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Direito Administrativo

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1 
 
CURSO DE DIREITO ADMINISTRATIVO I (CERS + LFG) - 2015 
 
 
 NOÇÕES INTRODUTÓRIAS DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
 
1) Introdução: 
 
 Direito – é o conjunto de normas impostas coativamente pelo Estado, que disciplinam a vida em 
sociedade, permitindo a coexistência pacífica dos seres. 
Para fins didáticos, o Direito foi dividido em Direito Interno e Direito Internacional. O Direito Interno 
se preocupa com as relações dentro do território nacional. O Direito Internacional, por sua vez, estuda 
relações externas com empresas estrangeiras, estados estrangeiros, etc. 
Ainda para fins didáticos, o Direito foi dividido em ramo do direito público e ramo do direito 
privado. O primeiro se preocupa com a atuação do estado na satisfação do interesse público. O direito 
privado, por seu turno, estuda as relações privadas, com a satisfação do interesse privado. 
O Direito Administrativo é ramo do direito Interno e ramo do direito público. 
Norma de ordem pública é aquela norma imodificável, inafastável pela vontade das partes. 
 
 Pergunta de Concurso  (Cespe 2013) Norma de direito público é sinônimo de norma de ordem 
pública. Verdadeiro ou falso? 
R: Falso, pois nem toda norma de ordem pública (que não pode ser afastada pelas partes) é de direito 
público. Portanto, elas não são termos sinônimos. 
Ex. Regra de Licitação – É uma regra de direito público e também uma regra de ordem pública, pois não 
pode ser afastada pela vontade das partes. 
Ex. Regra de pgto de imposto de renda – É regra de ordem pública e de direito público. 
 
ATENÇÃO! TODA REGRA DE DIREITO PÚBLICO É TAMBÉM DE ORDEM PÚBLICA. MAS NEM 
TODAS AS REGRAS DE ORDEM PÚBLICA SÃO DE DIREITO PÚBLICO. EXISTEM NORMAS DE 
DIREITO PRIVADO QUE TAMBÉM SÃO DE ORDEM PÚBLICA. 
Ex. regra de capacidade civil – não pode ser afastada pela parte. 
Ex. regra de impedimentos para o casamento – não pode ser afastada pelas partes. 
 
O CONCEITO DE ORDEM PÚBLICA É MAIS AMPLO DO QUE O CONCEITO DE DIREITO PÚBLICO. 
 
2) Conceito de Direito Administrativo: 
O direito administrativo parte da noção de Estado (nação politicamente organizada, formada pelo povo, 
território e governo soberano). 
A administração é uma das funções do Estado. 
O Estado é uma pessoa jurídica de direito público, a dupla personalidade não existe mais, ou seja, ele 
não atua com personalidade de direito privado quando atua neste ramo. Ele sempre irá atuar com 
personalidade jurídica de direito público. 
O Estado de direito é um Estado que cria o direito e ao mesmo tempo se submete ao direito que ele 
criou. A lei obriga a todos, inclusive o Estado. 
Tripartição das funções Estatais – distribuição de funções estruturais – legislativa (legislar, normas 
gerais e abstratas, inovação no ordenamento jurídico); judicial e administrativa (concretizar a atividade 
legislativa, de atuar no caso concreto buscando o interesse da sociedade). 
 
 
2.1) Teorias para conceituar Direito Administrativo - Direito Administrativo em razão do objeto/ 
âmbito de atuação da disciplina: 
 
I) Escola legalista (também conhecida como escola exegética/ empírica/ caótica) → Para esta escola, o 
direito administrativo era apenas um estudo de leis – compilação e estudo de leis. Essa escola não 
 2 
prosperou. 
II) A ideia que prosperou é aquela no sentido de que o direito administrativo estuda além das leis, 
princípios. Essa ideia é a utilizada até os dias de hoje. Após esse conceito, várias teorias surgiram 
para conceituar direito administrativo, a partir da ideia de que Direito administrativo estuda leis e 
princípios. Assim: 
(a) Escola do serviço público → Para esta escola, o direito administrativo estuda o serviço 
público. Na época desta escola, toda atividade do estado era chamada de serviço público 
(inclusive, por exemplo, atividades comerciais, industriais, etc). Mas esse conceito, por ser 
amplo demais, não prosperou. 
(b) Escola Critério do Poder Executivo → (Já caiu em concurso) Para esta escola, o direito 
administrativo estudava somente o poder executivo. Esta escola também não é mais 
adotada, tendo em vista que o direito administrativo também estuda os poderes legislativo e 
judiciário, desde que eles estejam no exercício de atividade administrativa. 
(c) Critério das relações jurídicas → Essa escola dizia que o direito administrativo estudava 
todas as relações jurídicas do Estado. Esse critério também não foi aceito no Brasil, pois é 
um conceito amplo demais. 
(d) Critério Teleológico (também cai em concurso) → Para essa escola, o direito administrativo é 
um conjunto harmônico de princípios que regem as atividades do Estado na consecução dos 
seus fins. Esse critério teleológico foi aceito no Brasil por Oswaldo Aranha Bandeira de Melo 
(pai de Celso Antônio), mas foi dito insuficiente, pois o direito administrativo não é só um 
conjunto de princípios. 
(e) Critério Residual ou critério negativo → Segundo esta escola, o conceito de direito 
administrativo é residual, após a exclusão das funções legislativa e judicial do Estado. Esse 
critério foi aceito no Brasil, mas também foi tido por insuficiente, tendo em conta que nem 
todo o resto das atividades do Estado (com exclusão das funções legislativa e jurisdicional) 
é direito administrativo. 
(f) Critério de distinção da atividade jurídica do Estado e da atividade social do Estado → Para 
esta escola o direito administrativo não se preocupa com a atividade social do Estado, como, 
p.ex., estudo de políticas públicas. O direito administrativo, segundo esta ideia, estuda as 
questões jurídicas relacionadas à atividade do Estado. Esse critério foi aceito no Brasil, mas 
também tido por insuficiente. 
(g) Critério da Administração Pública → É o critério mais aceito no Brasil. Esse critério foi 
inserido no Brasil por Hely Lopes Meirelles e é o mais adotado no Brasil. Para este autor: 
Direito Administrativo é um conjunto harmônico de princípios e regras, que forma o 
regime jurídico administrativo e que rege os agentes, os órgãos e as entidades no 
exercício da atividade administrativa, tendente a realizar, de forma direta, concreta, e 
imediata os fins desejados pelo Estado. Assim, realizar os fins de forma: 
Direta = “atividade independente de provocação”. Com isso, afasta-se do conceito a 
atividade indireta do estado, ou seja, aquela que depende de provocação: a função 
jurisdicional do Estado. 
Concreta = a atividade terá destinatários determinados, com efeitos concretos. Exclui-se, 
assim, a função abstrata do Estado: a função legislativa. 
Imediata, o que é diferente de forma mediata, que é a atividade social. A função imediata 
diz respeito à atividade jurídica do Estado. 
 
Atenção! Quem define os fins do Estado é o direito constitucional. O direito administrativo apenas 
realiza esses fins. 
 
3) Fontes do Direito Administrativo: 
 
Fonte do direito administrativo é aquilo que leva a uma norma de direito administrativo. São elas: 
 
a) Lei em sentido amplo → Fala-se em lei enquanto toda e qualquer espécie normativa (CF, leis 
ordinárias, LC, MP, etc). O ordenamento jurídico brasileiro está organizado numa estrutura 
escalonada/hierarquizada de normas (normas inferiores e superiores). As normas inferiores devem ser 
 3 
compatíveis com as normas superiores e todas devem ser compatíveis com a CF. O STF chamou esta 
relação entre as normas de relação de compatibilidade vertical (normas inferiores devem ser 
compatíveis com as normas superiores e todas devem ser compatíveis com a CF). Vale lembrar que os 
atos administrativos estão na baseda pirâmide (embaixo na hierarquia). 
 
b) Doutrina → A doutrina é o resultado do trabalho dos estudiosos. O direito administrativo conta com 
uma legislação fragmentada, sem um código, com muitos decretos, por exemplo. Cada norma possui 
um contexto histórico diferente. E isso leva a uma enorme divergência doutrinária. 
 
c) Jurisprudência → Muitas vezes, pelo fato de não haver um código administrativo e por haver muita 
divergência doutrinária, é a jurisprudência quem decide as questões administrativas. Jurisprudência são 
julgamentos reiterados de um tribunal, no mesmo sentido. Quando se consolida uma jurisprudência, 
normalmente, o Tribunal edita uma súmula. Então, a súmula é uma jurisprudência consolidada. No 
Brasil, existem dois tipos de súmula: a súmula que orienta e a súmula vinculante. 
Obs: Repercussão Geral – Quando o tribunal julga o mérito de uma repercussão geral é muito 
importante. Nela, há um leading case e os demais casos são julgados no mesmo sentido. 
 
d) Costumes → Também são fontes do direito administrativo. O costume é uma prática habitual, que se 
acredita ser obrigatória. No Brasil, o direito consuetudinário (costumeiro) nem cria nem exime obrigação. 
Ele serve apenas como fonte. 
 
e) Princípios Gerais do Direito → São normas que estão no alicerce ou base da ciência jurídica. Esses 
princípios podem estar expressos ou implícitos no nosso ordenamento. 
Ex. “Ninguém pode causar dano a outrem”; 
Ex. “No Brasil é vedado o enriquecimento sem causa”; 
Ex. “Ninguém pode se beneficiar da própria torpeza”. 
 
