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Prévia do material em texto

Autora: Profa. Ana Lúcia Machado da Silva
Colaboradoras: Profa. Cielo Festino
Profa. Joana Ormundo
Profa. Tânia Sandroni
Comunicação e Expressão
Sumário
Comunicação e Expressão
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 TEXTO E CONTEXTO ............................................................................................................................................9
2 CONHECIMENTO LINGUÍSTICO .................................................................................................................. 28
2.1 Conhecimento lexical ......................................................................................................................... 33
2.2 Conhecimento fonético/fonológico ............................................................................................. 45
3 CONHECIMENTO LINGUÍSTICO .................................................................................................................. 56
3.1 Conhecimento morfológico ............................................................................................................. 56
3.2 Conhecimento sintático .....................................................................................................................71
3.3 Conhecimento semântico ................................................................................................................. 76
4 CONHECIMENTOS DE MUNDO E INTERACIONAL ............................................................................... 90
Unidade II
5 CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO DO TEXTO ................................................................................................ 117
6 INTERTEXTUALIDADE....................................................................................................................................128
7 INFORMAÇÕES IMPLÍCITAS E ALTERAÇÃO NO SENTIDO ...............................................................153
7.1 Pressuposto e subentendido ..........................................................................................................153
7.2 Metáfora e metonímia .....................................................................................................................156
7.3 Procedimentos argumentativos ...................................................................................................161
8 GÊNEROS DISCURSIVOS OPINATIVOS E INFORMATIVOS ..............................................................172
8.1 Artigo de opinião ................................................................................................................................172
8.2 Resenha ..................................................................................................................................................184
8.3. Divulgação científica .......................................................................................................................191
7
APRESENTAÇÃO
Caro aluno,
Quando falamos em comunicação, a abrangência é ilimitada. Na interação humana, a comunicação 
pode ser realizada por meio de um simples gesto, ou até por meio da complexidade de um texto 
científico escrito. Dois conhecidos se encontram na rua, cada um de um lado dela, e o meio mais fácil de 
cumprimento acaba se tornando o gestual: ambas as pessoas, então, levantam a mão e a gesticulam de 
forma típica. Uma mãe, preocupada com o atraso da filha, liga e elas conversam, ou seja, comunicam-se 
por meio da língua portuguesa.
Dado o alcance da comunicação e de suas formas de expressão, os objetivos gerais da disciplina 
Comunicação e Expressão são: ampliar os conhecimentos e vivências de comunicação e de novas leituras 
do mundo, por meio da relação texto/contexto; propiciar a compreensão e valorização das linguagens 
utilizadas nas sociedades atuais e de seu papel na produção de conhecimento; vivenciar processos 
específicos da linguagem e produção textual: ouvir e falar; ler e escrever – como veículos de integração 
social; e desenvolver recursos para utilizar a língua, por meio de textos orais e escritos, não apenas como 
veículo de comunicação, mas como ação e interação social.
Quanto aos objetivos específicos, pretendemos desenvolver: o universo linguístico do aluno, 
incorporando recursos de comunicação oral e escrita; a capacidade de leitura e redação, a partir da 
análise e criação de textos; o pensamento analítico e crítico, estabelecendo associações e correlações de 
conhecimentos e experiências; seus recursos pessoais para identificação, criação, seleção e organização 
de ideias na expressão oral e escrita; a atitude de respeito ao desafio que constitui a interpretação e 
construção de um texto.
INTRODUÇÃO
A comunicação relaciona-se com a linguagem, em particular com a linguagem verbal, ou seja, a 
língua, sendo que, no caso do Brasil, a língua portuguesa. Sobre a linguagem verbal, como esclarece 
Baccega (1998, p. 22), “só o código linguístico, a palavra, possui a condição de penetrar todos os campos, 
de se fazer presente em todos os domínios, de interpretá-los, inter-relacionando-os e facultando, 
portanto, as mudanças”.
A comunicação é um processo de elaboração do real, do vivido, nas inter-relações entre os indivíduos, 
ambos construindo os valores da sociedade, cujo resultado aparece manifestado na expressão: produção 
e leitura do produto cultural – o texto.
Assim, unimos comunicação e expressão por meio do texto. Esperamos de você, caro aluno, aptidão 
para ler e produzir textos de forma eficiente, aliando o conhecimento da língua à formação do indivíduo 
crítico, consciente e participativo do processo de transformação social.
O mundo é efeito da linguagem e a linguagem verbal influencia nosso modo de percepção da 
realidade. Mais, todo texto tem uma intencionalidade e precisamos conhecer os mecanismos que a 
sustentam. Ao dialogar com o outro, desvelamos a sua intenção.
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Enfim, por meio da linguagem, construímos ou desconstruímos todo um universo. Para isso, 
precisamos ser leitores dos textos que estão a nossa volta e poder avaliar criticamente o mundo, 
interagindo e deixando marcas de transformações.
Convido-o, caro aluno, à leitura do poema “Quadrilha da sujeira”, do poeta Ricardo Azevedo:
Quadrilha da sujeira
João joga um palitinho de sorvete na
rua de Teresa que joga uma latinha de
refrigerante na rua de Raimundo que
joga um saquinho plástico na rua de
Joaquim que joga uma garrafinha
velha na rua de Lili.
Lili joga um pedacinho de isopor na
rua de João que joga uma embalagenzinha
de não sei o que na rua de Teresa que
joga um lencinho de papel na rua de
Raimundo que joga uma tampinha de
refrigerante na rua de Joaquim que joga
um papelzinho de bala na rua de J. Pinto
Fernandes que ainda nem tinha
entrado na história.
(AZEVEDO, 2007).
Você tem a impressão de que já conhece o texto “Quadrilha da sujeira”? Deixo para você uma 
situação-problema, que pode ser respondida à medida que você for lendo este livro-texto.
Situação-problema:
• Por que “Quadrilha da sujeira” é considerado um texto?
• Quando lemos “Quadrilha da sujeira”, temos a impressão ou a certeza de que já o conhecemos, 
contudo com outra “cara”. Você sabe com qual outro texto “Quadrilha da sujeira” faz intertexto 
(referência)? Na relação com outro texto, houve manutenção ou mudança em relação à estrutura 
(forma como está montado o texto) e ao tema?
• Relacionando o texto “Quadrilha da sujeira” ao contexto atual de nosso sistema de vida, qual é a 
intencionalidade do autor? O que ele espera de nós, leitores, por meio desse texto?
• A nossa leituraé possível porque conhecemos a língua portuguesa e sabemos que existe nela, 
por exemplo, diminutivo. No texto, há palavras no diminutivo: “palitinho”, “garrafinha” etc. O 
diminutivo, no entanto, não indica tamanho reduzido das coisas. O que está subentendido no 
emprego do diminutivo no texto?
Boa leitura do nosso livro-texto e desejo a você ótimo aproveitamento dele.
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
Unidade I
1 TEXTO E CONTEXTO
Caro aluno, considere as duas ocorrências a seguir. A primeira delas é a disposição das letras M H 
no teclado do computador e na atividade de alfabetização de uma criança. A segunda é o alinhamento 
das letras M H cada uma delas em uma porta no interior do restaurante.
Dadas as ocorrências, em qual delas nós temos uma situação verdadeira de comunicação?
Com certeza, você precisou apenas de um segundo para responder que a segunda situação forma um 
contexto comunicativo. Afinal, qualquer brasileiro (ou conhecedor da nossa cultura) identificará as letras 
alinhadas em portas distintas em um restaurante como indicadoras de banheiros, respectivamente, (M) 
para mulheres e (H) para homens. Temos, portanto, uma situação comunicativa, cujo sentido depende 
do contexto específico e da interação entre os interlocutores; no caso, o dono do restaurante que 
escolheu tal forma para indicar o banheiro e o cliente do restaurante, usuário do banheiro. Podemos 
considerar, então, que as letras M e H formam um texto.
Vejamos outro caso. Já parou para pensar em cédulas; isso mesmo, no nosso dinheiro em forma de 
papel? Será que também nela se constitui um texto e, por conseguinte, uma situação de comunicação? 
Destaco duas cédulas, de épocas diferentes.
Figura 1
É uma cédula brasileira de 1932. Nela nós encontramos as seguintes informações:
“Thesouro do Estado de S. Paulo. Brazil
Pró-Constituição – Domingos Jorge Velho
Cinco mil reis
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O portador deste receberá no Thesouro do Estado de S. Paulo a quantia de 5$000 
(cinco mil reis) de accordo com o Decreto nº 5585 de 14 de julho de 1932.”
Você se lembra da cédula de dez reais comemorativa? Ela foi lançada em 2000 em homenagem ao 
aniversário do país.
Figura 2
Nessa cédula, temos as seguintes informações:
“Dez reais
Brasil 1500 – 2000
Banco Central do Brasil
Pedro Álvares Cabral”
As cédulas têm especificações em comum, como a nacionalidade, o nome da moeda em vigor e o 
valor de sua nota. Relacionadas ao mundo financeiro e de negociações, é mediadora na interação entre 
os parceiros. Podemos considerar as cédulas um texto, porque cada uma é uma unidade de sentido 
com linguagem e permite aos indivíduos a comunicação. Ressalto, porém, que dependendo da situação 
comunicativa, a cédula adquire um sentido textual.
Apenas para exemplificar. A cédula como recurso de compra e venda de um produto torna-se, na 
situação, um papel-moeda, cujo valor é o aspecto mais importante para vendedor e comprador. Para 
estes, não importa se a cédula é deste ano ou foi feita dez anos atrás; se nela consta ou não o nome de 
alguma personalidade histórica brasileira etc.
Já para dois numismatas, as cédulas acima assumem o sentido textual de estudo ou de coleção. 
Nesse caso, os interlocutores discutem a época em que as cédulas foram criadas, a relevância para o 
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
mercado de colecionadores, o estado de conservação delas e o valor no mercado. Por ser recente, a 
cédula de 10 reais seria desconsiderada, talvez, pelos estudiosos; resta a cédula anterior, cujo valor atual 
seria discutido entre os colecionadores.
As cédulas adquirem outro sentido para historiadores ou linguistas. A cédula como documento 
histórico reflete dois momentos do país. Na cédula de 1932, há a expressão “Pró-Constitução”, que leva 
os historiadores a relacioná-la à Revolução Constitucionalista, ocorrida durante o governo de Getúlio 
Vargas em 9 de julho do mesmo ano. A cédula demonstra tanto a mudança no país com a Constituição 
(re)criada, quanto a aceitação dessa mudança por parte de um grupo sociopolítico. Na cédula de 2000, 
por sua vez, os historiadores podem verificar que serviu para comemorar o aniversário do descobrimento 
do Brasil. Ela, assim, reflete um posicionamento ideológico e político, porque mostra o país a partir do 
colonizador, desconsiderando o povo indígena e sua história, ou seja, é como se o país passasse a existir 
apenas com a presença dos colonizadores. Nesse sentido, ambas as cédulas exemplificadas reforçam 
a história dos heróis, das grandes personalidades do país, não atendendo à concepção crítica atual 
de que podemos também tratar sobre pessoas comuns. Afinal, nas duas cédulas, há retrato de duas 
personalidades: Domingos Jorge Velho, bandeirante, explorador do país e caçador e matador de índios; 
Pedro Álvares Cabral, considerado símbolo do descobrimento do Brasil, fato que deu início à dizimação 
indígena.
 Saiba mais
A história tradicional, ou história vista de cima, interpreta a história 
por meio de grandes fatos ou personalidades de destaque do país. 
Diferentemente desse paradigma, a nova história, ou história vista de baixo, 
preocupa-se com as pessoas comuns e fatos ocorridos com a colaboração 
do povo. Para saber mais, indico a obra A escrita da história, de Peter Burke, 
em especial o capítulo A história vista de baixo.
BURKE, P(Org.). A escrita da história. São Paulo: UNESP, 1992.
Para fechar nossos exemplos, falaremos sobre charge.
Charge é um estilo de ilustração que tem por finalidade satirizar, por 
meio de uma caricatura, algum acontecimento atual com uma ou mais 
personagens envolvidas. A palavra é de origem francesa e significa carga, ou 
seja, exagera traços do caráter de alguém ou de algo para torná-lo burlesco. 
Muito utilizadas em críticas políticas no Brasil. Apesar de ser confundido com 
cartoon (ou cartum), que é uma palavra de origem inglesa, é considerado 
como algo totalmente diferente, pois ao contrário da charge, que sempre é 
uma crítica contundente, o cartoon retrata situações mais corriqueiras do 
dia a dia da sociedade. Mais do que um simples desenho, a charge é uma 
crítica político-social onde o artista expressa graficamente sua visão sobre 
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determinadas situações cotidianas através do humor e da sátira (http://
pt.wikipedia.org/wiki/Charge).
Uma pessoa querendo saber sobre charge pode encontrar na internet, no site Wikipédia, as 
informações acima. O autor explica o que é charge, sua função comunicativa, compara-a com o cartum. 
Devido à estrutura tradicional, com palavras, orações completas, parágrafo, bem como à coerência e à 
pertinência do assunto, reconhecemos nessas informações e como elas são formalizadas um texto e 
ninguém contrariaria nossa afirmação.
Enfim, podemos concluir que texto constitui-se de uma letra, uma frase ou conjunto de período. O 
texto não precisa ser grande, como diz Antunes (2010); pode ter qualquer extensão, desde que seja um 
todo unificado e cumpra uma função comunicativa.
Exemplo de aplicaçâo
Em situação de comunicação, o que falamos/ouvimos e escrevemos/lemos são sempre textos. 
Façamos uma amostra.
Amostra:
A - Textos ouvidos:
1. Faça um comentário sobre uma notícia ouvida pelo rádio ou televisão ontem à noite ou hoje de manhã.
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2. Tente fazer um resumo de uma conversa (depende do local onde você esteja neste momento, pode 
ser entre colegas, familiares, ou mesmo pessoas desconhecidas) ouvida por você.
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B – Textos falados:
3. Quando foi sua última conversa com seu pai ou sua mãe? Lembra-se do assunto da conversa?
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4. Você já participou de palestra, congresso ou outro evento acadêmico? Se sim, qual foi o assunto 
escolhido por você?
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C – Textos lidos:
5. Tente se lembrar da última história de ficção lida por você. Conte-nos um pouquinho sobre como 
ela é.
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6. Gosta de cozinhar? Fazer experiências malucas culinárias? Qual foi a última receita consultada 
por você?
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______________________________________________________________________________
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D – Textos escritos:
7. Escreva aqui um recado para ser deixado para seu (sua) companheiro(a), lembrando-o(a) de um 
encontro (passeio etc.) combinado previamente.
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8. Você já sabe o que pesquisará para o TCC (aquele trabalho de conclusão de curso)? Qual é a sua 
preferência quanto ao assunto?
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Deve ter faltado espaço para tantas produções. As notícias lidas ou ouvidas são texto; aquelas 
conversas, de que fazemos ou não parte, são um texto; o que o palestrante diz é um texto; os poemas, 
os contos etc. são textos; enfim, estamos rodeados de textos, uma vez que, repetindo: quando falamos, 
ouvimos, lemos e escrevemos, produzimos textos. Por isso, texto é:
Quadro 1
Ouvido Você ouve conversas ocorridas entre duas ou mais pessoas; noticiários ouvidos pelas rádios ou televisão; palestras; discursos em época de eleição; letras de música; entre tantos outros textos.
Falado 
Você produz textos falados, quando participa de conversas (entre você e outra(s) pessoa(s)); uma 
aula que você ministra (caso seja professor(a)); apresentação de um tópico em reunião de trabalho; 
uma declaração de amor; entre tantos outros textos. 
Lido 
Você lê textos escritos: notícias, horóscopos, carta do leitor, editorial em revista ou jornal; romances, 
contos, poemas etc. em livros impressos; email, Orkut e outros textos virtuais; recados, bilhetes, 
receitas, bula e outros do cotidiano.
Escrito 
Você escreve bilhetes, recados e outros do cotidiano; email, cartas comerciais, memorandos, 
relatórios e outros possíveis de trabalho; talvez poemas, contos, crônicas do mundo da literatura; 
e outros, conforme a necessidade e vontade.
Em resumo, quando queremos nos comunicar, recorremos ao texto e, por meio dele, nos expressamos. 
Assim, o texto é expressão. Além disso, porque em cada situação comunicativa nós temos um propósito, 
o texto exerce uma função, isto é, tem uma serventia. A notícia serve para informar um fato recente e 
relevante à sociedade; um recado, para lembrar ou pedir algo combinado; uma receita culinária, para 
orientar; e assim por diante. Como exemplifica Antunes (2010, p. 34-5):
O absolutamente evidente é que falamos sempre em um lugar, onde acontece 
determinado evento social, e com a finalidade de, intervindo na condução 
desse evento, executar qualquer ato de linguagem: expor, defender ou refutar 
um ponto de vista, fazer um comentário, dar uma justificativa, uma ordem, 
fazer o relato de um fato, convencer, expressar um sentimento, apresentar 
um plano, uma pessoa, um lugar, fazer uma proposta, ressaltar as qualidades 
de um produto, pedir ou oferecer ajuda, fazer um desabafo, defender-se, 
protestar, reivindicar, dar um parecer, sintetizar uma ideia, expor uma teoria; 
enfim, fazemos o dia todo e todos os dias, inúmeras ações de linguagem, 
cada uma, parte constitutiva de uma situação social qualquer.
Todo texto é instituído de intenção, uma vez que recorremos a ele com um objetivo específico. 
Produzimos – fala, escrita – com a intenção de fazer algo e o sucesso da comunicação está na 
identificação dessa intenção por parte do interlocutor (o outro, com quem falamos ou para quem 
escrevemos). No percurso da interação – entre nós e o outro – damos instrução necessária para que o 
outro faça, com eficácia, essa identificação. Consequentemente, todo texto é expressão de atividade 
social e comunicativa, não existindo fora das inter-relações pessoais. Qualquer texto está ancorado em 
um contexto social concreto.
O texto, como expressão de uma atividade social de comunicação, envolve um parceiro, um 
interlocutor, porque construímos nossa expressão com o outro, a dois. Esforçamo-nos, sem ter muita 
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consciência disso, para o texto ser relevante, supondo ser da necessidade, do interesse ou do gosto do 
outro. Na concepção de Antunes (2010), o texto é construído como uma resposta ao que supomos ser 
a pergunta do outro.
A estudiosa brasileira Koch, em sua obra sobre texto, defende a posição de que:
a. a produção textual é uma atividade verbal, a serviço de fins sociais e, 
portanto, inserida em contextos mais complexos de atividade;
b. trata-se de uma atividade consciente, criativa, que compreende o 
desenvolvimento deestratégias concretas de ação e a escolha de meios 
adequados à realização dos objetivos; isto é, trata-se de uma atividade 
intencional que o falante, de conformidade com as condições sob as 
quais o texto é produzido, empreende, tentando dar a entender seus 
propósitos ao destinatário através da manifestação verbal;
c. é uma atividade interacional, visto que os interactantes, de maneiras 
diversas, se acham envolvidos na atividade de produção textual (KOCH, 
1998, p. 22).
Outro aspecto importante sobre o texto é o tema, ou seja, o núcleo semântico, que dá ao texto 
continuidade e unidade. O texto não é um conjunto aleatório de palavras ou de frases; ao contrário, é 
composto de sentenças interconectadas. O texto depende, também, de situações fora da língua, como o 
contexto, o objetivo do produtor, do interlocutor etc.
Podemos dizer que o texto se constrói com base em uma interação comunicativa, diante de 
uma manifestação linguística, pela atuação conjunta de uma rede de fatores de ordem situacional, 
sociocultural e interacional, capazes de construir determinado sentido. Desse modo, o sentido não está 
no texto, mas se constrói a partir dele. Conforme Roncarati (2010, p. 48) “o sentido é uma construção 
sociointeracional, pois só surge após colaboração entre leitor e texto”.
Partindo do pressuposto de que um texto não é uma mera soma de frases, o que o diferencia de um 
não texto é a sua textualidade, que se manifesta em diferentes graus. Os sete fatores de textualidade 
são:
1. a coesão: a relação de encadeamento de partes e de unidades;
2. a coerência: o sentido atribuído por um interlocutor;
3. a intencionalidade: o que o autor quer do leitor;
4. a aceitabilidade: o que o leitor espera;
5. a informatividade: os dados novos;
6. a situacionalidade: os atores e o lugar da comunicação e
7. a intertextualidade: a referência a outros textos.
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Enquanto a coesão e a coerência formam os fatores linguísticos da textualidade, a intencionalidade, 
a aceitabilidade, a informatividade, a situacionalidade e a intertextualidade formam os fatores 
pragmáticos.
A organização interna do texto envolve dois fatores: a coerência no aspecto semântico; e a coesão, no 
aspecto formal. A coesão faz referência às ligações que se estabelecem entre os elementos da superfície 
textual: organização das frases, períodos e parágrafos do texto, tendo influência na organização das ideias.
Coesão é o processo de encadeamento das ideias no texto, por meio de elementos gramaticais 
(conectivos) que estabelecem esse nexo entre as ideias. Diferente do processo de coerência, a coesão 
dispõe de marcas linguísticas de referência, substituição, repetição etc.
Platão e Fiorin (2001) apresentam uma classificação dos mecanismos de coesão segundo a função 
dos conectivos envolvidos. Retomada de termos, ou antecipação e encadeamento de segmentos no 
texto são os mecanismos utilizados quando é necessário retomar algo que já foi dito. Os termos que 
retomam o dito se chamam anafóricos. Por exemplo: As crianças são o espelho de uma educação. Elas 
nos oferecem os parâmetros para uma reflexão social. O pronome pessoal “elas” é um anafórico, pois 
retoma crianças.
Os termos catafóricos antecipam ou anunciam um fato ainda por ser apresentado. Por exemplo: O 
professor disse isto: vale a pena pesquisar os estudos da linguística textual. O pronome demonstrativo 
“isto” anuncia a informação seguinte.
O encadeamento de segmentos textuais é feito por conectivos responsáveis pelas relações lógicas 
de causa, finalidade, conclusão, contradição, condição etc. As conjunções ou locuções conjuntivas 
estabelecem essas relações. Veja um exemplo para uma delas: A crise econômica é uma realidade, mas a 
economia do Brasil continua aquecida. A conjunção “mas” estabelece uma relação lógica de contradição 
entre as ideias apresentadas no enunciado, uma vez que a crise, pressupostamente, deveria mexer com 
a economia do país.
Quanto ao processo de desenvolvimento de um texto, os conectivos determinam os seguintes 
processos lógicos:
• gradação: é marcada por uma direção dos argumentos para uma determinada conclusão. O 
argumento mais forte será enfatizado por conectivos do tipo: até mesmo, inclusive, no mínimo 
etc. Por exemplo: Todos os brasileiros estão preocupados com a crise econômica, inclusive os 
jovens que ainda aguardam uma oportunidade de emprego;
• conjunção argumentativa: determina uma relação lógica em que os conectivos devem ligar 
argumentos em favor de uma mesma conclusão. Utilizam-se conectivos do tipo e, também, 
ainda, mas também, além disso etc. Por exemplo: Uma série de questionamentos fazem parte das 
discussões sobre a política de preservação do meio ambiente em nosso país. Muito se discute, mas 
pouco se propõe. Além disso, é repugnante observar como alguns governantes enriquecem por 
conta do desmatamento na Amazônia;
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• disjunção argumentativa: determina uma relação lógica em que os conectivos enfatizam 
conclusões opostas. Utilizam-se conectivos como ou, ou então, caso contrário etc. Por exemplo: 
É preciso reconhecer a urgência de uma política para a preservação do meio ambiente, caso 
contrário, problemas como o desmatamento se agravarão;
• conclusão: estabelecida entre dois enunciados. Utilizam-se conectivos do tipo logo, portanto, pois 
etc. Por exemplo: O meio ambiente é uma questão mundial, portanto é imprescindível que o país 
tenha uma política para a sua preservação;
• explicação ou justificativa sobre a informação anunciada. Utilizam-se conectivos como porque, 
já que, pois etc. Por exemplo: A preservação do meio ambiente é condição para a sobrevida 
das próximas gerações, porque garantirá o uso de elementos de primeira necessidade como a 
água;
• contrajunção: é a relação lógica marcada pela contraposição entre as ideias. Utilizam-se conectivos 
do tipo mas, porém, entretanto etc. Por exemplo: A sociedade se preocupa com a preservação do 
meio ambiente, porém ainda é minoria os que se educam para a preservação;
• argumento decisivo: é apresentado para indicar um acréscimo de informação para enfatizar 
um argumento contrário. Utilizam-se conectivos como aliás, além do mais, além de tudo 
etc. Por exemplo: São tantos os discursos vazios sobre a preservação do meio ambiente. 
Além do mais, em quais políticos a sociedade pode confiar diante dos escândalos que os 
envolvem?
• generalização ou ampliação da informação. Utilizam-se conectivos do tipo de fato, realmente, 
aliás etc. Por exemplo: A sociedade pede providências políticas para a preservação do 
meio ambiente; de fato a urgência se justifica pela qualidade de vida que está totalmente 
comprometida.
A coerência relaciona-se ao sentido do texto. Manifesta-se na construção de sentido da unidade 
textual e implica uma continuidade de sentidos entre as ideias presentes no texto.
A partir dos estudos recentes de Koch e Travaglia (1990), a coerência é entendida como o 
estabelecimento do sentido no texto, construído pelas relações semânticas e pragmáticas entre os 
elementos de um enunciado linguístico. Ao se escolher um tema, é necessário encadear as informações, 
de maneira que não haja contradição entre tema e informação. O sujeito que produz o texto precisa 
garantir ao seu leitor ou receptor essa lógica. Há um contrato de entendimento entre quem elabora e 
quem lê o texto para que haja interpretabilidade. Portanto, a coerência é construída pelo leitor, à medida 
que o texto faz sentido para ele.
 Observação
Pragmática - Segundo Dubois (1973), o aspecto pragmático da 
linguagem diz respeito às características de sua utilização:motivação do 
falante, reações do interlocutor, registros de fala (formal ou informal) etc.
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Platão e Fiorin (2001, p. 397) apresentam diferentes níveis de coerência:
Coerência narrativa é a que ocorre quando se respeitam as implicações lógicas existentes entre as 
partes da narrativa. Assim, por exemplo, para que uma personagem realize uma ação, é preciso que ela 
tenha capacidade, ou seja, saiba e possa fazê-la. Isso quer dizer que a realização de uma ação pressupõe 
um poder e um saber, na narrativa; o que é posterior depende do que é anterior. Constitui, portanto, 
incoerência narrativa relatar uma ação realizada por um sujeito que não tem condições de executá-la. 
Veja-se, por exemplo, esse texto de uma redação de vestibular:
“Lá dentro havia uma fumaça espessa que não deixava que víssemos ninguém.
Meu colega foi à cozinha, deixando-me sozinho. Fiquei encostado na parede da sala, observando 
as pessoas que lá estavam. Na festa, havia pessoas de todos os tipos: ruivas, brancas, pretas, amarelas, 
altas, baixas etc.”
Nesse caso, há uma incoerência, pois a personagem não podia ver e viu.
Coerência argumentativa diz respeito às relações de implicação ou adequação que se estabelecem 
entre certos pressupostos ou afirmações explícitas, colocadas no texto e as conclusões que se tira deles. 
Se, por exemplo, o texto disser que o descontrole orçamentário é a causa da inflação e que esta é o 
problema mais grave do país, será contraditório se concluir que o governo deve aumentar os gastos 
públicos para aquecer a economia.
Coerência figurativa diz respeito à combinatória de figuras para manifestar um dado tema ou 
à compatibilidade de figuras entre si. Na frase Os peixes durante a gravidez ficam agressivos, há uma 
incompatibilidade flagrante entre as figuras peixe e gravidez.
Coerência temporal é aquela que respeita as leis da sucessividade dos eventos ou apresenta uma 
compatibilidade entre os enunciados do texto, do ponto de vista da localização no tempo. O período 
Maria pôs o arroz no fogo, depois o escolheu é incoerente, pois subverte a sucessividade dos eventos do 
processo de preparo do arroz: primeiro, escolher; depois, pôr no fogo.
Coerência espacial diz respeito à compatibilidade entre os enunciados do ponto de vista 
da localização no espaço. Seria incoerente dizer Embaixo do único lustre, colocado bem no 
meio do teto, um grupo de pessoas conversava animadamente. Quando ela entrou, todos 
pararam de falar e olharam para ela. Ela não se importou e foi também postar-se embaixo do 
lustre num dos cantos do salão, pois, se o único lustre era o meio do salão, não poderia ser 
num dos cantos.
Coerência no nível da linguagem é a compatibilidade, do ponto de vista da variante 
linguística escolhida, no nível do léxico e das estruturas sintáticas utilizados no texto: é 
incoerente colocar expressões chulas ou da linguagem informal em um texto caracterizado 
pela norma culta.
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Atribuir um conceito de verdade aos fatos é uma questão de coerência, porém, é imprescindível 
considerar que a verdade só pode ser avaliada no discurso. Por exemplo, o que garantirá o sucesso 
da arguição de um advogado, ao apresentar a defesa para o delito de um suposto cliente, é a relação 
de compatibilidade e não contradição dos argumentos; os recursos retóricos garantem uma “verdade” 
no contexto desse discurso: o cliente pode ter cometido o delito, mas será absolvido pelo poder de 
persuasão de seu advogado. A coerência que se estabelece pela compatibilidade, adequação e não 
contradição é intratextual.
Há também situações em que o estabelecimento de uma “verdade” implica adequação do texto 
com fatos exteriores a ele: dados retirados da cultura de uma sociedade, informações científicas etc. O 
processo é de coerência extratextual.
A organização e inter-relação de ideias envolvem também aspectos externos ao texto. Tais aspectos 
afetam a produção e a recepção de textos e são eles:
Intencionalidade: concerne ao empenho do produtor em construir um texto coerente, coeso e 
capaz de satisfazer os objetivos que tem em mente numa determinada situação comunicativa. A meta 
pode ser informar, impressionar, alarmar, convencer, persuadir, ou defender etc., e é ela que vai orientar 
a confecção do texto.
Aceitabilidade: o outro lado da moeda da intencionalidade (que envolve o produtor) é a 
aceitabilidade, que diz respeito à expectativa do recebedor do texto. O leitor espera que o conjunto 
de ocorrências com que se defronta seja um texto coerente, coeso, útil e relevante, capaz de levá-lo a 
adquirir conhecimentos ou a cooperar com objetivos do produtor.
Situacionalidade: refere-se ao lugar e ao momento da comunicação. Todos os dados situacionais 
interferem na produção e recepção do texto; diz respeito aos elementos responsáveis pela pertinência 
e relevância do texto quanto ao contexto em que ocorre. É a adequação do texto à situação 
sociocomunicativa.
Intertextualidade: é o diálogo entre textos para aumentar o poder de argumentação. Inúmeros textos 
só fazem sentido quando entendidos em relação a outros textos, que funcionam como contexto.
Informatividade: refere-se ao grau de previsibilidade (expectativa) da informação presente no 
texto. É importante para o produtor saber com que conhecimentos do recebedor ele pode contar e 
que, portanto, não precisa explicitar no seu texto. Esses conhecimentos podem advir do contexto 
imediato ou podem preexistir ao ato comunicativo. O interesse do leitor/ouvinte pelo texto vai 
depender do grau de informatividade de que é portador. Esse fator de textualidade trata da medida 
na qual as ocorrências de um texto são esperadas ou não, conhecidas ou não, no plano conceitual 
e no formal.
Como a textualidade forma o texto seguinte, ou seja, como os fatores de textualidade fazem do 
texto um texto? A proposta de análise é de Antunes (2010).
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A mercadoria alucinógena
Em vez de argumentar para a razão do telespectador, a publicidade apela para o 
psicodelismo.
Enquanto o consumidor imagina que é um ser racional, dotado de juízo e de bom-
senso, a publicidade na TV abandona progressivamente essa ilusão. Em vez de argumentar 
para a razão do telespectador, ela apela para as sensações, para as revelações mágicas mais 
impossíveis. A marca de chicletes promete transportar o freguês para um tal “mundo do 
sabor” e mostra o garoto-propaganda levitando em outras esferas cósmicas. O adoçante faz 
surgirem do nada violinistas e guitarristas. O guaraná em lata provoca visões amazônicas 
no seu bebedor urbano, que passa a enxergar um índio, com o rosto pintado de bravura, no 
que seria o pálido semblante de um taxista. Seria o tal refrigerante uma versão comercial 
das beberagens do Santo Daime? Não, nada disso. São apenas os baratos astrais da nova 
tendência da publicidade. Estamos na era das mercadorias alucinógenas. Imaginariamente 
alucinógenas.
É claro que ninguém há de acreditar que uma goma de mascar, um adoçante ou um 
guaraná proporcionem a transmigração das almas. Ninguém leva os comerciais alucinógenos 
ao pé da letra, mas cada vez mais gente se deixa seduzir por eles. É que o encanto das 
mercadorias não está nelas, mas fora delas — e a publicidade sabe disso muito bem. Ela sabe 
que esse encanto reside na relação imaginária que ela, publicidade, fabrica entre a mercadoria 
e seu consumidor. Pode parecer um insulto à inteligência do telespectador, mas ele bem 
que gosta. É tudo mentira, mas é a maior viagem, bicho. A julgarpelo crescimento dessas 
campanhas, o público vibra ao ser tratado como quem se esgueira pelos supermercados à 
cata de alucinações.
Por isso, a publicidade se despe momentaneamente de sua alegada função cívica — a de 
informar o comprador para que ele exerça o seu direito de escolha consciente na hora da 
compra — e apenas oferece o transe, a felicidade etérea, irreal e imaterial, que nada tem a 
ver com as propriedades físicas (ou químicas) do produto. A publicidade é a fábrica do gozo 
fictício — e este gozo é a grande mercadoria dos nossos tempos, confortavelmente escondida 
atrás das bugigangas oferecidas. Quanto ao consumidor, compra satisfeito a alucinação 
imaginária. Ele também está cercado de muito conforto, protegido pela aparência de razão 
que todos fingem ser sua liberdade. Supremo fingimento. O consumidor não vai morrer 
de overdose dessa droga. Ele só teme ser barrado nos portais eletrônicos do imenso festim 
psicodélico. Morreria de frio e de abandono. Ele só teme passar um dia que seja longe de seu 
pequeno gozo alucinado (BUCCI, 1998).
Os fatores de textualidade manifestam-se no texto da seguinte forma:
• Coerência: o texto tem unidade de sentido e se desenvolve em torno de um mesmo tema: a 
publicidade na TV, delimitado por uma perspectiva, a de que a publicidade apela para os efeitos 
mágicos dos produtos que apresenta. O título aponta para esse tema e o início do texto sintetiza o 
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tema. A perspectiva de que a publicidade é criadora de sonhos utópicos continua na apresentação 
detalhada de alguns objetos em que esse poder mágico pode acontecer: o chiclete, o adoçante, 
o guaraná. Os efeitos que provocam no consumidor são: transportar, pela levitação, para esferas 
cósmicas; fazer surgir do nada; provocar visões. Tal encanto não está nos produtos, mas na relação 
imaginária que a publicidade fabrica entre a mercadoria e seu consumidor. O consumidor, apesar 
de não levar os comerciais “ao pé da letra”, compra satisfeito a alucinação. O tema, enfim, perpassa 
todo o texto, mantendo a coerência.
• Coesão: entre outros usos da língua, encontramos no texto: a) simultaneidade temporal entre o que 
o consumidor imagina e o que a publicidade faz em relação a isso: “Enquanto o consumidor imagina 
que é um ser racional, dotado de juízo e de bom senso, a publicidade na TV abandona progressivamente 
essa ilusão”. b) equivalência nas relações entre as palavras imaginar e iludir-se: “o consumidor imagina 
que é um ser racional” e “a TV abandona essa ilusão”. c) a pergunta retórica “Seria o tal refrigerante 
uma versão comercial das beberagens do Santo Daime?”, feita com propósito de interessar o leitor, 
sem esperar obter, portanto, resposta, que, na verdade, já é sabida. d) uso de linguagem contundente, 
cheia de certeza: “É claro que ninguém há de acreditar. Ninguém leva”. e) uso da gíria “é a maior 
viagem, bicho”, que revela que o autor conhece a questão do mundo alucinógeno.
• Situacionalidade: o texto aborda uma questão do mundo real, do cotidiano das pessoas, expostas 
aos muitos apelos do consumo de mercadorias. Insere-se no domínio do jornalismo formador 
de opinião, cujo objetivo é deixar os leitores mais críticos e conscientes frente a determinadas 
questões da vida. Os leitores previstos são os leitores da revista, identificados como pertencentes, 
em geral, a uma classe, no mínimo, medianamente letrada e crítica. Essa condição dos possíveis 
leitores e a própria exigência discursiva da revista levam o texto a ter certo nível de formalidade, 
fora da oralidade cotidiana (coloquial), e com abordagem do problema mais elaborada, com 
seleção vocabular mais especializada e distante do comum.
• Intencionalidade: pode ser relacionada ao propósito da comunicação. O texto tem claramente 
o objetivo de esclarecer e de advertir ao leitor consumidor em relação à cilada dos anúncios 
publicitários, que atribuem ao produto anunciado poderes mágicos e alucinantes. O autor reforça 
essa pretensão de advertência quando explicita que, pelo viés alucinógeno, a publicidade deixa 
de lado sua função cívica, que é “a de informar o comprador para que ele exerça o seu direito 
de escolha consciente na hora da compra”, prometendo “o transe, a felicidade etérea, irreal e 
imaterial, que nada tem a ver com as propriedades físicas (ou químicas) do produto”.
• Informatividade: o autor não foge de ideias óbvias e utiliza metaforicamente o universo dos 
alucinógenos para caracterizar como a publicidade apresenta os produtos; a publicidade oferece 
“o transe, a felicidade etérea, irreal e imaterial”. A novidade maior do texto está em diminuir 
o poder da publicidade: atenuar o “gozo alucinado” atribuído socialmente à publicidade; e em 
tirar do foco seus poderes mágicos e encantatórios. O leitor (também consumidor) precisa ser 
informado para fazer escolhas (compras) de forma consciente.
• Intertextualidade: no âmbito da intertextualidade ampla, o texto está conforme as regularidades 
dos textos opinativos. Além disso, todo o conhecimento pressuposto ou implícito faz parte do 
nosso repertório de saberes, resultantes de nossas experiências anteriores. Por exemplo, o autor 
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supõe que podemos entender por que o “guaraná em lata provoca visões amazônicas” ou quais 
são os “portais eletrônicos do imenso festim psicodélico”. Ou seja, já conhecemos muito do que 
é dito no texto, implicando a inevitável condição de intertextualidade da linguagem. No âmbito 
da intertextualidade restrita, destacamos a referência feita ao refrigerante, como “uma versão 
comercial das beberagens do Santo Daime”, ou seja, há referência a outro texto, no caso, um 
anúncio publicitário do chá Santo Daime, considerado alucinógeno.
• Aceitabilidade: devido ao conhecimento do leitor sobre a revista, o tipo de leitor dela, a função 
comunicativa de um artigo de opinião, o leitor espera um ponto de vista sobre uma questão 
controvertida, argumentos consistentes, percurso e unidade temática. Enfim, o leitor prepara-se para 
aceitar o texto, considerando seu conhecimento sobre a língua, o tema, o tipo de texto, a interação.
A construção e a compreensão do sentido do texto resultam de vários sistemas de conhecimento, tratados 
no próximo tópico. No momento, para apresentação, os quatro grandes conjuntos de conhecimentos:
• conhecimento linguístico, que abrange o léxico e a gramática;
• conhecimento de mundo (ou enciclopédico), que inclui os protótipos, esquemas, ou os modelos 
de eventos e episódios em vigor nos grupos a que pertencemos;
• conhecimento de modelos globais de texto, que inclui as regularidades de construção dos tipos e gêneros;
• conhecimento sociointeracional, que trata do saber acerca da realização social das ações verbais 
ou de como as pessoas devem se comportar para interagir em diferentes situações sociais.
Neste livro-texto não haverá aprofundamento sobre o conhecimento de modelos globais de texto, 
que inclui as regularidades de construção dos tipos e gêneros. Tal conhecimento é explorado no livro-
texto Interpretação e Produção de Textos (IPT). Apenas para dar uma noção sobre os modelos, podemos 
afirmar que texto é tipo e gênero ao mesmo tempo.
No âmbito das atividades concretas de linguagem, temos gêneros textuais, que são:
Quadro 2
Domínios discursivos Gêneros textuais
Literatura Crônicas, contos, poemas, romance, épico, novela, peça de teatro...
Jornalismo Anúncios, editoriais, notícias, artigos de divulgação, cartas do leitor, 
entrevista, crônicas, reportagem, horóscopos...
Academia/ciência Artigo científico, monografia, dissertação (Mestrado), tese (Doutorado), 
resumo, fichamento...Religião Oração, prece, mandamentos, hinos, cultos...
Jurídico Leis, sentenças judiciais, atas, relatórios... 
Empresa Atas, atestados, protocolos, atestados, email, conversação...
Escola Anotações, diários de classe, atas, dissertações, resumos, divulgação 
científica, textos didáticos...
Outros domínios Sociais Tantos outros gêneros
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Segundo Marcuschi (2005, p. 19), o surgimento dos gêneros textuais se deu em três fases: primeiro, 
no período em que a oralidade era o principal meio de comunicação e os povos começavam a ver a 
necessidade de criar alguns tipos de gêneros, entre eles a própria conversação, mitos, lendas, poemas, 
todos eles falados. Segundo, com o surgimento da escrita, no século VII A.C, os gêneros foram ampliados 
para poemas escritos, tratados filosóficos, gramáticas, peças de teatro escritas, epopeias (antes orais, 
passaram a ser escritas), leis etc. Por último, com a industrialização no século XVIII, os gêneros tiveram 
seu alto grau de desenvolvimento. Fazendo uma comparação entre o seu surgimento e o momento 
atual, os gêneros estão no ápice de seu desenvolvimento e expansão e isso se deu devido ao surgimento 
da cultura eletrônica, em especial à internet.
Os meios tecnológicos tais como o rádio, a televisão, o jornal, a revista, a internet, por estarem nas 
atividades comunicativas na vida social, acabam gerando o surgimento de novos gêneros textuais como 
editoriais, artigos, cartas eletrônicas, e-mails, chats, blogs e mais.
Marcuschi (2005, p. 20) explica que “gêneros textuais são fenômenos históricos, profundamente 
vinculados à vida cultural e social”. Para ele, devido aos gêneros não serem limitados e estáticos, eles 
mudam, crescem e se diversificam de acordo com o desenvolvimento das atividades comunicativas e 
sociais diárias.
Os gêneros são inseridos na sociedade mais por suas funções comunicativas e cognitivas do que por 
sua função linguística e estrutural. O uso frequente, principalmente na comunicação diária, com a ajuda 
dos meios de comunicação tais como a televisão e o rádio, faz com que novos gêneros surjam e que haja 
ligação com outros gêneros já existentes. Podemos citar o exemplo das cartas e bilhetes, agora como 
suas sucessoras as cartas eletrônicas, que são gêneros novos com características próprias.
Ainda segundo Marcuschi (2005, p. 22) “é impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum 
gênero, assim como é impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum texto”.
Os tipos textuais são caracterizados por seus aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais e relações 
lógicas, e estes estão inseridos na narração, argumentação, exposição, opinião, descrição e injunção. Já 
gêneros textuais são textos materializados e com características sociocomunicativas existentes no dia a 
dia, definidos por conteúdos, propriedades, estilos e composição.
Se de um lado gêneros textuais são realizações concretas da língua definidas por propriedades 
sociocomunicativas, de outro, tipos textuais são realizações definidas por propriedades intrínsecas. Se os 
primeiros são textos empíricos e cumprem seu papel em situações comunicativas, os segundos cumprem 
seu papel no interior dos gêneros e não são empíricos.
Para fazer a escolha de qual gênero textual usar em determinado contexto também é necessário 
determinar os seguintes fatores:
• sujeito enunciador (autor);
• interlocutor (o público ao qual o autor se dirige);
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• finalidade da interação (o objetivo do autor);
• lugar e momento da produção (o contexto em que o autor produz seu texto);
• canal (o meio de circulação do texto).
Os gêneros textuais compreendem um agrupamento não limitado de denominações concretas 
determinadas pelo canal, conteúdo, composição e função, enquanto os tipos textuais compreendem 
um agrupamento limitado de categorias teóricas definidas por aspectos lexicais, sintáticos, relações 
lógicas e pelo tempo verbal.
Sobre o domínio discursivo, não pode ser chamado exatamente de texto nem de discurso, 
porém destes surgem os discursos com características próprias. Isso se dá devido a esses tipos de 
discursos não terem um gênero específico, como por exemplo: o jurídico, jornalístico e religioso 
entre outros.
Marcuschi (2005, p. 24) cita um exemplo de domínio discursivo religioso conforme abaixo.
Senhora Aparecida, milagrosa padroeira, sede nossa guia nesta mortal 
carreira!
Ó Virgem Aparecida, sacrário de redentor, dai à alma desfalecida vosso poder 
e valor.
Ó Virgem Aparecida, fiel e seguro norte, alcançai-nos graças na vida, 
favorecei-nos na morte!
Chamado de jaculatória, esse gênero contém um alto grau de religiosidade, o que caracteriza o 
discurso como religioso.
