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apostila de aloimunizacao

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CAPÍTULO 6
Aloimunização
O termo aloimunização corresponde a produção de anticorpos quando ocorre a 
exposição do indivíduo a antígenos não próprios. Existem inúmeros casos, entre eles 
merece destaque a transfusão de sangue incompatível (aloimunização eritrocitária) 
e em mulheres grávidas, cujos fetos passam a expressar em suas células do sangue 
antígenos apenas de origem paterna e podem entrar em contato com o sangue 
circulante da mãe durante a gestação ou no parto.
A aloimunização eritrocitária merece especial atenção diante das consequências 
que podem acometer o paciente receptor do sangue. Neste caso, pacientes que 
receberam alguma transfusão de sangue, e tenha sido exposto a antígenos não 
próprios, o sistema imunológico desenvolve células de defesa para os antígenos 
reconhecidos. Assim, trata-se de uma resposta imunológica contra antígenos 
eritrocitários desconhecidos, o que leva à sensibilização em transfusões de sangue. 
São produzidos aloanticorpos antieritrocitários, destinados à destruir os antígenos 
dos�sistemas�Rh,�Kell,�Du�y�e�Kidd�das�c�lulas�do�doador,�o�que�pode�levar�a�hem�lise.�
Seu desenvolvimento está associado à idade do paciente, número de transfusões 
recebidas e diferenças antigênicas entre pacientes e doadores.
Entre as complicações deste fato incluem o risco de infecções por vírus e bactérias e 
a aloimunização. Esta por sua vez limita a disponibilidade de hemácias compatíveis, 
aliado ao risco de hemólise em grandes percentuais e até mesmo hemólise tardia.
A anemia falciforme é uma doença hereditária comum no Brasil, sendo 
caracterizada pela substituição da hemoglobina A (HbA) normal, por meio 
de uma mutação de ponto (GAG>GTG) no gene da globina beta. Mutação que 
implica na substituição de um ácido glutâmico por uma valina da cadeia beta, e 
consequentemente a presença de alterações morfológicas e físico-químicas na 
hemoglobina, uma hemoglobina anormal denominada hemoglobina S (HbS).
Quando diagnosticado, o paciente pode ser tratado com o recebimento de 
transfusões sanguíneas, que podem desencadear problemas secundários como 
a aloimunização eritrocitária. Esta ocorre quando há produção de anticorpos 
direcionados contra antígenos das hemácias do doador, sendo consideradas como 
non self, uma vez que não estão presentes nas suas hemácias. Tal fato torna a 
transfusão sanguínea extremamente arriscada, o que restringe disponibilidade de 
84
UNIDADE IV │ INTERAÇÕES IMUNOLÓGICAS
bolsas de concentrados de hemácias compatíveis em transfusões subsequentes, 
além de aumentar as chances de ocorrência de hemólise.
Vizzoni e Moreira (2017) descrevem que, quanto maior o número de transfusões 
feitas, principalmente em pacientes com doenças agudas e/ou atendidos em 
emergências médicas, mais o organismo se torna sensível a produzir anticorpos. 
Sendo uma correlação determinada pelo fato de que quanto maior o número 
de transfusões, maior a possibilidade de exposição a antígenos não próprios 
aos portadores de anemia falciforme e, consequentemente, maior o risco de 
aloimunização.
Diante do exposto torna-se imprescindível a realização de fenotipagem dos 
grupos sanguíneos, de ambas as partes, doador e receptor (portadores de anemia 
falciforme) para assim evitar a aloimunização e complicações hemolíticas. Desse 
modo, pacientes devem receber concentrado de hemácias com fenótipo compatível, 
a fim de evitar reações transfusionais hemolíticas.
Outra patologia caracterizada pela aloimunização é a doença hemolítica do 
perinatal (DHPN), na qual ocorre a reação de anticorpos maternos contra os 
antígenos presentes nos eritrócitos fetais. Este ataque ocorre devido a presença 
de incompatibilidade sanguínea a antígenos das hemácias presentes no feto (Rh+) 
e ausentes na mãe (Rh-).
Figura 71. Desenho esquemático da doença hemolítica do recém-nascido.
Mulher Rh- (dd) Organismo materno 
fabrica anticorpos 
anti-Rh 
Mulher 
sensibilizada 
produz muitos 
anticorpos anti-Rh 
Passagem de 
anticorpos anti-
Rh para a 
circulação fetal 
Passagem de 
hemácias 
fetais (Rh+) 
para o sangue 
 
