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DIREITO DAS SUCESSÕES 
 
 
Prof. MSc. Robson Ivan Stival 
(robson@stival.adv.br) 
 
 
 
 
2016 
CONCEITO 
- Em sentido amplo: é a transmissão de uma relação jurídica de uma 
pessoa a outra; ato pelo qual uma pessoa substitui outra na titularidade 
de determinados bens (a relação jurídica subsiste mesmo com a 
substituição dos titulares). 
 
 
- Em sentido estrito: 
 
 
* sucessão inter vivos (negócio jurídico) 
 
 
* sucessão causa mortis (por ocasião da morte). Pessoas naturais (não 
alcança as pessoas jurídicas). 
 
 
 
 
 
CONCEITO 
- O direito das sucessões disciplina a transmissão do patrimônio, ou seja, 
do ativo e do passivo do de cujus ou autor da herança a seus sucessores 
(Carlos Roberto Gonçalves). 
 
De cujus: abreviatura da frase: “de cujus sucessione agitur” (aquele 
de cuja sucessão se trata) – autor da herança. 
 
- O complexo dos princípios segundo os quais se realiza a transmissão do 
patrimônio de alguém que deixa de existir (Clóvis Beviláqua). 
 
- É inquestionável a importância das sucessões no direito civil. Porque o 
homem desaparece, mas os bens continuam; porque grande parte das 
relações humanas transmigra para a vida dos que sobrevivem, dando 
continuidade, via relação sucessória, no direito dos herdeiros, em infinita 
e contínua manutenção da imagem e da atuação do morto, em vida, para 
depois da morte (Eduardo de Oliveira Leite). 
 
 
 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
- Antiguidade (Roma, Grécia e Índia): o direito sucessório ligado à ideia de 
continuidade da religião e da família. Culto dos antepassados. 
 
- O filho é o sacerdote da religião doméstica e, por isso, recebe o patrimônio da 
família (primogênito varão). A filha passa a integrar, pelo casamento, a família do 
marido, perdendo os laços com a família do pai. Conservação do patrimônio dentro 
de um mesmo grupo, como forma de manter poderosa a família, impedindo a 
divisão da fortuna entre os irmãos. 
 
- Lei das XII Tábuas (Direito Romano): concedia liberdade ao pai de dispor dos seus 
bens para depois da morte. Mas se o óbito fosse sem testamento (ab intestato), a 
sucessão se devolvia a três classes de herdeiros (sui, agnati e gentiles). 
 
- Código de Justiniano: a sucessão legítima passa a fundar-se unicamente no 
parentesco natural, estabelecendo-se a seguinte ordem de vocação hereditária: a) 
os descendentes; b) os ascendentes, em concurso com os irmãos e irmãs bilaterais; 
c) os irmãos e irmãs, consanguíneos ou uterinos; e d) outros parentes colaterais. 
 
 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
- O direito germânico desconhecia a sucessão testamentária. Somente 
os herdeiros pelo vínculo de sangue eram considerados verdadeiros e 
únicos herdeiros. 
 
- Na França, a partir do século XIII fixou-se o droit de saisine, 
instituição de origem germânica, pelo qual a propriedade e a posse da 
herança passam aos herdeiros, com a morte do hereditando. Os 
herdeiros legítimos, os herdeiros naturais e o cônjuge sobrevivente 
recebem de pleno direito os bens, direitos e ações do defunto, com a 
obrigação de cumprir todos os encargos da sucessão. 
 
 
 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
 
- Direito sucessório contemporâneo: 
 
 
* fusão entre as concepções romana e germânica: os parentes, 
herdeiros pelo sangue, são os sucessores legítimos, se não houver 
testamento, ou se este não prevalecer. Havendo testamento, acata-se 
a vontade do de cujus, respeitando-se a quota disponível de metade 
dos bens, porque a outra metade, denominada legítima, pertence de 
direito aos herdeiros. 
 
 
FUNDAMENTO E CONTEÚDO DO DIREITO DAS SUCESSÕES 
 
- CF, art. 5º, XXII e XXX: o direito de propriedade e o direito de herança 
são garantias fundamentais. O Estado tem o maior interesse de que 
um patrimônio não reste sem titular, o que lhe traria um ônus a mais. 
Ao resguardar o direito à sucessão, o Estado protege a economia da 
família e incentiva a poupança e a produção. 
 
 
- CF, art. 227, §6º: paridade de direitos, inclusive sucessórios, entre 
todos os filhos, havidos ou não da relação do casamento, assim como 
por adoção. 
 
 
FUNDAMENTO E CONTEÚDO DO DIREITO DAS SUCESSÕES 
 
- Código Civil: disciplina o direito das sucessões em quatro títulos, que 
tratam, respectivamente, da sucessão em geral, da sucessão legítima, 
da sucessão testamentária e do inventário e partilha. 
 
- Ao elevar o cônjuge e o companheiro a sucessores em grau de 
concorrência com os ascendentes e descendentes do de cujus 
(satisfação de requisitos), o Código Civil incluiu também o direito de 
família como fundamento do direito sucessório, com o intuito de 
proteger, unir e perpetuar a família. Ligação entre o direito das 
sucessões com o direito das coisas e o direito de família. 
 
ESPÉCIES DE SUCESSÃO 
- Espécies de sucessão: 
 
* Quanto à fonte: 
 
a) legítima (ab intestato); 
b) testamentária. 
 
Ab intestato: sem testamento (“faleceu ab intestato”, ou seja,“sem 
deixar testamento”). 
 
* Quanto aos efeitos: 
 
a) a título universal; 
b) a título singular. 
 
* Outras espécies: 
 
- contratual (CC, art. 2.018 – ver tb. art. 426, CC); 
- anômala ou irregular. 
 
 
ESPÉCIES DE SUCESSORES 
 
 
- Espécies de sucessores: 
 
 
a) legítimo; 
b) testamentário ou instituído; 
c) legatário; 
d) herdeiro necessário, legitimário ou reservatário; 
e) herdeiro universal. 
 
 
GRAUS DE PARENTESCO (LINHAS RETA E COLATERAL) 
 BISAVÔ 
 
 
 
 AVÔ TIO-AVÔ 
 
 
 
 PAI 
 
 
 
DE CUJUS IRMÃOS 
 
 
 
FILHO SOBRINHOS 
 
 
 
NETO SOBRINHO-NETO 
 
 
EXERCÍCIO PRÁTICO 
 
DE CUJUS 
 
AB INTESTATO 
 
HERANÇA/ESPÓLIO 
 
MEAÇÃO 
 
LEGÍTIMA 
 
HERDEIROS NECESSÁRIOS 
 
SUCESSÃO LEGÍTIMA 
 
PARTE/QUOTA/PORÇÃO DISPONÍVEL 
 
SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA 
 
GRAUS DE PARENTESCO (LINHA RETA E COLATERAIS) 
 
 
EXERCÍCIO PRÁTICO 
 
João da Silva é solteiro, tem 2 filhos e um patrimônio constituído por 4 imóveis, 
com os seguintes valores: 
A: R$ 20.000,00, 
B: R$ 40.000,00 
C: R$ 60.000,00 
D: R$ 120.000,00 
 
Pergunta-se: 
 
a) Se João falecesse hoje, qual seria o valor da herança deixada pelo mesmo? 
b) Qual é o valor da legítima? 
c) Qual seria o valor da legítima se João fosse casado sob o regime da comunhão 
universal de bens? Nesse caso, qual seria o valor da meação da mulher? 
d) Quais os bens de que João poderia dispor em testamento? 
e) Se João tivesse beneficiado um sobrinho, mediante testamento (sucessão 
testamentária), com o bem “D”, quais os bens que seus filhos poderiam 
receber na sucessão legítima? Que espécie de sucessor seria o sobrinho? 
 
 
 
HERANÇA 
 
- Herança é o conjunto do patrimônio do de cujus, incluindo o ativo e o 
passivo por ele deixados (bens corpóreos e incorpóreos, direitos reais 
e obrigacionais, ativos e passivos). Com a ressalva de que os herdeiros 
só respondem pelo passivo nos limites das forças da herança (CC, art. 
1.792). Dá-se por lei ou por disposição de última vontade 
(testamento). 
 
Legado: é um bem determinado, ou vários bens determinados, 
especificados no monte hereditário. Só existe legado no 
testamento. 
 
 
 
 
 
HERANÇA 
 
- A herança defere-se como um todo unitário e indivisível, ainda que 
vários sejam os herdeiros (CC, art. 1.791),e regular-se-á pelas normas 
relativas ao condomínio (parágrafo único), uma vez que não foram 
ainda individualizados os quinhões hereditários. Princípio da 
indivisibilidade da herança. 
 
- Antes da partilha, nenhum herdeiro tem a propriedade ou a posse 
exclusiva sobre um bem certo e determinado do acervo hereditário. Só 
a partilha individualiza e determina objetivamente os bens que cabem 
a cada herdeiro (CC, art. 2.023). 
 
 
 
 
HERANÇA 
 
- A indivisibilidade diz respeito ao domínio e à posse dos bens 
hereditários, desde a abertura da sucessão até a atribuição dos 
quinhões a cada sucessor, na partilha. Antes desta, o coerdeiro pode 
alienar ou ceder apenas sua quota ideal, ou seja, o direito à sucessão 
aberta que o artigo 80, II do CC considera bem imóvel, exigindo 
escritura pública e outorga conjugal (uxória ou marital). 
 
 
INEFICÁCIA DA CESSÃO FEITA PELO COERDEIRO, DE SEU 
DIREITO HEREDITÁRIO SOBRE QUALQUER BEM DA HERANÇA 
CONSIDERADO SINGULARMENTE (CC, art. 1.793, §2º). 
 
 
 
TRANSMISSÃO DA HERANÇA: O MOMENTO DA ABERTURA DA SUCESSÃO 
 
- A herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e 
testamentários (CC, art. 1.784). Delação ou devolução sucessória: devolve-
se a herança aos herdeiros necessários; aos testamentários defere-se. 
 
 
- O patrimônio não pode ficar sem titular sequer por um momento (não 
há solução de continuidade). 
 
 
- Uma vez que a transmissão da herança se opera no momento da morte, 
é nessa ocasião que se devem verificar os valores do acervo hereditário, 
de forma a determinar o monte partível e o valor do imposto de 
transmissão causa mortis (Súmula 112 do STF). 
 
 
 
 
 
 
TRANSMISSÃO DA HERANÇA: O MOMENTO DA ABERTURA DA SUCESSÃO 
 
- A transmissão da herança ocorre de pleno direito, ainda que o 
herdeiro desconheça a morte do autor da herança. 
 
