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Profa. Roseli Gimenes Inteligência Libidinal no cinema: “AI Inteligência Artificial", de Spielberg PALESTRA O que é inteligência? Inter ligare: somar pontos, ideias, conceitos. Relacionar. Para Piaget (1958), a inteligência só existe em ação. Inteligência é uma propriedade da ação que maximiza o seu poder adaptativo. Para Vygotsky (1994), um dos conceitos mais importantes é o de zona de desenvolvimento proximal, que se relaciona com a diferença entre o que a criança consegue realizar sozinha (zona de desenvolvimento real) e aquilo que é capaz de aprender e fazer com a ajuda de uma pessoa mais experiente (zona de desenvolvimento potencial), representado por: adulto, criança mais velha ou com maior facilidade de aprendizado etc. Inteligência Para Chomsky (2006), a linguagem é como um instinto. Ele é o primeiro linguista a revelar a complexidade do sistema e talvez o maior responsável pela moderna revolução na ciência cognitiva e na ciência da linguagem. Antes, as ciências sociais eram dominadas pelo behaviorismo, a escola de Watson e Skinner, que não estudavam os processos mentais e rejeitavam a existência de ideias inatas. Inteligência Reveja as ideias sobre o que é inteligência. Você já pensou sobre isso? Reflexão INTERVALO Daniel Goleman (1985) ensina que o controle das emoções é essencial para o desenvolvimento da inteligência de um indivíduo. Não há uma loteria genética que define vitoriosos e fracassados no jogo da vida e, embora existam pontos que determinam o temperamento, muitos dos circuitos cerebrais da mente humana são maleáveis e podem ser trabalhados. De acordo com Goleman, portanto, temperamento não é destino. Ele define a inteligência emocional como a “capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerir bem as emoções dentro de nós e de nossos relacionamentos”. Inteligência emocional Inteligência Artificial (IA) é um ramo da ciência da computação que se propõe a elaborar dispositivos que simulem a capacidade humana de raciocinar, perceber, tomar decisões e resolver problemas; enfim, a capacidade de ser inteligente. Dois autores que pesquisaram a IA são: John Searle (1984-1991) e Marvin Minsky (2006). Inteligência artificial A inteligência artificial hoje aparece em tudo em nossas vidas. Um exemplo é IoT. Você sabe de que se trata? Reflexão INTERVALO O que é libidinal? O termo deriva de libido. A palavra libido é de origem latina e significa desejo ou anseio. A libido é caracterizada como uma energia aproveitável para os instintos de vida. Sigmund Freud (1975) e Jacques Lacan (1983) foram psicanalistas que estudaram a libido. De certa maneira, ambos ligaram a libido ao instinto de vida. Nesse sentido, a libido vincula-se a aspectos psicológicos e emocionais. Inteligência libidinal Perguntar simplesmente o que é inteligência libidinal volta às raízes dos dois termos: interligar o instinto de vida, a libido. Talvez a inteligência libidinal pudesse dar conta de nossos desejos, aqueles apontados por Harari (2016): a deidade, a felicidade e a imortalidade. O ser é inteligente para criar o impossível. O impossível, evitar a morte, ser feliz, ser deus. Inteligência libidinal “AI Artificial Intelligence” (“AI Inteligência Artificial”) é um filme de ficção científica, de Steven Spielberg, lançado em 2001, a partir de um projeto de Stanley Kubric, sobre a possibilidade da criação de máquinas com sentimentos. O roteiro criado por Spielberg foi baseado em um conto de Brian Aldis, chamado “Supertoys Last All Summer Long”. O filme: “AI inteligência artificial”, de Spielberg Fonte: http://cultura.estadao.com.br/galerias/cinema,steven- spielberg-faz-70-anos-veja-os-18-melhores-filmes-do-diretor,29263 Muitas obras cinematográficas partem da literatura de ficção. O cinema de ficção antecipa ações futuras? Você já pensou sobre isso? Reflexão INTERVALO O filme aqui escolhido (“AI”) para a discussão trabalha notadamente a