O autor chama a atenção para que não tomemos texto e discurso como tendo o mesmo 
significado. O primeiro é “uma entidade concreta realizada materialmente e corporificada em 
algum gênero textual” enquanto o segundo é “aquilo que um texto produz ao se manifestar 
em alguma instância discursiva”. Marcuschi, seguindo Robert de Beaugrande, diz que “os 
textos são acontecimentos discursivos para os quais convergem ações linguísticas, sociais e 
cognitivas”.
Em resumo, o tipo textual caracteriza-se por sequências linguísticas típicas, e gêneros textuais 
caracterizam-se por ação prática e fazem parte de um domínio discursivo, o lugar da atividade social 
em que os textos se inserem ou circulam.
Costumamos confundir tipo e gênero principalmente quando estes se referem a cartas pessoais, 
visto que troca-se o termo gênero de texto por tipo de texto. Em um gênero textual pode haver 
vários tipos textuais, sendo ele “dado por um conjunto de traços que forma uma sequência e não um 
texto”.
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Quadro 3 – Carta pessoal
Sequências tipológicas Gênero textual
Descrição Rio, 11/08/1991
Injuntiva Amiga A.P.
Oi!
Descritiva
Para ser mais preciso estou no meu quarto, 
escrevendo na escrivaninha, com um Micro System 
ligado na minha frente (bem alto, por sinal).
Expositiva Está ligado na Manchete FM – ou rádio dos funks 
– eu adoro funk, principalmente com passos 
marcados...
Injuntiva: está situada a sequência imperativa
Descritiva: está situada a localização
Expositiva: está situada a sequência explicativa
Em uma carta há diversas sequências tipológicas ou “armação de base” e isso faz com que haja uma 
coesão estrutural do texto. É essa diversidade tipológica que possibilita aos gêneros ter a flexibilidade 
de se adaptar à ação social.
A atualidade trouxe a necessidade de novos conceitos de ensinar e aprender, lidar com as novas 
tecnologias. É essencial que a pessoa saiba se portar em uma entrevista de emprego, elaborar cartas 
argumentativas como solicitação de emprego, preencher o curriculum vitae. Ou seja, conhecimento 
sobre gêneros textuais.
Outros tipos de conhecimento, diferentes do conhecimento de modelos globais de texto, que inclui 
as regularidades de construção dos tipos e gêneros, serão tratados a seguir.
Exemplo de aplicação
1. Leia a seguinte passagem:
Mamífero voraz
É preciso 100 pontos para ganhar um relógio de plástico. Teremos imenso prazer em lhe mostrar 
o nosso país. Já está nas lojas Tok & Stok a Linha Garden Verão 97. Dizia-se lá em casa que éramos de 
origem francesa. Tenho um pequeno museu em casa.
Seu próximo passo é ter um cartão com 6 meses de anuidade grátis.
- Jamais abandonarei a senhora.
Bom mesmo é viver numa cabana no meio do mato. O próprio banco ajuda a descobrirquais são os 
melhores produtos para montar sua carteira de investimentos.
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Dada a passagem acima, qual é o núcleo de sentido? Dá para saber o que diz de forma geral, em 
forma de resumo? Qual é a função comunicativa pertinente a um determinado contexto?
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2. Sabendo que os textos enquadrados constituem o gênero “quadro de aviso” e que, em cada um, 
há um convite ou orientação para o leitor, constituem também o tipo “injuntivo”, a que conclusão você 
chega sobre a situação comunicativa e o contexto, no qual o texto está inserido?
Quadro 4
Aniversariantes do mês
Caro colaborador
Você que faz ou fez aniversário este mês venha 
participar do café da manhã oferecido a você.
Local: Restaurante Lavor
Data: 30/03 
Hora: 08h
Dengue: Previna-se
- Não deixe água parada.
- Mantenha caixa d´água fechada.
- Não deixe acumular água em pneus e 
garrafas.
Prevenir ainda é a melhor arma contra a dengue!
Curso de Gestante
Dia 21/03 às 10h será o dia da gestante. Gestantes 
dirijam-se ao auditório amarelo, 2 andar para uma 
demonstração de como cuidar de seu bebê.
Aguardamos você!
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3. Leia o texto abaixo:
Figura 3
Você não quer contar esta história para seus filhos, quer?
Ajude a gente a combater o desmatamento da Amazônia. Fique sócio do Greenpeace.
Acesse o nosso site www.greenpeace.org.br ou ligue 0300 789 2510
a) Em que contexto se insere o texto acima e qual a função comunicativa?
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b) Dentre os fatores de textualidade que constituem o texto, a intertextualidade é muito relevante. 
Discuta o motivo.
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Resolução dos exercícios:
1. Você pode ter ficado confuso pelo exemplo, mas com certeza percebeu que não se trata de 
um texto. Afinal, texto não é um conjunto aleatório de palavras ou de frases soltas. Além disso, falta 
nele uma unidade de sentido possível. Na verdade, por esse exemplo, percebemos que não esbarramos 
facilmente em não textos. Nós temos um discernimento intuitivo sobre o que é ou não texto.
2. Os textos exemplificados, que são ao mesmo tempo injuntivos e quadro de aviso, podem ser 
inseridos em uma situação comunicativa de trabalho, por exemplo, em que há homens e mulheres 
(entre elas, gestantes) considerados “colaboradores”. Há preocupação com aspectos externos à empresa, 
como no caso da prevenção contra a dengue. Os quadros de aviso servem para uma interação maior 
entre a empresa e os funcionários.
3. a) Você pode ressaltar o contexto em que vivemos hoje de maior consciência sobre o meio ambiente 
e de grupos sociais preocupados com o ambiente, como Greenpeace, uma organização a favor do meio 
ambiente e da sua preservação. Devido ao desrespeito contra a natureza, a função comunicativa é, 
então, conseguir adesão de pessoas que também são contra o desmatamento.
b) A intertextualidade trata da relação entre textos. Nós temos uma propaganda – campanha a favor da 
natureza – e nela encontramos outro texto: a história da Chapeuzinho Vermelho. A história (Chapeuzinho 
caminhar na floresta, encontrar o lobo etc.) não é possível hoje, porque estamos perdendo nossas árvores.
2 CONHECIMENTO LINGUÍSTICO
Caro aluno, conhecimento linguístico significa, de forma óbvia, conhecer uma língua, seja ela 
portuguesa, russa, tupi. Vejamos um caso: “Hier kannst du einen bereits vorformatierten Eintrag fur ein 
deutschsprachiges Wort auswählen und bearbeiten. Die vereinfachten Formatvorlagen sind einfacher 
zu handhaben und schneller auszufullen, aber naturlich können sie (später) noch ergänzt werden. 
Klicke einfach auf die richtige Wortart.”. Eu não conheço a língua em que está escrito o texto e não 
saberia dizer, portanto, sobre o tema do texto, o seu objetivo, a função comunicativa. Não tenho, enfim, 
conhecimento linguístico e sem esse conhecimento não posso ler/ouvir, falar/escrever textos.
 Observação
Com a formalização da alfabetização, aprendemos a ler e a escrever na 
língua específica da nossa comunidade.
Nós aprendemos desde bebê a língua da comunidade na qual nascemos, conseguindo entender 
o que as pessoas falam e passando também a falar. Devido a esse aprendizado, de forma intuitiva, 
reconhecemos quando algo faz ou nãoparte da nossa língua. Por exemplo:
• Bola que a competentemente eu feito.
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
Você identifica o exemplo acima como parte da nossa língua? As palavras, individualmente, são da 
língua portuguesa, mas da forma como estão dispostas não formam uma frase aceita por nós.
Outra situação: visualize a palavra cheiro com o sufixo –oso; conseguiu? O resultado é: cheiroso. 
O sufixo -oso forma adjetivos (cheiroso, gostoso, bondoso etc.) e tem o sentido de “provido ou cheio 
de...”. Um bebê depois do banho fica cheiroso, ou seja, cheio de cheiro bom. Visualize agora a palavra 
lua com o sufixo –oso. Deu certo? O conhecimento que nós temos da língua não permite fazer tal 
junção.
Existem outras ocorrências, entre elas a frase:
• Tenho um fundo de reserva de comprar um carro.
O usuário da língua portuguesa estranhará o uso da preposição “de” colocada antes do verbo 
comprar, porque ele sabe que a preposição adequada para o sentido da frase é “para”. A pessoa pode 
não ter o conhecimento formal sobre os tipos de relação da preposição, que no caso de “de” estabelece 
relação de posse, de causa, e a preposição “para”, fim ou finalidade, mas identifica de forma intuitiva 
qual a preposição certa.
Apesar de a nossa disciplina não ser de gramática, é importante ressaltar alguns conhecimentos 
escolares que possuímos sobre esta. Nos estudos gramaticais do ensino básico, aprendemos, por exemplo, 
que verbos com sujeito e objeto direto podem aparecer na voz passiva. Está lembrado disso, caro aluno? 
Vejamos:
• Eu li o livro Quem comeu meu queijo.
• O livro Quem comeu meu queijo foi lido por mim.
A primeira frase está na voz ativa: sujeito (eu) pratica uma ação (ler), constando que o 
praticante do verbo ler é o sujeito. Nesse tipo de verbo, podemos transformar em voz passiva, 
como na segunda frase: o sujeito da oração agora é “o livro Quem comeu meu queijo”, porém 
não pratica a ação (ler); o praticante, na verdade, é o termo “por mim”, classificado como agente 
da passiva.
Seguindo esse raciocínio da gramática tradicional, aprendido na escola e encontrado em livros, 
podemos então criar frases passivas como:
a) O vaso de cristal foi quebrado pelas crianças.
b) As lâmpadas dos postes foram quebradas pela multidão.
c) O pãozinho foi comprado por mim.
d) O cabelo foi penteado pela Maria.
e) A perna foi quebrada pelo Pedro.
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f) O amigo foi perdido pelo meu irmão.
g) A carona foi perdida pelo João.
h) O ligamento foi rompido pelo Pedro durante o jogo.
i) Os filhos ficam amados pelos pais.
Algum estranhamento ou você considera todas as frases acima possíveis? Com certeza, você deve 
ter se questionado sobre meu conhecimento linguístico. Você está certo. Contrariando a gramática, não 
construímos frases passivas como em: e, f, g, h, i. Intuitivamente, não transformamos a frase “O Pedro 
rompeu o ligamento durante o jogo” em passiva, assim como não transformamos em passiva a frase 
“Meu irmão perdeu o amigo.”
 Saiba mais
Vários exemplos dados neste tópico sobre como usamos a língua 
de forma intuitiva e desprezamos muitas formas dadas pela gramática 
normativa podem ser mais aprofundados no capítulo A competência 
linguística, encontrado em: FIORIN, José Luiz (Org.). Introdução à linguística 
I: objetos teóricos. 5. ed. São Paulo: Contexto, 2006.
Outra situação: verbo que não precisa de complemento, classificado como intransitivo. Pela gramática 
tradicional, a ordem na frase pode ser: sujeito-verbo ou verbo-sujeito. Vejamos exemplos:
• O bebê caiu.
• Caiu o bebê.
• O livro chegou ontem.
• Chegou o livro ontem.
Novamente, seguindo nossa intuição, não construímos frases como a seguinte:
• Riem alguns alunos à toa.
• Trabalham os professores duro.
Os dois últimos exemplos mostram que a ordem verbo-sujeito não é possível na nossa língua.
Nas frases abaixo, empregamos verbo no particípio (rido, cantado, chegado etc.). Qual delas você 
assinalaria como possíveis em nossa língua e quais não são possíveis?
a) Uma vez ridos os alunos, todos foram impedidos de terminar a prova.
b) Uma vez dançadas várias meninas, a professora decidiu quais iriam participar do espetáculo.
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
c) Uma vez corridos os amigos, todos foram celebrar no bar da esquina.
d) Uma vez andadas várias pessoas, os dirigentes do parque fecharam os portões.
e) Uma vez chegado o livro, dei início imediato à leitura.
f) Uma vez crescidas as flores, pude chamar os fotógrafos para registrarem aquela beleza.
g) Uma vez mortos vários brasileiros, o Itamaraty teve de tomar providências.
h) Uma vez ocorridos vários acidentes na marginal, a prefeitura decidiu remodelar a pista.
Você está tomando consciência de que temos uma percepção da nossa própria língua que nos torna 
competentes para usá-la, bem como para não seguir muitas regras da gramática normativa/tradicional. 
No caso das frases “a” até “h” acima, estamos diante de fatos linguísticos que sugerem que determinadas 
situações admitem ou não o verbo no particípio. As frases “a, b, c”, d mostram a impossibilidade de uso 
de verbo no particípio.
 Observação
Os verbos em português podem terminar em: -r, indicador de infinitivo 
(andar, ler...), -ndo, indicador de gerúndio (andando, lendo...) e -ido/-ado, 
indicadores de particípio (andado, lido...).
Também independentes do ensino formal, criamos textos em que há frases com verbos que, em uma 
situação, podem ter sujeito e objeto, e em outra situação, apenas sujeito. Exemplos:
a) Verbo quebrar (que para gramática tradicional precisa de sujeito e objeto):
• O Pedro quebrou a jarra de água.
• A jarra de água quebrou.
• Quebrou a jarra de água.
b) Verbo abrir (idem):
• Os porteiros já abriram a porta do cinema.
• A porta do cinema já abriu.
• Já abriu a porta do cinema.
Verificamos que os usuários da língua portuguesa diversificam o emprego dos verbos destacados 
acima, saindo do uso específico dado pela gramática.
Em conclusão, todos nós temos um conhecimento da nossa língua que nos permite ver as 
diferenças de uso, sem que jamais tenhamos sido expostos a qualquer ensino formal a respeito delas. É 
o conhecimento linguístico que nos permite ouvir/falar e ler/escrever textos.
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Exemplo de aplicação
Considere os pares de frases abaixo e indique a(s) frase(s) com impossibilidades apresentadas sobre 
o uso da língua:
(1) a. A Maria está lavando suas camisetas importadas.
b. As camisetas importadas lavam fácil.
(2) a. A tempestade afundou o barco.
b. O barco afundou.
(3) a. Poirot prendeu o criminoso.
b. O criminoso foi preso.
(4) a. As crianças já comeram o bolo.
b. As crianças já comeram.
(5) a. O Pedro vai comprar aquela casa de esquina.
b. Aquela casa de esquina compra fácil.
(6) a. O professor escreveu o artigo.
b. O artigo escreveu.
(7) a. A atitude do marido chateava Ana.
b. A Ana era chateada.
(8) a. As crianças devoraram o bolo.
b. As crianças devoraram.
Comentários: há frases que causaram estranheza em você, porque com certeza nunca as ouviu 
ou leu: Aquela casa da esquina compra fácil; O artigo escreveu; A Ana era chateada; As crianças 
devoraram.
Na construção de textos falados e escritos, a pessoa recorre aos seus conhecimentos 
sobre a língua, adquiridos ao longo da vida e em sua prática comunicativa, além do ensino 
formalna escola. O conhecimento consiste na fonética/fonologia, morfologia/ léxico, sintaxe 
e semântica.
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2.1 Conhecimento lexical
Conhecimento lexical significa conhecer palavras da língua que falamos. Proponho, então, um teste, 
caro aluno.
1. Quantas palavras da língua portuguesa você conhece? Dê um número exato.
2. Quantas palavras usuais, empregadas no dia a dia, você fala? Dê um número exato.
3. De todas as palavras da língua portuguesa, você desconhece apenas ___________.
Você percebeu a brincadeira do teste devido à inviabilidade das respostas exatas. No entanto, 
as perguntas suscitam algumas reflexões. Afinal, o que nós conhecemos da nossa própria língua? 
Conhecemos e aplicamos em nossos textos orais e escritos cem, quinhentas, mil palavras? As perguntas 
seguintes do nosso teste são mais viáveis:
4. Quando você está com pessoas íntimas (família, companheiro, amigos), que palavras você costuma 
usar para um chamamento?
5. No seu campo de atuação, quais são as palavras mais específicas?
O léxico tem função significativa na estruturação do texto, na construção dos seus sentidos, na 
definição de sua adequação aos contextos de uso.
Nas palavras de Antunes (2010, p. 179), não podemos nos esquecer de que as situações de uso da 
língua – incluindo o uso do léxico – são imensamente diversificadas, uma vez que:
Variam os eventos sociais em que atuamos; variam os interlocutores; 
variam os propósitos com que interagimos; variam os gêneros textuais em 
que nos expressamos; ou seja, tudo é bastante próprio de cada situação 
comunicativa.
Nesse sentido, o uso do léxico exige dos interlocutores grande versatilidade e para isso quanto mais 
amplo e diversificado for o repertório lexical da pessoa, melhor se torna o desempenho comunicativo, 
sendo mais participativo, funcional e relevante.
A unidade de sentido do texto condiciona a escolha das palavras. Ou seja, a seleção do 
tema, os argumentos, os objetivos direcionam a carga semântica das palavras. Por isso, antes 
mesmo da nossa produção muitas palavras são excluídas porque não têm relação com o sentido 
pretendido.
Exemplo de aplicação
Dadas as palavras a seguir, selecione aquelas que têm relação com cada tema indicado:
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tradução religião autor mulher esperança mar
ornamento produção Itália resumo poesia
cliente mercado página definição medo confiante
Senado posição Machado de Assis jogarão
Tema 1 – honestidade na política brasileira:
_____________________________________________________
Tema 2 – como cuidar bem de um recém-nascido:
_____________________________________________________
Tema 3: relevância da poesia de Machado de Assis:
_____________________________________________________
Comentário: você percebeu que há palavras que podem ser selecionadas, outras que 
permanecem enquadradas. Para determinado tema, como tema 2, há pouquíssimas palavras que 
podem ser relacionada a ele. Tantas outras vieram a sua mente, porque estão adequadas para 
cada tema.
De forma intuitiva ou com base em conhecimento formal, constituímos campos lexicais: conjunto 
de léxico com sentido análogo (ILARI, 2003). Por exemplo, unimos palavras que nomeiam cores, porque 
elas fazem parte da experiência visual; unimos palavras que nomeiam animais, porque se referem a 
nossa experiência dos seres vivos.
Vejamos: dados dois grupos de palavras, constitua campo lexical.
Grupo A – cadeira, banco, caminhão, carroça, pufe, banquinho, motocicleta;
Grupo B – sofá, charrete, trenó de neve, poltrona, automóvel, trator.
Campo lexical:
de veículo: ________________________________________________
de móvel para sentar: ________________________________________
Devido ao seu conhecimento sobre o significado das palavras, você deve ter separado assim:
Campo lexical de veículo: caminhão, carroça, motocicleta, charrete, trenó de neve, automóvel, trator.
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
Campo lexical de móvel para sentar: cadeira, banco, pufe, banquinho, sofá, poltrona.
Na produção de um texto (uma conversação entre você e seu (sua) companheiro (a)) sobre o que 
comprar para casa, muitas palavras são selecionadas e tantas outras nem vêm à mente, porque não 
fazem parte do campo lexical da situação comunicativa. Assim, sobre o que comprar, vocês podem falar 
sobre cadeira, sofá, bufe, mas nunca trator, charrete etc.
Insisto: é o nosso conhecimento linguístico, no caso, lexical, que nos faz capazes de produzir ou ler texto 
adequado e de perceber quando ouvimos ou lemos que aquilo é um texto ou não; que faz ou não parte da língua.
Exemplo de aplicação
As propostas são do estudioso Ilari (2003).
1. Entre as palavras dispostas a seguir, há uma relação hierárquica que pode ser intuitivamente 
recuperada, mesmo sem grandes conhecimentos de zoologia. Mostre essa relação hierárquica organizando 
todas essas palavras por meio de um quadro sinótico:
vertebrado
mamífero
felino
gato
roedor
rato
canídeo
raposa
cão
pitbull
doberman
bovídeo
rena
boi
réptil
cobra
cascavel
Comentário: Provavelmente você montou um quadro com as seguintes colunas:
... canídeo – cão – pitbull – doberman - felino – gato...
2. O campo lexical pode indicar conjunto de palavras que designam as partes de um objeto. Para os 
não especialistas, é normalmente difícil enumerar todas as palavras desse campo lexical; em geral, eles 
lembram algumas, compreendem algumas outras quando as ouvem e desconhecem as restantes. Tente 
lembrar os nomes de todas as peças que compõem uma bicicleta.
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1.___________________________
2.___________________________
3. ___________________________
4. ___________________________
5. ___________________________
6. ___________________________
7. ___________________________
8. ___________________________
9. ___________________________
10. __________________________
11. __________________________
12. __________________________
13. __________________________
14. __________________________
15. __________________________
16. __________________________
17. __________________________
18. __________________________
19. __________________________
20. __________________________
21. __________________________
22. __________________________
23. __________________________
Agora, compare a lista a que você chegou com a lista das legendas da figura abaixo. Separe aquelas 
legendas em três conjuntos, conforme constituem para você (a) um vocabulário ativo, (b) um vocabulário 
passivo, (c) um vocabulário desconhecido.
a) ___________________________________________________________
b) ___________________________________________________________
c) ___________________________________________________________
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Figura 5
1.Quadro
2.Garfo dianteiro
3.Movimento de direção
4.Guidão
5.Suporte de guidão
6.Pedivela
7.Movimento central
8.Pedais
9.Freios (dianteiro/traseiro)10.Pneus
11.Aros
12.Selim
13.Alavancas de câmbio
14.Descarrilhador dianteiro
15.Descarrilhador traseiro
16.Protetor de câmbio
17.Protetor de raios
18.Porca da abraçadeira do selim
19.Alavanca de freio
20.Canote do selim
21.Corrente
22.Rodas dentadas
23.Blocagem rápida da roda
A seleção lexical está vinculada à ideia central do texto. Com base nessa assertiva, seguiremos a 
análise de Antunes (2010) sobre o texto a seguir:
A geração digital entra em cena
Julia Baldacci Orlovsky brinca de boneca e faz roupinhas como toda criança de 5 anos 
fazia na época de sua mãe e continua fazendo ainda hoje. Com uma diferença: ela desenha 
no computador os vestidos, que depois são impressos em tecido. O fim da velha brincadeira 
de casinha? Não, sinal dos tempos. A nova geração, nascida sob o signo da revolução 
da informática, sabe manejar computadores com a mesma agilidade com que suas avós 
manejavam dedal, agulha e linha. Muito diferente de seus pais, que só foram conhecer os 
recursos do micro quando adultos, a maior parte no ambiente de trabalho.
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A geração que amava os Beatles e os Rolling Stones tem pesadelos diários com 
os manuais de instrução dos aparelhos eletrônicos. Seus filhos nem precisam se 
valer deles. Leonardo Sá Freire de Oliveira, de 9 anos, aprendeu a ligar aparelho de 
som aos 2 anos para apreciar seus CD prediletos. Depois, conheceu o videocassete, 
o videogame e o computador. Aos 4, decepcionou-se com a aula de informática da 
pré-escola que frequentava porque os micros eram antiquados. “Não tem Windows? 
Então não quero”, declarou à professora atônita na época. Os pedagogos reagem 
desconcertados ao fenômeno que ameaça fugir de seu controle. Como lidar com 
crianças assim?
André Matias Ribeiro, de 4 anos, não sabe ler nem escrever, mas desde os 3 mexe no 
micro. Para ele, o mouse é mais fácil de movimentar que a caneta. Ana Luiza Pires da 
Cunha, de 10, desmonta e monta aparelhos eletrônicos desde pequena. Para crianças como 
essas, a vida de hoje sem controles remotos nem computadores equivaleria a uma idade 
das trevas. Todas têm extrema facilidade em lidar com novas tecnologias. Pesquisas feitas 
nos Estados Unidos mostraram que 70% das crianças daquele país usam computador em 
casa ou na escola. Algumas aprenderam com 18 meses a manusear o mouse. Em 1994, 
50% dos jovens consideravam “in” acessar a internet. Essa porcentagem pulou para 88% 
no ano passado.
E no Brasil? Pesquisa exclusiva encomendada por Época ao Instituto Vox Populi, 
realizada em cinco capitais (São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Recife e Belo 
Horizonte) confirma que os brasileiros estão se digitalizando. Crianças como as 
paulistas Julia e Ana Luiza, o baiano André e o carioca Leonardo não são exceções. A 
maioria dos jovens de sua geração sabe usar aparelhos como computador, videocassete, 
micro-ondas e radiorrelógio. Muitos dos que têm computador passam longas horas 
rodando programas, jogos ou acessando a internet. Quando ligados à rede mundial, 
navegam pelos sites, mas também não perdem a oportunidade de frequentar salas de 
bate-papo. (SHIMIZU, Heitor e JONES, Frances. Época. São Paulo, Globo, 19 out 1998. 
Fragmento)
Os autores partem do confronto entre as gerações – a mais nova, nascida sob o signo do computador, 
e a mais velha, conhecedora da nova tecnologia apenas na fase adulta – para construir o tema central 
do texto que é desenvoltura das crianças em relação à tecnologia. Com base no tema, temos a seleção 
lexical:
• as palavras recaem na tecnologia: micro, mouse, controle remoto, novas tecnologias, aparelhos 
eletrônicos, informática, videocassete, videogame, computador, internet, rede mundial, sites, 
salas de bate-papo etc., além de verbos específicos: digitalizar, acessar, ligar, manusear, manejar, 
navegar etc.
As palavras constituem a seleção lexical específica da área da informática, formando o eixo 
temático do texto. As palavras de outras áreas (navegar, por exemplo), que emigraram, foram 
ressignificadas.
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
Outro aspecto importante sobre conhecimento lexical é a caracterização de uma definição. A 
definição é um texto curto que define o significado de uma palavra. O texto precisa ser claro e preciso 
nas informações. De modo geral, identifica a classe maior à qual pertencem os objetos que a palavra 
nomeia e aponta as propriedades que distinguem esses objetos no interior dessa classe maior. Exemplo 
dado por Ilari (2003):
Quadro 5
[Monarquia] é [uma forma de governo] [em que o poder supremo é exercido por uma só pessoa]
 ↓ ↓ ↓
Palavra definida Expressão delimita classe maior Expressão recorta uma subclasse dentro da classe maior
Entre as razões para definir, apontamos para:
• Aumentar o vocabulário: diante de palavras desconhecidas, a compreensão melhora se definir o 
que foi dito/lido.
• Eliminar ambiguidades: a palavra em um contexto pode não estar empregada de forma em um 
sentido claro; assim, convém definir a palavra.
• Tornar exatos os limites de aplicação de palavras desconhecidas, mas vagas: quando a palavra é 
usada em nosso cotidiano, mas é vaga (por exemplo: produto), é importante definir o sentido da 
palavra naquele contexto.
Uma definição não pode ser mera enumeração de exemplos circular (ex.: azul é a cor do que é azul), 
nem obscura, com termos difíceis. Ela também não pode ser muito ampla. Por exemplo: sapato é uma 
coisa que se põe nos pés (as meias também cobrem os pés). Não pode ser demasiado estreita, como 
no caso: bonde é o veículo que circula no Parque Taquaral, em Campinas (existem outros bondes no 
mundo). Além disso, não pode ser figurada: uma árvore é um cabide de folhas.
Um texto bem-redigido é aquele que consegue definir com precisão as situações descritas. Veja 
o caso das infrações previstas no código nacional de trânsito, em cujo texto não ocorre definição 
correta:
• “Dirigir com fones de ouvido conectados a aparelho de som ou telefone celular”
• “Ultrapassar veículo em movimento que integre cortejo ou desfile, sem autorização”
Lanço-lhe um grande desafio: reconstrua o texto do novo código de transito. Tente resolver o problema 
deixado pelo texto original, porque, pela redação, seria possível multar o motorista que responde a uma 
chamada de telefone celular enquanto guia? Quem ultrapassa um dos veículos autorizados a integrar 
o desfile comete uma infração?
A atividade linguística é simbólica, significando que as palavras criam conceitos e esses conceitos 
ordenam a realidade, categoriza o mundo. Conforme Fiorin (2006, p. 56):
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No léxico de uma língua, agrupamos nomes em classes. Violeta, rosa, 
margarida pertencem à classe das flores. Mostrar uma margarida não 
exprimiria a classe flor. Exibir um objeto não exprime as categorias 
gramaticais, como a do singular ou do plural. A língua não é um sistema 
de mostração de objetos, pois a linguagem humana pode falar de objetos 
presentes ou ausentes da situação de comunicação. Aliás, o objeto nem 
precisa existir para que falemos dele, pois a língua pode criar universos de 
coisas inexistentes.
Com base nessa explicação, o autor dá o exemplo da palavra pôr do sol. Do ponto de vista científico, 
não existe pôr do sol, porque, se existisse, o Sol giraria em torno da Terra. Esse conceito foi criado pela 
língua e determina uma realidade que encanta a todos nós. Ainda segundo o autor, uma “nova realidade, 
uma nova invenção, uma nova ideia exigem novas palavras, mas é sua denominaçãoque lhes confere 
existência.” (FIORIN, 2006, p. 56)
A maneira como vemos o mundo varia de língua para língua. Por exemplo, como definir a palavra 
prima em português? A palavra tem mais de um conceito; então, a restringiremos ao campo lexical da 
música. Como resultado, podemos ter:
Prima significa corda que emite som mais agudo em instrumento como violino, guitarra.
Por que usamos a palavra “corda”? Ela é sinônimo de barbante. Por que não definimos prima 
como “barbante que emite som mais agudo...”? O conhecimento intuitivo juntamente com nossa 
convivência com outros falantes da língua portuguesa nos leva a selecionar o léxico. Outros 
casos:
• matar a fome (e não assassinar a fome);
• dormir profundamente (e não dormir exatamente);
• comer frutas, verduras, acarajé, peixe, bolo (e não laranja, manga, pirulito, picolé);
• chupar picolé, pirulito, laranja, manga (e não verduras, peixe, bolo);
• tomar sorvete, caldo, sopa, mingau (e não peixe, pirulito, manga).
Para encerrar esta parte de conhecimento lexical, que envolve tantos aspectos e nuances devido à 
riqueza de uso, apontarei mais dois casos.
Temos na nossa língua os numerais, que são palavras que indicam quantidade (um, dois, três...), 
a ordem em que os seres se encontram (primeiro, segundo...), aumento proporcional de quantidade 
(duplo, triplo, quádruplo...) e a divisão dos seres (um meio, um terço...).
No entanto, ao contrário do que pensamos ou a gramática nos ensina, os números são frequentemente 
usados para dar qualidade aos objetos. O que significa, caro aluno descrente da minha afirmação, cada 
numeral a seguir?
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• revólver trinta e oito;
• gol mil;
• ouro dezoito;
• álcool noventa;
• carro zero;
• máquina zero (no cabeleireiro, depois do vestibular);
• carro quatro por quatro.
No caso do revólver, o numeral trinta e oito é o calibre da arma; o numeral mil é a cilindrada do 
motor do carro e assim por diante.
O léxico formado por numerais também é constantemente empregado em frases feitas. O que 
significam nos numerais das frases feitas seguintes e como elas podem ter surgido?
• quintos do inferno;
• bater com as dez;
• estar a mil;
• como dois e dois são cinco;
• ser um zero à esquerda.
Verificamos que os numerais nas frases feitas não são indicadores de quantidade, ordem etc. Damos 
outros sentidos a eles.
Exemplo de aplicação
Escreva o nome de cada significação, sabendo que cada nome é um numeral:
____________ - corda que emite som mais agudo como em violino, guitarra;
____________ - reza;
____________ - aposento;
____________ - descanso depois do almoço;
____________ - intervalo entre notas musicais;
____________ - contribuição (religiosa);
____________ - período do calendário litúrgico cristão, que precede a Páscoa;
____________ - período de isolamento de animais ou pessoas suspeitos de serem portadores de 
doença contagiosa.
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Comentário: As palavras listadas são:
prima - corda que emite som mais agudo como em violino, guitarra);
terço – reza;
quarto – aposento;
sesta - descanso depois do almoço;
oitava - intervalo entre notas musicais;
dízimo - contribuição (religiosa);
quaresma - período do calendário litúrgico cristão, que precede a Páscoa;
quarentena - período de isolamento de animais ou pessoas suspeitos de serem portadores de 
doença contagiosa.
Segundo Ilari (2003), as palavras listadas eram numerais em sua origem, mas hoje essa ideia de 
número foi perdida, prevalecendo as significações atuais.
Por fim, falaremos sobre a relação entre a seleção lexical e o campo de trabalho. Cada setor da 
vida social é marcado por diferenciações em relação a situações, objetos, mecanismos, procedimentos 
próprios. A especialização lexical dispõe de uma seleção de conjunto de palavras, as quais recebem um 
significado específico e permitem a interação entre os participantes.
Assim, cada área tem suas especificidades, seja na área pedagógica, jornalística, médica, entre tantas 
outras. A adequação vocabular no âmbito da especialização ocorre também dentro da mesma área. 
Uma área como letras, por exemplo, possui várias linhas teóricas, que convergem, mas também têm 
divergência. Assim, a seleção lexical (estrutura, sistema, dicotomia, diacronia/sincronia etc.) faz parte da 
linha teórica chamada estruturalismo. Tal seleção não pode ser apresentada na análise do discurso devido 
à divergência de ideias. Nesta, a seleção é outra (discurso, sujeito, ideologia, opacidade, materialidade 
etc.).
O profissional contextualiza sua linguagem e, consciente, faz a seleção lexical adequada e específica 
da área a qual ele faz parte, conseguindo êxito na comunicação.
O texto abaixo é a introdução de um artigo científico da área médica:
A fibrilação atrial representa um importante problema clínico; é o mais frequente 
distúrbio do ritmo cardíaco que requer intervenção terapêutica, pode gerar sintomas 
incapacitantes, é uma causa frequente de internações hospitalares, agrava clínica 
e hemodinamicamente a insuficiência cardíaca, está associada com aumento de 
mortalidade e, de maneira consistente, está implicada em acidentes tromboembólicos 
sistêmico.
Em alguns países, hoje, a cardiopatia hipertensiva e a insuficiência cardíaca correspondem 
às principais anormalidades cardíacas associadas à fibrilação atrial. Em nosso meio, porém, a 
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cardiopatia reumática ainda tem prevalência elevada, suas sequelas estruturais correspondem 
a uma das principais causas de tratamento cirúrgico valvar e, nesse contexto, a fibrilação 
atrial de natureza reumática, obviamente, continua a ser para nós um importantíssimo 
problema clínico.
Em pacientes com valvopatia mitral e fibrilação atrial, a correção cirúrgica da disfunção 
valvar não resulta, em geral, em uma solução para a arritmia, pois os índices de recorrência 
são elevados, atingindo até 80% em 6 meses.
(VASCONCELOS et al., 2004.)
No texto, há o campo lexical da área medica, constando:
• fibrilação, sintomas, internações hospitalares, clínica e hemodinamicamente, insuficiência cardíaca, 
tromboembólicos, disfunção etc.
A sua profissão e o seu curso nesta Instituição de ensino, caro aluno, possuem, respectivamente, um 
campo lexical específico. Entre os cursos, encontra-se o de Pedagogia. Mesmo que você não faça parte 
do curso de Pedagogia, convido-o a ler o texto seguinte e verificar nele termos ou expressões que são 
pedagógicos típicos.
Ensinar exige rigorosidade metódica
O educador democrático não pode negar-se o dever de, na sua prática docente, 
reforçar a capacidade crítica do educando, sua curiosidade, sua submissão. Uma 
de suas tarefas primordiais é trabalhar com os educandos a rigorosidade metódica 
com que devem se “aproximar” dos abjetos cognoscíveis. E esta rigorosidade 
metódica não tem nada que ver com o discurso “bancário” meramente transferido 
do perfil do objeto ou do conteúdo. É exatamente neste sentido que ensinar 
não se esgota no “tratamento” do objeto ou do conteúdo, superficialmente 
feito, mas se alonga à produção das condições em que aprender criticamente é 
possível. E essas condições implicam ou exigem a presença de educadores e de 
educandos criadores, instigadores, inquietos, rigorosamente curiosos, humildes e 
persistentes. Faz parte das condições em que aprender criticamente é possível a 
pressuposição por parte dos educandos de que o educador já teve ou continua 
tendo experiência da produção de certos saberese que estes não podem a eles, 
os educandos, ser simplesmente transferidos. Pelo contrário, nas condições de 
verdadeira aprendizagem os educandos vão se transformando em reais sujeitos da 
construção e da reconstrução do saber ensinando, ao lado do educador, igualmente 
sujeito do processo. Só assim podemos falar realmente de saber ensinando, em 
que o objeto ensinado é apreendido na sua razão de ser e, portanto, aprendido 
pelos educandos.(FREIRE, 2008).
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São várias palavras e expressões desse texto do campo lexical pedagogia, entre elas:
• educador, educandos, reais sujeitos (referentes aos sujeitos da educação),
• capacidade crítica, rigorosidade metódica, ensinar, aprender criticamente, verdadeira 
aprendizagem, construção e da reconstrução do saber (referentes à finalidade da 
educação).
Convido-o a fazer um levantamento do campo lexical pertencente à área da matemática no texto 
abaixo:
Exemplos de possíveis conexões entre a matemática e a ciência
Exemplo 1: medidas
I Explore a questão
Quão distante representa um ano-luz (em quilômetros)?
II O que você pensa ?
Para os companheiros Milkiwanianos, é difícil imaginar quão longe a Terra está 
do planeta deles. Você deve ter alguma ideia por que a viagem deles para a Terra leva 
bastante tempo. Mas eles somente sabem que foram “anos-luz”. Quão distante isto 
significa?
O termo ano-luz soa como se fosse uma unidade de tempo, porque a palavra ano faz 
parte da expressão. De fato é uma medida de distância, da mesma forma que polegadas, 
metros ou milhas. Porém ano-luz significa uma distância muito maior. É a distância que a 
luz percorre em um ano.
É um conceito difícil de ser entendido. Vamos começar com algo mais fácil. Vamos 
começar com uma medida que chamaremos de ano-carro, isto é, a distância que um carro 
percorre em um ano.
Supondo que em Milwane os carros não sejam tão diferentes dos carros da Terra, eles 
viajam, em média, cerca de 60 milhas ou 98 quilômetros (km) por hora. (PREFEITURA DE 
SALVADOR, 2011)
Entre as palavras e expressões da área matemática, encontramos:
• medidas, unidade, medida de distância, polegadas, metros, milhas, ano-luz (referentes a 
medidas).
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
Exemplo de aplicação
Faça você, agora, um levantamento de termos/expressões específicas da sua área de atuação no 
quadro, referentes a:
Quadro 6
Atuação profissional Procedimentos Recursos 
2.2 Conhecimento fonético/fonológico
Não seja tímido, caro aluno: esteja onde estiver neste momento da leitura do livro-texto, pronuncie 
em voz alta: casa.
Você sabe quantos sons foram pronunciados para formar a palavra “casa”? Distinguimos /k/, /a/, /z/, 
/a/, ou seja, quatro sons, chamados também fonemas.
Nascer e crescer em uma comunidade linguística implica:
• ouvir e entender a língua da comunidade;
• falar a mesma língua da comunidade;
• e, também, preparar, nos primeiros anos de vida, o nosso físico (corpo) para produzir os fonemas 
da língua da comunidade.
Significa que, ao pronunciar “casa”, seu organismo está preparado para ouvir e falar os fonemas 
/k,a,z,a/ com facilidade e sem estranheza. Assim, pronuncie, em voz alta, brasileiro, festa, atraso. 
Não houve também problema quanto à pronúncia, porque os sons saíram com facilidade da 
cavidade bucal.
Quando pronunciamos um fonema, parte de nossos órgãos (aparelho fonador) entra em 
funcionamento. Veja a figura 4, a seguir, em que há um desenho esquemático do aparelho 
fonador.
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Figura 6
Como bem dizem Massini-Cagliari e Cagliari (In: MUSSALIN e BENTES, 2005, p. 107):
Para falar, uma pessoa usa mais da metade do corpo: do abdômen até a 
cabeça. Os linguistas não sabem ao certo onde fica o centro processador da 
linguagem, mas, tradicionalmente, atribui-se ao cérebro ou à alma. A verdade 
é que, antes de abrir a boca para falar, uma pessoa necessita planejar o que 
vai dizer e enviar comandos neuromusculares para que sua fala se realize. 
Como a linguagem é um composto de ideias e de sons, é preciso organizar 
as ideias e os sons que irão carrear essas ideias.
Sem consciência do fato, desde os primeiros meses de vida, passamos a utilizar os órgãos do aparelho 
fonador para pronunciar determinados sons da língua da comunidade. Assim, abrimos a boca para 
pronunciar os fonemas vogais:
Quadro 7
Símbolo 
fonético
Letras correspondentes 
na ortografia
Exemplos 
i I /mininu/ menino
e E /ve/ vê, /akeli/ aquele
ε É /pε/ pé, /akεla/ aquela
a A /la/ lá /kaza/ casa
Ó /p / pó
o O /todu/ todo
u U /tudu/ tudo, /sautu/ salto
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
Treinamos a nossa língua (órgão) para pronunciar as vogais. Preste atenção em que posição fica a 
língua quando pronunciamos a vogal /a/. A língua fica parada (em posição central). Agora, fale /e/; o 
dorso da língua vai para frente (em posição anterior). Fale /o/; o dorso da língua é deslocado para trás 
(em posição posterior). Tais movimentos da língua foram treinados por nós desde bebês, preparando tal 
órgão para a articulação desses fonemas.
Tente pronunciar o som “i” francês, aquele famoso que exige biquinho. Nós temos dificuldade, não 
é natural, porque nós não colocamos em treinamento nosso aparelho fonador para pronunciar tal som 
vogal francês. Da mesma forma, tente pronunciar Brasil, sem finalizar com som /u/ no final, mas com 
som típico do Sul do país: Brasil /braziu/ - /braził/.
Temos, então, sete fonemas vogais na língua portuguesa e eles são pronunciados com a boca aberta 
e o dorso da língua muda de posição (central, anterior ou posterior) dependendo do som. A corrente de 
ar sai da boca sem obstáculo e leva o som até o ouvido do nosso interlocutor.
A corrente de ar chega à parte superior da faringe e encontra dois caminhos: a passagem oral, 
pela boca, e a passagem nasal, pela cavidade nasal. O ar pode seguir um desses caminhos ou ambos. 
Quando segue em ambos os caminhos, produzimos os sons vogais nasais /ã, ~e,~, õ, ~u/. O falante da língua 
portuguesa sabe que ao ouvir/falar /la/ e /lã/ há diferença de significado: lá significa lugar distante da 
pessoa que fala e lã, um tipo de tecido. Na nossa língua, nós precisamos identificar /a/ e /ã/, porque esses 
fonemas criam palavras distintas com significados diferentes.
Em relação aos fonemas consonantais, o nosso aparelho fonador entra em cena de forma diferenciada. 
Todo e qualquer som consonantal não sai da boca como sai o som vogal. Pronuncie: /b/. Os lábios se 
encontram para a formação deste fonema, criando um obstáculo para a corrente de ar.
O modo de articulação da consoante pode ser:
• Oclusivo: o som é produzido com bloqueio total à corrente de ar em algum ponto do aparelho 
fonador. Ex.: /p/, /g/, /d/.
• Nasal: som produzido com bloqueio à corrente de ar na cavidade oral, com concomitante 
abaixamento do véu palatino (item 6 da figura 6), permitindo a saída da corrente de ar pelas 
narinas. Ex.: /m/, /n/, /nh/.
• Fricativo: o som é produzido com estreitamento em qualquer parte do aparelho fonador de tal 
modo que o ar produza fricção. Ex.: /f/, /v/, /s/, /j/.
• Lateral: o som bloqueia a passagem central da corrente de ar na parte anterior da cavidade oral, 
permitindo um escape lateral. Ex.: /l/, /lh/.
Os fonemas consonantais são produzidos pelos lugares de articulação:
• Bilabial: som produzido com um estreitamento ou fechamento pelaaproximação dos lábios.
Fonemas: /p, b, m/.
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• Labiodental: som produzido com o contato do lábio superior com dos dentes incisivos superiores.
Fonemas: /f, v/.
• Dental: é o som produzido com a ponta da língua entre os dentes incisivos superiores e inferiores 
ou com a ponta da língua contra a parte posterior dos dentes incisivos superiores.
Fonemas: /t, d, n, r (mar), r (caro), l/.
• Alveolar: é o som produzido com a parte da frente da língua em direção aos alvéolos dos dentes 
incisivos superiores.
Fonemas: /s, z, r (carro)/.
• Palatal: som produzido com a parte central da língua contra a parte central (mais alta) da abóbada 
palatina, indo até o fundo do palato duro.
Fonemas: /nh, lh/.
• Velar: som produzido com o dorso da língua contra o palato mole.
Fonemas: /k, g, x/.
Além do preparo que fazemos com o nosso aparelho fonador para a produção dos sons específicos 
da língua portuguesa, quando falamos, juntamos os sons das palavras.
Quadro 8
Não falamos assim Juntamos os sons
o...j...e = (hoje) /oje/ = hoje
Hoje... está... chovendo... bastante hojeestáchovendobastante
Separar as palavras de um mesmo texto é ocorrência na escrita, não na fala. Ressalto, porém, que 
pode ocorrer a segmentação dos sons. Devido à segmentação dos sons, casos divertidos resultam em 
sentidos diferentes. Façamos algumas atividades propostas por Ilari (2001):
Exemplo de aplicação
1. Há uma conhecida letra de forró que fala do gato Tico. Ou será que fala de outra coisa?
Tico mia na cama,
Tico mia no quarto...