 
- Quanto aos legatários, a situação é diferente: adquirem a 
propriedade dos bens infungíveis desde a abertura da sucessão; a dos 
fungíveis, porém, só pela partilha. A posse, em ambos os casos, deve 
ser requerida aos herdeiros, que só são obrigados a entregá-la por 
ocasião da partilha e depois de comprovada a solvência do espólio 
(CC, art. 1.923, §1º). 
 
 
 
 
TRANSMISSÃO DA HERANÇA: O MOMENTO DA ABERTURA DA SUCESSÃO 
 
- A lei que rege a sucessão e a capacidade para suceder é a do tempo da 
morte, pois é no momento em que ocorre que se consuma a sucessão (CC, 
art. 1.787). 
 
- A importância da fixação exata do tempo da morte – Lei de Registros 
Públicos, artigo 80: requisitos que devem estar presentes no atestado de 
óbito, entre eles, a hora, se possível, do passamento, e o local com 
indicação precisa. 
 
 
- A morte pode ser natural ou presumida. A presumida se dá nos casos de 
ausência (CC, arts. 6º e 22 a 39) e também nos casos de morte presumida 
sem declaração de ausência (“se for extremamente provável a morte de 
quem estava em perigo de vida” - CC, art. 7º). 
 
 
 
 
 
 
TRANSMISSÃO DA HERANÇA: O MOMENTO DA ABERTURA DA SUCESSÃO 
 
- Comoriência: morte simultânea de duas ou mais pessoas; 
impossibilidade de se precisar qual delas morreu primeiro e se ocorreu 
ou não a sobrevivência do herdeiro. Para que se configure a 
comoriência não é mister que as mortes tenham ocorrido no mesmo 
lugar. 
 
- “Se dois ou mais indivíduos faleceram na mesma ocasião, não se 
podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, 
presumir-se-ão simultaneamente mortos” (CC, art. 8º). 
 
- Não há, pois, transferência de bens e direitos entre comorientes. Um 
não herda do outro. 
 
 
 
 
O PRINCÍPIO DA “SAISINE” 
 
- O princípio da “saisine”, acolhido no mencionado artigo 1.784 do CC, 
é o direito que têm os herdeiros de entrar na posse dos bens que 
constituem a herança. A palavra deriva de “saisir”, que significa 
agarrar, prender, apoderar-se (“le mort saisit le vif”: “o morto prende 
o vivo”). 
 
 
- Transmissão da herança: transferência do domínio e da posse no 
exato instante da morte. 
 
 
 
 
 
O PRINCÍPIO DA “SAISINE” 
 
 
- Entre abertura da sucessão e a partilha, o direito dos coerdeiros à 
herança é indivisível (CC, art. 1.791). 
 
 
 
- O princípio da saisine harmoniza-se com os arts. 1.206 e 1.207 do CC, 
pelos quais o “sucessor universal continua de direito a posse do seu 
antecessor”, com “os mesmos caracteres”. 
 
O PRINCÍPIO DA “SAISINE” 
 
- O droit de saisine não se aplica no caso de herança jacente (CC, arts. 
1.819 a 1.823), pois os bens que a compõem só passam ao domínio do 
Poder Público após a declaração de vacância e decorridos cinco anos 
da abertura da sucessão. 
 
- Compatibiliza-se, também, com os arts. 618 e 619 do NCPC e artigo 
1.797 do CC, mediante a interpretação de que o inventariante 
administra o espólio, tendo a posse direta dos bens que o compõem, 
enquanto os herdeiros adquirem a posse indireta. Uma não anula a 
outra (CC, art. 1.197). Interditos possessórios. 
 
 
 
 
O PRINCÍPIO DA “SAISINE” 
 
- Efeitos do princípio da saisine (CARLOS ROBERTO GONÇALVES): 
 
a) regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao 
tempo da abertura daquela (CC, art. 1.787); 
b) o sucessor universal continua de direito a posse do seu 
antecessor, com os mesmos caracteres (art. 1.206); 
c) o herdeiro que sobrevive ao de de cujus, ainda que por um 
instante, herda os bens deixados e os transmite aos seus 
sucessores, se falecer em seguida; 
d) abre-se a sucessão no lugar do último domicílio do falecido (art. 
1.785), que é o foro competente para o processamento do 
inventário (NCPC, art. 48). 
 
 
 
O LUGAR EM QUE SE ABRE A SUCESSÃO 
- A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido (CC, art. 
1.785), onde mantinha seu centro de atividades, mesmo que o óbito 
tenha ocorrido em outro local e ainda que outros sejam os locais da 
situação dos bens (NCPC, artigo 48, caput). 
 
- A definição do lugar da abertura da sucessão tem relevância para que 
se estabeleça a competência para o inventário. 
 
- O lugar do último domicílio do de cujus também rege a competência 
de outras ações relativas à herança – todas em que o espólio for réu, 
mesmo que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro. 
 
 
 
 
 
O LUGAR EM QUE SE ABRE A SUCESSÃO 
 
- Na hipótese de domicílio incerto, será competente para o inventário o 
foro da situação dos bens imóveis; se houver bens imóveis em foros 
diversos, qualquer destes será competente. Não havendo imóveis, será 
competente o foro do local de qualquer dos bens do espólio (NCPC, art. 
48, parágrafo único). 
 
- Se o de cujus tinha vários domicílios, será competente o foro de cada um 
deles, resolvendo-se o conflito de competência por meio das regras 
relativas à prevenção (NCPC, art. 59). 
 
- A jurisprudência dominante considera que a competência do juízo do 
inventário é relativa e não absoluta, de modo que não pode ser 
pronunciada de ofício, prorrogando-se à falta de exceção declinatória de 
foro (Súmula nº 33 do STJ). 
 
 
 
 
O LUGAR EM QUE SE ABRE A SUCESSÃO 
 
 
- A jurisdição é exclusiva da justiça brasileira para o inventário dos 
bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja estrangeiro 
e tenha residido fora do território nacional (NCPC, art. 23, II). 
 
 
- Em relação aos bens situados no Brasil, a justiça brasileira aplica a lei 
sucessória estrangeira se o de cujus tinha domicílio no exterior. Aplica-
se a lei brasileira se o cônjuge e os filhos forem brasileiros, a não ser 
que lhes seja mais favorável a lei pessoal do estrangeiro autor da 
herança (LICC, art. 10, §1º e CF, art. 5º, XXXI). Sucessão anômala.O LUGAR EM QUE SE ABRE A SUCESSÃO 
- Em contraposição, a justiça brasileira não tem jurisdição para decidir 
sobre imóveis estrangeiros. Disto decorre a possibilidade, havendo 
bens no Brasil e no exterior, de pluralidade de juízos sucessórios. 
 
- Aplica-se a lei sucessória brasileira, para os bens aqui situados, se o 
último domicílio do autor da herança situava-se no Brasil, mesmo 
sendo ele estrangeiro. A capacidade para ser sucessor, porém, rege-se 
pela lei do domicílio deste (LICC, arts. 7º e 10, §2º). 
 
- Por isso, pode-se cogitar a possibilidade de aplicação da ordem de 
vocação hereditária brasileira, por ter o estrangeiro domicílio no Brasil, 
e normas estrangeiras sobre a capacidade para ser herdeiro, se este é 
domiciliado no exterior. 
 
 
 
CAPACIDADE SUCESSÓRIA 
 
- A capacidade para suceder é a aptidão para se tornar herdeiro ou 
legatário numa determinada herança. 
 
 
- É aferida no momento da morte. 
 
 
- CC, art. 1.798: “Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já 
concebidas no momento da abertura da sucessão”. 
 
 
 
 
 
CAPACIDADE SUCESSÓRIA 
- Direito do nascituro: “pessoas ... já concebidas ...” – Sujeição à 
condição de nascer com vida. 
 
- Não surtem efeitos as disposições testamentárias que beneficiem 
pessoas já falecidas, pois a nomeação testamentária tem caráter 
pessoal (intuitu personae). 
 
- Tanto as pessoas naturais como jurídicas, de direito público ou 
privado, podem ser beneficiadas. 
 
- Não podem ser contemplados animais, salvo indiretamente, nem 
coisas inanimadas ou entidades espirituais. 
 
 
 
CAPACIDADE SUCESSÓRIA 
 
- Só não estão legitimadas as pessoas expressamente excluídas (CC, art. 1.814). 
 
 
- A LEGITIMIDADE É A REGRA E A ILEGITIMIDADE, A EXCEÇÃO. 
 
 
 
- A pessoa deve reunir três condições básicas: 
 
 
a) estar viva (princípio da coexistência: o sucessor tem de sobreviver ao de cujus; a 
herança não se transmite ao nada); 
 
b) tenha capacidade para suceder; 
 
c) não ser indigna. 
 
 
 
 
 
CAPACIDADE SUCESSÓRIA 
 
- Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder 
(CC, art. 1.799): 
 
a) os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, 
desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão (ver artigo 1.800); 
 
b) as pessoas jurídicas; 
 
c) as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador 
sob a forma de fundação. 
 
 
CAPACIDADE SUCESSÓRIA 
INCAPACIDADE RELATIVA 
- Não podem ser nomeados herdeiros, nem legatários (CC, artigo 
1.801): 
 
I – a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou 
companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos; 
 
II – as testemunhas do testamento; 
 
III – o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, 
estiver separado de fato do cônjuge, há mais de cinco anos; 
 
IV – o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante 
quem se fizer, assim como o que fizer, ou aprovar o testamento. 
 
 
CAPACIDADE SUCESSÓRIA 
 
- CC, art. 1.802: nulidade das disposições testamentárias em favor de 
pessoas não legitimadas a suceder, ainda quando simuladas sob a 
forma de contrato oneroso, ou feitas mediante interposta pessoa. 
 
 
- Presumem-se pessoas interpostas os ascendentes, os descendentes, 
os irmãos e o cônjuge ou companheiro do não legitimado a suceder 
(presunção absoluta). 
 
 
- CC, art. 1.803: é lícita a disposição testamentária em favor do filho do 
concubino com o testador (intenção de beneficiar a prole comum). 
 
 
 
EXERCÍCIO PRÁTICO 
 
- CC, art. 1.798: “Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no 
momento da abertura da sucessão”. 
 
Discutir em sala de aula o dispositivo legal acima e as situações abaixo: 
 
• Sociedades de fato beneficiadas por testamento 
 
• Embrião in vitro 
 
• Fecundação artificial homóloga depois de falecido o marido (CC, art. 1.597,III). 
Com ou sem anuência do cônjuge? 
 
