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COMPRESSIBILIDADE E ADENSAMENTO DE SOLOS COMPRESSIBILIDADE • Todos os materiais existentes na natureza se deformam, quando submetidos a esforços. A estrutura multifásica característica dos solos confere-lhe um comportamento próprio, tensão-deformação, o qual normalmente depende do tempo. • A única razão, para que ocorra uma variação de volume, será uma redução dos vazios do solo com a consequente expulsão da água intersticial. COMPRESSIBILIDADE • A saída dessa água dependerá da permeabilidade do solo: – Para as areias, em que a permeabilidade é alta, a água poderá drenar com bastante facilidade e rapidamente; – Para as argilas, a expulsão de água dos vazios necessitará de muito mais tempo, até que o solo atinja um novo estado de equilíbrio, sob as tensões aplicadas. – Essas variações volumétricas que se processam nos solos finos, ao longo do tempo, constituem o fenômeno de adensamento, e são as responsáveis pelos recalques a que estão sujeitas estruturas apoiadas sobre esses solos. COMPRESSIBILIDADE • ADENSAMENTO é o processo lento e gradual de redução do índice de vazios de um solo por expulsão do fluido intersticial e transferência da pressão do fluído para a estrutura sólida, devido a cargas aplicadas ou ao peso próprio das camadas sobrejacentes. • COMPRESSIBILIDADE DOS SOLOS é a diminuição do volume sob a ação de cargas aplicadas. • COMPACTAÇÃO é o processo manual ou mecânico de redução do índice de vazios, por expulsão do ar. • RECALQUE ou ASSENTAMENTO é o termo utilizado em Engenharia Civil para designar o fenômeno que ocorre quando uma obra sofre um rebaixamento devido ao adensamento do solo sob sua fundação. RECALQUE • O recalque é a principal causa de trincas e rachaduras em edificações, principalmente quando ocorre o recalque diferencial, ou seja, uma parte da obra rebaixa mais que outra gerando esforços estruturais não previstos e podendo até levar a obra à ruína. • Causas de recalques de uma estrutura (Simons e Menzies, 1977). – 1. Aplicação de cargas estruturais; – 2. Rebaixamento do nível d’água; – 3. Colapso da estrutura do solo devido ao encharcamento; – 4. Inchamento de solos expansivos; – 5. Árvores de crescimento rápido em solos argilosos; – 6. Deterioração da fundação (desagregação do concreto por ataque de sulfatos, corrosão de estacas metálicas, envelhecimento de estacas de madeira); – 7. Subsidência devido à exploração de minas; – 8. Buracos de escoamento; – 9. Vibrações em solos arenosos; – 10. Inchamento de solos argilosos apos desmatamento; – 11. Variações sazonais de umidade; – 12. Efeitos de congelamento. 1. ª etapa: execução de oito estacas de cada lado do edifício, com diâmetro variando de 1,0 a 1,4 m, e profundidade média de 57 m, atingindo um solo residual resistente e seguro situado abaixo da camada de argila mole. 2.ª etapa: foram executadas 8 vigas de transição com cerca de 4,5 m de altura para receber os esforços dos pilares e transmiti-los às novas fundações 3.ª etapa: 14 macacos hidráulicos acionados por seis bombas, instalados entre as vigas de transição e os novos blocos de fundação, foram utilizados para reaprumar o edifício.Os vãos em que estavam os macacos foram preenchidos com calços metálicos e, após, concretados TIPOS DE ADENSAMENTO • IMEDIATO- AREIAS – FUNDAÇÕES • ADENSAMENTO – ARGILAS • SECUNDÁRIAS – TURFAS ENSAIO DE ADENSAMENTO ENSAIO DE ADENSAMENTO RESULTADOS BRUTOS 5KPa 10KPa 20KPa Tempo(s) Leitura(mm) Tempo (s) Leitura(mm) Tempo(s) Leitura(mm) 1 20 1 19,64 1 18,98 2 2 2 4 4 4 8 8 8 16 16 16 86400 19,64 86400 18,98 86400 17,45 O resultado do ensaio, normalmente, é apresentado num gráfico semilogarítmico em que nas ordenadas (Y) se as leituras do adensamento ou as variações dos índices de vazios iniciais e finais em cada estágio de carregamento) e nas abscissas (X), em escala logarítmica, as tensões aplicadas. Podem-se distinguir nesse gráfico três partes distintas: a primeira, quase horizontal; segunda, reta e inclinada e terceira parte ligeiramente curva. ENSAIO DE ADENSAMENTO O primeiro trecho representa uma recompressão do solo (Cr), até um valor