aclimatado, ele iria desvendando aos poucos, como se fosse alguém que lentamente recuperasse a visão, as manchas, as imagens, e, finalmente, uma infinidade outra de objetos maravilhosos que o cercavam. Assim, ainda estupefato, ele se depararia com a existência de um outro mundo, totalmente oposto ao do subterrâneo em que fora criado. O universo da ciência (gnose) e o do conhecimento (espiteme), por inteiro, se escancarava perante ele, podendo então vislumbrar e embevecer-se com o mundo das formas perfeitas. As Etapas do Saber Com essa metáfora - o tão justamente famoso Mito da Caverna - Platão quis mostrar muitas coisas. Uma delas é que é sempre doloroso chegar-se ao conhecimento, tendo-se que percorrer caminhos bem definidos para alcançá-lo, pois romper com a inércia da ignorância (agnosis) requer sacrifícios. A primeira etapa a ser atingida é a da opinião (doxa), quando o indivíduo que ergueu-se das profundezas da caverna tem o seu primeiro contanto com as novas e imprecisas imagens exteriores. Nesse primeiro instante, ele não as consegue captar na totalidade, vendo apenas algo impressionista flutuar a sua frente. No momento seguinte, porém, persistindo em seu olhar inquisidor, ele finalmente poderá ver o objeto na sua integralidade, com os seus perfis bem definidos. Ai então ele atingirá o conhecimento (episteme). Essa busca não se limita a descobrir a verdade dos objetos, mas algo bem mais superior: chegar à contemplação das ideias morais que regem a sociedade - o bem (agathón), o belo (to kalón) e a justiça (dikaiosyne). O Visível e o Inteligível Há pois dois mundos. O visível é aquele em que a maioria da humanidade está presa, condicionada pelo lusco-fusco da caverna, crendo, iludida que as sombras são a realidade. O outro mundo, o inteligível, é apanágio de alguns poucos. Os que conseguem superar a ignorância em que nasceram e, rompendo com os ferros que os prendiam ao subterrâneo, ergueram-se para a esfera da luz em busca das essências maiores do bem e do belo (kalogathia). O visível é o império dos sentidos, captado pelo olhar e dominado pela subjetividade; o inteligível é o reino da inteligência (nous) percebido pela razão (logos). O primeiro é o território do homem comum (demiurgo) preso às coisas do cotidiano, o outro, é a seara do homem sábio (filósofo) que volta-se para a objetividade, descortinando um universo diante de si. O Desconforto do Sábio Platão então pergunta (pela boca de Sócrates, personagem central do diálogo A República), o que aconteceria se este ser que repentinamente descobriu as maravilhas do mundo dominado por Hélio, o fabuloso universo inteligível, descesse de volta à caverna? Como ele seria recebido? Certamente que os que se encontram encadeados fariam mofa dele, colocando abertamente em dúvida a existência desse tal outro mundo que ele disse ter visitado. O recém-vindo certamente seria Livre é aquele que pensa " Profª Julia Gorla unanimemente hostilizado. Dessa forma, Platão traçou o desconforto do homem sábio quando é obrigado a conviver com os demais homens comuns. Não acreditam nele, não o levam a sério. Imaginam-no um excêntrico, um idiossincrático, um extravagante, quando não um rematado doido (destino comum a que a maior parte dos cientistas, inventores, e demais revolucionários do pensamento tiveram que enfrentar ao longo da história). Fonte: http://educaterra.terra.com.br/voltaire/cultura/caverna.htm O MITO DA CAVERNA Marilena Chaui No livro VII da República, Platão narra o Mito da Caverna, alegoria da teoria do conhecimento e da paídeia platônicas. Imaginemos uma caverna separada do mundo externo por um alto muro, cuja entrada permite a passagem da luz exterior. Desde seu nascimento, geração após geração, seres humanos ali vivem acorrentados, sem poder mover a cabeça para a entrada, nem locomover-se, forçados a olhar apenas a parede do fundo, e sem nunca terem visto o mundo exterior nem a luz do Sol. Acima do muro, uma réstia de luz exterior ilumina o espaço habitado pelos prisioneiros, fazendo com que as coisas que se passam no mundo exterior sejam projetadas como sombras nas paredes do fundo da caverna. Por trás do muro, pessoas passam conversando e carregando n os ombros figuras de