Para que a interpretação do direito administrativo seja devida, deve-se observar três pressupostos 
básicos: desigualdade entre o Estado e o particular, já que o Estado atua em supremacia; presunção de 
legitimidade, a princípio os atos da administração são legítimos; necessidade da discricionariedade, 
baseia-se no fato de que a lei não pode descer a todos os casos concretos, utilizando os critérios de 
conveniência e oportunidade. 
 
 
4) Sistemas Administrativos (ou Mecanismos de Controle): 
 
Praticado um ato administrativo, quem pode controlar ou rever esse ato? Existem dois 
mecanismos de controle. 
 
4.1) Sistema Contencioso administrativo (sistema francês): Esse sistema foi criado na França e, por 
ele, os atos praticados pela administração serão controlados e revistos pela própria administração. Nos 
países que adotam esse sistema, o poder judiciário irá julgar excepcionalmente. O judiciário irá atuar, 
por exemplo, nas atividades públicas de caráter privado (a atividade é praticada pelo Estado, mas o 
regime jurídico é o privado – ex. administração celebra um contrato de locação), nas ações ligadas ao 
estado ou capacidade das pessoas, bem como nas atividades ligadas à repressão penal e à 
propriedade privada. Mas,em regra, quem julga é a administração. 
 
4.2) Sistema de Jurisdição Única (sistema inglês): Nesse sistema, quem decide é o poder judiciário. 
Ex. Após um processo administrativo tributário, a parte insatisfeita pode levar o caso ao judiciário. 
Atenção!! Aqui, a administração também decide. A questão é que a sua decisão pode ser revista 
pelo poder judiciário. 
 
O Brasil sempre teve o sistema de jurisdição única. Somente em 1977, a emenda constitucional nº 
07 inseriu o contencioso administrativo no Brasil. Mas essa regra foi inoperante (“nunca saiu do papel”). 
 
 4 
5) Estado, Governo e Administração: 
 
5.1) O Estado: 
 
 Pergunta de Concurso  (Cespe) A responsabilidade civil da Administração Pública está prevista no 
artigo 37, §6º, CF. Verdadeiro ou falso? 
R: Falso. A questão está errada, pois a responsabilidade é do Estado, e não da administração. A 
administração é o corpo físico; o Estado é a pessoa jurídica. E a responsabilidade é da pessoa jurídica!! 
Atenção!! Não confundir os termos! 
 
O Estado é a pessoa jurídica, tem personalidade jurídica, podendo ser sujeito de direitos e de 
obrigações. Por isso, a responsabilidade civil é do Estado. 
O Estado tem personalidade de direito público. Ao Estado Brasileiro não se aplica a teoria da 
dupla personalidade. Ele só tem uma personalidade. Essa teoria era adotada pelo Estado brasileiro até 
o antigo código civil (1916). Naquela época, o Estado poderia ter duas personalidades: ora aparecia 
como personalidade de direito público e ora como pessoa com personalidade de direito privado. Mas, 
com a revogação do Código Civil de 1916, o Estado brasileiro é somente pessoa jurídica de direito 
público. 
 
Obs: Funções do Estado: 
 
O Estado exerce dois tipos de função, quais sejam função típica – que é a função principal, 
precípua, função para a qual o poder foi criado –, e função atípica, que é a função secundária. 
 
 Função Típica Funções Atípicas 
 
 
Poder 
Legislativo 
É a função legislativa, que tem as seguintes características: 
 Geral (aplicada à coletividade como um todo); 
 Abstrata. 
 Tem o poder de inovar no ordenamento jurídico, retirando uma lei vigente 
e colocando outra em seu lugar. 
Obs: Alguns doutrinadores incluem na função típica a função de fiscalizar, em 
razão dos Tribunais de Contas e das CPIs. Mas essa não é a posição da 
maioria. 
a) Administração – ex. 
Congresso licita para 
comprar cadeiras. 
 
b) Julgar – ex. Senado 
julga o Presidente da 
República em processo 
de impeachment. 
 
 
 
 
Poder 
Executivo 
É a função administrativa, com as características a seguir: 
 Executa o ordenamento vigente; 
 É concreta; 
 É direta; 
 Não inova no ordenamento jurídico; 
 Não há intangibilidade jurídica, nem coisa julgada. A decisão 
administrativa é revisível pelo poder judiciário. 
Obs: Coisa julgada administrativa → isso significa a imutabilidade da decisão 
na via administrativa (somente na via administrativa). Mas a questão pode ser 
levada na via judicial. 
 
 
 
 
 
 
 
Poder 
Judiciário 
É a função de julgar, solucionar conflitos, lides, aplicando coativamente a lei, 
tendo, por seu turno, as seguintes características: 
 É, em regra, individual e concreta. (O controle de constitucionalidade, 
p.ex., é uma exceção). 
 É função indireta, pois depende de provocação; 
 Não inova no ordenamento jurídico, apenas aplicando o ordenamento 
vigente. (Obs: Na prática, pode haver alguns excessos, como ocorre na 
súmula vinculante nº 13 – Súmula do Nepotismo – será estudada). 
 Intangibilidade jurídica ou impossibilidade de mudança ou efeitos da 
coisa julgada. 
Obs: O art.49, V, da CF prevê a possibilidade de o Legislativo sustar atos do 
executivo que exorbitem os limites do poder regulamentar. Recentemente foi 
apresentada uma PEC para sustar, também, atos decisórios, exorbitantes, 
tendo em vista que, atualmente, o judiciário tem intervido muito na esfera de 
 
 5 
competência legislativa. 
 
 
Função de 
Governo/ 
Função 
Política 
Obs: A doutrina moderna (Celso Antônio) diz que existe uma 4ª função do 
Estado, que não se inclui nas três modalidades anteriores: são as funções de 
governo ou função política do estado, ou seja, são decisões com alto grau de 
discricionariedade, que não se confundem nem se misturam com nenhuma 
das funções anteriores. São situações de anormalidade, excepcionais, que 
não se confundem com a atividade corriqueira do simples administrar. São as 
seguintes funções: 
 Sanção e veto do presidente no processo legislativo; 
 Declarar guerra e celebrar paz; 
 Estado de defesa; 
 Estado de sítio. 
 
 
 
5.2) Governo: 
 
O governo é elemento do Estado, assim como o território e o povo. Governoé comando e direção. 
Para que o Estado seja independente, o governo deve ser soberano. Governo soberano é 
independência na ordem internacional e supremacia na ordem interna. 
 
 
5.3) Administração: 
 
Para a maioria dos autores, administração é máquina administrativa, aparelho estatal, instrumento 
do Estado. Mas a doutrina estabelece, ainda, dois conceitos/enfoques diferentes para a administração, 
quais sejam: 
 
 Administração pública conforme o critério formal/ orgânico/ subjetivo → É a máquina 
administrativa, bens e agentes, a estrutura física do Estado. 
 Administração pública conforme o critério material/objetivo → É a atividade administrativa. 
 
ENTÃO: Quando falamos em …, devemos pensar em... 
 
Estado – pessoa jurídica. 
Governo – atuação. 
Administração – estrutura física. 
 
