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TÓPICOS FILOSÓFICOS PROFESSOR (A): COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 2 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 SUMÁRIO 1. Definições dos filósofos sobre a Filosofia..................................................................... 3 1.1. O conceito de Filosofia .................................................................................................. 4 2. A Filosofia No Brasil.......................................................................................................... 5 2.1. O Ensino De Filosofia No Brasil ................................................................................... 7 3. Filosofia Da Educação ...................................................................................................... 9 3.1.Fundamentos Filosóficos Da Educação ........................................................................ 9 4. A Filosofia e as Demais Aréas do Conhecimento ....................................................... 15 4.1.Filosofia analítica .......................................................................................................... 15 4.2. Filosofia da arte ........................................................................................................... 16 4.3. Filosofia da religião ..................................................................................................... 16 4.4. Filosofia politica ........................................................................................................... 17 4.5. Filosofia da economia ................................................................................................. 17 4.6. Filosofia do direito ....................................................................................................... 17 4.7. Filosofia da informação ............................................................................................... 18 4..8. Filosofia da historia .................................................................................................... 18 4.9. Filosofia da linguagem ................................................................................................ 19 4.5. Filosofia da Matemática .............................................................................................. 19 4.6. Filosofia da mente ....................................................................................................... 20 4.7. Filosifia da fisica .......................................................................................................... 20 4,8. Filosofia da ciências .................................................................................................... 20 4.9. Filosofia cristã .............................................................................................................. 21 5. Educação e Temas Transversais .................................................................................. 22 6.Considerações Finais....................................................................................................... 30 7. Bibliografia ....................................................................................................................... 31 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 3 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 1. DEFINIÇÕES DOS FILÓSOFOS SOBRE A FILOSOFIA Em "Eutidemo" de Platão, é o uso do saber em proveito do homem, o que implica, 1º, posse de um conhecimento que seja o mais amplo e mais válido possível, e, 2º, o uso desse conhecimento em benefício do homem. Para René Descartes, significa o estudo da sabedoria. Para Thomas Hobbes, é o conhecimento causal e a utilização desse em benefício do homem. Para Kant, é ciência da relação do conhecimento finalidade essencial da razão humana, que é a felicidade universal; portanto, a Filosofia relaciona tudo com a sabedoria, mas através da ciência. Para Friedrich Nietzsche, a filosofia "É a vida voluntária no meio do gelo e nas altas montanhas a procura de tudo o que é estranho e problemático na existência, de tudo o que até agora foi banido pela moral." Para John Dewey, é a crítica dos valores, das crenças, das instituições, dos costumes, das políticas, no que se refere seu alcance sobre os bens . Para Johann Gottlieb Fichte, é a ciência da ciência em geral. Para Auguste Comte, é a ciência universal que deve unificar num sistema coerente os conhecimentos universais fornecidos pelas ciências particulares. Para Bertrand Russell, a definição de "filosofia" variará segundo a filosofia que adotada. A filosofia origina-se de uma tentativa obstinada de atingir o conhecimento real. Aquilo que passa por conhecimento, na vida comum, padece de três defeitos: é convencido, incerto e, em si mesmo, contraditório. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 4 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 1.1. O conceito de Filosofia A palavra Filosofia é composta de duas outras palavras de origem grega: Filos, que significa amor, amizade, e Sofia, que traduzimos como sabedoria ou conhecimento. É a Pitágoras de Samos (571 a.C. – 496 a.C.) que se atribui a invenção da palavra. Este, quando solicitado por um rei a demonstrar seu saber, disse-lhe que não era sábio, mas Filósofo, ou seja, amigo da sabedoria. Ainda na Grécia Antiga, e tentando definir melhor o sentido da Filosofia, Platão (428 a.C. – 347 a.C.) mostra que o amor (Filos) é carência, desejo de algo que não se tem. Logo, a Filosofia é carência, mas também recursos para buscar o que se precisa, e o filósofo não é aquele que possui o saber, mas sim quem busca conhecer continuamente. Já no período Medieval, a Filosofia tornou-se investigação racional posta a serviço da fé. Isso porque com o advento do cristianismo e sua adoção pelo Império Romano, bem como com o surgimento da Igreja Católica, desenvolveu- se um modelo de saber em que a razão discursiva justificaria a compreensão dos textos sagrados. No período Clássico (Renascença e Modernidade), a Filosofia se confundiu com o estudo da sabedoria entendida como um perfeito conhecimento de tudo o que o homem pode saber para conduzir sua vida (moral), para conservar sua saúde (medicina) e criar todas as artes (mecânica). Hoje, no período que chamamos de contemporâneo ou pós-moderno, a Filosofia recebe várias acepções, dentre as quais estão: Uma correspondência do ser na linguagem; Análise crítica dos métodos utilizados nas ciências; Instrumento de crítica às formas dominantes de poder, bem como da tomada de conscientização do homem inserido no mundo do trabalho. Vista dessa maneira, a Filosofia não pode ser confundida nem com o mito, nem com a ciência. Isso porque ao mesmo tempo em que exige INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 5 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 análise, crítica, clareza, rigor, objetividade (como a ciência) percebe-se que os discursos em busca do conhecimento do todo são construídos na história segundo modelos de racionalidade que vão sendo revisados e substituídos com o tempo (o que a aproxima do mito). A filosofia permanece em uma busca constante da sabedoria. Existem três formas de se conceber a Filosofia: Metafísica: a Filosofia é o único saber possível, as demais ciências são parte dela. Dominou na Antiguidade e Idade Média. Sua característica principal é a negação de que qualquer investigação autônoma fora da Filosofia com validade, produzindo estas um saber imperfeito, provisório. Um conhecimento é filosófico ou não é conhecimento. Desse modo,o único saber verdadeiro é o filosófico, cabendo às demais ciências o trabalho braçal de garimpar o material sobre o qual a Filosofia trabalhará, constituindo não um saber, mas um conjunto de expedientes práticos. Hegel afirmou: "uma coisa são o processo de origem e os trabalhos preparatórios de uma ciência e outra coisa é a própria ciência." Positivista: o conhecimento cabe às ciências, à Filosofia cabe coordenar e unificar seus resultados. Bacon atribui à Filosofia o papel de ciência universal e mãe das outras ciências. Todo o iluminismo participou do conceito de Filosofia como conhecimento científico. Crítica: a Filosofia é juízo sobre a ciência e não conhecimento de objetos, sua tarefa é verificar a validade do saber, determinando seus limites, condições e possibilidades efetivas. Segundo essa concepção, a Filosofia não aumenta a quantidade do saber, portanto, não pode ser chamada propriamente de "conhecimento da arte". INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 6 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 2. A FILOSOFIA NO BRASIL O pensamento filosófico brasileiro constituiu-se a partir do final do século XVIII, passando por sucessivas mutações, até ganhar a pluralidade de formas e correntes que possui em nossos dias. Contudo, não é possível falar de uma tradição intrinsecamente brasileira de pensamento, constituidora de um cabedal de ideias e de uma metodologia próprios. Em um país relativamente jovem, cuja porção letrada era formada por imigrantes europeus e seus descendentes, a filosofia em nosso país foi, em sua quase totalidade, influenciada por correntes europeias, predominantemente pelo pensamento e cultura franceses. Os primeiros pensadores brasileiros de que se tem notícia adotavam as teorias sensistas e materialistas de Condillac e Cabanis, tentando conciliá- las com o espiritualismo eclético, veiculado, especialmente, por Victor Cousin. Dentre os adeptos deste direcionamento, destacam-se, no século XIX, Eduardo Ferreira França e Domingos José Gonçalves de Magalhães. Contrapondo-se a esta tendência, a filosofia tomista sempre encontrou expressão no Brasil. Seu principal órgão de difusão foram os padres jesuítas, cuja ordem chegou ao país na época mesma de seu descobrimento. Podemos citar, entre seus principais representantes no século passado, José Soriano de Souza e Vicente Cândido Figueiredo de Sabóia. O principal objetivo destes pensadores era empreender a crítica, a um só tempo, do materialismo e do espiritualismo reinantes entre os filósofos brasileiros de seu tempo, a fim de apresentar o pensamento escolástico como solução para resolver a contradição matéria-espírito, presente na obra dos filósofos criticados. Uma doutrina largamente difundida em nosso país durante todo o século passado, permanecendo atuante até as primeiras décadas deste século, é o positivismo. Seus adeptos exerceram influência não apenas filosófica, mas igualmente política, desempenhando importante papel na proclamação da República. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 7 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Podemos citar como seus adeptos: Benjamin Constant, Miguel Lemos e Teixeira Mendes. As correntes evolucionistas e culturalistas, em voga na Europa durante a segunda metade do século XIX, também se encontraram representadas no Brasil. Seus principais divulgadores foram Tobias Barreto e Sílvio Romero, partidários do culturalismo alemão e do evolucionismo de Spencer, respectivamente. Podemos citar como o filósofo brasileiro de maior fôlego e originalidade Raimundo de Farias Brito, o maior representante da filosofia em nosso país. Este pensador procura desenvolver uma investigação de caráter próprio acerca dos principais temas filosóficos atrelados aos problemas existenciais: a verdade, a vida, a dor, a morte. No princípio do século XX, vemos surgir Leonel Franca como um dos nomes mais representativos do pensamento filosófico deste período. Pensador neotomista, desempenhou importante papel na restauração e renovação deste pensamento, frente às questões trazidas pelas doutrinas materialistas e espiritualistas. O pensamento filosófico em nosso país foi, ao longo do século XX, ampliando seus horizontes e suas áreas de contato. Apesar de ainda não podermos falar em uma “filosofia do Brasil”, é possível abordar a filosofia no Brasil como sendo matéria de interesse crescente. Em nosso país, algumas universidades divulgam uma gama muito diversificada de correntes, ocorrendo estudos aprofundados e intercâmbios com os principais pensadores de nosso século. Podemos citar, como principais direcionamentos da investigação filosófica brasileira atual: a filosofia analítica, o pensamento existencial francês e alemão, as filosofias antiga e moderna, o marxismo, a ética, a epistemologia, a lógica, a filosofia francesa contemporânea. 2.1. O Ensino De Filosofia No Brasil O ensino de Filosofia aportou, em nosso país, com os religiosos da Companhia de Jesus, no século XVI (1553). Foram eles que exerceram maior INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 8 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 influência na primeira fase da História da Educação no Brasil. Os jesuítas eram os responsáveis pela educação e catequese dos povos das colônias procurando sempre propagar e fortalecer a fé cristã. Em uma carta Pe. Anchieta relatou as atividades exercidas no Brasil: “...Mas, embora o nosso principal cuidado fosse ensinar e inculcar a eles os rudimentos da fé, também lhes ensinavam as letras; pois eram de tal modo aficionados a aprender a doutrina, que na mesma ocasião eram levados a aprender a doutrina da salvação; davam conta daquilo que pertencia à fé, instruídos segundo algumas fórmulas de interrogações (catecismo), alguns até sem elas...”(SCHMITZ.1994). Como se pode observar, os jesuítas exerciam, de certa forma, uma espécie de teocracismo, que suscitava assim um monopólio do pensamento e afastava Portugal das contribuições do movimento científico da época, com Descartes, Bacon, Galileu e outros. A educação estava, na época, segundo Cartolano (1985), voltada para os setores da elite dirigente, com conteúdo livresco, formalista, retórico, gramatical, sem base natural e nacional, que servia de deleite ao colono branco, rico e católico. A cultura filosófica passa a ser “mero comentário teológico, baseado, principalmente, na renovação da escolástica aristotélica” (CARTOLANO, 1985). Era uma simples reprodução de ideias. “A filosofia era assim considerada uma disciplina livresca. Da Europa ela nos vinha já feita. Era sinal de grande cultura o simples fato de saber reproduzir as ideias mais recentemente chegadas. A novidade supria o espírito de análise, a curiosidade supria a crítica” (COSTA, 1967). Todo esse contexto deixou traços marcantes no processo educativo do povo da colônia. No que diz respeito à Filosofia, ela se constitui mais INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 9 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 precisamente como assimilação, “registro, comentário, eco de escolas e correntes estrangeiras” (COSTA, 1967). A Filosofia servia para incutir uma determinada doutrina, prevenir possíveis desvios em relação a ela, bem como, defendê-la. Isto prova o papel militante e teológico da Filosofia na época. Destinava-se ao preparo da elite intelectual marcada pela maneira árida de pensar e de interpretar a realidade. Os estudos se compunham “de quatro séries de gramática (assegurar expressãoclara e exata), uma de humanidades (assegurar expressão rica e elegante), e uma de retórica (assegurar expressão poderosa e convincente)” (CARTOLANO, 1985). Por motivos de ordem unicamente política, o Marquês de Pombal expulsou os jesuítas da colônia, sob o pretexto de que o ensino deveria preparar o cidadão para servir ao estado civil e não à igreja. Nesse momento, no Brasil começam, então, a chegar ideias modernas da França, tais como: de igualdade, de liberdade, defesa de um anticristianismo. A fé e as convicções tradicionais são fortemente criticadas. A Filosofia procura ultrapassar a questão do escolaticismo visando aos resultados da ciência aplicada. O pensamento era ao mesmo tempo racionalista e revolucionário. “Pretende pôr e resolver as questões de uma vez para sempre, matematicamente, sem tomar em consideração as circunstâncias históricas; por outro lado, a teoria do conhecimento dominante é o empirismo sensualista” (CARTOLANO, 1985). Essas ideias eram difundidas pela Enciclopédia (enciclopedismo) no período de 1750-1780. O seu teor consistia na difusão das ideias iluministas, “com certa prudência e habilidade infiltrava os pensamentos críticos e atacava a Igreja e todas as convicções vigentes” (CARTOLANO, 1985). O enciclopedismo permeou assim, os meios intelectuais e religiosos da época. A razão é entendida como a única fonte do conhecimento, em contraposição às orientações teológicas (filosofia da salvação). Devido a essas ideias, todo o movimento enciclopedista foi severamente considerado como subversivo e com ideias totalmente contrárias à ordem. Assim, em 1794, várias pessoas foram presas, principalmente, em Minas Gerais. Era considerado crime propagar esse movimento, crime se voltar INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 10 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 contra o despotismo da igreja. Continuava o intento de nos tornarem passivos diante da realidade, sem nenhuma autonomia de pensamento. Esse movimento causava o medo de que as pessoas vislumbrassem novos horizontes intelectuais. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 11 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 3. FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO A filosofia da educação é um ramo do pensamento que se dedica à reflexão sobre os processos educativos, à análise do(s) sistema(s) educativo(s), sistematização de métodos didáticos, entre diversas outras temáticas relacionadas com a pedagogia. O seu escopo principal é a compreensão das relações entre o fenômeno educativo e o funcionamento da sociedade. São várias as teorias educacionais "tradicionais" e "progressistas". Tradicional Escola Nova Renovada Não diretiva Progessista Libertária Libertadora Crítico social dos conteúdos 3.1.Fundamentos Filosóficos Da Educação A educação se constitui num dos principais bens da humanidade. Por ela, as gerações vão legando, umas às outras, as experiências, os conhecimentos, a cultura acumulada ao longo da história, permitindo tanto o acesso ao saber sistematizado, como a produção de bens necessários à satisfação das necessidades humanas. Contudo, por ser histórica, a educação não se faz sempre da mesma forma em todas as épocas e em todas as sociedades. Ela se faz de acordo com as condições possíveis em cada momento do processo de desenvolvimento social, histórico, cultural e econômico, ou seja, fazer educação pressupõe pensá-la e fazê-la numa perspectiva político-pedagógica. Isso significa compreender que a educação INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 12 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 