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ANESTESIOLOGIA VETERINÁRIA 1. INTRODUÇÃO: 1.1. VIAS DE ADMINISTRAÇÃO: - ORAL: sedativos em animais muito indóceis, para viagens, capturas, etc.. Latência e duração demoradas. - SUBCUTÂNEA: retarda a absorção do fármaco, mantendo seu efeito por mais tempo. Latência de 15 minutos. - INTRAMUSCULAR: a maioria dos agentes pré-anestésicos são administrados por esta via. Latência de cerca de 10 minutos, efeitos menos duradouros que a SC e mais que a IV. - INTRAVENOSA: Via utilizada obrigatoriamente para os agentes anestésicos gerais injetáveis e opcionalmente para os dissociativos. Cuidados: antissepsia, administração lenta (±30 segundos) e canulação correta. Útil quando se deseja efeitos precoces. Latência entre 0,5 e 5 minutos, efeitos menos duradouros que a IM e a SC. - INALATÓRIA: via de eleição. Latência pequena, rápida eliminação do anestésico. - TÓPICA: anestesia local de superfícies. - ESPINHAL: deposita-se anestésico local no espaço epidural ou no espaço subaracnóideo. 1.2. ESCOLHA DO AGENTE E MÉTODO ANESTÉSICO: - Estado do paciente – sempre utilizar protocolos que não agravem o quadro clínico do paciente. Por exemplo: em cardiopatas, nefropatas e hepatopatas, chocados, hipovolêmicos devem ser evitados fármacos que alterem bruscamente os parâmetros fisiológicos (cetamina, xilazina, fenotiazínicos), bem como os de metabolismo demorado (barbitúricos). Em animais a serem cesariados e obesos devem-se evitar barbitúricos. - Espécie animal - métodos indicados para pequenos animais podem ser completamente contra-indicados em grandes. A susceptibilidade aos fármacos pode variar de espécie para espécie. Considerar tamanho, temperamento e particularidades anatômicas e fisiológicas. - Idade do paciente – em animais muito jovens (menos de 6 semanas) os orgãos detoxicantes ainda não funcionam plenamente. Nos muito idosos, estes orgãos podem estar extenuados ou com doenças adquiridas. - Duração da intervenção – Quanto mais rapidamente o animal recuperar-se da anestesia, após o término do procedimento, melhor. Evitar fármacos de fácil acúmulo (barbitúricos, éter gliceril guaiacol, etc.) em cirurgias muito demoradas. - Localização e extensão da intervenção - se possível resolver só com MPA e anestesia local (cirurgias de membros). Algumas cirurgias simples (oftámicas, orais, orelhas) podem requerer anestesia geral. Evitar muito anestésico local em áreas muito vascularizadas. SEMPRE USAR O BOM SENSO. - Equipamento - anestesia inalatória requer muitos equipamentos enquanto a anestesia local, dissociativa e geral injetável apenas seringa e agulha. - Custo – anestesia local < geral inalatória < dissociativa < geral injetável. PREPARO DE SOLUÇÕES E CÁLCULO DE DOSES: Solução a 1% 10 mg/mL 1 kg = 1000 g 1 g = 1000 mg 1 mg = 0,001 g = 1000 g 1 lb = 453,6 g 1 l = 1000 mL solução a 1:100 = 1% = 10 mg/mL solução a 1:1000 = 0,1% = 1 mg/mL solução a 1:2000 = 0,05% = 0,5 mg/mL EXERCÍCIO 1. Prepare uma solução a 5% utilizando 1000 mg de soluto. 2. Quantos mL de álcool você adicionaria a 250 g de iodo metálico para preparar a tintura de iodo a 2%? 3. Sabendo que para pequenos animais o tiopental sódico deve ser diluído a 2,5%, quantos mL de soro serão necessários para diluir um frasco de 0,5 g? E um frasco de 1 g? 4. Um sedativo é apresentado na concentração de 2% e sua dose é de 2 mg/kg. Quantos mL deste sedativo devem ser administrados em um cão de 10 kg? 5. Quantos mL de tranquilizante devem ser administrados em um gato de 4 kg, se a dose deste é de 0,1 mg/kg e sua concentração é de 0,2%? 6. Anestesie um cão de 15 kg, fazendo a tranquilização com acepromazina a 0,2% (dose = 0,3 mg/kg) e a indução anestésica com tiopental sódico a 2,5% (frasco de 1 grama; dose = 12,5 mg/kg). 7. Um antibiótico é apresentado em frascos contendo 1 g do princípio ativo para ser diluído em 15 mL de água bidestilada. Sabendo que a dose deste antibiótico é 50 mg/kg, quantos mL aplicaria em um animal de 30 kg? 8. A dose do flunixim meglumine para equídeos e felinos é 1 mg/kg e sua concentração é 5%. Quanto mL de flunixin você administraria em um cavalo de 330 kg? E num gato de 4 kg? 9. A dose da anestesia epidural em cães é de 0,25 mL/kg. Tendo uma cadela de 30 kg e necessitando realizar a anestesia epidural com 2/3 de lidocaína a 2% e 1/3 de bupivacaína a 0,5%, informe quantos mL de cada fármaco serão administrados no animal. 10. O EGG deve ser diluído a 5% e sua dose em equinos é de 100 mg/kg. Prepare a solução e calcule quantos mL serão administrados em um cavalo de 450 kg. Caso fosse induzir a anestesia geral neste animal, com tiopental sódico a 5% (frasco de 1 grama, dose = 5 mg/kg), como diluiria o(s) frasco(s) de tiopental e quantos mL deste anestésico seriam administrados? 11. O propofol é um anestésico geral injetável que pode ser administrado na forma de infusão intravenosa contínua, na dose de 0,5 mg/kg/minuto. Sabendo que o fármaco é apresentado na concentração de 1% e que com o equipo macrogotas cada mL corresponde a 20 gotas, informe quantas gotas serão fornecidas por minuto em um cavalo de 300 kg e qual será o consumo total de anestésico neste animal em 3 horas anestesia. 12. Um cão de 25 kg precisa receber uma fluidoterapia com ringer com lactato na dose de 5 mL/kg/h. O equipo utilizado será o macrogotas (1 mL = 20 gotas). Calcule quantas gotas por minuto deverão ser administradas e qual o volume total de Ringer com lactato utilizado em 2 horas de fluidoterapia. 13. Um antisséptico é apresentado na concentração de 1%. Porém, para realizar-se uma lavagem peritoneal, serão necessários 5 litros de solução deste antisséptico diluído a 0,05%. Como você faria esta diluição? PREPARO DE SOLUÇÕES E CÁLCULO DE DOSES: EXERCÍCIO 2 1. Anestesie um gato de 3,5 kg empregando atropina (ampola de 0,25 mg/mL; dose: 0,044 mg/kg), xilazina 2% (dose: 0,5 mg/kg) e cetamina 5% (dose: 10 mg/kg). 2. Quantos mL de acepromazina 0,2% (dose: 0,4 mg/kg) e diazepam 0,5% (dose: 0,3 mg/kg) você administraria para sedar um cão de 16 kg? Caso fosse anestesiar este cão com tiopental 2,5% (dose: 12,5 mg/kg), frasco de 1 grama, como diluiria este anestésico (quantos mL de água bidestilada colocaria no frasco) e quantos mL administraria no animal? 3. Um bovino de 130 kg precisa ser sedado para uma intervenção no flanco esquerdo. Quantos mL de xilazina 10% (dose: 0,05 mg/kg) você administraria neste animal? 4. Quantos mL de romifidina 1% (dose: 0,08 mg/kg) você administraria em um equino de 380 kg? Caso fosse induzir a anestesia neste animal com cetamina 10% (dose: 2 mg/kg), quantos mL seriam empregados? 5. Dilua um antisséptico originalmente comercializado na concentração de 1% para a concentração de 0,05% (prepare 500 mL na nova concentração). 