homens, mulheres, animais cujas sombras são projetadas na parede da caverna. Os prisioneiros julgam que essas sombras são as próprias coisas externas, e que os artefatos projetados são os seres vivos que se movem e falam. Um dos prisioneiros, tomado pela curiosidade, decide fugir da caverna. Fabrica um instrumento com o qual quebra os grilhões e escala o muro. Sai da caverna, no primeiro instante, fica totalmente cego pela luminosisdade do Sol, coma qual seus olhos não estão acostumados; pouco a pouco, habitua-se à luz e começa ver o mundo. Encanta-se, deslumbra-se, tem a felicidade de, finalmente, ver as próprias coisas, descobrindo que, em sua prisão, vira apenas sombras. Deseja ficar longe da caverna e só voltará a ela se for obrigado, para contar o que viu e libertar os demais. Assim como a subida foi penosa, porque o caminho era íngreme e a luz ofuscante, também o retorno será penoso, pois será preciso habituar-se novamente às trevas, o que é muito mais difícil do que habituar-se à luz. De volta á caverna, o prisioneiro será desajeitado, não saberá mover-se nem falar de modo compreensível para os outros, não será acreditado por eles e correrá o risco de ser morto pelos que jamais abandonaram a caverna. A caverna, diz Platão, é o mundo sensível onde vivemos. A réstia de luz que projeta as sombras na parede é um reflexo da luz verdadeira (as ideias) sobre o mundo sensível. Somos os prisioneiros. As sombras são as coisas sensíveis que tomamos pelas verdadeiras. Os grilhões são nossos preconceitos, nossa confiança em nossos sentidos e opiniões. O instrumento que quebra os grilhões e faz a escalado do muro é a dialética. O prisioneiro curioso que escapa é o filósofo. A luz que ele vê é a luz plena do Ser, isto é, o Bem, que ilumina o mundo inteligível como o Sol ilumina o mundo sensível. O retorno à caverna é o diálogo filosófico. Os anos despendidos na criação do instrumento para sair da caverna são o esforço da alma, descrito na Carta Sétima, para produzir a "faísca" do conhecimento verdadeiro pela "fricção" dos modos de conhecimento.Conhecer é um ato de libertação e de iluminação. O Mito da Caverna apresenta a dialética como movimento ascendente de libertação do nosso olhar que nos libera da cegueira para vermos a luz das ideias. Mas descreve também o retorno do prisioneiro para ensinar aos que permaneceram na caverna como sair dela. Há, assim, dois movimentos: o de ascensão (a dialética ascendente), que vai da imagem à crença ou opinião, desta para a matemática e desta para a intuição intelectual e a ciência; e o do descenso ( a dialética descendente), que consiste em praticar com outros o trabalho para subir até a essência e a ideia. Aquele que contemplou as ideias no mundo inteligível desce aos que ainda não as contemplaram para ensinar-lhes o caminho. Por isso, desde Mênon, Platão dissera que não é possível ensinar o que são as coisas, mas apenas ensinar a procurá-las. Os olhos foram feitos para ver, a alma, para conhecer. Os primeiros estão destinados à luz solar, a Segunda, à fulguração da ideia. A dialética é a técnica liberadora dos olhos do espírito. O relato da subida e da descida expõe a paideía como dupla violência necessária: a ascensão é difícil, dolorosa, quase insuportável; o retorno à caverna, uma imposição terrível à alma libertada, agora forçada a abandonar a luz e a felicidade. A dialética, como toda a técnica, é uma atividade exercida contra uma passividade, um esforço (pónos) para concretizar seu fim forçando um ser a realizar sua própria natureza. No Mito, a dialética faz a alma ver sua própria essência (eîdos) - conhecer - vendo as essências (idéa - o objeto do conhecimento -, descobrindo seu parentesco com Profª Julia Gorla elas. A violência é libertadora porque desliga a alma do corpo, forçando-a a abandonar o sensível pelo inteligível. O Mito da Caverna nos ensina algo mais, afirma o filósofo alemão Martin Heidegger, num ensaio intitulado "A Doutrina de Platão sobre a verdade", que interpreta o Mito como exposição platônica do conceito da verdade. Deste ensaio, destacamos alguns aspectos: 1) O Mito da Caverna estabelece uma relação interna ou intrínseca entre a paideía e a alétheia: a filosofia é educação ou pedagogia