• Paternidade e inseminação artificial heteróloga (inseminação do óvulo da esposa 
com espermatozóide de terceiro, com prévia autorização do marido – CC, art. 
1.597, V) 
 
• Adoção (quando um dos adotantes morre no curso do processo, antes da 
sentença que constituirá o vínculo da adoção). 
 
 
 
FASE DE DELIBERAÇÃO 
 
- CC, art. 1.804: Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão 
ao herdeiro, desde a abertura da sucessão. 
Parágrafo único: A transmissão tem-se por não verificada quando o 
herdeiro renuncia à herança. 
 
- Fase de deliberação é a oportunidade de deliberar conferida ao 
herdeiro. Ninguém é obrigado a ingressar numa situação patrimonial 
contra sua vontade. Ele tem o direito de aceitar ou de renunciar a 
herança. 
 
- A aceitação é informal; a renúncia tem que ser expressa e formal. 
 
 
ACEITAÇÃO OU ADIÇÃO DA HERANÇA 
 
- “Aceitação ou adição da herança é o ato pelo qual o herdeiro anui à 
transmissão dos bens do de cujus, ocorrida por lei com a abertura da 
sucessão, confirmando-a.” 
 
 
- “Trata-se de uma confirmação, uma vez que a aquisição dos direitos 
sucessórios não depende de aceitação. Aberta a sucessão, a herança 
transmite-se, desde logo e por força de lei, ao patrimônio do herdeiro 
legítimo ou testamentário (CC, art. 1.784). A aceitação revela, destarte, 
apenas a anuência do beneficiário em recebê-la, tendo em vista que, 
perante o nosso ordenamento jurídico, só é herdeiro ou legatário quem 
deseja sê-lo”. 
 
CARLOS ROBERTO GONÇALVES 
 
 
ESPÉCIES DE ACEITAÇÃO 
a) Quanto à sua forma: 
 
- expressa (CC, art. 1.805, caput); 
- tácita (CC, art. 1.805, caput); 
- presumida (CC, art. 1.807) – actio interrogatoria, requerida após 20 dias 
da abertura da sucessão (o juiz fixará prazo de até 30 dias para o herdeiro 
se pronunciar). Enquanto não intimado a se manifestar, o herdeiro tem a 
faculdade de aceitar a herança a todo o tempo, até que se consuma a 
prescrição ao cabo de dez anos (CC, art. 205). 
 
 Não exprimem aceitação de herança (§§1º e 2º): 
 
• os atos oficiosos ou meramente conservatórios; 
• os atos de administração e guarda provisória 
• a cessão gratuita, pura e simples, da herança, aos demais coerdeiros. 
 
 
ESPÉCIES DE ACEITAÇÃO 
 
b) Quanto ao agente: 
 
- direta; 
- indireta. 
 
• aceitação pelos sucessores (CC, art. 1.809); 
• aceitação por mandatário e por gestor de negócios (CC, art. 861); 
• aceitação pelo tutor ou curador (CC, art. 1.748); 
• aceitação pelos credores (CC, art. 1.813). 
 
 
 
 
CARACTERÍSTICAS DA ACEITAÇÃO 
 
- Negócio jurídico unilateral 
 
- Natureza não receptícia 
 
- Podem praticá-la apenas os capazes; os incapazes devem ser 
representados ou assistidos. 
 
- É indivisível e incondicional: não pode subordinar-se a condição 
ou a termo, nem pode ser parcial (CC, art. 1.808). Princípio da 
indivisibilidade da aceitação. 
 
 
 
 
CARACTERÍSTICAS DA ACEITAÇÃO 
 
- O herdeiro, a quem se testarem legados, pode aceitá-los, 
renunciando a herança; ou aceitando-a, repudiá-los (CC, art. 
1.808, §1º). 
 
- O herdeiro, chamado, na mesma sucessão, a mais de um quinhão 
hereditário, sob títulos sucessórios diversos, pode livremente 
deliberar quanto aos quinhões que aceita e aos que renuncia 
(§2º). 
 
Os dispositivos supra não são exceções ao princípio da indivisibilidade 
da aceitação – Não se confunde a herança com o legado (§1º) e as 
origens dos títulos são diversas (§2º). 
 
CARACTERÍSTICAS DA ACEITAÇÃO 
 
 
- Irretratabilidade da aceitação: os atos de aceitação e de renúncia são 
irrevogáveis (CC, arts. 1.804 e 1.812).- Anulação da aceitação: nas mesmas hipóteses de nulidade e 
anulabilidade dos negócios jurídicos. Se o inventário já houver sido 
encerrado e homologada a partilha: ação de petição de herança. 
 
BENEFÍCIO DE INVENTÁRIO 
- “O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; 
incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo de existir inventário, que a escuse, 
demonstrando o valor dos bens herdados” (CC, art. 1.792). 
 
 
- O herdeiro não responde com seu patrimônio às dívidas da herança. 
 
 
- O herdeiro poderá aceitar a herança renunciando ao benefício de inventário. 
 
- Não havendo inventário, cabe ao herdeiro o ônus da prova do excesso (que a 
cobrança recai sobre seu patrimônio). Se houver inventário, o valor dos bens 
herdados nele estará comprovado, não havendo a necessidade de se recorrer a 
regras de ônus da prova. 
 
 
- O imposto causa mortis (ITCMD) é obrigação pessoal do herdeiro. 
 
 
RENÚNCIA À HERANÇA: CONCEITO E CARACTERÍSTICAS 
 
- É negócio jurídico unilateral, pelo qual o herdeiro manifesta 
expressamente a intenção de se demitir dessa qualidade, ou seja, de 
não aceitar a herança, preferindo conservar-se estranho à sucessão. 
 
- O herdeiro não é obrigado a aceitar a herança. 
 
- Os efeitos da renúncia retroagem à data da abertura da sucessão. O 
herdeiro que renuncia é havido como se nunca tivesse sido herdeiro, e 
como se nunca lhe houvesse sido deferida a sucessão. 
 
- A renúncia deve ocorrer antes da aceitação. Se esta já tiver ocorrido, 
não poderá mais haver a renúncia, porque a aceitação é irrevogável. 
 
 
 
FORMA 
 
- A renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento 
público ou termo judicial (CC, art. 1.806). 
 
 
- A vontade manifestada em documento particular não é válida. 
 
 
- A renúncia não pode ser tácita nem presumida, como acontece com 
a aceitação. 
 
 
FORMA 
 
- Tem de resultar de ato positivo e só pode ter lugar mediante 
escritura pública lavrada em cartório ou termo judicial, lavrado nos 
autos de inventário (fé pública). 
 
 
- Termo nos autos: poderá ser assinado pela própria parte ou por 
procurador com poderes especiais. 
 
 
- Não pode haver promessa de renúncia, porque implicaria pacto 
sucessório (CC, art. 426). 
 
 
 
 
 
FORMA 
 
 
- A renúncia é, portanto, um negócio solene, pois sua validade 
depende da observância da forma prescrita em lei. 
 
 
- O mesmo se aplica à renúncia em favor de terceiro e à renúncia de 
meação (cessão de direitos). 
 
 
 
 
ESPÉCIES 
 
a) abdicativa ou propriamente dita (CC, arts. 1.805, §2º e 1.804, 
parágrafo único): feita em benefício do monte, sem indicação de 
qualquer favorecido. 
 
b) translativa (cessão ou desistência): feita em favor de determinada 
pessoa; implica aceitação tácita e transferência posterior dos 
direitos hereditários (dupla ação). 
 
* Efeitos práticos da distinção: tributos devidos. Na primeira, incide 
apenas o imposto relativo à sucessão causa mortis; na segunda, incide 
também um imposto pela transferência inter vivos, se a cessão for 
onerosa (se a cessão for gratuita, são duas incidências do ITCMD, uma 
pela sucessão causa mortis e outra considerada doação). 
 
PRESSUPOSTOS 
 
a) Capacidade jurídica plena do renunciante: não basta a capacidade 
genérica; tem que haver a capacidade para alienar – a renúncia 
feita pelo representante do incapaz somente terá validade 
mediante prévia autorização do juiz (o representante não tem 
poderes para alienar – ver CC, arts. 1.691 e 1.750); 
 
 
b) Anuência do cônjuge (outorga conjugal): exceto se o regime de 
bens for o da separação absoluta (CC, art. 1.647, I): o direito à 
sucessão aberta é considerado bem imóvel, por determinação 
legal (CC, art. 80, II). Matéria controvertida nos tribunais (o 
herdeiro não pratica ato de disposição, mas de não aceitação). 
 
 
 
PRESSUPOSTOS 
 
c) Não pode prejudicar os credores (CC, art. 1.813) 
 
- Os credores poderão, com autorização do juiz, aceitar a herança em 
nome do renunciante. 
 
- Esse direito deverá ser exercido em até 30 dias da ciência inequívoca 
da renúncia (prazo decadencial) 
 
- Não há necessidade de prova de intuito fraudulento, bastando a da 
necessidade do quinhão hereditário para assegurar o pagamento das 
dívidas. 
 
 
 
 
PRESSUPOSTOS 
 
c) Não pode prejudicar os credores (CC, art. 1.813) 
 
- Pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao 
remanescente, que será devolvido aos demais herdeiros (§2º). 
 
- Lei de Falências, art. 129: “são ineficazes em relação à massa falida, 
tenha ou não o contratante conhecimento do estado de crise 
econômico-financeira do devedor, seja ou não intenção deste fraudar 
credores: ... V – a renúncia à herança ou a legado, até dois anos antes 
da decretação da falência”. Ação revocatória dentro do prazo de 3 
anos a partir da decretação da falência. 
 
 
EFEITOS DA RENÚNCIA 
 
 
A) Exclusão, da sucessão, do herdeiro renunciante, que será tratado 
como se jamais houvesse sido chamado (CC, art. 1.811, primeira parte: 
“ninguém pode suceder, representando herdeiro renunciante”). 
 
 
- “Se, porém, ele for o único legítimo da sua classe, ou se todos os 
outros da mesma classe renunciarem a herança, poderão os filhos vir à 
sucessão, por direito próprio, e por cabeça” (CC, art. 1.811, segunda 
parte). 
 
 
 
 
 
EFEITOS DA RENÚNCIA 
 
B) Acréscimo da parte do renunciante à dos outros herdeiros da 
mesma classe: 
 
- “Na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce à dos outros 
herdeiros de mesma classe” (CC, art. 1.810, primeira parte). 
 
- Sendo o renunciante o único da sua classe (a dos descendentes), 
devolve-se a herança aos da subsequente (segunda parte). 
 
 
 
 
EFEITOS DA RENÚNCIA 
C) Proibição da sucessão por direito de representação. 
 