característico de tensão, correspondente à máxima tensão que o solo já sofreu na natureza; de fato, ao retirar a amostra indeformada de solo, para ensaiar em laboratório, está sendo eliminadas as tensões graças ao solo sobrejacente, o que permite à amostra um alívio de tensões e, consequentemente, uma ligeira expansão (Cr) ciclo de descarga e recarga. Ultrapassado o valor característico de tensão, o corpo de prova começa a comprimir-se, sujeita a tensões superiores às tensões máximas por ele já suportadas em a natureza. Assim, as deformações são bem pronunciadas e o trecho reto do gráfico que as representa é chamado de reta virgem de adensamento. Tal reta apresenta um coeficiente angular denominado índice de compressão (Cc). Índice de Compressão • Cc = e¹ - e² = Δ e log σ² - σ ¹ log ∆σ’ cc • Cr = ∆ e² ∆log σ’ cr O índice de compressão é muito útil para o cálculo de recalque, em solos que estejam comprimindo, ao longo da reta virgem. O recalque total (ΔH) por causa, de uma variação do índice de vazios (Δe), numa camada de espessura H, é dado por: TENSÃO DE PRÉ-ADENSAMENTO Denomina-se tensão de pré- adensamento (σvm’) representa a máxima tensão a que o solo já esteve submetido na natureza. Se a tensão de pré-adensamento corresponde a tensão efetiva do solo no campo σ’vm= σ vo SOLO NORMALMENTE ADENSADO (NA). Se a tensão de pré-adensamento é maior que a tensão efetiva do solo no campo σ’vm> σ vo SOLO PRÉ- ADENSADO (PA). Se a tensão de pré-adensamento é maior que a tensão efetiva do solo no campo σ’vm < σ vo SOLO SUB-ADENSADO (ou em processo de adensamento). PRÉ-ADENSAMENTO • CAUSAS DO PRÉ-ADENSAMENTO: – Existência de pré-carregamento (geológico ou antrópico); – Variação na pressão neutra por rebaixamento do nível d’água; – Secamento superficial do solo com geração de sucção; – Trocas químicas, cimentação e tensões residuais da rocha de origem. • Então, é definida a razão de pré-adensamento (OCR) que é a razão entre a tensão de pré-adensamento e a tensão efetiva de campo. – OCR=1 solo normalmente adensado – NA – OCR>1 solo pré-adensado - PA – OCR<1 solo em adensamento OCR = σ’vm σ vo ADENSAMENTO SECUNDÁRIO (CREEP) Ocorre quando o excesso de pressão neutra é praticamente nulo e a tensão efetiva é praticamente igual à tensão total . Em geral, verifica-se que no ensaio de adensamento, a deformação continua a se processar muito embora o excesso de pressão neutra seja praticamente nulo. Este efeito é atribuído a fenômenos viscosos. APLICAÇÃO DA TEORIA DO ADENSAMENTO – DETERMINAÇÃO DE RECALQUES Para o cálculo do recalque total Δ que uma camada de solo compreensível de espessura H passou por uma variação do índice de vazios Δe consideremos o esquema da figura. Admitindo que a compressão seja unidirecional e que os sólidos sejam incompressíveis, tem-se: EXERCÍCIOS 1 - A altura inicial de uma amostra é 2 cm e o seu índice de vazios e inicial = 1,18. Submetida a um ensaio de adensamento, a altura se reduz para 1,28 cm. Qual o índice de vazios final? ΔH = (Δe / 1 + ei) . H EXERCÍCIOS • Um aterro com peso específico γ = 1,7 tf/m³, de 3,0 m de altura foi recentemente colocado sobre uma extensa área. Calcular o recalque total do aterro, para os dados indicados no perfil abaixo. Exercícios • Será executado um aterro cuja tensão produzida por ele no perfil geotécnico, representado abaixo, é de 50 kPa. O gráficoao lado representa as tensões efetivas verticais antes da execução do aterro. • Pergunta-se: qual será o recalque primário, aproximado, sobre o aterro, ao final do adensamento dessa camada de argila mole? • Considerações: • Nível d’água (N.A.) na superfície do terreno natural. • A tensão total é constante com o tempo após a execução do aterro. • Tensão de sobreadensamento ou pressão de pré-adensamento da argila = 20 kPa (s’vm). • Índice de vazios inicial médio da camada de argila (e0) = 1,8. • Coeficiente de compressão da argila (Cc) = 1,0. • Coeficiente de recompressão da argila (Cr) = 0,1. • H0 = espessura da camada de argila. • σ’v0 = Tensão efetiva inicial no meio da camada de argila (kN/m 2). • σ’vf = Tensão efetiva final no meio da camada de argila (kN/m 2).