para a verdade. O Mito propõe uma analogia entre os olhos do corpo e os olhos do espírito quando passam da obscuridade á luz: assim como os primeiros ficam ofuscados pela luminosidade do Sol, assim também o espírito sofre um ofuscamento no primeiro contato com a luz da ideia do Bem que ilumina o mundo das ideias. A trajetória do prisioneiro descreve a essência do homem (um ser dotado de corpo e alma) e sua destinação verdadeira ( o conhecimento das ideias). Esta destinação é seu destino: o homem está destinado à razão e à verdade. Por que, então, a maioria permanece prisioneira da caverna? Porque a alma não recebe a paideía adequada à destinação humana. Assim, a paideía, alegoricamente descrita no mito, é "uma conversão no olhar", isto é, a mudança na direção de nosso pensamento, que, deixando de olhar as sombras (pensar sobre as coisas sensíveis), passa a olhar as coisas verdadeiras(pendar nas ideias). E, observa Heidegger, não foi por acaso que Platão escolheu a palavra eîdos para designar as ideias ou formas inteligíveis, pois eîdos significa: figura e forma visíveis. O eîdos é o que o olho do espírito, educado, torna-se capaz de ver. 2) O Mito da Caverna recupera o antigo sentido da alétheia como não esquecimento e não ocultamento da realidade. Alétheia é o que foi arrancado do esquecimento e do ocultamento, fazendo- se visível par o espírito, embora invisível para o corpo. A verdade é uma visão, visão da ideia, do que está plenamente visível para a inteligência e, por ser visão plena, a verdade é evidência. 3) A ideia do Bem, corresponde ao Sol, não só ilumina todas as outras, isto é, torna todas as outras visíveis para o olho do espírito, mas é também a ideia suprema, tanto porque é a visibilidade plena quanto porque é a causa da visibilidade de todo o mundo inteligível. A filosofia, conhecimento da verdade, é conhecimento da ideia do Bem, princípio incondicionado de todas as essências. Assim como o Sol permite aos olhos ver, assim o Bem permite á alma conhecer. A luz é a meditação entre aquele que conhece e o aquilo que se conhece. 4) O Mito possui ainda um outro sentido pelo qual compreendemos por que Platão é o inventor da razão ocidental. De fato, na origem (como vimos em nosso primeiro capítulo), a palavra alétheia é uma palavra negativa (a - létheia), significando o não esquecido, não escondido. Com o Mito da Caverna, porém, a verdade, tornando-se evidência ou visibilidade plena e total, faz com que a alétheia perca o antigo sentido negativo e ganhe u sentido positivo ou afirmativo. Em lugar de dizermos que o verdadeiro é o não escondido, Platão nos leva a dizer que a verdade é o plenamante visível para o espírito. A verdade deixa de ser o próprio Ser manifestando-se para tornar-se a razão que, pelo olhar intelectual, faz da ideia a essência inteiramente vista e contemplada, sem sombras. A verdade se transfere do inteiramente vista e contemplada, sem sombras. A verdade se transfere do Ser para o conhecimento total e pleno da ideia do Bem. Com isto, escreve Heidegger, a verdade dependerá, de agora em diante, do olhar correto, isto é, do olhar que olha na direção certa, do olhar exato e rigoroso, Exatidão, rigor, correção são as qualidades e propriedades da razão, no Ocidente. A verdade e a razão são theoría, contemplação das ideias quando aprendemos a dirigir o intelecto na direção certa, isto é, para o conhecimento das essências das coisas. No entanto, julgamos que, contrariamente ao que diz Heidegger, o antigo sentido da alétheia não desapareceu inteiramente. Vejamos como e por quê. II. O MITO DA REMINISCÊNCIA É preciso explicar como, vivendo no mundo sensível, alguns homens sentem atração pelo mundo inteligível. Como, nunca tendo tido contato com o mundo das ideias, jamais tendo contemplado as ideias, algumas almas as procuram? De onde vem o desejo de sair da caverna? Mais do que isto, como os que sempre viveram na caverna podem supor que exista um mundo foram dela, se os grilhões e os altos muros não deixam ver nada externo? Para decifrar este enigma, Platão narra o Mito de Er, também conhecido como o Mito da Reminicência, da anamnese, que vimos ser inseparável da antigo ideia da alétheia ( o não-esquecido). O pastor