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TATIANA DIAS – UFRPE (@FUTURAVET_) PATOLOGIAS DE OSSOS E ARTICULAÇÕES: a) ALTERAÇÕES METABÓLICAS DO CRESCIMENTO DOS OSSOS: • GIGANTISMO E ACROMEGALIA: - Ocorrem devido à produção excessiva de GH pelas células somatotróficas da adeno-hipófise (hiperpituitarismo), quando há tumor funcional da hipófise; - O excesso do GH nos animais jovens estimula o crescimento endocondral, intramembranoso e aposicional, resultando no gigantismo; - Nos animais adultos, o excesso de GH após o desaparecimento das placas epifisárias e suturas resulta em aumento de volume das extremidades do esqueleto (nariz, mandíbula, mãos e pés), pois somente o crescimento aposicional continua. • NANISMO E ACROMICRIA: - Podem ocorrer devido ao hipopituitarismo e hipotireoidismo; - O nanismo ocorre quando a deficiência hormonal se dá antes de cessar o crescimento, e a acromicria ocorre quando há pouca produção de GH e/ou de hormônio tireoidiano após cessar o crescimento (fase adulta). • CONDRODISTROFIA FETAL (OU ACONDROPLASIA OU NANISMO CONDRODISTRÓFICO): - É uma alteração congênita do crescimento endocondral, com maturação anormal das células cartilaginosas; - Como apenas o crescimento endocondral está comprometido, os ossos que crescem pelas suturas apresentam crescimento normal; então, os ossos dos membros, costela, vertebras e ossos da base do crânio são menores, e os ossos chatos do crânio crescem normalmente (por isso, diz-se que o condrodistrófico é um anão desproporcional). • OSTEOCONDROSE: - É uma alteração do crescimento endocondral, ou seja, que se manifesta após o nascimento; - Ocorre por falha na diferenciação das células das cartilagens de crescimento (cartilagem articular e placa epifisária) e, assim, durante o crescimento, essa falha resulta em irregularidade ou ausência da penetração vascular; - As células da placa epifisária e/ou da cartilagem articular não sofrem erosão vascular necessária para o crescimento ósseo e para a nutrição da cartilagem, o que resulta em necrose da cartilagem e fissuras entre a cartilagem articular e o osso subcondral (osteocondrose dissecante) e/ou entre a placa epifisária e a metáfise (epifisiólise). • COXA PLANA (NECROSE ASSÉPTICA DA CABEÇA DO FÊMUR): - É uma alteração não inflamatória que acomete a cabeça e o colo do fêmur e que ocorre exclusivamente em raças miniaturas; - A claudicação, que é um sinal inicial, pode suceder a partir dos 3 meses de idade; - A causa da necrose não é bem esclarecida. Uma delas é a maturidade sexual precoce; entretanto, fatores genéticos e isquêmicos também são incriminados como fatores etiológicos; A condrodistrofia pode ser fisiológica quando é característica racial, como acontece nas raças Basset, Pequinês e Dachshund e em bovinos Santa Rosália. Na osteocondrose dissecante, fragmentos de cartilagem podem ser encontrados no espaço intra- articular. Além disso, há retenção de massas de cartilagem necróticas e não erodidas por vasos na epífise e/ou metáfise. Essas alterações resultam em dor, instabilidade articular e artrose. TATIANA DIAS – UFRPE (@FUTURAVET_) - Nesta patologia, há osteopetrose da cabeça e colo do fêmur, pois a aposição óssea é estimulada pelos hormônios sexuais produzidos precocemente. Com isso, as trabéculas epifisárias e metafisárias apresentam- se muito espessadas, com formação de pseudo-ósteons; - O trauma de uma trabécula com a outra, associado ao suprimento sanguíneo insuficiente, causa osteonecrose, que pode se estender para a placa óssea subcondral, com formação de grandes bolsas subcondrais; - Fissuras horizontais podem ocorrer na placa epifisária, o que quase sempre ocasiona a separação da cabeça do fêmur. • LUXAÇÃO DA PATELA: - Se a cartilagem é exposta aos esteroides muito precocemente ou se é exposta a elevadas doses em qualquer fase da vida, ocorrem alterações regressivas; - Devido a essa exposição aos hormônios esteroides, a proliferação das células da