ATENÇÃO: LEI Nº 12.846/ 2013 – Dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas 
jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 6 
 
REGIME JURÍDICO E PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS 
 
 
1) Princípios do regime jurídico administrativo: 
 
Quantos e quais são os princípios que compõe o regime jurídico administrativo? Os autores 
divergem muito sobre isso. Então, não há definição exata sobre quantos ou quais são os princípios do 
regime administrativo. 
No curso, serão estudados os princípios mais importantes. Posteriormente, outros princípios 
poderão ser estudados. 
Os princípios administrativos possuem uma correlação lógica, estando sempre interligados. Então, 
não é incomum encontrar vários princípios que fundamentem uma mesma questão jurídica. 
Regime jurídico é um conjunto harmônico de princípios e regras, que guardam entre si uma 
correlação, interligação lógica, formando um sistema, uma unidade. 
 
→ Toda questão de concurso, especialmente discursiva, tem uma questão de princípio. 
 
Atenção! – NOVO CPC – Prerrogativas processuais – atualmente: Prazos dilatados (quádruplo 
para contestar e dobro para recorrer – no novo CPC os prazos dilatados são em dobro para todas 
as manifestações); remessa necessária ou duplo grau de jurisdição obrigatória – o novo CPC 
atualiza os valores; Lei 6.830 – a execução fiscal não muda. 
 
 
Obs: Teoria da ponderação de interesses: Falando do regime jurídico, é importante lembrar da teoria 
da ponderação de interesses. Essa teoria traz 2 raciocínios importantes: 
 Quando se pensa em uma regra, a cada caso concreto há aplicação de uma regra. Nesse caso, 
se se aplica a regra A, todas as demais regras demais estão excluídas. Pensa-se no plano de 
validade. Se a norma A é válida, todas as outras são inválidas para o caso. Fala-se em uma auto-
exclusão das regras. 
 Para os princípios, não há exclusão. Todos os princípios podem ser aplicados ao mesmo tempo. 
Mas, atenção! Embora todos os princípios sejam importantes e válidos, devem ser ponderados, ora 
prevalecendo um princípio, ora prevalecendo outro, conforme o caso. 
Ex. nomeação de servidor sem concurso público, em 1989. Tecnicamente, esse ato é ilegal, devendo 
ser anulado, em razão do princípio da legalidade. Mas o entendimento que vem se consolidando 
recentemente é o de que, em nome dos princípios da segurança jurídica e da boa-fé do servidor, devem 
ser ponderados os interesses, estabilizando-se o ato de nomeação e não o anulando. Essa é uma 
posição nova, que está ganhando força no Brasil. 
 
1.1) Princípios da Supremacia do Interesse Público e da Indisponibilidade do interesse público: 
 
Celso Antônio do Bandeira de Melo chama esses princípios de “pedras de toque do direito 
administrativo”, pois compõem a base de todos os demais princípios de direito administrativo. 
 
 Conceito de Interesse Público – Representa o somatório dos interesses individuais dos seres 
considerados como membros da sociedade, representando, assim, a vontade da maioria. Hoje a 
doutrina subdivide o interesse público em primário e secundário. 
Interesse Público Primário – vontade do povo. 
Interesse Público Secundário – vontade do Estado enquanto pessoa jurídica. 
O ideal é que o interesse público primário coincida com o secundário (“o Estado queira o que o 
povo quer”). Mas, se não existir coincidência entre os interesses públicos, DEVE SEMPRE 
PREVALECER O INTERESSE PÚBLICO PRIMÁRIO (INTERESSE DO POVO, enquanto membro da 
sociedade). 
Ex. carga tributária – o povo, enquanto membro da sociedade, quer uma carga tributária justa. O 
Estado, enquanto pessoa jurídica, quer arrecadar cada vez mais. Então, deve prevalecer a vontade do 
 7 
povo, com a carga tributária justa. 
 
 Princípio da Supremacia do Interesse Público: 
 
Supremacia do Interesse público é a superioridade do interesse público face aos interesses 
particulares. Esse princípio é fundamental para o convívio social, representando um fundamento 
indispensável para as regras de convívio. 
Atenção! Quando o concurso fala em superioridade da “máquina estatal”, do “administrador”, isso 
está errado. A superioridade é do interesse coletivo. 
Em razão da superioridade do interesse público, o Estado goza de algumas prerrogativas e 
privilégios. Para a doutrina majoritária, o princípio da supremacia fundamenta praticamente todos os 
institutos do Direito Administrativo, como, por exemplo, os atributos da presunção de legitimidade, 
autoexecutoriedade e imperatividade dos atos administrativos. Na autoexecutoriedade, a administração 
pratica o ato independentemente de autorização judicial. 
Ex1: Em nome do poder de polícia, o poder público pode fechar uma casa de festas que esteja 
incomodando os vizinhos. 
Ex2: Em razão das chuvas e dos desabrigados, o Estado pode requisitar um imóvel de determinada 
pessoa para abrigar os flagelados da chuva. 
Ex3: Desapropriação para construir uma nova escola. 
Ex4: Cláusulas exorbitantes dos contratos administrativos. 
Mesmo em razão da supremacia, a administração não pode dispor desse interesse. O interesse 
público, uma vez presente, não pode ser disposto pela administração. Isso é o que diz o princípio da 
indisponibilidade do interesse público. 
 
Obs: Corrente minoritária sobre a supremacia do interesse público – Há uma corrente minoritária que 
defende a exclusão do princípio da supremacia. Para alguns autores, o princípio da supremacia justifica 
o abuso e a arbitrariedade por parte do administrador público e que, por isso, ele deve ser abolido. A 
maioria dos autores contesta essa ideia, alegando que o que deve ser feito é a aplicação correta desse 
princípio, efetivamente. 
 
 Princípio da indisponibilidade do interesse público: 
 
O administrador não pode abrir mão ou dispor do interesse público, não tendo liberalidade face a 
esse interesse, pois ele exerce a chamada “função pública”, isto é, exerce atividade em nome e no 
interesse do povo. Se o administrador exerce atividade em nome do povo, ele não pode dispor desse 
interesse. Estamos em uma república (res publica – coisa pública). 
Ademais, há um princípio geral do direito que diz que o administrador de hoje não pode criar 
entraves ou obstáculos para a futura administração. 
Antes da edição da Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/00), o administrador praticava muitas 
ilegalidades no governo. Essa lei surgiu para proteger a futura administração e o interesse público, 
sendo esta uma proteção decorrente do princípio da indisponibilidade. 
Ex. fraude no dever de concurso público → o concurso serve para que sejam selecionados os melhores 
candidatos. Nesse caso, se não sãoselecionados os melhores candidatos, a administração sofrerá as 
consequências no futuro. Isso é dispor do interesse público, o que é vedado. Mesmo caso é o da fraude 
à licitação. 
 
1.2) Princípios mínimos do direito administrativo: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, 
Publicidade e Eficiência (art. 37, caput, CF, alterado pela EC nº 19/98): 
 
Art. 37, CF. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, 
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, 
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela EC nº 19, de 1998) 
 
Toda a administração – direta e indireta – nos poderes executivo, legislativo e judiciário – da 
União, Estados, Municípios e Distrito Federal – está sujeita a esse princípio: 
 8 
 
 Princípio da Legalidade: 
 
É indispensável para a existência de um Estado de Direito. Estado de direito é aquele 
politicamente organizado e que obedece às suas próprias leis. A legalidade deve ser observada por 2 
enfoques diferentes, quais sejam: 
− Legalidade para o direito privado – Tudo é possível, salvo o que estiver vedado em lei. É aplicado 
o critério de “não contradição à lei”. 
− Legalidade para o direito público – O administrador público só pode fazer o que está autorizado 
na lei. Aqui, é aplicado o critério de “subordinação à lei”. 
Ex. administrador concedeu aumento para servidores públicos através de decreto. Mas, esse aumento 
só pode ser feito se estiver autorizado em lei. 
 
O nosso constituinte mencionou a legalidade em vários dispositivos, quais sejam: art.5º, II, CF; 
art.37, caput, CF; art.84, IV, CF; art.150, CF. 
 
→ Pergunta de concurso: “Administrar é aplicar a lei, de ofício”. Que princípio é esse? 
R: Esse é o conceito de legalidade, segundo Seabra Fagundes (“legalidade é aplicar a lei de ofício”). 
 
→ Pergunta de Concurso: Princípio da legalidade é sinônimo do princípio da reserva de lei (Falso – o 
princípio da reserva de lei significa a escolha da espécie normativa. Seleciona-se uma matéria e dá-se a 
essa matéria a reserva de uma lei que pode regulá-la). 
 
Atenção! No controle dos atos administrativos, sempre que se pensar em legalidade como controle ou 
controle de legalidade, está se falando em legalidade em sentido amplo, ou seja, confere-se se o ato é 
compativel com a lei e com as regras e princípios constitucionais. 
 