não é um trabalho que se executa meramente no interior de uma sala de aula, de uma escola, limitado à relação educador-educando. O ato pedagógico não é neutro: carrega implicações sociais, está marcado pela prática de todos os envolvidos no processo educativo e é mediado por relações sócio históricas. Compreendida a educação dessa forma, essa proposta pedagógica parte de determinados pressupostos. Baseando-se em Marx (1981), podemos afirmar que, o primeiro é o de que a realidade não é estática, pois se encontra em constante movimento, ou seja, está em constante devir, em constante vir a ser e que, portanto, tudo o que existe hoje não existiu, não existe e não existirá da mesma forma; o segundo é que é preciso estar vivo para fazer história, e quem faz a história é o próprio homem; o terceiro é que a base da sociedade está fundada no trabalho. Esses três pressupostos marcam a vida do homem e estabelecem seus limites e suas possibilidades. Quando falamos que a realidade não é sempre a mesma, que nada é eterno, que eterno é só o movimento, referimo-nos ao fato de que o primado encontra-se na matéria e não nas ideias. A matéria, por sua vez, não é algo inerte, fixo e imutável. Ela tem uma dinâmica interna própria. No seu processo de transformação, tomando como referência a teoria do big bang, ocorrido há cerca de 10 a 15 bilhões de anos, devido à ação e à interação de suas forças internas, a matéria continua passando por um processo de diferenciação. Com isso, ela vai transitando de algo informe para algo que assume determinadas formas. Dessa dinâmica não se constituem apenas as coisas que vemos à nossa volta. Produz-se também o homem. Nessa perspectiva, o homem não se apresenta como um ser pronto e acabado, mas como um ser que é produzido pelo meio, pela própria natureza e que, à medida que vai sendo produzido, vai se sensibilizando em relação ao meio, vai conhecendo e adquirindo experiências que vão sendo acumuladas e transmitidas de uns aos outros, possibilitando a adaptação do meio às suas necessidades. Ou seja, o homem é um produto do meio que, em sendo produzido, passa a produzir o meio que o produz e em que se produz. À medida que o homem é produzido, passa a agir sobre o meio para garantir sua sobrevivência. O homem, porém, diferencia-se dos demais seres INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 13 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 vivos em função de que, para garantir sua sobrevivência, precisa trabalhar. O trabalho2 se constitui na marca do homem, de tal forma que não dá para entendê-lo dissociado da noção de trabalho, bem como não é possível compreender o trabalho sem relacioná-lo ao homem. Trabalho significa dispêndio de energia, de sangue, de suor e de nervos humanos na produção dos bens (materiais e intelectuais) necessários à sua sobrevivência. Isso implica pensar que trabalho não se confunde apenas com trabalho manual, braçal e físico; significa que também podemos falar de trabalho imaterial ou intelectual, como veremos adiante. Trabalho, portanto, é uma condição existencial do homem. É por ele que o homem consegue produzir as coisas e os bens necessários à sua sobrevivência. Porém, importa superar a condição de alienação3à qual o trabalho está submetido. A categoria trabalho é compreendida aqui, na perspectiva marxista, como sendo a atividade consciente e planejada pela qual o ser humano, ao mesmo tempo em que extrai da natureza os bens capazes de satisfazer as suas necessidades de sobrevivência, cria as bases de sua realidade sociocultural e produz-se a si mesmo, desenvolvendo as capacidades superiores que o diferenciam dos outros animais. Como dissemos o homem não nasce pronto e acabado, ou seja, não aparece da forma como o conhecemos hoje. À medida que passa a interagir com a natureza, adquire experiências e conhecimentos,desenvolve seu cérebro que, simultaneamente, lhe permite enfrentar e resolver desafios cada vez mais exigentes e complexos. Com isso, não apenas desenvolve sua capacidade cognitiva, como também adquire a capacidade de produzir instrumentos e bens cada vez mais aperfeiçoados, atendendo às crescentes e diversificadas necessidades de cada momento. Portanto, à medida que o homem vai interagindo com o meio, também vai sendo transformado, vai sendo produzido como homem, vai humanizando a natureza, acumulando conhecimentos, produzindo novos instrumentos e transformando o meio. Isto é, o homem vai se humanizando pelo trabalho. Se o pressuposto fundamental de toda a matéria viva, e em especial do ser humano, é estar vivo, ele precisa satisfazer algumas necessidades básicas, tais como comer, vestir, beber, morar e algumas (infinitas) coisas mais. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 14 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Todavia, não consegue essas coisas da mesma forma que os outros seres vivos; o homem precisa trabalhar, e o faz sobre os meios de produção, isto é, sobre a terra, as fábricas, a escola, dentre outras. Não o faz sempre da mesma forma, mas de acordo com o estágio de desenvolvimento das forças produtivas materiais, ou seja, de acordo com o grau de desenvolvimento cognitivo, da ciência e da habilidade técnica. Além disso, a produção dos bens necessários à sobrevivência não ocorre de forma individual, pois não conseguimos produzir sozinhos e isolados todos os bens de que necessitamos para viver. De acordo com Marx (1983), os homens se definem pelo trabalho. A característica dos meios de produção também determina as relações sociais que os homens estabelecem entre si. Se os meios de produção forem privados, teremos um determinado tipo de relações sociais de produção, qual seja de dominação e de exploração; se os meios forem coletivos, não teremos necessidade desse tipo de relação, mas sim de colaboração e de ajuda mútua. Isso tudo determina o modo de produção da vida social, que é a forma como os homens se organizam numa determinada sociedade e numa determinada época, para garantir a produção dos bens necessários à sobrevivência. Ao longo da história, temos os modos de produção antigo, escravista, feudal, capitalista e algumas tentativas de se implantar o socialismo. Desde a Antiguidade até nossos dias, como nos diz Karl Marx, a história tem sido a história das lutas de classes, quer seja entre senhores e escravos, entre servos e suseranos, entre patrões e proletários, ora aberta e franca, ora difusa e dissimulada. Como dissemos, desde o surgimento da propriedade privada e dos meios de produção, até o momento atual, a organização da sociedade permanece fundada nas classes e nas lutas de classes. Hoje, ainda que a sociedade tenha algumas características dos diferentes modos de produção, apresentam-se hegemonicamente sob a forma capitalista, cujo centro é o capital e o lucro. Isso, inclusive, tem marcado o próprio conhecimento e a educação. O conhecimento é um bem necessário e fundamental à produção da sobrevivência, que depende deste e o produz. Contudo, ele não é uma propriedade exclusiva do homem; é um atributo de toda a matéria viva organizada. Todos os seres vivos conhecem, ainda que nem todos o façam da mesma forma, nas mesmas condições e do mesmo modo. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 15 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 O homem atinge um grau de desenvolvimento maior do conhecimento, iniciando seu processo por meio dos sentidos e acumulando experiências, sendo capaz de realizar abstrações e de organizar o pensamento, chegando ao nível do conhecimento científico e metódico, possibilitando utilizar esse instrumento como ação de transformação intencional sobre o mundo. À medida que o homem vai interagindo com a natureza, ela deixa de ser a determinante absoluta da realidade; o homem deixa de ser simplesmente determinado, para ser também determinante. Assim, a natureza, ao mesmo tempo em que é agente, transforma-se em objeto. O homem passa a se apropriar da natureza e expressa essa relação por meio da linguagem, nas suas diversas formas. A linguagem assume o papel de mediadora da produção e da apropriação de conhecimento; mediadora da transformação material e social. Mas, se dissemos que o conhecimento é uma propriedade de toda matéria viva, em que consiste, afinal, o conhecimento? Conhecimento não se confunde simplesmente com ideia, pensamento e razão; é a capacidade que toda matéria viva tem de se sensibilizar em relação aos estímulos do meio e de reagir a eles dando respostas necessárias à satisfação de suas necessidades, garantindo a sobrevivência. Cada ser o faz de acordo com suas condições e de acordo com o nível de seu desenvolvimento. O homem constrói o conhecimento a partir das suas condições materiais. À medida que o homem vai interagindo com a natureza, ela deixa de ser a determinante absoluta da realidade; o homem deixa de ser simplesmente determinado, para ser também determinante. Assim, a natureza, ao mesmo tempo em que é agente, transforma-se em objeto. O homem passa a se apropriar da natureza e expressa essa relação por meio da linguagem, nas suas diversas formas. A linguagem assume o papel de mediadora da produção e da apropriação de conhecimento; mediadora da transformação material e social. Mas, se dissemos que o conhecimento é uma propriedade de toda matéria viva, em que consiste, afinal, o conhecimento? INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 