6. Tranquilize um equino de 480 kg com a associação acepromazina 1% (dose: 0,05 mg/kg) e diazepam 0,5% (0,1 mg/kg). Caso fosse anestesiar este animal com tiopental 5% (dose: 5 mg/kg), frasco de 1 grama, como diluiria este anestésico (quantos mL de água bidestilada colocaria no frasco) e quantos mL administraria no animal? 7. Anestesie um gato de 3 kg com acepromazina 0,2% (dose: 0,5 mg/kg) e Telazol 10% (dose: 12 mg/kg). Quantos mL de atropina (ampola 0,5 mg/mL, dose: 0,044 mg/kg) você administraria neste animal? 8. Um cão de 8 kg precisa ser anestesiado com midazolam 0,5% (dose: 0,4 mg/kg) e etomidato 1% (dose: 1,5 mg/kg). Quantos mL de cada fármaco você administraria neste animal? 9. Quantos mL de morfina 1% (dose: 0,1 mg/kg) você administraria pela via epidural emum cão de 15 kg? Sabendo que a morfina, para ser administrada por esta via, deve ser diluída para um volume total de 0,26 mL/kg, qual o volume a ser administrado neste animal (quantos mL de morfina e de diluente)? 10. Anestesie um ovino de 34 kg com xilazina 2% (dose: 0,1 mg/kg) e Zoletil 5% (dose: 6 mg/kg). 11. Um cavalo de 400 kg precisa ser anestesiado com uma infusão contínua da solução anestésica contendo cetamina, xilazina e éter gliceril guaiacol, na dose de 0,5 mL/kg/h. Sabendo que com o equipo macrogotas cada mL corresponde a 20 gotas, calcule quantas gotas por minuto devem ser administradas no animal e qual o consumo total da solução anestésica durante 1 hora e meia. 12. Um contraste radiográfico é comercializado na concentração de 30%. Para a realização de determinada técnica radiográfica emprega-se o referido contraste na dose de 6 mL/kg e na concentração de 5%. Quantos mL de contraste você administraria num cão de 18 kg? Como faria a diluição? PREPARO DE SOLUÇÕES E CÁLCULO DE DOSES: EXERCÍCIO 3 1. Anestesie um gato de 5 kg empregando acepromazina 0,2% (dose: 0,5 mg/kg) e Telazol (10%) (dose: 10 mg/kg). 2. Quantos mL de xilazina 2% (dose 0,4 mg/kg) e cetamina 5% (dose: 10 mg/kg) você administraria para anestesiar um cão de 20 kg? 3. Para anestesiar um cão de 15 kg com tiopental 2,5% (dose: 12,5 mg/kg), frasco de 1 grama, como dilui-se este anestésico (quantos mL de água bidestilada coloca-se no frasco) e quantos mL administra-se no animal? 4. Um bovino de 180 kg precisa ser sedado para uma intervenção no flanco esquerdo. Quantos mL de xilazina 10% (dose: 0,05 mg/kg) você administraria neste animal? 5. Para tranquilizar um ovino de 90 kg com acepromazina 1% (dose: 0,1 mg/kg), quantos mL devem ser administrados no animal? 6. Quantos mL de xilazina 2% (dose: 0,8 mg/kg) você administraria em um equino de 300 kg? Caso fosse induzir a anestesia neste animal com cetamina 10% (dose: 2 mg/kg), quantos mL seriam empregados? 7. Dilua um antisséptico originalmente comercializado na concentração de 1% para a concentração de 0,05% (prepare 500 mL na nova concentração). 8. Tranquilize um equino de 400 kg com a associação acepromazina 1% (dose: 0,05 mg/kg) e xilazina 10% (dose: 0,5 mg/kg). Caso fosse anestesiar este animal com tiopental 5% (dose 5 mg/kg), frasco de 1 grama, como diluiria este anestésico (quantos mL de água bidestilada colocaria no frasco) e quantos mL administraria no animal? 9. Calcule quantos gramas de EGG a 10% (dose: 100 mg/kg) serão necessários para um equino de 550 kg. Quantos mL de solução (EGG + soro glicosado) serão administrados neste animal? 10. Um cão de 15 kg precisa ser tranquilizado com acepromazina 1% (dose: 0,2 mg/kg) e midazolam 0,5% (dose: 0,4 mg/kg). Quantos mL de cada fármaco serão necessários? Para induzir a anestesia neste animal, empregando propofol 1% (dose: 5 mg/kg), de quantos mL do anestésico serão necessários? 11. Quantos mL de tramadol 5% (dose: 2 mg/kg) você administraria pela via epidural em um cão de 10 kg? Sabendo que o tramadol, para ser administrado por esta via, deve ser diluído para um volume total de 0,25 mL/kg, qual o volume a ser administrado neste animal (quantos mL de tramadol e de diluente)? 12. Anestesie um caprino de 45 kg com xilazina 2% (dose: 0,2 mg/kg) e Zoletil 5% (dose: 6 mg/kg). 13. Um cão de 30 kg precisa receber uma infusão contínua intravenosa de lidocaína a 2%, com finalidade analgésica, durante 3 horas. Sabendo que antes da infusão anestésica precisa-se administrar um bolus na dose de 1,5 mg/kg do fármaco, em 15 minutos, e que a dose de infusão é 3 mg/kg/h, calcule: a) quantos mL serão administrados no bolus (antes da infusão intravenosa): b) quantas gotas por minuto o animal precisará tomar na infusão contínua (1 mL = 20 gotas): c) quantos mL serão administrados no total da infusão (ao final das 3 horas): 2. MEDICAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA Consiste na administração de fármacos antes do ato anestésico, com o objetivo de preparar o animal para a anestesia, tranquilizando-o, facilitando o seu manuseio e reduzindo efeitos adversos de alguns fármacos, sejam anestésicos ou não. 2.1. Finalidades: - auxiliar a contenção do animal - reduzir a apreensão e o medo ( estresse) - potencializar anestésicos ( quantidade, segurança, relaxamento muscular) - prevenir estimulação vagal (por éter, halotano, tiobarbitúricos, manipulação dos olhos, vísceras, laringe, etc.) - reduzir secreções salivar e respiratória - reduzir secreções e motilidade gastrointestinais - facilitar a indução anestésica (máscara) - produzir analgesia pré e pós-operatória ( estresse) 2.2. Grupos farmacológicos: I - Anticolinérgicos: - também chamados parassimpaticolíticos, colinolíticos, antiparassimpáticos, atropínicos - antagonizam ações parassimpáticas indesejáveis, a partir da ligação reversível nos receptores muscarínicos - reduzem as secreções respiratória, salivar e gastrointestinal - causam broncodilatação, midríase e taquicardia - diminuem a motilidade intestinal Fármacos: 1 - Atropina: NC: Sulfato de atropina (frasco 10 e 50 mL a 1%; amp 1mL com 0,25 e 0,50 mg) 2 - Escopolamina: NC: Bromidrato de escopolamina (ampolas de 1 mL com 0,40 mg) II - Tranquilizantes: A - Fenotiazínicos: - seu efeito no SNC decorre principalmente do bloqueio dos receptores da dopamina, no SNC - potenciam efeitos de miorrelaxantes despolarizantes e de organofosforados (inibem as colinesterases plasmáticas) - reduzem o limiar convulsivante ??? - fortes bloqueadores adrenérgicos alfa, causam vasodilatação (diminuem a resistência vascular periférica), hipotensão, taquicardia - são antiarrítmicos, antiespasmódicos de músculos lisos, antieméticos, antihistamínicos e predispõem o paciente à hipotermia - não produzem analgesia (levomepromazina é levemente analgésica) - nos equídeos, causam relaxamento do músculo retrator do pênis