 Princípio da Impessoalidade: 
 
Impessoalidade significa que o administrador não pode buscar interesses pessoais. Ele precisa 
agir com ausência de subjetividade. Além disso, quando se pensa em um ato praticado pelo 
administrador, deve-se entender que o ato administrativo não é do agente, é do administrador, é 
impessoal, é da entidade a que o agente pertence. O ato é da pessoa jurídica. 
Existem dois exemplos expressos de exercício de impessoalidade na CF: Ex. Concurso público; 
licitação. Atenção! Concurso como modalidade de licitação não preenche/ faz provimento de cargo. 
 
Obs: O princípio da impessoalidade traduz a ideia de que o administrador tem que tratar a todos sem 
discriminações, benéficas ou detrimentosas; nem favoritismos nem perseguições são toleradas; 
simpatias ou animosidades pessoais, políticas ou ideológicas não podem interferir na atividade 
administrativa. (Esse é o conceito de impessoalidade segundo Celso Antônio Bandeira de Melo. Celso 
Antônio não fala nesse princípio como isonomia, embora esteja com ele relacionado). 
 
 Pergunta de concurso – (MP/MG) O princípio da impessoalidade está ligado à igualdade ou isonomia 
constitucional, enquanto o princípio da moralidade está ligado à lealdade e boa-fé. 
 Pergunta de concurso – (MP/PE) Disserte sobre a divergência do princípio da impessoalidade e da 
finalidade. 
R: Aqui, existem 2 correntes: 
Segundo a Doutrina Tradicional (Hely Lopes Meirelles), o princípio da finalidade é sinônimo do 
princípio da impessoalidade, de imparcialidade. Nessa linha de entendimento, até a CF/88 havia 
finalidade e imparcialidade, que, na CF/88, foram substituídos pelo princípio da impessoalidade. 
Já a Doutrina Moderna (Celso Antônio Bandeira de Melo, Maria Sylvia) entende que os princípios 
da impessoalidade e da finalidade são princípios autônomos, vivendo em separado. A impessoalidade é 
a ausência de subjetividade. Finalidade, por sua vez, é buscar o espírito da lei, ou seja, a vontade maior 
da lei. E, para essa corrente, se o princípio da finalidade é buscar a vontade maior da lei, ele está ligado 
à legalidade, e não à impessoalidade. Para reforçar essa ideia, encontramos o art.2º, da Lei 9.784/99. 
 9 
 
Art. 2o, Lei 9.784/99 - A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, 
finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, 
segurança jurídica, interesse público e eficiência. 
 
Mas e se essa questão caísse na prova objetiva? Qual a posição que prevalece hoje? 
É a da doutrina moderna: Finalidade – Legalidade. 
Mas, concurso de técnico/analista, adota-se a doutrina tradicional: finalidade - impessoalidade. 
 
 Princípio da moralidade: 
 
Esse princípio traduz a ideia lealdade, de boa-fé, de coerência, correção de atitudes, de 
obediência a princípios éticos e à honestidade e probidade. 
Apesar de reconhecer todas essas características, moralidade ainda representa um conceito 
vago, indeterminado, trazendo uma consequência para o poder judiciário, na medida em que o judiciário 
sempre aplica esse princípio juntamente com outro principio. 
Mas, atenção!!! Moralidade administrativa não se confunde com moral comum: 
 
Moralidade comum Moralidade administrativa 
Certo e errado nas regras de 
convívio social. 
Ela é mais rigorosa e exigente do que a moralidade comum. 
Significa a correção de atitudes, somada à boa administração (a 
melhor administração possível). 
 
É importante ter em mente que boa administração também significa boa eficiência. 
 
Obs: Súmula Vinculante nº 13: Nepotismo no Brasil: 
 
Quando pensamos na vedação do nepotismo no Brasil, deve-se inicialmente questionar: Parente 
pode ser nomeado para cargo público no Brasil? A resposta deve atentar que se este parente prestou 
concurso, sim, ele pode ser nomeado. Mas, se não prestou concurso, não pode ser nomeado. 
A vedação do nepotismo existiu desde muitos anos (vide lei 8.112/90). Mas as pessoas sempre 
ignoravam essa regra. 
A partir da criação do CNJ e do CNMP, em 2004 (com a EC 45/04 – reforma do judiciário), 
começou-se a fortificar a vedação ao nepotismo, pois esses órgãos realizam controle 
ADMINISTRATIVO do judiciário e do MP. Um dos primeiros atos do CNJ (Resolução nº 07) proibiu o 
nepotismo em todo o poder judiciário. A resolução nº 01 do CNMP também falou sobre isso (Ler as 
resoluções se for fazer concurso no MP ou juiz). Os tribunais resistiram bravamente ao cumprimento da 
regra, dizendo que essa vedação deveria ser por lei, e não via resolução. Com essa resistência dos 
tribunais, muitos servidores foram exonerados. 
A questão foi levada ao STF, na ADC nº 12, em que se discutia especificamente a resolução nº 07. 
Nessa oportunidade, o STF disse que a punição do nepotismo pela resolução nº 07 era 
CONSTITUCIONAL. Disse, ainda, que vedar o nepotismo no Brasil representava a aplicação de, pelo 
menos, quatro princípios: impessoalidade, moralidade, eficiência, isonomia. Afirmou-se, ademais, que 
era sim da competência do CNJ controlar o nepotismo, tendo em conta que, sendo um órgão de 
controle administrativo,o CNJ poderia sim controlar pessoal dos demais órgãos. Por fim, o STF disse 
que o CNJ podia fazer sim esse controle via resolução, tendo em conta que, por não poder fazer lei, a 
resolução é o ato normativo que o CNJ tem para editar suas regras. 
 
EMENTA ADC 12: ADC, AJUIZADA EM PROL DA RESOLUÇÃO Nº 07, de 18.10.05, DO CNJ. ATO 
NORMATIVO QUE "DISCIPLINA O EXERCÍCIO DE CARGOS, EMPREGOS E FUNÇÕES POR PARENTES, 
CÔNJUGES E COMPANHEIROS DE MAGISTRADOS E DE SERVIDORES INVESTIDOS EM CARGOS DE 
DIREÇÃO E ASSESSORAMENTO, NO ÂMBITO DOS ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO E DÁ OUTRAS 
PROVIDÊNCIAS". PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. 1. Os condicionamentos impostos pela Resolução nº 07/05, do 
CNJ, não atentam contra a liberdade de prover e desprover cargos em comissão e funções de confiança. As 
restrições constantes do ato resolutivo são, no rigor dos termos, as mesmas já impostas pela Constituição de 1988, 
 10 
dedutíveis dos republicanos princípios da impessoalidade, da eficiência, da igualdade e da moralidade. 2. 
Improcedência das alegações de desrespeito ao princípio da separação dos Poderes e ao princípio federativo. O 
CNJ não é órgão estranho ao Poder Judiciário (art. 92, CF) e não está a submeter esse Poder à autoridade de 
nenhum dos outros dois. O Poder Judiciário tem uma singular compostura de âmbito nacional, perfeitamente 
compatibilizada com o caráter estadualizado de uma parte dele. Ademais, o art. 125 da Lei Magna defere aos 
Estados a competência de organizar a sua própria Justiça, mas não é menos certo que esse mesmo art. 125, caput, 
junge essa organização aos princípios "estabelecidos" por ela, Carta Maior, neles incluídos os constantes do art. 37, 
cabeça. 3. Ação julgada procedente para: a) emprestar interpretação conforme à Constituição para deduzir a função 
de chefia do substantivo "direção" nos incisos II, III, IV, V do artigo 2° do ato normativo em foco; b) declarar a 
constitucionalidade da Resolução nº 07/2005, do Conselho Nacional de Justiça. 
 
O problema é que essas resoluções foram para o judiciário e para o MP. Mas a proibição não 
atingiu o executivo nem o legislativo, de modo que o nepotismo continuou. Então, a partir da ADC nº 12, 
o STF editou a súmula vinculante nº 13. Outro problema foi que só havia uma ação sobre nepotismo no 
Supremo, de modo que a súmula vinculante não foi editada após reiteradas decisões. 
O que a Súmula vinculante 13 proíbe: 
 
Súmula Vinculante nº 13 - A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou 
por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa 
jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em 
comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em 
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o 
ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal. 
 