cartilagem articular, em especial na direção da epífise, é retardada, e a cartilagem torna-se delgada, e as epífises muito pequenas; - O resultado disso, na porção distal do fêmur, é uma tróclea pequena com sulco intertroclear raso, predispondo à subluxação ou luxação da patela; - A luxação e a luxação de patela também ocorrem por traumatismos. • SUBLUXAÇÃO ATLANTOAXIAL: - É uma doença, descrita somente em cães miniaturas; - A extremidade cranial da 2ª vértebra cervical, o processo odontoide, cresce a partir de uma cartilagem apofisária e a separação deste processo na cartilagem apofisária faz com que o áxis subluxe-se dorsalmente; - A medula espinhal é comprimida quando o animal abaixa a cabeça, resultando no desenvolvimento de sintomas neurológicos graves. • DISPLASIA COXOFEMORAL (DCF): - É uma doença caracterizada pela conformação anormal da articulação coxofemoral, na qual se observam: § Pequena congruência articular; § Frouxidão articular; § Subluxação; § Doenças degenerativas secundárias. - Os cães são os mais comumente acometidos, embora haja descrição em bovinos, equinos e felinos; - A má conformação da articulação do quadril é ocasionada por comprometimento do crescimento do colo e da cabeça do fêmur e também do acetábulo; - Ao mesmo tempo que os ossos crescem, eles sofrem remodelação óssea para apresentarem forma e tamanho adequados e qualquer fator que altere tanto o crescimento endocondral quanto o processo de remodelação óssea pode causar DCF; - A DCF é considerada uma doença multifatorial, pois vários fatores estão envolvidos na sua etiologia, entre eles superalimentação, genética e fatores hormonais (hiperestrogenismo materno); - Na ocorrência de alteração no crescimento endocondral e/ou no processo de remodelação óssea, a cabeça do fêmur fica menor, o colo fica mais espesso e o acetábulo fica mais raso, alterando o grau de congruência entre a cabeça e o acetábulo; isso resulta em aumento do espaço intra-articular e frouxidão da articulação; - Devido à instabilidade articular, ocorrem subsequentes alterações degenerativas secundárias (artrose) que provocam dor, claudicação e dificuldade de locomoção. • DISPLASIA DO COTOVELO: - Nesta patologia não ocorre união do processo ancôneo com a ulna; - Quando os fatores (hipercalcitoninismo, hiperestrogenismo materno, etc.) que retardam a conversão da cartilagem em osso (crescimento ósseo endocondral) atuam, ocorre essa não união do processo ancôneo com a ulna. TATIANA DIAS – UFRPE (@FUTURAVET_) b) ALTERAÇÕES METABÓLICAS DO TECIDO ÓSSEO: • OSTEOPOROSE: - É uma doença metabólica generalizada, caracterizada por menor aposição óssea, decorrente de insuficiência ou inatividade osteoblástica; - É desencadeada por qualquer fator que interfira na atividade do osteoblasto e, consequentemente, na síntese da matriz orgânica: § Os hormônios de crescimento, tireoidianos e sexuais são importantes para a atividade dos osteoblastos, de tal modo que a deficiência desses hormônios causa deficiência da síntese da matriz óssea; § A osteoporose também pode ser causada por deficiência proteica, tanto primária ou dietética, quanto secundária a distúrbios gastrintestinais, como no parasitismo intestinal, má absorção e enterite crônica; § A inatividade física (desuso ou imobilização) também é uma causa de osteoporose; § A deficiência de cobre pode afetar a síntese e a deposição de osteoide. - As alterações causadas pela osteoporose dependem do grau da doença; podehaver fragilidade óssea seguida de fraturas patológicas, redução da espessura da cortical de ossos longos e vértebras e alargamento do canal vertebral. • RAQUITISMO/OSTEOMALACIA: - São doenças metabólicas generalizadas caracterizadas por menor mineralização da matriz óssea; - O raquitismo é quando a doença acomete animais jovens antes do término do crescimento e osteomalacia é quando a doença ocorre em animais adultos após a cessação do crescimento; - Nos animais jovens, o raquitismo afeta o