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O “JEITINHO” DOS BRASILEIROS E OS SEUS CAMINHOS PARA DEUS
Maraisa de Lima Silva
RESUMO: Roberto DaMatta inicia uma discussão profunda sobre a sociedade brasileira em seu livro “O que faz o brasil, Brasil”, especialmente em relação à personalidade e a cultura dos brasileiros. A proposta deste trabalho é apresentar uma análise sobre os capítulos 7 e 8 do seu livro, no qual os assuntos: O modo de navegação social: a malandragem e o “jeitinho” e Os caminhos para Deus são abordados, com o objetivo de melhor entender esse tema, de forma a enriquecer o conhecimento aqui experienciado.
PALAVRAS-CHAVE: Navegação Social, Ética, Religião. 
INTRODUÇÃO
Roberto Augusto da Matta, antropólogo, tem como foco de seus estudos a sociedade brasileira. Apresenta em suas publicações a complexidade característica desta nação. Foi professor do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde foi chefe do Departamento de Antropologia e professor na Universidade de Notre Dame (EUA), onde também lecionou antropologia. Entre suas publicações podem ser citadas Carnavais, malandros e heróis - 1979, Relativizando: uma introdução à antropologia social - 1981, Crônicas da vida e da morte – 2009, entre diversos outros livros e artigos, publicados no Brasil e exterior.
No livro “O que faz o brasil, Brasil?” Roberto da Matta aborda a questão referente à identidade nacional brasileira, fornecendo instrumentos que colaboram na busca por explicações das relações sociais e culturais existentes, lançando mão de conceitos como os de casa, rua e trabalho, suas relações e reverberações no cotidiano nacional. Proporcionando, como ele mesmo cita em seus escritos, “uma visão da sociedade aberta e relativizada pela comparação”.
O modo de navegação social: a malandragem e o “jeitinho” traz à luz nossa adequação entre prática social e o mundo jurídico. O autor aborda o “jeito” como sendo o modo pacífico e legítimo de resolvermos nossos problemas, de conciliar interesses. A malandragem seria outro modo de efetuar esta navegação social, estando a nossa disposição para utilizarmos quando julgarmos necessária.
No capítulo Os caminhos para Deus o autor aponta a necessidade humana em conversar com Deus. Este diálogo em forma de súplica pode ser individual ou coletivo, seja para legitimar as diferenças sociais, responder perguntas insolúveis, ou na tentativa de domesticar o tempo. Ele aborda nossa característica de misturar diferentes crenças na busca por salvação, na busca por um sentido, na nossa esperança por um mundo melhor e mais justo.
De um modo geral, Roberto da Matta procura, neste livro, descrever um conjunto de características que colaboram na constituição de uma identidade nacional, propondo questionamentos acerca dos indivíduos e suas relações sociais. Busca, em alguns casos, perceber as diferenças históricas que conferem a especificidade da sociedade brasileira perante outras. Faz uso de diversas alegorias para exemplificar sua escrita, entre elas ilustrações, citações, músicas.  Entretanto, o autor não ressalta as diferenças culturais existentes dentro deste grande grupo que ele se propõe a analisar. Ele apresenta uma ideia de identidade nacional que não é compartilhada por todos os brasileiros, a de um Brasil onde se valoriza a religião, o carnaval, a boa comida e mulheres, e não a educação, o conhecimento ou qualquer outro valor que agregue um caráter mais intelectualizado à sociedade brasileira.
METODOLOGIA
O seguinte resumo foi desenvolvido a partir da leitura do livro “O que faz o brasil, Brasil?” de Roberto DaMatta, que incorpora um estudo sobre o país e seu inconveniente modo de navegação social, o “jeitinho”, e também sobre as diversas formas de expressar a crença e a religião.
DESENVOLVIMENTO
Como procedemos diante da norma geral, se fomos criados numa casa onde, desde a mais tenra idade, aprendemos que há sempre um modo de satisfazer nossas vontades e desejos, mesmo que isso vá de encontro às normas do bom senso e da coletividade em geral? (DAMATTA, 1986, p.63)
O brasileiro vive em constante oscilação social feito de leis universais cujo sujeito é o indivíduo e situações onde cada qual se salva e se despacha como pode, utilizando para isso o seu sistema de relações pessoais.