O que a Súmula vinculante 13 proíbe: 
 
- PARENTESCO PROIBIDO Cônjuge, companheiro, 
 Parente até o 3º grau - em linha reta, colateral ou por afinidade; 
 
- ESSE PARENTESCO NÃO PODE EXISTIR NOS SEGUINTES CASOS: 
 
 1. Entre autoridade nomeante e nomeado, quando O nomeado ocupar cargo em comissão 
 O nomeado exercer função gratificada 
 
Obs: Há entre nomeante e nomeado uma hierarquia. Nomeação de hierarquia. 
Obs: Cargo em comissão e função gratificada 
 
Cargo em Comissão Função Gratificada 
Era antigamente chamado de cargo de confiança. A 
partir da CF/88 o nome passou a ser “cargo em 
comissão”. Esse cargo é de livre nomeação e 
exoneração (exoneração “ad nutum”) no Brasil. 
Função no Brasil, hoje, só pode ser a função de 
confiança. 
É baseado na confiança. É baseada na confiança. 
Serve para direção, chefia e assessoramento. Serve para direção, chefia e assessoramento. 
Qualquer pessoa pode 
exercer o cargo em 
comissão, ressalvado 
o limite mínimo de 
cargos que deve ser 
ocupado por 
servidores de carreira. 
Esse mínimo vai 
depender da lei. 
 
Só pode ser exercida por quem já tem cargo efetivo. 
Cargo = atribuições + responsabilidade + posto (lugar no quadro da administração). 
Função = atribuições + responsabilidades. Ela não dá direito a um posto na 
administração. Por isso, só pode ser exercida por quem já possui cargo público. Então, 
a pessoa já tem cargo efetivo e ganha uma função de confiança, recebendo por isso 
uma remuneração correspondente ao cargo e outra remuneração correspondente à 
função, que, nesse caso, é uma “gratificação por função de confiança”. Por isso se fala 
em função gratificada, que é a função de confiança. 
Então: Na função de confiança, o servidor tem: 
 
Cargo + função de confiança 
Atribuições + responsabilidade + cargo + atribuições +responsabilidade 
Remunerção + Gratificação 
 11 
 
 
... Voltando à súmula: 
 
2. Nomeação de servidor que ocupa cargo de chefia, direção e assessoramento (cargo em 
comissão) e outro servidor que ocupe cargo em comissão ou que ocupe função gratificada; 
 
Essa relação é qualquer cargo em comissão com qualquer cargo em comissão/ função gratificada. 
Essas pessoas não podem ser parentes NA MESMA PESSOA JURÍDICA, ou seja, nem executivo, nem 
legislativo e nem judiciário da MESMA PJ (União, Estados, Municípios). 
 
Ex. Marido trabalhando no judiciário federal, trabalhando no amazonas; 
Mulher trabalhando no legislativo federal, em Brasília. No exemplo, não pode haver essa nomeação. 
 
3. Nepotismo cruzado – não se pode “trocar” os parentes, p.ex., entre estado e município. 
 
O problema é que na prática será impossível fiscalizar esse controle. 
Ex. prefeito nomeou um irmão secretário de obras; outro secretário de saúde. Essa contratação, em 
princípio, se enquadraria na 2ª hipótese. 
 
Ocorre que, segundo o STF, os agentes políticos não estão sujeitos a essa proibição. 
 
Súmula Vinculante nº 13 - A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou 
por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa 
jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em 
comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em 
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o 
ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal. 
 
Obs: Na opinião pessoal de Marinela, a súmula vinculante disse muito, pois não era necessária a 
proibição da função gratificada. A súmula disse pouco no que diz respeito ao contrato temporário, em 
que não há concurso. Não disse, ainda, sobre os casos de contratação direta, com dispensa ou 
inexigibilidade de licitação. A resolução do CNJ contempla as hipóteses de contratação temporária e da 
contratação direta. 
 
 Princípio da publicidade: 
 
Publicidade significa conhecimento, ciência, divulgação. Se o administrador representa os 
interesses do povo, é justo que ele dê ciência ao titular do interesse sobre o que está sendo feito. 
Ex. Administração celebrou um contrato de merenda escolar e o administrador se esqueceu de publicar 
o contrato. No exemplo, este contrato é válido? 
A publicação é condição de validade ou de eficácia do ato? Publicar o contrato é uma condição de 
eficácia dos atos administrativos. Isso significa que o início de produção de efeitos ocorrerá com a 
publicação. Isso está no art.61, p.ú., da Lei 8.666/93. 
 
Art. 61, Lei 8.666/93- (...) 
Parágrafo único. A publicação resumida do instrumento de contrato ou de seus aditamentos na 
imprensa oficial, que é condição indispensável para sua eficácia, será providenciada pela Administração 
até o quinto dia útil do mês seguinte ao de sua assinatura, para ocorrer no prazo de vinte dias daquela 
data, qualquer que seja o seu valor, ainda que sem ônus, ressalvado o disposto no art. 26 desta Lei. 
(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) 
 
Então, a publicação é condição de eficácia dos atos administrativos. 
No exemplo de contrato de merenda escolar, suponha-se que o contrato estabeleceu um prazo de 
 12 
30 dias para o inicio da entrega da merenda. Isso significa que esse prazo de 30 dias começa a ser 
contado a partir da publicação. Nesse sentido, publicidade também significa início de contagem de 
prazo. 
Ex. multa de trânsito – o prazo de 30 dias para a defesa começa com a ciência da notificação pelo 
autuado. 
Ademais, o conhecimento e a publicidade facilitam o controle e a fiscalização dos atos da 
administração. 
O art.30, da CF, diz que as contas municipais devem ficar à disposição da sociedade para controle 
e questionamento durante 60 dias ao ano. Essa disponibilidade deve ser de forma acessível. 
 
 Questão de concurso: (Cespe) A licitação, na modalidade convite, não tem publicidade. 
R: Falso – A questão era para confundir o candidato entre a “publicidade” e a “publicação”, pois na 
licitação na modalidade convite não há publicação do edital. 
Publicidade é muito mais amplo que publicação. A publicação é uma das formas/ espécies de 
publicidade, como também é, por exemplo, publicar edital, mandar convite para convidados, colocar o 
convite no ato da repartição, dar ciência pessoal, etc. 
 
Outro exemplo: pessoa quer comprar uma empresa e busca informações sobre esta empresa. 
Suponha-se que o órgão público negou as informações ao interessado. Nesse caso, é cabível o 
remédio constitucional do mandado de segurança. Não é habeas data, pois este é remédio para obter 
informações pessoais. Nesse caso, há direito líquido e certo de informação (o que faz caber o MS), mas 
não são informações pessoais. 
 
Obs: Exceções ao princípio da publicidade: 
 
1º) Art.5º, X, CF – São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, sob 
pena de ter que indenizar com dano moral e material decorrente da violação. Então, o administrador 
não irá fazer publicidade quando violar a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas. 
Art.5º, X, CF - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, 
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; 
 
2º) Art.5º, XXXIII, CF – Todos têm direito à informação, salvo quando colocar em risco a segurança da 
sociedade e do Estado. 
Art.5º, XXXIII, CF - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse 
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de 
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do 
Estado; 
Ex. Determinada região do país sofrerá um ataque terrorista. Uma pessoa decide ir até as forças 
armadas para obter informações sobre esse ataque. O Estado pode negar essas informações para 
proteger a segurança da sociedade e do Estado. 
 
3º) Art.5º, LX, CF – Esse artigo fala a respeito dos atos processuais que correm em sigilo, na forma da 
lei. Atenção! Isso também vale para atos processuais do processo administrativo. 
Art.5º, LX, CF - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da 
intimidade ou o interesse social o exigirem; 
Ex. Suspeita-se que determinado médico cometeu um erro médico, vindo o paciente a falecer. O médico 
sofre um processo ético disciplinar. Suponha-se que uma pessoa precisa fazer uma cirurgia; 
obviamente, a pessoa nunca procurará esse médico que está sofrendo um processo ético. Por isso, na 
maioria desses processos éticos disciplinares, o processo corre em sigilo, para não prejudicar a carreira 
do médico. Ao final do processo ético, será dada a publicidade ao resultado dele. 
 
Obs: Há divergência doutrinária no que diz respeito a essa lista. Para a maioria dos autores, as 
exceções estão nos 3 incisos do art.5º. Mas, há uma corrente minoritária, defendida por Celso Antônio 
Bandeira de Melo, no sentido de que somente é exceção ao princípio da publicidade o art.5º, XXXIII, CF 
(questões de risco e segurança nacional). 
 13 
 
Obs2: Lei 12.527, de 18 de novembro de 2011 – Regula o direito à informação. LER! 
 