tecido ósseo e as cartilagens de crescimento; em animais adultos, somente há alteração do tecido ósseo; - A etiologia destas patologias está relacionada com qualquer fator que reduza o produto Ca++ X HPO4- ; a deficiência de cálcio e/ou fósforo pode baixar o produto a ponto de não possibilitar a mineralização do osteoide; - No raquitismo, há: § Aumento de volume das epífises ósseas e das junções costocondrais, com acúmulo de cartilagem não erodida e osteoide; § Placa epifisária irregular, com retardo e alteração do crescimento endocondral caracterizada por invasão irregular dos vasos nas cartilagens de crescimento, resultando em arqueamento e redução do comprimento dos ossos; § Resistência óssea diminuída, com fraturas espontâneas; § Perda de radiopacidade. - Na osteomalacia ocorre: § Acúmulo de osteoide nas superfícies de aposição; § Resistência óssea diminuída, com fraturas espontâneas; § Redução na radiopacidade. • OSTEODISTROFIA FIBROSA GENERALIZADA: - Doença metabólica caracterizada por maior reabsorção óssea; essa doença é manifestação do hiperparatireoidismo primário (causado por tumor das paratireoides) ou secundário (renal e nutricional); - No hiperparatireoidismo primário doença esquelética é consequência de síntese descontrolada e excessiva de PTH, com consequente hiperparatireoidismo, o que aumenta a reabsorção óssea e resulta em uma perda óssea progressiva e irreversível; - O hiperparatireoidismo secundário mais frequente é induzido por tentativa de reverter a hipocalcemia: em decorrência da hipocalcemia, há secreção excessiva de PTH, que aumenta a reabsorção óssea. A perda óssea é progressiva e sua reversibilidade varia conforme a causa da hipocalcemia. • OSTEONECROSE METABÓLICA: - Doença generalizada caracterizada pela morte do osteócito e subsequente desintegração da matriz óssea; - Pode ser provocada pelo excesso de hormônios esteroides (corticosteroides, esteroides sexuais e vitamina D), excesso de cobre e excesso de flúor (fluorose); TATIANA DIAS – UFRPE (@FUTURAVET_) - A patogenia pode ser bifásica, de modo que se inicia com osteopetrose e termina com osteonecrose; - As alterações macroscópicas podem não ser observadas a menos que haja fratura patológica. • OSTEOPETROSE (OU OSTEOESCLEROSE): - É uma doença caracterizada por osteomegalia, que indica muito tecido ósseo por unidade de volume do osso como órgão; - Pode ser definida como doença metabólica generalizada causada por menor reabsorção óssea ou maior aposição óssea; - A osteopetrose por maior aposição óssea se dá na recuperação do raquitismo ou do hiperparatireoidismo, em que o osteoide formado em quantidades excessivas torna-se mineralizado, o que resulta em osteopetrose transitória. Excesso de hormônios sexuais também pode acarretar osteopetrose por aumento da taxa de aposição; - Osteopetrose por menor reabsorção é causada por hipercalcitonismo, hipovitaminose A e excesso de corticosteroides, esteroides sexuais, vitamina D, flúor, chumbo, cobre e zinco; - Alguns retrovírus também podem induzir osteopetrose nos animais, por aumento da proliferação osteoblástica (vírus da leucose bovina) ou redução na reabsorção óssea (FeLV); fetos infectados pelo vírus da diarreia viral bovina e cães com cinomose também podem desenvolver a osteopetrose. c) ALTERAÇÕES NÃO METABÓLICAS DOS OSSOS: • NECROSE ÓSSEA (OU OSTEOSE): - É resultante da morte do osteócito, célula responsável pela manutenção do tecido ósseo como tecido vivo; - Existem várias causas de osteose: § Resultante de distúrbios do suprimento sanguíneo local nas fraturas; § Necrose resultante de processos inflamatórios (osteítes); § Submissão do osso ao calor excessivo (descorna); § Traumatismos com deslocamentos do periósteo e isquemia periférica; § Obliteração de vasos medulares por massas tumorais (osteossarcoma, linfossarcoma) e trombos. - Nesta patologia, o periósteo e a superfície cortical tornam-se opacos e secos e o periósteo pode ser descolado com