inteligência artificial porque sabemos que o menino da narrativa é um robô com sentimentos. O primeiro menino-robô programado para amar, David, é adotado por um funcionário da Cybertronics e sua esposa. Apesar de aos poucos ele ir se tornando o filho do casal, uma série de circunstâncias dificulta sua vida. Sem a total aceitação dos humanos ou das máquinas, o menino-robô embarca em uma jornada para descobrir seu verdadeiro mundo. Inteligência libidinal no cinema Por outro lado, uma questão ética impele que tratemos o tema pela ficção cinematográfica, não por escolha de tratamento clínico de alguém. Mesmo porque o tema inteligência libidinal resultará de uma pesquisa que está sendo elaborada: “Inteligência Libidinal, como seria se fosse?” (GIMENES, 2018) O menino robô tem inteligência, é feito à semelhança de humanos. Sua aparência é humana, embora seja um esqueleto máquina. A inteligência do robô David é posta em cheque quando ele encontra mil outros iguais no laboratório. Qual a diferença desse único David? Ele quer descobrir quem ele é. Trata-se da busca do desejo. Nesse momento, David sabe que é imortal. Inteligência libidinal no cinema David busca uma deidade que lhe proporcione realizar seu desejo. Estar com a mãe. Viver a felicidade. Três das promessas às quais Harari (2016) se refere: deidade, felicidade e imortalidade. Sendo máquina, David aprende que também é mortal. Ele sempre precisará de reparos. Aprende que a felicidade é apenas um único momento em que lhe é permitido passar um dia com a mãe. Nesse momento, o do adormecer, a mágica se rompe: a mãe desaparecerá. Ainda que máquina, saberá duramente que não é deus. A fada concede-lhe o desejo como se realizado em sonho. Enfim, ele também adormece. Terá tudo sido um sonho? Inteligência libidinal no cinema Freud (1975) pensava nos sonhos como guardadores do sono, protegendo-o das ameaças de tensões inconscientes, psicologicamente como sendo a realização de desejos infantis censuráveis pela consciência, que então sofreriam um processo de desfiguração, o que chamou de elaboração onírica, quando atingiriam a consciência como um episódio alucinatório, principalmente por meio de imagens. O menino robô passa o tempo como brinquedo dos pais. Como artefato, ele apenas dorme se o desligam literalmente da tomada. Mas, nessa cena em particular, David adormecerá protegido de seus temores diários: a perda da mãe, a falta de encontrar quem ele é. Sonhará, protegido. O sonho é a inteligência libidinal. Sonho e libido: a conclusão CHOMSKY, Noam. Language and mind. University Cambridge: New York, 2006. FREUD, Sigmund. Psicopatologia de la vida cotidiana. Obras Psicológicas completas. vol. 6. Rio de Janeiro: Imago, 1975. GIMENES, Roseli. Inteligência Libidinal. Palestra Café Lacaniano. Livraria da Vila, loja Fradique. 2 de abril de 2016. ___. Inteligência Libidinal, como seria se fosse? Pós-doutoramento em Comunicação e Semiótica. PUC-SP, 2018. Referências GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional: a teoria revolucionaria que define o que é ser inteligente. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995. HARARI, Yuval Noah. Homo Deus. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. ___. Sapiens. Uma breve história da humanidade. Porto Alegre: L&PM, 2016. Referências LACAN, Jacques. Psicanálise e Cibernética. In: Seminário 2 – O eu na teoria e na prática da psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 1983. MINSKY, Marvin. The emotion machine. New York: Simon & Schuster, Touchstone Book, 2006. PIAGET, Jean. Psicologia da inteligência. São Paulo: Fundo da Cultura, 1958. Referências SEARLE, John. Can computers think? In SEARLE, J. Minds, brains and science. London: Penguin, 1984-1991. VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1994. Referências Você se lembra de outros filmes que nos fazem pensar sobre sonhos e desejos? Reflexão ATÉ A PRÓXIMA!
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