Obs3: Atenção! Art.37, §1º, CF: 
 
Art.37, §1º, CF - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter 
caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que 
caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos. 
 
Esse dispositivo traz duas obrigações: 
(1) O administrador tem o dever de publicar e há uma obrigação no sentido de que forma o ato deve 
publicar, ou seja, a publicação deve ser no caráter educativo, informativo e de orientação social. A 
não publicação representa improbidade administrativa, prevista no art. 11, da LIA (Lei 8.429/92). 
(2) A segunda obrigação é o dever de não fazer promoção pessoal, ficando vedado constar nomes, 
símbolos ou imagens que configurem promoção pessoal. Se o administrador faz alguma 
propaganda pessoal, ele está violando o princípio da impessoalidade, da moralidade, da legalidade 
e, possivelmente, a eficiência e, nesse caso, ao violar os princípios constitucionais, o administrador 
também está praticando improbidade administrativa, caracterizada pela promoção pessoal, também 
nos termos do art.11, da LIA. 
 
Art. 11, Lei 8429/92 - Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da 
administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, 
legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente: 
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de 
competência; 
II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício; 
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva permanecer 
em segredo; 
IV - negar publicidade aos atos oficiais; 
V - frustrar a licitude de concurso público; 
VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo; 
VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, 
teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço. 
 
Atenção sobre esse dispositivo: 
- O que o administrador utiliza na campanha (ex. Símbolos, cores, objetos, brindes, etc.) são símbolos 
da campanha, não podendo ser utilizados os símbolos pessoais da campanha na administração. Isso é 
promoção pessoal, vinculando a administração à pessoa do candidato. (o trabalho que o administrador 
faz não é mais do que a sua obrigação; então, não cabe promoção pessoal). 
Ex. Colocar como nomes de ruas o nome de pessoas vivas, trocando nomes com outros 
administradores ou colocando os próprios nomes nas obras e prédios públicos. 
Ex. Placa em que está escrito um agradecimento ao político “X”, pela obra “Y”, como se fosse o povo 
que estivesse agradecendo. Existe um projeto de lei para inserir na LIA uma hipótese expressa 
proibindo a promoção pessoal feita via terceiros. 
 
- Orientação doSTJ: Segundo o STJ, vale o bom-senso, de modo que não se pode adotar como regra 
absoluta de improbidade a existência do nome do administrador relacionada à obra ou ato da 
administração. O simples fato de constar o nome não significa improbidade. Para ter improbidade, deve 
ter o caráter de promoção pessoal. 
Ex. Placa escrito: obra nº …., contrato nº …., licitação nº ….., administrador ….., etc.... Isso não seria 
promoção pessoal, pois o nome do administrador consta a título informativo. 
 
O MP tem começado a atuar nessa seara, denunciando casos de improbidade administrativa. Mas 
ainda estamos longe de chegar ao ideal. 
 
 14 
 Princípio da eficiência: 
 
 Pergunta de Concurso: (Cespe) O princípio da eficiência ganhou roupagem de princípio expresso na 
CF a partir da EC nº 20 de 1998. 
R: Falso – A emenda é a EC nº 19/98. O examinador do concurso cobrou essa questão porque tanto as 
emendas 19 e 20 foram em 1998 e em matéria administrativa. A EC nº 19 foi a chamada “Reforma 
administrativa”. A EC nº 20 foi a chamada “Reforma da previdência”, alterando as regras de 
aposentadoria do servidor”. 
 
Obs: Eficiência como princípio implícito - Mesmo até a alteração da EC nº 19, já existia para o Estado o 
dever de eficiência. Esse era um princípio implícito na CF, mas era regra expressa na legislação 
infraconstitucional. Ex. Lei 8.987/95 (Lei das Concessões e Permissões de Serviços Públicos – art.6º). 
 
Art. 6º, Lei 8.987/95 - Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao 
pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta lei, nas normas pertinentes e no 
respectivo contrato. 
§1º Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, 
segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas. 
 
Eficiência é agilidade, presteza, produtividade, economia do dinheiro público (gastar o menor valor 
e não desperdiçar). 
Esse princípio trouxe algumas alterações para o nosso ordenamento, juntamente com a Emenda 
Constitucional nº 19. Em 1998, o constituinte, além de inserir no caput do artigo 37, da CF o princípio da 
eficiência, alterou alguns dispositivos da CF, com o objetivo de tornar a eficiência uma realidade. Foram 
as seguintes alterações: 
 
a) 1ª Mudança pela EC nº 19 – Avaliação de desempenho como requisito para estabilidade do servidor: 
 
Foram alterados os dispositivos relacionados à estabilidade do servidor público, como foi feito no 
art.41, da CF, para tornar o servidor um servidor mais eficiente. A partir da EC nº 19, o servidor passou a 
precisar de requisitos para adquirir estabilidade, notadamente, a avaliação de desempenho. Após 
passar no concurso, o sujeito precisa ser nomeado (nomeação para cargo efetivo, pressupondo a prévia 
aprovação em concurso) e exercer 3 anos de atividade (Obs: não falar “estágio probatório”, pois não é 
isso que a CF diz). Além disso, o servidor precisará de avaliação especial de desempenho, com o 
propósito de efetivar o princípio da eficiência. Atenção! Essa avaliação ainda não foi regulamentada, o 
que leva, em muitos casos, a que o servidor adquira a estabilidade sem a avaliação de desempenho. 
Em síntese, são requisitos para a aquisição da estabilidade no Brasil: 
1. Nomeação para cargo efetivo, pressupondo a prévia aprovação em concurso; 
2. Três anos de exercício; 
3. Avaliação especial de desempenho. 
 
Obs: Perda da estabilidade – Requisitos: 
1. Por processo administrativo, com contraditório e ampla defesa; 
2. Por processo judicial com trânsito em julgado; 
3. Via avaliação periódica de desempenho – Se o servidor não se mantiver eficiente, ele 
perderá a estabilidade. Isso tudo é com a finalidade de se atender à eficiência. Essa avaliação 
também depende de regulamentação da carreira, que ainda não foi feita. 
 
A avaliação periódica já existia no Brasil antes da EC nº 19. Ocorre que ela era apenas formal, 
não sendo apta a levar o servidor à perda do cargo. 
 
b) 2ª Mudança da EC nº 19 – Art.169, da CF – Limite de despesas com pessoal: 
 
Art. 169, CF - A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar. 
 15 
§1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos, empregos e 
funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou contratação de pessoal, a 
qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta, inclusive fundações 
instituídas e mantidas pelo poder público, só poderão ser feitas: (Renumerado do parágrafo único, pela 
EC nº 19, de 1998) 
I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de pessoal e 
aos acréscimos dela decorrentes; (Incluído pela EC nº 19, de 1998) 
II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as empresas 
públicas e as sociedades de economia mista. (Incluído pela EC nº 19/98) 
 
O limite com gastos de pessoal está na LRF (LC 101/00): 
Limite para a União – 50% 
Limite para estados e municípios - 60% 
 
Art. 19, LC 101/00 - Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição, a despesa total com 
pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da Federação, não poderá exceder os 
percentuais da receita corrente líquida, a seguir discriminados: 
I - União: 50% (cinqüenta por cento); 
II - Estados: 60% (sessenta por cento); 
III - Municípios: 60% (sessenta por cento). 
 
Para racionalizar a máquina administrativa, foi necessário cortar/ reduzir os gastos com cargos em 
comissão e funções de confiança. A CF determinou a redução de, pelo menos, 20% com cargos em 
comissão e funções de confiança. Se isso não for suficiente, devem ser cortados os servidores não 
estáveis (serão exonerados quantos forem necessários para atender os limites de gastos. A escolha é 
de acordo com a desnecessidade do serviço). Em último caso, serão exonerados os servidores 
estáveis. 
 
 
 
Obs1: Atenção! Para atingir uma categoria subsequente, será necessário esgotar a categoria anterior. 
Para se exonerar 1 servidor estável, devem ser exonerados TODOS os servidores não-estáveis. 
Obs2: Atenção! Não falar que o servidor foi demitido, pois demissão é pena. 
Obs3: Para evitar que o mecanismo da redução de despesas seja utilizado como vingança, o 
constituinte determinou que o cargo deve ser extinto e só poderá ser criado com as mesmas funções 4 
anos depois. 
Obs4: Somente o servidor estável tem direito a indenização. 
 
c) 3ª Alteração trazida pela EC nº 19: Eficiência no serviço público: 
 
Para que um serviço público seja eficiente, ele deve ser eficiente quanto aos meios e quanto aos 
resultados. Eficiente é gastar o menor valor possível, obtendo-se o melhor resultado possível. 
 