Er, da Pamfília, é conduzido pela deusa até o reino dos mortos, para onde (como já vimos) segundo a tradição grega, sempre foram conduzidos os poetas e adivinhos. Ele encontra as almas dos mortos serenamente contemplando as ideias. Devendo reencarnar-se, as almas serão levadas para escolher a nova vida que terão na Terra. São livres para escolher a nova vida terrena que desejam viver. Após a escolha, são conduzidas por uma planície onde correm as águas do rio léthe Profª Julia Gorla (esquecimento). As almas que escolheram uma vida de poder, riqueza, glória, fama ou vida de prazeres, bebem água em grande quantidade, o que as faz esquecer as ideias que contemplaram. As almas dos que escolhem a sabedoria quase não bebem das águas e por isso, na vida terrena, poderão lembrar-se das ideias que contemplaram e alcançar, nesta vida, o conhecimento verdadeiro. Desejarão a verdade, serão atraídas por ela, sentirão amor pelo conhecimento, porque vagamente, lembram-se de que já a viram e já a tiveram. Por isso, no Mênon, quando o jovem escravo analfabeto se torna capaz, orientado pelas perguntas de Sócrates, de demonstrar o Teorema de Pitágoras, Platão faz Sócrates dizer que conhecer é lembrar, e o filósofo dialético, como o médico que faz o paciente lembrar-se, suscita nos outros a lembrança do verdadeiro. Se já não tivéssemos estado diante da verdade, não só não poderíamos desejá-la como, chegando diante dela, não saberíamos identificá-la, reconhecê-la.Os intérpretes se dividem muito acerca do Mito de Er. Seria o mito uma alegoria para dizer que os homens nascem dotados de razão, que as ideias são inatas ao seu espírito, que a verdade não pode vir da sensação, mas apenas do pensamento? Ou seria o Mito de Er uma primeira apresentação da teoria platônica da imortalidade da alma que será exposta no Fédon? Por enquanto deixaremos a questão em suspenso e a ela voltaremos quando analisarmos a psicologia platônica. Aqui devemos enfatizar dois pontos. Em primeiro lugar, que Platão, através de dois mitos - o da caverna e o de Er - recupera a antiga noção da alétheia (o não-esquecido), ainda que a transforme profundamente, como vimos. Para um pensamento que toma a verdade como evidência, o verdadeiro é a retidão do olhar espiritual, isto é, a correspondência entre a ideia e a sua representação intelectual. Somos co-autores do verdadeiro. Em segundo lugar, que Platão precisa recorrer aos mitos para explicar por que, sem possuirmos conhecimentos verdadeiros, desejamos o conhecimento verdadeiro. Precisa explicar que, de algum modo, já estamos na posse de alguma noção (ainda que muito vaga) da verdade e que é ela que nos empurra para a dialética. Independentemente da discussão sobre o que Platão realmente pensava dos mitos que narrou, podemos dizer que possuem a função de afirmar que nascemos do verdadeiro e destinados a ele. Sem isto, a dialética seria uma técnica impossível, pois não teria o que atualizar em nossa alma. (http://www.odialetico.hpg.com.br) UNICAMP 1992 Coletânea de textos: - Os textos foram tirados de fontes diversas e apresentam atos, dados, opiniões e argumentos relacionados com o tema. Eles não representam a opinião da banca examinadora: são textos como aqueles a que você está exposto na sua vida diária de leitor de jornais, revistas ou livros, e que você deve saber ler e comentar. Consulte a coletânea e utilize-a segundo as instruções específicas dadas para o tema. Não a copie. - Ao elaborar sua redação, você poderá utilizar-se também de outras informações que julgar relevantes para o desenvolvimento do tema escolhido. Tema A As sociedades ditas civilizadas vêem a violência, em especial quando organizada, como uma ameaça a seu sistema de valores. Levando em conta a coletânea abaixo, escreva uma dissertação sobre o tema: Violência nas tribos urbanas modernas. 