Então que surge o “jeitinho” a forma típica brasileira que todos conhecem e provavelmente já utilizaram para contornar a situação, que, ao final do dia, retorna a um estado normal. Porque é isso que aprendemos desde crianças, a encontrar sempre a opção mais fácil, mesmo que não seja a mais correta para justificar as nossas ações e resolver os nossos problemas.
Nos Estados Unidos, na França e na Inglaterra, somente para citar três bons exemplos, as regras ou são obedecidas ou não existem. (DAMATTA, 1986, p.65)
Não há motivos de escrever normas que contrariam ou evitam o bom senso e as regras da própria sociedade, abrindo caminho para a corrupção burocrática e ampliando a desconfiança no poder público. 
E isso faz todo sentido, porque de que adianta criar uma norma se ela não será cumprida, ou se for, acontecerá de forma a beneficiar alguém baseando-se em suas características sociais. Ou é pra todo mundo, ou não é pra ninguém.
[...] Nessas sociedades, a lei não é feita para explorar ou submeter o cidadão, ou como instrumento para corrigir e reinventar a sociedade. Lá, a lei é um instrumento que faz a sociedade funcionar bem [...] (DAMATTA, 1986, p.65)
O brasileiro fica confuso e fascinado pela disciplina existente em países como citei anteriormente, por que já estamos acostumamos com essa cultura de desobedecer a regras, que julgamos não serem necessárias ou importantes no momento. A diferença que é nos países citados, as normas e leis não são vistas como punição e sim como algo à fazer a sociedade funcionar melhor.
Por exemplo, no Brasil a lei universal para um crime, quando avaliada por quem o cometeu, a lei estabelece virtualmente um peso e uma escala. Assim os crimes admitem graus de execução de acordo com o princípio hierárquico que rege a sociedade. 
“O “jeito” é um modo e um estilo de realizar”.
 “Jeitinho” e “você sabe com quem está falando?” são as duas faces de uma mesma situação. Há sempre outra autoridade, ainda mais alta, a quem se poderá recorrer. E o “jeitinho” é uma forma de resolver um problema, poderia se optar pela opção burocrática, que exige mais empenho e preocupação com a situação, mas o “jeito” é mais fácil, e, portanto, mais utilizado, tanto que se tornou comum, transformando-se em estilo e opção.
“A malandragem, como outro nome para a forma de navegação social nacional, faz precisamente o mesmo”.
O malandro, seria um profissional do “jeitinho” e da arte de sobreviver nas situações mais difíceis, e mais do que isso trata-se mesmo de um modo “jeito ou estilo” profundamente original e brasileiro de viver, e às vezes sobreviver, num sistema em que a casa nem sempre fala com a rua e as leis formais da vida pública nada têm a ver com as boas regras da moralidade costumeira que governam a nossa honra, o respeito e a lealdade.
Em "Os caminhos para Deus", DaMatta aponta ironicamente as formas como os brasileiros se comunicam com Deus, santos e o "outro mundo".
Segundo ele, há uma necessidade de se acreditar em algo superior, em algo maior que nós, e essa seria uma maneira de entender o mundo, entender as diferenças, o porquê de tantos infortúnios, tanta dor. E, ao mesmo tempo, suplicar que Deus ilumine a Terra e dê forças aos mortais. Nesse caso, a religião serviria para explicar, para questionar e responder.
Esse mundo habitado por mortos, fantasmas, almas, santos, anjos, orixás, deuses, Deus, a Virgem Maria e Jesus Cristo, para onde todos vão e de onde ninguém retorna .. ou pelo menos retorna com facilidade. (DAMATTA, 1986, p.73)
Para compartilhar tudo que a religião nos oferece, temos a Igreja, uma entidade puramente santa, onde as pessoas se reúnem para venerar o mesmo Deus e os mesmos santos, para comungar o corpo de Cristo e entoar preces, quequanto mais fortes e cheias de adornos, mais rápido chegam aos ouvidos do Criador. É também a Igreja, o local onde batizamos nossos filhos, onde casamos, selando assim, laços eternos com a família e com Deus.
A Igreja, assim, é uma forma básica de religião, marcando talvez o lado impessoal de nossas relações com Deus. Um lado, de fato, onde a intimidade eventualmente pode ceder lugar às regras fixas que conduzem a uma impessoalidade, sobretudo nos cultos que legitimam de qualquer modo as crises de vida. (DAMATTA, 1986, p.77-78)
Há no Brasil uma variedade infinita de religiões, cada uma com suas tradições, cultos e diferentes formas de veneração. Todas têm como foco a ideia de que existe uma relação entre nós, seres humanos mortais, e os deuses; a possibilidade de comunicação com esse outro mundo, no qual não teríamos mais problemas, nem dores, angústias e onde estaríamos lado a lado com Deus.