- Ocorre a sucessão por direito próprio quando a herança é deferida ao 
herdeiro mais próximo. Dá-se a sucessão por representação “quando a 
lei chama certos parentes do falecido a suceder em todos os direitos, 
em que ele sucederia, se vivo fosse” (CC, art. 1.851). 
 
D) Na sucessão testamentária, a renúncia do herdeiro acarreta a 
caducidade da instituição, salvo se o testador tiver indicado substituto 
(CC, art. 1.947) ou houver direito de acrescer entre os herdeiros (art. 
1.943). 
 
 
INVALIDADE E INEFICÁCIA DA RENÚNCIA 
-Invalidade absoluta: se a renúncia não houver sido feita por escritura 
pública ou termo judicial, ou quando manifestada por pessoa 
absolutamente incapaz, não representada, e sem autorização judicial. 
 
-Invalidade relativa: quando proveniente de erro, dolo ou coação, a 
ensejar a anulação do ato por vício de consentimento, ou quando 
realizada sem a anuência do cônjuge, se o renunciante for casado em 
regime que não seja o da separação absoluta de bens (CC, art. 1.649). 
 
-Ineficácia: pode ocorrer pela suspensão temporária dos seus efeitos 
pelo juiz, a pedido dos credores prejudicados, que não precisam 
ajuizar ação revocatória, nem anulatória, a fim de se pagarem (CC, art. 
1.813). 
 
 
 
IRRETRATABILIDADE DA RENÚNCIA 
- “São irrevogáveis os atos de aceitação ou de renúncia da herança” 
(CC, art. 1.812). 
 
- A renúncia é irretratável porque retroage à data da abertura da 
sucessão, presumindo-se que os outros herdeiros, por ela beneficiados 
tenham herdado na referida data. 
 
“Vinculando os dois atos – aceitação e renúncia – num só dispositivo, 
o legislador não só garantiu – via irrevogabilidade – a repercussão de 
efeitos de um ato sobre o outro, como também colocouno mesmo 
patamar a ocorrência da manifestação de vontade do titular de 
direitos sucessórios, cerceando-lhe qualquer possibilidade de 
arrependimento, inadmissível nessas matérias” (EDUARDO DE 
OLIVEIRA LEITE). 
 
 
 
EXERCÍCIO PRÁTICO 
(XVI Exame de Ordem - 2015) Márcia era viúva e tinha três filhos: 
Hugo, Aurora e Fiona. Aurora, divorciada, vivia sozinha e tinha dois 
filhos, Rui e Júlia. Márcia faleceu e Aurora renunciou à herança da 
mãe. Sobre a divisão da herança de Márcia, assinale a afirmativa: 
(A) Diante da renúncia de Aurora, a herança de Márcia deve ser 
dividida entre Hugo e Fiona, cabendo a cada um metade da herança. 
(B) Diante da renúncia de Aurora, a herança de Márcia deve ser 
dividida entre Hugo, Fiona, Rui e Júlia, em partes iguais, cabendo a 
cada um 1/4 da herança. 
(C) Diante da renúncia de Aurora, a herança de Márcia deve ser 
dividida entre Hugo, Fiona, Rui e Júlia, cabendo a Hugo e Fiona 1/3 da 
herança, e a Rui e Júlia 1/6 da herança para cada um. 
(D) Aurora não pode renunciar à herança de sua mãe, uma vez que tal 
faculdade não é admitida quando se tem descendentes de primeiro 
grau. 
 
 
EXERCÍCIO PRÁTICO 
Marco Antônio, solteiro, maior e capaz, resolve lavrar testamento público, a fim de 
dispor sobre seus bens. 
Tendo em vista que os seus únicos herdeiros são os seus dois filhos maiores e capazes, 
Júlio e Joel, ambos solteiros e sem filhos, e considerando-se que o patrimônio de Marco 
Antônio corresponde a dois imóveis de igual valor, dois automóveis de igual valor e R$ 
100.000,00 em depósito bancário, ele assim dispõe sobre os seus bens no testamento: 
deixa para Júlio um imóvel, um automóvel e metade do montante depositado na conta 
bancária e, de igual sorte, deixa para Joel um imóvel, um automóvel e metade do 
montante depositado na conta bancária. 
Logo após ter ciência da lavratura do testamento público por seu pai, Júlio decide 
imediatamente lavrar escritura pública por meio da qual renuncia expressamente 
apenas ao automóvel, aceitando receber o imóvel, bem como metade do montante 
depositado em conta bancária. Para tanto, afirma Júlio que há diversas multas por 
infrações de trânsito e dívidas de impostos em relação ao automóvel, razão pela qual 
não lhe interessa herdar esse bem. 
Tomando conhecimento da lavratura da escritura pública de renúncia por Júlio, Marco 
Antônio e Joel decidem consultar um advogado. 
Na condição de advogado (a) consultado(a) por Marco Antônio e Joel, responda aos 
itens a seguir, utilizando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal 
pertinente ao caso. 
A) Poderia Júlio renunciar à herança no momento por ele escolhido? 
B) Independentemente da resposta dada ao item anterior, poderia Júlio renunciar 
exclusivamente ao automóvel, recebendo os demais bens? 
(VII Exame de Ordem Unificado – jul/2012). 
 
 
EXERCÍCIO PRÁTICO 
Maria faleceu deixando a mãe Joana, 3 filhos (Marcos, João e André) e 
6 netos (2 filhos de Marcos, 3 de João e 1 de André). Maria deixou 6 
imóveis de mesmo valor a inventariar. 
Explique e fundamente como se daria a sucessão de Maria nas 
seguintes hipóteses: 
 
a) sucessão regular (legítima); 
b) se Marcos renunciasse à herança (renúncia abdicativa); 
c) se Marcos tivesse falecido antes da mãe Maria; 
d) se Marcos, João e André renunciassem à herança (renúncia 
abdicativa); 
e) se todos os filhos de Maria renunciassem à herança e esta não 
tivesse netos. 
 
 
PETIÇÃO DE HERANÇA – ARTIGOS 1.824 A 1.828 DO CC 
- “O herdeiro pode, em ação de petição de herança, demandar o 
reconhecimento de seu direito sucessório, para obter a restituição da 
herança, ou de parte dela, contra quem, na qualidade de herdeiro, ou 
mesmo sem título, a possua” (CC, art. 1.824). 
 
- “A petição de herança é ação que tem por finalidade, em primeiro lugar, 
o reconhecimento do direito sucessório do herdeiro, a declaração de sua 
qualidade de herdeiro. Em segundo lugar, pelo mesmo provimento, a 
restituição da herança como universalidade. Essa dupla pretensão deve 
ser deduzida contra quem, na qualidade de herdeiro, ou mesmo sem 
título, esteja exercendo a posse direta sobre a herança” (MAURO 
ANTONINI) – pretensões declaratória e reivindicatória. 
 
- Exemplos: investigação de paternidade post mortem cumulada com 
petição de herança; herança deferida a ascendentes do de cujus, 
apurando-se posteriormente que havia deixado um descendente; 
companheiro(a) não incluído no inventário/partilha. 
 
 
PETIÇÃO DE HERANÇA – ARTIGOS 1.824 A 1.828 DO CC 
- Não é ação de estado (imprescritível e indisponível), pois visa a 
propósitos nitidamente pecuniários e não, propriamente, ao estado de 
pessoa. A ação de estado é premissa da petição de herança, quando o 
título de herdeiro depende da prova de parentesco. 
 
- Prazo prescricional: 10 anos (CC, art. 205), contados da abertura da 
sucessão. Súmula nº 149 do STF: “É imprescritível a ação de 
investigação de paternidade, mas não o é a de petição de herança”. 
 
- Competência: foro do inventário, enquanto não ultimada a partilha. 
Feita a partilha, a ação deve ser dirigida contra os possuidores 
indevidos dos bens hereditários, seguindo-se as regras gerais de 
competência. 
 
 
PETIÇÃO DE HERANÇA – ARTIGOS 1.824 A 1.828 DO CC 
 
- A demanda envolve discussão sobre a qualidade de herdeiro. 
 
- Trata-se de ação real e universal, porque busca a universalidade da 
herança ou de parte dela (CC, art. 1.825). Pode ser movida no curso do 
inventário e da partilha, bem como posteriormente a ela. 
 
- Somente se faz necessária quando houver pretensão resistida. Até a 
partilha, qualquer interessado pode ser admitido como herdeiro no 
inventário (NCPC, art. 628). 
 
PETIÇÃO DE HERANÇA – ARTIGOS 1.824 A 1.828 DO CC 
 
- A demanda deve ser intentada em face do possuidor dos bens 
hereditários (CC, art. 1.826), o qual está obrigado à restituição dos 
bens do acervo, fixando-se sua responsabilidade conforme os 
princípios de possuidor de boa ou má-fé, no tocante às benfeitorias e 
frutos (CC, arts. 1.214 a 1.222). 
 
- Benfeitorias indenizáveis: necessárias ou úteis - direito de retenção 
(possuidor de boa-fé); necessárias (possuidor de má-fé); voluptuárias 
(possuidor de boa-fé; podem ser levantadas desde que sem 
detrimento da coisa). CC, arts. 96, 1.219 e 1.220. 
 
PETIÇÃO DE HERANÇA – ARTIGOS 1.824 A 1.828 DO CC 
- A boa ou a má-fé será definida no curso da ação. O conhecimento 
pelo possuidor da condição de herdeiro do reivindicante é o divisor de 
águas da boa ou má-fé. A partir da citação, presume-se a má-fé (CC, 
art. 1.826, parágrafo único). 
 
 
- CC, art. 1.827: “O herdeiro pode demandar os bens da herança, 
mesmo em poder de terceiros, sem prejuízo da responsabilidade do 
possuidor originário pelo valor dos bens alienados. 
Parágrafo único: São eficazes as alienações feitas, a título oneroso, 
pelo herdeiro aparente a terceiro de boa-fé”. 
PETIÇÃO DE HERANÇA – ARTIGOS 1.824 A 1.828 DO CC 
- Herdeiro aparente (possuidor pro herdere) é quem se apresenta com 
título de herdeiro ou o que ostenta, perante todos, a situação de 
herdeiro, embora não o seja. É reputado herdeiro legítimo, por força 
de erro comum ou geral. 
 
- Provada a boa-fé do terceiro possuidor, as alienações são eficazes. 
Caberá ao herdeiro voltar-se contra o possuidor originário que 
transferira a herança com a aparência de herdeiro. 
 