e exposição peniana - nos equinos, a acepromazina podem causar priapismo (evento raríssimo!!) - não se deve administrar adrenalina em animais que receberam fenotiazínicos como MPA (inversão adrenalínica) Fármacos: 1 - Clorpromazina: NC: Amplictil (ampolas de 5mL a 0,5%), Clorprazin, Longactil 2 - Levomepromazina: NC: Neozine (ampolas de 5 mL a 0,5%), Levoprome 3 - Acepromazina: NC: Acepran, Apromazin (frascos de 20 mL a 0,2 e 1%) B - Butirofenônicos: - possuem mecanismo de ação semelhante aos fenotiazínicos - provocam bloqueio adrenérgico alfa, reduzem a resistência vascular periférica, causando hipotensão (menos que os fenotiazínicos) - são potentes antieméticos e antiarrítmicos - têm boa margem de segurança Fármacos: 1 - Droperidol: NC: Droperidol (frascos de 2 e 10 mL a 0,25%), Dridol, Inapsine 2 - Azaperone: NC: Suicalm (frascos de 20 e 100 mL a 4%), Destress III - Ansiolíticos: Benzodiazepínicos: - reduzem a agressividade, por reduzirem a atividade do SNC (facilitadores GABAérgicos) - são miorrelaxantes de ação central (interneurônios) e anticonvulsivantes - alteram muito pouco os parâmetros fisiológicos - não causam analgesia (Diazepam causa discreta) - pode ocorrer excitação prévia à sonolência - quando associados aos tranquilizantes provocam prostração (útil para indução via máscara) - podem ser antagonizados pelo Flumazenil (LANEXAT), na dose de 0,02 a 0,1 mg/kg, IV Fármacos: 1 - Diazepam: NC: Valium (ampolas de 2 mL a 0,5%), Diempax, Kiatrium, Compaz 2 - Midazolam: NC: Dormonid (ampolas 3 mL a 0,5%), Dormicum, Dormire IV - Hipnoanalgésicos:- analgésicos puros e hipnóticos - ligam-se a receptores opióides [mu (µ), kappa (К), delta (δ) e sigma (σ)] - µ : sedação, analgesia, euforia, depressão respiratória, redução da motilidade intestinal e do reflexo de micção. - К : sedação, analgesia, diurese (inibição ADH) - δ : efeitos pouco conhecidos - σ : disforia e alucinação - latência de 20 a 30 minutos 1. Morfina: - considerada o mais potente fármaco analgésico de ocorrência natural - agonista µ - doses baixas deprimem o SNC, porém doses elevadas podem causar excitação (principalmente felinos e equinos) - produz depressão respiratória e vômito - pode causar bradicardia e aumento da atividade gastrointestinal (no início de efeito) - via IV causa liberação de histamina (vasodilatação periférica hipotensão) - pode causar retenção urinária - causa dependência - potência relativa: 1 - duração: SC/IM/IV: 4 a 6 horas, epidural: 20 a 24 horas NC: Dimorf, Morfenil, Dolo Morf (ampolas 1 e 2 mL a 1%) 2. Meperidina (Petidina): - agonista µ - causa sedação - reduz secreções salivar e respiratória - causa menos depressão respiratória que a morfina - via IV causa liberação de histamina (vasodilatação periférica hipotensão) - potência relativa: 0,1 a 0,2 - duração: SC/IM/IV: 1 a 4 horas NC: Dolantina (ampolas de 2 mL a 5 %), Dolosal, Dornot, Meperidina 3. Fentanil: - agonista µ - causa discreta depressão respiratória, não estimula vômito - estimula o centro vagal bradicardia - mais usado em associação ao droperidol (Neuroleptoanalgesia) ou em infusão contínua - pode ser usado via transdérmica (latência de 12 a 24 horas) - potência relativa: 100 - duração: IV: 15 a 20 minutos; IM/SC: 30 minutos; epidural: 4 a 5 horas; Transdérmico: 72 a 100 horas. NC: Fentanil (ampolas de 2 e 5 mL; frasco de 10 mL a 0,005 %), Tranil, Unifental, Fentanest 4. Tramadol - agonista µ e inibidor da recaptação de noradrenalina e serotonina - causa mínima depressão respiratória - não altera motilidade intestinal - potência relativa: 0,5 a 1 - duração: IV: 2 a 4 horas; SC/IM: 6 a 8 horas; epidural: 16 a 24 horas NC: Tramadon (amp. 1 e 2 mL a 5%), Cronidor (frasco de 20 mL a 2%; comp. 12 mg), Nulli (frasco 10 mL a 4%) 5. Metadona - agonista µ e bloqueadora de receptores NMDA (N-Metil-D-Aspartato) - promove discreta depressão respiratória - potência relativa: 1 a 2 - duração: SC/IM/IV: 6 a 8 horas; epidural: 16 a 24 horas NC: Mytedon (ampolas 1 mL a 1%) 6. Butorfanol - agonista К e antagonista µ - efeito sedativo pronunciado - não altera o peristaltismo intestinal - promove discreta depressão respiratória - potência relativa: 5 a 7 - duração: SC/IM/IV: 3 a 5 horas NC: Torbugesic (frasco 10 mL a 1%) OBS: Antagonistas dos hipnoanalgésicos: - naloxona – 0,001 a 0,04 mg/kg, IV - nalorfina – 0,1 a 0,5 mg/kg, IV V - Agonistas 2 - adrenérgicos: - estimulam os receptores 2 - adrenérgicos centrais e periféricos, causando sedação, analgesia (visceral), miorrelaxamento e ataxia - causam vasoconstricção periférica aumento a resistência vascular periférica aumento da pressão arterial mecanismo baroreceptor estímulo vagal bradicardia, salivação - após a hipertensão inicial (5 a 10 minutos) ocorre depressão miocárdica e hipotensão duradoura - causam depressão respiratória e diminuição da temperatura retal - são arritmogênicos e eméticos - causam hiperglicemia (por hipoinsulinemia) poliúria - seus efeitos são dose-dependentes e se iniciam rapidamente (0,5 a 5 minutos - IV; 3 a 10 minutos - IM) - podem ser antagonizados pelo atipamezole (ANTISEDAN), na dose de 0,15 a 0,2 mg/kg ou pela ioimbina (YOMAX), na dose de 0,1 a 0,2 mg/kg Fármacos: 1 - Xilazina: NC: Rompum, Kensol, Coopazine, Dorcipec, Anasedan, Xilazin (frasco de 10 mL a 2 %), Sedazine (frasco 50 mL a 10%), Sedomin (frasco 20 mL a 10%) 2 - Detomidina: NC: Dormiun V, Eqdomin (frasco de 5 mL a 1 %), Detomidin (frasco de 10 mL a 1%) 3 - Medetomidina: NC: Domitor, Sedanil (frasco de 10 mL a 0,1%) 4 - Dexmedetomidina: NC: Precedex (frasco 2 mL a 0,01%), Dexdomitor (frasco 10 mL a 0,05%) VI – Hipnótico: 1. Etomidato: - causa forte hipnose, com duração de 8 a 15 minutos - é potencializado por fenotiazinas e benzodiazepinas - não altera parâmetros cardiorrespiratórios indução anestésica de pacientes de alto risco - não causa analgesia - reduz a PIO e a PIC - só deve ser administrado via IV (irritação perivascular) - quando em doses maiores que 2 mg/kg causa hemólise - pode causar tremores musculares, náuseas e vômitos, especialmente quando usado sem MPA NC: Etomidato, Hypnomidate (frasco 10 mL a 0,2%) NEUROLEPTOANALGESIA Estado de tranquilização com intensa analgesia, sem perda da consciência, conseguido a partir da associação de fármacos analgésicos com fármacos tranquilizantes (neurolépticos) ou ansiolíticos. É muito utilizada quando precisa-se realizar algum procedimento que cause dor ao animal, porém sem necessidade de anestesia geral ou dissociativa, tais como: posicionamento radiográfico, imobilização de membros, limpeza de ferimentos, raspados cutâneos, etc. Exemplos: 1. Acepromazina + Meperidina 5. Midazolam + Metadona 2. Acepromazina + Morfina 6. Midazolam + Tramadol 