O brasileiro, como já sabemos, acha que a solução de seus problemas está bem acima de nós, nas mãos de Deus e seus "ajudantes celestiais"; daí vem a intimidade que as pessoas têm com os santos. Cada um é devoto de um santo, seja ele o casamenteiro, o das causas urgentes, das impossíveis ou aquele que nos ajuda a encontrar objetos perdidos.
Creio que todo esse folclore que se criou em torno desses mártires, não é à toa, pois eles foram pessoas normais, igual a qualquer um de nós, e que dedicaram sua vida para fazer o bem, servir a Deus. Além disso, os santos são as divindades que acreditamos estarem mais perto de nós, mais "acessíveis". São representantes desse mundo e do outro, nossos protetores. Ter uma gruta no jardim de casa é estar protegido. Ter uma santa ceia na parede da sala é uma maneira de demonstrar que na sua casa não há espaço para o Satanás. O que ninguém admite, mas todo mundo sabe, é que o inferno é aqui mesmo, na Terra. E que, mesmo sua casa estando cheia de santos e bíblias, sem uma cerca elétrica no portão e um pit-bull de segurança, não se vive em paz.
Nós, brasileiros temos intimidade com certos santos que são nossos protetores e padroeiros, nossos santos patrões; do mesmo modo que temos como guias certos orixás ou espíritos do além, que são nossos protetores. [..] Em todos os casos, a relação existe e é pessoal, isto é, fundada na simpatia e na lealdade dos representantes deste mundo e do outro. Somos fiéis devotos de santos e também cavalos de santo de orixás, e com cada um deles nos entendemos muito bem pela linguagem direta da patronagem ou do patrocínio místico – por meio de preces, promessas, oferendas, despachos, súplicas e obrigações que, a despeito de diferenças aparentes, constituem uma linguagem ou código de comunicação com o além que é obviamente comum e brasileira. (DAMATTA, 1986, p.77)
Para DaMatta são muitas as formas de se chegar a Deus, o que não deixa de ser verdade, levando em conta tudo que vemos e vivenciamos na nossa cultura. Ninguém é totalmente descrente de que existe sim, uma entidade superior, que nos guia e ilumina. Mas vamos ser honestos com nós mesmos: Deus deve estar cansado de nós. Pois ao fazer o homem à sua imagem e semelhança, pensava estar criando um poço de sensibilidade e amor. O que não ocorreu, como podemos constatar. Assim, sempre que algo nos falta, recorremos ao Todo Poderoso.
No último parágrafo, DaMatta resume o capítulo todo em poucas e sábias palavras, ao dizer que o brasileiro acredita num outro mundo, onde tudo seria possível, e onde tudo que aqui na Terra não funciona, passa a funcionar, como a lei do retorno: faça o bem para colher o bem. Ou seja, vivemos uma vida de sofrimento e desalento, mas isso não nos faz desacreditar que tudo dará certo, mesmo sendo após a morte. É uma esperança, mesmo que vã. O céu à brasileira está a nossa espera, rezemos então, para que seja mesmo um lugar assim tão mágico, capaz de exterminar os problemas e as dores das pessoas, caso contrário, a decepção será tamanha, que Deus vai ser chutado do "Paraíso".
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos observar que diversas discussões foram lançadas a partir da leitura dos capítulos do livro aqui apresentados, várias delas totalmente pertinentes ao nosso cotidiano. Com a prática do resumo dos capítulos “O modo de navegação social: a malandragem e o ‘jeitinho’” e “Os caminhos para Deus”, foi possível debater e esclarecer essas discussões, concluindo o nosso objetivo.
REFERÊNCIAS
DAMATTA, Roberto. O que faz o brasil, Brasil? Rio de Janeiro: Rocco, 1986.
OLIVEIRA, Graziela. Insanas E Normais. O que faz o brasil, Brasil? – Discussão. Disponível em: <http://insanasenormais.blogspot.com/2014/05/o-que-faz-o-brasil-brasil-discussao.html> Acesso em 06 de setembro de 2018.

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