facilidade; - O osso necrótico é lenta e progressivamente removido por osteoclasia e a irregularidade do processo torna a superfície óssea irregular e áspera; os limites da necrose ficam demarcados por osteófitos (excrescências ou exostoses) marginais ou isolados por tecido cicatricial. • CISTOS: - O cisto ósseo é uma cavidade macroscopicamente visível, em geral revestida por membrana e contendo fluido; - Têm-se os cistos subcondrais (localizados abaixo da cartilagem articular), cistos unicamerais (apenas uma câmera), cistos aneurismais (cheios de sangue), etc; - Os cistos subcondrais são consequências da osteocondrose; os cistos unicamerais ocorrem na displasia fibrosa; e os cistos aneurismais são multiloculares, contêm sangue e se originam de distúrbios vasculares da medula óssea. • OSTEOPATIA HIPERTRÓFICA: - É uma síndrome que se caracteriza pela formação difusa de osteófitos periosteais, que conferem irregularidade ao córtex; estes costumam se confinar aos ossos dos membros; - É secundária às lesões crônicas, em geral intratorácicas, de natureza inflamatória ou neoplásica (tuberculose, pleurite granulomatosa, linfadenite granulomatosa, bronquite crônica, neoplasias pulmonares, granulomas e sarcomas esofágicos por Spirocerca lupi e neoplasias da parede torácica); TATIANA DIAS – UFRPE (@FUTURAVET_) - Na maioria dos casos, as lesões ósseas são evidenciadas clinicamente, antes que as lesões intratorácicas sejam detectadas; - Há algumas outras patologias que também resultam em osteopatia hipertrófica: § Rabdomiossarcoma de bexiga nos cães; § Tumores ovarianos em éguas; § Lesões intestinais crônicas. - Diversas teorias tentam explicar o aparecimento das lesões, mas nenhuma é totalmente aceita. • FRATURAS: - Decorrem da submissão do osso a um estresse de curta duração; - As fraturas podem ser: § Traumáticas - quando ocorrem em um osso normal, sobre o qual o estresse necessário para provocar fratura é muito grande; § Espontâneas ou patológicas – caso o osso seja anormal, por doenças metabólicas, inflamatórias, neoplásicas ou degenerativas, as fraturas ocorrem sem que seja necessário aplicar ao osso estresse muito grande. - Quanto à extensão, à forma e à natureza, as fraturas podem ser classificadas em: § Fechadas – os tecidos de revestimento adjacentes ao osso permanecem intactos); § Compostas ou expostas - os tecidos de revestimento sofrem solução de continuidade, expondo o osso ao meio ambiente; § Completas – há separação completa dos fragmentos fraturados; § Incompletas – a descontinuidade do osso não é completa; § Cominutiva – o osso se parte em vários fragmentos; § Por compressão – as extremidades dos fragmentos ósseos estão comprimidas uma dentro da outra. PROCESSO DE REPARAÇÃO DE FRATURAS: 1) O primeiro evento que ocorre com a fratura é a hemorragia, que ocorre devido à ruptura de diversos vasos periosteais, medulares e daqueles presentes no osso cortical (canais de Havers e de Wolkman). 2) Forma-seum coágulo, que interrompe a irrigação local, causando isquemia e necrose do osso e da medula óssea. A medula óssea necrótica é removida por liquefação e remoção fagocitária, enquanto o osso necrótico é removido por osteoclasia. 3) O coagulo se organiza, propiciando proliferação, migração e diferenciação celular, seguidas de neoformação óssea. 4) Forma-se o calo primário, composto de osso imaturo (fibroso) e dividido em calo externo e calo interno. O calo externo, mais importante, é produzido pelo periósteo, enquanto o calo interno é produzido pelo endósteo. 5) O calo ósseo primário é remodelado (o osso fibroso é substituído por osso trabecular) e se forma o calo ósseo secundário, dividido também em externo e interno. No calo externo, a proliferação periosteal promove a formação de um colar em torno das extremidades de cada fragmento ósseo, e suas células diferenciam-se em condrócitos, que secretam cartilagem hialina. 