2. O que há de singular com estes concursos de miss?
Miss Java, Miss Japão
Miss Gana, Miss Garça
Miss Malta, Miss Capa
Miss Angra, Miss Obra
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
Miss Pinho, Miss Pano
Miss Barra, Miss Torno
3. Descubra mais algumas adivinhas como as que seguem:
Quais são as gatas que andam debaixo dos pés? – As alpargatas.
Qual o pedaço da sacola que gruda? – A cola.
4. A ambiguidade de segmentação é um dos recursos de construção da poesia contemporânea. 
Transcreva as passagens em que a ambiguidade de segmentação foi usada como um recurso, neste 
poema de José Paulo Paes:
Adivinha dos peixes
Quem tem cama no mar? O camarão.
Quem é sardenta? Adivinha. A sardinha.
Quem não paga o robalo? Quem roubá-lo.
Quem é o barão no mar? Só tubarão.
Gosta a lagosta do lago? Ela gosta.
Quantos pés cada pescada tem, hem?
Quem pesca alegria? O pescador.
Quem pôs o polvo em polvorosa? A rosa.
Os fonemas de uma língua são organizados em sílaba, cuja estrutura básica nas línguas do mundo é 
CV: consoante seguida de vogal. Na estrutura, as vogais tornam-se o centro da sílaba. No caso da língua 
portuguesa, não existe sílaba sem vogal, por isso aqueles agrupamentos de sons mudos (sem vogal) 
associam-se à sílaba anterior.
Os tipos de sílabas em língua portuguesa são:
a) a. cor. do ---------------- V. CVC. CV
b) pers. pec. ti. va -------- CVCC. CVC. CV. CV
c) prá. ti. co ---------------- CCV. CV. CV
d) a. gru. par --------------- V. CCV. CVC
Normalmente, pronunciamos as sequencias de palavras “casa amarela” como /kazamarela/; “casa 
horrível”, como /kazoriveu/; “toda a amizade”, como /todamizade/. Segundo Cagliari (2006), ocorre a 
juntura: juntamos sílabas em palavras.
O fenômeno de juntura pode envolver até três vogais, como é o caso de “toda a amizade”, que perde 
duas vogais. Na fala, to-da-a-a-mi-za-de pode ser pronunciada /todamizade/.
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 Observação
Obviamente, a escrita ortográfica não acompanha esse conhecimento 
fonético/fonológico que possuímos. Outra sabedoria nossa é distinguir os 
fatos da fala e os fatos da escrita.
Outro aspecto da sílaba – além da juntura – é o acento. A escrita não tem sílaba tônica ou átona; 
isso só ocorre na fala. Para a gramática tradicional, o artigo “a” é átono e o verbo “há” é tônico; no 
entanto, foneticamente, essa distinção não é possível, uma vez que as pronunciamos da mesma 
maneira.
Cagliari (2006) nos dá um exemplo ótimo de como acentuação ocorre na fala, colocando em negrito 
o destaque que damos na fala para as sílabas:
a) Ele não comprou um carro novo.
b) Ele não comprou um carro novo.
c) Ele não comprou um carro novo.
Assim, conforme nossa intenção ao falar, destacamos as sílabas, acentuando-as. Tal destaque difere 
o sentido da frase. Entre outros sentidos, percebemos que:
• a frase a) pode ser resposta para a pergunta: “O que ele não comprou?”
• a frase b) pode ser resposta para a pergunta: “O que ele não fez?”
• a frase c) pode ser resposta para a pergunta: “Quantos carros novos ele não comprou?”
Então:
A saliência da sílaba tônica provém de uma duração maior, ou de uma 
intensidade de pressão da corrente de ar, resultado de um maior esforço 
dos músculos da respiração, ou de uma intensidade acústica maior, ou de 
uma altura melódica maior, ou até de uma mudança marcante na direção 
do contorno melódico (CAGLIARI, 2006, p. 75).
O acento, por fim, tem função de distinguir palavras como sábia, sabia e sabiá e destacar as sílabas 
segundo as intenções do falante.
Exemplo de aplicação
A letra de música de Chico Buarque e Gilberto Gil ficou famosa devido ao jogo fonético causado pelo 
título. Quando ouvimos /kalise/, atribuímos dois sentidos distintos à palavra cálice. Quais são?
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Cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...
Como beber dessa bebida amarga;
Tragar a dor e engolir a labuta?
Mesmo calada a boca resta o peito.
Silêncio na cidade não se escuta.
De que me vale ser filho da santa?!
Melhor seria ser filho da outra;
Outra realidade menos morta;
Tanta mentira, tanta força bruta.
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano.
Quero lançar um grito desumano,
Que é uma maneira de ser escutado.
Esse silêncio todo me atordoa...
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada, prá a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa.
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...
De muito gorda a porca já não anda. (Cálice!)
De muito usada a faca já não corta.
Como é difícil, Pai, abrir a porta... (Cálice!)
Essa palavra presa na garganta...
Esse pileque homérico no mundo.
De que adianta ter boa vontade?
Mesmo calado o peito resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade.
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...
Talvez o mundo não seja pequeno, (Cale-se!)
Nem seja a vida um fato consumado. (Cale-se!)
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Quero inventar o meu próprio pecado. (Cale-se!)
Quero morrer do meu próprio veneno. (Pai! Cale-se!)
Quero perder de vez tua cabeça! (Cale-se!)
Minha cabeça perder teu juízo. (Cale-se!)
Quero cheirar fumaça de óleo diesel. (Cale-se!)
Me embriagar até que alguém me esqueça. (Cale-se!)
(BUARQUE, 1978)
Comentário: os fonemas /kalise/ nos remetem a duas possibilidades auditivas: à palavra cálice 
/kalise/ ou às palavras cale-se (verbo calar e pronome se). Tanto a palavracálice quanto o verbo 
cale têm acento – na fala – na mesma sílaba /ka/. O acento ajuda também na remissão às duas 
possibilidades.
Ressalto que na época ditatorial brasileira, quando a música foi lançada, essa ambiguidade dos 
fonemas /kalise/ é contextualizada à situação histórica.
A música e outros textos, que exploram a sonoridade, agradam ou desagradam nossa 
sensibilidade auditiva, além de sugerirem ideias. A palavra assovio, por exemplo, traz-nos noções 
de ruído agudo, de produção de sopro e de nota aguda encontradas no significado e essas 
noções correspondem à consoante de ruído agudo [s], ao fonema produtor de sopro [v] e à vogal 
de nota aguda [i].
Quadro 9
 Significado sons
ruído agudo …… /s/ ……… consoante de ruído agudo
produção de sopro ……../v/……… fonema produtor de sopro
nota aguda ……./i/……… vogal de nota aguda
Os textos literários, publicitários, letras de músicas, mitos, lendas, contos e tantos outros textos 
lúdicos recorrem aos processos da linguagem que aproveitam e valorizam as sonoridades do sistema 
fonológico, como a aliteração, assonância, homeoteleuto e a rima.
Aliteração é a repetição dos mesmos sons consonantais, e assonância é a repetição vocálica em 
sílabas tônicas. Há um poema muito agradável auditivamente, de Cecília Meireles:
Colar de Carolina
Com seu colar de coral,
Carolina
corre por entre as colunas
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
da colina.
O colar de Carolina
colore o colo de cal,
torna corada a menina.
E o sol, vendo aquela cor
do colar de Carolina,
põe coroas de coral
nas colunas da colina.
(MEIRELES, 2002)
Nós somos leitores ou ouvintes de textos poéticos e reconhecemos nesses o trabalho com os fonemas. 
No caso do poema Colar de Carolina, temos a repetição do fonema consonantal /k/, transcrito com a 
letra c nas palavras: com, colar, coral, Carolina, corre, colunas, colina, colore, colo, cal, corada, cor, coroas. 
A esse recurso damos o nome de aliteração.
Há também repetição dos fonemas vogais /a/, /o/ nas palavras: com, colar, Carolina, colunas, colina, 
colore, colo, cal, corada, coroas. Esse recurso é a assonância.
Tais recursos são muito usados por poetas e compositores de música. Nós encontramos também em 
slogan de anúncios publicitários:
• Abuse e use (da loja de roupas C&A).
• Beba Coca-Cola (da franquia Coca-Cola).
Outros recursos sonoros são o homeoteleuto, que é a repetição de sons no final das palavras, bastante 
comum na enumeração, e a rima, que se trata da coincidência de sons, geralmente em final de palavras 
que se dá na poesia.
Um exemplo de homeoteleuto vem do escritor brasileiro Guimarães Rosa:
• “O sol cresce, amadurece"
• “Cassiano pensou, fumou, imaginou, trotou, cismou, e, já a duas léguas do arraial, os seus cálculos 
acharam conclusão.”
No primeiro trecho temos a repetição dos fonemas /e,c,e/ em “cresce” e “amadurece” e, no segundo 
trecho, a repetição dos fonemas /o,u/ em “pensou”, “fumou”, “imaginou”, “trotou”, “cismou”, formando 
uma rima interna chamada homeoteleuto.
Nos casos da rima, encontramos diversas em poema e letras de música.
A onomatopeia é um recurso sonoro extremamente usado em história em quadrinhos (HQ), mas 
aparece em outros tipos de texto. Em um sentido mais amplo, significa a reprodução (ou a tentativa) 
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de um ruído. É a transposição na língua humana de gritos e ruídos inarticulados. As onomatopeias são 
convencionais e não recriadas espontaneamente pelo falante.
Entre os exemplos, temos novamente um trecho da obra de Guimarães Rosa “Tinha dado o vento, 
caíam uns pingos grossos, chuva quente. O vento vuvo: viiv… viiv”. Nesse fragmento, a onomatopeia 
consiste na reprodução auditiva do barulho do vento: viiv... viiv.
Há substantivos onomatopaicos: pio, uivo, estalo, ribombo; verbos: tilintar, zumbir; e frases: bem-
te-vi; to fraco.
O onomatopeísmo, então, dá expressividade às palavras que designam fenômenos sonoros, às que 
designam vozes de animais, ou atos sonoros produzidos pelas cordas vocais e afins.
Vejamos estes versos de Pedro Dinis que ilustram a segunda situação apontada (designação de vozes 
de animais). Quais são as onomatopeias?
Palram pega e papagaio
E cacareja a galinha,
Os ternos pombos arrulham,
Geme a rola inocentinha.
Muge a vaca, berra o touro
Grasna a rã, ruge o leão,
O gato mia, uiva o lobo
Também uiva e ladra o cão.
Relincha o nobre cavalo
Os elefantes dão urros,
A tímida ovelha bala,
Zurrar é próprio dos burros.
Regouga a sagaz raposa,
Brutinho muito matreiro;
Nos ramos cantam as aves;
Mas pia o mocho agoureiro.
Sabem as aves ligeiras
O canto seu variar:
Fazem gorjeios às vezes,
Às vezes põem-se a chilrar.
O pardal, daninho aos campos,
Não aprendeu a cantar;
Como os ratos e as doninhas,
Apenas sabe chiar.
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
O negro corvo crocita,
Zune o mosquito enfadonho,
A serpente no deserto
Solta assobio medonho.
Chia a lebre, grasna o pato,
Ouvem-se os porcos grunhir,
Libando o suco das flores,
Costuma a abelha zumbir.
Bramam os tigres, as onças,
Pia, pia o pintainho,
Cucurica e canta o galo,
Late e gane o cachorrinho.
A vitelinha dá berros,
O cordeirinho balidos,
O macaquinho dá guinchos,
A criancinha vagidos.
A fala foi dada ao homem,
Rei dos outros animais:
Nos versos lidos acima
Se encontram em pobre rima
As vozes dos principais.
Disponível em: <http://bibliodrruydandrade.no.sapo.pt/paginas/livros/textos_e_livros/textos/006.pdf>
São várias as onomatopeias neste poema. Elas representam as vozes de animais e são palavras 
classificadas como verbos:
• cacareja (verbo cacarejar), arrulham (verbo arrulhar);
• muge (verbo mugir), berra (verbo berrar), grasna (verbo grasnar);
• ruge (verbo rugir), mia (verbo miar), uiva (verbo uivar), ladra (verbo ladrar);
• relincha (verbo relinchar), bala (balar), zurrar, regouga, pia (verbo piar), chilrar, chiar etc.
Enfim, o conhecimento linguístico relacionado à fonética/fonologia significa ter o aparelho 
fonador preparado para pronunciar os fonemas típicos da língua. Além disso, significa também 
preparar nosso aparelho auditivo para identificar e reconhecer determinado som como pertencente 
à nossa língua.
Conhecimento linguístico fonético/fonológico torna a pessoa capaz de ouvir/entender e produzir 
textos orais, sejam eles a conversação, piada, palestra, letra de música etc., desde textos mais informais, do 
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dia a dia, até mais formais, em situações específicas (como palestras); textos mais práticos (conversação) 
até textos mais lúdicos (mitos, letras de música).
3 CONHECIMENTO LINGUÍSTICO
3.1 Conhecimento morfológico
Outro conhecimento necessário para a compreensão ou produção de um texto dentro da língua é o 
morfológico. Você sabe o que significa morfologia? Você sabia que em várias áreas a palavra morfologia 
é empregada?
A figura abaixo faz parte da área da medicina, em especial da anatomia. Não é uma ilustração atual; 
na verdade, é de 1728, mas continua servindo para os nossos propósitos. O que significa morfologia 
nesta ilustração? Qual é sua serventia?
Figura 7
A Figura 8, a seguir, é da área da biologia, cuja legenda é “Exemplo de seção transversal e longitudinal 
de um caule”. Também nesse caso nós temos uma morfologia. A pergunta se repete: o que significa 
morfologia na ilustraçao abaixo e qual é sua serventia?57
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
Medula
Xilema primário
Câmbio vascular
Floema primário
Medula
Xilema secundário
Câmbio vascular
Floema secundário
Xilema primário
Câmbio vascular
Iniciais radiais
Iniciais fusiformes
Cre
scim
ent
o
Cre
scim
ent
o
Medula
Xilema primário
Câmbio vascular
Floema primário
Córtex
Raio do floema
Raio do xilema
Xilema secundário
Câmbio vascular
Floema primário
Felogênio
Xilema primário
Floema secundário
(Câmbio da casca)
Cre
scim
ent
o
Madeira de verão
Madeira de 
primavera
Xilema secundário
Câmbio vascular
Felogênio
Floema secundário
(Câmbio da casca)
Súber
Casca
Periderme
Figura 8
Já deu para perceber que quando falamos em morfologia, estamos tratando das partes constituintes 
de um todo. No caso da figura 7, que faz parte da área da medicina, a morfologia é o estudo do corpo 
humano, distinguindo suas partes anatômicas. Trata-se da mesma função na área da Biologia: detalhar 
as partes do caule.
E em relação à área da língua, o que significa morfologia? O nosso conhecimento morfológico 
refere-se às partes constituintes das palavras e às relações entre as palavras não no que se refere aos 
sentidos (conhecimento semântico), mas à função gramatical.
Exemplos de quadro morfológico na área da língua:
Quadro 10 – Morfologia de um substantivo em português
Menin
Menin
Menin
Menin
menin
menin
menin
menin
o
o
a
a
s
s
inh
inh
inh
inh
o
o
a
a
s
s
Legenda
R - radical
G - gênero (fem./masc.)
N - número (sing./plural)
Af - afixo (diminutivo)
R G N Af G N
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Segundo nosso conhecimento intuitivo, uma palavra em língua portuguesa pode ser feminina e 
masculina, sendo que usualmente o final das palavras é “o” para indicar masculino e “a” para indicar 
feminino:
menino – menina
Sabemos também que as palavras podem indicar uma só unidade ou várias unidades, ou seja, a 
palavra pode estar no singular ou no plural, sendo que “-s” é um indicador de plural na nossa língua e a 
ausência (ø) desse indicador significa que a palavra está no singular:
meninoø/meninos – meninaø/meninas
Outro conhecimento adquirido com a convivência com outros falantes da nossa língua é sobre o 
afixo, parte da palavra que deve ser colocada antes (prefixo) ou depois (sufixo) do radical:
menininho – menininha
São vários os afixos, mas para caráter de exemplo indico alguns:
Quadro 11
afixo (prefixo) exemplos afixo (sufixo) exemplos
i, im, in infeliz inho(a) bolinha
re, bi retomar esa, eza beleza
des desfiado al fenomenal
Vejamos outro caso de morfologia:
Quadro B
Quadro 12– Morfologia de flexão nominal em português
Legenda: A = artigo S = substantivo
O menino
livro
fato
atletismo
os meninos
livros
fatos
atletismos
a menina
casa
análise
operação
as meninas
casas
análises
operações
A S A S A S A S
singular/masculino plural/masculino singular/feminino plural/feminino
No quadro B, acima, as operações linguísticas feitas por nós referem-se às flexões nominais, ou 
seja, às combinações entre o artigo e o substantivo em relação ao gênero e número. Normalmente, em 
nossos textos orais e escritos, fazemos a combinação (flexão) entre as palavras: se uma (livro) está no 
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
singular, a outra (o) que acompanha também é colocada no singular (o livro); se uma (livros) está no 
plural, a acompanhante (os) fica no plural (os livros). É a mesma situação para palavras combinadas em 
relação ao gênero: o menino (palavras no masculino), a menina (palavras no feminino). É um tipo de 
conhecimento sobre a língua que passamos a adquirir desde crianças e realizamos a flexão, mesmo não 
conhecendo o termo “flexão nominal”.
A flexão nominal tem como centro – termo mais importante – o substantivo (a palavra nominal, 
que dá nome aos seres). A partir desse centro, outras palavras concordam com esse centro em gênero e 
número. Vejamos os quadros 13 e 14.
Quadro 13 – Morfologia de flexão nominal em português
os 
(artigo)
históricos
(adjetivo)
primeiros
(numeral)
fatos
(substantivo)
Em relação à flexão nominal, o quadro 13 é um exemplo de concordância/combinação possível entre 
o substantivo e as outras palavras, em especial o artigo, o adjetivo, o pronome e o numeral. No quadro 
13, o centro é constituído pelo substantivo “fatos”, palavra que se encontra no plural e é masculina. No 
seu entorno, as palavras, com destaque a um artigo, adjetivo e numeral, também estão no plural e no 
gênero masculino. Temos, então, uma possível flexão entre as palavras.
Veremos, a seguir, outra possibilidade de flexão, tendo como centro um substantivo feminino.
Quadro 14 - Morfologia de flexão nominal em português
minha 
(pronome)
adequada
(adjetivo)
empírica
(adjetivo)
análise
(substantivo)
No quadro 14, a flexão nominal parte de uma palavra feminina e singular – análise – tendo como 
palavras acompanhantes colocadas também no mesmo gênero e número.
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Nosso poeta Affonso R. Sant’Anna recorre à flexão nominal para criar um dos poemas mais famosos 
em relação à economia de palavras empregadas, porém, com riqueza de imagem. Convido-o, caro aluno, 
a fazer um quadro morfológico com dados do poema A pesca.
A pesca
o anil
o anzol
o azul
o silêncio
o tempo
o peixe
a agulha
vertical
mergulha
a água
a linha
a espuma
o tempo
o peixe
o silêncio
a garganta
a âncora
o peixe
a boca
o arranco
o rasgão
aberta a água
aberta a chaga
aberto o anzo
aquelíneo
agil-claro
estabanado
o peixe
a areia
o sol
(SANT’ANNA, 2010).
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
Na primeira estrofe, por exemplo, temos o artigo “o” que acompanha três substantivos – anil, anzol, 
azul – combinando com eles em gênero (masculino) e número (singular). Uma forma de fazer um 
quadro morfológico pode ser como o abaixo.
Quadro 15
O
(artigo)
anil
(substantivo)
anzol
(substantivo)
azul
(substantivo)
Tal esquema morfológico pode ser aplicado em todas as estrofes. Na penúltima estrofe está 
subentendido que a palavra central, com a qual concordam os adjetivos “aquelíneo”, “ágil-claro” e 
“estabanado”, é o substantivo peixe.
 Observação
O quadro morfológico é apenas um recurso para melhor compreensão 
nossa, caro aluno. Não há nenhum procedimento rígido e oficial sobre ele.
As palavras têm estrutura que o falante nativo de uma língua reconhece, mesmo sem o conhecimento formal 
sobre como se chama cada parte estrutural. Enfim, um dos saberes adquiridos por nós desde bebês é que na nossa 
língua há a ideia de quantidade (ou número: singular e plural). Flexionamos as palavras, acrescentado –s. Dizemos 
livro para indicar singular (única unidade) ou livros para indicar plural (mais de uma unidade). Outro aspecto 
da nossa língua é o gênero das palavras. Existem palavras que são femininas: casa, avó, gata; e outras que são 
masculinas: livro, avô, gato. O grau das palavras é outro saber que temos sobre a língua. As palavras podem variar 
em relação ao grau, ficando sem alteração (normal) ou sofrendo alteração em diminutivo ou aumentativo. Temos, 
então, palavra como porco (grau normal), porquinho (grau diminutivo) e porcão/porcaço (grauaumentativo).
Esse conhecimento constitui o que a gramática chama de flexão nominal, representada no quadro abaixo:
Quadro 16
Flexão Substantivos Adjetivos
Gênero masculino x 
feminino
avô/avó
porco/porca
gato/gata
bom/boa
Número singular x 
plural
porco/porcos
gato/gatos
bom livro/ bons livros
Grau normal x 
diminutivo x 
aumentativo
normal x 
comparativo 
x superlativo
porco/porquinho
porcão (porcaço)
bonzinho/bonzão
alto/altíssimo
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A gramática apresenta como terminação típica –a para o feminino e –s para o plural, porém sabemos 
que existem outras formas indicadoras de gênero e número. As mudanças de timbre, por exemplo, 
indicam o gênero e o número de determinadas palavras, como ocorre em porco/porcos; mudamos o 
fonema de ô (som fechado) indicador de singular para ó (som aberto) para indicar plural; ou avô (fonema 
o fechado) para indicar palavra masculina e avó (ó, som aberto) para indicar palavra feminina.
Quanto ao grau, a gramática nos ensina que o grau indica tamanho. No entanto, quando uma 
pessoa é chamada de Paulão, em vez de Paulo, pode haver mais de uma explicação, além do tamanho: 
“porque ele é alto”, “porque ele é grande”, “porque ele é grosseiro”, “porque ele é desajeitado” ou “porque 
é uma pessoa com quem todos se sentem à vontade”.
 Saiba mais
O estudioso brasileiro Rodolfo Ilari nos apresenta de forma muito 
agradável as diversas formas de uso da língua portuguesa na obra Introdução 
ao estudo do léxico: brincando com as palavras. Indico a obra a você, caro 
aluno, independente de sua área de atuação.
ILARI, R. Introdução ao estudo do léxico: brincando com as palavras. 
2.ed. São Paulo: Contexto, 2003.
Sobre os casos seguintes, caro aluno, exclua aqueles em que as terminações não se associam 
naturalmente à palavra, formando combinações inexistentes na língua:
casa + s = casas
dente + íssimo = dentíssimo
feijão + zinho = feijãozinho
arroz + avam = arrozavam
telefone + érrimo = telefonérrimo
fácil + mente = facilmente
cantar + mente = cantarmente
cantar + s = cantars
Você deve ter considerado algumas associações, tais como: casas, feijãozinho, facilmente, 
e ignorado associações como arrozavam e cantarmente, por exemplo, por saber de forma até 
intuitiva que um falante nunca faria a associação. Afinal, sabemos que a terminação –avam é 
típica de verbo, sendo –va marca de passado e –m marca da pessoa “eles”: (eles) continuavam, 
(eles) pensavam, (eles) beijavam etc. Tais terminações (-va e -m) ao serem colocadas após a palavra 
arroz, tornam a palavra, em consequência, um verbo: (eles) arrozavam, situação inexistente na 
nossa língua.
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
Voltemos ao poema A pesca, especificamente à estrofe três:
a agulha
vertical
mergulha
Diferente da maioria das estrofes, constituídas de flexão nominal, esta terceira têm dois tipos de 
flexão, uma nominal e outra verbal. A flexão nominal consiste na combinação do substantivo com seus 
acompanhantes:
 A agulha vertical
 Artigo substantivo adjetivo
A palavra “agulha” é feminina e está no singular; logo, seus acompanhantes (a/vertical) seguem a 
mesma flexão.
A flexão verbal, por sua vez, consiste na concordância entre o substantivo, palavra no centro da 
combinação nominal, e o verbo:
agulha mergulha
A palavra “agulha” está no singular e o verbo também fica no singular. A palavra agulha pode 
ser substituída pelo pronome “ela” (terceira pessoa); por conseguinte, o verbo concorda, então, com a 
terceira pessoa do singular. Vejamos um quadro morfológico do verbo em português, ou seja, as partes 
constitutivas de um verbo.
Quadro 17 – Morfologia de verbo em português
mergulh
mergulh
mergulh
mergulh
mergulh
mergulh
ø
a
a
a
a
a
o
s
ø
mos
is
m
 Legenda:
R = radical
VT = vogal temática
DP = pessoa e número
R VT PN
Os nossos verbos, de modo geral, possuem esta estrutura: radical, vogal temática e terminação de 
pessoa e número. Como lembrete:
• radical é a parte da palavra que não muda e que traz o significado dela;
• vogal temática é a parte do verbo indicadora da conjugação a qual o verbo faz parte. São três 
vogais temáticas: a, e, i. Elas são colocadas após o radical. Exemplos:
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- mergulhar, analisar, andar: vogal temática -a indica 1ª conjugação;
- compreender, oferecer, ver: vogal temática -e indica 2ª conjugação;
- atribuir, discutir, distinguir: vogal temática -i indica 3ª conjugação.
• terminação de pessoa refere-se às pessoas verbais: eu/nós (1ª pessoa singular/plural); tu/vós (2ª 
pessoa singular/plural); ele/eles (3ª pessoa singular/plural).
Os nossos verbos terminam sempre com indicação de pessoa:
• canto: indica “eu” (1ª pessoa do singular);
• cantavas: indica “tu” (2ª pessoa do singular);
• cantaremos: indica “nós” (1ª pessoa do plural) e assim por diante.
Quando lemos ou ouvimos um texto, o nosso conhecimento sobre flexão verbal é ativado e 
fazemos a ponte entre o verbo e a palavra com a qual o verbo concorda. Considere o texto retirado do 
Manual de redação e estilo do jornal O Estado de S. Paulo no que concerne à relação entre o verbo e o 
substantivo:
Opiniões. 1 - O jornal, como um todo, tem opiniões sobre os assuntos que publica e as 
expressa em editoriais. O noticiário, por isso, deve ser essencialmente informativo, evitando 
o repórter ou redator interpretar os fatos segundo sua ótica pessoal. Por interpretar os 
fatos entenda-se também a distorção ou condução do noticiário. Exemplos: ao tratar dos 
trabalhos de remoção de favelados de um local, o repórter entra em considerações sobre as 
injustiças sociais e os desfavorecidos da sorte ou, ao tratar de um assalto, coloca a miséria 
como fator determinante da formação do criminoso. Deixe esse gênero de ilação a cargo 
dos especialistas ou editorialistas e apenas descreva os acontecimentos.
2 - Para oferecer ao leitor maior diversidade de pontos de vista, o jornal tem críticos, 
comentaristas, analistas, articulistas, correspondentes e outros que, em textos assinados, 
poderão expor suas opiniões, nem sempre coincidentes com as do Estado. Em casos 
excepcionais, nas reportagens mais amplas ou delicadas se permitirá algum tipo de 
interpretação. É obrigatório, porém, que sejam submetidas à Direção da Redação.(MARTINS, 
2001).
As relações de combinação entre verbo e substantivo no texto acima são:
• jornal tem, publica, expressa
• noticiário deve ser
• repórter entra, coloca
• (leitor, você) deixe, descreva
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
• (críticos, comentaristas, analistas, articulistas, correspondentes e outros) que poderão 
expor
No Manual, fica claro que a concordância verbal consiste na relação entre o ser responsável pela 
ação do verbo e o verbo. Assim, se o repórter, por exemplo, “entrar” com opiniões no fato descrito 
ou “colocar” uma justificativa para um determinado evento, assume os atos de entrar e colocar (ou 
melhor, de dar opinião), mas ao assumir tais atos desconsidera seu papel como mero transmissor de 
informação. O ser que tem opinião, que pode expressar seus julgamentos, é o próprio jornal, um ser sem 
existência autônoma. Afinal, quem expressa sua opinião? O autor do Manual completa que as opiniões 
são expressas em editoriais, significando que o editor é o único com direito à função opinativa no 
mundo das notícias.Seguindo esse mundo, em confronto com nosso conhecimento morfológico quanto à flexão verbal, 
encontramos manchetes jornalísticas interessantes:
• Desemprego sobe pelo 2º mês e é o maior desde agosto, aponta IBGE.
• Crise traz de volta ao país 400 mil “expatriados”.
• Ônibus param de novo no Rio.
De jornais diferentes, o leitor recebe essas e outras manchetes diariamente. Nelas, há a relação de 
combinação entre o substantivo e o verbo:
• desemprego sobe
• crise traz
• ônibus param
Em uma sociedade cada vez mais impessoal, não estranhamos esses tipos de relação, exceto se 
aparecer “desempregos sobe” em clara falta de concordância. Não discutimos, em resumo, a relação 
de responsabilidade entre o substantivo e o verbo. Nos casos exemplificados acima, o desemprego 
é responsável pela ação subir; a crise, pelo ato trazer; os ônibus, por pararem. À parte a linguagem 
metafórica, metonímica etc., presenciamos a ausência dos verdadeiros responsáveis pelos atos 
noticiados: a) qual é a causa da aumento do desemprego no país? Que grupo ou grupos sociais são 
os causadores? b) qual é a causa da crise? Que grupo ou grupos sociais são os causadores? c) se 
ônibus param é devido ao ato dos motoristas e, se estes param de trabalhar, qual grupo ou sociais 
causadores?
Outro conhecimento intuitivo que temos da língua é sobre o afixo -mente, que não é 
acrescentado a qualquer palavra, tal como na associação “cantar + mente = cantarmente”, 
apresentada em páginas anteriores neste livro-texto. Assim, em qual palavra você acrescentaria 
esse sufixo?
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Quadro 18
verbo substantivo advérbio adjetivo
cantar livro nunca feliz
mergulhar personalidade mal histórico
variar construção apenas alto
Nas tentativas, você associou cantar + mente, resultando em cantarmente, livro + mente, com 
resultado livromente, nunca + mente, chegando a nuncamente e feliz + mente, verificando a possibilidade 
de felizmente. Não são em todas as palavras que podemos acrescentar o afixo –mente; nos casos acima, 
a associação pode ocorrer com os adjetivos, que deixam de indicar uma característica do ser (João é 
feliz) e passam a funcionar como advérbio, modificador de uma circunstância do verbo (João fez o 
trabalho felizmente).
Em especial sobre o advérbio felizmente, veja como trata o autor do Manual de redação e estilo:
• “Felizmente. Não use nas notícias e reportagens em frases como: Felizmente não houve mortos 
no acidente. / Felizmente o Brasil começa a conter a inflação. O texto deve ser objetivo e felizmente 
expressa uma opinião” (MARTINS, 2001).
Que outros advérbios devem ser banidos de textos jornalísticos pelos mesmos critérios?
Ilari (2003) ressalta a diferença entre a função atribuída ao advérbio pelas gramáticas e por nós, 
usuários da língua. Para a gramática, a função do advérbio é indicar uma circunstância ao verbo, seja 
circunstância de modo, de tempo, lugar, entre outras, e para nós, além dessa função, atribuímos aos 
advérbios o caráter opinativo.
Advérbios de modo
assim, bem, mal, acinte (de propósito, deliberadamente), debalde 
(inutilmente), depressa, devagar, melhor, pior, bondosamente, generosamente, 
cuidadosamente e muitos outros terminados em mente.
Locuções adverbiais de modo
às pressas, às claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, 
desse jeito, desse modo, dessa maneira, em geral, frente a frente, lado a lado, 
a pé, de cor, em vão.
Advérbios de lugar
abaixo, acima, adentro, adiante, afora, aí, além, algures (em algum lugar), 
alhures (em outro lugar), nenhures (em nenhum lugar), ali, aqui, aquém, 
atrás, cá, dentro, embaixo, externamente, lá, longe, perto.
Locuções adverbiais de lugar
à distância, à distância de, de longe, de perto, em cima, à direita, à esquerda, 
ao lado, em volta, por aqui.
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Advérbios de tempo
afinal, agora, amanhã, amiúde (da expressão a miúdo - repetidas vezes, 
frequentemente, a miúdo), ontem, breve, cedo, constantemente, depois, 
enfim, entrementes (enquanto isso), hoje, imediatamente, jamais, nunca, 
sempre, outrora, primeiramente, tarde, provisoriamente, sucessivamente, já.
Locuções adverbiais de tempo
às vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em quando, de 
quando em quando, a qualquer momento, de tempos em tempos, em breve, 
hoje em dia.
Advérbios de negação
não, tampouco (também não), nunca, jamais.
Locuções adverbiais de negação
de modo algum, de jeito nenhum, de forma nenhuma, não etc.
Advérbios de dúvida
acaso, casualmente, porventura, possivelmente, provavelmente, talvez, 
quiçá.
Locuções adverbiais de dúvida
por certo, quem sabe.
Advérbios de intensidade
assaz (bastante, suficientemente), bastante, demais, mais, menos, muito, 
quanto, quão, quase, tanto, pouco.
Locuções adverbiais de intensidade
em excesso, de todo, de muito, por completo, por demais.
Advérbios de afirmação
sim; certamente; realmente; decerto; efetivamente etc.
Locuções adverbiais de afirmação
com certeza; com efeito; de fato; na verdade; sem dúvida; certo que etc.
Quando dizemos de uma pessoa próxima que ela foi finalmente promovida, não descrevemos o 
modo como se deu a promoção; fazemos um comentário sobre ela, dando a entender que a espera foi 
além do necessário.
São vários, então, os conhecimentos morfológicos que possuímos sobre a nossa língua e todos eles 
nos ajudam na comunicação e, acima de tudo, na contextualização.
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Exemplo de aplicação
1. Compare as palavras da coluna da esquerda com as palavras da coluna da direita e verifique se as 
palavras da direita representam o mesmo objeto, porém menor.
colar x colarinho
calças x calcinhas
corrente x correntinha
pão x pãozinho
bolo x bolinho
burro x burrinho (peça da mecânica do automóvel)
Comentário: Você verificou que há palavras na nossa língua que parecem, mas não são associadas 
a outras. Devido à terminação –inho na palavra, por exemplo, colarinho, dá-se a impressão de ser o 
diminutivo de colar; no entanto, em uso corrente hoje, colar e colarinho são palavras extremamente 
distintas com significados bem diferenciados. Em situação como pão x pãozinho, de fato, o sufixo –inho 
é indicador de diminutivo e ambas as palavras se referem ao mesmo objeto.
2. Monte um quadro morfológico das palavras: pedra, pedras, pedrinha, pedrinhas, pedrada, pedreiro, 
pedreiros.
pedr a
pedr
Comentário: Fazer quadro morfológico de uma palavra é dissecá-la em suas partes mínimas. Assim, 
nas palavras pedra (pedr +a), (pedr+a+s), temos radical (pedr), gênero da palavra (-a) e a terminação 
–s indicadora de plural. Encontramos também o afixo (sufixo –inh), nesse caso, indicador de tamanho, 
sufixos -ada e –eir. Veja uma possibilidade de desmontar as partes constitutivas das palavras abaixo.
pedr a
pedr a s
pedr inh a
pedr inh a s
pedr ada
pedr eir o
pedr eir o s
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3. Nas frases abaixo, as palavras em caixa alta foram inventadas, mas nós conseguimos entender as 
frases. Que sentido cada palavra inventada adquire? Por que nós conseguimos entender as frases, apesar 
dessas palavras? (As frases seguintes encontram-se na obra organizada por Fiorin, 2005.)
1) a. Como eu estava cansado, seflei os olhos três ou quatro vezes.
b. Disso isso seflando o punho e proferi outras ameaças.
c. JoséDias sorriu deliciosamente, mas fez um esforço grande e seflou outra vez o rosto.
d. O beijo de Capitu seflava-me os lábios.
2) a. E a voz não lhe saía dolma, mas velada e esganada.
b. Já agora acabo com as coisas dolmas.
c. A cabeça da minha amiga sabia pensar dolma e depressa.
d. Senti que não poderia falar dolmamente.
3) a. Fiquei tão mupestre com esta ideia, que ainda agora me treme a pena na mão.
b. As horas tristes e compridas eram breves e mupestres.
c. Ele me explicou por estas palavras mupestres.
4) a. Era o pai de Capitu, que voltava da repartição um pouco mais bodro, como usava às vezes.
b. Não quero saber dos santos óleos da teologia; desejo sair daqui o mais bodro que puder, ou 
já…
c. Íamos sempre muito bodro, logo depois do almoço, para gozarmos o dia compridamente.
Comentário: 1) a. Como eu estava cansado, seflei os olhos três ou quatro vezes.
b. Dito isso, seflando o punho e proferi outras ameaças.
c. José Dias sorriu deliciosamente, mas fez um esforço grande e seflou outra vez o rosto.
d. O beijo de Capitu seflava-me os lábios.
Pelo contexto conseguimos entender a palavra inventada, que passa a ter o mesmo significado 
de “fechar”. Pelas terminações da palavra inventada, podemos dizer que se trata de um verbo, pois 
contém marcas que indicam a 1ª pessoa do singular (eu) pela terminação –ei (seflei, joguei, analisei...); 
a terminação –ndo, específica de verbo no gerúndio (seflando, jogando, analisando...) e marcas 
indicadoras -ou e –va em seflou (jogou, analisou...), em que –ou indica 3ª pessoa do singular (ele), 
e em seflava (jogava, analisava...), em que –va indica marca final em determinado tempo do verbo. 
Seflou e seflava têm flexão verbal e concordam com os substantivos, respectivamente, José Dias e 
beijo.
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2) a. E a voz não lhe saía dolma, mas velada e esganada.
b. Já agora acabo com as coisas dolmas.
c. A cabeça da minha amiga sabia pensar dolma e depressa.
d. Senti que não poderia falar dolmamente.
O item lexical inventado dolma pode ter seu significado entendido pelo contexto e pela relação 
estabelecida com outras palavras nas frases. Em 2.a., a palavra dolma está equivalente às palavras velada 
e esganada, que caracterizam voz e variam em gênero e número. Assim, dolma, velada e esganada são 
palavras que estão no entorno da palavra voz, combinando com esta em gênero (feminino) e número 
(singular). Podemos dizer, então, que dolma é um adjetivo.
Em 2.b, dolma acompanha a palavra coisas, concordando com esta em gênero e número, bem como 
lhe dá uma característica. Nessa frase, dolma também é um adjetivo, cujo significado é entendido pelo 
contexto.
Em 2c e 2d, verificamos uma modificação do item lexical em relação a 2a. Dolma e dolmamente 
não combinam em gênero e número com outra palavra das frases, ambas acompanham um verbo, 
indicando-lhe uma circunstância (de modo). Podemos reconhecer nessas palavras um advérbio. Além 
disso, a terminação –mente é específica de advérbio.
3) a. Fiquei tão mupestre com esta ideia, que ainda agora me treme a pena na mão.
b. As horas tristes e compridas eram breves e mupestres.
c. Ele me explicou por estas palavras mupestres.
Em 3a, b, c, a palavra mupestre sugere pertencer à classe do adjetivo por variar em número e atribuir 
uma característica.
4) a. Era o pai de Capitu, que voltava da repartição um pouco mais bodro, como usava às vezes.
b. Não quero saber dos santos óleos da teologia; desejo sair daqui o mais bodro que puder, ou 
já…
c. Íamos sempre muito bodro, logo depois do almoço, para gozarmos o dia compridamente.
Ao analisar 4a, notamos, mais uma vez, que estamos diante de um item lexical que denota 
característica. Podemos destacar que se trata de um adjetivo. Já em 4b e 4c temos evidência para propor 
que bodro pertence à classe do advérbio.
As palavras inventadas exibem o comportamento gramatical próprio da nossa língua. Por isso, 
reconhecemos essas palavras como integrantes da língua.
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3.2 Conhecimento sintático
Saber como o léxico de uma língua se estrutura em uma sentença é uma das competências esperadas 
ao produzir e ler um texto. Como bem esclarecem os autores Negrão, Scher e Viotti (In: FIORIN, 2005, 
p. 81):
O falante de qualquer língua natural tem um conhecimento inato sobre 
como os itens lexicais de sua língua se organizam para formar expressões 
mais e mais complexas, até chegar ao nível da sentença.
Esses autores nos propõem imaginar o léxico de nossa língua como um dicionário mental composto 
por um conjunto de palavras a ser utilizado para construção de sentenças. Nossa intuição nos leva a 
distinguir algumas propriedades das palavras e, por exemplo, no processo de aquisição de nossa língua 
materna, sabemos, desde muito cedo, que uma palavra como “mesa” é diferente da palavra como “cair”. 
Uma criança logo diz “caiu”, mas nunca diz “mesou”. Essa distinção indica que ela sabe que “cair” faz 
parte de um grupo de palavras – como “chorar”, “querer”, “papar” – que pode combinar-se com um tipo 
particular de sufixos, como –ou, -eu, -iu. Ao mesmo, ela sabe que “mesa” faz parte de um outro grupo 
de palavra – como “cadeira”, “berço”, “brinquedo” – que, por sua vez, pode combinar com outro tipo de 
sufixo.
Nosso conhecimento sobre a língua também nos ajuda a perceber que as sentenças de nossa 
língua não são resultado da mera ordenação de léxicos em uma sequência linear. Sabemos que uma 
sequência de palavras como “menino bicicleta o da caiu” não é uma frase do português. Sabemos 
também que
para termos uma sentença do português formada por esses mesmos itens 
lexicais, precisamos, antes, fazer combinações intermediárias: compor “o” com 
“menino”, compor “da” com “bicicleta”; compor “caiu” com “da bicicleta”; e, 
finalmente, compor “o menino” com “caiu da bicicleta”. Sabemos, portanto, que 
a estrutura da sentença não é linear, mas sim hierárquica. (FIORIN, 2005, p. 82)
Enfim, sabemos que a frase “a” é bem formada em português e a frase “b” não é possível em nossa 
língua:
a) O menino comprou uma bicicleta nova com a mesada.
b) A comprou uma menino nova o com bicicleta mesada.
Na frase “a”, o léxico nova deve se juntar ao léxico bicicleta para formar um constituinte superior 
– bicicleta nova – que, por sua vez, se junta à palavra uma, para formar um constituinte ainda superior: 
uma bicicleta nova. O mesmo acontece com a palavra menino e o, que formam constituinte superior: 
o menino, e com as palavras a e mesada, que forma constituinte: a mesada. Este último par junta-
se à palavra com e formam, então, o constituinte: com a mesada. O verbo comprou junta-se a esses 
constituintes, formando um constituinte ainda mais alto na hierarquia: comprou uma bicicleta nova 
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com a mesada. Por fim, os constituintes complexos o menino e comprou uma bicicleta nova com a 
mesada se juntam para formar a frase.
A estrutura de constituintes da frase pode ser representada pelo seguinte diagrama:
Quadro 19
 o menino comprou uma bicicleta nova com a mesada 
 o menino comprou uma bicicleta nova com a mesada 
 o menino comprou uma bicicleta nova com a mesada 
 uma bicicleta nova com a mesada 
 bicicleta nova a mesada 
Justamente por não podermos atribuir uma estrutura constituinte ao exemplo “b” que o tornaimpossível em nossa língua. As palavras “a comprou” não formam constituintes; não é possível unir tais 
palavras.
Dependendo do contexto e do que queremos destacar na frase, colocamos um constituinte no início 
da frase. Vejamos a frase original:
• O João vai comprar o último livro do Bauman na Saraiva amanhã.
Essa frase possui os seguintes constituintes superiores:
 o João vai comprar o último livro do Bauman na Saraiva amanhã 
A frase pode permanecer na ordem em que está no original, que é a ordem direta dos constituintes: 
sujeito da oração + verbo + complemento + complemento acessório, ou seja, SVC. Ou a frase pode sofrer 
mudanças, com o deslocamento de um dos seus constituintes, como nos casos abaixo:
• Amanhã, o João vai comprar o último livro do Bauman na Saraiva.
• Na Saraiva, o João vai comprar o último livro do Bauman amanhã.
• O último livro do Bauman, o João vai comprar na Saraiva amanhã.
• Do Bauman, o João vai comprar o último livro na Saraiva amanhã.
• Comprar o último livro Bauman, o João vai amanhã, na Saraiva.
Imagine que alguém lhe faça a seguinte pergunta: Quando o João vai comprar o livro? A pergunta 
ressalta a noção de tempo. Por conseguinte, a sua resposta também destacará o tempo: Amanhã, o João 
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vai comprar o último livro do Bauman na Saraiva. Assim, dependendo do contexto, das intenções dos 
falantes, um dos constituintes da frase pode ser deslocado para o início da frase.
Vejamos os trechos de textos de áreas diversas:
Grupo A:
i. Administração é o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso de recursos a fim de 
alcançar objetivos.
ii. Como administrador você deslocará dos trabalhos operacionais para o campo da ação.
Grupo B:
i. Os conhecimentos prévios dos alunos cumprem um papel fundamental nos processos de 
aprendizagem.
ii. Nos últimos anos, vimos assistindo ao resgate de uma metodologia de trabalho antiga: o Método 
de Projetos.