- O pagamento do legado é ônus do herdeiro. Agindo de boa-fé e 
pagando um legado indevido (por exemplo, um testamento declarado 
nulo), o herdeiro não será obrigado ao reembolso, mas ressalva-se ao 
herdeiro verdadeiro o direito de reivindicar contra o legatário (CC, art. 
1.828). 
PETIÇÃO DE HERANÇA – ARTIGOS 1.824 A 1.828 DO CC 
 
EFEITOSDA SENTENÇA: 
 
“Reconhecida a qualidade hereditária do autor da petição de herança, 
deflui como efeito natural e principal a transmissão da titularidade do 
patrimônio deixado em seu favor. A procedência da ação, decretada 
em sentença transitada em julgado, gera o reconhecimento da 
ineficácia da partilha em relação ao autor da ação, dispensada a sua 
anulação. Basta o simples pedido de retificação da partilha realizada 
anteriormente” (CARLOS ROBERTO GONÇALVES). 
CESSÃO DA HERANÇA 
 
- Aberta a sucessão (morte), surge a herança e a figura do herdeiro, o qual 
passa, imediatamente, a ser titular (saisine) dos direitos hereditários 
(universalidade da herança). 
 
 
- O herdeiro pode alienar tal patrimônio, desde que não haja restrição de 
inalienabilidade. Não é necessário esperar nem mesmo a abertura do 
inventário (aceitação tácita da herança). 
 
 
- “Desse modo, o herdeiro legítimo ou testamentário pode ceder, gratuita 
ou onerosamente, seus direitos hereditários, transferindo-se a outrem, 
herdeiro, legatário ou pessoa estranha à herança. É o que se denomina 
cessão da herança (ou cessão de direitos hereditários, como é preferido 
na prática forense) – VENOSA. 
 
 
 
CESSÃO DA HERANÇA 
 
- A cessão de direitos hereditários só pode ser celebrada depois da 
abertura da sucessão, sob pena de nulidade (CC, arts. 426 e 166, II e 
VII). Antes da abertura da sucessão a cessão configuraria pacto 
sucessório, contrato que tem por objeto a herança de pessoa viva 
(pacta corvina), vedado pelo ordenamento jurídico. 
 
- A cessão não pode ser feita depois de julgada a partilha, uma vez que 
a indivisão estará extinta e cada herdeiro será dono dos bens que 
couberem no seu quinhão. Nesse caso, não há que se falar em cessão 
de direitos, aplicável aos bens incorpóreos, mas sim de compra e 
venda. 
 
CESSÃO DA HERANÇA 
 
- Disposições aplicáveis: CC, arts. 1.793 a 1.795. 
 
- CC, artigo 1.793, caput: podem ser cedidos “o direito à sucessão 
aberta” (ainda não houve aceitação da herança) ou “o quinhão de que 
disponha o coerdeiro” (herança já aceita). 
 
- Forma: ESCRITURA PÚBLICA e OUTORGA CONJUGAL. O direito à 
herança é considerado pela lei como BEM IMÓVEL, ainda que os bens 
que a componham sejam móveis ou direitos pessoais (CC, arts. 80, II; 
1.793, 1.647, caput e inciso I; e 166, IV). 
 
CESSÃO DA HERANÇA 
- O cessionário recebe a herança no estado em que se encontra, 
correndo, portanto, os riscos de ser mais ou menos absorvida pelas 
dívidas. O cedente garante a existência do direito cedido, não a sua 
extensão ou quantidade dos bens, a não ser que haja ressalva 
expressa. Dado o caráter aleatório da cessão, não responde o cedente 
pela evicção. 
 
- Na prática, é comum ao cedente garantir determinada coisa ao 
cessionário. Se este não vier a receber o prometido e for impossível a 
execução específica, a questão resolver-se-á em perdas e danos. 
 
- O cessionário assume o lugar e a posição jurídica do cedente, ficando 
sub-rogado em todos os direitos e obrigações, como se fosse o próprio 
herdeiro, recebendo, desse modo, na partilha, o que o herdeiro 
cedente haveria de receber. 
CESSÃO DA HERANÇA 
- A cessão não pode prejudicar os credores do espólio, permitindo-se a 
estes que acionem o cedente, mesmo que o cessionário assuma a 
dívida, já que os credores não participaram do negócio (a figura do 
devedor não pode ser substituída sem a anuência do credor). A cessão 
da herança pode configurar FRAUDE CONTRA CREDORES (nulidade 
relativa), passível de ação pauliana (CC, arts. 158 a 165). 
 
- A cessão abrange, em princípio, apenas os direitos hereditários 
havidos até a data de sua realização. Se depois dela, houver em favor 
do cedente substituição ou direito de acrescer (ex.: renúncia de 
coerdeiro – art. 1.810 do CC), os direitos daí resultantes presumem-se 
não abrangidos no ato de alienação (CC, art. 1.793, §1º). 
CESSÃO DA HERANÇA 
 
- O cessionário adquire uma universalidade (aquisição a título 
universal), porque recebe uma quota-parte do patrimônio. Por isso, a 
escritura pública de cessão de direitos hereditários não pode ser 
objeto de matrícula no registro imobiliário, por lhe faltar um dos 
requisitos essenciais, ou seja, a especialidade objetiva. 
 
- O coerdeiro somente pode ceder quota-parte ou parcela de quota-
parte naquele complexo hereditário, mas nunca um ou mais bens 
determinados, sob pena de ineficácia da cessão (CC, art. 1.793, §§ 2º e 
3º). 
 
CESSÃO DA HERANÇA 
- Direito de preferência do coerdeiro: CC, art. 1.794: “O coerdeiro não 
poderá ceder a sua quota hereditária a pessoa estranha à sucessão, se 
outro coerdeiro a quiser, tanto por tanto”. Os coerdeiros têm direito 
indivisível à propriedade e posse da herança, aplicando-se-lhes as 
normas relativas ao condomínio (CC, art. 1.791). A orientação legal é 
no sentido de evitar o ingresso de estranho no condomínio, 
preservando-o de futuros litígios e inconvenientes. 
 
- O coerdeiro preterido pode exercer o seu direito de preferência 
(prelação) pela ação de preempção, ajuizando-a no prazo decadencial 
de 180 dias, contados da data em que teve ciência da alienação, e na 
qual fará o depósito do preço pago, havendo para si a parte vendida 
ao terceiro (CC, art. 1.795). A preferência somente pode ser exercida 
nas cessões onerosas. 
 
EXCLUSÃO POR INDIGNIDADE 
 
 
- Ser herdeiro – legítimo ou testamentário – resulta de uma relação de 
afeto, consideração e respeito entre o de cujus e o sucessor. 
 
- A quebra dessa afetividade, mediante a prática de atos inequívocos de 
desapreço e menosprezo para com o autor da herança, e mesmo de atos 
reprováveis ou delituosos contra a sua pessoa, torna o herdeiro ou o 
legatário indignos de recolher os bens hereditários (sanção civil 
independente da sanção penal). 
 
- É a ingratidão incompatível com a sucessão, em face do autor da herança 
ou familiares próximos dele. 
 
 
 
 
 
EXCLUSÃO POR INDIGNIDADE 
 
 
- A indignidade se aplica a todos os tipos de sucessores: herdeiros 
legítimos e testamentários, e legatários. 
 
 
- Aplica-se também à cota hereditária que o cônjuge vier a receber em 
concorrência com os descendentes ou ascendentes (CC, art. 1.829, I e 
II), mas não à meação do cônjuge sobrevivente, pois esta preexiste à 
sucessão e decorre do regime de bens do casamento. 
 
 
 
PRESSUPOSTOS 
 
- A exclusão da sucessão por indignidade pressupõe: 
 
 
a) seja o herdeiro ou legatário incurso em casos legais de indignidade; 
 
b) não tenha ele sido reabilitado pelo de cujus; 
 
c) haja uma sentença declaratória de indignidade. 
 
 
* A demanda visando a exclusão do sucessor deve ser proposta em até 4 
anos (prazo decadencial), contados da abertura da sucessão (CC, art. 
1.815, parágrafo único). Legitimação ativa: interesse econômico ou moral 
– defesa da dignidade do morto. MP? Credores do herdeiro que seria 
beneficiado com a exclusão de outro? 
 
 
CAUSAS 
 
- Os atos ofensivos que caracterizam a indignidade encontram-se 
enumerados no artigo 1.814 do CC. 
 
 
- Os casos de indignidade consagram uma tipicidade delimitativa, 
comportando analogia limitada. 
 
 
- Isso significa ser preciso verificar os valores que se pretendeu defender 
na tipicidade legal, permitindo que, para situações nas quais esses 
mesmos valores estejam em jogo, possa ser aplicada idêntica solução legal 
(JOSÉ DE OLIVEIRA ASCENSÃO). 
 
 
 
 
CAUSAS DE EXCLUSÃO POR INDIGNIDADE 
– CC, ART. 1.814 
 
- São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários: 
 
A) Que houverem sido autores, coautores ou partícipes de homicídio 
doloso, ou tentativa deste, contra o autor da herança,cônjuge, 
companheiro, ascendente ou descendente (inciso I): 
 
• exige-se o dolo; 
• dispensa-se a condenação criminal; 
• não se suspende o processo civil para se aguardar a condenação 
criminal; 
• a sentença penal condenatória ou absolutória faz coisa julgada no juízo 
cível; a prescrição da pretensão executória penal não retira os reflexos da 
condenação penal para o juízo cível (CC, art. 935); 
• a legítima defesa, o estado de necessidade e o exercício regular de um 
direito excluem o crime e, portanto, a indignidade; 
• os absolutamente incapazes ficam isentos da sanção por indignidade; a 
pena civil subiste para os relativamente incapazes, pois estes têm 
discernimento (ex.: homicídio praticado por adolescente). 
 
 
CAUSAS DE EXCLUSÃO POR INDIGNIDADE 
– CC, ART. 1.814 
- São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários: 
 
B) Que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da 
herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu 
cônjuge ou companheiro (inciso II): 
 
• denunciação caluniosa do de cujus em juízo (CP, art. 339); 
• não basta a acusação perante a polícia ou outra repartição pública: 
tem que ser em juízo penal, seja perante o juiz, seja mediante 
representação ao MP; 
• crimes de calúnia, difamação e injúria (CP, arts. 138 a 140); 
• é admissível a perpretação de crime contra a honra mesmo quando 
já falecida a vítima (CP, art. 138, §2º); 
• não há necessidade de condenação criminal. 
 
CAUSAS DE EXCLUSÃO POR INDIGNIDADE 
– CC, ART. 1.814 
- São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários: 
 
C) Que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o 
autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de 
última vontade (inciso III): 
 
• violência (ação física) ou fraude (ação psicológica); 
• a regra é aplicável também ao sucessor que, maliciosamente, altera, 
falsifica, inutiliza ou oculta o testamento; 
• a fraude e a violência, sendo vícios de consentimento, podem ensejar 
a decretação de nulidade relativa do testamento. Não obstante, o 
indigno sofrerá a pena em que incorre por sua atuação típica. 
 