6) Inicia-se, nessa cartilagem neoformada, um processo de substituição por osso. O calo interno forma-se quase sempre sem a intermediação de cartilagem e oclui a cavidade medular. 7) Então, desaparece a descontinuidade do osso. O calo ósseo secundário sofre lenta e gradual remodelação até que haja completa restauração do osso. - Se o alinhamento dos fragmentos fraturados não for o ideal, poderá haver deformação do osso, calo ósseo excessivo e remodelação prolongada; - Se o processo inflamatório for crônico, a neoformação óssea se dá principalmente nas margens da fratura, produzindo grande calo, que contém tecido inflamatório crônico (tecido de granulação e microabscessos) e fistulas; - Quando o processo inflamatório é prolongado ou quando a maior parte das extremidades do fragmento Baseando-se em uma fratura completa e fechada de um osso longo, com boa coaptação das extremidades fraturadas. A proliferação periosteal se dá em 24h; e a produção e a mineralização do osso fibroso, em 1 semana. TATIANA DIAS – UFRPE (@FUTURAVET_) principal for destruída, a união óssea não se processa e ocorre pseudoartrose; - Pseudoartrose também se forma nos casos de imobilização inadequada, na interposição de tecido mole entre as extremidades fraturadas e em determinadas condições em que há perda da capacidade reparadora do tecido ósseo (senilidade, caquexia, isquemia e perda de neurotropismo. d) ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS DO OSSO: • OSTEÍTE: - É a inflamação de um osso ou parte dele que está confinada ao TC vascular do osso (periósteo, TC vascular intracortical, cavidade medular); - Conforme sua origem, pode ser classificada em: § Periostite – no periósteo; § Osteomielite – na cavidade medular. - Dificilmente o processo fica confinado ao seu local de origem, devido à extensa rede de anastomoses vasculares entre periósteo, córtex e medula óssea. • PERIOSTEÍTE: - Ocorre, frequentemente, por extensão de processos inflamatórios nos tecidos adjacentes (a via de infecção é por expansão) e permanece como alteração local, afetando apenas um determinado osso: § Falanges - expansão de pododermatite; § Osso alveolar – expansão de estomatite fibrinonecrótica, como na doença periodontal; § Seios paranasais – expansão de sinusite; § Porção timpânica do osso temporal (extensão de otites medias; § Proeminências osseas – extensão de escaras de decúbito; § Cornetos nasais – expansão de rinite. § Etc. - Outros exemplos de osteítes não hematogênicas são aquelas secundárias às fraturas expostas, às poliartrites, às sinovites e aos traumatismos que provocam deslocamento do periósteo; - O sinal característico desse tipo de osteíte são as exostoses ou osteófitos. • OSTEOMIELITE: - Osteíte hamatogênica que se inicia na medula óssea e cujos agente, em geral, provocam septicemia e morte antes que a lesão óssea se torne evidente; - Os animais jovens são os mais afetados e exceções desse fato são as osteítes secundárias às micoses profundas e à infecção por Leishmania infantum, em cães; - Uma das formas mais frequentes de osteomielite é a espondilite (osteíte vertebral), envolvendo um ou dois corpos vertebrais, que tende a ser supurada. As causas mais comuns desse processo são Trueperella (Arcanobacterium) pyogenes, em bovinos, e Brucella spp., em suínos e cães; - Os agentes, quase sempre piogênicos, originam-se de focos primários em outros órgãos (Trueperella pyogenes, Klebsiella, E. coli e Streptococcus em bovinos; Salmonella em equinos; micoses sistêmicas em cães; Brucella e suínos; e tuberculose em todas as espécies). e) ALTERAÇÕES NEOPLÁSICAS DOS OSSOS: f) ALTERAÇÕES DEGENERATIVAS DAS ARTICULAÇÕES: - As alterações degenerativas das cartilagens são conhecidas por artrite degenerativa, osteoartrite degenerativa, artrose, osteoartrose ou artropatia; - A artrose é um processo que afeta primordialmente a cartilagem articular, embora existam evidências de que alterações vasculares ou do colágeno do osso subcondral possam ter importância primária; - A artrose se dá com a idade