Grupo C:
i. O conhecimento é procurado para nos fornecer uma consciência mais crítica e esclarecida de nós 
mesmos, através da análise histórica da época em que estamos enfiados.
ii. Na América Central, desde o início do século XX registram-se sucessivas repressões aos movimentos 
sociais.
Não há necessidade de verificar cada constituinte de cada frase acima. Faremos uma análise sobre 
cada uma no que concerne à ordem direta ou deslocamento de constituinte.
Nas frases i, de cada grupo, temos a ordem direta – SVC (sujeito, verbo, complemento), como em:
i. Os conhecimentos prévios dos alunos cumprem um papel fundamental nos processos de 
aprendizagem.
 os conhecimentos prévios dos alunos constituinte (S)
 cumprem constituinte (V)
 um papel fundamental constituinte (C)
 nos processos de aprendizagem constituinte (C)
No Grupo A i, por exemplo, a ordem direta é importante, porque trata de uma definição. O texto de 
definição precisa ser o mais objetivo e direto possível em sua linguagem.
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Nas frases ii, temos deslocamento de um dos constituintes para o início da frase. Na frase ii do Grupo 
A, o constituinte “Como administrador” é destacado para dar ênfase ao papel do profissional; na frase ii 
do Grupo B, o constituinte “Nos últimos anos”, porque, para o autor, a noção de tempo é a informação 
mais importante; por fim, na frase ii do Grupo C, o constituinte “Na América Central” é destacado para 
dar destaque ao local reprimido politicamente. Todos os constituintes deslocados assumiriam posição 
no final da frase se não houvesse o deslocamento.
Dependendo do contexto e do conhecimento sintático, o produtor do texto faz escolhas e segue 
a ordem direta ou faz inversão. No texto jornalístico, em especial notícia, a ordem direta torna-se 
praticamente uma obrigação, recomendação clara no Manual de redação do jornal O Estado de S. Paulo. 
Nas orientações gerais, o jornalista encontra:
4 - Adote como norma a ordem direta, por ser aquela que conduz mais 
facilmente o leitor à essência da notícia. Dispense os detalhes irrelevantes e 
vá diretamente ao que interessa, sem rodeios (MARTINS, 2001)
O jornalista, então, precisa saber qual é a ordem direta – SVC, bem como os constituintes da 
frase que funcionam como sujeito, verbo e complemento. Ele precisa, portanto, ter conhecimento 
sintático.
Situação diferente é do autor de texto literário. O criador de poema, por exemplo, geralmente 
explora a ordem inversa como um recurso estilístico. Os leitores não conseguem entender o poema 
devido à dificuldade na identificação dos constituintes SVC. Às vezes, eles têm impressão de estar lendo 
“A comprou uma menino nova o com bicicleta mesada”. Os poemas de Luis Vaz de Camões são exemplos 
clássicos:
Transforma-se o amador na cousa amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.
Se nela está minha alma transformada,
Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
Pois consigo tal alma está liada.
Mas esta linda e pura semideia,
Que, como o acidente em seu sujeito,
Assim co’a alma minha se conforma,
Está no pensamento como ideia;
[E] o vivo e puro amor de que sou feito,
Como matéria simples busca a forma.
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As ordens diretas seriam:
• o amador transforma-se na cousa amada (1º verso)
 S V C
• tenho a parte desejada em mim (4º verso)
 S (eu) V C C
• minha alma transformada está nela (5º verso)
 S V C
• o corpo deseja alcançar [o] que mais?
 S V V = C C
Apesar das dificuldades na leitura, a ordem inversa deixa o poema camoniano mais rico e intrigante, 
diferenciando-o no mundo da literatura. Sobre essa relação entre texto literário e a ordem inversa, 
temos um interessante artigo jornalístico:
 Saiba mais
Ordem inversa valoriza discurso
Thaís Nicoleti de Camargo
CAMARGO, T. N. Ordem direta e inversa. Folha.com. São Paulo 20 ou. 
2010. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/
ult305u446.shtml>. Acesso em: 17 jun. 2011.
Outro aspecto sobre os constituintes da frase refere-se às intercalações. Dentro de uma frase, 
podemos encaixar outra. Por exemplo:
• O livro chegou ontem.
• Encomendei o livro.
Para evitar repetição de termos, podemos unir as frases acima em um único enunciado:
• O livro, que encomendei, chegou ontem.
Nesse enunciado, ocorre a intercalação: uma frase é inserida na outra. Como na situação anterior 
sobre ordem direta e ordem inversa, a formação de frases intercaladas depende do contexto. No mesmo 
Manual de redação, em instruções gerais, o autor aconselha:
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1 - Seja claro, preciso, direto, objetivo e conciso. Use frases curtas e evite 
intercalações excessivas ou ordens inversas desnecessárias. Não é justo exigir 
que o leitor faça complicados exercícios mentais para compreender o texto 
(MARTINS, 2001).
Deparamo-nos muitas vezes com parágrafos longos e cheios de intercalações, dificultando nossa leitura 
e, logo, nosso entendimento do texto. No entanto, quando a pessoa sabe fazer intercalações e verificase o 
produto final ficou coerente e bom, não há problema em fazer esse tipo de construção sintática.
Para encerrar esta seção, trataremos das exigências de determinados verbos. Tomemos a frase “O João 
construiu uma casa”. Intuitivamente, sabemos que o verbo construir é uma palavra que faz exigências e 
determina que outras palavras podem satisfazê-las. Construir precisa ser acompanhado de duas outras 
expressões: uma que corresponde ao objeto a ser construído e outra, ao agente construtor. Na frase, 
“uma casa” e “o João” são as expressões que, respectivamente, satisfazem essas exigências impostas por 
construir.
Assim acontece com “Criança adora gato”, “As análises mostram a porcentagem de carbono no 
produto x” etc. O verbo adorar também exige outros constituintes, tanto o constituinte na função de 
sujeito (criança), quanto o constituinte na função de complemento (gato). No caso do verbo mostrar, 
sua exigência recai igualmente em possuir um constituinte como sujeito (as análises) e outro como 
complemento (a porcentagem de carbono no produto x).
Dessa forma, se o falante for exposto à frase em que falta um dos constituintes exigidos pelo verbo, 
ele perceberá imediatamente. Por exemplo, se alguém diz “construiu uma casa”, a reação do ouvinte é 
imediata, perguntando logo “quem construiu a casa?” O ouvinte pede ao seu interlocutor que acerte a 
frase, de modo a que as imposições feitas pelo verbo construir sejam satisfeitas.
 Lembrete
Na gramática escolar, o verbo que exige outro(s) constituinte é 
classificado verbo transitivo direto e/ou indireto.
3.3 Conhecimento semântico
Refere-se aos significados que atribuímos aos textos. O significado pode ser geral ou verificado na 
relação entre palavras ou entre frases.
O significado geral relaciona-se à unidade semântica do texto, que se desenvolve em torno de um 
tema, chamado também de ideia central. Essa unidade é um eixo, o qual faz cada parte textual convergir 
para um centro (verificar ANTUNES, 2010).
É a unidade semântica, central, que permite a elaboração de uma síntese, o entendimento dos títulos 
e subtítulos, o discernimento entre as ideias principais e as secundárias. Essa unidade deixa o texto como 
um conjunto delimitado.
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
Textos orais e escritos realizam-se dentro dos parâmetros de unidade. Assim, textos orais como 
conferência, palestra, debate, aula e outros similares são sempre em torno de um determinado tema. 
Ressalto que, devido às circunstâncias comunicativas, a conversação em MSN, por exemplo, têm mais 
abrangência, não se fixando a um tema.
O tema é desenvolvido sob um ponto de vista. Em seu percurso, o tema progride, mantendo informação 
já dada e com acréscimo de algo diferente. Ideias novas são acrescentadas acerca do mesmo tema. O 
resultado é uma progressão articulada com as partes do texto integradas. Diante do que ouvimos ou 
lemos, temos a sensação de que estamos diante de uma unidade, reconhecendo o começo e o fim do 
texto.
A unidade de um texto, então, é o principal atributo para ele ser considerado em sua completude. 
Vejamos o exemplo dado por Siqueira (2000):
Menino do Rio
Menino do Rio
Calor que provoca arrepio
Dragão tatuado no braço
Calção corpo aberto no espaço
Coração, de eterno flerte
Adoro ver-te...
Menino vadio
Tensão flutuante do Rio
Eu canto pra Deus proteger-te...
O Hawaí
Seja aqui
Tudo o que sonhares
Todos os lugares
As ondas dos mares
Pois quando eu te vejo eu desejo o teu desejo
Menino do Rio
Calor que provoca arrepio
Toma esta canção como um beijo
(VELOSO, 1981)
O autor Siqueira nos pergunta se o texto tem unidade, falando do mesmo tema do começo ao fim. 
Propõe-nos verificar:
• Quem provoca arrepio?
• Quem tem dragão tatuado no braço?
• Quem usa calção?
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• Quem tem o corpo aberto no espaço?
• Quem tem o coração de eterno flerte?
• Quem é visto?
• Quem é a tensão flutuante do Rio?
• A quem Deus deve proteger?
• Quem sonha com o Havaí?
• Quem é visto e desejado?
• Quem toma a canção como um beijo?
A resposta é uma só: o menino do rio. O texto, portanto, tem unidade: diversas partes se juntam 
e se articulam formando um todo único. Quando, ao contrário, o texto está incompleto, conseguimos 
perceber que falta parte dele, tal como ocorre no exemplo:
O primeiro informou:
- Eu, uma vez, cheguei atrasado à usina e fui preso por estar sabotando o trabalho 
coletivo.
E o outro contou:
- Pois eu, como chegava todo dia mais cedo, fui preso por espionagem.
E o terceiro:
- Eu sempre cheguei na hora exata, todos os dias, durante anos, e fui preso por 
conformismo pequeno-burguês.
(ZIRALDO, 1982).
O início do texto “O primeiro informou” nos leva a perguntar quem informou a quem? Em que 
situação os três foram presos? A que esse texto se refere afinal? Falta, portanto, uma parte do texto. Já 
se o texto fosse assim na introdução: “Três sujeitos lá no fundão da Sibéria discutiam as razões de sua 
prisão”, saberíamos desde o início que se trata de presos políticos da União Soviética e o autor Ziraldo 
faz uma crítica à postura política adotada pelos socialistas. Somente assim o texto faria sentido.
Com base nos exemplos, podemos afirmar que temos uma competência textual. Diante de um texto, 
detectamos se ele está completo ou interrompido, bem como identificar o tema global do texto.
Veremos mais dois exemplos de unidade temática. Primeiro é uma crônica da grande escritora 
brasileira Rachel de Queiroz.
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Talvez o último desejo
Pergunta-me com muita seriedade uma moça jornalista qual é o meu maior desejo para 
o ano de 1950. E a resposta natural é dizer-lhe que desejo muita paz, prosperidade pública 
e particular para todos, saúde e dinheiro aqui em casa. Que mais há para dizer?
Mas a verdade, a verdade verdadeira que eu falar não posso, aquilo que representa o real 
desejo do meu coração, seria abrir os braços para o mundo, olhar para ele bem de frente e 
lhe dizer na cara: Te dana!
Sim, te dana, mundo velho. Ao planeta com todos os seus homens e bichos, ao continente, 
ao país, ao Estado, à cidade, à população, aos parentes, amigos e conhecidos: danem-se! 
Vou pra longe me esquecer de tudo, vou a Pasárgada ou a qualquer outro lugar.
Isso que eu queria. Chegar junto do homem que eu amo e dizer para ele: Te dana, meu 
bem! Doravante pode fazer o que entender, pode ir, pode voltar, pode pegar dançarinas, 
pode fazer serenatas, rolar de borco pelas calçadas, pode jogar futebol, entrar na linha 
Quimbanda, pode amar e desamar, pode tudo, que eu não ligo! Chegar junto ao respeitável 
público e comunicar-lhe: Danai-vos, respeitável público. Acabou-se a adulação, não me 
importo mais com as vossas reações, do que gostais e do que não gostais; nutro a maior 
indiferença pelos vossos apupos e os vossos aplausos e sou incapaz de estirar um dedo para 
acariciar os vossos sentimentos. Ide baixar noutro centro, respeitável público, e não amoleis 
o escriba que de vós se libertou!
Chegar junto da pátria e dizer o mesmo: o doce, o suavíssimo, o libérrimo te dana. Que 
me importo contigo, pátria? Que cresças ou aumentes, que sofras de inundação ou de seca, 
que vendas café ou compres ervilhas de lata, que simules eleições ou engulas golpes? Elege 
quem tu quiseres, o voto é teu, o lombo é teu. Queres de novo a espora e o chicote do peão 
gordo que se fez teu ginete? Ou queres o manhoso mineiro ou o paulista de olho fundo? 
Escolhe à vontade - que me importa o comandante se onavio não é meu? A casa é tua, 
serve-te, pátria, que pátria não tenho mais.
Dizer te dana ao dinheiro, ao bom nome, ao respeito, à amizade e ao amor. Desprezar 
parentela, irmãos, tios, primos e cunhados, desprezar o sangue e os laços afins, me sentir 
como filho de oco de pau, sem compromissos nem afetos.
Me deitar numa rede branca armada debaixo da jaqueira, ficar balançando devagar 
para espantar o calor, roer castanha de caju confeitada sem receio de engordar, e ouvir 
na vitrolinha portátil todos os discos de Noel Rosa, com Araci e Marília Batista. Depois 
abrir sobre o rosto o último romance policial de Agatha Christie e dormir docemente ao 
mormaço.
Mas não faço. Queria tanto, mas não faço. O inquieto coração que ama e se assusta e 
se acha responsável pelo céu e pela terra, o insolente coração não deixa. De que serve, pois, 
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aspirar à liberdade? O miserável coração nasceu cativo e só no cativeiro pode viver. O que ele 
deseja é mesmo servidão e tranquilidade: quer reverenciar, quer ajudar, quer vigiar, quer se 
romper todo. Tem que espreitar os desejos do amado, e lhe fazer as vontades, e atormentá-
lo com cuidados e bendizer os seus caprichos; e dessa submissão e cegueira tira a sua única 
felicidade.
Tem que cuidar do mundo e vigiar o mundo, e gritar os seus brados de alarme que 
ninguém escuta e chorar com antecedência as desgraças previsíveis e carpir junto com os 
demais as desgraças acontecidas; não que o mundo lhe agradeça nem saiba sequer que 
esse estúpido coração existe. Mas essa é a outra servidão do amor em que ele se compraz 
- o misterioso sentimento de fraternidade que não acha nenhuma China demasiado longe, 
nenhum negro demasiado negro, nenhum ente demasiado estranho para o seu lado sentir 
e gemer e se saber seu irmão.
E tem o pai morto e a mãe viva, tão poderosos ambos, cada um na sua solidão estranha, 
tão longe dos nossos braços.
E tem a pátria que é coisa que ninguém explica, e tem o Ceará, valha-me Nossa Senhora, 
tem o velho pedaço de chão sertanejo que é meu, pois meu pai o deixou para mim como o 
seu pai já lho deixara e várias gerações antes de nós, passaram assim de pai a filho.
E tem a casa feita pela nossa mão, toda caiada de branco e com janelas azuis, tem os 
cachorros e as roseiras.
E tem o sangue que é mais grosso que a água e ata laços que ninguém desata, e não 
adianta pensar nem dizer que o sangue não importa, porque importa mesmo. E tem os 
amigos que são os irmãos adotivos, tão amados uns quanto os outros.
E tem o respeitável público que há vinte anos nos atura e lê, e em geral entende e aceita, 
e escreve e pede providências e colabora no que pode. E tem que se ganhar o dinheiro, e 
tem que se pagar imposto para possuir a terra e a casa e os bichos e as plantas; e tem que 
se cumprir os horários, e aceitar o trabalho, e cuidar da comida e da cama. E há que se ter 
medo dos soldados, e respeito pela autoridade, e paciência em dia de eleição. Há que ter 
coragem para continuar vivendo, tem que se pensar no dia de amanhã, embora uma coisa 
obscura nos diga teimosamente lá dentro que o dia de amanhã, se a gente o deixasse em 
paz, se cuidaria sozinho, tal como o de ontem se cuidou.
E assim, em vez da bela liberdade, da solidão e da música, a triste alma tem mesmo é que 
se debater nos cuidados, vigiar e amar, e acompanhar medrosa e impotente a loucura geral, 
o suicídio geral. E adular o público e os amigos e mentir sempre que for preciso e jamais se 
dedicar a si própria e aos seus desejos secretos.
Prisão de sete portas, cada uma com sete fechaduras, trancadas com sete chaves, por 
que lutar contra as tuas grades?
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O único desabafo é descobrir o mísero coração dentro do peito, sacudi-lo um pouco e 
botar na boca toda a amargura do cativeiro sem remédio, antes de o apostrofar: Te dana, 
coração, te dana!
(QUEIROZ, 2007).
Segundo Antunes (2010), a unidade temática do texto de Rachel de Queiroz desenvolve-se em torno 
da descrição de um possível desejo da autora Rachel na passagem de ano de 1950. No texto há detalhes 
sobre o que seria o desejo verdadeiro e inconfessável e depois a rendição dela aos desejos do coração. Os 
pormenores desse desejo e as razões para ele não ser atendido marcam o percurso do texto.
Esse tema progride no decorrer do texto e verificamos que, ainda de acordo com Antunes (2010, P. 
91-92):
(a) O pretexto inicial do texto – um desejo para o ano que começa – passa 
a ser o fio condutor de todo o seu desenvolvimento.
(b) O ponto de partida é a confissão desse desejo: que tudo se dane!. Um 
desejo sentido, mas inaceitável e, por isso, inconfessável (a verdade 
verdadeira que eu falar não posso). Esse desejo, nos cinco parágrafos 
seguintes, é detalhadamente descrito. Que se dane o mundo, que se 
dane o homem amado, que se dane o público leitor, que se dane a 
pátria, o dinheiro, o bom nome, o respeito, a amizade, o amor. Que 
se dane a parentela. A consciência de que esse desejo não é de todo 
legitimo, pois fere os princípios elementares da boa convivência, está 
expressa já no título, pelo recurso ao advérbio “talvez”: Talvez o último 
desejo.
(c) O tema avança na confissão da autora de que “o seu maior desejo” 
seria tomar essa atitude de desprezo por tudo. Mas não o faz. E aí 
prossegue no detalhamento de todos os motivos por que não o faz, 
repassando quase todos os elementos considerados no bloco anterior: 
o amado, o mundo, a pátria, a parentela, o respeitável público etc.
(d) E como abertura e coroamento desses detalhes, sobressai a ideia de 
que o desejo de mandar que “tudo se dane!” não é viável porque o 
insolente coração não deixa.
(e) Essa ideia da total submissão às leis do coração é expressa nos 
fragmentos O miserável coração nasceu cativo e só no cativeiro pode 
viver; Prisão de sete portas, cada uma com sete fechaduras, trancadas 
com sete chaves, por que lutar contra as tuas grades?; cativeiro sem 
remédio. Ou seja, render-se à servidão do amor constitui um destino 
incorrigível, uma espécie de sina fatal de nós todos, da qual não 
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podemos fugir. Prisão de sete portas, cada uma com sete fechaduras, 
trancadas com sete chaves, por que lutar contra as tuas grades.
(f) A aceitação da impotência humana, frente aos imperativos do 
coração, se expressa também no fragmento: fraternidade que não 
acha nenhuma China demasiado longe. Isto é, a realidade objetiva se 
neutraliza frente à incorrigível servidão do amor.
(g) Todo o texto é costurado em torno da expressão de um desejo e 
da impossibilidade de se render a ele. Constitui, assim, uma peça só: 
razões de um desejo, detalhadamente descrito, que não pode ser 
cumprido, por razões que são também apresentadas.
(h) A consciência dessa impossibilidade se manifesta, no final da crônica, 
com a expressão: Te dana, coração. Ou seja, é melhor entregar-se, 
deixar que o coração comande, sem questionamentos.
O segundo texto constitui-se de ideias e concepções da estudiosa Sílvia Brandão sobre a língua:
A geografia linguística no Brasil
É por meio da língua que o homem expressa suas ideias, as ideias de sua geração, as 
ideias da comunidade a que pertence, as ideias de seu tempo. A todo instante, utiliza-a 
de acordo com uma tradição que lhe foi transmitida, e contribui para sua renovação e 
constante transformação. Cada falante é, a um tempo, usuário e agente modificador de sua 
língua, nela imprimindo marcas geradas pelas novas situações com que se depara. Nesse 
sentido, pode-se afirmarque, na língua, se projeta a cultura de um povo, compreendendo-
se cultura no seu sentido mais amplo, aquele que abarca “o conjunto dos padrões de 
comportamento, das crenças, das instituições e de outros valores espirituais e materiais 
transmitidos coletivamente e característicos de uma sociedade”, segundo o novo Aurélio.
Ao falar, um indivíduo transmite, além da mensagem contida em seu discurso, uma série 
de dados que permite a um interlocutor atento não só depreender seu estilo pessoal – seu 
idioleto – mas também filiá-lo a um determinado grupo.
A entonação, a pronúncia, a escolha vocabular, a preferência por determinadas 
construções frasais, os mecanismos morfológicos que lhe são peculiares podem servir de 
índices que identifiquem:
(a) o país ou a região de que se origina;
(b) o grupo social de que faz parte (seu grau de instrução, sua faixa etária, seu nível 
socioeconômico, sua atividade profissional);
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(c) a situação (formal ou informal) em que se encontra.
O Brasil, em decorrência do processo de povoamento e colonização a que foi submetido 
bem como das condições em que se deu sua independência política e seu posterior 
desenvolvimento, apresenta grandes contrastes regionais e sociais, estes últimos perceptíveis 
mesmo em grandes centros urbanos, em cuja periferia se concentram comunidades mantidas 
à margem do progresso.
Um retrato fiel, atual, de nosso país teria de colocar lado a lado: executivos de grandes 
empresas; técnicos que manipulam, com desenvoltura, o computador; operários de 
pequenas, médias e grandes indústrias; vaqueiros isolados em latifúndios; cortadores de 
cana; pescadores artesanais; plantadores de mandioca em humildes roças; pombeiros que 
comerciam pelo sertão; indígenas aculturados.
Detentores de antigos costumes portugueses aqui reelaborados pelo contato com 
outra terra e outras gentes ou, já em acelerado processo de mestiçagem étnica e 
linguística, esquecidos das origens, esses homens e mulheres guardam, na sua forma de 
expressão oral, as marcas de nossa identidade linguístico-cultural e a resposta a muitas 
indagações e a diversas hipóteses sobre a história e o estado atual do português do 
Brasil.
(BRANDÃO, 1991, p. 5-17, Adaptação.)
A unidade temática do texto de Brandão é desenvolvida na ideia de que a língua é flexível e se altera 
devido a situações deparadas pelo falante. O falante é usuário da língua e seu agente modificador, 
contribuindo com as transformações da língua.
O falante faz parte de um grupo, o qual, por sua vez, é marcado por fatos históricos. Tais fatos 
determinam a identidade linguístico-cultural do grupo, incluindo a nossa língua em seu estado atual.
Esse tema progride no decorrer do texto e verificamos que, ainda de acordo com Antunes (2010, 
106-107):
(a) A progressão do tema se dá a partir da referência à função do uso 
da língua: um meio de o homem expressar suas ideias, as ideias 
de sua geração, as ideias da comunidade a que pertence, as ideias 
de seu tempo. Essa afirmação serve de gancho para a introdução 
de um tópico que vai dominar toda a exposição: o falante usa a 
língua conforme as particularidades culturais de seu grupo, que, 
assim, transparecem em sua fala, como “índices” de identificação 
dos sujeitos e dos grupos.
(b) Dessa vinculação da língua a suas circunstâncias de uso resulta a 
heterogeneidade desses usos (Cada falante é, a um tempo, usuário e 
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agente modificador de sua língua). Chega-se, portanto, à compreensão 
da historicidade das línguas e daí à análise do que poderia ser um 
retrato fiel de nosso país, o qual – em decorrência do processo de 
povoamento e colonização a que foi submetido bem como das 
condições em que se deu sua independência política e seu posterior 
desenvolvimento – propicia a mestiçagem étnica e linguística de seu 
povo, além de grandes contrastes regionais e sociais.
(c) O remate da abordagem do tema reitera o ponto inicial: na sua forma 
de expressão oral, cada povo revela as marcas de sua identidade 
linguístico-cultural. No caso brasileiro, negar esse princípio seria 
perder a resposta a muitas indagações e a diversas hipóteses sobre a 
história e o estado atual do português do Brasil.
Como verificamos, o tema atravessa o texto do início ao fim, assumindo em sua continuidade 
acréscimos que reiteram seu núcleo maior.
A semântica engloba o tema geral do texto e também a relação de sentido estabelecido entre as 
palavras. Entre as relações possíveis de significado entre as palavras, ocorre a polissemia.
Muitas palavras têm mais de um significado, ou seja, são polissêmicas. A palavra rede, por exemplo, 
tem mais de um sentido. Até há pouco anos, ela se referia ao objeto de descanso. Devido ao mundo da 
informática, ela passou a ter um a mais: rede na Internet é a interligação entre computadores.
No quadro abaixo, encontramos uma lista de datas e fatos que tiveram repercussão na mídia. Todos 
os fatos poderiam ser chamados de operação: militar, cirúrgica etc.
Quadro 20
Datas Fatos 
1967 O Dr. Christian Barnard realiza o primeiro transplante de coração humano, no hospital 
Groote Schuur, Cidade do Cabo, África do Sul.
1968 A Tchecoslováquia é invadida por tropas do Pacto de Varsóvia.
1969 A General Motors americana convoca os proprietários de cerca de 5 milhões de 
automóveis para que reparem gratuitamente defeitos de fabricação constatados em seus 
veículos.
1975 As naves espaciais Apollo (americana) e Soyuz (soviética) encontram-se a uma altura de 
140 milhas acima da Terra.
1976 Comandos aerotransportados de Israel resgatam no aeroporto de Entebbe (Uganda) 
103 passageiros de um voo da Air-France tomados como reféns por sequestradores 
palestinos. Trinte e sete pessoas morrem durante o ataque.
A palavra operação é polissêmica e em cada situação adquire um sentido. Devido ao nosso 
conhecimento da língua portuguesa, não prestamos atenção a uma determinada palavra, contudo ela 
é empregada por nós em vários contextos diferenciados. A palavra operação é uma delas; outra, para 
nosso exemplo, é a palavra fechar. Vejamos:
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• Fechei os olhos.
• Para controlar a raiva, fechei os punhos.
Sem realmente pensar, usamos a mesma palavra, atribuindo-lhe significado diverso em cada uso. 
Quando lemos um texto, o fenômeno também ocorre; sem precisar consultar um dicionário e com 
naturalidade entendemos o texto e, em especial, o sentido da palavra.
Outra situação interessante é a palavra “explodida”, empregada em textos técnicos, manuais, na área 
da mecânica. Vários componentes da mesma máquina aparecem separados, mas em uma posição que 
orienta sua montagem. A ilustração recebe o nome de “Visão explodida” ou “Vista explodida”. Afinal, que 
ideia se quer passar com a palavra “explodida”?
Figura 9
Para fechar esta seção, veremos que a semântica relaciona-se à paráfrase. A paráfrase é a 
reescrita de uma palavra ou do texto todo e nela o autor se apropria, sem tirar o sentido do texto 
original.
Por exemplo: “A estrutura direta das frases em português é SVC, isto é, sujeito, verbo, complemento.” 
A segunda parte da frase, iniciada com a expressão “isto é” consiste em uma reescrita da primeira parte; 
é uma paráfrase.
A paráfrase volta a dizer o mesmo que se disse antes, mas com outras palavras, sob outra formulação. 
Um segmento textual só pode considerado paráfrase se está articulado a um outro anterior pela 
equivalência de sentido. A paráfrase se destaca, então, como umrecurso da continuidade semântica do 
texto.
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A paráfrase pode ser observada também na relação entre texto verbal e texto não verbal. Assim, 
construa ilustrações para o texto abaixo sobre horta comunitária.
Que tal começar a pensar na sua?
- Fique atento para a escolha do local: o canteiro deve ter pelo menos quatro horas de luz direta por dia.
- É importante que a área tenha uma boa drenagem, para evitar água empoçada em período de chuvas.
- Alise a terra com delicadeza, abrindo pequenos sulcos paralelos com meio palmo entre eles.
- Distribua as sementes nos buracos, cobrindo-as com terra fina.
- Regue de manhã cedo e à tarde. Quando as raízes já estiveram desenvolvidas, basta regar uma vez por dia.
- Se precisar transplantar uma muda, abra a cova e retire-a com o pouco da terra que vem agregada às raízes. 
Coloque a muda na nova cova, acrescentando terra e apertando até sentir que ficou firme.
Exemplo de aplicação
1. Neste tópico do livro-texto, tratamos do conhecimento linguístico, que nos permite ler/ouvir 
textos e entendê-los. Com base nesse tipo de conhecimento, indique o texto (ou textos) que você 
consegue entender devido ao seu conhecimento na língua usada.
I - Sandra Rosa is very beautiful, young, and successful. She’s a famous actress. She’s also very rich. 
Her house near the beach is big and beautiful, and her car is very expensive. Her fans love her. 
But is she happy?
Disponível em: <http:// denilsodelima.blogspot.com/2008/10/texto-de-ingls-alunos-de-nvel-bsico.html>
II - ¡Holla! Me llamo Julian, tengo 26 años de edad, soy estudiante, estoy en el tercer año de periodismo 
en la universidad, vivo en Madrid desde chiquito, pero mis padres son brasileños de Rio de Janeiro.
Disponível em: <http://www.espanholgratis.net/textos_em_espanhol/apresentacao_texto.htm>
III - “boku ga soba ni iru kara
hanareba nare no yoru datte
boku ga soba ni iru kara”
IV - Cembyua Ypiranga çuí, pitúua,
Ocendu kirimbáua çacemoçú
Coaracy picirungára, cedyua,
Retama yuakaupé, berabuçu.
Disponível em: <http://tupi.wikispaces.com/YRL+-+textos+-+Nheengarisaua+Retamauara>
Comentário: Se você conseguiu ler e entender um ou todos os textos acima, você tem conhecimento 
da língua em que os textos foram escritos. Você conhece então: I – língua inglesa; II – língua espanhola; 
III – língua japonesa; IV – língua tupi.
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2. As palavras cruzadas são um jogo linguístico em que se fornece a definição, esperando que o 
jogador dê a palavra definida. Tente resolver este problema de palavras cruzadas e explique em seguida 
os problemas que você teve, por conta de definições mal-formuladas.
Figura 10
Comentário: Ao preencher a cruzadinha, você pode não ter tido dificuldades, porque as definições 
apresentadas podem estar bem formuladas. Ou você teve dificuldade justamente porque elas não 
estavam bem-formuladas.
3. Frases como “a orelha do urso rasgou” ou “a mão do santo esfarelou” não são boas se o urso for 
um bicho e o santo for uma pessoa; mas essas mesmas frases tornam-se perfeitamente possíveis se o 
urso for de pano e se o santo for uma estátua de gesso. Invente uma história em que uma das frases 
abaixo possa ser interpretada:
• O rabo de cavalo quebrou.
• A água da lagoa furou.
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• A fumaça do trem caiu.
• O azul do céu manchou.
Comentário: As restrições lexicais relacionam-se ao conhecimento que nós temos sobre determinados 
usos da língua. No caso, não relacionamos rabo de cavalo com o verbo quebrar, a não ser que seja 
metaforicamente. A sua história então é metáfora para dar conta do sentido de uma das expressões 
propostas
4. Piada:
“Sabe aquela da loira no estacionamento? Ela colocou a mão na cabeça e disse: ‘Não me lembro 
qual é o meu carro’. O rapaz do estacionamento respondeu: ‘Celta preto’. ‘É mesmo; parece que vai 
chover.’”
Explique por que a ambiguidade de segmentação é o recurso de construção do humor da piada.
Comentário: A ambiguidade de segmentação ocorre na frase “Celta preto”, que, ouvida, /seutapreto/ 
pode ser interpretada como Celta (carro) preto (cor do carro) ou céu tá (redução do verbo “está”) preto 
(a cor do céu indiciadora de chuva). Tanto celta quanto céu têm som /ε/, “e” aberto (é).
5. Fazendo uma análise semântica do texto abaixo, convido-o a verificar e refletir sobre a unidade 
temática e seu desenvolvimento.
A missa dos inocentes
Se não fora abusar da paciência divina
Eu mandaria rezar missa pelos poemas que não
Conseguiram ir além da terceira ou quarta linha,
Vítimas dessa mortalidade infantil que, por ignorância dos pais,
Dizima as mais inocentes criaturinhas, as pobres…
Que tinham tanto azul nos olhos,
Tanto que dar ao mundo!
Eu mandaria rezar o réquiem mais profundo
Não só pelos meus
Mas por todos os poemas inválidos que se arrastam pelo mundo
E cuja comovedora beleza ultrapassa a dos outros
Porque está, antes e depois de tudo,
No seu inatingível anseio de beleza!
(QUINTANA, 2006).
Comentário: Por tratar de texto literário, tomamos cuidado em não afirmar que existe apenas uma 
maneira de ler o poema, ou seja, de enquadrá-lo em uma unidade temática. Seguindo a análise de Antunes 
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(2010), a unidade temática do poema constitui-se de semelhança entre os poemas (pensados, queridos, 
mas interrompidos logo no começo) e as crianças mortas prematuramente. A morte é relacionada à 
religião e, assim, o poema fala de rezar missa, réquiem.
Quanto à progressão do tema:
(a) O tema, na imagem do poeta, percorre um curso que vai dos seu próprios poemas até todo e 
qualquer outro (todos os poemas inválidos que se arrastam pelo mundo).
(b) Em princípio, o letramento se estende a todos os poemas que tiveram morte prematura; 
pretende-se mandar rezar missa, rezar o réquiem mais profundo por eles. No final, o poeta exalta 
esses poemas não consumados, exatamente por eles não terem assumido os limites de nenhuma 
forma concreta e poderem representar, assim, a beleza plena. Ou seja, os poemas vítimas da 
mortalidade infantil acabam por constituir uma comovedora beleza que ultrapassa a dos outros 
já existentes.
6. As palavras que indicam relação são mais tipicamente os verbos transitivos. Utilizando as 
informações dadas pelo poema Quadrilha, de Carlos Drummond de Andrade, e aproveitando as duas 
listas de nomes, construa um diagrama de Euler para o verbo amar, entendendo que o 1º conjunto 
representa quem ama, e o 2º, quem é amado. (Obs.: basta acrescentar setas para a construção do 
diagrama.)
João
Lili
Maria
Raimundo
Joaquim
Teresa
J. P. Fernandes
João
Lili
Maria
Raimundo
Joaquim
Teresa
J. P. Fernandes
Quadrilha
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou pra tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história
(ANDRADE, 1980).
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Comentário: Na semântica, vemos as relações entre as palavras e, na sintaxe, uma das relações 
típicas é entre o verbo transitivo e seu complemento (objeto direto). Na primeira parte do poema 
Quadrilha, predomina tal relação,podendo formar o diagrama de Euler assim:
João
Lili
Maria
Raimundo
Joaquim
Teresa
J. P. Fernandes
João
Lili
Maria
Raimundo
Joaquim
Teresa
J. P. Fernandes
Por meio do diagrama, o leitor percebe que, por exemplo, o primeiro personagem João não é amado, 
ou seja, nenhuma das presenças femininas o ama. Percebemos também que nem Lili nem J. P. Fernandes 
se amam mutuamente. Por fim, outro aspecto interessante é a própria seta do diagrama; ela tem 
apenas um sentido ( ), indicando quem ama, em uma relação unilateral. No diagrama não há seta 
interacional ( ). O tema deste poema é, então, o desencontro amoroso.
7. Em muitos nomes de produtos, o consumidor encontra recurso estilístico sonoro. Qual é o recurso 
empregado no nome do produto abaixo?
Figura 11
Comentário: O nome do produto é Tic-Tac que simboliza um barulho; temos, assim, no nome do 
produto uma onomatopeia.
4 CONHECIMENTOS DE MUNDO E INTERACIONAL
Caro aluno, abaixo há um texto curto e sobre ele responda: quem caminhava apoiando-se numa 
bengala? Quem é o velhinho?
• Hoje Pedrinho veio buscar o avô. O velhinho caminhava apoiando-se numa bengala.
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Sobre a primeira pergunta é fácil: quem caminhava apoiando-se numa bengala é o velhinho. A 
dificuldade está na segunda pergunta: afinal, quem é o velhinho? O texto menciona dois indivíduos: 
Pedrinho e avô, mas não esclarece qual dos dois é o velhinho.
Sei, no entanto, que apesar da falta de esclarecimento textual você relacionou velhinho ao termo 
avô. Essa ligação entre velhinho e avô não está expressa no texto e só é possível elaborar essa inferência 
por causa do conhecimento que você tem sobre avô, que inclui não somente significado básico da 
palavra – pai do pai ou pai da mãe – mas também que em geral os avós são pessoas mais velhas. Esse 
conhecimento privilegia a ligação entre velhinho e avô e descarta uma possível ligação entre Pedrinho 
e velhinho.
O nosso conhecimento prévio nos leva a compreender o que está expresso de forma explícita no 
texto e a completar o que não está expresso claramente. Nesse sentido, o texto pode estar estruturado 
adequadamente com as relações sintáticas, semânticas etc. bem-compostas, mas, ainda assim, 
incompreensível para o leitor. Isso ocorre porque o texto não é formado apenas do material linguístico. 
Segundo Liberato e Fulgêncio (2007, p. 31):
Quando lemos, não estamos jogando unicamente com aquilo que é expresso 
explicitamente, mas também com um mundo de informação implícita, não 
expressa claramente no texto, mas totalmente imprescindível para poder 
compor o significado.
Nós devemos, então, acrescentar conhecimentos extras ao que é lido para criar lógica ao texto e 
compreensão daquilo que o autor quer comunicar. A esse processo de elaboração ativa de conhecimentos 
damos o nome de inferência.
É devido a essa nossa capacidade de inferência que se permite a qualquer autor não colocar no 
texto toda a informação necessária à sua compreensão. Na verdade, seria inviável a comunicação se 
as pessoas precisassem explicar cada item. Já imaginou explicar a frase: “Fernando queria consertar o 
armário.”? Fernando, um humano, bípede, meu irmão (ou cunhado, ou...), irmão tem relação sanguínea 
(relação sanguínea significa...), consertar é o ato de..., armário é o objeto em que se guarda...
Vamos examinar outro texto:
• Amanhã é o aniversário da Laurinha. Ana e Luísa foram comprar um presente. Elas estão pensando 
em comprar uma boneca. (LIBERATO E FULGÊNCIO, 2007, p. 35)
Em primeiro lugar, se amanhã é o aniversario da Laurinha, supomos que ela ganhará presentes. Essa 
inferência é baseada no conhecimento cultural, uma vez que há países onde presentes não são oferecidos 
no dia de aniversário. Portanto, nem todas as pessoas poderiam construir aqui essa inferência.
Outro aspecto é que a compra da boneca feita por Ana e Luísa é para Laurinha. Sabemos disso devido 
ao nosso conhecimento de que quando alguém faz aniversário, compramos presente.
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Por fim, inferimos a idade de Laurinha, que deve ser uma criança, porque o presente é uma boneca.
A reconstrução das inferências envolvidas na interpretação desse pequeno texto pode parecer 
extensa, mas quem compreendeu o texto fez todas essas relações. Essas operações mentais são realizadas 
com facilidade e automaticamente. Assim:
A compreensão da linguagem é então um verdadeiro jogo entre aquilo que 
está explícito no texto (que é em parte percebido, em parte previsto) e entre 
aquilo que o leitor insere no texto por conta própria, a partir de inferências 
que faz, baseado no seu conhecimento do mundo (LIBERATO E FULGÊNCIO, 
2007, p. 36).
Concordamos, então, com a síntese feita por Dell’Isola (2001, p. 44):
Inferência é, pois, uma operação mental em que o leitor constrói novas 
proposições a partir de outras já dadas. Não ocorre apenas quando o 
leitor estabelece elos lexicais, organiza redes conceituais no interior 
do texto, mas também quando o leitor busca, extratexto, informações 
e conhecimentos adquiridos pela experiência de vida, com os quais 
preenche os “vazios” textuais. O leitor traz para o texto um universo 
individual que interfere na sua leitura, uma vez que extrai inferências 
determinadas por contextos psicológico, social, cultural, situacional, 
dentre outros.
Luís Fernando Veríssimo, grande cronista, retrata bem no texto abaixo os vários conhecimentos de 
mundo que possuímos e que nos ajudam nas cortesias sociais.
Grande Edgar
Já deve ter acontecido com você.
- Não está se lembrando de mim?
Você não está se lembrando dele. Procura, freneticamente, em todas as fichas armazenadas 
na memória o rosto dele e o nome correspondente, e não encontra. E não há tempo para 
procurar no arquivo desativado. Ele está ali, na sua frente, sorrindo, os olhos iluminados, 
antecipando a sua resposta. Lembra ou não lembra?
Neste ponto, você tem uma escolha. Há três caminhos a seguir.
Um, o curto, grosso e sincero.
- Não.
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
Você não está se lembrando dele e não tem por que esconder isso. O “Não” seco pode 
até insinuar uma reprimenda à pergunta. Não se faz uma pergunta assim, potencialmente 
embaraçosa, a ninguém, meu caro. Pelo menos não entre pessoas educadas. Você devia ter 
vergonha. Não me lembro de você e mesmo que lembrasse não diria. Passe bem.
Outro caminho, menos honesto mas igualmente razoável, é o da dissimulação.
- Não me diga. Você é o... o...
“Não me diga”, no caso, quer dizer “Me diga, me diga”. Você conta com a piedade dele 
e sabe que cedo ou tarde ele se identificará, para acabar com a sua agonia. Ou você pode 
dizer algo como:
- Desculpe deve ser a velhice, mas...
Este também é um apelo à piedade. Significa “Não torture um pobre desmemoriado, 
diga logo quem você é!” É uma maneira simpática de dizer que você não tem a menor ideia 
de quem ele é, mas que isso não se deve à insignificância dele e sim a uma deficiência de 
neurônios sua. E há o terceiro caminho. O menos racional e recomendável. O que leva à 
tragédia e à ruína. E o que, naturalmente, você escolhe.
- Claro que estou me lembrando de você!
Você não quer magoá-lo, é isso. Há provas estatísticas que o desejo de não magoar os 
outros está na origem da maioria dos desastres sociais, mas você não quer que ele pense 
que passou pela sua vida sem deixar um vestígio sequer. E, mesmo, depois de dizer a frase 
não há como recuar. Você pulou no abismo. Seja o que Deus quiser. Você ainda arremata:
- Háquanto tempo!
Agora tudo dependerá da reação dele. Se for um calhorda, ele o desafiará.
- Então me diga quem eu sou.
Neste caso você não tem outra saída senão simular um ataque cardíaco e esperar, 
falsamente desacordado, que a ambulância venha salvá-lo. Mas ele pode ser misericordioso 
e dizer apenas:
- Pois é.
Ou:
- Bota tempo nisso.
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Você ganhou tempo para pesquisar melhor a memória. Quem é esse cara, meu Deus? 
Enquanto resgata caixotes com fichas antigas do meio da poeira e das teias de aranha do 
fundo do cérebro, o mantém à distância com frases neutras como “jabs” verbais.
- Como cê tem passado?
- Bem, bem.
- Parece mentira.
- Puxa.
(Um colega da escola. Do serviço militar. Será um parente? Quem é esse cara, meu 
Deus?)
Ele está falando:
- Pensei que você não fosse me reconhecer...
- O que é isso?!
- Não, porque a gente às vezes se decepciona com as pessoas.
- E eu ia esquecer você? Logo você?
- As pessoas mudam. Sei lá.
- Que ideia!
(É o Ademar! Não, o Ademar já morreu. Você foi ao enterro dele. O... o... como era o 
nome dele? Tinha uma perna mecânica. Rezende! Mas como saber se ele tem uma perna 
mecânica? Você pode chutá-lo, amigavelmente. E se chutar a perna boa? Chuta as duas. 
“Que bom encontrar você!” e paf, chuta uma perna. “Que saudade!” e paf, chuta a outra. 
Quem é esse cara?)
- É incrível como a gente perde contato.
- É mesmo.
Uma tentativa. É um lance arriscado, mas nesses momentos deve-se ser audacioso.
- Cê tem visto alguém da velha turma?
- Só o Pontes.
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
- Velho Pontes!
(Pontes. Você conhece algum Pontes? Pelo menos agora tem um nome com o qual 
trabalhar. Uma segunda ficha para localizar no sótão. Pontes, Pontes...)
- Lembra do Croarê?
- Claro!
- Esse eu também encontro, às vezes, no tiro ao alvo.
- Velho Croarê!
(Croarê. Tiro ao alvo. Você não conhece nenhum Croarê e nunca fez tiro ao alvo. É inútil. 
As pistas não estão ajudando. Você decide esquecer toda a cautela e partir para um lance 
decisivo. Um lance de desespero. O último, antes de apelar para o enfarte.)
- Rezende...
- Quem?
Não é ele. Pelo menos isso está esclarecido.
- Não tinha um Rezende na turma?
- Não me lembro.
- Devo estar confundindo.
Silêncio. Você sente que está prestes a ser desmascarado.
- Sabe que a Ritinha casou?
- Não!
- Casou.
- Com quem?
- Acho que você não conheceu. O Bituca.