16 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Conhecimento não se confunde simplesmente com idéia, pensamento e razão; é a capacidade que toda matéria viva tem de se sensibilizar em relação aos estímulos do meio e de reagir a eles dando respostas necessárias à satisfação de suas necessidades, garantindo a sobrevivência. Cada ser o faz de acordo com suas condições e de acordo com o nível de seu desenvolvimento. O homem constrói o conhecimento a partir das suas condições materiais. Como a matéria se transforma o tempo todo, o conhecimento também se constitui num processo contínuo e permanente de transformação. As ideias, as teorias, as respostas que o homem elabora são sempre provisórias porque respondem aos desafios de cada momento e, portanto, revelam-se incompletas, exigindo novas pesquisas e investigações que permitam responder aos novos desafios impostos pela sobrevivência. Diferente do conhecimento que é uma propriedade de toda matéria viva, a educação é um atributo exclusivo da sociedade humana. Nesse caso, não é possível pensar o ser humano sem a educação, nem a educação sem o homem. Todavia, a educação não se resume à educação formal, escolar. A escola é apenas um dos lugares onde se educa. A rua educa, a igreja educa, a família educa, no trabalho se educa, o desemprego educa. Existem muitas outras formas de educação, as quais podemos chamar de educação não formal ou informal. Mas, afinal de contas, em que consiste a educação? Educação é a forma como a sociedade prepara os indivíduos para viverem nela mesma. Aqui também podemos afirmar que a educação não ocorre sempre da mesma forma; em cada época e em cada sociedade os homens se educam de uma determinada forma, mediada pelo estágio de desenvolvimento das forças produtivas, pelo modo e pelas relações de produção em que se insere. A educação formal, escolar, nem sempre existiu. A escola, instituída na sociedade de classes, carrega a marca desta sociedade. Assim, a educação não pode ser compreendida nela e porela mesma. Precisa ser compreendida tomando-se em consideração o conjunto das relações nas quais ela está inserida. Apesar de atribuírem à escola a responsabilidade pela solução de praticamente todos os problemas sociais, e de fazerem dela a responsável pelo INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 17 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 sucesso ou pelo fracasso social dos indivíduos, ela é mais determinada do que determinante social; apesar de muitos problemas se fazerem sentir no interior da escola, ela não é absoluta, não é autônoma, atua no campo do conhecimento e das ideias, portanto, não tem poderes materiais suficientes para alterar o conjunto da realidade. Ela é “parte” da sociedade e não a própria sociedade; insere-se como um dos espaços educativos que compõem a sociedade. Entretanto, ela se constitui num espaço de contradição e atua no âmbito do trabalho não material. Mas à medida que as ideias e análises construídas no âmbito das relações sociais se difundem nas coletividades, elas podem se transformar num poder material e transformador. Tendo presente que a sociedade em que vivemos constitui-se, desde a antiguidade até os dias atuais, numa sociedade fundada sobre a propriedade privada dos meios de produção, está radicada na sociedade de classes e, em decorrência disso, baseia-se nas lutas de classes, na exploração, na dominação, na competição e na concorrência, cabe-nos, enquanto educadores, fazer da educação um instrumento de compreensão, de interpretação e de explicação da História; um instrumento de apropriação, de produção e de socialização do conhecimento; um instrumento de compreensão, apreensão e transformação da realidade. A partir da divisão da sociedade em classes, desaparece a possibilidade de o conhecimento e os produtos do trabalho estar voltados para o bem-estar e para a satisfação dos interesses universais, comuns a todos os homens. As classes economicamente dominantes também se apresentam dominantes do ponto de vista ideológico e espiritual. Em função disso, escamoteiam as contradições e os antagonismos sociais, e apresentam os seus interesses parciais e de classes, como expressão natural do interesse universal. Além disso, apoderam-se dos aparatos burocráticos, legais, bélicos, militares e midiáticos; utilizam-se do Estado e dos aparelhos repressivos para controlar, inibir as tentativas de mudança dessa ordem social, ou seja, para garantir a reprodução do status quo. Diante disso, procuram deslocar os polos de conflito e o centro das preocupações do âmbito das relações materiais concretas para o campo das ideias e da formalidade e, ao invés de reconhecerem o motor da história como INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 18 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 sendo as lutas de classes, simplificam e apresenta a educação como fator central e determinante. Tendo presente que os homens não se entendem e não se explicam por si mesmos, que não são as ideias e a vontade que, em última instância, determinam a consciência, mas que, ao contrário disso, é o ser social que a determina, então importa produzir novas circunstâncias, o que exige também a construção de um novo ser social, se quisermos construir um novo homem, em que os interesses de caráter universal realmente expressem os interesses de todos os homens, e não os interesses de uma parcela deles, a dos privilegiados. A educação não é tudo, não é absoluta, que ela trabalha fundamentalmente com as ideias. Por isso, seu poder é limitado quando se trata de transformar o mundo. Em função disso, não significa que podemos descuidar dos pressupostos, das concepções e dos fundamentos teórico- metodológicos que embasam a prática educacional. Ao contrário disso, as ideias têm um valor importantíssimo. Segundo Marx (1983), a teoria também se transforma em uma força material quando se apodera das massas. Portanto, trata-se de, em adotando um princípio metodológico, nesse caso, o materialismo histórico dialético, desmistificar as relações sócio históricas, as ideologias e as representações de mundo burguesas, e contribuir para sua transformação. Pretende-se que a educação seja mediadora nesse sentido; que seja mediadora em relação à emancipação. Ressaltamos, porém, que não se trata apenas de fazer rearranjos formais, de tornar a sociedade e as relações democráticas e transparentes, de defender a “ética” presente na sociedade capitalista, ou de promover reformas nas leis e de emancipar politicamente, mas sim de construir uma sociedade baseada na autogestão, uma sociedade Os homens, parafraseando Marx, fazem a história, mas não a fazem como querem; os fazem nas condições em que se encontram. Entretanto, se a fazem de um determinado modo, também podem fazê-la de outro. Quando falamos que a educação é a forma como a sociedade prepara o homem para viver nela mesmo, não quer dizer que deve se limitar a adaptar e a adequar os educando à sociedade. Compreendendo que a sociedade é uma sociedade de INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 19 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 classes, que os profissionais da educação, assim como os demais trabalhadores integram a classe proletária, cabem a estes contribuir para desmistificar e para conhecer a sociedade e a condição em que se encontram; importa superar a alienação e a própria divisão da sociedade em classes. A educação que temos hoje é a expressão das contradições da sociedade em que vivemos. Nesse sentido, segundo Orso (2002), trata-se de lutar pela educação, mas não apenas por ela; trata-se de lutar também pela transformação da sociedade na qual ela está inserida. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 20 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 4. A FILOSOFIA E AS DEMAIS ARÉAS DO CONHECIMENTO 4.1.Filosofia analítica A Filosofia analítica é uma vertente do pensamento contemporâneo, reivindicada por filósofos bastante diferentes, cujo ponto comum é a idéia de que a filosofia é análise a análise do significado dos enunciados - e se reduz a uma pesquisa sobre a linguagem. Inicialmente, Filosofia analítica assumiu a hipótese de que a lógica criada por Gottlob Frege, Bertrand Russell e outros, entre o final do século XIX e o início do século XX, poderiam ter conseqüências filosóficas gerais e ajudar na análise de conceitos e no esclarecimento das idéias. Um dos mais claros exemplos dessa tendência é a análise de Russell de frases contendo descrições definidas. Os primeiros filósofos analíticos foram Frege, Russell, George Edward Moore e Ludwig Wittgenstein. Na Inglaterra, com Russell e Moore, opunha-se às escolas procedentes do idealismo alemão, principalmente o hegelianismo, representado sobretudo por J. M. E. McTaggart e F. H. Bradley. Mas há várias correntes dentro da filosofia analítica; dentre elas, o positivismo lógico, que se distingue pela rejeição de toda e qualquer metafísica. Neste contexto, convém destacar o Círculo de Viena, de corte neopositivista, fundado por Moritz Schlick e constituído por filósofos e lógicos austríacos e alemães: Carnap, eventualmente Hans Reichenbach e, em seus primeiros tempos, Wittgenstein. Suas teses foram proclamadas num manifesto, Concepção científica do mundo (1929). INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 21 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 4.2. Filosofia da arte Estética (percepção, sensação)é um ramo da filosofia que tem por objeto o estudo da natureza do belo e dos fundamentos da arte. Ela estuda o julgamento e a percepção do que é considerado belo, a produção das emoções pelos fenômenos estéticos, bem como as diferentes formas de arte e da técnica artística; a ideia de obra de arte e de criação; a relação entre matérias e formas nas artes. Por outro lado, a estética também pode ocupar-se do sublime, ou da privação da beleza, ou seja, o que pode ser considerado feio, ou até mesmo ridículo. Estética Normativa é o campo da filosofia que enriquece nas letras no corpo e nas pinturas e Estética Profana é o campo estético constituído por dois polos:a sensação de um corpo nu, o julgamento em que o ser humano provoca atrito de olhar os orgaos genitais. 