 
 
REABILITAÇÃO OU PERDÃO DO INDIGNO 
- “Aquele que incorreu em atos que determinem a exclusão da 
herança será admitido a suceder, se o ofendido o tiver expressamente 
reabilitado em testamento, ou em outro ato autêntico” (CC, art. 
1.818). 
 
- O perdão é ato solene. Uma vez concedido torna-se irretratável, sob 
pena de tolerar-se arrependimento no perdão, o que não seria moral. 
 
- Ato autêntico é qualquer declaração, por instrumento público ou 
particular, com autenticidade aferido pelo escrivão. Não têm valor: 
escritura particular, declarações verbais ou de próprio punho, cartas 
etc. 
 
- É admitido o perdão tácito somente na via testamentária (CC, art. 
1.818, parágrafo único). A herança ficará limitada às deixas 
testamentárias. 
 
EFEITOS DA EXCLUSÃO 
 
- são pessoais os efeitos da exclusão (CC, art. 1.816), não prejudicando 
seus descendentes, sob o princípio de que a pena não pode passar da 
pessoa do delinquente; 
 
 
- os efeitos da sentença retroagem à data da abertura da sucessão; o 
indigno tem que restituir os frutos e rendimentos que dos bens da 
herança houver percebido, mas tem o direito de ser indenizado das 
despesas com a conservação deles (CC, art. 1.817, parágrafo único). 
Assemelha-se ao possuidor de má-fé; 
 
 
- o indigno não terá direito ao usufruto e administração dos bens que 
passem aos filhos menores (CC, arts. 1.689, I e II e 1.816). 
 
 
 
VALIDADE DOS ATOS PRATICADOS PELO EXCLUÍDO 
- “São válidas as alienações onerosas de bens hereditários a terceiros 
de boa-fé, e os atos de administração legalmente praticados pelo 
herdeiro, antes da sentença de exclusão; mas aos herdeiros subsiste, 
quando prejudicados, a direito de demandar-lhe perdas e danos” (CC, 
art. 1.817, caput). 
 
-Em rigor, a sentença de exclusão retroage para todos os demais 
efeitos, exceto para invalidar os atos de disposição praticados pelo 
indigno. Na proteção da boa-fé, o legislador acaba atribuindo efeitos à 
aparência. 
 
- Os negócios a título oneroso feitos com terceiros de boa-fé (que não 
têm conhecimento da indignidade) são eficazes – CC, art. 1.827, 
parágrafo único. 
 
 
 
FALTA DE LEGITIMAÇÃO PARA SUCEDER, INDIGNIDADE E DESERDAÇÃO 
 
- A falta de legitimação para suceder é a inaptidão de alguém para receber 
a herança, por motivos de ordem geral, independente de seu mérito ou 
demérito. Quem não tem legitimidade não adquire, a qualquer tempo, os 
bens deixados pelo falecido. 
 
 
- A exclusão por indignidade é a perda da aptidão para receber a herança 
por culpa do beneficiado. O indigno recebe a herança e a conserva até que 
passe em julgado a sentença que o exclui da sucessão. 
 
 
- Deserdação: “Os herdeiros necessários podem ser privados de sua 
legítima, ou deserdados, em todos os casos em que podem ser excluídos 
da sucessão” (CC, art. 1.961). 
 
 
 
 
DESERDAÇÃO – CC, ARTS. 1.961 A 1.965 
 
- “Só existe deserdação no testamento, e seu fim específico é afastar 
os herdeiros necessários da herança, suprimindo-lhes qualquer 
participação, tirando-lhes a legítima, ou seja, a metade da herança 
que, afora tal situação, não pode ser afastada pelo testamento” 
(VENOSA). 
 
- A deserdação é específica para afastar os herdeiros necessários, 
porque para afastar os herdeiros não necessários basta que o testador 
não os beneficie no ato de última vontade. 
 
 
DESERDAÇÃO – CC, ARTS. 1.961 A 1.965 
 
 
- Somente com expressa declaração de causa pode a deserdação ser 
ordenada em testamento (CC, art. 1.964). Basta apontar a hipótese 
legal, sem necessidade de narrar o fato que lhe deu causa, com suas 
circunstâncias. 
 
 
- A deserdação somente pode ser referir a fatos ocorridos antes do 
testamento. 
DESERDAÇÃO – CC, ARTS. 1.961 A 1.965 
 
- Ao herdeiro instituído, ou àquele a quem aproveite a deserdação, 
incumbe provar a veracidade da causa alegada pelo testador (CC, art. 
1.965). Ação de deserdação. 
 
- Somente se reconhecida por sentença como verdadeira a causa 
declarada pelo testador, o deserdado será excluído da sucessão. 
 
- O direito de provar a causa da deserdação extingue-se no prazo de 4 
anos, a contar da data da abertura do testamento (parágrafo único). 
 
DESERDAÇÃO – CC, ARTS. 1.961 A 1.965 
 
- Além das causas enumeradas no artigo 1.814 do CC, autorizam a 
deserdação dos descendentes por seus ascendentes (art. 1.962): 
 
a) ofensa física; 
b) injúria grave; 
c) relações ilícitas com a madrasta ou o padrasto; 
d) desamparo do ascendente em alienação mental ou grave 
enfermidade. 
 
 
 
DESERDAÇÃO – CC, ARTS. 1.961 A 1.965 
 
- Além das causas enumeradas no artigo 1.814 do CC, autorizam a 
deserdação dos ascendentes pelos descendentes (art. 1.963): 
 
a) ofensa física; 
b) injúria grave; 
c) relações ilícitas com a mulher ou companheira do filho ou a do 
neto, ou com o marido ou companheiro da filha ou da neta; 
d) desamparo do filho ou neto com deficiência mental ou grave 
enfermidade. 
 
 
 
INDIGNIDADE X DESERDAÇÃO 
 
- a indignidade decorre da lei (causa impessoal); na deserdação, é o 
autor da herança quem pune o responsável, em testamento (vontade 
direta); 
 
- a indignidade pode atingir todos os sucessores, legítimos e 
testamentários, enquanto a deserdação é utilizada pelo testador para 
afastar de sua sucessão os herdeiros necessários (descendentes, 
ascendentes e cônjuge). Deserdação é privação da legítima; 
 
- a exclusão por indignidade é postulada por terceiros interessados em 
ação própria e obtida mediante sentençajudicial; a deserdação, 
todavia, dá-se por testamento, com expressa declaração da causa. 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
Código Civil, artigo 1.786: 
 
“A sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade”. 
 
SUCESSÃO LEGÍTIMA 
 
 
 “POR LEI” 
 
 
SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA 
 
 
 “POR DISPOSIÇÃO DE ÚLTIMA VONTADE” 
 
 
DEFINIÇÃO 
- “Sucessão legítima é aquela na qual os herdeiros são designados 
diretamente pela lei, sem concurso na manifestação de vontade do 
autor da herança. Contrapõe-se à sucessão testamentária, na qual são 
designados pelo autor da herança, em testamento ou codicilo” 
(MAURO ANTONINI). 
 
- “Morrendo, portanto, a pessoa ab intestato, transmite-se a herança a 
seus herdeiros legítimos, expressamente indicados na lei (CC, art. 
1.829), de acordo com uma ordem preferencial, denominada ordem 
de vocação hereditária. Costuma-se dizer, por isso, que a sucessão 
legítima representa a vontade presumida do de cujus de transmitir o 
seu patrimônio para as pessoas indicadas na lei, pois teria deixado 
testamento se outra fosse a intenção” (CARLOS ROBERTO 
GONÇALVES). 
 
 
 
VOCAÇÃO HEREDITÁRIA 
 
- Dá-se a sucessão legítima ou ab intestato em caso de inexistência, 
invalidade ou caducidade do testamento e, também, em relação aos 
bens nele não compreendidos. 
 
- Na sucessão legítima, a lei defere a herança a pessoas da família do 
de cujus e, na falta destas, ao Poder Público. 
 
- A sucessão testamentária pode conviver com a legal ou legítima, em 
havendo herdeiro necessário, a quem a lei assegura o direito à 
legítima, ou quando o testador dispõe apenas parte de seus bens. 
 
VOCAÇÃO HEREDITÁRIA 
- “O chamamento dos sucessores é feito de acordo com uma 
sequência denominada ordem de vocação hereditária. Consiste esta, 
portanto, na relação preferencial pela qual a lei chama determinadas 
pessoas à sucessão hereditária”. 
 
- “O chamamento é feito por classes, sendo que a mais próxima exclui 
a mais remota. Por isso diz-se que tal ordem é preferencial.” 
 
- “A primeira classe é a dos descendentes. Havendo alguém que a ela 
pertença, afastados ficam todos os herdeiros pertencentes às 
subsequentes, salvo a hipótese de concorrência com cônjuge 
sobrevivente ou com companheiro. Dentro de uma mesma classe, a 
preferência estabelece-se pelo grau: o mais afastado é excluído pelo 
mais próximo. Se, por exemplo, concorrem descendentes, o filho 
prefere ao neto” (CARLOS ROBERTO GONÇALVES). 
 
ORDEM DE VOCAÇÃO HEREDITÁRIA 
Código Civil, art. 1.829: 
 
“A sucessão legítima defere-se na seguinte ordem: 
 
I – aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, 
salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, 
ou no de separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); 
ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver 
deixado bens particulares; 
 
II – aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; 
 
III – ao cônjuge sobrevivente; 
 
IV – aos colaterais.” 
HERDEIROS NECESSÁRIOS 
 
Código Civil, art. 1.845: 
 
 
“São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o 
cônjuge” 
 
 
HERDEIROS NECESSÁRIOS 
“Há herdeiros ditos necessários: os que não podem ser afastados 
totalmente da sucessão. São, na lei de 1916, os descendentes e 
ascendentes (art. 1.721). No Código de 2002, atendendo aos reclamos 
sociais, o cônjuge também está colocado como herdeiro necessário, 
quando herdeiro for considerado (art. 1.845). Havendo essas classes 
de herdeiros, fica-lhes assegurada, ao menos, metade dos bens da 
herança. É o que se denomina legítima dos herdeiros necessários. A 
outra metade fica livre para o testador dispor como lhe aprouver” 
(VENOSA). 
HERDEIROS NECESSÁRIOS 
 
“Herdeiro necessário (legitimário ou reservatário) é o descendente ou 
ascendente sucessível e o cônjuge (art. 1.845), ou seja, todo parente 
em linha reta não excluído da sucessão por indignidade ou 
deserdação, bem como o cônjuge, que só passou a desfrutar dessa 
qualidade no Código Civil de 2002, constituindo tal fato importante 
inovação” (CARLOS ROBERTO GONÇALVES). 
 
