Grátis
231 pág.

5 de 5 estrelas









5 avaliações
Enviado por
Fernanda Lima
5 de 5 estrelas









5 avaliações
Enviado por
Fernanda Lima
Pré-visualização | Página 14 de 50
Causa é toda ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido, como ocorreu (art. 13, caput, 2a parte) (Ex. morte por hemorragia provocada em hemofílico; morte decorrente de broncopneumonia advinda de ferimentos provocados pelo agente). TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DAS CONDIÇÕES - CONTITIO SINE QUA NON Quando nos referimos a nexo causal, percebemos que o artigo 13 do Código Penal expressamente adota a teoria da equivalência das condições. Segundo esta teoria, qualquer condição que contribua para a produção do resultado ilícito deve ser considerado causa. Esta teoria é bastante ampla considerando como causa do resultado, por exemplo, a venda da arma de forma lícita para o autor do crime de homicídio, pois, segundo o procedimento hipotético de eliminação de Thyrén, "causa é todo antecedente que, suprimido mentalmente, impediria a produção do resultado", nas condições que ocorreu. No exemplo dado, a vítima não teria morrido com um tiro disparado pela arma vendida licitamente, caso a venda não tivesse sido concretizada. Como disse, esta teoria é bastante ampla abrangendo como causas do resultado eventos lícitos anteriores ao evento ilícito. Para não corrermos o perigo da regressão ao infinito, esta teoria sobre limitações. Antes de falarmos em imputação do resultado, devemos observar a vontade do agente. Será causa do resultado aquela condição anterior ao evento que tenha sido praticada com dolo ou com culpa na produção do resultado ilícito. Assim no exemplo acima, se a venda da arma foi realizada de forma lícida, sem intenção homicida, ela será retirada da cadeia causal e não poderá ser considerada juridicamente causa do resultado. RELEVÂNCIA NA OMISSÃO Do ponto de vista da relevância jurídica a omissão apresenta-se sob duas formas: a) Omissão própria ou pura. É aquela que objetivamente está descrita no tipo penal como uma conduta negativa de não fazer o que a lei determina, consistindo a omissão na transgressão da norma jurídica e não sendo necessário qualquer resultado naturalístico; b) Omissão imprópria (crimes comissivos por omissão). É aquela em que somente as pessoas referidas no parágrafo 2° do art. 13 do CP podem praticar, uma vez que para elas existe um dever especial de proteção. Aqui, é necessário que a omissão dê causa a produção de um resultado naturalístico para que o delito se consume. É o caso da mãe (detentora do dever legal de proteção e vigilância) que deixa de alimentar seu filho objetivando a sua morte, o que vem de fato a ocorrer. Responde por homicídio doloso. Na omissão imprópria encontramos mais uma espécie de adequação típica de subordinação indireta, ante a necessidade de utilização da norma de extensão para o devido complemento do juízo de tipicidade. Deixando para analise posterior o tipo omissivo próprio, passemos a analise da figura da omissão imprópria e sua relevância penal. São pressupostos fundamentais para a existência do crime omissivo impróprio: Exame de Ordem Direito Penal – Parte Geral e Especial Profs. Geibson Rezende e Kheyder Loyola redejuris.com 32 PROTEGIDO PELA LEI DOS DIREITOS AUTORAIS – LEI 9.610/98 a) Poder agir. Assim como nos crimes comissivos, nos crimes comissivos por omissão o agente, diante da situação concreta, deve ter poder físico de agir para impedir o resultado. Caso ele não tenha esta possibilidade o resultado não lhe pode ser atribuído, mesmo que presentes os requisitos do artigo 13, parágrafo 2°, do CP. É insuficiente, pois, o dever de agir. b) Evitabilidade do resultado. Além de poder e dever agir é necessário, para a caracterização do crime omissivo impróprio, saber se mesmo tendo agido, o resultado ocorreria ou não. Se chegar-se à conclusão de que a atuação do agente não impediria a produção do resultado, deve-se concluir que não foi ele quem deu causa ao resultado, não podendo o resultado lhe ser atribuído. c) Dever de impedir o resultado. Além de poder agir e que o resultado seja evitável, para a configuração do crime omissivo impróprio, é necessário que o agente tenha o dever especial de agir, nos termos previstos no artigo 13, parágrafo 2°, do CP. Nos seguintes termos: 1) Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância - Dever de proteção e assistência para com os filhos (obrigação resultante da lei civil - CC e ECA) - ex.: pai que intencionalmente deixa de alimentar seu filho recém-nascido, causando sua morte, responde por “homicídio doloso”;; 2) De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado - Pode resultar de relação contratual, profissão ou quando, por qualquer outra forma, assumiu a pessoa a posição de garantidora de que o resultado não ocorreria; o dever jurídico não decorre da lei, mas de uma situação fática ou contratual - ex.: salva-vidas que zela pela segurança dos banhistas de um clube; 3) Com seu comportamento anterior, criou risco da ocorrência do resultado- ex.: aquele que, por brincadeira, joga uma pessoa na piscina e, posteriormente, percebe que esta não sabe nadar, tem o dever de salvá-la; se não o fizer, responde pelo crime. Importante ressaltar que o nexo de causalidade nos crimes omissivos impróprios não é natural uma vez que da omissão nada surge. O nexo causal aqui é presumido ou normativo. Há uma presunção de que o agente causa ao resultado por sua omissão. Na omissão, assim como na comissão (ação), a voluntariedade e consciência também são características exigidas para que a conduta seja penalmente válida. Nos crimes omissivos impróprios o nexo causal não existe; não há ligação natural entre o comportamento omissivo do agente e o resultado produzido. Este nexo é presumido pela lei, por isso normativo. Assim, nos crime omissivos, o Código Penal não adotou a teoria da conditio sine qua non e sim uma teoria normativa. 17.2.3. Resultado de que trata o caput do artigo 13 do CP Quando o caput do artigo 13 do CP inicia a sua redação dizendo que o “resultado, de que depende a existência do crime”, quer se referir ao resultado naturalístico, e não somente ao resultado jurídico. Crimes existem que não produzem modificação no mundo exterior perceptível aos sentidos. Estes crimes não possuem resultado naturalístico, somente resultado jurídico. Estes delitos não possuem nexo de causalidade, em que pese entendimento em contrário esposado por Luis Flávio Gomes, segundo o qual a norma insculpida no caput do artigo 13 é direcionada a todos os delitos, inclusive os que possuem apenas resultados jurídicos. Exame de Ordem Direito Penal – Parte Geral e Especial Profs. Geibson Rezende e Kheyder Loyola redejuris.com 33 PROTEGIDO PELA LEI DOS DIREITOS AUTORAIS – LEI 9.610/98 17.2.4. Em quais crimes podemos falar em nexo causal? a) Materiais. O tipo penal exige, para a sua caracterização, a produção de um resultado que cause a modificação no mundo exterior, perceptível pelos sentidos. Exemplos: Homicídio (art. 121); furto (art. 155); e dano (art. 163); b) Omissivos impróprios. O artigo 13, parágrafo 2°, do CP exige a produção de um resultado naturalístico para que o agente possa ser responsabilizado. Ex. o salva-vidas que, de forma negligente, permite que o banhista se afogue, comete o crime de homicídio culposo (art. 121, parágrafo 3°, do CP); 17.2.5. Onde eles não ocorrem? a) Formais. Delitos em que o legislador resolveu antecipar a sua consumação antes mesmo da ocorrência do resultado naturalístico, considerando-se este último, caso venha a acontecer, como mero exaurimento. Ex. extorsão mediante seqüestro. b) De mera