4.3. Filosofia da religião A Filosofia da Religião é uma das disciplinas que se constitui numa das divisões da filosofia. Tem por objetivo o estudo da dimensão espiritual do homem desde uma perspectiva filosófica (metafísica, antropológica e ética), indagando e pesquisando sobre a essência do fenômeno religioso: "o que é afinal, a religião?". Para o estudo da Filosofia da Religião são usados os métodos histórico- crítico comparativo, o filológico e o antropológico. O primeiro deles compara as várias religiões no tempo e no espaço, em busca de seus aspectos mais comuns e suas diferenças, para verificar o que constitui a essência do fenômeno religioso. O segundo faz o estudo comparativo das línguas, visando encontrar as palavras utlizadas para descrever e expressar o sagrado e suas raízes comuns e o terceiro método procura reconstruir o passado religioso tendo por base a etnologia (estudo dos povos primitivos e atuais, suas instituições, crenças, rituais e tradições) INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 22 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 .A Filosofia da Religião deve fazer uma adequada conjugação desses métodos "para obter a melhor soma de elementos para chegar à conclusão mais correta sobre a essência da religião e suas características universais. 4.4. Filosofia politica Filosofia política é o campo da investigação filosófica que se ocupa da política e das relações humanas consideradas em seu sentido coletivo. Na Antiguidade grega e romana (principalmente na primeira), discutia-se os limites e as possibilidades de uma sociedade justa e ideal (Platão, com sua obra A república). Mas o que se tornou célebre, por se tornar a teorização da prática política grega, em particular de Atenas, foi o tema do bem comum (Aristóteles), representado pelo homem político, compreendido como o cidadão habitante da pólis, o homem politikós que opinando e reunindo-se livremente na ágora, junto a seus pares, discute e delibera acerca das leis e das estruturas da sociedade. O homem político teria o seu espaço de atuação privilegiada na esfera pública, no átrio, no senado, em oposição à esfera privada dos indivíduos, representada pela casa, pelo lar, pelos negócios domésticos. Já em Roma, Cícero teorizou a República como espaço das liberdades cívicas, em que ocorre uma complementaridade entre os senadores e a plebe (tese retomada no século XVI por Maquiavel. 4.5. Filosofia da economia A Filosofia da economia é um ramo da filosofia nas relações filosóficas da economia com a filosofia e o mundo. Também pode ser dita como um ramo da economia, que pesquisa a moral e origens da economia mundial. O sentido filosófico de economia reporta à "ordem ou regularidade de uma totalidade qualquer" (Abbagnano). Refere-se à economia caseira, citadina, estadual ou mundial. 4.6. Filosofia do direito A filosofia do direito, filosofia jurídica ou ainda Jusfilosofia, é o campo de investigação filosófica que tem por objeto o Direito. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 23 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Este campo tem sido abordado tanto de um prisma filosófico, por filósofos de formação, quanto de um prisma jurídico, por juristas de formação. Seus grandes temas são a justiça (teoria da justiça), a propriedade, a liberdade, a igualdade, o conceito de direito, os métodos de produção, interpretação e de aplicação do direito (metodologia jurídica) e a função do Direito na sociedade. A Jusfilosofia, além de investigar os fundamentos conceituais do Direito, se ocupa de questões fundamentais "como a relativa aos elementos constitutivos do Direito; a indagação se este compõe-se de norma e é a expressão da vontade do Estado; se a coação faz parte da essência do Direito; se a lei injusta é Direito e, como tal, obrigatória; se a efetividade é essencial à validade do Direito, etc. Segundo o que acentua N. E Simmonds: "A filosofia do direito se situa na intersecção desses problemas e procura formar uma compreensão coerente da natureza do direito, a fim de resolvê-los. Alguns problemas são de um tipo que pode ocorrer a qualquer pessoa que pense, enquanto outros decorrem da compreensão técnica e da experiência dos advogados. A História da Filosofia do Direito pode ser buscada e pesquisada precisamente na interesecção entre a investigação filosófica em temas que tocam o normativo e/ou jurídico. Quando estes são os objetos da investigação de tipo filosófico, estamos a falar de Filosofia do Direito. Saliente-se, portanto, que a Jusfilosofia, a rigor, é parte da Filosofia e não parte da assim chamada Ciência Jurídica. 4.7. Filosofia da informação A Filosofia da Informação, abreviado para (FI) em português é um campo da pesquisa filosófica voltado para a investigação crítica da estrutura conceitual e dos princípios básicos da informação e ainda da elaboração e aplicação da teoria da informação e das metodologias computacionais aos problemas filosóficos, segundo definição do filósofo italiano Luciano Floridi. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 24 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 4..8. Filosofia da historia A filosofia da história é o campo da filosofia ou da história (dentro da 'teoria da história') que observa sobre a dimensão temporal da existência humana como existência humana sócio-política e cultural; teorias do progresso, da evolução e teorias da descontinuidade histórica; significado das diferenças culturais e históricas, suas razões e conseqüências. Segundo Martins Filho (2006), conceitua-se a filosofia da história como sendo a interpretação da realidade histórica com base nas concepções filosóficas. Seriam várias as visões de mundo a modelar a história, vendo, ou não, no caminhar do homem sobre a Terra um sentido e qual é ele. "Somente se se admite esse sentido norteador do caminhar terreno do homem é que se consegue dar unidade aos fatos históricos, compondo o quadro da existência humana sobre a Terra." No estudo da história devem ser levadas em conta, principalmente, duas dimensões: a História como "realidade", ou seja, o complexo dos fatos humanos no seu curso temporal; e a História como "conhecimento", ou seja o relato desses fatos humanos históricos. 4.9. Filosofia da linguagem Filosofia da linguagem é o ramo da filosofia que estuda a essência e natureza dos fenômenos lingüísticos. Uma das principais caracteristicas da filosofia da linguagem é a maior diferença entre o ser humano e os outros seres que existem no mundo. Ela trata de um ponto de vista filosófico, da natureza do significado lingüístico, da referência, do uso da linguagem, do aprendizado da linguagem, da criatividade dos falantes, da compreensão da linguagem, da interpretação, da tradução, de aspectos lingüísticos do pensamento e daexperiência. Trata também do estudo da sintaxe, da semântica, da pragmática e da referência. As principais questões investigadas pela disciplina são: Como as frases compõem um todo significativo? O que é o significado das "partes" (palavras) das frases? INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 25 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Qual a natureza do significado? O que é o significado? O que fazemos com a linguagem? Como a usamos socialmente? Qual sua finalidade? Como a linguagem se relaciona com a mente do falante e do intérprete? Como a linguagem se relaciona com o mundo 4.5. Filosofia da Matemática A Filosofia da Matemática é um ramo da filosofia que tem como propósito responder perguntas do porte de: Qual a origem dos objetos matemáticos? Qual o relacionamento entre Lógica e Matemática Qual a influência da experiência sobre as abstrações matemáticas? Como definir o conceito de beleza e elegância que matemáticos associam às demonstrações? Que raciocínios matemáticos podem ser considerados Pensamentos Sintéticos à Priori, no contexto da filosofia kantiana? As principais escolas, datando do fim do século XIX e início do século XX, são o Realismo Matemático (tendo como subdivisões proeminentes no presente século o Logicismo e o Formalismo) e o Intuicionismo. 