Última observação relacionada ao princípio da eficiência: Segundo a doutrina brasileira, o princípio da 
eficiência ainda não se tornou uma realidade, não passando de uma utopia do constituinte de 1998. Ex. 
Avaliação de desempenho ainda não saiu do papel. 
 
 Questão de Concurso: Magistratura Federal – Disserte sobre o princípio da eficiência. 
 16 
 
1.2) Princípio da Isonomia: 
 
Embora este princípio não esteja no art.37, caput, CF, ele também deve ser observado pela 
administração pública. 
Isonomia é tratar os iguaisde forma igual e os desiguais de forma desigual, na medida de suas 
desigualdades. 
O problema desse princípio está em preencher o conceito – quem são os iguais? Quem são os 
desiguais? Qual a medida da sua desigualdade? Para se responder a essa pergunta, deve-se: 
1) Pensar, em primeiro lugar, qual é o fator de discriminação. 
2) Após, deve-se verificar se este fator está ou não compatível com o objetivo da norma. Se o fator 
de exclusão está compatível com o objetivo da norma ele não viola a isonomia. Se o fator de 
discriminação não estiver compatível com o objetivo da norma, ele viola a isonomia. 
Ex1: determinado município decide fazer um concurso de salva-vidas. O edital diz que o deficiente físico 
de cadeira de rodas não pode prestar o concurso. Essa regra não viola o princípio da isonomia, pois o 
fator de discriminação está compatível com o objetivo da norma; 
Ex2: Concurso de Polícia civil para função administrativa - O edital diz que o deficiente físico de cadeira 
de rodas não pode prestar o concurso. Essa regra viola o princípio da isonomia, pois o fator de 
discriminação não está compatível com o objetivo da norma – o deficiente de cadeira de rodas 
consegue desempenhar função administrativa perfeitamente; 
Ex3: polícia feminina faz concurso. Homens não podem prestar o concurso. Essa regra não viola o 
princípio da isonomia, pois o fator de discriminação está compatível com o objetivo da norma; 
Ex4: prova física de delegado – homem tem que fazer 10 barras; mulher tem que fazer 1 barra e 
segurar por 10 segundos. Isso não viola a isonomia. 
 
Atenção!! Limite de idade, atividade jurídica, altura, etc... Segundo o STJ e o STF, para que esses 
requisitos de concurso público saiam no edital, eles precisam estar previstos na lei da carreira e, além 
disso, devem ser compatíveis com a atribuição do cargo. Por fim, o requisito deve estar previsto no 
edital. 
 
Obs: Exame psicotécnico – Súmula 686, STF e jurisprudência do STJ: – O exame psicotécnico precisa 
estar previsto na lei da carreira; deve ter parâmetros objetivos e deve dar direito a recurso. (Isto porque 
esse exame é muito subjetivo). 
 
Súm.686, STF - Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo 
público. 
 
1.3) Princípios da razoabilidade e proporcionalidade: 
 
No direito administrativo, esses dois princípios aparecem sempre juntos. Agir de forma razoável 
significa agir de forma lógica, com coerência, congruência, conforme os padrões do homem médio. 
Proíbem-se, aqui, os excessos e os despropósitos. 
Embutido no princípio da razoabilidade encontra-se o princípio da proporcionalidade, que diz que 
se deve agir de forma equilibrada, com equilíbrio entre os benefícios e os prejuízos obtidos, entre os 
atos e as medidas inerentes a esses atos. 
Ex. instalar um lixão de frente para o mar – não é razoável, lógico. 
Ex. passeata que se transforma em vandalismo – poder público pode dissolver a passeata, mas não 
pode matar os rebeldes. Isso não é proporcional, equilibrado. 
Ex. servidor que praticou infração leve. A pena de demissão não é proporcional. A sanção deveria ser 
leve também, como a advertência. 
Razoabilidade e proporcionalidade são princípios implícitos na CF, mas expressos na norma 
infraconstitucional, como se observa da lei 9.784/99, art. 2º. 
 
Art. 2O,, Lei 9.784 - A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, 
finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, 
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segurança jurídica, interesse público e eficiência. 
 
Obs: A EC 45 trouxe o inciso LXXVIII ao art.5º, da CF. 
Art.5º, LXXVIII, CF - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração 
do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela EC nº 45, de 2004) 
Alguns autores chegaram a afirmar que a partir desse dispositivo, a razoabilidade teria se tornado 
um princípio expresso na CF, pois ele menciona a palavra “razoável”. Ocorre que, com o passar dos 
tempos, a ideia que prevaleceu é que esse dispositivo estabelece o princípio da razoável duração do 
processo. 
 
Obs2: Os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade são muito importantes para o direito 
administrativo, pois, hoje, entende-se que eles restringem a liberdade do administrador. Praticado um 
ato administrativo, o ato pode ser revisto pelo poder judiciário e pela própria administração. 
 
1. O controle feito pelo judiciário pode atingir qualquer ato administrativo (vinculado, discricionário); mas, 
esse controle só pode ser um controle de legalidade. Hoje, no Brasil, o controle de legalidade é 
entendido como legalidade em sentido amplo, verificando a compatibilidade do ato com a CF (regras e 
princípios constitucionais) e com a lei. 
Ex. Se um ato viola a proporcionalidade, ele pode sofrer controle de legalidade pelo judiciário. 
 
2. O poder judiciário não pode controlar o ato administrativo no que diz respeito ao seu mérito, ou seja, 
sua liberdade, o juízo de valor feito pelo administrador. 
Ex.: determinada administração precisa construir uma escola e um hospital, mas só possui recursos 
para construir um dos dois, e decide construir o hospital. Atenção! O judiciário não pode rever esse ato, 
pois isso é o mérito do ato administrativo. 
Ex2: determinada administração precisa construir uma escola e um hospital. Mas só possui recursos 
para construir um deles. E decide construir uma praça. Isso viola a razoabilidade e a proporcionalidade. 
Então, o judiciário pode rever a decisão, fazendo um controle de princípio constitucional, um controle de 
legalidade. Mas esse controle de legalidade vai atingir reflexamente o mérito do ato administrativo. 
Nesse caso, o administrador não tem mais qualquer liberdade; ele tem a liberdade razoável, a liberdade 
proporcional; há uma restrição à liberdade do administrador. 
 
Obs: A ADPF 45 traz uma discussão de políticas públicas no Brasil. Isto porque durante muitos anos o 
judiciário deixou de controlar diversas políticas públicas entendendo que isso era mérito do ato 
administrativo. Contudo, no julgamento o STF mudou o seu entendimento. O julgado fala ainda da 
reserva do possível e do mínimo existencial. 
 
EMENTA ADPF 45: ADPF. A QUESTÃO DA LEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL DO CONTROLE E DA 
INTERVENÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO EM TEMA DE IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS, 
QUANDO CONFIGURADA HIPÓTESE DE ABUSIVIDADE GOVERNAMENTAL. DIMENSÃO POLÍTICA 
DA JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL ATRIBUÍDA AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. 
INOPONIBILIDADE DO ARBÍTRIO ESTATAL À EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS SOCIAIS, ECONÔMICOS 
E CULTURAIS. CARÁTER RELATIVO DA LIBERDADE DE CONFORMAÇÃO DO LEGISLADOR. 
CONSIDERAÇÕES EM TORNO DA CLÁUSULA DA “RESERVA DO POSSÍVEL”. NECESSIDADE DE 
PRESERVAÇÃO, EM FAVOR DOS INDIVÍDUOS, DA INTEGRIDADE E DA INTANGIBILIDADE DO 
NÚCLEO CONSUBSTANCIADOR DO “MÍNIMO EXISTENCIAL”. VIABILIDADE INSTRUMENTAL DA 
ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO NO PROCESSO DE CONCRETIZAÇÃO DAS LIBERDADES 
POSITIVAS (DIREITOS CONSTITUCIONAIS DE SEGUNDA GERAÇÃO). 
 