3. Acepromazina + Tramadol 7. Midalozam + Meperidina 4. Acepromazina + Metadona 8. Diazepam + Tramadol FÁRMACOS ANIMAL DOSE (mg/kg) * atropina cão e gato 0,044 equino 0,02 escopolamina todos 0,01 a 0,02 clorpromazina / cão e gato 0,5 a 2 levomepromazina equino e suíno 0,5 a 1 ruminantes 0,2 a 0,5 * acepromazina cão e gato 0,05 a 0,5 equino, suíno e ruminantes 0,05 a 0,1 droperidol cão e gato 1 a 2 ruminantes 0,6 suíno 2 azaperone suíno 1 a 4 equino 0,8 * diazepam cão e gato 0,2 a 2 / 0,1 a 0,5 mg/kg/hora IV equino, suíno e ruminantes 0,02 a 0,1 midazolam cão e gato 0,2 a 0,5 equino, suíno e ruminantes 0,2 a 0,6 morfina cão gato equino 0,1 a 0,5 / 0,1 a 0,2 mg/kg/hora IV 0,1 a 0,2 / 0,05 a 0,1 mg/kg/hora IV 0,1 a 0,2 meperidina (petidina) cão 5 a 10 gato 3 a 5 equino 1 a 2 fentanil cão e gato equino 0,002 a 0,005 / 0,002 a 0,04 mg/kg/hora IV 0,002 a 0,004 tramadol cão gato e equino 1 a 6 1 a 4 metadona cão gato equino 0,2 a 0,5 / 0,05 a 0,2 mg/kg/h IV 0,1 a 0,3 / 0,05 a 0,1 mg/kg/h IV 0,2 a 0,3 butorfanol cão gato equino 0,05 a 0,5 0,1 a 0,4 0,02 a 0,1 * xilazina cão e gato 0,2 a 1 equino 0,5 a 1 ruminantes 0,05 a 0,3 detomidina cão 0,08 a 0,15 equino 0,02 a 0,04 ruminantes 0,05 a 0,14 medetomidina cão e gato 0,02 a 0,04 equino e ruminantes 0,005 a 0,01 dexmedetomidina cão e gato 0,001 a 0,04 / 0,5 a 3 µg/kg/hora IV etomidato todos 0,5 a 2 3. MIORRELAXANTES Fármacos que produzem relaxamento muscular, atuando centralmente (medula espinhal) ou perifericamente (junção neuromuscular = bloqueadores neuromusculares). I - Miorrelaxantes de ação periférica: - se originaram do curare. - agem primariamente interferindo na eficácia da acetilcolina na ativação dos receptores colinérgicos nicotínicos das células musculares esqueléticas. - não alcançam altas concentrações no cérebro, daí não produzirem tranquilização oudepressão do SNC - são importantes nos casos de toracotomias, redução de hérnias diafragmáticas ou outras cirurgias onde a respiração artificial é obrigatória, bem como em cirurgias ortopédicas, no relaxamento da musculatura abdominal e em todos os casos em que se requeira excelente relaxamento muscular. - quando são empregados, é indispensável o uso de sonda endotraqueal e da respiração controlada (VPPI). 1 - Miorrelaxantes de ação periférica competitivos: - atuam combinando-se aos receptores colinérgicos nicotínicos das células musculares esqueléticas, tornando-os inacessíveis à acetilcolina, sem alterar o equilíbrio iônico da membrana pós-sináptica (não ocorre despolarização), que fica estabilizada. Deste modo a acetilcolina liberada não consegue gerar o potencial de ação na membrana pós-sináptica e ocorre a paralisia flácida. - causam bloqueio vagal taquicardia - são desaconselhados em pacientes nefropatas (excreção renal || exceto atracúrio) - seus efeitos podem ser revertidos por anticolinesterásicos (neostigmina: 0,04 a 0,07 mg/kg IV || usar atropina antes para evitar os efeitos muscarínicos da neostigmina = bradicardia, salivação, defecação) Fármacos: 1 - Atracúrio : NC: Tracrium (ampolas 5 mL a 1 %), Atracurium 2 - Pancurônio : NC: Pavulon (ampolas 2 mL a 2 %) 3 - Vecurônio : NC: Vecuron, Norcuron (frascos de 4 e 10 mg) 4 - Rocurônio : NC: Esmeron (frascos de 5 mL a 1%) 2 - Miorrelaxantes de ação periférica despolarizantes: - produzem despolarização da membrana pós-sináptica semelhante à produzida pela acetilcolina, entretanto, não são hidrolizados rapidamente como esta, para permitir a subsequente repolarização, o que torna a membrana pós-sináptica irresponsiva à acetilcolina e resulta em paralisia flácida. - no início de sua ação, causam um potencial de ação na membrana pós-sináptica, que se caracteriza clinicamente por tremores e fasciculações musculares momentâneos e assíncronos. - seus efeitos não podem ser revertidos - são contraindicados em animais com glaucoma (por aumentarem a PIO) Fármaco: Succinilcolina ou Suxametônio: NC: Quelicin (frascos de 100 e 500 mg), Scoline, Succicuran II - Miorrelaxantes de ação central : - causam relaxamento muscular atuando na medula espinhal (interneurônios) - são usados no tratamento de espasmos musculares agudos ou como auxiliares em anestesias ( relaxamento) - possuem ainda efeitos analgésicos, anticonvulsivantes e/ou tranquilizantes Fármacos: 1 - Benzodiazepínicos 2 - Agonistas 2 - adrenérgicos 3 - Éter gliceril guaicol (EGG): NC: Guaifenesin, Gecolate, Éter gliceril guaicol - não atua sobre o diafragma - aumenta a FR e a FC, diminui discretamente a PA - causa relaxamento da musculatura da faringe e da laringe (intubação) - mais usado em equinos, como MPA para a anestesia inalatória ou adjuvante da anestesia local - causa irritação tecidual perivascular, quando injetado fora da veia - alguns animais apresentam flebite aguda ao terem contato com o EGG (alergia) - pode ser diluído com água bidestilada, NaCl 0,9%, ringer, ringer lactato, mas preferencialmente com glicose 5%, para reduzir a hemólise causada pelo EGG - administrado em concentrações entre 5 e 10 % (mais que isso causa muita hemólise), sob pressão, IV - seu efeito dura de 15 a 30 minutos DOSES USUAIS E TEMPO DE APNÉIA DOS MIORRELAXANTES MAIS USADOS: FÁRMACO ANIMAL DOSE (mg/kg) TEMPO DE APNÉIA (min.) atracúrio cão gato 0,2 a 0,5 0,1 a 0,2 25 a 40 20 a 30 pancurônio todos 0,05 a 0,1 20 a 40 vecurônio cão gato 0,1 a 0,2 0,025 a 0,05 20 a 40 20 a 40 rocurônio cão gato 0,3 a 0,6 0,1 a 0,3 20 a 30 20 a 30 succinilcolina cão 0,3 30 gato 0,2 30 equino 0,1 a 0,2 10 a 15 ruminantes 0,02 6 a 8 * éter gliceril guaiacol equídeos 80 a 100 ---- ruminantes 80 ---- 4. ANESTESIA LOCAL É a interrupção temporária e reversível da condução nervosa de determinada parte do corpo animal, pela ação de substâncias ditas anestésicos locais. 1. Mecanismo de ação: Os anestésicos locais (AL) geralmente são sais ácidos solúveis em água. Ao serem injetados no meio tissular (levemente alcalino), hidrolizam-se lentamente, liberando a base, que é a responsável pela difusão do AL nos tecidos, até chegar ao tecido nervoso. Uma vez em contato com o tec. nervoso, o AL altera a permeabilidade da membrana celular, impedindo a difusão dos íons Na e K e estabilizando esta membrana no estado de repouso, o que impede a geração e transmissão de impulsos nervosos. Obs.: a) os AL produzem paralisia vasomotora, aumentando o fluxo sanguíneo para a área anestesiada, o que aumenta sua absorção pela corrente sanguínea. Portanto deve-se ter cuidado com as superdosagens em anestesias infiltrativas, especialmente em regiões muito vascularizadas; b) para uso em mucosas, deve-se aumentar a concentração do AL, com a finalidade de se obter anestesia tópica, sem infiltração; c) a associação da adrenalina (1:200.000) ao AL produz vasoconstricção e diminui a absorção pela corrente sanguínea, aumentando em 2 a 3 vezes a duração de ação e permitindo elevar um pouco a dose máxima permitida; d) quando se quiser aumentar a área de atuação do AL, sem exceder sua dose máxima, basta que se diminua sua concentração, diluindo-o com NaCl 0,9%. 