4.6. Filosofia da mente Filosofia da mente é o estudo filosófico dos fenômenos psicológicos, incluindo investigações sobre a natureza da mente e dos estados mentais em geral. A filosofia da mente envolve estudos metafísicos sobre o modo de ser da mente, sobre a natureza dos estados mentais e sobre a consciência. Envolve estudos epistemológicos sobre o modo como a mente conhece a si mesma e sobre a relação entre os estados mentais e os estados de coisa que os mesmos representam (intencionalidade), incluindo estudos sobre a percepção e outros modos de aquisição de informação, como a memória, o testemunho (fundamental para a aquisição da linguagem) e a introspecção. Envolve ainda a INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 26 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 investigação de questões éticas como a questão da liberdade, normalmente considerada impossível caso a mente siga, como tudo o mais, leis naturais. A investigação filosófica sobre a mente não implica nem pressupõe que exista alguma entidade uma alma ou espírito separada ou distinta do corpo ou do cérebro, e está relacionada a vários estudos da ciência cognitiva, da neurociência, da linguistica e da inteligência artificial. 4.7. Filosifia da fisica Filosofia da física é o estudo das questões filosóficas fundamentais da Física moderna, o estudo da matéria e energia e como elas se interagem. As principais questões concernentes à natureza do espaço e tempo, átomos e atomismo. E também as previsões da Cosmologia, os resultados das Interpretações da mecânica quântica, os fundamentos das Estatísticas mecânicas, casualidades, Determinismo, e a natureza das Leis da física. Classicamente várias dessas questões eram estudadas como parte da Metafísica (por exemplo, aquelas sobre casualidade, determinismo e espaço e tempo) Hoje, os Filósofos da Física estão muito próximos das Filosofias das Ciência, e os seu mais ativos subtópicos estão sendo solucionados por eles 4,8. Filosofia da ciências Filosofia da Ciência ( do grego Φιλοσοφία της Επιστήμης ) é o campo da pesquisa filosófica que estuda os fundamentos, pressupostos e implicações filosóficas da ciência, incluindo as ciências naturais como física e biologia, e as ciências sociais, como psicologia e economia. Neste sentido, a filosofia da ciência está intimamente relacionada à epistemologia e à ontologia. Busca explicar coisas como: a natureza das afirmações e conceitos científicos, a forma como são produzidos, como a ciência explica, prediz e, através da tecnologia, domina a natureza, INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 27 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 os meios para determinar a validade da informação, a formulação e uso do método científico, os tipos de argumentos usados para chegar a conclusões, as implicações dos métodos e modelos científicos para a sociedade e para as próprias ciências. 4.9. Filosofia cristã A Filosofia cristã é o conjunto de ideias filosóficas iniciadas pelos seguidores de Jesus Cristo do século II aos dias de hoje. Esta filosofia surgiu com o intuito de distinguir ciência e fé, partindo de explicações racionais naturais tendo o auxílio da revelação cristã. Vários pensadores acreditavam que havia uma relação harmoniosa entre a ciência e a fé, outros afirmavam que havia contradição e outros tentavam diferençá-las. Esta mesma discussão era questionada no campo da filosofia e da fé. Diversos filósofos relacionavam o pensamento grego com o pensamento cristão. Há estudiosos que questionam a existência de uma filosofia cristã propriamente dita. Esses afirmam que não há originalidade no pensamento cristão e seus conceitos e ideias são herdadas da filosofia grega. Sendo assim, a filosofia cristã seria resguardadora do pensamento filosófico, que já estaria definitivamente elaborado pela filosofia grega, e defensora da fé. No entanto, Boehner e Gilson afirmam que a filosofia cristã não é simples repetição da filosofia antiga, embora que devam à ciência grega os conhecimentos elaborados por Platão, Aristóteles e os Neo-platônicos. Chegam a afirmar que na filosofia cristã a cultura grega sobrevive em forma orgânica. Os mestres gregos eram assim os pedagogos dos pensadores cristãos. A filosofia cristã não é um conjunto de escolas inúteis, pois tais preconceitos constituem radicalismos que desejam destruir o pensamento da tradição e reconstruir um edifício totalmente novo, negando o que se construiu no passado. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 28 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 5. EDUCAÇÃO E TEMAS TRANSVERSAIS Pensar na possibilidade de uma educação global requer levantar questões prévias a respeito do conhecer. Partindo de algumas perguntas consideradas básicas: Como temos acesso ao conhecimento? O que é e como é esse conhecimento? Por que as disciplinas nos proporcionam somente um tipo de conhecimento? Conhecer é uma maneira de perceber a realidade, de se aproximar dela. Essa realidade, que consideramos complexa e questionadora, nunca é neutra. Os grupos que estudam e a observam costumam ter alguns objetivos, alguns interesses, alguns temas prioritários e, portanto, sua maneira de ver essa realidade e/ ou resolver algum de seus problemas depende de categorias axiológicas e existenciais que, logicamente, são influenciadas pela cultura. Um trabalho em torno desses eixos transversalidade precisa de uma mudança também dos processos de aprendizagem, porque quando percebemos e refletimos sobre a realidade e seus conflitos ou fazemos uma análise crítica, pensar é uma exigência para compreender os mecanismos e as estruturas que regem nossa sociedade e, ao mesmo tempo, desmascarar os elementos que se entrecruzam e que tornam possível descobrir conexões e interdependências em diferentes escalas espaciais. Para que tudo isso aconteça, é necessário muito tempo. Optar por uma aprendizagem proposta a partir de algumas chaves de educação global compromete-nos a: Realizar um trabalho contínuo e cooperativo entre os professores. Colocar em prática toda a nossa criatividade como educadores das diferentes áreas e como participantesdas equipes docentes INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 29 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Conhecer os recursos humanos e materiais com que o qual contou. Assumir os obstáculos, as dúvidas e as perguntas que possam surgir, mesmo não estando previstas. Pensar em alguns objetivos realizáveis e em algumas finalidades de inovação e melhoria a partir do que está sendo feito. Contribuir o máximo possível para que a escola não seja um recinto imóvel e uma estrutura institucional fechada, que reproduz os esquemas da cultura dominante Apostar no futuro. Nesse momento conjuntural de reforma educacional, ao poderem decidir sobre a elaboração de estruturas curriculares, os professores têm maior possibilidade de introduzir uma perspectiva interdisciplinar para ter acesso aos conteúdos e trabalhar a partir da transversalidade. Nas salas de aula, esse trabalho não consiste em acrescentar novos conteúdos, e sim em adotar uma nova maneira de dar aos nossos alunos novas chaves de leitura para que o ensino considere as preocupações mais prementes de nossa sociedade e favoreça nestas gerações atitudes solidárias e autocríticas que promovam uma cultura da complementaridade. No ensino contemporâneo, sofremos da excessiva compartimentalização do saber, propõe se então caminhos para superação dessa fragmentação, uma proposta de se pensar uma educação interdisciplinar, de modo que possibilite uma integração entre as disciplinas e o saber historicamente produzido pela humanidade. Segundo Silvio Gallo (2003), apresenta o modelo rizomático, capaz de fazer proliferar pensamentos. É regido por seis princípios básicos: Principio de conexão; Princípio de heterogeneidade Princípio de multiplicidade Principio de ruptura assignificante Princípio de cartografia INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 30 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Princípio de decalcomania O rizoma na explicação de Gallo rompe, assim com a hierarquização tanto no aspecto do poder e da importância, quanto no aspecto das prioridades na circulação que é própria do paradigma arbóreo. No rizoma são múltiplas as linhas de fuga e, portanto múltiplas as possibilidades de conexões, aproximações, cortes, percepções etc. Ao romper com essa hierarquia estanque, o rizoma pede, porém, uma nova forma de trânsito possível por entre seus inúmeros “deveres”; podemos encontrá-la na transversalidade. A noção de transversalidade foi desenvolvida ainda no principio dos anos sessenta por Félix Guatarri, ao tratar das questões ligadas à terapêutica institucional, propondo que ela substituísse a noção de transferência: Transversalidade em oposição a: Uma verticalidade que encontramos, por exemplo, nas descrições feitas pelo organograma de uma estrutura piramidal (chefes, subchefes etc.); Uma orintalidade como a que pode se realizar no pátio do hospital, no pavilhão dos agitados, ou, melhor ainda, no dos caducos, isto é, certa situação de fato em que as coisas e as pessoas ajeitem-se como podem na situação em que se encontram. Podemos, assim, tomar a noção de transversalidade e aplicá-la à imagem rizomática do saber: ela seria a matriz da mobilidade por entre os liames do rizoma, abandonando os verticalismos e horizontalismos que seriam insuficientes para uma abrangência de visão de todo o “horizonte de eventes” possibilitado por um rizoma. As propostas de interdisciplinaridade postas hoje sobre a mesa apontam, no contexto de uma perspectiva arborescente, para integrações horizontais e verticais entre as várias ciências; numa perspectiva rizomática, podemos apontar para uma transversalidade entre as várias áreas do saber, integrandoas, senão em sua totalidade, pelo menos de forma muito abrangente, possibilitando conexões inimagináveis por meio do paradigma arborescente. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 31 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Assumir a transversalidade é transitar pelo território do saber como as sinapses viajam pelos neurônios, uma viagem aparentemente caótica que constrói seu(s) sentido(s) na medida em que desenvolvemos sua equação fractal. Nessa perspectiva, podemos afirmar que a proposta interdisciplinar, em todos os seus matizes, aponta para uma tentativa de globalização, este cânone do neoliberalismo, remetendo ao Uno, ao Mesmo, tentando costurar o incosturável de uma fragmentação histórica dos saberes. A transversalidade rizomática, por sua vez, aponta para o reconhecimento da pulverização, da multiplicação, para a atenção às diferenças e à diferenciação, construindo possíveis trânsitos pela multiplicidade dos saberes, sem procurar integrá-los artificialmente, mas estabelecendo poli compreensões infinitas. Para a educação, as implicações são profundas, diz Silvio Gallo, que se fundamenta na perspectiva deleuziana, a aplicação do conceito de rizoma na organização curricular da escola significaria uma revolução no processo educacional, pois substituiria um acesso arquivístico estanque ao conhecimento que poderia, no máximo, ser intensificado pelos trânsitos verticais e horizontais de uma ação interdisciplinar que fosse capaz de vencer todas as resistências, mas sem conseguir vencer, de fato, a compartimentalização, por um acesso transversal que elevaria ao infinito as possibilidades de trânsito por entre os saberes. O acesso transversal significaria o fim da compartimentalização, pois as “gavetas” seriam abertas; reconhecendo a multiplicidade das áreas do conhecimento, trata-se de possibilitar todo e qualquer trânsito por entre elas. O aprendizado deve ser pautado na estética da existência, pois de acordo com Morin (2002), “é para o aprendizado da vida que o ensino da filosofia deve ser revitalizado”. A filosofia, ao contribuir para a consciência da condição humana e o aprendizado da vida, reencontraria, assim, sua grande e profunda missão. Afirma ainda: a filosofia diz respeito à existência de cada um e à vida cotidiana. A filosofia não é uma disciplina, mas uma força de interrogação e de reflexão dirigida não apenas aos conhecimentos e à condição humana, mas também aos grandes problemas da vida. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 32 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Nesse sentido, o filósofo deveria estimular, em tudo, a aptidão crítica e autocrítica, insubstituíveis fermentos da lucidez, e exortar à compreensão humana, tarefa fundamental da cultura. Há, hoje, certo consenso de que a educação (não necessariamente a escola) tem três finalidades ou funções básicas: Formar o indivíduo Formar o cidadão Formar o profissional Quando se fala em "formação integral", como no subtítulo do livro da Ática, ou (por exemplo) em muitos tratados pedagógicos de inspiração religiosa, especialmente católica, tem-se em mente a tarefa formativa da educação nesses três aspectos. Quando se diz que a escola deve se incumbir da formação integral da criança, está se atribuindo à escola a totalidade da tarefa formativa da educação, nos três aspectos mencionados. No que diz respeito à escola, ela tem se concentrado, historicamente, na tarefa da formação do indivíduo, entendida esta como a tarefa de ajudar o indivíduo a alcançar realização pessoal, ou seja: ser capaz de definir objetivos e metas e os meios de alcançá-los, compreender a si próprio e o mundo que o cerca (filosofia, história e ciências), apreciar e, eventualmente, produzir objetos de arte e outros bens culturais, ter condições demanter mente e corpo sãos, ser capaz de usufruir do lazer, etc. Especialmente depois da revolução industrial, no Brasil, mais claramente depois da Lei nº 5692/71, surgiu a escola supostamente moderna, que tem se desincumbido, também, da tarefa de formação do profissional ou, pelo menos, de preparação do indivíduo para o mundo do trabalho. Inicialmente essa função foi entendida de forma muito estreita, como se tratasse de capacitar o indivíduo para o exercício de uma profissão específica (onde a característica de profissionalização extremamente precoce de nosso sistema escolar, com habilitações técnicas em nível do ensino médio e cursos universitários profissionalizantes já desde o ingresso). INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 33 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Em contextos em que essa função de preparação do indivíduo para o mundo do trabalho foi concebida de forma mais abrangente e flexível, tratou-se de levar o indivíduo a compreender a função do trabalho como forma de realização pessoal, sustento pessoal e familiar e de contribuição para a sociedade, de eliminar de vez a visão negativa (encontrada na Bíblia, e, portanto, na tradição judaico-cristã) do trabalho como castigo, de oferecer uma visão clara das várias alternativas de trabalho na sociedade contemporânea, e de preparar o indivíduo, de forma ampla e flexível, para o exercício profissional em uma determinada área ou setor não numa profissão específica. No contexto brasileiro, entretanto, a escola tem desenvolvido certa ojeriza a tudo que se aproxima da “educação moral e cívica”, porque toda vez que um governo autoritário assume o poder essa preocupação surge, geralmente transvestida de disciplina obrigatória nos currículos escolares. O receio da doutrinação, o medo da inculcação de valores, e, até mesmo a generalizada reticência e incerteza quanto a valores, sempre conspiraram contra uma atuação mais decisiva da escola nessa área. Hoje, no entanto, percebe-se, especialmente no Brasil, que a fábrica social se desmancha, em parte pela ausência de valores compartilhados que possam lhe servir de cimento por assim dizer. Daí a tentativa do MEC de forçar a discussão dos temas transversais todos eles de cunho ético-moral-valorativo: Globalização, pluralidade cultural e diversidade; Saúde e meio ambiente; drogas; Sexualidade, incluindo questões como sexo promíscuo, gravidez na adolescência, aborto, homossexualidade, doenças sexualmente transmissíveis, violência sexual, prostituição, pornografia, exploração do sexo nos meios de comunicação de massa, etc.; Violência, tanto no âmbito urbano (inclusive no trânsito) como no nível das relações entre grupos étnicos e nações (conflitos regionais e guerras); Trabalho, desemprego, consumo, lazer, etc.; Desigualdades socioeconômicas e miséria; INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 34 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Deixando de lado, no momento, a questão se a escola tem condições de assumir essa tarefa, e pressupondo, que o tenha, está claro que a organização curricular por disciplinas não é a melhor maneira de promover a discussão desses temas problemáticos. A discussão e a análise, por exemplo, da violência urbana são se esgotam dentro dos limites de nenhuma das disciplinas em que se divide o currículo. O mesmo é verdade dos outros temas transversais (e de inúmeros outros que poderiam ser acrescentados). É em função disso que se indaga: por que não começar a organizar o currículo escolar em termos de temas problemáticos em vez de disciplinas? A introdução dos temas transversais em todas as disciplinas curriculares seria um primeiro passo, que iria eventualmente culminar na substituição da atual matriz curricular disciplinar por uma matriz curricular temática, a ser desenvolvida em projetos (dado que não é possível nem recomendável tentar mudar a atual estrutura curricular bruscamente, de uma vez). A educação humanística tem um papel preponderante e muito mais importante num currículo organizado por temas candentes voltados para a preparação dos indivíduos para o convívio social do que hoje ela possui hoje, no currículo organizado por disciplinas. Se insistirmos em preservar as disciplinas atuais, a literatura, a história e a filosofia têm papel extremamente importante nesse contexto, como a mensagem de Moraes deixa claro. Será que: O surgimento de problemas sociais aparentemente insolúveis em curto prazo, como o da miséria, da violência urbana, etc.; A crise da família, que foi desestruturada, em função tanto de pressões econômicas (necessidade de ambos os cônjuges trabalharem) como de novos valores e condicionantes sociais (ênfase na liberdade e na autonomia do indivíduo, aceitação de filhos antes e fora do casamento, aceitação e banalização do divórcio, alta mobilidade social que desfaz a família nuclear, etc.); A ausência de postura ética nos governantes (haja vista a corrupção generalizada e a descrença de que os políticos possam realmente INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 35 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 trabalhar pelo bem comum); nas empresas (que ludibriam seus clientes de todas as formas); nos que exercem as profissões liberais (em que a classe médica é geralmente vista como incompetente ou pior; os engenheiros assinam plantas sem ver e constroem prédios e pontes que desabam os advogados, então, são consideradas como apenas um pouco acima dos criminosos que representam); na escola (em que o professor faz