e é considerada um fenômeno normal, que progride de maneira lenta o suficiente para possibilitar certas adaptações e não provocar doença; TATIANA DIAS – UFRPE (@FUTURAVET_) - Quando a degeneração inicia-se muito cedo, progride com rapidez ou resulta em dor e distúrbios locomotores, é considerada patológica; - As causas são pouco conhecidas, mas, dois fatores básicos influenciam o desenvolvimento da artrose § Inabilidade da cartilagem madura de se reconstituir; § Constante estresse mecânico do uso. - Qualquer aumento da suscetibilidade à lesão, seja por fraqueja primaria da cartilagem ou por alterações secundárias, também aumenta os riscos de desenvolvimento de artrose. • SOBREOSSO (RINGBONE): - É a artrose das articulações interfalangeanas dos ungulados, especialmente do cavalo, que se caracteriza por respostas periarticulares mais proeminentes que as intra-articulares; - A disposição das lesões periarticulares em torno das extremidades do osso assemelha-se a um anel espesso colocado sobre a articulação; - Anquilose é sequela frequente e advém das erosões da cartilagem ou das exostoses periarticulares. • ESPARAVÃO: - É a artrose do tarso do cavalo e, ocasionalmente, do bovino que inicia-se nas cartilagens do segundo e do terceiro ossos do tardo e progride para os outros ossos pequenos; - Anquilose fibrosa ou óssea sempre ocorre quando há exposição do osso subcondral, mas as reações periarticulares estão ausentes ou não são perceptíveis. • ESPONDILOSE: - É uma doença degenerativa da coluna vertebral caracterizada por osteófitos (neoformações ósseas) nos espaços intervertebrais e/ou nas regiões ventral e dorsal dos corpos vertebrais, que funcionam como pontes ósseas completas unindo os corpos das vértebras; - A formação desses osteófitos é induzida por alterações degenerativas do disco e das facetas articulares das vértebras; - Durante o processo degenerativo, ocorre metaplasia óssea do colágeno do disco nas extremidades das vertebras e neoformação óssea periosteal na superfície dos corpos vertebrais. Essa neoformação continua pelo corpo vertebral, causando anquilose; - Dependendo do estágio da doença, recebe o nome de espondilose anquilosante ou espondilose anquilosante deformante; - A doença pode ser assintomática, mas, quando sintomática, os animais podem apresentar: dor à palpação da coluna e claudicação de um ou mais membros, chegando a apresentar estreitamento do canal vertebral, com compressão da medula espinhal e com paralisia e atrofia musculardos membros. g) ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS DAS ARTICULAÇÕES: - Artrite é a inflamação das estruturas intra-articulares, podendo ser infecciosa ou não infecciosa, embora a grande maioria seja infecciosa; - Quando os microrganismos penetram na articulação, desenvolve-se sinovite; portanto, toda artrite é, primariamente, uma sinovite, que se expando para as outras estruturas articulares, bainhas e tendões (artrite e tendovaginites são simultâneas); - Os microrganismos alcançam a articulação por: § Penetração direta através de feridas; § A partir de focos de infecção nos tecidos adjacentes – é raro, mas pode ocorrer a partir de osteíte por corinebactérias e estafilococos ou de pododermatite necrobacilar; § Por disseminação hematogenica. - A membrana sinovial é um local altamente favorável à colonização bacteriana, de modo que, em todas as bacteriemias e septicemias, o microrganismo é detectado nas articulações mesmo antes de qualquer alteração ser percebida; TATIANA DIAS – UFRPE (@FUTURAVET_) - A maior parte das artrites infecciosas é hematogenica e poliarticular. No início, a artrite é poliarticular, mas, após breve período, o processo é abortado em muitas articulações e torna-se ativo e progressivo em outras (em geral, nas grandes articulações dos membros); - A maioria dos agentes provoca inflamação serofibrinosa, mas alguns produzem reação purulenta (corinebactérias e estafilococos). No caso dos estreptococos (bactérias tipicamente piogênicas), a reação é serofibrinosa, pois o animal morre antes de a artrite se tornar purulenta. ARTRITE SEROFIBRINOSA: - Inicia-se com a transferência, por via hematogênica, de bactérias para a membrana sinovial e sua entrada no liquido sinovial; - As vilosidades da membrana tornam-se proeminentes e visíveis à macroscopia, devido à hiperemia e edema. O liquido sinovial aumenta e torna-se discretamente turvo e mucinoso. Ocorrem pequenas hemorragias na membrana e há exudação de fibrina; - Há efusão do líquido do edema e do exsudato para a camada fibrosa da cápsula e tecidos periarticulares. A membrana sinovial continua a proliferar e as vilosidades aumentam e se tornam complexamente ramificadas; - Ocorre aumento no número de células mononucleares no líquido sinovial, e alguns poucos neutrófilos passam para o líquido, em quantidade insuficiente para caracterizar supuração; - O estroma da cápsula também prolifera e, junto com a membrana proliferada, forma uma fímbria de tecido de granulação, o pânus; o pânus cresce, expande-se e tende a se aderir à superfície da cartilagem articular: - Quando a articulação se torna estéril, a artrite pode seguir 3 cursos, dependendo da gravidade da reação e do grau das alterações funcionais e estruturais: § Resolução completa das lesões; § Reparação das lesões por fibrose (cicatrização) com organização de exsudato, pânus e tecido proliferado da cápsula e imobilização permanente da articulação, aderência das superfícies articulares (anquilose fibrosa) e condrogênese ou ossificação do tecido organizado (anquilose óssea); § Persistência da inflamação. Mesmo não havendo reinfecção ou continuidade da infecção, o processo continua ativo, embora em menor grau. ARTRITE PURULENTA: - Também inicia-se como sinovite, mas a inflamação progride mais rapidamente e é mais grave; - O exsudato contém grande número de neutrófilos e, nos estágios iniciais, o fluido é fino e turvo. Com a progressão do processo, a membrana sinovial é ulcerada e o exsudato se transforma em pus; - Ocorre degeneração e necrose da cartilagem articular, pois o pus impede a nutrição normal da cartilagem e a torna suscetível às toxinas contidas no exsudato; - Através de fendas e erosões da cartilagem, o exsudato alcança o osso subcondral e disseca a cartilagem da epífise, ocasionando em osteomielite. O processo se expande para capsula e tecidos periarticulares, provocando fleimão e tendovaginite (inflamação das bainhas fibrosas dos tendões). Obs: o fleimão pode fistular para a pele. - Se o processo inflamatório for abortado espontânea ou terapeuticamente, antes de haver degeneração da cartilagem, a reparação pode ser completa ou persistir como sinovite asséptica (hipersensibilidade); O curso e as consequências da artrite dependem de a reação ser serofibrinosa ou purulenta, embora seja possível a transformação de uma em outra, dependendo da natureza e persistência do agente. Nesse estágio, a infecção é debelada e a articulação volta a ser estéril, a não ser que a presença do agente no sangue seja intermitente. Enquanto os demais tecidos articulares e periarticulares estão sendo reparados, a membrana sinovial permanece reativa (sinovite); isso ocorre porque os peptidiosglicanos da parede bacteriana não são degradados e removidos pelos macrófagos (reação de hipersensibilidade). TATIANA DIAS – UFRPE (@FUTURAVET_) - Na reparação do fleimão periarticular, pode haver fibrose, com imobilização permanente da articulação e, caso já tenha ocorrido degeneração da cartilagem, o processo de reparação é idêntico ao da artrose. ARTRITES NÃO INFECCIOSAS: - São divididas em erosivas e não erosivas: § As erosivas caracterizam-se basicamente por sinovite proliferativa e destruição tecidual; § As não erosivas caracterizam-se por processo serofibrinoso, sem proliferação da membrana sinovial e formação de pânus. Estão associadas à deposição de complexo antígenoanticorpo na membrana sinovial.