Criança Rh+ 
Parto 
Segunda gravidez 
Criança Rh+ 
Primeira gravidez 
Fonte disponível em: <http://obstetriciasembioquimica.blogspot.com/2014/10/isoimunizacao-da-mae-por-sistema-ab0-e.
html>. Acesso em: 7 junho 2019.
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INTERAÇÕES IMUNOLÓGICAS │ UNIDADE IV
A sensibilização da gestante se dá pelo contato com o sangue fetal (Rh+) com 
a circulação materna (Rh-), principalmente nas últimas semanas e, não raro, 
no trabalho de parto, o que desencadeia a produção de anticorpos maternos. 
Normalmente na primeira gestação não será evidenciado nenhuma complicação 
decorrente a esta sensibilização. No entanto, na segunda gestação (feto Rh+), os 
anticorpos produzidos são reativados e podem ultrapassar a barreira placentária e 
proporcionar a hemólise de hemácias fetais, caso o feto apresente o mesmo antígeno 
correspondente ao anticorpo que pode levar à hidropsia e ao óbito fetal ou neonatal. 
A aloimunização em gestantes ocorre devido aos antígenos D do fator Rh em 98% 
dos casos e 2% em função dos antígenos atípicos como Kell, E ou C. 
Na eventualidade do diagnóstico de aloimunização, a gestante deve ser encaminhada 
para centros de referência para o acompanhamento da gravidez. Como medida 
preventiva da sensibilização pelo fator Rh deve-se realizar a administração de 
imunoglobulina anti-D em mulheres gestantes com Rh negativo.
Para prevenir tais complicações é necessário realizar a pesquisa de anticorpos 
irregulares por meio do Teste de Coombs indireto (Figura 72), no qual avalia o 
plasma sanguíneo, identificando os anticorpos nele presentes. É considerado 
positivo com título maior que 1/16 para anticorpo anti-D e qualquer valor para os 
demais antígenos, especialmente Kell. Caso o sangue paterno seja Rh positivo e 
heterozigoto para o antígeno em questão.
Figura 72. Representação esquemática do Coombs indireto.
TESTE DE COOMBS INDIRETO 
Amostra de soro 
contendo 
anticorpos (Ig’s) 
Amostra de sangue de 
um doador é adicionada 
ao tubo com soro (O+) 
Ig’s fixam-se nas 
hemácias do doador 
formando o complexo 
antígeno-anticorpo 
Soro de Coombs 
é adicionado 
(Anti-Ig humana) 
Aglutinação ocorre 
pois as Ig’s estão 
fixadas nas 
hemácias 
Teste positivo 
Fonte disponível em: <https://lh5.ggpht.com/_STDVFQGESJI/TWMze0Dul6I/AAAAAAAAB5k/7tB_SLbjtqI/coombs%20ind_
thumb%5B2%5D.jpg?imgmax=800>. Acesso em: 7 junho 2019.
86
UNIDADE IV │ INTERAÇÕES IMUNOLÓGICAS
Outra�opç�o���a�reali�aç�o�do�Coombs�direto�(Figura�73��que�permite�a�identi�caç�o�
de anticorpos aderidos à superfície dos eritrócitos. Avalia de forma direta as células 
vermelhas do sangue, a presença de anticorpos ligados à hemácia e se esses são 
derivados do próprio sistema imune da pessoa ou recebidos por transfusão. Muito 
empregado no diagnóstico das anemias hemolíticas do recém-nascido (eritroblastose 
fetal), doenças autoimunes.
Figura 73. Representação esquemática do Coombs direto.
Amostra de sangue de 
um paciente com 
anemia hemolítica 
autoimune: eritrócitos 
Soro de Coombs é 
adicionado 
(anti-Ig humana) 
Aglutinação 
(anti-Ig + complexo 
Antígeno-anticorpo) 
Antígeno na 
membrana da 
célula 
 
 
Anti-eritrócitos 
 
 
Anti-Ig humana 
(Soro de Coombs) 
Legenda Teste positivo 
TESTE DE COOMBS DIRETO 
Fonte disponível em: <https://wss0271.files.wordpress.com/2011/08/coombs-dir.jpg>. Acesso em: 7 junho 2019.
Como procedimento padrão para evitar a ocorrência da aloimunização, a gestante 
Rh- e recém-nascidos Rh+, após o parto ou evento obstétrico devem receber 
imunoglobulina anti-D em até 72 horas como proteçãocontra sensibilização.

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