2. Sintomas de intoxicação por AL: - SNC: excitação, opistótono, tremores, convulsões; - Cardiovascular: redução da excitabilidade elétrica, da velocidade de condução e da força de contração do miocárdio; vasodilatação, redução da PA e do débito cardíaco; - Respiratório: depressão respiratória, apneia. Tratamento: - administração de miorrelaxantes (benzodiazepínicos) - administração de barbitúrico de ação ultra-curta ou média antagonizar a excitação do SNC - administração de fármacos vasoativos - administração de O2 - intubação orotraqueal e respiração artificial 3. Principais AL utilizados em Medicina Veterinária: * LIDOCAÍNA PRILOCAÍNA BUPIVACAÍNA ROPIVACAÍNA LEVOBUPIVACAÍNA latência (min.) 5 a 10 10 a 15 20 a 30 5 a 15 20 a 30 duração (min.) 60 a 120 60 a 90 180 a 480 180 a 480 180 a 480 concentração (%) 1; 2 1; 2 0,25; 0,5; 0,75 0,2; 0,75; 1 0,25; 0,5; 0,75 nome comercial Anest. Pearson Anest. Bravet Xilocaína Citanest Xylonest Marcaína Neocaína Naropin Ropi Novabupi dose máxima (mg/kg) 7 (sem vasoc.) 9 (com vasoc.) 7 (sem vasoc.) 9 (com vasoc.) 2 (sem vasoc.) 3 (com vasoc.) 3 (sem vasoc.) 4 (com vasoc.) 2 (sem vasoc.) 3 (com vasoc.) dose letal (mg/kg) 16 a 28 17 a 25 5 a11 5 a 20 - 4. Técnicas anestésicas locais a) Anestesia tópica: mais usada nos olhos e mucosas. Olho lidocaína : 4% (liq.) ou 10% (spray); tetracaína : 0,5% Mucosas lidocaína (como citado para olho); tetracaína 1-2% b) Anestesias infiltrativas: - Intradérmica biópsias, retirada de pequenos nódulos. - Subcutânea a mais usada. Geralmente lidocaína 1-2% ou bupivacaína 0,25-0,5%. Pode ser botão anestésico, cordão anestésico ou figuras geométricas bidimensionais (retângulos, triângulos, quadrados, losangos).Indicada em quaisquer procedimentos que requeiram dessensibilização da pele. - Profunda mesmo princípio da subcutânea, porém as figuras geométricas são tridimensionais (cones, pirâmides, etc.). Quando a área a anestesia é extensa, deve recorrer a outro tipo de anestesia. Indicada para procedimentos que envolvam músculos e estruturas mais profundas (em relação à pele). - Circular ao redor de membros (quando não evidenciar nervos periféricos ou veias), cauda, tetos, etc. Infiltra o A.L. tanto superficial como profundo. - Entre garrotes usada em animais novos ou adultos de alto risco (quando não se pode exceder a dose máxima). O A.L. fica situado entre 2 garrotes, bloqueando os impulsos nervosos porém sem se espalhar muito. - Por tumescência administram-se grandes volumes de anestésico local (lidocaína, prilocaína, articaína) via subcutânea, sendo a maior parte removida com o tecido. Tem as vantagens de propiciar: menor risco de lesões nervosas, facilidade de dissecção do tecido, menos hemorragia trans-operatória, menor edema pós-operatório, prevenção de infecção e melhor analgesia pós-operatória. Solução: - 250 mL de Ringer Lactato - 40 mL de lidocaína a 2% s/ vasoconstrictor - 0,5 mL de adrenalina 0,1% - Dose:15 mL/kg c) Anestesia perineural: de fácil aplicação, prática e de baixo custo. Baseia-se na deposição do A.L. ao redor do nervo, em concentração que varia de acordo com o tempo cirúrgico requerido e em quantidade suficiente para que ocorra a embebição perineural bloqueio do impulso nervoso. Mais usada em membros e emergências de nervos de forames (supra e infraorbitário, mentoniano, etc.) - cirurgias oculares - intervenções nos membros - trepanações - orquiectomia - descorna - laparotomias (paravertebral) - palatite - cirurgias odontológicas - laminites - excisões tumorais d) Anestesias espinhais: (cuidado com o uso em pacientes hipotensos) Anestesia epidural (peridural ou extradural) injeta-se o A.L. entre a dura-mater e a parede interna do canal medular, sem contato com o LCR. Inicialmente são bloqueados os nervos espinhais antes que atinjam os forames intervertebrais (bloqueio paravertebral múltiplo). Depois, ainda dentro do espaço epidural, são bloqueados os ramos nervosos e gânglios. Depois o A.L. difunde-se para a dura-máter, podendo causar anestesia subaracnóide retardada. Vantagens: - não ocorre depressão fetal (como na anestesia geral) - não deprime a respiração - excelente analgesia e relaxamento - menos meningite e sequelas neurológicas - preço reduzido - efeito mínimo sobre o organismo Desvantagens: - demora um pouco a atuar (em relação à anestesia IV) - a perda de controle dos membros pélvicos pode levar a excitações e acidentes (em grandes animais) - requere-se contenção rigorosa em todas as espécies para execução da A.P. - doses maiores de A.L., são requeridas (em relação à subaracnóidea) e daí podem ocorrer mais facilmente efeitos tóxicos e sistêmicos - a introdução da agulha no espaço epidural pode ser difícil (principalmente em suínos) - volumes relativamente grandes de A.L. podem ser injetados inadvertidamente no LCR - pode ocorrer paralisia permanente da cauda, abcesso no local da punção, claudicação Indicações: - cirurgias ou manipulações obstétricas, cirurgias da cauda, reto, ânus, vulva ou vagina, ortopédicas (membros pélvicos, pelve) Complicações: - caso ocorra bloqueio torácico anterior, pode sobrevir paralisia de fibras vasoconstrictoras simpáticas, com severa hipotensão, redução do débito cardíaco e depressão do miocárdio - os efeitos respiratórios são diretamente relacionados à altura do bloqueio: bloqueio alto pode causar respiração mais diafragmática, podendo sobrevir parada respiratória (caso atinja as raízes do nervo frênico, por falha da técnica ou sobredose do anestésico. - caso a solução epidural penetre no espaço subaracnóide pode ocorrer anestesia subaracnóidea total, e daí além de hipotensão ocorre depressão respiratória severa ou até apnéia. - pode ocorrer bloqueio inadequado devido a quantidade insuficiente de A. L. (ou A. L. muito diluído), a técnica de injeção errônea ou a dispersão inadequada do A. L. - bloqueio incompleto ou parcial pode ocorrer em animais (principalmente equinos) que já sofreram anestesia epidural antes. - podem ocorrer (raramente) casos de paresia e meningite. - postura de Shiff-Sherrington Contraindicações: - hipotensão - coagulopatia - sepse - lesão vertebral - inflamação no local de punção Doses *: - Epidural anterior ou cranial: - cão: 0,25 mL/kg - gato: 0,22 mL/kg - ovino/caprino/suíno: 0,1 a 0,2 mL/kg - Epidural posterior ou caudal: 0,016 mL/kg (qualquer espécie) Anestesia subaracnóidea (raquianestesia, subdural, intratecal, espinal) deposita-se o A.L. no espaço subaracnóideo,entrando este em contato direto com o LCR. A punção é realizada nos últimos espaços intervertebrais lombares (L4, L5, L6, L7) para evitar riscos de bloqueio respiratório. e) Anestesia local intravenosa (Bier): Consiste na colocação do anestésico dentro do compartimento vascular, para daí este anestesiar toda a área entre o garrote e a extremidade do membro por embebição. Coloca-se o garrote e punciona-se a veia, deixando sair um pouco de sangue. Depois, injeta-se o A.L. (lidocaína 1% sem vasoconstrictor) de acordo com o tamanho do membro. O garrote pode permanecer até 1 hora (melhor 30 min.) antes que ocorra necrose celular. Após a cirurgia deve-se retirar o garrote lentamente, observando-se com cuidado o comportamento do animal (suspeita de intoxicação = midríase, tremores, convulsões). f) Anestesia intraarticular: mais usada em equinos, com fins de diagnóstico (claudicação). 