Você abandonou todos os escrúpulos. Ao diabo com a cautela. Já que o vexame 
é inevitável, que ele seja total, arrasador. Você está tomado por uma espécie de euforia 
terminal. De delírio do abismo. Como que não conhece o Bituca?
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- Claro que conheci! Velho Bituca...
- Pois casaram...
É a sua chance. É a saída. Você passa ao ataque.
- E não me avisaram nada?!
- Bem...
- Não. Espera um pouquinho. Todas essas coisas acontecendo, a Ritinha casando 
com o Bituca, o Croarê dando tiro, e ninguém me avisa nada?!
- É que a gente perdeu contato e...
- Mas o meu nome está na lista, meu querido. Era só dar um telefonema. Mandar 
um convite.
- É...
- E você ainda achava que eu não ia reconhecer você. Vocês é que esqueceram de 
mim!
- Desculpe, Edgar. É que...
- Não desculpo não. Você tem razão. As pessoas mudam...
(Edgar. Ele chamou você de Edgar. Você não se chama Edgar. Ele confundiu você com 
outro. Ele também não tem a mínima ideia de quem você é. O melhor é acabar logo com 
isso. Aproveitar que ele está na defensiva. Olhar o relógio e fazer cara de “Já?!”)
- Tenho que ir. Olha, foi bom ver você, viu?
- Certo, Edgar. E desculpe, hein?
- O que é isso? Precisamos nos ver mais seguido.
- Isso.
- Reunir a velha turma.
- Certo.
- E olha, quando falar com a Ritinha e o Mutuca...
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
- Bituca.
- E o Bituca, diz que eu mandei um beijo. Tchau, hein?
- Tchau, Edgar!
Ao se afastar, você ainda ouve, satisfeito, ele dizer “Grande Edgar”. Mas jura que é a última 
vez que fará isso. Na próxima vez que alguém lhe perguntar “Você está me reconhecendo?” 
não dirá nem não. Sairá correndo.
(VERISSIMO, 2001).
Na crônica, temos o seguinte fragmento:
Ou você pode dizer algo como:
— Desculpe deve ser a velhice, mas...
Quando a personagem usa a velhice como desculpa, o autor espera que o interlocutor da personagem, 
e também o leitor, pressuponham que um dos fatores comuns do envelhecimento é a perda da memória. 
Essa consideração trata-se de um conhecimento compartilhado entre a maior parte das pessoas como 
conhecimento de mundo.
Se precisamos preencher o texto, completando-o com nossos conhecimentos de diversos tipos 
(social, cultural etc.), imagine o que faria um jovem nascido em 2.100 e com 17, 18 anos, quando 
afloram os gostos musicais, ao deparar com a letra de música abaixo, escrita cem anos antes. Considere 
as dificuldades que ele teria para fazer referência a certos nomes, alusões a outras músicas e programas 
televisivos.
Televisão
Brasil anos 60 eles diziam
“bola pra frente não desista não não!”
Mas mataram estudantes
Proibiram o acesso as estantes
Nas ruas tantos ignorantes
A cabeça do povo murchou
Bomba de efeito retardado pertado pesado
Só agora estourou e quem lucrou? eu não!
Vou caminhando cantando e seguindo a canção
De domingão a domingão segue a culturação
Processo de alienação através da televisão
E aí Faustão! quem sabe faz ao vivo!
Motivo pra eu dar um role na área
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Junto com a rapaziada
Não vou perder o domingo vendo vídeo cacetada!
Junto com a mídia na mira realidade me inspira
Sou rapper do interior nem por isso inferior
Não tenho trava na fala aliado g nunca se cala!
Conheço um cara seu sobrenome é Massa
Foi eleito deputado e não lutou pelas massas
Votou a favor do Collor traidor da nação!
Agora na televisão quer dar uma de santinho
Não vou dizer seu nome ele é patrão do Xaropinho
Rotulado como defensor do pobre
Na verdade o que interessa são os pontos no ibope
Cascalho caralho! faz o povo de otário!
Não me engano eu não sou bobo
Sou rapper da rede povo
Não queremos sua pena de sua gente não precisa
Brasileiro não tem preguiça quer oportunidade
Através do trabalho alcançar a qualidade de vida
Que é negada pra nós periferia esquecida
Desacredita? então pague pra ver
Enquanto você assiste à televisão
Vou caminhando cantando e seguindo a canção
Vem vamos embora! que esperar não é saber
Que sabe faz a hora não espera acontecer
E a Hebe que gracinha já passou dos sessentinha
Com espírito de mocinha a mim você não ilude
Apoia o Paulo Maluf que faz Singapura fartura
Faz Pitta que não apita nada!
Permite a máfia dos fiscais o povo não aguenta mais
Esse papo de “rouba mas faz”
Nem a pau nem fudendo não bebo “suave veneno”
Agora “note e anote”
Que a tv é um “leão livre” sempre pronto pro bote!
Não to andando nas nuvens mantenho os meus pés no chão!
Na minha opinião fantástico é ver a luta do MST
Sol a sol dia a dia em prol da cidadania
É o lado bom que ela não mostra
Agora tem outra novela com o nome de Terra Nostra
Mais uma bosta!
Doutor Roberto Marinho tem a receita perfeita
Um analgésico fatal áudio visual!
Vejo uma dose diária de jornal nacional
A impressão que se tem é que o mundo inteiro vaimal
Mas o Brasil tá normal sobre o controle remoto do FMI
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
Gente que nunca veio aqui pra saber o que é sofrer
Não imagina o que é isso mas é razão e motivo de eu ver
Criança abandonada querendo sobreviver
De pé no chão garimpando no lixão
Que é pra não morrer de fome quando acha um Danone
Olha pro céu azul agradece a deus
Disputa com o urubu
Pelo estoque vencido que veio do Carrefu
Enquanto você assiste à televisão
Vou caminhando catando e seguindo a canção
Dona Maria lava a roupa e lota a vassoura
Recupera as energia assistindo “A Usurpadora”
Já criou suas crianças
As 5 da manhã ela abre as portas da esperança
Do barraco de aluguel
Sua vida não é doce é amarga como um fel
Ficou doente faltou grana pra pagar a mensalidade
Do carnê de mercadorias do Baú da Felicidade
Cada vez mais doente fez promessa pro seu santo
O prejuízo dela é o lucro do Silvio Santos
Isso é o que eu chamo de “golpe do baú” vai tomar nogugu!
Tem o domingo legal um programinha banal
Só tá faltando aparecer cena de sexo anal
Meninas de 5 anos ralando a tcheca normal
Dá audiência aquela porra toda
O povão tá gostando então se foda!
Mas chega a segunda-feira e você cai na real
Mete a mão no bolso vê que não tem 1 real
Procura emprego e não acha alguns se entregam a cachaça
Outros não então a maioria se acomoda
E não se incomoda com a situação
Escravo da televisão e é desse jeito que eles querem
O povo na maresia e segue a dominação
Da minoria sobre a maioria
O mundo gira e gira o mundo
E só a gente leva bucha
Mas logo é domingo dia de planeta Xuxa
Eleições vem aí você decide
Se vale a pena ver denovo
Outro Fernando ou Ciro Gomes fabricado pela globo
Enquanto você assiste à televisão
Vou caminhando cantando e seguindo a canção
Com seus rostos maquiados sorrisos forçados
Programas ao vivo ou gravados
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Eles são os serviçais do poder
Fazem um jogo sujo e esbanjam você
Qual o significado?
Sasha e seu quarto de 130 metros quadrados!
Hebe Camargo perguntava em seu programa
Por que todo pobre tem calcanhar rachado
Aqui vai a resposta
Por outro lado o que importa é o cascalho
1 milhão de reais por mês de salário
O que você recebe por ano eles faturam por hora
Eles são “os ricos que o meu povo adora.
(FACE DA MORTE, 1999)
Talvez a dificuldade em entender a letra de música comece pelo título. Com o desenvolvimento 
da tecnologia, pode ser que daqui a cem anos não exista mais televisão, como não existem mais hoje 
gravador, fita cassete, máquina de datilografia, disco vinil, disquete. Televisão pode não fazer mais parte 
das vidas no futuro. Sem esse conhecimento de mundo, o jovem leitor do futuro sentirá dificuldades na 
sua leitura.
As dificuldades continuam: terá ele conhecimento geral do mundo para identificar na letra de música 
as referências destacadas?
• “Vou caminhando cantando e seguindo a canção”
Referência à letra de música de Geraldo Vandré Pra não dizer que não falei das flores. Logo no início 
da letra, temos estes versos:
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Caminhando e cantando
E seguindo a canção(...)
(VANDRÉ, 2000)
• “De domingão a domingão segue a culturação
Processo de alienação através da televisão
E aí Faustão! quem sabe faz ao vivo!”
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
Estes versos remetem de forma crítica ao programa televisivo que ocorre na Rede Globo de Televisão 
aos domingos. O jovem leitor não terá o conhecimento geral: o programa se chama Domingão do 
Faustão e o apresentador é Fausto Silva. A frase “quem sabe faz ao vivo” é o bordão sempre repetido no 
programa pelo apresentador.
• “Conheço um cara seu sobrenome é Massa
Foi eleito deputado e não lutou pelas massas
Agora na televisão quer dar uma de santinho
Não vou dizer seu nome ele é patrão do xaropinho”
Outra referência à televisão é sobre o apresentador Carlos Roberto Massa, conhecido como Ratinho. 
No seu programa, há um personagem que é chamado de Xaropinho.
• “E a Hebe que gracinha já passou dos sessentinha
Com espírito de mocinha a mim você não ilude”
Outro conhecimento que o jovem não terá é da existência da apresentadora Hebe Camargo.
• “Do carnê de mercadorias do Baú da Felicidade
Cada vez mais doente fez promessa pro seu santo
O prejuízo dela é o lucro do Silvio Santos”
O apresentador de televisão Sílvio Santos é outro referido na letra de música. O apresentador tem 
um sistema de loteria, cujo nome é Baú da Felicidade. Duas informações necessárias para o leitor do 
futuro.
Há referências a outros programas televisivos na letra de música. Assim, o leitor precisa também ter 
vasto conhecimento de mundo:
• conhecimento político: a repressão no país de 1954 a 1964, com repercussões até a década 1980; 
personalidades do quadro político: ex-prefeito Paulo Maluf, ex-presidente Fernando Collor de 
Mello; político Ciro Gomes;
• conhecimento econômico: a desigualdade entre os brasileiros; a dívida externa do país; a existência 
do FMI (Fundo Monetário Internacional);
• conhecimento cultural: concepção de televisão como algo alienante; os apresentadores de 
programa de auditório; os apresentadores de destaque; a existência de novela etc.
O leitor precisa ativar conhecimentos das coisas do mundo para produzir sentido com base no uso 
da língua constituída no texto. Koch (2004) define que os conhecimentos prévios são importantes para 
o processamento textual e para o estabelecimento de coerência. O conhecimento partilhado entre os 
interlocutores serve para balancear o que precisa ser especificado e o que pode ficar implícito no texto, 
para evitar mal entendidos, impossibilidade de construção da coerência ou processamento inadequado 
do texto.
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O conhecimento pode ser configurado como uma seriação de elementos dispostos em ordem; 
não uma ordem hierárquica, mas bem definida. Por exemplo, Brasil, para um estrangeiro, pode 
ser:
 Brasil país América do Sul
Pelé
 capital: Brasília
 Rio de Janeiro
 carnaval
 samba
 mulata
No filme Rio, desenho animado americano dirigido, na verdade, por um brasileiro, encontramos um 
conhecimento sobre o Brasil como no esquema acima, cheio de clichês (ideias repetidas, sem novidade). 
A história acontece no Rio de Janeiro, cidade notória internacionalmente, na época de carnaval e com 
cenas ocorridas tanto em floresta quanto em favela.
Faça um esquema em que mostre seu conhecimento sobre violão, sem preocupação com hierarquia 
nos dados informados:
 violão 
 
Quando o conceito de violão foi acionado na memória, ativaram-se simultaneamente todas as 
informações ligadas a ele. Talvez você tenha relacionado a palavra violão com música, instrumento, 
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
corda, serenata etc. Esse tipo de conhecimento é responsável por recuperar automaticamente as lacunas 
no texto a seguir:
• O violão de Aninha não estava afinado: as cordas estavam enferrujadas.
Entre o primeiro enunciado (O violão de Aninha não estava afinado) e o segundo (as cordas estavam 
enferrujadas), há uma lacuna em que inserimos automaticamente: um violão tem cordas. Garantimos,assim, a coerência entre um e outro.
Observamos o enunciado a seguir:
• Minha casa foi assaltada. Estou pensando em comprar um porquinho-da-índia.
Fica difícil estabelecer uma relação lógica no texto, uma vez que porquinho-da-índia não inclui 
expectativas que poderiam se relacionar às expectativas acionadas pela primeira sentença. Entenderíamos 
o texto se ele fosse completado por cachorro. Afinal, a sequência de um assalto a nossa casa pode ensejar 
a compra de um cachorro para proteger a casa de futuros assaltos. Não esperamos como sequência a 
um assalto a compra de um porquinho-da-índia, bicho pequenino, um pouco maior que um rato, para 
servir de proteção. Veremos outra situação:
• João matou Maria. Amanhã vou visitar João na cadeia.
Todos conseguem compreender essas duas sentenças como um texto, vendo-as como relacionadas 
e não como duas frases isoladas. Quando encontramos a situação “X matar Y” ativamos imediatamente 
na nossa memória uma série de outros conhecimentos ligados a essa situação:
• assassinatos são crimes, proibidos por lei;
• as transgressões à lei são passíveis de punição;
• uma das formas de punição é colocar o infrator na cadeia.
Baseados nesses conhecimentos, relacionamos as frases acima, porque a prisão do assassino é uma 
consequência desse tipo de evento. Diante de uma narrativa, sequências de eventos são ativados. Um 
esquema para crime em relação à sucessão de eventos pode ser:
x cometer um crime – x ser preso – x ser julgado por y – x ser sentenciado por y
 | | | |
x ser criminoso x ser prisioneiro x ser réu x ser culpado ou inocente
y ser juiz
Com base nesse tipo de conhecimento, inferimos que João está na cadeia porque matou Maria.
Marcuschi (apud DELL’ISOLA, 2001) propõe uma classificação da inferência em três grandes grupos 
para dar conta dos processos seguidos na organização de compreensão, interpretação, paráfrase etc. de 
todo e qualquer tipo de texto.
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Quadro 21 – Esquema geral das inferências
(A) INFERÊNCIAS LÓGICAS
- dedutivas baseadas sobretudo nas relações lógicas e
- indutivas submetidas aos valores-verdade na relação entre
- condicionais as proposições
(B) INFERÊNCIAS ANALÓGICO-SEMÂNTICAS
- por identificação referencial baseadas sempre nas palavras explícitas textuais e
- por generalização no conhecimento de itens lexicais e relações
- por associações semânticas
- por analogia
- por composições ou decomposições
(C) INFERÊNCIAS PRAGMÁTICO-CULTURAIS
- conversacionais baseadas nos conhecimentos, experiências,
- experienciais crenças, ideologias e axiologias individuais
- avaliativas
- cognitivo-culturais
As inferências lógicas ocorrem frequentemente em situações do dia a dia, quando chegamos a uma 
conclusão menos geral com base em enunciado mais geral. Exemplo:
• A lei assegura a toda criança na faixa etária de 7 a 14 anos o direito de frequentar a escola.
Maria tem 10 anos de idade. Portanto, Maria tem direito de frequentar a escola.
A inferência indutiva, por sua vez, parte do registro de fatos singulares ou menos gerais para chegar 
à conclusão. Por exemplo:
• Numa cidade, feitas as verificações em diversos bairros, constatou-se a existência de muitos focos 
de barbeiros, transmissores da doença de Chagas.
No caso da inferência condicional, é gerada de enunciado hipotético. Por exemplo:
• Se riscarmos um fósforo, em perfeitas condições, o fogo se acenderá.
As inferências analógico-semânticas são feitas por meio de palavras que remetem a outras no texto. 
Exemplo:
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
• Carlos resolveu bater no cachorro.
Ele fez isso à noite.
O pronome “ele” remete ao nome Carlos e o pronome “isso”, à ação de bater no cachorro. Nós 
inferimos que tais pronomes se referem a itens da frase anterior.
Podemos, também, fazer inferência por generalização, atribuindo propriedades, características ou 
qualidades comuns a partir de alguns casos observados. Por associações, a pessoa relaciona um fato a 
outro em uma série de acontecimentos.
• João tomou Aspirina e curou-se da gripe persistente. Aspirina corta gripe persistente.
Nesse exemplo acima, encontramos uma associação provável.
Outra inferência pode ocorrer por analogia, gerada com base em uma comparação em que a 
pessoa verifica uma série de formas e transfere as propriedades de um sistema para outro sistema. Por 
exemplo:
• Um médico realiza alguns experimentos com babuínos para determinar os efeitos de uma nova 
substância sobre o organismo humano. Conclui que a substância ministrada aos babuínos provoca 
o aparecimento de alguns efeitos secundários indesejáveis.
O leitor pode inferir que, sendo babuínos e humanos semelhantes do ponto de vista fisiológico, a 
nova substância acarretará o aparecimento, no homem, de efeitos secundários indesejáveis.
As inferências por composição ou decomposição são geradas das partes do discurso para a sua 
totalidade – composição – ou do todo para as partes (decomposição), como no exemplo:
• A mãe vestiu o bebê.
As roupas eram feitas de lã.
Inferimos que o termo “roupas” é igual a roupas com que a mãe vestiu o bebê, quando lemos “vestiu”. 
“Roupas” é representado como parte da decomposição “vestiu”.
Por fim, as inferências pragmático-culturais são as mais presentes na leitura de textos. Estão 
relacionadas com os conhecimentos pessoais, crenças e ideologia dos indivíduos. Entre essas inferências, 
há as inferências conversacionais, que ocorrem nas manifestações orais. A conversação está cercada de 
fatores extralinguísticos que interferem na geração de inferências pelo ouvinte. As expressões da face, o 
olhar, a postura, o movimento das mãos, as entonações são exemplos de interferência extralinguística.
As inferências experienciais ocorrem com base nas experiências da pessoa. Quando leio ou ouço:
• A polícia está ali!
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A polícia não costuma estar no pátio da universidade e saio para ver. Crio uma expectativa sobre o 
motivo de a polícia estar no local. Do ponto de vista da minha experiência, eu tenho um esquema:
... polícia por perto – há alguma coisa a mais do que uma simples festa...
Polícia ------------ ordem ou segurança públicas
 |
Órgão auxiliar da Justiça
Prevenir ou descobrir crimes
Fazer respeitar e cumprir a lei
As inferências avaliativas são próprias do julgamento do leitor/ouvinte. O assunto “nudez”, por 
exemplo, pode ser avaliado de formas completamente diferentes, desde a total aceitação como uma 
manifestação de beleza (o nu artístico), até o extremo oposto, como escândalo, agressão à moral e aos 
bons costumes (o nu pornográfico).
As inferências cognitivo-culturais ocorrem pela interferência da cultura do indivíduo: sua linguagem, 
seus valores, seus costumes, instituições que cria, maneira de viver e de ver a vida.
O quadro de inferência proposto por Marcuschi fundamenta-se, enfim, em um determinado contexto.
Exemplo de aplicação
Qual é a importância da inferência com vistas à compreensão do texto? Divido o texto a ser lido para 
o exercício consciente de inferência. Após, o texto encontra-se em sua totalidade.
1ª parte:
Era uma esplêndida residência, na Lagoa Rodrigo de Freitas, cercada de jardins e, tendo 
ao lado, uma bela piscina.
Perguntas inferenciais:
• Onde fica a Lagoa Rodrigo de Freitas?
• Como você imagina que seja a região onde está a residência?• Como é uma esplêndida residência? Como são as pessoas que moram nela?
2ª parte:
Pena que a favela, com seus barracos grotescos se alastrando pela encosta do morro, 
comprometesse tanto a paisagem.
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Perguntas inferenciais:
• Como são “barracos grotescos”? Por que eles “se alastravam” pela encosta do morro?
• Por que é “pena” existir uma favela por perto?
• Como você acha que devem ser as pessoas que moram na favela?
3ª parte:
Diariamente desfilavam diante do portão aquelas mulheres silenciosas e magras, lata 
d’ água na cabeça. De vez em quando surgia sobre a grade a carinha de uma criança, 
olhos grandes e atentos, espiando o jardim. Outras vezes eram as próprias mulheres que 
se detinham e ficavam olhando.
Perguntas inferenciais:
• Por que as mulheres e as crianças ficavam olhando em direção à casa?
• O que elas pensavam?
4ª parte:
Naquela manhã de sábado ele tomava seu gim-tônica no terraço, e a mulher ,um 
banho de sol, estirada de maiô à beira da piscina, quando perceberam que alguém os 
observava pelo portão entreaberto.
Perguntas inferenciais:
• Naquela manhã de sábado quem tomava gim tônico no terraço?
• Quem era ele?
• Como estava a mulher?
• Quem observava pelo portão entreaberto? Quem você acha que era? O que queria? Para que 
estava ali?
5ª parte:
Era um ser encardido, cujos trapos em forma de saia não bastavam para defini-la 
como mulher. Segurava uma lata na mão, e estava parada, à espreita, silenciosa como um 
bicho. Por um instante as duas mulheres se olharam, separadas pela piscina.
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Perguntas inferenciais:
• As duas mulheres se olharam separadas pela piscina. Evidencie as diferenças entre a dona da casa 
e a mulher da favela quanto:
- à habitação
- ao vestuário
- à postura física
- à ocupação na manhã de sábado
• O que vai acontecer agora?
6ª parte:
De súbito pareceu à dona de casa que a estranha criatura se esgueirava, portão adentro, 
sem tirar dela os olhos. Ergue-se um pouco, apoiando-se no cotovelo, e viu com terror que 
ela se aproximava lentamente:
Perguntas inferenciais:
• Por que a mulher dona da casa sentiu terror com a aproximação da outra mulher?
• O que a dona da casa pensou?
• Para que a mulher da favela entrou na residência? O que de fato ela queria entrando pelo portão?
7ª parte:
já atingia a piscina, agachava-se junto à borda de azulejos, sempre a olhá-la, em 
desafio, e agora colhia água com a lata. Depois, sem uma palavra, iniciou uma cautelosa 
retirada, meio de lado, equilibrando a lata na cabeça – e em pouco sumia-se pelo portão.
Perguntas inferenciais:
• Por que a mulher da favela decidiu encher a lata na piscina, em vez de buscar água no local de costume?
• De que forma a invasora colheu a água da piscina?
• Por que o olhar em desafio?
• Qual era o combate? O que se pretendia defender? Qual o objeto de combate?
• O que vai acontecer agora? O que os donos da casa vão fazer?
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8ª parte:
Lá no terraço o marido, fascinado, assistiu a toda acena. Não durou mais de um ou 
dois minutos, mas lhe pareceu sinistra como os instantes tensos de silêncio e de paz que 
antecedem um combate.
Perguntas inferenciais:
• Quem eram os combatentes?
• Qual o objeto do combate?
• Que combate era esse?
• O que significa fascinado neste contexto?
9ª parte:
Não teve dúvida: na semana seguinte vendeu a casa.
Perguntas inferenciais:
• Por que o dono vendeu a casa?
• Se você fosse o dono da casa e esse fato tivesse acontecido com você, você venderia a casa? Por quê?
• Qual seria sua reação? Que providências você tomaria?
A seguir a crônica de Fernando Sabino em sua integridade:
Piscina
Era uma esplêndida residência, na Lagoa Rodrigo de Freitas, cercada de jardins e, tendo 
ao lado, uma bela piscina. Pena que a favela, com seus barracos grotescos se alastrando pela 
encosta do morro, comprometesse tanto a paisagem.
Diariamente desfilavam diante do portão aquelas mulheres silenciosas e magras, lata 
d’água na cabeça. De vez em quando surgia sobre a grade a carinha de uma criança, olhos 
grandes e atentos, espiando o jardim. Outras vezes eram as próprias mulheres que se 
detinham e ficavam olhando.
Naquela manhã de sábado ele tomava seu gim-tônica no terraço, e a mulher um banho 
de sol, estirada de maiô à beira da piscina, quando perceberam que alguém os observava 
pelo portão entreaberto.
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Era um ser encardido, cujos trapos em forma de saia não bastavam para defini-la como 
mulher. Segurava uma lata na mão, e estava parada, à espreita, silenciosa como um bicho. 
Por um instante as duas mulheres se olharam, separadas pela piscina.
De súbito pareceu à dona de casa que a estranha criatura se esgueirava, portão adentro, 
sem tirar dela os olhos. Ergue-se um pouco, apoiando-se no cotovelo, e viu com terror que 
ela se aproximava lentamente: já atingia a piscina, agachava-se junto à borda de azulejos, 
sempre a olhá-la, em desafio, e agora colhia água com a lata. Depois, sem uma palavra, 
iniciou uma cautelosa retirada, meio de lado, equilibrando a lata na cabeça – e em pouco 
sumia-se pelo portão.
Lá no terraço o marido, fascinado, assistiu a toda acena. Não durou mais de um ou 
dois minutos, mas lhe pareceu sinistra como os instantes tensos de silêncio e de paz que 
antecedem um combate.
Não teve dúvida: na semana seguinte vendeu a casa.
(SABINO, 1976).
Comentário: Nós captamos uma ou várias informações dadas pelo texto, reconhecendo as expressões 
e os recursos da língua utilizados, de acordo com a noção que possuímos dessas informações. Apenas 
para exemplificar sobre as possíveis inferências, vamos recuperar a segunda parte do texto:
Pena que a favela, com seus barracos grotescos se alastrando pela encosta do morro, 
comprometesse tanto a paisagem.
Dependendo do conhecimento experiencial adquirido no meio social e cultural, a segunda parte 
destacada da crônica, em especial à pergunta “Como são barracos grotescos”?, pode ser inferida como:
• feitos de papelão; pequenos; pobres; um quartinho só; quarto, sala e cozinha em um cômodo só; 
sujos e sem fundos; casas que são feitas de pedaços de madeira; dorme todo mundo amontoado 
etc.
• favela é onde moro, um lugar cheio de barracos e becos; morro só não tem asfalto, porque tem 
luz, água, posto médico, posto policial etc.
São dois pontos de vista. Na primeira inferência, trata-se do ponto de vista de quem é exterior à 
favela e nela são inferidos fragilidade, espaço e pobreza. Na segunda, o ponto de vista é de quem mora 
na favela e pode, como no exemplo, associar pobreza a um certo conforto.
Caro aluno, faça uma comparação entre suas inferências com as dos colegas para verificar os 
diferentes pontos de vista.
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
Além do conhecimento de mundo, temos também o conhecimento interacional, que compreende 
dimensão interpessoal da linguagem, ou seja, com a realização de certas ações por meio da linguagem. 
Conforme Koch e Elias (2009), divide-se em:
• conhecimento ilocucional: meios diretos e indiretos para atingir um objetivo;
• conhecimento comunicacional: meios adequados para atingir os objetivos desejados;
• conhecimento metacomunicativo:meios de prevenir e evitar distúrbios na comunicação – 
atenuação, paráfrases, parênteses de esclarecimento etc.;
• conhecimento superestrutural: modelos textuais globais que permitem aos usuários reconhecer 
um texto como pertencente a determinado gênero ou certos esquemas cognitivos.
Com base no conhecimento interacional, o produtor do texto configura na escrita sua intenção e dá 
ao leitor possibilidade de este reconhecer o objetivo ou propósito pretendido, como no exemplo dado 
por Koch e Elias (2009):
Vó Doca
(Minha avó)
Vó é coisa pra sempre...
Fiz essa poesia em homenagem a uma das minhas avós
Que já se foi... espero que gostem
Minha avó
Com beleza e vontade,
Recebia visitas,
Tinha muitas amizades!
O início do poema acima é suficiente para sinalizar o propósito do texto: homenagear a uma avó 
muito querida e o autor espera também que os leitores apreciem-na.
O autor determina também a quantidade de informação necessária para o leitor ser capaz de 
reconstruir o objetivo do texto. Exemplo de texto:
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 Lembrete
Um dos fatores de textualidade é justamente a aceitabilidade. O autor 
precisa apresentar informações, argumentos etc. que levam o leitor a 
aceitar o texto.
No que diz respeito às placas, elas devem conter informações breves, rápidas, considerando que os 
leitores – os motoristas – não dispõem de muito tempo de leitura por estarem dirigindo.
Outro conhecimento interacional relaciona-se com o autor assegurar a compreensão do texto por 
parte do leitor. Para isso, o autor utiliza vários tipos de recursos linguísticos por meio do uso de sinais 
de articulação ou apoios textuais, tal como o uso de parênteses para inserir uma explicação. Outros 
recursos possíveis são: negrito, grifo de palavras, caixa alta. Um exemplo foi publicado no jornal O 
Estado de S. Paulo, em 7 de agosto de 2008:
Como transformar um vegetal insípido, sem personalidade, coadjuvante da 
canja e da salada (e que além disso tem cor de comida de hospital) em 
receitas tão saborosas e tão deliciosas que nem parecem feitas com um 
ingrediente sem graça, pouco apetitoso e quase irrelevante (cujo nome não 
tivemos a coragem de escrever na capa do caderno) .
O texto fala do chuchu, vegetal considerado sem graça, e na publicação original as palavras 
insípido, coadjuvante, sem graça, irrelevante estão na cor verde. Além disso, há uso de parênteses para 
comentários.
Por fim, outro aspecto do conhecimento interacional é identificar a qual tipo e gênero faz parte o 
texto. No exemplo abaixo, temos um texto que é um anúncio publicitário:
O vizinho
- Essa pessoa que adora ouvir música alta à noite,
mas reclama de qualquer barulhinho.
- Esse sujeito que só usa martelo e furadeira
quando você precisa dormir.
- Esse amigo que conversa com você tentando ver
o que tem dentro da sua casa.
- Esse cavalheiro que se mantém bem-informado lendo
o seu jornal e empresta a sua vaga na garagem para as visitas dele.
- Esse ser humano que, além de tudo, vive espalhando
por aí que tem um péssimo vizinho: você.
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Já tem muita gente tentando tirar o sabor da sua vida. Por isso, só tiramos as calorias.
Caloria de menos BRAHMA LIGHT gostosa demais
(VEJA. 22 out. 2003).
Verificamos que se trata de um anúncio no final do texto ao ver enunciada uma marca de cerveja. O 
texto discorre sobre como pode ser um vizinho, dando possíveis características e no final as características 
passam a se do produto anunciado. Assim, aparentemente, trata de um texto do tipo descritivo. No 
entanto, a descrição é usada como recurso para convencer o leitor a consumir/comprar o produto; 
consequentemente, o tipo de texto do anúncio – na verdade, de qualquer anúncio publicitário – é o 
injuntivo, levar o leitor a fazer algo, no caso, a comprar um produto.
Tendo em vista as reflexões, concluímos que é fundamental para a eficácia da comunicação o autor 
avaliar o conhecimento prévio do seu provável leitor e construir um texto que não demande inferências 
que o leitor é incapaz de elaborar.
Exemplo de aplicação
Indique a(s) inferência(s) principal(is) ocorridas durante a leitura do anúncio abaixo:
O vizinho
- Essa pessoa que adora ouvir música alta à noite,
mas reclama de qualquer barulhinho.
- Esse sujeito que só usa martelo e furadeira
quando você precisa dormir.
- Esse amigo que conversa com você tentando ver
o que tem dentro da sua casa.
- Esse cavalheiro que se mantém bem-informado lendo
o seu jornal e empresta a sua vaga na garagem para as visitas dele.
- Esse ser humano que, além de tudo, vive espalhando
por aí que tem um péssimo vizinho: você.
Já tem muita gente tentando tirar o sabor da sua vida. Por isso, só tiramos as calorias.
Caloria de menos BRAHMA LIGHT gostosa demais
(VEJA. 22 out. 2003).
Comentário: No anúncio, temos uma interessante ocorrência de inferência, em que o leitor precisa 
relacionar os termos “pessoa, sujeito, amigo, cavalheiro, ser humano” ao termo do título “vizinho”. 
Outra inferência interessante é “Já tem muita gente tentando tirar o sabor da sua vida. Por isso, só 
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tiramos as calorias.” A expressão “tirar o sabor” precisa ser relacionada com as atitudes dos vizinhos 
caracterizadas no texto, e a expressão “tiramos as calorias” relaciona-se com o produto anunciado; há 
um deslocamento de sentido: da vida sem sabor do leitor (por causa do vizinho) para o produto que 
trará ao leitor justamente o que este perdeu, o sabor.
 Resumo
Nesta unidade, tratamos da relação entre texto e contexto. Este pode 
transformar uma simples letra em um texto, tal como a letra M na porta 
de um banheiro. Nesse caso, a letra adquire um sentido específico e para 
o texto ser entendido o leitor precisa ter determinados conhecimentos, 
sendo eles:
• conhecimento linguístico: no caso, a letra faz parte da língua portuguesa;
• conhecimento de mundo: pela experiência cultural, sabemos que em 
lugar específico – em porta localizada em ambiente público, como 
restaurante – a letra M representa “mulher”; assim, é indicadora de 
banheiro feminino;
• conhecimento interacional: um dos aspectos da comunicação é 
fornecer quantidade de informação necessária. A letra M é suficiente, 
então, para o usuário do restaurante identificar qual banheiro usar.
 Exercícios
1. Considere a charge do Angeli, o poema de Manuel Bandeira e as afirmações que seguem.
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O bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
(BANDEIRA, 1993).
I. A charge critica o problema da fome no Brasil, assim como o poema, mas aponta o lado positivo 
da modernização, como se pode ver no título: Brasil e a revolução digital.
II. Os números que aparecem sobre os personagens na charge são meramente ilustrativos, sem 
significado, já que a fome não pode ser quantificada.
III. Em ambos os textos, os autores evidenciam que a fome compromete a dignidade humana.
Está correto somente o que se afirma em:
A) I.
B) II.
C) III.
D) I e III.
E) II e III.
Resposta: C
Análise das afirmativas.
I. Afirmativa falsa.
Justificativa. A charge expõe a miséria de parteda população, mostrando que resolver o problema 
da fome é mais urgente e mais importante do que a “inclusão digital”. Não há qualquer referência 
aos aspectos positivos da revolução digital.
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II. Afirmativa falsa.
Justificativa. Os números fazem referência à classificação usada em equipamentos tecnológicos 
e aparecem na charge “classificando” a fome de cada personagem. São, portanto, utilizados de 
forma irônica pelo autor e não são meramente ilustrativos.
III. Afirmativa verdadeira.
Justificativa. A charge e o poema denunciam o problema da fome que aflige parte da população 
e faz com que as pessoas percam sua dignidade, tendo que procurar comida no lixo ou pedir 
esmolas.
2. Leia a charge abaixo e considere as afirmações a seguir.
Figura 14
I. A pergunta de Helga, no primeiro quadrinho, revela que ela quer pedir o divórcio.
II. O humor da tira se constrói a partir da possibilidade de Helga ter se casado por duas vezes.
III. A pergunta de Eddie Sortudo, no segundo quadrinho, evidencia a ideia de que Hagar é um bom 
marido.
IV. A graça da tira está no fato de Eddie Sortudo partir da pressuposição de que Helga não estivesse 
se referindo a Hagar, seu único marido.
Levando-se em conta os aspectos textuais e visuais da tirinha, está correto apenas o que se afirma em:
A) I.
B) II e III.
C) IV.
D) III e IV.
E) III.
Resolução deste exercício na plataforma
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
Unidade II
5 CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO DO TEXTO
Caro aluno, o texto a seguir é de autoria de Chico Buarque, notório compositor. Ao ler o texto, você 
pode afirmar que se refere a um contexto atual, vivido pelos meninos hoje?
Doze anos
Ai, que saudades que eu tenho
Dos meus doze anos
Que saudade ingrata
Dar banda por aí
Fazendo grandes planos
E chutando lata
Trocando figurinha
Matando passarinho
Colecionando minhoca
Jogando muito botão
Rodopiando pião
Fazendo troca-troca
Ai, que saudades que eu tenho
Duma travessura
Um futebol de rua
Sair pulando muro
Olhando fechadura
E vendo mulher nua
Comendo fruta no pé
Chupando picolé
Pé-de-moleque, paçoca
E disputando troféu
Guerra de pipa no céu
Concurso de pipoca
(BUARQUE, 1997)
Os meninos hoje passam por brincadeiras como as descritas na letra de música? Pensando nos 
centros urbanos, tal quadro descrito é possível?
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Unidade II
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Verificamos que a letra de música, um texto escrito aqui reproduzido, relaciona-se a um contexto. 
Veremos, a partir desta seção, a relação entre os textos, em especial os escritos, e o contexto.
A escrita alfabética é considerada uma tecnologia (algo feito com instrumentos – tinta, caneta, papel 
– inventados pelo homem para estender suas capacidades naturais), porém não pode ser desvinculada 
de seu contexto de uso e de seus usuários; ao entrar no contexto linguístico e cultural de diferentes 
línguas, passa a ser modificada por esses contextos.
Por isso, a escrita hoje é vista como uma série de práticas socioculturais variadas. As variações 
ocorrem em línguas diferentes, é claro, mas também dentro da própria língua do falante, por exemplo, 
entre camadas sociais distintas. Grupos sociais diferentes usam materiais escritos de maneiras diferentes, 
ainda que dentro de um mesmo universo cultural. Pais de classes sociais mais favorecidas tendem a 
explorar com suas crianças os livros infantis, preparando-as para o tipo de linguagem que encontrarão 
na vida escolar. Por outro lado, crianças de classes sociais menos favorecidas tendem a adquirir mais 
habilidades de interação oral (desafio, exibição) que contribuem para formas culturais como o rap.
Na área da educação, cada língua, assim como cada cultura, é vista não como algo homogêneo, mas 
sim composta por variantes socioculturais determinadas pelos usuários e os contextos e finalidades em 
que são usadas. A linguagem, assim como a cultura, se manifesta como variantes locais particularizadas 
em contextos específicos.
Uma decorrência dessa concepção heterogênea de linguagem é não ver a língua como 
compartimentada em “quatro habilidades” estanques: ler, escrever, ouvir, falar. O uso da língua quase 
sempre envolve escrita e oral, compreensão e produção simultaneamente. O exemplo citado é a “leitura” 
de livros infantis por pais para seus filhos. Nessa prática, ocorre leitura, compreensão oral, e intenso 
uso das ilustrações, relacionando-as com o texto escrito. Além disso, as novas formas de comunicação 
introduzidas pelo uso do computador são inovadoras da prática escrita, introduzindo ícones, imagens, 
abreviações e modificando as regras da escrita tradicional.
A recente e crescente utilização da linguagem na comunicação mediada pelo computador (e-mails, 
chats, blogs etc.) oferece muitos exemplos de novos usos de linguagem. Na internet, imagens e sons 
interagem de forma intensa com o texto escrito alfabético. A comunicação, em páginas da web, é baseada 
na inter-relação entre imagem, texto escrito e sons. Essa característica é nomeada multimodalidade. 
O conceito de escrita, devido a essa característica multimodal, passa a ser o exercício de optar pela 
trajetória a ser seguida, fazendo escolhas entre sons, imagens, textos escritos, vídeos.
A escrita pode ser focada sob três perspectivas, na concepção de Koch e Elias (2009): foco na língua, 
no escritor e na interação.
A escrita com enfoque na língua relaciona-se à concepção de linguagem como um sistema pronto, 
acabado, devendo o autor se apropriar desse sistema e de suas regras. Nesse sentido, o sujeito é visto 
como predeterminado pelo sistema e o texto, por sua vez, é visto como simples produto de uma 
codificação realizada pelo autor. Basta, então, o conhecimento da língua tanto para produção quanto 
a leitura de um texto.
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
A escrita com enfoque no escritor relaciona-se à ideia de que ao escrever expressamos os 
nossos pensamentos. O autor é visto, por conseguinte, como sujeito psicológico, individual, 
dono e controlador de sua vontade e de suas ações. Como bem esclarecem Koch e Elias (2009, 
p. 33):
Trata-se de um sujeito visto como um ego que constrói uma representação 
mental, “transpõe” essa representação para o papel e deseja que esta seja 
“captada” pelo leitor da maneira como foi mentalizada.
O texto, nesse enfoque, é considerado um produto do pensamento e intenções do autor sem levar 
em conta as experiências e os conhecimentos do leitor nem a interação que envolve o processo da 
escrita e da leitura.
Por fim, a escrita vista com enfoque na interação é encarada como produção textual, que exige do 
autor ativação de conhecimentos vários. A escrita não é compreendida apenas como apropriação das 
regras da língua, mas como interação escritor-leitor.
Nessa interação, as intenções de quem escreve são consideradas e também os conhecimentos 
do leitor. Temos, então, uma concepção interacional da língua, pois autor e leitor são vistos 
como construtores sociais. Nessa perspectiva, a escrita é uma atividade que demanda estratégias 
como:
• ativação de conhecimentos sobre a situação comunicativa: interlocutores, assunto a ser 
desenvolvido etc.;
• seleção, organização e desenvolvimento das ideias a fim de manter a continuidade do tema e sua 
progressão;
• balanceamento entre informações explícitas e implícitas;
• revisão da escrita ao longo do processo, guiada pelo objetivo da produção e pela interaçãoque o 
escritor pretende estabelecer com o leitor.
A escrita é evidentemente uma produção com base nos elementos da língua e na sua forma de 
organização, mas requer a mobilização de um vasto conhecimento compartilhado entre escritor e 
leitor.
Diante da escrita, o leitor aciona os conhecimentos prévios e os confronta com o texto, construindo 
o sentido. Ele percorre as marcas linguísticas deixadas pelo autor para entender o texto, assumindo 
papel de sujeito ativo ao inferir e interagir com dados do texto. O autor e o leitor de um texto 
são social e ideologicamente constituídos e, assim caracterizados, são produtores de sentido. Seus 
comportamentos, sua linguagem e a configuração de sentido são determinados pelo momento 
sócio-histórico. Portanto, o sentido de um texto nunca é o mesmo, pois pode ser lido em diferentes 
momentos da vida (e de maturidade) do leitor, portanto pode ser mudado, revestindo-se assim de 
uma pluralidade de sentidos.
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Para que duas ou mais pessoas possam compreender-se mutuamente, é preciso que seus 
conhecimentos sejam parcialmente semelhantes, ou melhor, seus conhecimentos devem ser 
compartilhados uma vez que é impossível duas pessoas partilharem exatamente os mesmo 
conhecimentos.
Em uma situação de interação, atuamos com base no contexto. O contexto é alterado, ampliado, 
e as pessoas se encontram obrigadas a ajustar-se aos novos contextos que se vão ocasionando 
sucessivamente. O conhecimento de mundo de cada um, já é por si mesmo um contexto.
O contexto se tornou indispensável para a construção e compreensão textual. “O contexto é um 
conjunto de suposições, baseadas nos saberes dos interlocutores, mobilizadas para a interpretação de 
um texto” (KOCH, 1998, p. 65). O contexto permite preencher lacunas do texto, estabelecendo os elos 
faltantes por meio de inferências.
Assim, a escrita pode ter seu significado alterado em função de fatores contextuais, e o contexto 
pode ser usado para justificar o que deve ser dito e também para o que não deve.
Hoje em dia reconhecemos de forma bastante ampla que muito da produção de sentido depende 
fundamentalmente do contexto e que, além disso, não há uma definição única de quanto ou de que tipo 
de contexto é necessário para a descrição da linguagem.
Nós temos o contexto imediato, que abrange os participantes da comunicação, local e tempo da 
interação, objetivo da comunicação e meio de propagação do texto. Esse contexto ocorre em torno de 
outro contexto – o mediado, constituído por aspecto social, histórico e cultural. Voltemos à letra de 
música Doze anos, de Chico Buarque, tomando-a como exemplo.
Na letra de música, o autor evoca o tempo em que ele era um menino de doze anos marcado 
por brincadeiras como matar passarinho, colecionar minhocas, jogar muito botão, rodopiar pião, jogar 
futebol na rua, comer fruta no pé, entre outros aspectos indicadores de um contexto mediado.
Esse tempo retratado na letra de música é bem diferente deste que vivenciamos atualmente. Os 
garotos vivem em centros urbanos com predominância de predios e escassez para brincadeiras ao ar 
livre, bem como a inexistência expressiva da natureza. Hoje TV, computador, videogame ocupam lugar 
das antigas brincadeiras.
Vejamos outro texto, de um escritor conhecido por mim e por muitos outros apreciadores de texto 
poético. Sobre o texto:
• indicaremos o contexto imediato: participantes, local e data, objetivo do texto e como ele foi 
propagado.
• discutiremos o contexto mediado.
• relacionaremos o título com o posicionamento do autor sobre o assunto.
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Professor de História
Quando eu conto
Que nesta terra
A nudez era tão natural
E que o pecado e a malícia vieram de longe,
A bordo de treze naus
Quando eu conto
que os corpos nus
Mirados pelo vento
Vestidos com a inocência
Foram violados por olhos cúpidos
Ultrajados por olhos sedentos
Quando eu conto
Que trouxeram tantos deuses
Novas crenças, todas vãs
Eu já tinha minha fé
Eu já tinha meu pajé
Eu queria trocar meu Tupã?
Quando eu conto
Que o Deus que aqui chegou
Trazido do além-mar
Viajou com o invasor?