1. (...) a violência é de todos e está em todos. Mesmo que o sistema judiciário contemporâneo acabe por racionalizar toda a sede de vingança que escorre pelos poros do sistema social, parece ser impossível não ter que usar a violência quando se quer liquidá-la e é exatamente por isso que ela é interminável. Tudo leva a crer que os humanos acabam engendrando crises sacrificiais suplementares que exigem novas vítimas expiatórias para as quais se dirige todo o capital de ódio e desconfiança que uma sociedade determinada consegue pôr em movimento. (René Girard, A violência e o sagrado) 2. Aqui nesta tribo ninguém quer a sua catequização Falamos a sua língua mas não entendemos seu sermão Nós rimos alto, bebemos e falamos palavrão Mas não sorrimos à toa Profª Julia Gorla Não sorrimos à toa Aqui neste barco ninguém quer a sua orientação Não temos perspectiva mas o vento nos dá a direção A vida que vai à deriva é a nossa condução Mas não seguimos à toa Não seguimos à toa (Arnaldo Antunes, Volte para o seu lar) 3. O Gun’s N’Roses, hoje com certeza a banda mais popular do mundo, entra em cena ao vivo e a cores no maior estilo rock-rebelde: palavrões cabeludos, sexo, drogas, quebra-quebras, atrasos enormes e até interrupções nos shows comprovam que os”bad boys” continuam fazendo o estilo “inimigos públicos nº 1”. Com voz rasgada, eles “descem o verbo” na disciplina, na política, nos amantes, nos vizinhos, nos críticos e na imprensa. (Edição especial de Top Metal Band sobre os Gun’s N’Roses) 4. Policiais e pretos, é isso aí Saiam do meu caminho (...) Imigrantes e bichas Não fazem sentido nenhum para mim (...) Radicais e racistas Não apontem o dedo para mim Sou um garoto branco, vindo de uma cidade pequena Apenas tentando acertar as pontas. (Gun’s N’Roses, One in a million) 5. Pergunta: o tipo de som produzido por bandas como a sua não incita à violência? Resposta: Acho que sim. Mas é uma violência que não faz mal. É um lance de rebeldia liberada aí no show, sem precisar agredir ninguém. P: Se é assim, por que então um garoto morreu baleado no concerto que os senhores deram, em maio, na praça Charles Muller, em São Paulo? R: Não foi a primeira vez que morreu alguém em um show de rock. Quando muita gente se reúne, pode haver alguma confusão, principalmente no Brasil. Fiquei sabendo que o garoto que morreu estava com uma machadinha. Ele então, não foi ao show com boas intenções. Ele não estava ali para ouvir música, mas para brigar (...). Culpar o rock por uma morte é mais fácil do que achar o verdadeiro culpado. P: E quem é o verdadeiro culpado? R: Acho que o País inteiro, o estado em que o País se encontra. (Entrevista com Max Cavalera, vocalista do grupo de rock Sepultura. Istoé Senhor, 09/10/91) 6. Hoje é véspera de Natal de 1999... Apesar do medo da guerra nuclear, que ainda nos assusta, conseguimos sobreviver às freqüentes guerras entre tribos surfísticas antagônicas (...). Multidões de jovens hipertensos dedicam-se a destruir ondas que mereciam ser acariciadas pela superfície lisa de suas peles e pranchas (...). Fiscais uniformizados e armados patrulham as praias para controlar as violentas guerras entre os surfistas. Além disso, aplicam tranqüilizantes nos surfistas que freqüentemente piram com a tensão do cotidiano (...). Discussões entre surfistas são decididas em combate rituais, onde a morte está sempre presente. Nas ruas das cidades imundas e perigosas, marginalizados povos primitivos que habitavam as favelas agora vagam famintos e agressivos. (Tito Rosemberg, Lendas e Tribos: Revisando o Futuro. FLUIR, outubro, 1990) Profª Julia Gorla Exemplos de redação. Verifique a qualidade de cada uma e faça uma pequena avaliação: TEXTO 1 “Em vez de violência por que não à paz” Nesse país, a violência em si, é a coisa mais normal, tudo que se faz, onde se vai a violência está presente. Este mundo ai fora, está uma anarquia, todo mundo pensando em guerra, violência, drogas e tudo que é prejudicial a todos nós. Será que este mundão ainda tem jeito de melhorar? Se todos nós pensasse o melhor não só para si próprio, mas sim o melhor para todos, com certeza este lixo de mundão em que vivemos não estaria assim e sim muito melhor. Porque fazem guerras, se violentam, entram nesse mundo das drogas, se é bom viver sem nada disso. A violência acontece através de uma coisa só, a falta de união entre cada um Por isso vamos tentar mudar este mundão que de tão belo se tornou em caos. Aonde está a paz que é tão desejada por todos nós? TEXTO 2 As tribos modernas acabaram criando a violência, que não existia nas tribos antigas. A violência é consequência