5. ANESTESIA DISSOCIATIVA Anestesia que dissocia o córtex cerebral (parte frontal) seletivamente, causando desligamento e analgesia, sem perda dos reflexos protetores. Fármacos: 1. CLORIDRATO DE CETAMINA: - antagoniza receptores N-metil-D-aspartato (NMDA), tem atividade gabaérgica indireta, potencializa serotonina, dopamina e noradrenalina, estimula receptores sigma na medula espinhal - produz aumento da FC, do DC, da PA e do trabalho cardíaco - deprime discretamente a FR, causa broncodilatação - causa salivação e alucinações - aumenta o tônus muscular, podendo causar tremores (cuidado com o uso em epilépticos) - deve ser associada a um pré-anestésico que produza bom relaxamento muscular (benzodiazepínicos, agonistas 2 - adrenérgicos ou EGG) - aumenta o FSC e a PIC, não devendo ser administrada em pacientes que sofreram trauma crânio-encefálico - aumenta a PIO - após o uso IM a anestesia inicia-se em 5 a 10 minutos e dura cerca de 30 minutos. Quando IV dura cerca de 15 minutos. Caso necessário pode-se complementar a anestesia com 1/3 a 1/2 da dose inicial. - pH = 3,5 (dor à injeção) - quando usada IV deve ser injetada lentamente (evitar alteração brusca de parâmetros) - NC: Ketalar (frasco de 10 mL a 5%), Francotar (frasco de 10 mL a 10%), Ketavet, Vetalar, Vetaset - Doses * : Gato: 10 a 15 mg/kg IM e 2 a 8 mg/kg IV Cão: 10 a 20 mg/kg IM e 5 a 10 mg/kg IV Equino, ruminante e suíno: 20 a 30 mg/kg IM e 2 a 5 mg/kg IV Todas as espécies: 10 a 200 µg/kg/min IV (infusão contínua) - Associações de cetamina com outros fármacos: Morfina-Lidocaína-Cetamina(MLK): Fármacos (mg/500mL) Infusão (mL/kg/hora) Morfina Lidocaína Cetamina 10 150 30 10 (cão) 5 (gato) 60 500 60 1 a 3 (cão) 0,5 a 0,7 (gato) Fentanil-Lidocaína-Cetamina (FLK): Fármacos (mg/500mL) Infusão (mL/kg/hora) Fentanil Lidocaína Cetamina 0,3 150 30 10 (cão) 5 (gato) 0,6 500 60 1 a 3 (cão) 0,5 a 0,7 (gato) Xilazina-Lidocaína-Cetamina (XLK): Fármacos (mg/500mL) Infusão (mL/kg/hora) Xilazina Lidocaína Cetamina 250 500 500 0,1 a 0,2 (cão) Dexmedetomidina-Lidocaína-Cetamina (DLK): Fármacos (mg/500mL) Infusão (mL/kg/hora) Dexmedeto Lidocaína Cetamina 0,5 750 300 1 (cão) Éter gliceril Guaiacol-Cetamina-Xilazina (GKX, triple drip): Fármacos (mg/500mL) Infusão (mL/kg/hora) EGG Cetamina Xilazina 50000 2000 1000 0,5 a 1 (equídeos) Fármacos (mg/500mL) Infusão (mL/kg/hora) EGG Cetamina Xilazina 25000 1000 50 1 a 2 (bovinos) Éter gliceril Guaiacol-Cetamina-Detomidina (GKD): Fármacos (mg/500mL) Infusão (mL/kg/hora) EGG Cetamina Detomidina 50000 1500 10 0,5 a 1 (equídeos) 2. CETAMINA S+ (Dextrocetamina): - isômero S (+) da cetamina - 25% mais potente que a cetamina racêmica - causa menos estímulo simpático que a cetamina racêmica = menos alterações cardiovasculares - produz menos estimulação central (alucinações) que a cetamina racêmica = recuperação mais tranquila - NC: Ketamin (frasco 10 mL a 5%) - Doses: Gato: 7,5 a 11,5 mg/kg IM e 1,5 a 6 mg/kg IV Cão: 7,5 a 15 mg/kg IM e 3,8 a 7,5 mg/kg IV 3. CLORIDRATO DE TILETAMINA: - via IV eleva FC e PA, mas quando via IM pode ocorrer redução da FC e da PA - causa depressão respiratória (pode ocorrer apnéia) - via IM a indução ocorre entre 2 e 3 min. com duração de 60 min. - pH = 2,8 (dor à injeção) - causa hipertonicidade muscular - mais empregada em associação miorrelaxantes (principalmente o zolazepam) - NC: Zoletil (tiletamina + zolazepam, 1:1, solução a 2, a 5 e a 10%), Tilest 500 e Telazol # após diluído, a solução é estável por 4 dias em temperatura ambiente e por 14 dias a 4ºC # causa salivação # caso necessário, pode-se aumentar o tempo de anestesia readministrando 1/3 a ½ da dose inicial # Em caninos a recuperação anestésica pode ser agitada (meia-vida plasmática: tiletamina = 1,2 h; zolazepam = 1 h). Em felinos isso não é comum (meia-vida plasmática: tiletamina = 2,5 h; zolazepam = 4,5 h). - Doses (da associação): Cão e Gato: 10 a 12 mg/kg IM ; 5 a 7 mg/kg IV Suíno: 20 mg/kg IM ; 12 mg/kg IV Equino: 2 a 4 mg/kg IM ; 0,5 a 1 mg/kg IV Bovino: 4 mg/kg IM ; 2 mg/kg IV Ovino/caprino: 9 mg/kg IM ; 6 mg/kg IV 6. ESTÁGIOS ANESTÉSICOS Divisão da anestesia geral proposta por Guedel, em 1951, para a anestesia pelo éter, e que depois foi adaptada para os demais anestésicos. Não é válida para Anestesia Dissociativa e Neuroleptoanalgesia, uma vez que nestas modalidades anestésicas não ocorre inconsciência. Características dos estágios anestésicos ESTÁGIO I: Analgesia e perda da consciência. Vai do início da administração do fármaco até a perda da consciência. - início da analgesia, porém com sensação dolorosa ao estímulo - desorientação - certo grau de excitação (pode ocorrer micção e defecação) - taquicardia e midríase - respiração irregular (mais acelerada e profunda) ESTÁGIO II: Excitação ou delírio. Vai da perda da consciência ao bloqueio dos centros altos do SNC (cortéx e mesencéfalo). - incoordenação motora - hiperalgesia e hipertonia muscular - midríase e lacrimejamento - salivação abundante (em ruminantes e felinos) - taquicardia e taquipnéia - este estágio pode ser rápido ou mesmo ausente, caso seja feita uma MPA adequada ESTÁGIO III: Anestesia cirúrgica. Ocorre inconsciência e depressão progressiva do SNC, com base na qual são determinados 4 planos anestésicos. 