SUCESSÃO POR CABEÇA 
 
 
- Na sucessão por cabeça, a partilha é feita mediante atribuição de 
cotas iguais a cada um dos herdeiros da mesma classe e grau. 
 
 
 
- A sucessão ocorre por direito próprio. 
 
 
SUCESSÃO POR CABEÇA 
 
- Se o autor da herança deixa três filhos vivos, a herança será 
partilhada em três, atribuindo-se a cada um deles a terça parte, por 
cabeça. 
 
 
 
- CC, art. 1.835: “Na linha descendente, os filhos sucedem por cabeça, 
e os outros descendentes, por cabeça ou por estirpe, conforme se 
achem ou não no mesmo grau”. 
 
SUCESSÃO POR CABEÇA 
 
 
- A vontade da lei foi manter o equilíbrio na distribuição da herança 
entre os herdeiros descendentes. Quem está no grau mais próximo 
descendente do falecido recebe sua parte da herança por direito 
próprio, por cabeça. Quando há desigualdade de graus, os de graus 
mais distantes recebem por estirpe (VENOSA). 
 
 
 
DIREITO DE REPRESENTAÇÃO (SUCESSÃO POR ESTIRPE) 
 
- A sucessão por estirpe se dá nos casos em que há concorrência de 
herdeiros de graus diferentes dentro da mesma classe, os de grau mais 
remoto chamados por direito de representação. 
 
- CC, art. 1.851: “ Dá-se o direito de representação, quando a lei 
chama certos parentes do falecido a suceder em todos os direitos, em 
que ele sucederia, se vivo fosse.” 
 
- Trata-se de exceção ao princípio de que os herdeiros de graus mais 
próximos excluem os de grau mais remoto. 
 
 
DIREITO DE REPRESENTAÇÃO (SUCESSÃO POR ESTIRPE) 
 
 
- CC, art. 1.854. “Os representantes só podem herdar, como tais, o que 
herdaria o representado, se vivo fosse”. 
 
- CC, art. 1.855. “O quinhão do representado partir-se-á por igual entre 
os representantes”. 
 
- Nas taxativas hipóteses legais, são chamados a suceder os parentes 
de um herdeiro que morreu antes do de cujus. Esses parentes herdam 
tudo o que o herdeiro pré-morto herdaria se estivesse vivo, em 
concorrência com os herdeiros sobreviventes do mesmo grau. 
 
 
DIREITO DE REPRESENTAÇÃO (SUCESSÃO POR ESTIRPE) 
 
- É o caso, por exemplo, do autor da herança com três filhos, um deles 
pré-morto, que por sua vez deixou dois filhos, netos do de cujus. 
 
- Nesse caso, há sucessão na linha reta descendente, hipótese para a 
qual a lei prevê direito de representação (art. 1.852). Por conseguinte, 
a herança é dividida em três partes. 
 
- Os dois filhos sobreviventes herdam uma terça parte da herança, por 
cabeça. 
 
- Os dois netos, filhos do herdeiro pré-morto, recebem a parte que 
este receberia se vivo estivesse. Os netos herdam por estirpe” 
(MAURO ANTONINI). 
 
 
DIREITO DE REPRESENTAÇÃO (SUCESSÃO POR ESTIRPE) 
 
 
 
- CC, art. 1.852. “O direito de representação dá-se na linha reta 
descendente, mas nunca na ascendente”. 
 
 
- Isto significa, por exemplo, que se o pai do de cujus é pré-morto, sua 
mãe receberá toda a herança. Os avós paternos não receberão por 
direito de representação. 
 
 
 
 
DIREITO DE REPRESENTAÇÃO (SUCESSÃO POR ESTIRPE) 
 
 
- CC, art. 1.853. “Na linha transversal, somente se dá o direito de 
representação em favor dos filhos de irmãos do falecido, quando com 
irmãos deste concorrerem”. 
 
 
- Na linha transversal, em regra, não há direito de representação. A 
única exceção é a dos sobrinhos do falecido,quando concorrerem com 
irmãos deste. 
 
 
 
DIREITO DE REPRESENTAÇÃO (SUCESSÃO POR ESTIRPE) 
 
 
- Se o falecido tinha, por exemplo, três irmãos, um deles pré-morto, 
este com dois filhos, sobrinhos do de cujus, a herança será dividida em 
três partes, duas delas em favor dos irmãos sobreviventes, a terceira 
em favor dos sobrinhos, que herdam por estirpe a parte que caberia 
ao pai deles se vivo fosse. 
 
 
- Se o de cujus deixa apenas sobrinhos e se um deles é também 
falecido, não herdam os filhos respectivos, porque não existe, em tal 
hipótese, direito de representação. 
 
 
 
DIREITO DE REPRESENTAÇÃO (SUCESSÃO POR ESTIRPE) 
 
- CC, art. 1.856. “O renunciante à herança de uma pessoa poderá 
representá-la na sucessão de outra”. 
 
 
- Caráter restritivo da renúncia à herança. 
 
 
- Tome-se, por exemplo, a situação do filho que renuncia à herança do 
pai. Se o avô vem a morrer, o neto poderá herdar por direito de 
representação o que o pai herdaria se vivo estivesse, apesar da 
renúncia precedente. 
DIREITO DE REPRESENTAÇÃO (SUCESSÃO POR ESTIRPE) 
 
 
- De regra, não se representa pessoa viva. 
 
 
- Exceção: exclusão do descendente por indignidade (CC, art. 1.816). 
 
 
- São diferentes os efeitos da renúncia à herança e da exclusão do 
herdeiro por indignidade. 
 
DIREITO DE REPRESENTAÇÃO (SUCESSÃO POR ESTIRPE) 
 
 
- O renunciante é considerado não existente em face da herança 
renunciada, de modo que seus descendentes não herdam por direito 
de representação, nas hipóteses legais. 
 
 
- Na indignidade, o indigno é considerado herdeiro pré-morto, como 
se tivesse morrido antes do autor da herança. Nos casos previstos em 
lei, os herdeiros do indigno herdam por direito de representação. 
SUCESSÃO NA LINHA RETA: SUCESSÃO DOS DESCENDENTES 
 
 
- A vocação dos herdeiros faz-se por classes (descendentes, 
ascendentes, cônjuge, colaterais e Estado). 
 
 
- A chamada dos herdeiros é sucessiva e excludente, isto é, só serão 
chamados os ascendentes na ausência de descendentes, só será 
chamado o cônjuge isoladamente, na ausência de ascendentes, e 
assim por diante. 
 
 
 
 
SUCESSÃO NA LINHA RETA: SUCESSÃO DOS DESCENDENTES 
 
 
- A regra geral é que, existindo herdeiros de uma classe, ficam 
afastados os das classes subsequentes. 
 
 
- “A lei, ao colocar os descendentes em primeiro lugar na sucessão, 
segue uma ordem natural e afetiva. Normalmente, os vínculos afetivos 
com os descendentes são maiores, sendo eles a geração mais jovem à 
época da morte” (VENOSA). 
 
 
 
SUCESSÃO NA LINHA RETA: SUCESSÃO DOS DESCENDENTES 
 
- CC, art. 1.833: “Entre os descendentes, os em grau mais próximo 
excluem os mais remotos, salvo o direito de representação”. 
 
- São contemplados, genericamente, todos os descendentes (filhos, 
netos, binetos etc.), porém os mais próximos em grau excluem os mais 
remotos, salvo os chamados por direito de representação. 
 
- CC, art. 1.835. “Na linha descendente, os filhos sucedem por cabeça, 
e os outros descendentes, por cabeça ou por estirpe, conforme se 
achem ou não no mesmo grau”. 
 
SUCESSÃO NA LINHA RETA: SUCESSÃO DOS DESCENDENTES 
 
- Sendo três os filhos herdeiros, todos recebem quota igual (sucessão 
por cabeça ou por direito próprio), porque se acham à mesma 
distância do pai, como parentes em linha reta. 
 
- Se um deles já faleceu (pré-morto) e deixou dois filhos, netos do de 
cujus, há diversidade em graus, e sucessão dar-se-á por estirpe, 
dividindo-se a herança em três quotas iguais: duas serão atribuídas 
aos filhos vivos e a última será subdividida em partes iguais aos dois 
netos (direito de representação). 
 
 CUIDADO: Se, no entanto, todos os filhos já faleceram, deixando 
filhos, netos do falecido, estes receberão quotas iguais, por direito 
próprio, operando-se a sucessão por cabeça, pois encontram-se todos 
no mesmo grau. 
SUCESSÃO NA LINHA RETA DE DESCENDENTES: A IGUALDADE ENTRE OS 
FILHOS E O DIREITO À SUCESSÃO 
- Antes da Constituição de 1988, havia distinção na lei entre filhos 
legítimos (casamento), ilegítimos (naturais ou espúrios), adotivos, 
adulterinos e incestuosos. 
 
- CF, art. 227, §6º. “Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, 
ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas 
quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.” 
 
- CC, art. 1.596. “Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, 
ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas 
quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação”. 
 
 
SUCESSÃO NA LINHA RETA DE DESCENDENTES: A IGUALDADE ENTRE OS 
FILHOS E O DIREITO À SUCESSÃO 
 
- ECA, art. 41, §2º. “É recíproco o direito sucessório entre o adotado, 
seus descendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e 
colaterais até o 4º grau, observada a ordem de vocação hereditária”. 
Com a adoção, desaparece todo e qualquer vínculo do adotado com os 
pais sanguíneos. 
 
- CC, art. 1.834. “Os descendentes da mesma classe* têm os mesmos 
direitos à sucessão de seus ascendentes”. 
 
• O correto seria “do mesmo grau” (há apenas uma classe de 
descendentes”). 
 
 
 
CONCORRÊNCIA SUCESSÓRIA DOS DESCENDENTES COM O CÔNJUGE 
SOBREVIVENTE 
 
- Código Civil, art. 1.829: 
 
 
“A sucessão legítima defere-se na seguinte ordem: 
 
I – aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, 
salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, 
ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); 
ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver 
deixado bens particulares. 
 
 
 
CONCORRÊNCIA SUCESSÓRIA DOS DESCENDENTES COM O CÔNJUGE 
SOBREVIVENTE 
- O cônjuge sobrevivente está em terceiro lugar na ordem de vocação 
hereditária, mas passa a concorrer em igualdade de condições com os 
descendentes do falecido, salvo quando já tenha direito à meação em 
face do regime de bens do casamento (herda quando não tem 
meação). 
 