Com certeza na primeira maré
Levou um à proa, e o outro se pôs na ré
Quando eu conto
Que tanto se fez
Em nome de uma fé
Matou-se, vestiu-se
E levou o que da terra se apanhava
Para uma desconhecida e longínqua Sé
Quando eu conto
Que para cá trouxeram a Cruz
e contaram seu significado
E sem que ficassem chocados
Cruzaram os corpos mortos e despidos
Com corpos mortos de meninos nus
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Quando eu conto
Que tudo que eu conto é verdade
Ah Tupã. que impunidade!
Já não existe Tupi, Tapuia ou Timbira...
Podia ser tudo um conto
Podia ser tudo mentira
(CHAIM, 2008)
O contexto imediato constitui-se dos participantes específicos à situação comunicativa: são o autor 
Roberto Chaim e nós, leitores do poema. Postado no site especialista em textos literários, o poema é 
contemporâneo e alcança internautas interessados em poema. O mundo virtual – via sites – é a forma 
mais utilizada atualmente por escritores e outros artistas para a divulgação de seus trabalhos. Essa 
forma intensifica a interação entre o autor e leitor, uma vez que não há editora mediando o contato.
Por tratar de um texto literário, o poema tem a função lúdica, estética (trabalha com a matéria 
prima: a língua) e também de denúncia. No caso, o assunto nos dá o contexto mediado: a chegada dos 
estrangeiros ao continente americano e a repercussão para a vida e a cultura dos índios.
O posicionamento do autor é nítido sobre o assunto. O ponto de vista não é do europeu conquistador, 
considerando-se grande aventureiro em nome de uma nação europeia. Também não é do ponto de vista 
indígena, porque traz em seu discurso um distanciamento sobre este grupo social, além de demonstrar 
conhecimentos, crenças e valores do mundo ocidental europeu. Assim, em uma posição, talvez mediadora 
(entre conquistadores e conquistados), pende para o lado dos índios na não aceitação da dizimação dos 
índios e da sua cultura.
O título explica a escolha do assunto, afinal, esse assunto faz parte do conteúdo programático de 
aulas de História, mas não indica o ponto de vista assumido. Na área de história, como já foi dito neste 
livro-texto, hoje há duas perspectivas para o estudo: a história vista de cima ou a história vista de baixo. 
Percebemos que o poeta Chaim assume a segunda perspectiva, para a qual o Brasil representou não 
uma conquista vitoriosa, mas quase que um genocídio, com milhares de índios mortos e devastação na 
cultura local. Não é uma aula de história contada pelo herói, com direito a matar quem não quisesse se 
converter ao Cristianismo.
 Lembrete
O documento Dum diversa assinado pelo Papa Nicolau I para o rei de 
Portugal outorgava ao rei o direito de cristianizar.
Uma publicação, cujo contexto imediato é fundamental, é a carta do leitor. Devido ao seu caráter 
transitório, extremamente vinculado ao momento da notícia, a seção carta do leitor apenas é compreendida 
pelo leitor que acompanha as leituras do jornal ou da revista no mesmo ciclo de publicação (semana ou 
mês) em que foi divulgada. Descontextualizada, ou seja, retirada daquele momento em que conversa 
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com a notícia da semana (no caso do jornal) ou do mês (no caso da revista mensal), a carta do leitor 
causa dificuldade na leitura. Vejamosum trecho de uma carta do leitor:
Os ataques terroristas a Nova York e a grande crise na Argentina mostram que em 2001 
o mundo virou de cabeça para baixo. E o caos está só começando. Daniel Silva Souza, São 
Paulo, SP.
(ÉPOCA, 31 dez. 2001)
Veiculada na revista Época em 31 de dezembro de 2001, hoje o leitor pode ter dificuldade para 
recuperar o contexto da carta. O leitor se lembra do evento com as torres em Nova York, devido à 
repercussão internacional constante desde então, mas pode não se lembrar que tipo de crise ocorreu 
na Argentina.
Diferente dessa carta, outra ocorrida no mesmo mês e ano, mas na revista Superinteressante, 
apresenta o seguinte conteúdo:
Floresta da Mãe Joana
Os políticos têm o dever de criar leis severas para proteger nosso patrimônio (Piratas da 
Floresta, novembro, pág. 51). Hoje os piratas entram aqui quando querem e saem com o que 
querem. Reinaldo Ribeiro, Barueri, SP.
(ROJO, 2001)
No caso dessa segunda carta do leitor, ela dialoga com reportagem publicada no mês anterior na 
mesma revista. A reportagem foi intitulada como Piratas da floresta e tratou dos desmandos do país. 
O autor da carta do leitor pode corroborar a notícia ou discordar dela. No caso acima, o autor afirma a 
opinião jornalística sobre o assunto.
A charge é mistura da linguagem imagética e a linguagem verbal, com características de humor, 
mostrando irreverência e uma certa lição de moral. O assunto da charge é uma crítica irônica sobre 
uma notícia publicada na semana. Por isso, ela pode causar dificuldade de entendimento por parte do 
leitor.
A charge é constituída pela linguagem não verbal (figuras) e, geralmente, pela linguagem verbal. Em 
uma das charges de Angeli, temos a seguinte caracterização:
A linguagem verbal é constituida pelo seguinte enunciado:
• A flora brasiliense
Fraudulência (Vegetale corruptus) – Árvore da família das Maracutaias, suas sementes chegaram 
ao país com as caravelas e hoje, mesmo com raízes espalhadas por todo o território nacional, 
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seu caule espesso e sua copa frondosa estão fincados no Planalto Central, bem no coração do 
Brasil.
A linguagem não verbal consiste em:
• no plano de fundo, os símbolos da Capital do país: os prédios do Planalto Central, onde se reúnem 
os políticos brasileiros;
• em destaque, uma árvore frondosa com homens engravatados no seu tronco e ramos; das copas 
saem as folhas em forma de cédula.
O leitor reconhece nessa charge o contexto – não imediato, pois é difícil recuperar a qual notícia 
essa charge se vincula, mas o contexto mediado, relacionado à história do país, em especial à história de 
corrupção política. O contexto da charge, na verdade, exige do leitor uma grande dose de conhecimento 
de mundo e da capacidade de inferência.
O leitor precisa recuperar a informação de que a linguagem da charge é uma paráfrase da obra 
Flora brasiliensis, produzida entre 1840 e 1906, pelos editores Carl Friedrich Philipp von Martius, August 
Wilhelm Eichler e Ignatz Urban, com a participação de 65 especialistas de vários países e contém 
tratamentos taxonômicos de 22.767 espécies, a maioria de angiospermas brasileiras, reunidos em 15 
volumes, divididos em 40 partes, com um total de 10.367 páginas. O leitor precisa perceber também que 
ao satirizar os políticos corruptos o autor emprega jargão da ciência natural.
O efeito de sentido encontra-se, então, na relação entre o gênero textual – charge – com o tipo de 
discurso – jornalístico.
Sobre a escrita, em conclusão, ressaltamos a síntese feita por Koch e Elias (2009, p. 84):
• quem escreve o faz sempre para alguém (amigo, parente, namorado, 
funcionário, professor, aluno, nós mesmos) de modo a levar em conta, 
nessa atividade, o “histórico” que possui sobre o interlocutor;
• quem escreve o faz guiado por um objetivo (um desabafo, uma 
solicitação, uma explicaçao, a defesa de um ponto de vista, uma 
instrução, uma retificação etc.);
• quem escreve o faz com base em um conjunto de conhecimentos, 
tanto é assim que nao se pode produzir qualquer texto de qualquer 
forma em qualquer situação. Para a troca comunicativa imaginada, é 
esperada a “escolha” do gênero textual (um e-mail, um requerimento, 
uma carta, um artigo de opinião, um manual de instrução, uma lista) 
em adequação ao contexto, dentre outros ingredientes a serem levados 
em conta, segundo os quais vamos construindo e reconstruindo a 
nossa escrita, palavra por palavra, sem que isso signifique que o sentido 
pretendido emerge da soma de palavras em frases e parágrafos, mas, 
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sim, que os elementos linguísticos presentes na materialidade do texto 
funcionam como importante orientação para que nós ultrapassemos 
o plano da linearidade, do visivelmente colocado, e mergulhemos nos 
“segredos do texto”, na sua implicitude.
O contexto possibilita avaliar o que é adequado ou não do ponto de vista dos modelos interacionais 
construídos culturamente. Um exemplo é a charge de Angeli, publicada na Folha de S. Paulo, cujo 
cenário é o interior de uma mansão e em cujas escadas centrais desce a esposa acompanhada por uma 
legião de empregadas. O marido a espera no fim da escada e diz:
- Querida, você está um luxo! Aonde vamos?
- Participar de uma passeata contra a concentração de renda e a discriminação social!
Verificamos uma inadequação da personagem feminina em relação ao contexto do evento a qual 
participará. Aqueles que participam de uma passeata contra concentração de renda e discriminação 
social não devem ostentar luxo, riqueza. Tal atitude da mulher é um exemplo de inadequação e quebra 
o conhecimento que temos sobre o assunto; no entanto, a ruptura constitui um novo contexto; 
no caso, o propósito final da charge que é revelar uma crítica a fatos comumente relacionados à 
política.
O contexto também possibilita:
• salientar o tópico do discurso e o que é esperado para a continuidade temática e progressão do 
texto;
• produzir inferência e sentido;
• explicar ou justificar o que foi dito;
• explicar ou justificar o que é dito e o que não deve ser dito.
Exemplo de aplicação
1. A letra de música Tupi or not tupi é do compositor e cantor Biafra. Sobre ela, podemos fazer 
algumas considerações:
Tupi or not tupi
Cara pálida você não é filho desse lugar!
Veio do Ocidente doente poluiu nosso lar!
Aqui tinha caça, tinha pesca, tinha o sol e a lua...
Tinha o riacho inteiro pra poder navegar,
Não havia dinheiro pra quê trabalhar!?
Se o que tinha na mata dava pra sustentar!
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Mas veio a caravela e o vento começou a mudar,
E quem não servia de escravo mandavam matar...
Aqui só existia o presente não havia o futuro!
Nesse tempo o Cauín não se vendia no bar,
Não havia limites somente o mar,
Toda tribo era festa até tudo acabar!
To be or not to be...
Tupi or not Tupi...
To be or not to be...
Tupi or not... Tupi or not...
Tupi or not Tupi...
Cara pálida você não é dono desse lugar!
Sua pele fica invisível na areia do mar...
Hoje não tem caça, não tem pesca, só menino de rua!
Hoje tem polícia, bandido e o medo no ar.
O que fez seu progresso se não destruir
O que havia de bom e bonito aqui!
E hoje quem restou deste povo vive numa prisão...
Trocou sua vida de índio pela vida de cão!
Hoje a velhice é doença e quem nasce não cura!
Hoje as estrelas são olhos que brilham no escuro,
cada casa uma ilha, somos todos estranhos
Espantalhos humanos entre o Acre e Londres!
To be or not to be...
Tupi or not Tupi...
To be or notto be...
Tupi or not... Tupi or not...
Tupi or not Tupi...
ê macumbabebê, ê macumbê...
ê macumbabá, Macumbá!
Disponível em: <http://www.vagalume.com.br/byafra/tupi-or-not-tupi.html#ixzz1OhYrmUpZ>
I. Quem fala no texto representa a voz social do índio brasileiro que se contrapõe à formação 
ideológica colonialista.
II. No texto, há referência à literatura inglesa (Hamlet, de Shakespeare) e brasileira (poema Tupi or 
not tupi, de Oswald de Andrade).
III. O caráter dialógico do discurso consiste na multiplicidade de vozes, no caso, do índio que dirige 
o discurso para o branco, europeu, construindo relação simétrica entre as vozes.
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
A) Apenas I está correta.
B) Apenas II está correta.
C) Apenas III está correta.
D) I e II estão corretas.
E) I e III estão corretas.
Comentário: A alternativa correta é D). O contexto imediato é constituído por nós, ouvintes ou 
leitores da letra de música e pelo compositor, situados na mesma época e ambiente sociocultural. 
Fortemente marcado é o contexto mediado ao recuperar um momento histórico brasileiro: a colonização 
e as consequências para o povo indígena. Esse texto também recupera o contexto cultural ao fazer 
referência à peça teatral Hamlet e ao poema brasileiro Tupi or not tupi. Ao leitor cabe relacionar ambas 
as obras, uma vez que a frase notória da peça Hamlet é “Ser ou não ser, esta é a questão”, sendo em 
inglês To be or not to be, fonemas parodiados por Oswald de Andrade pela proximidade sonora como 
Tupi or not tupi, fazendo remissão à língua indígena tupi.
2. A ilustração abaixo não tem linguagem verbal, objeto desta seção do livro-texto, mas é um ótimo 
motivo de leitura e verificação do contexto. Assim, leia o texto abaixo e discuta as possíveis inferências 
históricas. Explica-se que no centro do peito da personagem o círculo está na cor vermelha.
Figura 15 - Fonte: Site Tsunami: des images pour le Japon
Comentário: Caro aluno, você deve ter contextualizado a ilustração ao tsunami no Japão ocorrido 
em março de 2011 e as consequências, observadas por meio dos: restos de madeira, casas, fábricas, 
meio de transporte, sujeira e alagamento. É possível perceber a nacionalidade pelo formato do cabelo 
do jovem, pela mascote na mão do jovem e pelo círculo vermelho que sugere a bandeira nacional 
japonesa. Além desses aspectos contextuais, outro, de nível mundial, pode ser recuperado: o símbolo da 
radiação, que aparece no canto inferior à direita da ilustração e sugere a importância dada pelo autor 
ao problema das usinas nucleares e a dissipação de sua radioatividade.
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6 INTERTEXTUALIDADE
Você se lembra deste texto?
Monte Castelo
Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.
É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.
O amor é bom, não quer o mal.
Não sente inveja ou se envaidece.
O amor é o fogo que arde sem se ver.
É ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer.
Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.
É um não querer mais que bem querer.
É solitário andar por entre a gente.
É um não contentar-se de contente.
É cuidar que se ganha em se perder.
É um estar-se preso por vontade.
É servir a quem vence, o vencedor;
É um ter com quem nos mata a lealdade.
Tão contrário a si é o mesmo amor.
Estou acordado e todos dormem todos dormem todos dormem.
Agora vejo em parte. Mas então veremos face a face.
É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.
Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.
(VILLA-LOBOS; BONFÁ; RUSSO, 1995)
É uma letra de música de muito sucesso e nela ocorre a intertextualidade de forma explícita, ou seja, 
há cópia de trechos de outros textos nela. Há trecho do poema de Luis Vaz de Camões:
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
Amor é fogo que arde sem se ver
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
(CAMÕES, 2008)
Verificamos que o músico estabelece um diálogo com o poeta Camões, ao utilizar uma das estrofes 
de seu poema. Caso o leitor não tenha esse conhecimento, a intertextualidade não será reconhecida 
e, portanto, também não será reconhecida a essência da mensagem sobre o tema “amor”. A escolha de 
uma mesma caracterização os une no papel de poetas, cuja proposta é difundir um valor ou ponto de 
vista sobre o amor.
Há também trechos bíblicos:
Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos...
(BÍBLIA, 1993, COR. I, 13:1)
Intertexto é o diálogo que cada texto estabelece com outros textos. Já dizia Bakhtin (1986, p. 291): 
“cada enunciado é um elo da cadeia muito complexa de outros enunciados”. Ainda segundo Bakhtin 
(1986, p. 162),
o texto só ganha vida em contato com outro texto (com contexto). Somente 
neste ponto de contato entre textos é que uma luz brilha, iluminando tanto 
o posterior como o anterior, juntando dado texto a um diálogo. Enfatizamos 
que esse contato é um contato dialógico entre textos. Por trás desse contato 
está um contato de personalidades e não de coisas.
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Koch, Bentes e Cavalcante (2008) afirmam que a tarefa de identificar a presença de outro ou de 
outros textos em um texto escrito, por exemplo, depende muito dos conhecimentos do leitor, ou seja, 
depende de seu conhecimento de mundo ou enciclopédico, de seu conhecimento linguístico e de seu 
conhecimento interacional. O primeiro deles, o conhecimento chamado enciclopédico, é fundamental 
para que o leitor consiga atribuir sentido a um dado texto que recorre a outros textos. Nesse sentido:
Também é importante destacar que a inserção de “velhos” enunciados em 
novos textos promoverá a constituição de novos sentidos. É verdade que 
a nova produção trará os ecos do(s) texto(s)-fonte e estes se farão ouvir 
mais – ou menos – dependendo dos conhecimentos do leitor. Contudo, o 
“deslocamento” de enunciados de um contexto para outro, indiscutivelmente, 
provocará alteração de sentidos (KOCH; ELIAS, 2010, 78-79).
Para falar em intertexto, precisamos dar um breve resumo sobre as vozes presentes no texto. Os 
textos têm a propriedade intrínseca de se constituir a partir de outros textos. Por isso, todos eles são 
atravessados, ocupados, habitados pelo discurso do outro. Um texto remete a duas concepções diferentes: 
aquela que ele defende e a outra em oposição à qual ele se constrói. Nele, ressoam duas vozes, dois 
pontos de vista, e o discurso é sempre a arena em que se discutem esses pontos.
Por exemplo, através de alguns vídeos assistidos, visualizamos que a divulgação de um dos anúncios 
da BomBril “Mon Bijou” faz alusão à beleza e ao charme do ator Reynaldo Gianecchini com a marca 
famosa e cheirosa “Bombril-Mon Bijou”, pois na propaganda o ator proclama uma cantada para as 
mulheres e elas acabam jogando peças íntimas para ele, em sinal de não resistência aoator. É esta a ideia 
que o locutor pretende passar para seu público específico: que eles(as) não podem resistir a consumir a 
marca predileta pelas mulheres brasileiras; afinal, é uma marca irresistível. Conseguimos perceber essa 
intenção através do slogan que enuncia da seguinte forma: “É mais do que bom. É Bombril.”
É essencial identificarmos a presença do intertexto no exemplo citado acima, porque sabemos que 
o intertexto não faz referência somente aos textos literários e sim a anúncios publicitários, imagens/
vídeos, músicas, filmes, entre outros.
De acordo com Koch e Elias (2010, p. 85),
Vale reiterar que, para o processo de compreensão, além do conhecimento 
do texto-fonte, necessário se faz também considerar que a retomada de 
texto(s) em outro(s) texto(s) propicia a construção de novos sentidos, uma 
vez que são inseridos em uma outra situação de comunicação, com outras 
configurações e objetivos.
Quando ocorrem situações em que o intertexto está presente, precisamos, como já dito na seção 
anterior, mobilizar nosso conhecimento de mundo ou enciclopédico para atribuir sentido ao texto. Esse 
movimento nos leva a perceber que há diferentes formas a que um autor pode recorrer para inserir 
outros textos em seu texto. A essas diferentes formas, chamamos “tipos de intertexto” e esses tipos nos 
permitem caracterizar a intertextualidade.
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
As autoras Koch, Bentes e Cavalcante (2008) afirmam que podemos separar a intertextualidade, 
inicialmente, em duas correntes: a denominada stricto sensu e a denominada lato sensu. Essas correntes 
determinam o grau de explicitação e a natureza do intertexto utilizado na composição textual.
Por intertextualidade stricto sensu, entendemos aquela que ocorre geralmente “quando, em um 
texto, está inserido outro texto (intertexto) anteriormente produzido, que faz parte da memória 
social de uma coletividade ou da memória discursiva dos interlocutores” (p. 17). Assim, as sequências 
argumentativas stricto sensu são aquelas que apresentam uma ordenação ideológica de argumentos 
e/ou contra-argumentos. Nelas predominam elementos modalizadores, verbos introdutores de opinião, 
operadores argumentativos etc.
Por intertextualidade lato sensu, entende-se aquela de sentido mais amplo e, portanto, mais 
difícil de ser percebida, afirmam as autoras ser aquela que indica que “qualquer texto se constrói 
como um mosaico de citações e é a absorção e transformação de um outro texto” (p.85). Esse tipo de 
intertextualidade é mais difícil de ser percebida porque remete a outras vozes textuais de forma indireta, 
apresentando fragmentos textuais de diferentes gêneros, o que torna menos evidente a descoberta do 
texto “escondido”.
Em sentido amplo, o conceito de intertextualidade se constitui não só a partir de uma construção de 
citações, como também na absorção e na transformação de um outro texto. Considerando as práticas 
de produção e recepção dos gêneros textuais, o fenômeno da intertextualidade aparece como forma 
relevante da interação comunicativa no âmbito social. Além disso, determina a existência de gêneros 
textuais que mantêm entre si relações intertextuais, no que diz respeito à estrutura textual, possibilitando 
assim, ao leitor/ouvinte construir em sua memorial social determinados modelos cognitivos de contexto, 
permitindo-lhes reconhecê-los e saber recorrer a cada um deles de maneira adequada.
Os tipos de intertextualidade são:
Intertextualidade temática – consiste na abordagem de um mesmo assunto por vários meios ou 
portadores de textos (o texto científico, a mídia impressa ou televisiva, a internet etc.), em que determinado 
tema torna-se discurso focal e é retomado nos diferentes textos. Nesse tipo de intertextualidade, o que 
o autor faz é retomar, em seu texto, terminologias e conceitos referentes ao tema discutido, porém, já 
apresentados anteriormente em outros textos ou em outros contextos. É o que acontece, por exemplo, 
quando uma história é contada em versões diferentes, ou quando uma obra literária é transformada em 
filme: há elementos que são adicionados, outros que são subtraídos, mas o tema principal se mantém, 
assim como os conceitos e terminologias a ele relacionados.
 Observação
O texto brasileiro que mais passou pelo processo de intertextualidade, 
ou seja, texto que autores mais fizeram referência a ele, é o poema Canção 
do exílio, de Gonçalves Dias.
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Segundo Koch, Bentes e Cavalcante (2008, p. 18),
A intertextualidade temática é encontrada, por exemplo, entre textos 
científicos pertencentes a uma mesma área do saber ou uma mesma 
corrente de pensamento, que partilham temas e se servem de conceitos 
e terminologia próprios, já definidos no interior dessa área ou corrente 
teórica; entre matérias de jornais e da mídia em geral, em um mesmo 
dia, ou durante um certo período em que dado assunto é considerado 
focal; entre as diversas matérias de um mesmo jornal que tratam desse 
assunto.
Assim, podemos dizer que a intertextualidade temática se resume nos temas ou assuntos que são 
tratados e retomados nos diferentes discursos que circulam socialmente.
Exemplo de aplicação
1. Leia a letra de música:
Espinho na roseira
Tem espinho na roseira
Cuidado vai cortar a mão
Pedro Alcântara do Nascimento
amava Rosa Albuquerque Damião
Pedro Alcântara amava Rosa,
mas a Rosa não amava ele não
Rosa Albuquerque amava Jorge,
amava Jorge Benedito de Jesus
E o Benedito, Bendito Jorge,
amava Lina que é casada com João
E o João, João sem dente,
amava Carla, Carla da cintura fina
E a Carla, linda menina,
amava Antônio Violeiro do Sertão.
E o sertão vai virar mar
E o mar vai virar sertão
E o Antônio, cabra da peste,
amava Júlia que era filha de Odete
E a Odete amava Pedro,
que amava Rosa que era prima de Drumond
E o Drumond era casado
com Maria que era filha de Sofia,
mãe de Onofre e de José
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
E o José era casado com Nazira
que era filha de Jandira,
concubina de Mané
E o Mané tinha 17 filho
dez home e seis menina
e um que ia resolver
E o rapaz tava já na adolescência
tinha brinco na orelha
e salto alto prá crescer.
E o Rodolfo que já era desquitado
era homem mal amado
não queria mais viver
E encontrou Maria Paula de Arruda
que lhe deu muita ajuda
fez seu coração nascer
E são essas histórias de amor
Que acontecem todo dia sim senhor
(ABUJAMRA, 1995)
a. A letra de música Espinho na roseira, de André Abujamra, faz intertexto com o poema Quadrilha, 
de Carlos Drummond de Andrade por meio de dois aspectos: a estrutura e o conteúdo. Compare 
os dois textos: como eles se estruturam em relação aos encontros e desencontros amorosos? O 
final das histórias é idêntico?
b. Leia a letra de música seguinte e compare-a com Espinho na roseira. Existe intertextualidade entre 
elas?
Sobradinho
Sá e Guarabyra
O homem chega, já desfaz a natureza
Tira gente, põe represa, diz que tudo vai mudar
O São Francisco lá pra cima da Bahia
Diz que dia menos dia vai subir bem devagar
E passo a passo vai cumprindo a profecia
do beato que dizia que o Sertão ia alagar
O sertão vai virar mar, dá no coração
O medo que algum dia o mar também vire sertão
Adeus Remanso, Casa Nova, Sento-Sé
Adeus Pilão Arcado vem o rio te engolir
Debaixo d’água lá se vai a vida inteira
Por cima da cachoeira o gaiola vai, vai subir
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Vai ter barragemno salto do Sobradinho
E o povo vai-se embora com medo de se afogar.
Remanso, Casa Nova, Sento-Sé
Pilão Arcado, Sobradinho
Adeus, Adeus ...
(GUARABYRA; SÁ, 1998)
Comentário: Tanto o poema de Drummond quanto a letra de música de Sá e Guarabyra serviram para 
a construção de Espinho na roseira. Existe, portanto, uma relação intertextual. Da música Sobradinho, 
foi usada a expressão “o sertão vai virar mar”, que se tornou refrão; do poema de Drummond, todo o 
assunto – desencontro amoroso – é usado na letra, em uma intertertualidade temática explícita, bem 
como a forma como a história se desenvolve na letra: X ama Y, que tem relação com Z e assim por diante. 
O final é idêntico: aquela pessoa que não almejava um relacionamento é a única que efetivamente 
consegue.
2. Enigma: No meio do caminho...
a) Tente descobrir de que texto Milton Nascimento retirou o primeiro verso do texto Itamarandiba.
Itamarandiba
No meio do meu caminho sempre haverá uma pedra
Plantarei a minha casa numa cidade de pedra
Itamarandiba, pedra corrida, pedra miúda
rolando sem vida
Como é miúda e quase sem brilho a vida
do povo que mora no vale
No caminho dessa cidade passarás por Turmalina
Sonharás com Pedra Azul, viverás em Diamantina
No caminho dessa cidade as mulheres são morenas
Os homens serão felizes como se fossem meninos
(BRANT; NASCIMENTO, 1997)
b) Agora tente descobrir de que texto Carlos Drummond de Andrade retirou o primeiro verso de seu 
texto:
No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra
Nunca me esquecerei desse acontecimento
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
Na vida de minhas retinas tão fatigadas
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
(ANDRADE, 2003)
c) Por fim, tente descobrir de que texto Olavo Bilac retirou o título do seu poema Nel mezzo del 
camin.
Nel mezzo del camin...
Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada
E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E a alma de sonhos povoada eu tinha...
E paramos de súbito na estrada
Da vida: longos anos, presa à minha
A tua mão, a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continha.
Hoje, segues de novo... Na partida
Nem o pranto os teus olhos umedece,
Nem te comove a dor da despedida.
E eu, solitário, volto a face, e tremo,
Vendo o teu vulto que desaparece
Na extrema curva do caminho extremo.
(BILAC, 1978)
d) Procure no mapa do Estado de Minas Gerais as cidades mencionadas no texto Itamarandiba. 
O que esses nomes têm em comum? Somente para ajudar, a palavra ita em tupi significa 
pedra.
Comentário: O enigma tornou-se uma brincadeira, uma vez que a resposta era obtida em 
texto posterior. É uma forma bem humorada para a percepção de cada texto remete a outro, 
com ocorrência da intertextualidade. Assim, Milton Nascimento recorre a Drummond, que, por 
sua vez, ironizou Bilac. Este segue uma tradição e se volta ao primeiro verso da obra A divina 
comédia, de Dante Alighieri, cujo início transcrevo aqui na versão original (italiana) e em nossa 
língua. São autores de época diferente: Dante Alighieri, italiano, da Idade Média; os outros são 
brasileiros. Bilac é do fim do século XIX; Drummond lançou-se na literatura um pouco antes da 
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metade do século XX. Entre os poetas e músicos, os artistas de forma geral, há um constante 
diálogo.
Nel mezzo del cammin di nostra vita
mi ritrovai per una selva oscura,
ché la diritta via era smarrita.
Ahi quanto a dir qual era è cosa dura
esta selva selvaggia e aspra e forte
che nel pensier rinova la paura!
Tant’ è amara che poco é piú morte;
ma per trattar del ben ch’i’ vi trovai,
dirò de l’altre cose ch’i’ v’ho scorte.
Io non so ben ridir com’i’ v’intrai,
tant’ era pien di sonno a quel punto
che la verace via abbandonai.
No meio do caminho em nossa vida
me vi perdido numa selva escura,
solitário, sem sol e sem saída.
Ah, como armar no ar uma figura
desta selva selvagem, dura, forte,
que, só de eu a pensar, me desfigura?
É quase tão amargo como a morte;
mas para expor o bem que encontrei,
outros dados darei da minha sorte.
Não me recordo ao certo como entrei,
tomado de uma sonolência estranha,
quando a vera vereda abandonei.
(ALIGHIERI, 1998)
Intertextualidade estilística - é dada a partir da produção de um texto, por meio de diferentes 
objetivos do autor, quando este recorre à repetição de um texto, ou à imitação, à paródia de certos 
estilos linguísticos. Na verdade, o que acontece nesse tipo de intertextualidade é a manutenção de 
um determinado estilo linguístico, portanto, podemos dizer que esse tipo de intertextualidade não 
apresenta ligação temática com o outro texto, mas apenas utiliza sua forma.
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
Exemplos desse tipo de intertextualidade são os textos que se baseiam na linguagem 
bíblica ou que reproduzem um dialeto, ou um estilo de um determinado gênero ou um jargão 
profissional.
Entre outros exemplos, temos a Oração do Internauta (apud KOCH; BENTES; CAVALCANTE. 2008) , 
que tem como intertexto a oração da liturgia cristã “Pai Nosso”.
Oração do Internauta
Satélite nosso que estais no céu, acelerado seja o vosso link, venha a nós o vosso host, seja feita 
vossa conexão, assim em casa como no trabalho.
O download nosso de cada dia nos daí hoje, perdoai nosso tempo perdido no Chat, assim como 
nós perdoamos os banners de nossos provedores.
Não nos deixeis cair a conexão e livrai-nos do Spam,
Amém!
No contexto dessa nova “oração”, é utilizada a oração do Pai Nosso para apresentar elementos 
específicos do contexto da informática. Nesse caso, se o leitor não tem nenhuma informação sobre o 
tema ou se não conhece a oração do Pai Nosso, fica mais difícil compreender e atribuir sentido ao texto. 
Notemos, portanto, que o conhecimento de mundo do leitor é imprescindível para a compreensão e 
percepção do intertexto.
Intertextualidade explícita – caracteriza-se pela presença da citação da fonte do intertexto. É 
o que ocorre em resumos, resenhas, traduções ou discursos relatados, quando o autor apresenta um 
fragmento de um outro texto ou se refere a um outro texto. Por isso esse tipo de intertextualidade é 
considerada explícita, pois traz, claramente, qual a origem de determinadas informações que aparecem 
em uma resenha, em um resumo ou, ainda, em uma citação.
Koch, Bentes e Cavalcante (2008), para explicar a intertextualidade explícita, recorrem à obra escrita 
por Koch em 2004, na qual esta cita trechos das obras de Mondana e van Dijk, utilizados por ela como 
argumento de autoridade. A autora afirma que para explicar uma dada posição teórica, ela faz uso dos 
dois autores citados, destacando a maneira como ambos se referem ao tal posicionamento teórico. Ela 
recorre à voz desses dois autores para impor confiabilidade ao seu texto, e os trechos citados funcionam 
como argumento de autoridade, que ajudam a comprovar sua posição teórica. O intertexto explícito 
está, justamente, na apresentação dos trechos desses dois autores.
A intertextualidade acontece na interação face a face, usada para a retomada da fala do parceiro. 
Nesse sentido:
A intertextualidade será explícita quando, no próprio texto, é feita menção 
à fonte do intertexto, isto é, quando um outro texto ou um fragmento é 
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citado, é atribuído a outro enunciador; ou seja, quando é reportado como 
tendo sido dito por outro ou por outros generalizados (“Como diz o povo...”, 
“segundo os antigos...”). É o caso das citações, referências, menções, resumos, 
resenhas e traduções; em textos argumentativos, quando se emprega o 
recurso à autoridade; e, em se tratando de situações de interação face a face, 
nas retomadas do texto do parceiro, para encadear sobre ele ou contraditá-
lo, ou mesmo para demonstrar atenção ou interesse na interação (KOCH; 
BENTES; CAVALCANTE, 2008, p. 28).
É sempre importante que o leitor procure identificar o fenômeno e pensar nas escolhas feitas pelo 
autor, perguntando-se sempre, ao ler um texto: “por que e para que o autor citou a fonte, se tem a 
opção de não fazê-lo?”.
Intertextualidade implícita - entendemos por intertextualidade implícita aquela que recorre ao 
sentido figurado, em um texto, não permitindo que o leitor depreenda seu sentido de imediato.
Ela ocorre quando introduzimos, no próprio texto, intertexto alheio, sem qualquer menção explícita 
da fonte, com o objetivo quer de seguir-lhe a orientação argumentativa, quer de contrariá-lo, colocá-lo 
em questão, de ridicularizá-lo ou argumentar em sentido contrário.
Ocorre também intertextualidade das semelhanças, que é identificada pela presença de paráfrases e 
conhecida também por captação. A intertextualidade das diferenças é chamada também de subversão, 
que consiste em enunciados irônicos ou parodísticos.
Nesse sentido, é esperado que o leitor conheça o texto fonte para poder entender o texto atual, 
pois quando não há reconhecimento do texto original na memória discursiva, perde-se o sentido da 
intertextualidade no texto atual. Os intertextos mais fáceis de serem reconhecidos são os que usam ditos 
populares, músicas populares, provérbios, pois fazem partes da cultura popular. Já nos textos literários, 
jornalísticos, publicitários, políticos, bordões de programas humorísticos e outros, “o reconhecimento do 
intertexto é menos garantido, visto que depende da amplitude dos conhecimentos que o interlocutor 
tem representado em sua memória” (KOCH; BENTES; CAVALCANTE, 2008, p.35). A não depreensão do 
texto fonte, nesses casos, empobrece a leitura ou praticamente impossibilita a construção de sentidos 
intencionados pelo produtor do texto.
Os exemplos mais frequentes de intertextualidade, tanto explícita quanto implícita, citados, é a 
Canção do exílio, do autor Gonçalves Dias, que tem servido de intertexto a uma série de outros textos 
(Casimiro de Abreu, Murilo Mendes, Oswald de Andrade, Carlos Drummond de Andrade).
Canção do exílio (Casimiro de Abreu)
Eu nasci além dos mares:
Os meus lares,
Meus amores ficam lá!
– Onde canta nos retiros
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Seus suspiros,
Suspiros a sabiá!
(ABREU et al., 1952)
Exemplo de aplicação
Leia os textos 1 e 2:
Texto 1
Canção do exílio
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar –sozinho, à noite–
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
(DIAS, 1996)
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Texto 2
Hino Nacional – Parte II
Deitado eternamente em berço esplêndido,
Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Fulguras, ó Brasil, florão da América,
Iluminado ao sol do Novo Mundo!
Do que a terra, mais garrida,
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;
“Nossos bosques têm mais vida”,
“Nossa vida” no teu seio “mais amores.”
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!
Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
- “Paz no futuro e glória no passado.”
Mas, se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!
Letra: Joaquim Osório Duque Estrada em 1909
A relação estabelecida entre os textos é:
A) De distanciamento, pois o primeiro é poema, pertencente à área da ficção, e o segundo é símbolo 
nacional.
B) De distanciamento, pois apesar de ambos os textos terem o mesmo formato (versos e estrofes) 
não existe ideia em comum entre eles.
C) De proximidade, uma vez que o texto 1 recorreu ao texto 2 e copiou os trechos “Nossos bosques 
têm mais vida, Nossa vida mais amores.“
D) De proximidade, porque ambos os textos valorizam o país e há trecho do texto 1 copiado no texto 2.
E) Decorrente da nacionalidade, ou seja, ambos os textos são brasileiros.
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
Comentário: O poema Canção do exílio ficou muito famoso pelo sentimento de nacionalismo 
muito intenso. O texto desconsidera problemas da época (contexto histórico, político etc.) e 
descreve apenas a natureza, que ainda era muito rica. O poema virou um símbolo e, décadas 
depois, o autor do nosso Hino Nacional copiou, com ligeiras adaptações, trecho do poema. Assim, 
a resposta correta é D).
Intertextualidade genérica
A intertextualidade intergenérica ou híbrida é definida como gênero que exerce a função de outro. 
Revela a capacidade de operação e maleabilidade que dá aos gêneros enorme capacidade de adaptação 
e ausência de rigidez. Como modelo cognitivo de contexto que contém parâmetros relevantes da 
interação comunicativa e do contexto social:
É bastante comum, todavia, que, no lugar próprio de determinada prática 
social ou cena enunciativa se apresente(m) gênero(s) pertencentes a 
outras molduras comunicativas, evidentemente com o objetivo de produzir 
determinados efeitos de sentido. Para tanto, o produtor do texto conta com 
o conhecimento prévio dos seus ouvintes/leitores a respeito dos gêneros em 
questão (KOCH; BENTES; CAVALCANTE, 2008, p. 64).
As estratégias de manipulação da intertextualidade intergenérica ocorrem pela seleção e troca 
de palavras que compõem a estrutura de um dado texto; para tanto, os recursos de formatação 
genérica desenvolvem um conjunto de expectativas em relação ao conteúdo da narrativa e em 
relação a sua forma. Essa concepção de intertextualidade intergenérica mostra o fenômeno da 
intertextualidade não apenas em suas características estruturais ou estilísticas, mas, sobretudo, é 
revelado como um elemento primordial para o encadeamento da leitura. Partindo dessa premissa, 
entende-se que os sentidos expostos na superfície textual só serão, de fato, compreendidos, se os 
interlocutores tiverem previamente armazenados em sua memória discursiva o conhecimento dos 
textos originais.
As relações intertextuais existem para dar unidade aos textos, para estabelecer seus limites e, 
também, para mostrar como esses textos estão ordenados. A intertextualidade genérica, na verdade, nos 
mostra como os textos se constituem de modo heterogêneo, como são abertos e dinâmicos, passíveis 
de modificações sempre.
Intertextualidade tipológica – a intertextualidade lato sensu determina, assim como a 
intertextualidade stricto sensu, o grau de explicitaçãoe a natureza do intertexto utilizado na composição 
textual. O leitor deve compreender que os gêneros são formados por sequências diferenciadas 
denominadas tipos textuais, considerando que a noção de gênero não se confunde com a noção de 
tipo.
Partindo dessa premissa, uma narrativa ou uma descrição diferem uma da outra e também de 
outras narrativas e outras descrições. As sequências reconhecidas como descritivas, por exemplo, 
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compartilham um certo número de características do conjunto – uma sensação familiar que 
incita o leitor a reconhecê-las como sequências descritivas mais ou menos típicas, mais ou menos 
canônicas.
Ademais, verifica-se teoricamente que os tipos são agrupados como narrativos, descritivos, 
argumentativos, expositivos ou injuntivos; dessa maneira, é enfatizado que os gêneros textuais são 
constituídos por dois ou mais tipos. Portanto, a presença de vários tipos textuais em um dado gênero é 
denominada de heterogeneidade tipológica.
A intertextualidade lato sensu, entretanto, não é vista de forma tão aparente, pois é preciso que haja 
uma remissão discursiva a outras vozes textuais, ainda que de forma indireta para que ela ocorra. Dessa 
forma, esse tipo de intertextualidade (tipológica) irá configurar-se a partir da noção de intertexto como 
componente textual natural. Para que esse intertexto seja evidenciado pelos interlocutores torna-se, 
portanto, necessário um desempenho discursivo maior, uma vez que, à relação intertextual não subjaz 
uma remissão a textos que fazem parte da memória cognitiva cultural e socialmente partilhada. A 
intertextualidade lato sensu apresenta fragmentos textuais de diferentes naturezas de uma forma bem 
menos evidenciável.
Intertextualidade tipológica decorre do fato de se poder depreender, entre tipos textuais – narrativas, 
descritivas, expositivas etc. – um conjunto de características comuns, em termos de estruturação, seleção 
lexical, uso de tempos verbais, advérbios (de tempo, lugar, modo etc.) e outros elementos que permitem 
reconhecê-las como pertencentes à determinada classe.
Concluindo, recorremos à metáfora do iceberg. Por mais que percebamos algo no texto só vemos 
uma parte superficial dele.
Exemplo de aplicação
Oficina
As próximas atividades são preparatórias para o entendimento do filme Matrix (o primeiro da trilogia) 
no que diz respeito à intertextualidade.
A – A alegoria da caverna é uma criação do filósofo Platão (V a.C.) para tratar do jogo aparência 
e essência. Segundo ele, temos de ultrapassar o que vemos a fim de alcançarmos a ideia. A alegoria é 
recontada por Jostein Gaarder, no livro O mundo de Sofia.
Alegoria da caverna
Imagine um grupo de pessoas que habita o interior de uma caverna subterrânea. 
Elas estão de costas para a entrada da caverna e acorrentadas no pescoço e nos pés, de 
sorte que tudo o que veem é a parede da caverna. Atrás delas ergue-se um muro alto e 
por trás desse muro passam figuras de formas humanas sustentando outras figuras que 
se elevam para além da borda do muro. Como há uma fogueira queimando atrás dessas 
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
figuras, elas projetam sombras bruxuleantes na parede da caverna. Assim, a única coisa 
que as pessoas da caverna podem ver é este “teatro de sombras”. E como essas pessoas 
estão ali desde que nasceram, elas acham que as sombras que veem são a única coisa 
que existe.
Imagine agora que um desses habitantes da caverna consiga se libertar daquela 
prisão. Primeiramente ele se pergunta de onde vêm aquelas sombras projetadas na parede 
da caverna. Depois consegue se libertar dos grilhões que o prendem. E o que acontece 
quando ele se vira para as figuras que se elevam para além da borda do muro? Primeiro, 
a luz é tão intensa que ele não consegue enxergar nada. Depois, a precisão dos contornos 
das figuras, de que ele até então só vira as sombras, ofusca a sua visão. Se ele conseguir 
escalar o muro e passar pelo fogo para poder sair da caverna, terá mais dificuldade ainda 
para enxergar devido à abundância de luz. Mas depois de esfregar os olhos, ele verá 
como tudo é bonito. Pela primeira vez verá cores e contornos precisos; verá animais 
e flores de verdade, de que as figuras na parede da caverna não passam de imitações 
baratas. Suponhamos, então, que ele comece a se perguntar de onde vêm os animais e as 
flores. Ele vê o Sol brilhando no céu e entende que o Sol dá vida às flores e aos animais 
da natureza, assim como também era graças ao fogo da caverna que ele podia ver as 
sombras refletidas na parede.
Agora, o feliz habitante das cavernas pode andar livremente pela natureza, desfrutando 
da liberdade que acabara de conquistar. Mas as outras pessoas que ainda continuam lá 
dentro da caverna não lhe saem da cabeça. E por isso ele decide voltar. Assim que chega lá, 
ele tenta explicar aos outros que as sombras na parede não passam de trêmulas imitações 
da realidade. Mas ninguém acredita nele. As pessoas apontam para a parede da caverna e 
dizem que aquilo que veem é tudo o que existe; é a única verdade que existe; é a realidade. 
Por fim, acabam matando-o.
(GAARDER, 1995)
1. Leia a definição de alegoria:
Uma alegoria é uma representação figurativa que tem dois planos: o da representação figurada, 
literal e visível, e o da significação encoberta. Alegoria é um modo de expressão literária e artística que, 
através de um conjunto de imagens, mostra uma realidade com significado simbólico.
A decifração de uma alegoria depende sempre de uma leitura intertextual, que permite identificar 
num sentido abstrato um sentido mais profundo, sempre de caráter moral. Recurso artístico e 
literário que, por intermediário de imagens figuradas, mostra uma realidade com significado 
simbólico.
Na literatura clássica uma das alegorias mais conhecidas é o mito da caverna na obra República de 
Platão (Livro VII). Por que o leitor pode considerar a Alegoria da caverna uma alegoria?
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2. A alegoria platônica está estruturada em dois níveis, como aponta no quadro o estudioso Jorge 
Claudio Ribeiro, na obra Platão: ousar a utopia:
No texto I – caverna presos luz do fogo II – “lado de cima” 
Visão de mundo (mundo) (homem)
mundo corpo sensível 
mundo das ideias almas
Política privilégios de grupos
poder, honra, individual
bem da sociedade
o bem
Conhecimento aparência, opinião, ideologia conceito, ciência
Ética prazer imediato disciplina realização plena
Amor corpos belos a beleza
educação espontaneidade ilusão pressão educação plena
a. Identifique os tipos de ideia que nos vêm “empacotados”. Quem as emite? Qual nossa reação 
espontânea diante delas?
b. Em que situações a violência material e a prisão da mente se fortalecem uma a outra?
c. Que fatores contribuem para a libertação de um país ou de um grupo? Dê exemplos.
d. Relate as etapas de alguma descoberta importante que você (algum amigo ou grupo de pessoas) 
fez em direção ao crescimento como ser humano.
e Dê sua interpretação sobre os pontos principais da Alegoria da caverna. Debata suas conclusões 
com os colegas de curso.
B – Maurício de Sousa criou a história em quadrinho As sombras da vida, disponível na Internet no 
endereço < http://www.monica.com.br/comics/piteco/pag1.htm>. Depois da leitura da HQ e do texto 
filosófico Alegoria da caverna, de Platão, compare:
a. Semelhanças entre os dois textos.
b. Diferenças.
c. Referências à atualidade na HQ.