1º plano: - respiração normalizada - miose - início de projeção da membrana nictitante e rotação do globo ocular no cão - reflexos presentes - salivação profusa (PRINCIPALMENTE NA ANESTESIA PELO ÉTER) - tônus muscular diminuído - nistagmo (equinos e bovinos) 2º plano: - centralização do globo ocular (exceto caninos) - miose puntiforme (quando anestesia barbitúrica) - respiração profunda e rítmica - discretas bradicardia e hipotensão - ausência do reflexo interdigital, palpebral (exceto equinos e felinos) e laringotraqueal (exceto felinos) - tônus muscular bastante diminuído mas ainda presente 3º plano: - centralização do globo ocular em cães - midríase (miose apenas em felinos), porém ainda responsiva - ausência dos reflexos interdigital, palpebral (exceto equinos e felinos) e laringotraqueal (exceto felinos) - ausência de secreções nas mucosas - ausência de tônus muscular - progressiva depressão do centro respiratório e da respiração intercostal, de forma que esta é totalmente abolida ao final deste plano (REDUZIR PROFUNDIDADE ANESTÉSICA) 4º plano: depressão bulbar - paralisia da musculatura abdominal e intercostal : respiração apenas diafragmática, taquipnéica e superficial cianose por hipoventilação acidose respiratória - midríase acentuada, com ausência de reflexo - córnea seca e sem brilho - pode ocorrer aumento do tônus muscular - hipotermia e hipotensão graves ESTÁGIO IV: Choque bulbar - respiração laringotraqueal - parada respiratória - parada cardíaca - midríase agônica - relaxamento total de esfíncteres - choque bulbar - morte Fonte: Massone, 2011 7. ANESTESIA GERAL INJETÁVEL É toda anestesia geral conseguida pela exclusivamente administração de fármacos injetáveis. Deve promover analgesia, hipnose, miorrelaxamento, amnésia e homeostase (manutenção dos parâmetros dentro dos limites normais). Apresenta como vantagens: - praticidade de administração - dispensa aparelhagem específica - não é inflamável nem explosiva, nem polui o ambiente - rapidez de indução anestésica - preço razoável No entanto, quando do seu uso precisa-se lembrar que: - administração exclusivamente IV (difícil em animais pequenos) - não possui reversor - causa depressão cardiorrespiratória dose-dependente - predispõe o paciente à hipotermia - a recuperação anestésica pode ser prolongada I. Anestesia Barbitúrica É toda anestesia conseguida pela administração de fármacos barbitúricos, que são fármacos derivados do ácido barbitúrico (uréia + ácido malônico), usados desde a década de 1930. Atuam especialmente potencializando o GABA, são extremamente lipofílicos e são potencializados (40 a 60%) por fenotiazínicos, benzodiazepínicos ou alfa2 agonistas. DESVANTAGENS: - inviável em pacientes com alterações graves (cardiopatas, hepatopatas, nefropatas, em choque, etc.) - desaconselhável em animais idosos - metabolização lenta recuperação tardia (especialmente quando administrações repetidas) - riscos de lesão perivascular quando aí injetados (pH entre 10 e 11) - necessidade de diluiçãoantes do uso (após diluído o efeito perdura por apenas algumas semanas) EFEITOS NO ORGANISMO: - SNC depressão progressiva, desde sedação suave até morte. Redução do fluxo sanguíneo e consumo de O2 cerebrais, bem como da PIC. Depressão do centro termorregulador. - Sistema respiratório podem causar apnéia na indução. Depois causam depressão no centro bulbar: diminuição da freqüência e da amplitude - Sistema cardiovascular causam depressão do centro vasomotor vasodilatação periférica hipotensão vasoconstricção dos vasos esplênicos e renais. Deprimem ainda diretamente o miocárdio, causando bradicardia. - Sistema digestório diminuição da motilidade intestinal. - Sistema urinário com a hipotensão e a vasoconstricção renal diminuição do fluxo plasmático renal e da filtração glomerular oligúria. Ainda estimula a secreção de ADH, aumentando a reabsorção tubular. - Feto causa depressão grave da respiração fetal. Após o parto, esta é agravada pela imaturidade dos orgãos metabolizantes e excretores do recém-nascido. OBS.: a) Em animais obesos ocorre redistribuição muito rápida do barbitúrico para o tecido adiposo, levando à superficialização da anestesia, o que requer a readministração do fármaco. Quanto mais readministrações sejam feitas, mais demorado será o período de recuperação anestésica e maiores os riscos de intoxicação por efeito cumulativo. b) O tempo de anestesia barbitúrica pode ser aumentado caso tenha sido administrado ao animal o cloranfenicol (até 25 dias antes da anestesia) ou fármacos como sulfonamidas, AINES, dextrose, frutose, lactato, piruvato e glutamato. c) 70% do barbitúrico administrado liga-se às proteínas plasmáticos. A hipoproteinemia potencializa o efeito dos barbitúricos. d) Em animais com acidose, a dose do barbitúrico deve ser reduzida, pois a acidose aumenta a penetração do barbitúrico no SNC. FÁRMACOS E DOSES (com MPA): FÁRMACO ANIMAL DOSE (mg/kg) CONCENTRAÇÃO (%) Tiopental * cão/gato 12,5 2,5 equino/bovino/suíno 5 5 ovino/caprino 10 5 tiamilal cão /gato 10 2 equino/bovino 5 4 ovino/caprino/suíno 10 4 metohexital cão/gato 10 1 equino/bovino/suíno 5 2,5 ovino/caprino 4 2,5 pentobarbital cão/equino/ruminantes 15 3 Obs.: Quando não empregar-se MPA, estas doses devem ser duplicadas. NOMES COMERCIAIS: - Tiopental: Thionembutal, Tiopental (frascos de 0,5 e 1 grama) - Tiamilal: Surital (frascos de 1 grama) - Metohexital: Brietal (frascos de 0,5 grama) - Pentobarbital: Nembutal, Pentotal (frascos de 1 grama) II. Propofol: NC.: Propotil, Fresofol, Propovan, Diprivan. Apresentação: ampola de 20 mL; frasco-ampola de 10, 20, 50 e 100 mL. Todos a 1%. - atua especialmente potencializando o GABA - produz hipnose e discreta analgesia - pronto para uso (microemulsão ou diluente: óleo de soja, fosfato de ovo purificado, glicerol, hidróxido de sódio) - uso exclusivo IV - causa pouca irritação tecidual quando extravenoso (pH: 7,0), porém causa dor à injeção IV - distribui-se muito rapidamente, especialmente para os tecidos muito vascularizados indução rápida - 98% liga-se às proteínas plasmáticas - metabolização hepática e extra-hepática - deprime o sistema cardiovascular ( resistência vascular periférica, PA, FC, DC) - não causa arritmias - causa depressão respiratória (apnéia transitória) - MC, FSC, consumo de O2 cerebral, PIC e PIO - produz indução suave e rápida (30 seg. a 1 min.). Pode ocorrer dor no momento da administração. - duração de ação de cerca de 8 a 15 min. - é muito lipossolúvel rapidamente redistribuído para os tecidos corpóreos e metabolizado em compostos inativos (níveis plasmáticos caem muito rápido) rápida recuperação (sem analgesia residual) - recuperação (estação) 20 a 30 min. após a indução (quando dose única) - pode causar tremores, opistótono, pedalagem, hipertonia (principalmente quando sem MPA) - quando administrado via IV contínua em felinos pode causar recuperação prolongada, anorexia e diarreia, devido à dificuldade de glicuronização desta espécie. - Doses * : pequenos animais: 2 a 5 mg/kg com MPA; 5 a 10 mg/kg sem MPA grandes animais: 2 a 4 mg/kg com MPA; 4 a 8 sem MPA readministrações: ½ dose inicial infusão contínua: 0,3 a 1 mg/kg/minuto 8. ANESTESIA GERAL INALATÓRIA I. Conceitos: - Volume corrente (VT): quantidade de ar que entra ou sai dos pulmões em um movimento respiratório. - Volume minuto (VM): quantidade de ar que entra ou sai dos pulmões em um minuto. Obtido pela multiplicação da frequência respiratória pelo volume corrente (VM = f x VT). - Concentração alveolar mínima (CAM): concentração alveolar de um anestésico necessária para abolir a resposta motora à estimulação dolorosa em 50% dos pacientes. Denota potência anestésica (Quanto menor a CAM, mais potente é o anestésico). - Coeficiente de solubilidade sangue-gás (CSsangue-gás): Relação entre a quantidade de moléculas de um anestésico diluídas no sangue e presentes no ar alveolar, quando estes dois meios estão em equilíbrio. Denota velocidade de indução/recuperação anestésica (Quanto menor o CS, mais rápida são a indução e a recuperação anestésica). II. Componentes do aparelho anestésico: a) fonte de fluxo diluente: geralmente O2 puro. Pode-se empregar o ar comprimido (ar ambiente), que tem 21 % de O2 . b) válvula redutora: reduz a pressão do cilindro de O2 (ou outro fluxo diluente) para uma pressão compatível com o aparelho anestésico. c) medidores de fluxo diluente: - fluxômetro: mede de modo menos sensível (1 a 30 litros) - rotâmetro: mede de modo mais preciso (em mililitros) d) vaporizadores: - universal: volatiliza por borbulhamento, podendo ser preenchido com qualquer anestésico volátil. Menos preciso (não se sabe a concentração fornecida) e mais arriscado. - calibrado: volatiliza por turbilhonamento e cada vaporizador é calibrado para um tipo de anestésico. Dispõe de graduação para a concentração fornecida e é mais seguro de se operar. e) válvulas inspiratória e expiratória: permitem a passagem da mistura em apenas um sentido, fazendo com que o paciente inspire sempre a mistura anestésica após esta haver passado pela cal sodada, impedindo portanto a reinalação de CO2 . f) traquéias corrugadas: responsáveis por transportar a mistura anestésica do aparelho ao paciente e o ar expirado do paciente ao aparelho. g) caníster: recipiente para a cal sodada, que absorve o CO2 expirado pelo paciente, quando em sistema fechado de anestesia. Esta cal sodada muda de cor de branco para azul, quando entra em exaustão (não absorve mais CO2) h) balão anestésico: serve como reservatório de mistura anestésica (fluxo diluente + anestésico volátil) e é útil também no controle da frequência respiratória. i) válvula de alívio (pop-off): permite a eliminação do excesso de gases de dentro do circuito anestésico. j) respirador: utilizado para produzir respiração controlada do paciente, a partir do ajuste de valores como frequência respiratória e volume e pressão do fluxo diluente fornecido ao paciente. Útil em toracotomias e em casos de apneia. III. Tipos de circuito anestésico: - fechado (circular): o ar expirado é filtrado no caníster e é reinalado pelo animal. Ocorre reaproveitamento total da mistura anestésica. Fluxo diluente de 4 a 20 mL/kg/min.. - semi fechado: parte do ar expirado é eliminado no ambiente, pela válvula de alívio (pop-off) do sistema. Ocorre reaproveitamento parcial da mistura anestésica. Fluxo diluente maior que 20 mL/kg/min.. - aberto: todo o ar expirado vaipara o ambiente, sem nenhum reaproveitamento. Fluxo diluente de 200 a 300 mL/kg/min.. IV. Vantagens: - via de administração respiratória - pronta metabolização e eliminação - fácil controle do nível anestésico e do tempo de anestesia - rápida recuperação - viável em pacientes idosos e/ou de alto risco V. Desvantagens: - requer aparelhagem específica e técnicos especializados para seu controle - risco de teratogênese, aborto, câncer, disfunções reprodutivas, hepáticas, renais e do SNC, no pessoal cronicamente exposto - poluição ambiental - custo ?? VI. Fármacos: 1. HALOTANO: - quatro vezes mais potente que o éter - não é inflamável nem explosivo - produz rápida indução (CS sangue/gás = 2,54) - mais potente [CAM = 0,87 V% (cão); 0,82 V% (gato); 0,83 V% (cavalo)] - metabolização = 20 a 40% - causa inibição simpática bradicardia e hipotensão (atropina) - deprime o miocárdio e o sensibiliza à ação das catecolaminas (arritmias) - pode ser hepatotóxico quando inalado repetidas vezes - fraca analgesia residual - causa oligúria ( do fluxo renal e liberação de ADH) - NC: Halotano, Halothane, Fluothane; frascos de 50, 100 e 250 mL 2. ISOFLUORANO - produz indução mais rápida (CS sangue/gás = 1,46) - potência intermediária [CAM = 1,41 V% (cão); 1,63 V% (gato) e 1,31V% (cavalo)] - metabolização = 0,2% - causa menor depressão cardíaca que o halotano, porém com maior hipotensão - não sensibiliza o miocárdio às catecolaminas maior estabilidade cardiovascular - não é hepatotóxico - também causa oligúria - NC: Isofluorano, Forane; frasco de 100 mL 3. SEVOFLUORANO - indução muito rápida (CS sangue/gás = 0,68) máscara (odor agradável) - menos potente [CAM = 2,36 V% (cão); 2,58 V% (gato) e 2,31 V% (cavalo)] - metabolização = 2 a 5% - depressão cardiovascular semelhante à produzida pelo isofluorano - reage com a cal sodada formando 5 compostos (A, B, C, D, E). O composto A é nefrotóxico quando em concentrações plasmáticas muito elevadas (>50 µmol/l). - não sensibiliza o miocárdio às catecolaminas maior estabilidade cardiovascular - é o mais indicado para neuroanestesias maior proteção neuronal à isquemia - NC: Sevorane; frasco de 100 e 250 mL 4. DESFLUORANO - indução rapidíssima (CS sangue/gás = 0,42) - menos potente [CAM = 7,2 V% (cão); 9,8 V% (gato) e 8,0 V% (cavalo)] - metabolização = 0,02% - irrita as vias aéreas (tosse)(evitar indução por máscara) - depressão cardiovascular semelhante à produzida pelo isofluorano - não sensibiliza o miocárdio às catecolaminas maior estabilidade cardiovascular - usado exclusivamente vaporizador calibrado, blindado e termocompensado - NC: Desforane; frasco de 100 e 240 mL 5. ÓXIDO NITROSO - gás inerte (não metabolizado), não irritante, não inflamável nem explosivo - absorção e eliminação rápidas - não produz anestesia profunda (quando usado sozinho) - não pode ser usado isoladamente (anóxia cerebral na indução) nem em sistema fechado de anestesia (acumula progressivamente no sistema FiO2 hipoxemia) - quando associado a um anestésico volátil, a concentração deste para manter a anestesia é reduzida em 20 a 30% - sua “diluição” com o O2 deve seguir uma relação de 50 : 50 V% ou no máximo 75 : 25 V% - não altera parâmetros cardíacos, respiratórios, renais ou hepáticos - antes do término da anestesia deve-se suspender o fluxo de óxido nitroso, realizando um “lavado” pulmonar com O2, afim de evitar problemas como anóxia cerebral. - NC: Óxido nitroso, Protóxido de nitrogênio
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