das leis que a sociedade impõe aos indivíduos que nela se relacionam. Com o grande número de pessoas que vivem nas tribos modernas, os pensamentos são os mais diversos, gerando muita discórdia entre as pessoas. Aqueles que são marginalizados pela sociedade, que não têm como mudar as leis, encontram na violência a sua forma de protesto. O protesto das bandas de música, está nas letras, levando os seus ouvintes a seguirem aquele pensamento, e por meio da rebeldia mostrarem o seu protesto. Como viver sem violência, se a própria violência está no nosso dia-a-dia. O ditado popular, ‘violência gera violência”, é bem exemplificado na sociedade, que a combate utilizando-se dela mesma. TEXTO 3 “A Violêncianas Tribos Urbanas Modernas” Nas sociedades primitivas, a violência individual ou tribal garantia vantagens de moradia e alimentação. Com o surgimento da civilização, impulsos antes benéficos agora são censurados, pela razão de serem desestabilizadores da ordem social. Essa inadaptação entre as sociedades civilizadas modernas e os determinantes biológicos do ser humano individual já foi estudada por filósofos, como René Girard, e até por psicanalistas como Freud em sua famosa obra “O mal-estar na civilização”. Essa contradição se mostra sob a forma da violência nas tribos urbanas modernas. As tribos urbanas são grupos de pessoas que, por uma razão ou outra, não se adaptam às normas sociais da maioria, se auto-segregando e criando um modo de comportamento próprio. São exemplos as tribos dark, punk e hippie, cada uma com seu período de popularidade máxima, seguido de declínio. Um dos grupos mais em voga hoje em dia é o dos metaleiros, jovens que ouvem música de ritmo acelerado com letras que atacam tudo, do governo à imprensa. É exatamente essa tribo a mais conhecida pela violência praticada pelos seus membros. Há diversas explicações para isso. Historicamente, vemos que as diversas sociedades desenvolveram válvulas de escape para as tensões do dia-a-dia. Os gregos antigos, por exemplo, adoravam seus deuses em sessões catárticas com dança e violência moderada, que duravam horas. Procedimentos 1. Qual é o assunto e o tema? 2. Faça a sua tese da proposta acima. 3. Procure ressaltar exemplos, dados, fatos históricos ou sociais, que comprovem a sua opinião. Profª Julia Gorla Quando analisamos as sociedades modernas, vemos que há poucos mecanismos para aliviar as grandes tensões da vida civilizada. Há a dança, a televisão e os esportes, mas a reunião em tribos parece a forma ideal: gera cumplicidade, identificação com os outros membros e oportunidade para o uso da violência como válvula de escape. Apesar de exibirem comportamentos bem diferentes, todas as tribos têm em comum a rebeldia. Rebeldia contra o preconceito, a intolerância, o conservadorismo e a massificação impostos pelo Estado e pela sociedade. São rebeldes até contra a violência, presente nos seus atos mas nos do Estados também, de uma forma dissimulada, magnificada e mais aterrorizante. O caráter punitivo da maioria da maioria das leis e o fascismo são exemplos do uso da violência pelo Estado. Como vimos, a agressividade parece ser uma característica do homem que as sociedades civilizadas modernas procuram reprimir. A violência hoje surge principalmente nas tribos urbanas, que desenvolveram válvulas de escape necessárias, mas mal-vistas pela sociedade, por seu caráter freqüentemente violento. No fundo isso é uma ironia, pois essa mesma sociedade aceita e legitima formas violentas de dominação exercidas pelo Estado. Dissertação: Conselhos Úteis. A primeira frase que o aluno deve ter em mente é a seguinte: Em uma dissertação, nada é proibido, nada é obrigatório; tudo depende de bom-senso. Portanto use sua inteligência, no momento de escrever uma redação. Evite repetições de sons, de palavras e de ideias. Palavras terminadas em ção, são, ssão, dade, mente provocam eco na sua redação. A repetição de palavras denota vocabulário escasso. A repetição de ideias demonstra falta de cultura, de conhecimento geral. Em vez de substituir as repetições por sinônimos, reestruture o período, pois a ideia continuará sendo repetida. Reestruturar o período significa reescrevê-lo, dando outra formação