C – Você já ouviu falar do escritor português José Saramago com certeza. Entreoutros livros, ele 
escreveu A caverna.
a) Pelo título, que intertexto ocorre no livro, ou seja, a que outro texto o livro faz referência?
b) Ainda pelo título, que hipótese pode ser levantada sobre o tema do livro?
c) Leia um trecho do livro:
Há quem leve a vida inteira a ler sem nunca ter conseguido ir mais além da leitura, ficam 
pregados à página, não percebem que as palavras são apenas pedras postas a atravessar 
a corrente de um rio, se estão ali é para que possamos chegar à outra margem, a outra 
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margem é que importa, A não ser, A não ser, quê, A não ser que esses tais rios não tenham 
duas margens, mas muitas, que cada pessoa que lê seja, ela, a sua própria margem, e que 
seja sua, e apenas sua, a margem a que terá de chegar.
D – Caça-palavras
a. Encontre no caça-palavras as palavras em destaque.
Jesus (a.C. – 29-36? d.C.) é a figura central do cristianismo. Para a maioria dos cristãos 
Jesus é Cristo, a encarnação de Deus e o “Filho de Deus”, que teria sido enviado à Terra para 
salvar a humanidade. Acreditam que foi crucificado, morto e sepultado, desceu à mansão 
dos mortos e ressuscitou no terceiro dia (na Páscoa). Para os adeptos do islamismo, Jesus 
é conhecido no idioma árabe como Isa (عيسى, transl. Isaā), Ibn Maryam (“Jesus, filho de 
Maria”). Os muçulmanos tratam-no como um grande profeta e aguardam seu retorno antes 
do Juízo Final. Alguns segmentos do judaísmo o consideram um profeta, outros um apóstata. 
Os quatro evangelhos canónicos são a principal fonte de informação sobre Jesus.
Embora tenha pregado apenas em regiões próximas de onde nasceu, a província romana 
da Judeia, sua influência difundiu-se enormemente ao longo dos séculos após a sua morte, 
ajudando a delinear o rumo da civilização ocidental.
Texto retirado de: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Jesus>
P R J E S U S A S P
R R X G J I Ç S S R
O E X B G J E S P O
F S T E R C E I R O
H S M A N I D A O F
H U M A N I D A F E
I S J E S E A G E T
K C T E R C E S T A
F I D T E R C E A M
V T D U R Y H A G F
A O U T E R C E D C
E U Q U A T R U S D
b. Relacione o episódio bíblico sobre Cristo com a Alegoria da caverna, de Platão, identificando no 
episódio o que seria:
• A caverna.
• A sombra.
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• A pessoa que se liberta da caverna.
• A realidade a ser conhecida.
c. Aponte as semelhanças e diferenças entre o destino final do indivíduo da Alegoria da caverna e 
Jesus Cristo.
E – Você conhece a história de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carrol. Crie ilustrações adequadas 
para o público infantil para o trecho da obra:
Alice faz-se de convidada duma festa de chá louco, onde estão presentes o Chapeleiro 
Maluco, a Lebre de Março e o Arganaz que permanece adormecido durante uma grande parte 
da festa.Todos eles desafiam Alice com enigmas lógicos, porém estes revelam uma incoerência 
nas suas declarações. O Chapeleiro Maluco revela que está perpetuamente destinado a beber 
chá porque o Tempo puniu-o em vingança, parando o tempo às 6 da tarde, a hora do chá. Alice 
sente-se insultada e cansada de ser bombardeada com tantos enigmas e sai imediatamente, 
afirmando que esta era a festa mais estúpida de chá em que já tinha ido. Entretanto encontra 
uma porta num tronco de uma árvore e entra, voltando novamente para o átrio inicial. Desta 
vez, abre primeiro a pequena porta, depois come um pedaço do cogumelo que estava guardado 
no bolso e por fim entra apressadamente no tão desejado jardim...
F – Gênero textual e intertextualidade:
1. A seguir um exemplo de sinopse de filme:
O mágico de Oz
(Wizard of Oz, 1939)
Direção: Victor Fleming, Richard Thorpe, King Vidor
Roteiro: L. Frank Baum, Noel Langley
Gênero: Aventura/Fantasia/Musical
Origem: Estados Unidos
Duração: 101 minutos
Tipo: Longa-metragem
Sinopse: Após um tornado em Kansas, Dorothy vai parar com sua casa e seu cachorro 
na fantástica Oz, onde as coisas são coloridas, bonitas e mágicas. Porém, o seu maior desejo 
é retornar de volta para casa, para isso ele deve encontrar um mágico, que lhe mostrará 
como realizar esse seu desejo. Para chegar até ele, contudo, Dorothy viverá uma aventura 
inesquecível através do caminho de tijolos amarelos.
a. Indique o gênero desse texto e a função.
b. Por ser curto, somente informações básicas são colocadas nele. O que mais você conhece sobre a história?
c. Que tal você montar uma sinopse de seu filme predileto?
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2. Você já sabe o que intertextualidade.
Mágico de Oz
Racionais Mc’s
Aquele moleque, sobrevive como manda o dia a dia, tá na
correria, como vive a maioria, preto desde
nascença escuro de sol, eu to pra ver ali igual no futebol, sair
um dia das ruas é a meta final viver
descente, sem ter na mente o mal, tem o instinto, que a
liberdade deu, tem a malícia, que a cada
esquina deu, conhece puta, traficante ladrão, toda raça uma par
de alucinado e nunca embaço,
confia nele mais do que na polícia, quem confia em polícia, eu
não sou louco, a noite chega, e o frio
também, sem demora e a pedra o consumo a cada hora, pra aquecer
ou pra esquecer, viciar, deve
ser pra se adormecer, pra sonhar, viajar na paranoia na
escuridão, um poço fundo de lama, mais um
irmão, não quer crescer, ser fugitivo do passado, envergonhar-se
aos 25 ter chegado, queria que
Deus ouvisse a minha voz e transformasse aqui no mundo mágico de OZ
Queria que Deus ouvisse a minha Voz!!!! (Que Deus Ouvisse a
minha Voz) No mundo mágico de OZ -
Um dia ele viu a malandragem com o bolso cheio, pagando a rodada
risada e vagabunda no meio, a
imprensão que dá, é que ninguém pode parar, um carro importado,
som no talo, Homem na Estrada
eles gostam, só bagaceira só, o dia inteiro só, como ganha o
dinheiro, vendendo pedra e pó, rolex
ouro no pescoço a custa de alguém, uma gostosa do lado pagando
pau pra quem? A polícia passou e
fez o seu papel, dinheiro na mão, corrupção à luz do céu, que
vida agitada hein? gente pobre tem,
periferia tem, você conhece alguém, moleque novo que não passa
dos doze, já viu, viveu, mais que
muito homem de hoje, vira a esquina, e para em frente a uma
vitrine, se vê, se imagina na vida do
crime, dizem que quem quer segue o caminho certo, ele se espelha
em quem tá mais perto, pelo
reflexo do vidro ele vê, seu sonho no chão se retorcer, ninguém
liga pro moleque tendo um ataque,
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foda-se quem morrer desta porra de crack, relaciona os fatos com
seus sonhos, poderia ser eu no
seu lugar, ah, das duas uma eu não quero desandar, por aqueles
mano que trouxeram essa porra pra
cá, matando os outros, em troca de dinheiro e fama, grana suja
como vem vai não me engana, queria
que DEUS, ouvisse a minha voz e transformasse aqui no mundo
mágico de OZ...
Queria que Deus ouvisse a minha Voz!!!! (Que Deus Ouvisse a
minha Voz) No mundo mágico de OZ -
Hey mano, será que ele terá uma chance, quem vive nesta porra,
merece uma arrevanche, é um dom
que você tem de viver, é um dom que você recebe pra sobreviver,
história chata, mas você tá ligado?
que é bom lembrar, que quem entrar é um em cem, pra voltar, quer
dinheiro pra vender, tem um
monte aí, tem dinheiro quer usar, tem um monte aí, tudo dentro
de casa, vira fumaça, é foda, será
que DEUS deve ta provando minha raça? só desgraça, gira em torno
daqui, falei do JB, é o que
queria fazer, rezei pra um moleque que pediu, qualquer trocado
qualquermoeda, me ajuda tio? pra
mim não faz falta, uma moeda não neguei, e não quero saber, o
que que pega se eu errei,
independente a minha parte eu fiz, tirei um sorriso ingênuo,
fiquei um terço feliz, se diz que
moleque de rua rouba, o governo, a polícia no Brasil quem não
rouba? Ele só não têm diploma pra
roubar, ele não se esconde atrás de uma farda suja, é tudo uma
questão de repercussão irmão, é
uma questão de pensar, ah, a polícia sempre dá o mau exemplo,
lava minha rua de sangue, leva o
ódio pra dentro, pra dentro, de cada canto da cidade, pra cima
dos quatro extremos da
simplicidade, a minha liberdade foi roubada, minha dignidade
violentada, que nada, os manos se
ligar, parar de se matar, amaldiçoar, levar pra longe daqui essa
porra, não quero que um filho meu
um dia DEUS me livre morra, ou um parente meu acabe com um tiro
na boca, é preciso morrer pra
DEUS ouvir minha voz, ou transformar aqui no mundo mágico de
OZ...
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Queria que Deus ouvisse a minha Voz!!!! (Que Deus Ouvisse a
minha Voz) No mundo mágico de OZ [...]
(RACIONAIS MC’S, 2010)
a. Qual é o gênero do texto de Racionais Mc’s?
b. Qual é o tema?
c. Que relação podemos estabelecer entre esse texto com o Mágico de Oz?
2. O anúncio abaixo é da BomBril. Do que ele é constituído?
Figura 16
G – Espelho:
1. Que tal brincar de Espelho meu...?
Você precisa de:
o Um espelho
o Um amigo
O que deve fazer:
Põe-se em frente ao espelho.
Aproxime-se. Afaste-se. Faça uma careta.
Levante a mão direita e pouse-a sobre o espelho.
Jogue com um amigo aos espelhos: repita os mesmos movimentos, de frente para o seu amigo e 
ele vai fingir que é o espelho.
Será divertido.
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O que acontece?
A mão toca no espelho é a mesma que vê no espelho?
Quando joga aos espelhos e levanta a mão direita, qual é a mão que o seu amigo levanta?
Um espelho plano reflete a imagem real, embora invertida em termos de direita e esquerda.
2. O espelho aparece em situações diferentes. Dê exemplo da importância do espelho em:
a. mito b. literatura c. religião
3. “Espelho, espelho meu, existe um intelectual mais sabido do que eu?” Num primeiro nível, a 
reflexão sobre o espelho será sempre um questionamento do ego sobre si mesmo. Mas o espelho nunca 
responde, ou melhor, nunca discorda, ao contrário, seu silêncio eternamente cúmplice se faz íntimo das 
mais desmesuradas comparações.
Crie situações de vaidade:
a. Espelho, espelho meu, existe.............?
b. Espelho, espelho meu, existe............?
H – Criatividade:
1. Faça uma lista de filmes e/ou livros de ficção que imaginam o futuro da humanidade, separando-
os em duas colunas:
otimistas apocalípticos
2. Leia sobre Nabucodonosor, segundo duas fontes: a história e a Bíblia. O futuro profetizado por ele 
é otimista ou apocalíptico?
História:
Aproximadamente no ano de 606 a.C., o império babilônico dominava o mundo de 
então. Nabucodonosor, o rei deste império, havia subjugado o povo de Israel e muitos foram 
levados para o cativeiro. Dentre os cativos estava o jovem Daniel, da Tribo de Judá. Babilônia 
era uma cidade de beleza e luxo. Seus palácios e jardins suspensos se tornaram uma das sete 
maravilhas do mundo antigo. Era cercada por imensos muros e gigantescas portas, além de 
um profundo fosso rodeando os muros. Babilônia era considerada uma cidade inexpugnável. 
O rio Eufrates cortava a cidade em diagonal, sob os muros, fertilizando os maravilhosos 
jardins. O território, que Nabucodonosor governava, tivera uma longa e variada história 
e estivera sob o governo de diferentes povos e reinos. De acordo com o Gênesis, a cidade 
de Babilônia foi parte do reino fundado por Nimrod, bisneto de Noé. Nabopolasar foi o 
fundador do que se chama o Império Caldeu, o qual teve sua idade de ouro nos dias do rei 
Nabucodonosor e durou até que Babilônia caiu em mãos dos medos-persas no ano 539. 
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Nabucodonosor se orgulhava de sua Babilônia, que ele dizia ter criado por suas próprias 
mãos, com a força de seu poder, para glória de sua magnificência. Mas ele se preocupava 
em como seria quando ele não fosse mais o governante.
[...]
Relato bíblico:
Como todos os antigos, Nabucodonosor acreditava nos sonhos como um dos meios pelos 
quais os deuses revelavam sua vontade aos homens. Segundo a Bíblia, em uma noite, Deus 
decidiu revelar a Nabucodonosor o futuro em uma profecia, não só do Império da Babilônia, 
mas também a história de toda a humanidade. Nabucodonosor sonhou com uma grande 
estátua, a cabeça era de ouro, o peito e os braços de prata, o ventre e coxas de bronze, as 
pernas de ferro e os pés eram parte de ferro e parte de barro. Enquanto admirava a estátua, 
uma grande pedra veio do alto e acertou os pés da estátua que acabou sendo totalmente 
destruída. Depois disso a pedra cresceu até cobrir toda a face da terra.
No dia seguinte ao pensar no sonho, o rei percebeu que não conseguia se lembrar de 
nada. Não conformado com o esquecimento procurou ajuda dos sábios de sua corte. Exigiu 
que eles o fizessem lembrar do sonho e também dessem a sua interpretação.
Daniel não estava presente quando os sábios foram convocados e notificados da difícil tarefa. 
Se o mistério não fosse solucionado todos os sábios seriam executados. A severidade do castigo não 
estava fora do tom com os costumes desses tempos. No entanto, era um passo temerário do rei 
porque os homens cuja morte tinha ordenado constituíam a classe mais culta da sociedade. Daniel 
pediu um tempo para buscar o auxílio de Deus e então solucionar o que parecia impossível.
Segundo a Bíblia, uma noite Deus enviou a Daniel o mesmo sonho do rei. Algum tempo 
depois Daniel foi levado até Nabucodonosor. Daniel descreveu o sonho com exatidão ao rei, 
contou até mesmo o que Nabucodonosor pensara antes de dormir. Nabucodonosor não tinha 
nenhuma dúvida que aquele era o sonho e que Deus havia revelado essas coisas a Daniel.
Em seguida Daniel deu a interpretação do sonho. Daniel descreveu, segundo o relato 
bíblico, a história da humanidade desde a Babilônia até o dia do juízo final. Segundo Daniel 
as diferentes partes da estátua eram diferentes impérios que se sucederiam no controle e 
domínio do mundo (WIKIPEDIA, Profecia da estátua de Nabucodonosor).
3. Imagine o futuro. Como será a sociedade? Os valores éticos? A política? A natureza? Produza uma 
história criativa, diferente daquelas conhecidas por você.
I – Nomes:
a. Você já pensou no significado dos nomes?
b. Qual é a história de seu nome? Por que ele foi escolhido?
c. Relacione cada nome com seu significado:
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Ana Hebraico: cheia de graça, a benéfica.
Beatriz Latim: a que faz feliz alguém.
Paulo Latim: pouco, pequeno.
Policarpo Grego: o de muitos frutos, frutoso.
Ulisses Grego: o odiado por Zeus, o irritado.
Sofia Grego: sabedoria.
 Saiba mais
Assista ao filme Matrix
THE MATRIX. Direção: Wachowski Brothers. Estados Unidos: 1999 
(primeiro filme da série). (136 min.).
Relatório do filme Matrix
I – Intertextualidade:
1. Logo no início do filme, Neo procura algo no livro oco intitulado Simulations and simulacra, de 
Jean Baudrillard. Pelo título, indique uma hipótese para a presença do livro no filme.
2. O filme faz referência ao livro Alice no País das Maravilhas. De que forma ocorre a intertextualidade, 
isto é, referênciaao livro no filme, e qual é a importância do episódio para o personagem principal, 
Neo.
3. O filme faz referência também à história O mágico de Oz. Qual é a frase que explicita tal referência 
e em que contexto do filme ela ocorre?
II – A história de The Matrix baseia-se na alegoria da caverna de Platão.
1. Identifique no filme:
a. O que representa a caverna.
b. O que são as sombras.
c. Quem é a pessoa que se liberta da caverna.
d. A realidade conhecida.
2. Relacione: (a) pílula vermelha ( ) ignorância
 (b) pílula azul ( ) conhecimento
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3. No filme, há o discurso direto: “Os olhos doem, porque você nunca os usou.” Relacione essa fala 
com o mito da caverna.
III – Conhecimento e os sentidos
1. Uma ideia filosófica adotada no filme é “Conheça a ti mesmo”, que era colocada no templo Apolo 
em Delfos. A mesma frase aparece no filme, mas em latim. Onde fica a frase?
2. Neo aprende que o intelecto (mente) é mais importante que a matéria (os sentidos). Que personagem 
do filme sabe que Matrix não é real, mas quer voltar ao mundo da ilusão, ou seja, escolhe a vida 
só de prazer (sensorial)?
3. Procure a música final do filme, do grupo Rage Against the Machine, e faça uma relação entre a 
letra da música e o filme.
IV – A morte de Neo nos remete a dois textos: ao mito da caverna e à Bíblia, em especial, ao episódio 
sobre Jesus Cristo.
1. Compare a morte de Neo com a morte da pessoa que se liberta da caverna e com a de Jesus Cristo, 
comparando as semelhanças e diferenças, bem como a causa da morte.
2. Matrix foi lançado na Páscoa de 1999, em uma relação clara do filme com a Bíblia. Indique a 
importância dessa data comemorativa e as implicações para o filme.
3. Identifique do filme semelhanças entre Neo e Jesus Cristo: concepção, batismo, tentação, morte e 
ressurreição, ascensão corporal; cidade prometida.
4. No filme há uma placa na nave: “Mark III nº11/ Nebuchadnezzar; Made in USA; Year 2069”. Indique 
a relação da placa com a Bíblia.
V – Nomes:
Dê o significado, seguindo o contexto do filme, dos nomes:
Neo
Morfeu
Trinity
Cypher
7 INFORMAÇÕES IMPLÍCITAS E ALTERAÇÃO NO SENTIDO
7.1 Pressuposto e subentendido
Existem duas categorias de conteúdo implícito, comumente utilizadas nas situações de comunicação 
do nosso cotidiano: os pressupostos e os subentendidos. Ambos exigem do ouvinte/leitor o conhecimento 
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e o reconhecimento de alguns índices no texto, que auxiliam na tarefa de interpretação de alguns tipos 
de informação.
Pressuposto refere-se às ideias expressas de maneira explícita. Observe o exemplo apresentado:
• André tornou-se um antitabagista convicto.
É possível pressupor que André deixou de fumar, por intermédio do verbo “tornar-se”, que significa 
“vir a ser”. Como dito anteriormente, há palavras e expressões no enunciado que indicam um sentido, 
construído por uma informação pressuposta.
É fundamental detectar os pressupostos, pois eles são um recurso argumentativo que visa conduzir 
o leitor a aceitar certas ideias, pois a ideia implícita não está em discussão, apresentada como se fosse 
aceita por todos, e a explícita apenas contribui para confirmá-la.
Em muitos textos políticos, temos demonstração dessas “verdades” incontestáveis:
• “Para que o Brasil se torne um país do primeiro mundo será preciso privatizar as empresas estatais, 
abrir a economia ao ingresso de produtos estrangeiros e terminar com os direitos trabalhistas que 
oneram a folha de pagamento e a Previdência Social” (Exemplo dado por Platão e Fiorin, 2001).
O conteúdo explícito dessa frase é:
• o ingresso do Brasil no primeiro mundo exigirá a privatização das empresas estatais;
• o ingresso do Brasil no primeiro mundo exigirá a abertura da economia aos produtos estrangeiros;
• o ingresso do Brasil no primeiro mundo exigirá o término dos direitos trabalhistas.
O conteúdo implícito dessa frase é:
• o Brasil vai ingressar no grupo de países do primeiro mundo, se preencher as condições;
• no Brasil as empresas e o Estado são onerados pelos direitos trabalhistas.
Confirmamos os pressupostos se arrolarmos os seguintes argumentos contra o que é dito 
explicitamente:
• existem países do primeiro mundo que se desenvolveram com base num setor estatal muito forte, 
que ainda é mantido;
• há países do primeiro mundo, como o Japão, que mantêm uma economia muito protegida da 
concorrência externa;
• na maioria dos países do primeiro mundo, os trabalhadores têm mais direitos que no Brasil, e as 
empresas e o Estado, mais encargos com os trabalhadores.
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
No entanto, destruímos as ideias dadas como verdadeiras, se dissermos:
• o Brasil não ingressará no primeiro mundo, mesmo que privatize o setor estatal, abra a economia 
e acabe com os direitos trabalhistas, porque isso depende de outros fatores;
• encargos trabalhistas não são ônus, mas meio de manter a mão de obra viva.
O subentendido, por sua vez, não vem marcado por expressões linguísticas; é um processo de 
construção de sentido que se organiza a partir da percepção do ouvinte/leitor. O falante pode negar 
a interpretação de seu ouvinte/receptor. O subentendido é um recurso utilizado em situações de 
comunicação, nas quais o sujeito não quer se comprometer com o que disse.
Existem, portanto, produções textuais que só fazem sentido se o leitor tiver a habilidade e os conhecimentos 
necessários para desvendar a sua mensagem. As piadas são gêneros textuais desse tipo. Várias vezes, em uma 
roda de amigos, a graça de uma piada é motivo de chacota para aqueles que “viajaram”, sem encontrar 
nenhum sentido na mensagem. O problema provavelmente é não encontrar as informações implícitas.
Exemplo de aplicação
1. O que podemos pressupor com as afirmações?
• Julinha foi minha primeira filha.
• A produção agropecuária brasileira está totalmente nas mãos dos brasileiros.
Comentário: O léxico “primeira” pressupõe: que tenho outras filhas; que não tenho filhos; que as 
outras filhas nasceram depois da Julinha. O advérbio “totalmente” nos leva a pressupor que não há no 
Brasil nenhum estrangeiro produtor agrícola.
2. (UNICAMP) Na tira abaixo, a lesma Flecha manifesta duas opiniões contraditórias, uma explícita e 
uma implícita (isto é, subentendida).
Figura 17
a. Explicite a opinião que Flecha deixa implícita.
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b. Segundo este texto, em qual das duas opiniões Flecha realmente acredita?
c. Qual é a passagem da tira que permitiu que você chegasse a essa conclusão? Justifique.
Comentário: Flecha deixa implícita a opinião dele de que há diferença entre homem e mulher, ou 
seja, ele é machista. A passagem “aliás, típica” comprova a opinião de Flecha. É típico das mulheres fazer 
pergunta e, para ele, pergunta desnecessária.
5. Descreva alguns pressupostos contidos no texto abaixo:
É preciso que os sindicatos encaminhem as negociações com responsabilidade, com senso de 
patriotismo, sem induzir os trabalhadores a radicalismos inaceitáveis.
Comentário: Os pressupostos podem ser: os sindicatos não encaminham as negociações com 
responsabilidade; os sindicatos não encaminham as negociações com senso de patriotismo; os 
sindicatos induzem os trabalhadores a radicalismos inaceitáveis. Percebemos, então, que os pressupostos 
dependem do ponto de vista de quem fala, pois, pelo texto, vemosque não é o sindicato, mas ou algum 
representante empresarial ou estatal em embate com os trabalhadores. Teríamos outros pressupostos se 
o texto fosse do próprio sindicato.
7.2 Metáfora e metonímia
Metáfora é uma figura de linguagem que altera o sentido das palavras por intermédio do acréscimo 
de um significado que aproxima os termos por uma relação de semelhança. Ocorre quando duas palavras 
possuem um traço de sentido semelhante. Observe como ocorre a metáfora, no trecho da poesia de 
Camões, utilizado como ilustração anteriormente:
O amor é o fogo que arde sem se ver.
É ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer.
Ao definir amor por fogo ou ferida, o autor desloca o sentido da palavra amor para outro universo 
de interpretação: “quente” e “dolorido” são características que justapõem amor a fogo e a ferida.
A metáfora é uma espécie de comparação, porém, sem o conectivo que a estabelece: “Amor é como 
fogo“ (comparação); “amor é fogo” (metáfora).
A metáfora não está apenas no domínio da literatura, mas na linguagem cotidiana. Afinal, diz respeito 
à forma como nós compreendemos e conceituamos o mundo que nos cerca. Vejamos o caso do futebol, 
paixão nacional. Você tem ideia de quantas metáforas nós relacionamos ao futebol? Por exemplo, na 
manchete de jornal aparece:
• É guerra no parque São Jorge
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Nesse enunciado, o futebol é ligado à guerra, com o emprego da palavra “guerra”. Por conseguinte, 
temos uma metáfora: futebol é guerra. O estudioso Oliveira (2005) fez um levantamento no jornal 
Agora São Paulo das metáforas referentes ao futebol. Na verdade, são muitas metáforas e ele selecionou 
apenas algumas.
Deixo para você, caro aluno, a identificação de a que campo semântico as metáforas das manchetes 
e leads fazem parte:
G – Futebol é guerra.
R – Futebol é religião.
M – Futebol é morte.
N – Futebol é novela.
D – Futebol é amor.
( ) Esquema de guerra no caldeirão.
( ) Novela Liedson segue igual.
( ) Novela segue indefinida.
( ) O Palmeiras jogou mal, levou sustos e marcou. Fez milagres. A estreia na série B não foi um 
desastre porque o jovem atacante marcou no final.
( ) Céu e inferno. Esses foram os dois extremos visitados por Fabio Costa na partida de ontem.
( ) Amoroso sela paz com o Borussia.
( ) Lucas vive lua de mel com o Timão.
( ) Palmeiras é só amor.
( ) Divórcio a caminho.
( ) Peixe na mandinga.
( ) Ninguém assume a culpa pela derrota contra o cruzeiro: defesa acusa o ataque, que protesta 
contra o meio, que detona a diretoria.
 Saiba mais
Famoso e sensível filme, O carteiro e o poeta consegue mostrar, por 
meio da convivência temporária entre o poeta Pablo Neruda e o carteiro, o 
sentido de metáfora.
Filme: O carteiro e o poeta. Direção: Michael Radford. Duração: 109 min. 
Ano: 1995
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Na manchete, por exemplo, “Lucas vive lua de mel com o Timão”, temos a metáfora “futebol é 
amor”, devido ao termo lua de mel. Se você prestar atenção à forma como as pessoas de forma geral, 
os jornalistas, os próprios jogadores referem-se ao futebol, perceberá essas e outras metáforas criadas. 
Como disse, a metáfora se encontra na nossa linguagem recorrentemente.
Vejamos outra situação. Como bem aponta Ilari (2001), algumas propriedades são associadas 
convencionalmente a certos animais: a raposa costuma ser tomada como símbolo da astúcia, o touro 
como símbolo da força etc. Assim, construímos linguagem metafórica no nosso dia a dia que relacionamos 
essas propriedades às pessoas.
Reflita, caro leitor. O que se pretende, quando se diz de alguém…
• … que é um cavalo.
• …que é um tatu.
• …que é uma cobra.
O que se pretende, quando se diz que alguém…
• …come como um passarinho.
• …tem olhos de lince.
• …dorme com as galinhas.
Criamos metaforicamente uma comparação entre a pessoa e um animal. No exemplo:
• João dorme com as galinhas
Temos uma metáfora, mas para ela ser criada pelo autor e entendida pelo interlocutor, há necessidade 
de conhecimento compartilhado entre eles, uma vez que precisam saber um pouco sobre os hábitos das 
galinhas sobre dormir ao anoitecer. Na nossa concepção, o horário de dormir desses bichos é muito cedo.
Outra situação de criação de metáfora no cotidiano envolve falar de certas cores e formas como um 
modo de intensificar a propriedade expressa por um adjetivo. Por exemplo:
• João está roxo de raiva
Indica uma alteração sanguínea no rosto da pessoa, mudando-lhe a cor. Por isso, atribuímos a cor 
roxa, por exemplo, para essa alteração, criando, assim, mais uma metáfora.
Agora, pense nas várias maneiras como poderiam ser completadas as frases a seguir:
• … verde de…
• …branco de…
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• …quadrado de…
• …seco de…
Uma das ideias mais usuais é “verde de raiva”; tão famosa, que o personagem Hulk é literalmente 
transformado em um ser da cor verde, representando essa expressão tão conhecida. À cor verde, 
atribuímos também a inveja.
 Observação
Segundo os editores da Marvel Comics, o personagem Hulk saiu verde 
por um erro da impressora nas primeiras edições da revista, que deveria 
imprimi-lo cinza. A associação da raiva à cor verde tornou-se, assim, uma 
famosa metáfora.
A metonímia, por sua vez, é o processo de alteração de sentido, por meio do acréscimo de um 
significado que aproxima os termos por relação de contiguidade, inclusão, implicação, interdependência 
e coexistência entre dois termos.
Voltemos ao poema Professor de História, de Roberto Chaim, rico em metonímia:
Professor de História
Roberto Chaim
Quando eu conto
Que nesta terra
A nudez era tão natural
E que o pecado e a malícia vieram de longe,
A bordo de treze naus
Quando eu conto
que os corpos nus
Mirados pelo vento
Vestidos com a inocência
Foram violados por olhos cúpidos
Ultrajados por olhos sedentos
Quando eu conto
Que trouxeram tantos deuses
Novas crenças, todas vãs
Eu já tinha minha fé
Eu já tinha meu pajé
Eu queria trocar meu Tupã?
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Quando eu conto
Que o Deus que aqui chegou
Trazido do além-mar
Viajou com o invasor?
Com certeza na primeira maré
Levou um à proa, e o outro se pôs na ré
Quando eu conto
Que tanto se fez
Em nome de uma fé
Matou-se, vestiu-se
E levou o que da terra se apanhava
Para uma desconhecida e longínqua Sé
Quando eu conto
Que para cá trouxeram a Cruz
e contaram seu significado
E sem que ficassem chocados
Cruzaram os corpos mortos e despidos
Com corpos mortos de meninos nus
Quando eu conto
Que tudo que eu conto é verdade
Ah Tupã, que impunidade!
Já não existe Tupi, Tapuia ou Timbira...
Podia ser tudo um conto
Podia ser tudo mentira
(CHAIM, 2008).
No poema, os versos:
A nudez era tão natural
E que o pecado e a malícia vieram de longe,
representam metonimicamente dois povos:
nudez indígena
pecado e malícia europeu
Quanto à concepção religiosa e moral, uma vez que a palavra “pecado” remete ao contexto religioso 
e, com base nesse contexto, cria-se uma dicotomia: inocência do povo indígena (“nudez tão natural”) x 
pecado do povo europeu.
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Nos próximos versos
que os corpos nus
Mirados pelo vento
Vestidoscom a inocência
Foram violados por olhos cúpidos
Ultrajados por olhos sedentos
Os léxicos “corpos” e “olhos” são metonímias, em contiguidade a, respectivamente, povo indígena 
e corpos dos navegantes europeus. Ressaltamos também que o verso “vestidos com a inocência” é 
metáfora, em que o verbo vestir não está empregado no sentido usual de colocar roupa.
Encontramos outra metonímia nos versos
Quando eu conto
Que para cá trouxeram a Cruz
O léxico cruz torna-se uma metonímia ao implicar o Cristianismo, religião trazida à América pelos 
europeus conquistadores.
7.3 Procedimentos argumentativos
A proposta é a leitura do texto seguinte, verificando dois aspectos: 1. qual é a verdadeira intenção 
do autor; 2. que tipo de argumento ele usa para nos convencer de que sua ideia é correta. Cuidado, caro 
aluno, porque o autor está cheio de artimanhas.
Dúvidas
André Laurentino
Existem coisas que eu não enten do. É uma frase presunçosa, logo no começo. Meu 
querido André, existem coisas que nem o Ste phen Hawkins entende. Qual a novidade?
A novidade é que as coisas que eu não entendo são simples e prosaicas. Eu sou simples 
e prosaico; passo a vida disfar çando, mas quem acredita? Talvez a esperança seja enganar a 
mim mesmo. Não dá: eu sei dos meus truques. Então, acabemos com isto (a enganação) e 
com isto (a introdução). Vamos às dúvidas:
A) Futebol. Por que a barreira nunca ouve as instruções do goleiro? É ele quem orienta onde 
os jogadores devem ficar, mas ninguém se importa. Viram as costas. Dá aflição ver aqueles 
gritos de sesperados. Parece um flanelinha estres sado querendo merecer o pagamento.
B) Cinema. Quando aparece alguém digitando ou datilografando, por que os atores nunca teciam 
a barra de espaço? Será que eles só escrevem palavras co mo “inconstitucionalissimamente”?
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C) Sotaque. Por que, nos comerciais de rádio, sempre que ouvimos um nordestino 
falando, nunca é um nordestino falando? Usam um paulista imitando o sotaque. 
Cheguei a pensar que não existem aqui nordestinos que possam ir ao estúdio. É mais 
fácil encontrar um norueguês do que um cearense. Mas meu porteiro garante que não 
(ele é de Sergipe) e jura que rece be convites diários para gravar comer ciais de rádio. 
Mas, seu André, quem vai ficar na portaria? Tem razão. Esta dúvida, ao menos, deve 
estar explicada
D) Bíblia. Gênesis, o começo de tudo. Adão e Eva têm dois filhos: Caim e Abel. Depois 
de matar o irmão, Caim se casa com uma mulher. Mas que mulher é es ta? A única mulher 
da história até aqui era Eva. E, assim mesmo, era a sogra. Que eram os pais da nora de 
Eva?
E) Windows. Se eu quero desligar o computador, por que clicar na tecla ‘iniciar’?
F) Telefonia. Por que se diz “chama chama e ninguém atende”? Não podia ser só um 
“chama”? Olha como também funciona: “Ligou para fulano?”, ‘’Liguei, mas chama e ninguém 
atende”. Hum... Então insiste mais um pouquinho: liga até chamar chamar e ninguém 
atender.
G) Pronúncia. Por que se diz ‘trânzito’ se se escreve ‘trânsito’? Outra: por que se diz 
‘muinto’ se se escreve ‘muito’?
H) Por que o plástico do CD tem que ser impossível de abrir? Já existe tecno logia e 
maquinário para se colocar uma fitinha vermelha que rasga a embala gem. Vide qualquer 
pacote de biscoito. Será que o inventor do plástico de CD nunca comeu biscoito?
I) E, finalmente, Páscoa. Por que cho colate engorda e rúcula não?
(LAURENTINO, 2007)
Percebeu, caro aluno, como o texto nos leva ao engano? Ardiloso, o autor apresenta uma 
série de dúvidas, que no fundo servem como argumentos, para nos distrair de sua verdadeira 
intenção: “Por que chocolate engorda e rúcula não?” Publicado na época da Páscoa, momento 
em que o volume de consumo de chocolate aumenta, o texto é construído com humor e com 
base na argumentação.
Falar em argumentação implica considerar que saber ler e escrever nos exige muito mais do que 
dominar técnicas e regras gramaticais. É necessário agir sobre o mundo e defender-se dele; reconhecer 
a intencionalidade de seu texto e do texto do outro; interagir, para que a sua proposta comunicativa 
seja eficaz; saber utilizar textos de informação e textos de opinião; reconhecer os tipos de argumentos 
adequados para uma determinada situação de uso; reconhecer os tipos de discursos; saber elaborar 
textos argumentativos.
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Argumentação é um procedimento que tem por objetivo levar o indivíduo a reconhecer e aderir a 
uma determinada tese ou “verdade”. Para essa finalidade, são utilizados argumentos (proposições ou 
frases declarativas) para defesa de uma ideia ou ponto de vista.
Como dito no parágrafo anterior, a informação é a base de uma boa argumentação, e a opinião 
transforma a informação em argumento. Vale ressaltar que opinião não significa, nesse contexto, 
uma representação da visão de mundo meramente subjetiva: dizer se a cor azul é mais bonita do que 
a rosa; o procedimento exige muito mais, pois implica “provar” que o seu ponto de vista sobre um 
determinado tema é pertinente e passível de adesão. As condições de argumentação e os procedimentos 
argumentativos nortearão o desenvolvimento de textos persuasivos.
Segundo Abreu (2001), a primeira condição de argumentação é definir uma tese e saber para que tipo 
de problema essa tese é resposta. Por exemplo, um bom vendedor é aquele que identifica as necessidades 
de seu público e sabe aproveitá-las como informação para o desenvolvimento de seus argumentos.
Uma segunda condição é ter uma linguagem comum com o público para quem se dirige o texto. O 
uso da língua deve obedecer a níveis de formalidade, de acordo com o grau de escolaridade, formação 
e especialização profissional de seu público.
A terceira condição é causar empatia, um contato positivo com o seu público, para garantir uma 
receptividade positiva em relação aos seus argumentos. Veja as sugestões propostas por Abreu (2001, 
39):
Nunca diga, por exemplo, que vai usar cinco minutos de alguém, se 
vai precisar de vinte minutos. É preferível dizer que vai usar uma meia 
hora.
Outra fonte de contato positivo com o outro é saber ouvi-lo. [...] Devemos 
também aprender a ouvir como nossos olhos! A postura corporal do outro, 
suas expressões faciais, a maneira como anda, gesticula e até mesmo a 
maneira como se veste nos dão informações preciosas.
A quarta condição é agir de forma ética, para que a argumentação não se torne uma manipulação.
Para produzir textos argumentativos, recorremos a determinados procedimentos argumentativos, 
que são recursos utilizados para justificar uma opinião. Segundo Andrade e Medeiros (2001, p. 165), os 
recursos argumentativos são:
• exemplificação: busca justificar os pontos de vista exarados por meio de exemplos. São marcadores 
sintáticos principalmente: mais importante que, superior a, de maior relevância que, por exemplo, 
considerando, analisando os dados, pelos dados, segundo;
• explicitação: o objetivo do texto é explicar, esclarecer os pontos de vista apresentados. São seus 
principais marcadores sintáticos: isto é, haja vista, quer dizer, na verdade, considera-se, denomina-
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se, chama-se, segundo, consoante, do ponto de vista, no pensamento de, parece-me, a meu ver, 
em meu entender;
• enumeração: o autor do texto tem em vista apresentar uma sequência de elementos que provem 
a sua opinião. São seus principais marcadores sintáticos: primeiro, segundo, um, outro, por último, 
sucessivamente, respectivamente, antes, depois, ainda, em seguida,então, presentemente, outrora, 
atualmente, antes de, depois de, no passado, hoje, ontem, ao lado de, adiante (...);
• comparação: texto que procura, mediante comparação, provar o que é apresentado como opinião 
do autor. São seus principais marcadores sintáticos: da mesma forma, tal como, tanto quanto, 
assim como, igualmente, em contraste, em oposição, ao contrário, por um lado, por outro lado, 
de outro lado, mais que, menos que, pior que. A comparação nem sempre é explícita; ela pode 
transformar-se em metáfora.
A conclusão de uma argumentação deve apresentar a finalização da linha de raciocínio do autor e 
pode ser elaborada pelos seguintes formatos:
• síntese: retomada do que já foi dito anteriormente. Por exemplo, ao defender a ideia de que 
é necessária uma política de preservação do meio ambiente para garantir a sobrevivência de 
gerações futuras e desenvolver argumentos que demonstrem a pertinência dessa defesa, pode-se 
retomar essa ideia no final do texto argumentativo;
• dedução: com base na defesa de uma ideia, é possível deduzir uma conclusão. São utilizadas 
expressões do tipo: de acordo com, logo, deduzindo etc.;
• relação de causa e consequência: as causas e as consequências relacionadas à defesa de ideia 
são apontadas por expressões do tipo: por causa de; graças a; em virtude de (causa), de forma 
que, de modo que, consequentemente (consequência);
• por interrogação: recurso utilizado quando se deseja gerar uma dúvida que se transforma 
em tema para a reflexão; por exemplo, é possível transformar a afirmação da necessidade de 
uma política para preservação do meio ambiente em um questionamento como Sem política de 
preservação do meio ambiente, as gerações futuras sobreviverão?
• citação direta, parafraseada ou parodiada: recurso que traz ao texto o ponto de vista de outro, 
muitas vezes uma autoridade no assunto. Esse recurso também é reconhecido como um recurso 
de autoridade. Observe o exemplo citado por Andrade e Medeiros (2001, p. 168):
Dizia Oscar Wilde que nosso único dever para com a história é reescrevê-la. Estou fazendo a minha 
parte...
Vejamos outro exemplo de texto argumentativo:
Rabos e pelos
Os homens em sua evolução foram ganhando coisas e perdendo coisas. Algumas perdas 
foram graves. Os ganhos foram poucos.
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O olfato, por exemplo, foi uma perda essencial. Qualquer bicho tem faro melhor que o 
nosso, se orienta por ele para procurar comida e namorada. Andam até no escuro, guiados 
pelos cheiros.
Grave, também, foi a perda do focinho e o encolhimento da boca, mas teve a vantagem 
de permitir que a gente abandonasse o hábito de usar a boca antiga para carregar as coisas. 
Para isso, começamos a usar as mãos, que também se aperfeiçoaram com o polegar, que 
permite manipulações delicadas.
A perda do pelame foi lamentabilíssima. Um cachorro ou um macaco, ao natural, quer 
dizer, nus, estão vestidos. Nós, nuelos, provocamos escândalos. Isso porque nos faltam os 
pelos, que é a vestimenta natural dos seres. Sem eles, se tem que fabricar roupa e também 
que ficar na moda, sobretudo as mulheres, o que fica muito caro.
A perda mais grave, a meu juízo, foi a do belo rabão dos macacos. Trocamos o rabo 
pela bunda acolchoada que temos. Mau negócio. Nada nos podia ser mais útil do que 
bons rabos. Com eles, nos verteríamos em primatas desbundados. A única vantagem que 
trouxe foi nos dar a possibilidade de usar cadeiras para sentar, mas não seria ruim sentar 
no rabo enrodilhado no chão. Pense só na beleza que seria passear, pulando de galho em 
galho, com a garantia que o rabo dá para se equilibrar. Melhor, ainda, seria nas fábricas, 
nas escolas, em toda parte, os seres providos de rabos teriam os pés e as mãos livres para 
fazer coisas. A professora, por exemplo, ficaria controlando a turma,pendurada pelo rabo 
no lustre. Em lugar das carteiras, teríamos traves, de parede a parede, onde o pessoal se 
dependuraria, liberando as patas e as mãos para o trabalho. Dependurado nas traves, 
você podia segurar o livro com a mão esquerda, pegar a caneta com a mão direita, usar 
a pata esquerda para consultar o dicionário e, ainda, a pata direita para coçar a orelha. 
Formidável, não é?
A perda mais radical foi a da posição quadrúpede, que usamos durante muitos milhões 
de anos, para a posição ereta. Como quadrúpedes, púnhamos as quatro patas no chão, o 
que dava muito mais solidez.
Sobre duas patas, ficamos sempre meio desequilibrados e, depois, quando se perde uma, 
fica muito complicado viver e trabalhar. A consequência principal da adoção da posição 
bípede foi a dor ciática, que castiga demais os velhos. É uma dor terrível no traseiro. Dizem 
que é a saudade da nossa posição quadrúpede, porque, enquanto tínhamos quatro patas no 
chão, as vísceras se dependuravam na espinha, postas em posição vertical.
Levantando os braços, as vértebras se comprimem umas nas outras, o que provoca 
aquela dor insuportável. O ganho único foi a possibilidade de subir escadas. Você acha que 
valeu a pena?
(RIBEIRO; ZIRALDO. 1995. p.48-9).
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Conforme é possível observar, os autores brincam com a questão da evolução humana, elaborando, 
a partir da posição do humano no topo da cadeia evolutiva, a falsa questão: “Você acha que valeu a 
pena?”
Os autores brincam com a imagem de um humano quadrúpede, com um focinho e rabo; 
depois, na posição bípede e, por último, subindo escadas com uma muleta, com certeza com dor 
lombar.
Sem ignorar o tom de humor com que é tomada a questão pelos autores, verificamos que o 
texto é argumentativo e a opinião dos autores sobre o assunto é explicitada logo no primeiro 
parágrafo: ao caracterizar as perdas, comparadas aos ganhos, como as mais graves já fazem uma 
avaliação.
Com a finalidade de justificar a sua opinião, os autores recorrem ao recurso argumentativo 
exemplificação, ou seja, por meio de exemplos. O primeiro argumento exemplificado é:
O olfato, por exemplo, foi uma perda essencial.
Empregam o termo argumentativo “por exemplo” e explanam sobre a importância de ter olfato no 
sentido de faro, que leva o animal a detectar um cheiro à longa distância. O humano não tem mais esse 
olfato/faro, significando grande perda.
Convém lembrar que nem todos os argumentos têm a mesma veemência, sendo necessário distribuí-
los gradativamente no discurso. Podemos optar por uma de três soluções: por ordem decrescente, por 
ordem crescente ou abrir e fechar o texto com os argumentos mais fortes. No caso do texto de Ribeiro e 
Ziraldo, os autores expõem os exemplos argumentativos por ordem de importância crescente. Os outros 
exemplos são:
Grave, também, foi a perda do focinho e o encolhimento da boca.