- CC, art. 1.830. “Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge 
sobrevivente se, ao tempo da morte do outro, não estavam separados 
judicialmente, nem separados de fato há mais de dois anos, salvo 
prova, neste caso, de que essa convivência se tornara impossível sem 
culpa do sobrevivente”. A prova deve ser feita pelo cônjuge 
sobrevivente. 
 
CONCORRÊNCIA SUCESSÓRIA DOS DESCENDENTES COM O CÔNJUGE 
SOBREVIVENTE 
 
COMUNHÃO UNIVERSAL 
 
- Em regra, não há concorrência do cônjuge sobrevivente com os 
descendentes do falecido, se o regime de bens no casamento era o da 
comunhão universal. 
 
- O cônjuge sobrevivo está garantido pela meação adquirida. Sendo o 
viúvo ou a viúva titular da meação, não há razão para que seja ainda 
herdeiro, concorrendo com os filhos do falecido. 
CONCORRÊNCIA SUCESSÓRIA DOS DESCENDENTES COM O CÔNJUGE 
SOBREVIVENTE 
SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA 
 
- O regime de separação obrigatória de bens é imposto por lei às pessoas 
que contraírem o matrimônio com inobservância das causas suspensivas 
(CC, art. 1.523), forem maiores de 70 anos ou dependerem de suprimento 
judicial para casar (CC, art. 1.641). 
 
- A separação é total e permanente, atingindo inclusive os bens adquiridos 
na constância do casamento, que não se comunicam. Questão 
controvertida nos tribunais (Súmula nº 377 do STF, editada antes do CC de 
2002: “No regime da separação legal de bens, comunicam-se os 
adquiridos na constância do casamento”). 
 
- Por não admitir qualquer tipo de comunicação patrimonial, o regime de 
separação obrigatória de bens afasta o direito de concorrência comos 
descendentes, a fim de evitar burla à imposição legal. É a única exceção 
ao princípio de que, inexistindo meação, haveria concorrência. 
CONCORRÊNCIA SUCESSÓRIA DOS DESCENDENTES COM O CÔNJUGE 
SOBREVIVENTE 
 
SEPARAÇÃO CONVENCIONAL 
 
- Corrente majoritária: por não constar das ressalvas do art. 1.829, I do 
CC, o regime da separação de bens decorrente de pacto antenupcial 
leva ao direito de concorrência do cônjuge sobre a quota hereditária 
dos descendentes. 
 
 
- Corrente minoritária: a concorrência do cônjuge afrontaria a 
autonomia privada da escolha do regime de bens do casamento, 
permitindo a comunicação post mortem do patrimônio. 
CONCORRÊNCIA SUCESSÓRIA DOS DESCENDENTES COM O CÔNJUGE 
SOBREVIVENTE 
 
COMUNHÃO PARCIAL 
 
- O cônjuge não concorre com os descendentes se não há bens 
particulares do de cujus. 
 
- Se não há bens particulares, todos são comuns e, portanto, o cônjuge 
tem meação em face de todos eles. 
 
- Como está protegido pela meação em todos os bens, o cônjuge não 
necessita ser duplamente beneficiado, com meação e herança. 
CONCORRÊNCIA SUCESSÓRIA DOS DESCENDENTES COM O CÔNJUGE 
SOBREVIVENTE 
COMUNHÃO PARCIAL 
 
- Em caso de concorrência, o cônjuge terá a sua quota calculada sobre todo o espólio, 
somente com relação aos bens particulares deixados pelo falecido ou sobre os bens 
comuns? 
 
* Há uma corrente que entende que a participação do cônjuge se dará sobre todo o 
acervo, inclusive sobre os bens em que há meação, em virtude do princípio da 
indivisibilidade da herança e também porque meação não é herança (MARIA HELENA 
DINIZ). 
 
* Outra corrente (majoritária) entende que o cônjuge somente será sucessor 
(concorrente) nos bens particulares, de modo que os bens comuns, excluída a meação, 
serão repartidos exclusivamente entre os descendentes. Interpretação teleológica do 
artigo 1.829, I do CC: a lei visa privilegiar apenas os cônjuges desprovidos de meação; os 
que a têm, nos bens comuns adquiridos na constância do casamento, não necessitam 
participar da herança relativa aos mesmos. 
 
* Uma terceira corrente, com precedente no STJ, entende que a concorrência se dará 
apenas quanto aos bens comuns, pois não era vontade do falecido que seus bens 
particulares fossem usufruídos pelo cônjuge. Se fosse, teria feito pacto antenupcial ou 
deixado testamento. A concorrência deve ocorrer com relação apenas aos bens comuns, 
que geralmente são de maior expressão. 
CONCORRÊNCIA SUCESSÓRIA DOS DESCENDENTES COM O CÔNJUGE 
SOBREVIVENTE 
COMUNHÃO PARCIAL 
 
“No regime da comunhão parcial de bens, portanto, os que compõem 
o patrimônio comum do casal são divididos, não em decorrência da 
sucessão, mas tão só em virtude da dissolução da sociedade conjugal, 
operando-se, por via de consequência, a divisão dos bens, separando-
se as meações que tocavam a cada um dos membros do casal; já os 
bens particulares e exclusivos do autor da herança, relativamente aos 
quais o cônjuge sobrevivente não tem direito à meação, serão 
partilhados entre ele, sobrevivo, e os descendentes do autor da 
herança, por motivo da sucessão causa mortis” (CARLOS ROBERTO 
GONÇALVES). 
CONCORRÊNCIA SUCESSÓRIA DOS DESCENDENTES COM O CÔNJUGE 
SOBREVIVENTE 
PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS 
 
- “O legislador não omitiu intencionalmente o regime da participação 
final nos aquestos, simplesmente se esqueceu de mencioná-lo” 
(MAURO ANTONINI). 
 
- Trata-se de regime híbrido. Durante o casamento, valem as regras da 
separação total de bens, mas, na dissolução da sociedade conjugal, 
inclusive pela morte, há direito de meação nos bens adquiridos 
durante o casamento (CC, arts. 1.672 e 1.685). 
 
- Na sucessão, portanto, a situação é a mesma da comunhão parcial. 
Havendo bens particulares, haverá a concorrência com os 
descendentes. 
CONCORRÊNCIA SUCESSÓRIA DOS DESCENDENTES COM O CÔNJUGE 
SOBREVIVENTE 
RESUMO 
 
- Situações em que o cônjuge sobrevivente NÃO HERDA em 
concorrência com os descendentes: 
 
a) se judicialmente separado/divorciado do de cujus; 
b) se, separado de fato há mais de dois anos, não provar que a 
convivência se tornou insuportável sem culpa sua; 
c) se casado pelo regime da comunhão universal de bens; 
d) se casado pelo regime da separação obrigatória de bens; 
e) se, casado pelos regimes da comunhão parcial ou da participação 
final nos aquestos, o autor da herança não houver deixado bens 
particulares. 
CONCORRÊNCIA SUCESSÓRIA DOS DESCENDENTES COM O CÔNJUGE 
SOBREVIVENTE 
RESUMO 
 
- Situações em que o cônjuge sobrevivente HERDA em concorrência 
com os descendentes: 
 
a) quando casado no regime da separação convencional; 
 
 
b) quando casado nos regimes da comunhão parcial ou da 
participação final nos aquestos e o de cujus possuía bens 
particulares. 
 
CONCORRÊNCIA SUCESSÓRIA DOS DESCENDENTES COM O CÔNJUGE 
SOBREVIVENTE 
 
 
- CC, art. 1.832. “Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, I) 
caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, 
não podendo a sua quota ser inferior à quarta parte da herança, se for 
ascendente dos herdeiros com que concorrer”. 
 
 
- A concorrência restringe-se aos bens particulares do de cujus, 
devendo os bens comuns (meação) ser partilhados exclusivamente 
entre os descendentes. 
 
 
CONCORRÊNCIA SUCESSÓRIA DOS DESCENDENTES COM O CÔNJUGE 
SOBREVIVENTE 
 
- Se o casal tinha três filhos (descendentes comuns), falece o marido e 
o cônjuge é herdeiro concorrente, a herança será dividida, em partes 
iguais, entre a viúva e os filhos. Assim, o cônjuge e os filhos receberão, 
cada um, 25% da herança. 
 
- Porém, se forem quatro filhos ou mais, deverá ser reservado um 
quarto da herança ao cônjuge sobrevivente, repartindo-se os três 
quartos restantes entre os quatro ou mais filhos. 
 
RESSALVA: a reserva da quarta parte da herança ocorre apenas sobre 
os bens particulares, excluindo-se os bens sobre os quais incide a 
meação. 
 
CONCORRÊNCIA SUCESSÓRIA DOS DESCENDENTES COM O CÔNJUGE 
SOBREVIVENTE 
 
DESCENDENTES EXCLUSIVOS DO DE CUJUS: 
 
 
- No caso de descendentes exclusivos do de cujus, isto é, de não serem 
descendentes comuns, assim como na hipótese da existência somente 
de filhos de casamento anterior, o cônjuge sobrevivente não terá 
direito à quarta parte da herança, cabendo-lhe somente quinhão igual 
ao que couber a cada um dos filhos. 
 
 
CONCORRÊNCIA SUCESSÓRIA DOS DESCENDENTES COM O CÔNJUGE 
SOBREVIVENTE 
NA HIPÓTESE DA EXISTÊNCIA DE DESCENDENTES COMUNS E TAMBÉM DE 
DESCENDENTES EXCLUSIVOS DO DE CUJUS (FILIAÇÃO HÍBRIDA): 
 
- Correntes: 
 
a) o cônjuge não tem direito à reserva de quarta parte da herança, eis 
que a lei somente a assegura quando o cônjuge for ascendente de 
todos os herdeiros descendentes do falecido. É este o entendimento 
que melhor atende à mens legis. Majoritária; 
 
b) todos os descendentes deveriam ser tratados como comuns, havendo 
a reserva da quarta parte ao cônjuge. Apreciável prejuízo aos 
descendentes exclusivos do falecido; 
 
c) divisão proporcional da herança: resguardar-se-ia a quarta parte da 
herança ao cônjuge somente com relação aos filhos comuns, e 
fazendo-se a partilha igualitária, sem a reserva da quarta parte, com 
relação aos herdeiros. Afronta ao princípio da igualdade entre os 
filhos. 
 
CONCORRÊNCIA SUCESSÓRIA DOS DESCENDENTES COM O CÔNJUGE 
SOBREVIVENTE 
DIREITO REAL DE HABITAÇÃO 
 
- CC, art. 1.831. “Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime 
de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba 
na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel 
destinado à residência da família, desde que seja o único daquela