sintática. Por exemplo, em vez de escrever O homem está destruindo a Natureza, sem pensar no seu próprio futuro reestruture para Destrói-se a Natureza, sem se importar com o futuro . Evite o exagero de conectivos (conjunções e pronomes relativos). Por dois motivos: para evitar a repetição e para não elaborar períodos muito longos. Não generalize; seja específico. Utilize argumentos concretos, fatos importantes. Uma redação cheia de generalizações demonstra a falta de cultura de seu autor, a falta de conhecimentos gerais, a falta de contato com a realidade atual. Para evitar esse problema, leia bastante; leia jornais, revistas, livros; assista a programas de reportagens, a filmes; interesse-se pela cultura; alimente sua inteligência. Não faça afirmações incoerentes. Como Os jovens estão totalmente sem informações hoje...; Ninguém gosta de ler...; Não há escritores bons hoje em dia.... A incoerência também demonstra falta de conhecimento. Não faça afirmações levianas. Como Todo político é corrupto... Profª Julia Gorla Não afirme o que não pode ser provado. Não escreva períodos muito curtos nem muito longos. Evite mais de dois períodos por linha, ou seja, não coloque mais do que dois pontos finais em uma mesma linha. Evite escrever mais de duas linhas sem um ponto final sequer. Não faça parágrafos muito curtos nem muito longos. O ideal seria que os parágrafos contivessem, no mínimo, 4 linhas e, no máximo, 7 linhas. Estruture adequadamente os períodos. Períodos mal-estruturados demonstram falta de conhecimento da língua. Observe os exercícios das aulas passadas. Observe a pontuação. Nunca coloque vírgula entre o sujeito e o verbo, nem entre o verbo e o seu complemento. Não use expressões populares e cristalizadas pela população. A dissertação é um trabalho técnico, portanto não se admitem expressões populares. Expressões cristalizadas são frases comuns a qualquer cidadão, de qualquer nível cultural. Não use expressões vulgares. Por ser um trabalho técnico, não há espaço para vulgaridades. Não use linguagem figurada. Todas as palavras da dissertação devem ser usadas em seu sentido exato. Se for usar título, faça-o por meio de expressão curta. Alguns concursos vestibulares exigem título na dissertação. Se for o caso, use poucas palavras e só coloque ponto final, se usar verbo. Cuidado com usos de conjunções: mas, porém, contudo são adversativas, indicam fatores contrários; portanto, logo são conclusivas; pois é explicativa, e não causal. Observe os exercícios das aulas anteriores. Não deixe os parágrafos soltos. Há de haver ligação entre eles. A ausência de elementos coesivos entre orações, períodos e parágrafos é erro grave. Não use a palavra eu nem a palavra você e evite a palavra nós. A dissertação deve ser impessoal. Não se dirija ao examinador, como se estivesse conversando com ele. Não use palavras estrangeiras nem gírias. Por ser trabalho técnico, use apenas palavras da Língua Portuguesa. Atente para não elaborar frases ambíguas. Profª Julia Gorla Se houver duplo sentido em uma frase, como o examinador saberá por qual optar? Atente para não entrar em contradição. Preste atenção a tudo o que for exposto na redação, para não dizer o contrário mais à frente. Lembre-se de que há quatro palavras muito importantes: Originalidade e Criatividade - Não trabalhe com exemplos muito simples ou comuns; seja criativo. Use sua inteligência. Homem e Sociedade - Tudo o que for colocado em sua redação deve ser importante para a sociedade de um modo geral, e não apenas a você ou a um pequeno grupo de pessoas. Meia dúzia de perigos (evitáveis) no seu caminho para uma boa Redação É longo o caminho para se escrever bem, mas há um conjunto de regrinhas simples que ajudam a errar menos nessa importante atividade. Vejamos algumas das coisas que você pode evitar. 1. "Não sei bem o que dizer da especialização precoce dos jovens, mas a eliminação do juvenil do Corinthians foi também muito precoce no campeonato!" Está aí um bom exemplo de bola fora. Comece sua Redação lendo com atenção todos os elementos que o examinador apresentou para você utilizar. Procure ver se realmente entendeu o que se pede. Pense num caminho, faça um esquema se preferir, e veja
Compartilhar