A perda do pelame foi lamentabilíssima.
Nesse argumento, a perda é reforçada pelo uso do adjetivo lamentável no grau superlativo.
A perda mais grave, a meu juízo, foi a do belo rabão dos macacos.
Para os autores, o rabo constitui-se como um órgão muito útil. Os autores, por conseguinte, 
exemplificam as várias utilidades do rabo para o humano.
A perda mais radical foi a da posição quadrúpede, que usamos durante muitos milhões de anos, para 
a posição ereta.
A justificativa dos autores é o equilíbrio perdido; afinal, andar sobre duas patas causa desequilíbrio 
e dor ciática.
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No texto, os argumentos vêm acompanhados de termos da língua que são opinativos. A cada perda, 
um termo reforçador da opinião:
 radical
 mais grave
 lamentabilíssimagrave
perda essencial
O texto argumentativo é estruturado e suas partes são organizadas segundo a função de cada uma 
delas no texto:
• introdução: apresenta a defesa de uma ideia ou anuncia o assunto;
• desenvolvimento: apresenta os argumentos apropriados para a defesa de ideia;
• conclusão: enfatiza a pertinência da defesa de ideia e fecha todo o processo de raciocínio 
desenvolvido no texto.
Uma das dificuldades que temos ao escrever um texto argumentativo, mas que envolve outros 
tipos textuais também, é dar início a ele. Como fazer nosso leitor aderir às nossas ideias, concepções, 
pontos de vista, se não dermos uma introdução, no mínimo, adequada, quem sabe até interessante, um 
verdadeiro chamariz? Pensando nessa dificuldade, apresento as dezoito formas para começar um texto, 
seguindo as propostas de Viana (1998):
18 formas para você começar um texto
Ao escrever seu primeiro parágrafo, você pode fazê-lo de forma criativa. 
Ele deve atrair a atenção do leitor. Por isso, evite os lugares-comuns como: 
atualmente, hoje em dia, desde épocas remotas, o mundo de hoje, a cada dia 
que passa, no mundo em que vivemos, na atualidade.
Listamos aqui dezoito formas de começar um texto. Elas vão das mais 
simples as mais complexas.
1. Uma declaração (tema: liberação da maconha)
É um grave erro a liberação da maconha. Provocará de imediato 
violenta elevação do consumo. O Estado perderá o precário controle 
que ainda exerce sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições 
de recuperação de viciados não terão estrutura suficiente para 
atender à demanda.
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A declaração é a forma mais comum de começar um texto. Procure fazer 
uma declaração forte, capaz de surpreender o leitor.
2. Divisão (tema: exclusão social)
Predominam ainda no Brasil duas convicções errôneas sobre o problema da 
exclusão social: a de que ela deve ser enfrentada apenas pelo poder público 
e a de que sua superação envolve muitos recursos e esforços extraordinários. 
Experiências relatadas nesta Folha mostram que o combate à marginalidade 
social em Nova York vem contando com intensivos esforços do poder público 
e ampla participação da iniciativa privada.
Ao dizer que há duas convicções errôneas, fica logo clara a direção que o 
parágrafo vai tomar. O autor terá de explicitá-lo na frase seguinte.
3.Definição (tema: o mito)
O mito, entre os povos primitivos, é uma forma de se situar no mundo, isto 
é, de encontrar o seu lugar entre os demais seres da natureza. É um modo 
ingênuo, fantasioso, anterior a toda reflexão e não crítico de estabelecer 
algumas verdades que não só explicam parte dos fenômenos naturais ou 
mesmo a construção cultural, mas que dão, também, as formas da ação 
humana.
A definição é uma forma simples e muito usada em parágrafos-chave, 
sobretudo em textos dissertativos. Pode ocupar só a primeira frase ou todo 
o primeiro parágrafo.
4. Uma pergunta (tema: a saúde no Brasil)
Será que é com novos impostos que a saúde melhorará no Brasil? Os 
contribuintes já estão cansados de tirar dinheiro do bolso para tapar um 
buraco que parece não ter fim. A cada ano, somos lesados por novos impostos 
para alimentar um sistema que só parece piorar.
A pergunta não é respondida de imediato. Ela serve para despertar a atenção 
do leitor para o tema e será respondida ao longo da argumentação.
5. Comparação (tema: reforma agrária)
O tema da reforma agrária está presente há bastante tempo nas discussões 
sobre os problemas mais graves que afetam o Brasil. Numa comparação 
entre o movimento pela abolição da escravidão no Brasil, no final do século 
passado e, atualmente, o movimento pela reforma agrária, podemos perceber 
algumas semelhanças. Como na época da abolição da escravidão existiam 
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elementos favoráveis e contrários a ela, também hoje há os que são a favor 
e os que são contra a implantação da reforma agrária.
Para introduzir o tema da reforma agrária, o autor comparou a sociedade 
de hoje com a do final do século XIX, mostrando a semelhança de 
comportamento entre elas.
6. Oposição (tema: a educação no Brasil)
De um lado, professores mal pagos, desestimulados, esquecidos pelo governo. 
De outro, gastos excessivos com computadores, antenas parabólicas, 
aparelhos de videocassete. É este o paradoxo que vive hoje a educação no 
Brasil.
As duas primeiras frases criam uma oposição (de um lado / de outro) que 
estabelecerá o rumo da argumentação. Também se pode criar uma oposição 
dentro da frase, como neste exemplo:
Vários motivos me levaram a este livro. Dois se destacam pelo grau de 
envolvimento: raiva e esperança. Explico-me: raiva por ver o quanto a 
cultura ainda é vista como artigo supérfluo em nossa terra; esperança por 
observar quantos movimentos culturais têm acontecido em nossa história, e 
quase sempre como forma de resistência e/ou transformações.
O autor estabelece a oposição e logo depois explica os termos que a 
compõem.
7. Alusão histórica (tema: globalização)
Após a queda do muro de Berlim, acabaram-se os antagonismos leste-
oeste e o mundo parece ter aberto de vez as portas para a globalização. 
As fronteiras foram derrubadas e a economia entrou em rota acelerada de 
competição.
O conhecimento dos principais fatos históricos ajuda a iniciar um texto. O 
leitor é situado no tempo e pode ter uma melhor dimensão do problema.
8. Uma frase nominal seguida de explicação (tema: a educação no Brasil)
Uma tragédia. Essa é a conclusão da própria Secretaria de Avaliação e 
Informação Educacional do Ministério da Educação e Cultura sobre o 
desempenho dos alunos do 3º ano do 2º grau submetidos ao Saeb (Sistema 
de Avaliação da Educação Básica), que ainda avaliou estudantes da 4ª série 
e da 8ª série do 1º grau em todas as regiões do território nacional.
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A palavra tragédia é explicada logo depois, retomada por essa é a 
conclusão.
9. Adjetivação (tema: a educação no Brasil)
Equivocada e pouco racional. Esta é a verdadeira adjetivação para a política 
educacional do governo.
A adjetivação inicial será a base para desenvolver o tema. O autor dirá, 
nos parágrafos seguintes, por que acha a política educacional do governo 
equivocada e pouco racional.
10. Citação (tema: política demográfica)
“As pessoas chegam ao ponto de uma criança morrer e os pais não chorarem 
mais, trazerem a criança, jogarem num bolo de mortos, virarem as costas e 
irem embora”. O comentário do fotógrafo Sebastião Salgado, falando sobre 
o que viu em Ruanda, é um acicate no estado de letargia ética que domina 
algumas nações do Primeiro Mundo.
A citação inicial facilita a continuidade do texto, pois ela é retomada pela 
palavra comentário da segunda frase.
11. Citação de forma indireta (tema: consumismo)
Para Marx a religião é o ópio do povo. Raymond Aron deu o troco: o marxismo 
é o ópio dos intelectuais. Mas nos Estados Unidos o ópio do povo é mesmo 
ir às compras. Como as modas americanas são contagiosas, é bom ver de 
que se trata.
Esse recurso deve ser usado quando não sabemos textualmente a citação. É 
melhor citar de forma indireta que de forma errada .
12. Exposição de ponto de vista (tema: o provão)
O ministro da Educação se esforça para convencer de que o provão é 
fundamental para a melhoria da qualidade do ensino superior. Para isso, 
vem ocupando generosos espaços na mídia e fazendo milionária campanha 
publicitária, ensinando como gastar mal o dinheiro que deveria ser investido 
na educação.Ao começar o texto com a opinião contrária, delineia-se, de imediato, qual 
a posição dos autores. Seu objetivo será refutar os argumentos do opositor, 
numa espécie de contra-argumentação.
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13. Retomada de um provérbio (tema: mídia e tecnologia)
O corriqueiro adágio de que o pior cego é o que não quer ver se aplica com 
perfeição na análise sobre o atual estágio da mídia: desconhecer ou tentar 
ignorar os incríveis avanços tecnológicos de nossos dias, e supor que eles não 
terão reflexos profundos no futuro dos jornais é simplesmente impossível.
Sempre que você usar esse recurso, não escreva o provérbio simplesmente. 
Faça um comentário sobre ele para quebrar a ideia de lugar-comum que 
todos eles trazem. No exemplo acima, o autor diz “o corriqueiro adágio” 
e assim demonstra que está consciente de que está partindo de algo por 
demais conhecido.
14. Ilustração (tema: aborto)
O Jornal do Comércio, de Manaus, publicou um anúncio em que uma jovem 
de dezoito anos, já mãe de duas filhas, dizia estar grávida mas não queria a 
criança. Ela a entregaria a quem se dispusesse a pagar sua ligação de trompas. 
Preferia dar o filho a ter que fazer um aborto. O tema é tabu no Brasil.(...)
Você pode começar narrando um fato para ilustrar o tema. Veja que a 
coesão do parágrafo seguinte se faz de forma fácil; a palavra tem a retoma 
a questão que vai ser discutida.
15. Uma sequência de frases nominais (frases sem verbo) (tema: a impunidade 
no Brasil)
Desabamento de shopping em Osasco. Morte de velhinhos numa clínica 
do Rio. Meia centena de mortes numa clínica de hemodiálise em Caruaru. 
Chacina de sem-terra em Eldorado dos Carajás. Muitos meses já se passaram 
e esses fatos continuam impunes.
O que se deve observar nesse tipo de introdução são os paralelismos que 
dão equilíbrio às diversas frases nominais. A estrutura de cada frase deve ser 
semelhante.
16. Alusão a um romance, um conto, um poema, um filme (tema: a intolerância)
Quem assistiu ao filme A rainha Margot, com a deslumbrante Isabelle Adjani, 
ainda deve ter os fatos vivos na memória. Na madrugada de 24 de agosto 
de 1572, as tropas do rei de França, sob ordens de Catarina de Médicis, 
a rainha-mãe e verdadeira governante, desencadearam uma das mais 
tenebrosas carnificinas da História. Desse horror a História do Brasil está 
praticamente livre.
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O resumo do filme A rainha Margot serve de introdução para desenvolver 
o tema da intolerância religiosa. A coesão com o segundo parágrafo dá-
se através da palavra horror, que sintetiza o enredo do filme contado no 
parágrafo inicial.
17. Descrição de um fato de forma cinematográfica (tema: violência 
urbana)
Madrugada de 11 de agosto. Moema, bairro paulistano de classe média. 
Choperia Bodega - um bar da moda, frequentado por jovens bem-nascidos.
Um assalto. Cinco ladrões. Todos truculentos. Duas pessoas mortas: Adriana 
Ciola, 23, e José Renato Tahan, 25. Ela, estudante. Ele, dentista.
O parágrafo é desenvolvido por flashes, o que dá agilidade ao texto e prende 
a atenção do leitor. Depois desses dois parágrafos, o autor fala da origem do 
movimento “Reage São Paulo”.
18. Omissão de dados identificadores (tema: ética)
Mas o que significa, afinal, esta palavra, que virou bandeira da juventude? 
Com certeza não é algo que se refira somente à política ou às grandes 
decisões do Brasil e do mundo. Segundo Tarcísio Padilha, ética é um estudo 
filosófico da ação e da conduta humanas cujos valores provêm da própria 
natureza do homem e se adaptam às mudanças da história e da sociedade.
As duas primeiras frases criam no leitor expectativa em relação ao tema que 
se mantém em suspenso até a terceira frase. Pode-se também construir todo 
o primeiro parágrafo omitindo o tema, esclarecendo-o apenas no parágrafo 
seguinte.
As partes de um texto argumentativo podem ser reconhecidas nos exemplos de artigo, editorial, 
crônica, entre outros textos que circulam em nosso meio social.
8 GÊNEROS DISCURSIVOS OPINATIVOS E INFORMATIVOS
8.1 Artigo de opinião
Artigo de opinião é um gênero textual como são gêneros textuais receita, poema, conversação, 
debate, entre tantos outros existentes na nossa sociedade. Os gêneros podem ser orais (falados, tais 
como a conversação e o debate) ou escritos (receitas, poemas, romance etc.).
No caso do gênero textual artigo de opinião, a sua função é convencer o leitor de uma determinada 
ideia, influenciá-lo, transformar os valores do leitor por meio de um processo de argumentação a favor 
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da opinião do produtor. Tal tipo de gênero envolve operação constante de sustentação das afirmações 
realizadas pelo produtor sobre o assunto, bem como apresentação de dados consistentes, que possam 
convencer o leitor.
É fundamental o produtor do texto colocar-se no lugar do outro – do seu leitor. Como o artigo 
de opinião baseia-se no que pensa o autor sobre um assunto, e como o autor se serve do texto para 
apresentar argumentos que convençam o leitor de que seu posicionamento é o mais adequado, o mais 
favorável etc., o produtor, ao se colocar no lugar do leitor, tem condição de antecipar as opiniões do 
leitor e refutá-las no artigo de opinião. Dessa forma, o produtor constrói seu texto conduzindo o leitor 
a fim de influenciá-lo e de transformar sua opinião, seus valores.
Nos esclarecimentos de Bräkling (In: ROJO, 2001, p. 227):
É, portanto, condição indispensável, para a produção de um artigo de 
opinião, que se tenha uma questão controversa a ser debatida, uma questão 
referente a um tema específico que suscite uma polemica em determinados 
círculos sociais.
Do ponto de vista da língua, são marcas relevantes:
• organização do texto quase sempre em terceira pessoa;
• uso do tempo presente do indicativo ou do subjuntivo na apresentação da questão, dos argumentos 
e dos contra-argumentos;
• possibilidade de uso do pretérito em uma explicação ou apresentação de dados;
• presença de citações de textos alheios;
• articulação coesiva por operadores argumentativos.
No que diz respeito ao desenvolvimento do tema no texto, há possibilidades de organização 
diferenciada. Em artigo de opinião, a progressão temática pode se organizar.
• a ordem de apresentação da ideia a ser defendida, conclusão, argumentos, contra-argumentos;
• a ordem de apresentação de argumentos, dependendo da sua maior ou menor força locucional.
A seguir um exemplo de artigo de opinião, publicado site www.coav.org.br. em 24/04/2006.
Artigo publicado no jornal O Estado de São Paulo pede que governo e setor 
privado apoiem projetos comunitários que tentam conter ingresso de adolescentes 
no tráfico
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No domingo, 19 de março, os jovens personagens que havíamos conhecido no filme 
Cidade de Deus saltaram de seu mundo de ficção para o mundo real e se apresentaram 
a todos os brasileiros no documentário Falcão - Meninos do Tráfico, de MW Bill e Celso 
Ataíde. Já se passou um mês desde então, mas os gritos de socorro dos falcões continuam 
a reverberar em nossa consciência. Os debates que se seguiram apontaram para múltiplos 
aspectos de análise. Gostaríamos de destacar dois deles.
Ao refletir sobre o documentário, é importante lembrar que as crianças e as famílias 
moradoras das favelas ou de bairros periféricos das metrópoles brasileiras– assim como 
as de todos os países com economias em transição e integrados às rotas internacionais do 
comércio ilegal de drogas e de armas de fogo – vivem expostas cotidianamente a situações 
de alta violência, diretamente relacionadas a formas extremamente agudas de desigualdade 
socioeconômica. Impossível deixar de perguntar: quem lucra com o engajamento – e, 
consequentemente, com a morte – de crianças e adolescentes no mercado ilegal da droga e 
das armas? Sabemos que por trás dessas mortes há uma complexa rede de comércio ilegal 
cuja lógica, bem-organizada, se alimenta da vulnerabilidade de famílias pobres.
Mas, além de refletir sobre a lógica econômica que está por trás da violência contra essas 
crianças, temos de dar atenção ao recorte racial dos assassinatos de crianças e adolescentes 
nas grandes cidades brasileiras. O documentário expõe contundentemente uma das mais 
graves violências sofridas por crianças e adolescentes negros moradores das áreas pobres 
e periféricas dos centros urbanos. Dos 17 adolescentes do documentário, apenas um 
sobreviveu. Todos eram afrodescendentes. O documentário sinaliza para o crime e para a 
morte, mas sinaliza também para o preconceito. Expõe a forma violenta como crianças pretas 
e pardas estão morrendo nas cidades. Seria este um dos temas centrais a ser destacado na 
Conferência Regional das Américas, a ser realizada em julho, que deverá avaliar, após cinco 
anos, os avanços ocorridos nas Américas no combate ao racismo, à discriminação racial, à 
xenofobia e a intolerâncias correlatas?
Os programas sociais dedicados ao fenômeno do aliciamento de crianças e adolescentes 
por grupos criminosos, bem como os resultados dos poucos estudos disponíveis, estimam 
que não deva passar de 1% o total de moradores envolvidos com o tráfico nas comunidades 
onde o comércio ilegal de drogas se instalou. Estimam também que crianças e adolescentes 
com menos de 18 anos constituiriam não mais que metade deste porcentual (SOUZA; SILVA, 
2002; DOWDNEY, 2003).
Trata-se de um indicador importante, que contrasta com o levantamento produzido pelo 
Núcleo de Estudos da Violência, da USP, a ser publicado em breve pelo Unicef, que aponta 
para um crescimento linear de 417% do número absoluto de homicídios de adolescentes 
brasileiros de 15 a 19 anos, desde 1980. Só em 2002 foram assassinados no Brasil 7.961 
meninos e meninas.
Estes números contrariam os preconceitos e estereótipos que, estimulados pelo medo, 
têm o poder de transformar vítimas em culpados e de fazer com que, aos olhos de muitos 
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cidadãos, qualquer criança negra e pobre que caminha pela rua se constitua em ameaça e 
em símbolo de violência. É este mesmo medo, gerador de discriminação e preconceitos, que 
serve para legitimar táticas de “guerra” e de “combate” ao crime que não fazem diferença 
entre moradores e criminosos e já levaram à morte um número enorme de crianças – quase 
sempre negras – que brincavam na porta de suas casas.
Como começar a reverter esta situação sem atuar exclusivamente sobre os sintomas? 
A ideia é intervir antes da chamada “idade da morte”. Estudos do Unicef revelam que 
entre os 11 e os 14 anos de idade crianças e adolescentes vivem o seu período de maior 
vulnerabilidade. É nessa fase que são registrados os maiores índices de evasão escolar, de 
ingresso nas redes de trabalho infantil, de uso de drogas, de exploração sexual, de abandono 
da casa e de ingresso no tráfico de drogas. Trata-se de uma idade que deve ser percebida 
como uma “janela de oportunidades” para programas e projetos de prevenção e redução dos 
homicídios, que têm maior incidência entre os 15 e os 19 anos.
Já faz 20 anos que o Brasil convive com assassinatos de crianças nos grandes centros 
urbanos. No ano passado, o Unicef ajudou o governo brasileiro a organizar, em São Paulo, 
uma consulta nacional sobre a violência contra a criança, que faz parte do Estudo Global que 
será lançado pela ONU em outubro. Além disso, assim como muitas outras organizações e 
agências, temos acompanhado e apoiado projetos comunitários que reconhecem esses fatos 
e tentam conter o ingresso de adolescentes no tráfico, mas também resgatar aqueles que 
já ingressaram. São projetos que fazem dos adolescentes os protagonistas da reconstrução 
de sua própria identidade.
Algumas dessas iniciativas são baseadas em tecnologias e práticas de comunicação e 
têm assumido papel relevante na valorização, pelo adolescente, do meio em que vive com 
sua família. Têm ajudado os adolescentes a se posicionar melhor tanto ante as dores e 
os preconceitos que sofrem, quanto no respeito pela alegria e vitalidade cultural de suas 
comunidades.
Para o Unicef, as organizações comunitárias que implementam esses projetos 
constituem a maior força que o País tem para enfrentar o problema, reduzir 
violências e valorizar a diversidade. Cabe aos governos e ao setor privado reconhecer 
urgente e definitivamente a importância dessas iniciativas, articular-se com elas, 
fortalecê-las e contribuir – de forma efetiva – para que possam proteger os direitos 
das crianças e dos adolescentes, negros e brancos. Temos todos a obrigação de 
contribuir.
Marie-Pierre Poirier é representante do Unicef no Brasil.
(POIRER, 2006)
No artigo de opinião de Marie-Pierre Poirier, o leitor depara-se com as seguintes características 
linguísticas:
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• Uso da primeira pessoa do plural: “No domingo, 19 de março, os jovens personagens que havíamos 
conhecido no filme Cidade de Deus”; “os gritos de socorro dos falcões continuam a reverberar em 
nossa consciência”.
A autora recorre a verbos e pronomes colocados na primeira pessoa do plural (nós). Essa recorrência 
demonstra que não há impessoalidade da terceira pessoa (se havia; sua etc.), mas também não é o 
texto totalmente pessoal (eu havia conhecido; minha consciência etc.). A recorrência da primeira 
pessoa do plural leva a inclusão de outros no discurso, uma vez que a responsabilidade é de todos 
nós brasileiros.
• Uso do presente do indicativo na apresentação das questões (dois aspectos/ ideias a serem 
defendidos). No caso do texto exemplificado, são duas: 1. “as crianças e as famílias moradoras 
das favelas ou de bairros periféricos das metrópoles brasileiras vivem expostas cotidianamente 
a situações de alta violência”; 2. “temos de dar atenção ao recorte racial dos assassinatos de 
crianças e adolescentes nas grandes cidades brasileiras.”
O tempo presente é fundamental no texto, porque é indicador de que a situação apontada no texto 
é atual, vivida hoje.
• Uso do presente do indicativo na apresentação de argumentos. Exemplo de argumento apresentado: 
“...Unicef, que aponta para um crescimento linear de 417% do número absoluto de homicídios de 
adolescentes brasileiros de 15 a 19 anos, desde 1980.”
O uso do tempo presente no argumento confirma o índice alto de violência sofrida pelos jovens 
brasileiros na atualidade.
• Presença de citação de textos alheios: Falcão - Meninos do Tráfico; Souza; Silva, 2002; Dowdney, 
2003; Núcleo de Estudos da Violência, da USP.
A autora não faz citação direta no seu texto, ou seja, ela não copia trechos do documentário Falcão 
nem da obras citadas (Souza, Dowdney, Núcleo de Estudos da Violência), mas utiliza informações destes 
textos. Esse recurso chama-se intertextualidade e confere ao texto de Poirier credibilidade. As menções 
aos outros textos ajudam na argumentação apresentada pela produtora.
• Articulação coesiva por operadores argumentativos. Exemplo de operador argumentativo: “Além 
disso, assim como muitas outras organizações e agências, temos acompanhadoe apoiado projetos 
comunitários...”.
A expressão “além disso” é uma demonstração de que há um argumento anterior à expressão e que 
vem outro posteriormente a ela. Há, no mínimo, dois argumentos para provar a opinião da autora.
Além desses recursos linguísticos, destaca-se um outro no texto devido à constante recorrência. 
Temos então:
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• Orações interrogativas: “quem lucra com o engajamento – e, consequentemente, com a morte 
– de crianças e adolescentes no mercado ilegal da droga e das armas?”; “Como começar a reverter 
esta situação sem atuar exclusivamente sobre os sintomas?”.
Tal recurso pode aparecer como recursos de persuasão, para enfatizar determinadas ideias. No texto, 
então, a autora utiliza construção frasal interrogativa a fim de envolver o leitor e levá-lo a pensar como 
ela.
O artigo de opinião de Marie-Pierre Poirier desenvolve-se tematicamente com:
• Apresentação da tese: na opinião da autora, há dois aspectos da realidade brasileira que precisam 
ser analisadas: brasileiros jovens vivem sob violência por serem pobres e brasileiros jovens morrem 
cedo devido ao racismo. Enfim, o fator econômico e o fator xenofóbico causam violência e 
morte.
• Apresentação de argumentos no que se refere à sua maior ou menor força locucional. 
No caso do texto exemplificado, os argumentos partem da maior força para menor força. 
Vejamos:
– crescimento de 417% de homicídios de adolescentes brasileiros de 15 a 19 anos, desde 1980 
(argumento com maior força locucional);
– em 2002 foram assassinados no Brasil 7.961 meninos e meninas (argumento com maior força 
locucional);
– estudos revelam que entre os 11 e os 14 anos de idade crianças e adolescentes vivem o seu período 
de maior vulnerabilidade quanto à violência (argumento com menor força locucional);
– adolescentes são ajudados por organizações a se posicionar melhor tanto ante as dores e os 
preconceitos que sofrem (argumento com menor força locucional).
No texto opinativo, a autora recorre primeiro aos argumentos mais fortes e por isso mais convincentes 
para provar que sua opinião é adequada. No entanto, ela poderia começar pelo argumento mais fraco e 
fazer o processo oposto: do mais fraco para o mais forte.
 Lembrete
Artigo de opinião expõe o ponto de vista do produtor, seja ele o jornalista, 
seja ele um colaborador do jornal, fazendo uso do presente do indicativo 
como tempo base, em um texto claramente argumentativo. É um gênero 
de enunciação subjetiva.
A seguir mais dois exemplos de artigo de opinião, sobre o mesmo assunto: os resultados de exames 
do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) e do PISA (teste da Organização para Cooperação e 
Desenvolvimento Econômico, OCDE, sobre desempenho escolar em 32 países) a que foram submetidos 
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os estudantes brasileiros em 2001. O primeiro texto “O provão dos provões” foi publicado na Folha de 
S. Paulo em 06/12/2001 e o segundo texto “Últimos lugares” foi publicado no Jornal do Commercio 
(Pernambuco) em 27/12/2001.
O provão dos provões
Clóvis Rossi
São Paulo – Já fazia algum tempo que eu vinha assuntando a educação no Brasil para 
tentar entender o desempenho do governo Fernando Henrique Cardoso nessa área vital. 
Conversa aqui, conversa dali, lê aqui, lê ali, inclinava-me provisoriamente por ver, como é 
quase uma regra na gestão FHC, o copo meio vazio, meio cheio, conforme o ponto de vista 
de cada qual.
Do meu ponto de vista, necessariamente vazio, não por má vontade, ao contrário do que 
supõem o governo e seus áulicos, mas porque o nível de expectativa que tinha antes de o 
governo começar era muito alto.
Logo, o mínimo que esperava era que o governo ficasse muito perto de encher o copo 
nessa área. Não ficou, do que dá prova o mais recente resultado do Enem (Exame Nacional 
do Ensino Médio).
A pior notícia, no entanto, está contida no fato de que o Brasil foi o último colocado num 
certo Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), que mediu o entendimento de 
textos por parte de alunos de 32 países, os 29 da OCDE (Organização para a Cooperação e 
Desenvolvimento Econômico), supostamente os mais industrializados do planeta, mais o 
Brasil, a Letônia e a Rússia.
Cabe, é claro, um desconto: com uma ou outra exceção, são todos países desenvolvidos, 
com uma história antiga de qualidade educacional. Mesmo assim, daria, em tese, para 
competir pelo menos com República Tcheca, Polônia, Grécia, Portugal, Rússia, Letônia e 
México.
O pior nem é a classificação em si. É o conformismo do ministro da Educação, Paulo 
Renato Souza, que disse que os resultados poderiam ser piores. Claro: tudo na vida pode ser 
melhor ou pior.
O diabo é essa utopia do possível, a mediocridade a que se apega o governo tucano. É 
como festejar a amputação do pé por ter sido só o pé.
Tem gosto para tudo.
(ROSSI, 2006)
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Do ponto de vista das marcas linguísticas, o texto acima de Clóvis Rossi constitui-se de:
• Uso de primeira pessoa do singular: “Já fazia algum tempo que eu vinha assuntando a educação 
no Brasil”; “inclinava-me provisoriamente”; “Do meu ponto de vista...”.
Apesar da organização de artigo de opinião se dar quase sempre em terceira pessoa, por marcar uma 
impessoalidade e objetividade ao texto, nós encontramos variações quanto a essa organização. No texto 
de Poirier, encontramos a primeira pessoa do plural; no texto acima, de Rossi, temos a primeira pessoa 
do singular; um “eu” claramente marcado no artigo de opinião por meio de verbo, pronome pessoal (eu, 
me) e pronome possessivo (meu).
O autor é conhecido pela irreverência com que escreve ao romper o aspecto formal dos gêneros 
textuais. Confirmamos tal afirmação pelo uso da primeira pessoa e pela informalidade na língua em 
alguns do texto: emprego de termos como: “do meu ponto de vista”, “o copo meio vazio, meio cheio”, 
“o diabo”.
• uso do pretérito em uma explicação ou apresentação de dados: “Já fazia algum tempo que eu 
vinha assuntando a educação no Brasil”; “o nível de expectativa que tinha antes de o governo 
começar era muito alto”.
O emprego do pretérito marca bastante o artigo de opinião de Clóvis Rossi. Por meio desse tempo 
verbal, o produtor aponta:
• suas considerações anteriores ao texto sobre o governo: “... esperava era que o governo ficasse 
muito perto de encher o copo nessa área [educação]”;
• trata da reação governamental sobre o resultado do PISA: “Paulo Renato Souza, que disse que os 
resultados poderiam ser piores.”;
• e indica o próprio resultado dos testes: “o Brasil foi o último colocado num certo Pisa”;
• presença de citações de palavras alheias: “Conversa aqui, conversa dali, lê aqui, lê ali”; “supõem 
o governo e seus áulicos”; “prova o mais recente resultado do Enem”; “Paulo Renato Souza, que 
disse que os resultados poderiam ser piores”.
O produtor constrói o artigo de opinião com base em textos mencionados ou relatados. Nos parágrafos 
1 e 2, o autor faz alusão a artigos anteriores, em que mostrava seu descontentamento com o desempenho 
do governo na área da educação. No parágrafo 3, o autor faz alusão ao resultado do ENEM, publicado na 
mídia. Por fim, temos o relato de um fragmento do discurso do Ministro da Educação na época.
• Articulação coesiva por operadores argumentativos: “conforme o ponto de vista de cada um”; 
“Logo, o mínimo que esperava...”; “mesmo assim, daria, em tese...”.
O operador argumentativo “conforme” é empregado para mostrar oposição de opiniões. Formam-se,de um lado, as opiniões alheias e, de outro lado, a opinião do autor. Sobre o operador “logo” funciona 
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para mostrar que o autor tinha determinada consideração sobre o governo e que esperava resultado 
positivo devido justamente a essa opinião.
Em relação à progressão temática, observamos que:
• Apresentação da tese (opinião do autor): posição crítica do autor sobre o desempenho do governo 
na área da educação.
• Apresentação dos argumentos: no caso, o autor apresenta os argumentos em uma ordem 
que vai dos menos para os mais fortes. O autor, para sustentar sua opinião sobre a atuação 
desfavorável em relação à educação, apresenta o resultado dos testes do ENEM e do PISA 
(argumento mais fraco) e apresenta o discurso conformista do Ministro da Educação 
(argumento mais forte).
• Apresentação de contra-argumentos: “Do meu ponto de vista, necessariamente vazio, não por má 
vontade (...) mas porque o nível de expectativa que tinha antes de o governo começar era muito 
alto.”; “Cabe, é claro, um desconto: com uma ou outra exceção, são todos países desenvolvidos, 
com uma história antiga de qualidade educacional. Mesmo assim, daria, em tese, para competir 
pelo menos com República Tcheca, Polônia, Grécia, Portugal, Rússia, Letônia e México.” São 
construções para responder às possíveis objeções do leitor.
Últimos lugares
Luciano Marinho
Estudantes brasileiros, na faixa de 15 anos, integrantes das redes de ensino público 
e privado, se submeteram a testes de avaliação de cultura e aprendizado, num concurso 
internacional. Obtiveram – todos eles – os últimos lugares.
Um fato? Uma realidade? Um sintoma gravíssimo, que não deveria passar despercebido 
por aqueles que fazemos educação neste país. Um sintoma gravíssimo, até porque demonstra 
uma problemática conjuntural, e não apenas individual. Muito provavelmente, esse fato 
não tem a ver com deficiências emocionais ou cognitivas.
Não obstante, tais resultados exigem uma reflexão emergencial, não só de natureza 
pedagógica (metodológica e técnicas de aprendizagem) mas também ético-institucional.
Há de se defender a tese de que existem evidentes fatores causais – de base estrutural – 
fundados numa pseudopedagogia e numa duvidosa política de educação, os quais explicam, 
mas não justificam, um desempenho tão negativo e decepcionante: os últimos lugares entre 
representantes de 32 países.
Um desses fatores é a “promoção automática”, através da qual o aluno será aprovado, 
independentemente dos resultados alcançados. É obvio, pois, que a certeza da aprovação 
implica desinteresse ou desmotivação pelo estudo.
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O modismo da “ludicidade” constitui outro exemplo. Hoje em dia, na aula, o professor 
(coitado!) tem que tocar violão, dizer piadas de baixo nível, ou mesmo fantasiar-se de 
“palhaço”, para tornar o processo de ensino-aprendizagem “agradável” e ser aceito por uma 
clientela, salvo exceções, de “imbeciloides”. Estudo é coisa séria. Seríssima.
Outro fator importantíssimo: a imaturidade do aluno. Ultimamente se entra na escola 
no berçário, e mal completa 15 anos, já está às vésperas de um vestibular – que não 
representa apenas um processo de seleção e classificação, mas sobretudo uma opção por 
determinada área de estudo, por uma profissão. Daí a situação dramática dos orientadores 
vocacionais.
Ademais, o excessivo número de faculdades particulares flexibiliza escolhas prematuras. 
Coincide com os interesses subliminares do governo Federal pela amostragem dos indícios 
estatísticos. Mas, não basta modificar os quadros percentuais da escolaridade; em particular, 
da universidade brasileira, para se promover a boa educação. Como este país vive de 
“marketing”, então qualquer fantasia publicitária satisfaz.
A falta de perspectiva profissional é um outro desses fatores. Ironicamente, parece 
que o grande objetivo do público jovem feminino é, hoje, a carreira de “modelo 
fotográfico”; e do masculino, a opção artística de talvez tocar pandeiro num grupo de 
pagode. Essa geração, no futuro, não se perdoará; se insistir nesse ritmo de aspiração 
e estilo de vida.
Pois, somente um estudo sistemático e responsável, sério e acumulativo, é que 
transformaria toda essa frustrante condição de incompetência. E transformaria, com 
certeza, para melhor.
Luciano Marinho é psicólogo e professor de língua portuguesa
Jornal do Commercio. Opinião. Pernambuco, 27 dez. 2001
No artigo de opinião “Últimos lugares”, o leitor depara-se com as seguintes ocorrências da língua:
• Existe somente uma marca de pessoa no texto: “Um sintoma gravíssimo, que não deveria passar 
despercebido por aqueles que fazemos educação neste país.”
Quando o autor se coloca como educador, marca uma única vez a pessoa (nós, primeira pessoa do 
plural). Assim, embora defenda sua opinião, o texto é impessoal.
• Uso do presente do indicativo no decorrer do texto. Exemplos: “tais resultados exigem uma reflexão 
emergencial”; “é obvio, pois, que a certeza da aprovação implica desinteresse...”.
O motivo temático e os argumentos são atuais à produção do texto, por isso a recorrência do uso 
presente no texto.
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• Presença de citações de palavras alheias: “promoção automática”; “ludicidade” e os outros termos 
entre aspas.
O autor apresenta uma série de termos entre aspas, que indicam distanciamento do produtor do 
texto, e o produtor pode expressar um julgamento sobre o caráter apropriado das palavras entre aspas, 
ou as aspas indicam que os termos pertencem a outros discursos. O autor recorre a outros textos: dos 
responsáveis oficiais pela educação que implantaram o sistema de “promoção automática”, de alguns 
professores que defendem a “ludicidade” na sala de aula; de alguns jovens, cuja opção profissional é 
desvalorizada.
• Articulação coesiva por operadores argumentativos: “até porque”, “Não obstante”, “não só... 
mas também”, “Pois, somente um estudo sistemático e responsável, sério e acumulativo, é que 
transformaria toda essa frustrante condição de incompetência.”
No decorrer do texto, encontramos vários operadores argumentativos, sendo alguns exemplificados 
acima. Destaca-se, no entanto, o operador final do texto “pois”, indicadora de conclusão, não apenas de 
uma ideia, mas do texto.
Em relação à progressão temática, observamos que:
• Apresentação da tese (opinião do autor): o resultado do PISA é um problema conjuntural.
• Apresentação dos argumentos: o texto apresenta uma série de argumentos para mostrar que o 
fracasso no exame não é um problema apenas individual.
Com base na apresentação sobre artigo científico, a qual serve para aumentar o nosso conhecimento 
em relação a esse gênero textual, mostraremos as etapas para produção de artigo científico. 
O primeiro passo é a formulação de questões polêmicas. Propomos as seguintes elaboradas por 
Bräkling (In: ROJO: 2001):
Exemplo de aplicação
O primeiro passo é a formulação de questões polêmicas. Propomos as seguintes elaboradas por 
Bräkling (In: ROJO: 2001):
1. Mortalidade materna, infantil e aborto: a legalização resolve?
2. Diante da crise do sistema de saúde e do perigo de corrupção sempre presente, deve-se ou não 
apoiar a doação de órgãos?
3. O uso de drogas na virada do milênio: questão de prazer, necessidade ou para impressionar?
4. No Brasil não existe desemprego: contos de fada do ministério?
5. A legalização do casamento homossexual: moralidade e democracia.
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
Escolha uma das questões propostas.
O segundo passo é conscientizar-se, caro aluno, sobre alguns fatores contextuais. Antes de iniciar 
seu texto, reflita sobre:
• Quem será o seu interlocutor ao qual o texto será destinado? (É um especialista no assunto? É 
leigo? É um grupo estudantil do Ensino Médio? Dependendo do interlocutor (leitor), todo o contexto 
precisa ser adaptado: linguagem mais formal ou menos formal, aprofundamento ou não no assunto 
etc.).
• Qual é a finalidade para a produção do texto? (Que objetivo você tem ao escrever o texto: ensinar, 
esclarecer, impor seu ponto de vista...?).
• Em que suporte será divulgado o texto? (Site, revista ou jornal de bairro, jornal com maior 
circulação estadual, mural...).
Terceiro passo consiste na pré-produção do texto:
• Escreva sua opinião sobre o assunto.
• Faça uma lista de argumentos, selecionando aqueles que são mais adequados para sustentar sua 
opinião.
• Dos selecionados, ordene os argumentos em uma nova lista: dos mais fortes aos mais fracos e 
vice-versa.
Quarto passo trata-se da produção do texto. Para tal, pode voltar às dicas de como iniciar um texto, 
apresentado na seção anterior. Siga a ordem escolhida para expor os argumentos: dos mais fortes para 
os mais fracos ou vice-versa.
Depois da produção, leia o texto e verifique as possíveis correções em relação à gramática, às ideias, 
se estão coerentes, se há uma conclusão.
Quinto passo consiste em maior consciência sobre a própria produção. Faça uma análise do texto:
• Existe uma questão polêmica debatida no texto?
• Você apresentou uma posição a respeito?
• O que diz para sustentar sua opinião?
• O que diz para descartar opiniões contrárias à sua?
• Podemos dizer que o seu texto é um artigo de opinião?
• Falta alguma coisa para o texto ser considerado um artigo de opinião?
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8.2 Resenha
Artigo científico e resenha são gêneros textuais diferentes entre si e, quando são publicados, 
aparecem em seção distinta nos periódicos acadêmicos e publicações em geral. Na revista Língua 
Portuguesa, por exemplo, da edição nº 64, de fevereiro de 2011, encontramos no sumário os seguintes 
títulos:
 15 Pílulas
 16 Ensino
 18 Técnica
 25 Estilo
 26 Retórica
 ...
 63 Cinema
 64 Berço da palavra
 65 Plano de aula
66 Figura
O texto da página 63 é uma resenha sobre cinema. Geralmente, a resenha é disposta no final da 
publicação, seja de revista científica, seja de revista menos específica. Mais um exemplo de sumário (que 
informa o número da página em que inicia o texto, o título do texto e o autor). Dessa vez é da revista 
Estudos urbanos e regionais, uma publicação da associação nacional de pós-graduação e pesquisa em 
planejamento urbano e regional.
ARTIGOS
9 O Estado e a exceção – ou o estado de exceção? – Francisco de Oliveira
15 Favelas no município de São Paulo – estimativas de população para os 
anos de 1991, 1996 e 2000 – Eduardo Marques, Haroldo da Gama Torres e 
Camila Saraiva
31 A política de produção habitacional por mutirões autogeridos – 
construindo algumas questões – Cibele Saliba Rizek, Joana Barros e Marta 
de Aguiar Bergamim
47 Das economias de aglomeração às externalidades dinâmicas de 
conhecimento – por uma releitura de São Paulo – Alexandre Tinoco
63 implantação de infraestrutura de saneamento na região metropolitana 
do Rio de Janeiro – uma avaliação das ações do Programa de Despoluição 
da Baía de Guanabara – Ana Lucia Britto
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RESENHAS
81 Regiões e cidades, cidades nas regiões. O desafio urbano-regional, de 
Maria Flora Gonçalves, Carlos Antônio Brandão e Antônio Carlos Galvão 
– por Pedro P. Geiger
85 A cidade da informalidade: o desafio das cidades latino-americanas, de 
Pedro Abramo – por Ana Clara Torres Ribeiro
88 Apologia da deriva: escritos situacionistas sobre a cidade, de Paola 
Berenstein Jacques – por Thais de Bhanthumchinda Portela
91 De Nova Lisboa a Brasília: L’invention d’une capitale (XIXe- XXe siècles), 
de Laurent Vidal – por Luís Octávio da Silva
(REVISTA BRASILEIRA..., 2003).
No sumário acima exemplificado, fica explícita a separação entre os artigos científicos e a resenha. 
Tal distinção deve-se à diferença funcional: o artigo científico baseia-se em teoria e dados comprováveis 
e a resenha é um resumo com opinião, sem base teórica.
Para corroborar, temos outro exemplo de sumário em que a resenha é apresentada no final (do 
sumário), distante de outros textos “mais sérios”, como reportagem. No caso abaixo, verificamos 
que a resenha aparece em seção que dá opinião sobre evento cultural, em especial na seção “Arte e 
Espetáculo”.
Seções
VEJA.com
Carta ao Leitor
Entrevista José Serra
Lya Luft
Leitor
Blogosfera
Panorama
Imagem da Semana
Datas
Holofote
SobeDesce
Conversa com Monique Evans
Números
Radar
Veja Essa
Brasil
Eleições Delegado confirma tentativa de espionagem contra tucanos
Governo A irresponsabilidade fiscal
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Internacional
Estados Unidos Vazamento de óleo domina a política
Geral
Especial ”Cala boca Galvão”: um fenômeno planetário
Copa 2010 A seleção isolada do país
 Vuvuzela: risco para os ouvidos
 Jabulani: o teste da bola
 O futebol se concentra na Europa
Memória José Saramago
 Gente
Medicina Os avanços contra o câncer
Beleza As brasileiras estão maiores e cheias de curvas
 Plástica: como passar dos 60 anos ainda bela
Educação Aulas cronometradas
Negócios Barras de ouro vendidas em máquinas
Comportamento Uberaba: a cidade do espiritismo
Arquitetura As obras espetaculares de Santiago Calatrava
Guia
Viagem Medidas que agilizam o embarque
 Como cuidar da saúde em voos de longa duração
Artes & Espetáculos
Fotografia O fotógrafo das cavernas
Cinema Toy Story 3
 Brilho de uma Paixão, de Jane Campion
Música Ozzy Osbourne: biografia e disco novo
Televisão As velhinhas de Passione
VEJA Recomenda
Os livros mais vendidos
J.R. Guzzo
A resenha é um texto presente em diversos suportes, tais como revista, jornal, internet, e sua temática 
volta-se para objetos culturais: filmes, shows, livros, entre outras manifestações.
O autor seleciona informações e as sintetiza, ampliando o texto com comentários e avaliações sobre 
o assunto, considerando o contexto imediato. Sobre a função desse gênero, contamos com explicação 
de Goldstein, Louzada e Ivamoto (2009, p.113):
A resenha exerce uma importante função social: formar opinião e, até 
mesmo, delinear valores estéticos sobre diferentes manifestações artísticas e 
campos do conhecimento. É um tipo de texto muito procurado pelos leitores 
que consideram a opinião crítica especializada antes de se decidir por um 
espetáculo, um livro, um evento, um filme etc.
Solidão na cidade
Em Quanto dura o amor?, diretor recorre a roteiro multitrama para amarrar diversos 
estilos de vida
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
Sérgio Rizzo*
Se você precisasse escolher entre os filmes Condomínio Jaqueline e Quanto Dura o 
Amor?, sem nenhuma informação sobre eles e usando apenas os títulos como critério de 
definição, qual seria o eleito? A produtora paulistana Coração da Selva julgou que a opção 
com

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