de conta que ensina e o aluno faz de conta que aprende); na pesquisa científica (em que os cientistas deixam os valores de lado para pesquisar apenas o que tem possibilidade de retorno financeiro); etc.; A desprivatização da vida, que é hoje vivida em público nos seus aspectos mais íntimos, sob o acicate da televisão que, para aumentar ou manter audiência, corre atrás do estritamente privado, do anômalo, do chocante, do grotesco, do bizarro, tornando tudo um espetáculo público; O fato de que a religião também está virando espetáculo (em que as pessoas se divertem como nos programas de auditório, em vez de obter orientação segura para o dia-a-dia de suas vidas); E muitas outras tendências, demasiado conhecidas para requerer menção ou elaboração. Acredita-se que, se realmente quisermos sair da situação crítica em que nos encontramos, temos que buscar a solução mais nas humanidades do que nas disciplinas científicas, e os hoje chamados temas transversais poderão ser os nós básicos em torno dos quais eventualmente se reorganizarão os currículos escolares. Além disso, é bom que se frise, na formação da pessoa para o convívio social, ou na educação do cidadão, é muito importante ir além do nível da mera instrução em sala de aula: a convivência de alunos uns com os outros e com os professores e funcionários da escola, bem como a sua participação responsável na vida e nas atividades da escola, inclusive naquelas chamadas de “extracurriculares”, é uma forma essencial de preparação do aluno para a cidadania talvez ainda mais eficaz do que o ensino formal ministrado em sala de aula. A escola precisa ser uma experiência criativa de convívio social que INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 36 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 ajude a formar o cidadão e isso é mais importante do que aquilo que eventualmente se ensina em sala de aula. Como é bem colocado em um dito antigo, educação é aquilo que permanece depois que nos esquecemosdo que nos foi ensinado. 5.8. Ética como tema transversal na Filosofia Correia (2008) indaga se a ética como saber escolar não deveria ter sido incluída nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) como disciplina curricular normal, em vez de ser como tema transversal como acabou acontecendo. Desenvolvido segundo uma metodologia crítico-analítica, este trabalho problematiza os dispositivos curriculares oficiais sobre o ensino de filosofia, em particular a ética. Conclui que o ensino desse saber se fez pulverizado como tema de todas as disciplinas, o que pode não contribuir para o enfrentamento de nosso ethos concreto. De outra forma, sustentam que, como tema transversal, a ética pode contribuir para a justificação da ideologia liberal, a qual equipara cidadania e consumo, ética e imperativo da sociedade de mercado e democracia e consenso, de modo a potencializar o individualismo, a competitividade capitalista e a cultura de massas das sociedades liberais. O mesmo autor expõe em seu artigo sobre a reforma curricular que deu origem aos PCN, que foi feita segundo os pressupostos da qualidade, eficiência e produtividade. Nesse processo, os professores não foram ouvidos. Ao contrário do que se propaga Brasil afora, segundo ele, os estrangeiros é que tiveram voz e vez nesse processo. Dessa maneira, o que acabou sendo curriculizado nos PCN não brotou de nossas experiências, nem das pesquisas do campo curricular feita no Brasil. O capital internacional e os organismos internacionais falaram mais alto. E, complementa: “Agora, na operacionalização dos PCN, tomara que, na prática efetiva, expressemos nosso pensamento sobre esses documentos, particularmente no que respeita ao tema transversal ética, cujos conteúdos podem, sim, ser buscados na INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 37 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 vida cotidiana, em nosso ethos real, para que não venhamos a aceitar uma proposta de currículo reprodutora ou conformadora”. O autor percebe que deveria evidenciar na prática, um outro currículo, outra ética e outra cidadania são possíveis, fazendo assumir o “ethos real” com o intento de superá-lo, porque outros modelos de educação, de ser humano e de sociedade, diferentes daqueles que os neoliberais propõem, também são possíveis. Sem um currículo que forme o sujeito com base na ética da igualdade, da justiça e liberdade, fortalecidas, pela equidade, não capitalistas, como poderemos falar em condições de possibilidade de cidadania? Diante de alguns tópicos citados, o autor levantou algumas questões, por exemplo, como trabalhar conteúdos de ética, tal como propõem os PCN, senão em uma perspectiva crítico-transformadora? Não há dúvida de que o ensino de ética nas escolas é possível. Mesmo em face de uma sociedade que absolutiza o ter e seus princípios correlatos. Mas nós, professores e professoras, podemos ficar passivos diante de uma proposta curricular de ética que se contente com a reprodução de valores morais e princípios éticos dominantes? Nosso desafio maior não é justamente o de trabalharmos em um sentido crítico, a começar pela avaliação dos próprios PCN, evidenciando que podemos ir além da redenção e da reprodução para alimentarmos a utopia dos projetos sociais transformadores, incluindo o currículo, a ética e a cidadania? Se assim for, então somos instados a questionar o ethos sobre o qual nosso modelo de sociedade se baseia, e não adotar a postura de alheamento ou indiferença em face dele. Nessa tarefa, a ética filosófica pode ser um instrumento de grande valia. Contudo, a maneira confusa como o correspondente tema transversal foi inserido nos PCN não cumpre essa finalidade. E isso dá a entender que a confusão dos espíritos de que Santos (2001) aborda alcança a escola e o currículo. Com essa ideia, fica registrada a esperança de que as questões aqui levantadas possam ser entendidas como manifestação de uma profunda preocupação com a problemática relacionada ao ensino de filosofia em nossas INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 38 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 escolas. Em especial com o ensino de ética, que, para ser digna do próprio nome, deve ser vista como merecedora de verdadeira cidadania curricular, para além daquilo que os PCN lhe reservaram. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 39 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 6.CONSIDERAÇÕES FINAIS Desta forma a reflexão remetida, conduz os profissionais de a educação repensar suas práticas, sobre o enfoque de uma Filosofia como fonte do processo do filosofar. É para o aprendizado da vida que o ensino da filosofia deve ser revitalizado, fornecendo o indispensável suporte dos dois produtos mais preciosos da cultura europeia: a racionalidade crítica e a autocrítica, que permitem, justamente, a auto-observação e a lucidez. De forma contundente, Edgar Morin (2002), descreve de forma enfática acerca da filosofia: A filosofia, ao contribuir para a consciência da condição humana e o aprendizado da vida, reencontraria, assim, sua grande e profunda missão. Como já acusam as salas e os bares de filosofia, a filosofia diz respeito à existência de cada um e à vida quotidiana. A filosofia não é uma disciplina, mas uma força de interrogação e de reflexão dirigida não apenas aos conhecimentos e à condição humana, mas também aos grandes problemas da vida. Nesse sentido, o filósofo deveria estimular, em tudo, a aptidão crítica e autocrítica, insubstituíveis fermentos da lucidez, e exortar à compreensão humana, tarefa fundamental da cultura. O estudo realizado nos remete a algumas ideias básicas para a superação da fragmentação do saber esvaziado de reflexão, apontando para o seguinte direcionamento: É preciso rever a proposta curricular dos cursos de licenciaturas que formam os profissionais da educação, tendo como foco central a filosofia como prática da reflexibilidade no ensino; Insistir num modelo de educação que sejam capazes de ressignificar as práticas pedagógicas; Romper com os buracos negros da educação; Superar o “medo” desbloqueando as resistências internas, para reformar o pensamento; INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 40 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 A filosofia como fomentadora da reforma do pensamento para a complexibilidade; Necessidade da formação continua na superação da fragmentação do saber. Disso podemos concluir a necessidade de criar uma política educacional que envolva mudanças em todos os níveis dos sistemas e profissionais da educação. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO TÓPICOS FILOSÓFICOS 41 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 7. BIBLIOGRAFIA ALVAREZ, María Nieves et al. Valores e temas transversais no currículo. Trad. Daisy Vaz de Moraes. Porto Alegre: Artmed, 2002. (coleção Inivação Pedagógica, n. 5). BEZIAU, Jean-Yves. Tendências Atuais da Filosofia. Desterro: Nefelibata, 2004. BOCHENSKI, J. M. 1977. Deretrizes do pensamento filosófico. São Paulo, ed. Pedagógica e Universitária Ltda. CARNIATO, Maria Inês. Diversidade religiosa no mundo atual. Editora Paulinas, 2010. CARTOLANO, Maria Teresa Penteado. 1985. Filosofia no ensino de 2?Grau. São Paulo: Cortez: Autores Associados CERLETTI, Alejandro A.; KOHAN, Walter O. A filosofia
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