1.4) Princípios do Contraditório e da Ampla defesa: 
 
Na via administrativa, esses princípios são novos, surgindo a partir da CF/88. A maioria das 
nulidades em processo administrativo está ligada à falta de contraditório e de ampla defesa. 
O contraditório e a ampla defesa para o processo administrativo estão previstos na CF/88 – art.5º, 
 18 
LV “Os processos administrativos e judiciais devem respeitar o contraditório e a ampla defesa”. 
Contraditório é dar ciência à parte da existênciado processo. Quando a parte é chamada para o 
processo, está se estabelecendo a bilateralidade do processo administrativo. Num Estado Democrático 
de Direito, ninguém pode ser processado e condenado sem ter direito de participar dessa construção 
que é a decisão judicial. 
Pela ampla defesa, deve-se dar a oportunidade da parte se defender, ainda que ela não exerça 
efetivamente essa defesa. Deve-se abrir um prazo para a pessoa se defender. É importante notar, 
ainda, que não basta dar prazo, devendo ser cumpridas algumas exigências para que a pessoa possa 
exercitar a sua defesa (ex. dar acesso ao processo, produzir provas, etc). 
 
Prévia Técnica Duplo grau de julgamento 
É admissível no direto 
adm. É o direito da defesa 
antes da decisão 
administrativa. Exceções: 
casos de urgência da 
administração para evitar 
o prejuízo público – 
contraditório diferido ou 
postergado 
Súmula 343 do STJ foi 
superada. Atualmente a 
súmula vinculante n.º 5 
afirma que a ausência de 
defesa técnica não gera 
nulidade de processo 
administrativo. Não há 
nulidade do processo se o 
particular abrir mão da 
defesa, a opção é dele. A 
Adm. pública não pode 
negar defesa técnica. 
Súmula vinculante n.º 21 – 
estabelece que é 
inconstitucional a 
exigência de depósito 
prévio de caução, de 
garantia para interpor 
recurso administrativo 
(inerente ao duplo grau de 
julgamento). Essa súmula 
significa que a ampla 
defesa é inerente ao duplo 
grau de julgamento. 
 
 
Exigências/ desdobramentos/ condições para a ampla defesa: 
(1) A defesa deve ser prévia ao julgamento. Para isso, é necessário um procedimento preestabelecido. 
A pessoa só se pode valer de estratégias processuais se existir um procedimento já definido 
anteriormente. É preciso conhecer as etapas e procedimentos do processo. A pessoa deve, também, 
conhecer previamente as penalidades previstas para sancionar a parte. 
(2) O sujeito, na elaboração do processo, deve ter direito/ acesso às informações do processo. A parte 
interessada tem direito a cópias do processo, desde que pague por elas. A maioria dos processos 
administrativos não pode ser retirada da repartição (não se pode fazer carga). 
(3) O interessado deve ter direito a produção de provas. Direito de produzir provas é produzir a prova e 
ter essa prova avaliada, podendo interferir no convencimento do julgador. A prova deve, repise-se, 
ser avaliada/interferir no convencimento do julgador. 
(4) Em processo administrativo, a defesa técnica (advogado) é obrigatória ou facultativa? 
A presença do advogado, desde muito tempo, foi facultativa no processo administrativo. Essa 
discussão foi feita especialmente para os processos disciplinares, tendo em vista que esses processos 
são punitivos. Essa tese da defesa técnica não vale para os demais tipos de processo administrativo. A 
lei 8.112/90 diz que a presença do advogado é facultativa no PAD. Com o decorrer dos anos, o STJ 
construiu uma jurisprudência, no sentido de que o advogado auxilia a parte e contribui para a 
regularidade do processo. Pensando nesse raciocínio, o STJ editou a súmula 343, que diz: “É 
obrigatória a presença de advogado em todas as fases do PAD”. 
Então, a partir dessa súmula, o advogado era obrigatório em todas as fases do PAD. Ocorre que, 
a partir desse entendimento, surgiu um problema, pois muitos servidores haviam sido processados e 
demitidos sem a presença de um advogado. Se o servidor foi demitido, e a presença do advogado, que 
era obrigatória, não aconteceu, muitos entenderam que o processo era ilegal, de modo que o servidor 
teria direito a reintegração, ou seja, retornar ao cargo de origem, com todas as remunerações do 
 19 
período em que esteve afastado. E isso levou ao benefício daquele servidor que agiu erradamente e, 
além disso, levou a um altíssimo custo para os cofres públicos, que deveriam indenizar todos os 
servidores demitidos. 
Diante dessa problemática, o STF analisou a questão e editou a súmula vinculante nº 05, que 
retomou a ideia anterior, dizendo que a presença do advogado era facultativa (SV nº 05 - “A falta de 
defesa técnica por advogado no PAD não ofende a CF”). Então, embora não tenha sido cancelada, a 
súmula 343 do STJ foi superada. 
Logo, hoje, a presença do advogado é FACULTATIVA. 
(5) Direito de recurso – A pessoa, para se defender, deve ter direito ao recurso, levando a matéria a uma 
nova análise, sendo esta mais uma garantia da ampla defesa. 
Ex. Edital de concurso que diz “da fase x não cabe recurso” é um absurdo. Deve haver direito de 
recurso. 
 
Obs: Vide Súmula Vinculante nº 21 – “É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévio 
de dinheiro ou bens para a admissibilidade de recurso administrativo”. 
 
A discussão dessa súmula adveio de um processo administrativo tributário. Ocorre que, hoje, a 
previsão não é somente para o processo tributário, servindo para qualquer processo administrativo. 
A discussão dizia respeito à cobrança de depósito prévio para recurso. Se fosse cobrado depósito 
prévio para a parte recorrer, só poderia recorrer quem tivesse dinheiro, o que condicionaria o direito de 
recurso a uma condição financeira e econômica da parte. Portanto, não se poderia exigir esse depósito 
prévio, pois essa exigência era inconstitucional. 
Nessa linha de raciocínio existem as súmulas 373, STJ e SV 21. 
 
Súmula 373, STJ - É ilegítima a exigência de depósito prévio para admissibilidade de recurso 
administrativo. 
 
Atenção! Súmula Vinculante nº 03 - “Nos processos perante o TCU asseguram-se o Contraditório e a 
ampla defesa, quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que 
beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de 
aposentadoria, reforma e pensão”. 
 
O que se decide hoje no STF a respeito de processo? Entende-se, hoje, que sempre que alguém 
possa ser atingido ou prejudicado por uma tomada de decisão, esse interessado deve ser chamado a 
participar do processo, com contraditório e ampla defesa. 
Ao final do exercício financeiro, o TCU recebia a prestação de contas e verificava. Se 
desconfiasse que determinado contrato/licitação tivesse sido fraudado, o TCU chamava o administrador 
para prestar esclarecimentos. O administrador e o TCU discutiam um contrato que atingia uma empresa 
determinada, e essa empresa ficava prejudicada/beneficiada por essa decisão, sem participar do 
processo. Nessa ideia, a súmula vinculante nº 03. 
Porque a súmula excetuou a apreciação da legalidade do ato de aposentadoria, reforma e 
pensão? A súmula não disse que a pessoa não terá contraditório e ampla defesa. Ela disse que não 
haverá contraditório e ampla defesa PERANTE O TCU. Mas o servidor terá contraditório e ampla defesa 
perante a administração. 
O ato administrativo de concessão inicial de reforma, aposentadoria ou pensão é um ato 
administrativo complexo, ou seja, depende de duas manifestações de vontade que acontecem em 
órgãos diferentes. Quando o servidor quer se aposentar, ele pede a aposentadoria para o seu órgão. A 
administração se manifesta e encaminha o pedido para o Tribunal de Contas. O aperfeiçoamento da 
aposentadoria depende das duas manifestações. Então, embora haja duas manifestações, há apenas 
um ato administrativo. E esse ato administrativo conta com uma oportunidade de contraditório e de 
ampla defesa, que ocorrerá perante a administração pública, e não perante o TCU. 
A partir desse entendimento, surgia um problema. Quando o servidor pedia à administração a 
aposentadoria, a administração analisava o pedido primeiro, de forma provisória, dependendo a perfeitaeficácia do ato da manifestação do TCU. Ocorre que, por muitas vezes, a administração aposentava o 
servidor precariamente e, após anos, o TCU não confirmava o ato de aposentadoria, mandando o 
 20 
servidor voltar ao exercício. Diante disso, havia uma injustiça muito grande para o servidor. 
Portanto, o STF firmou o entendimento de que, a despeito da regra de que o servidor não exercer 
contraditório e ampla defesa perante o TCU no processo administrativo de aposentação, se o TCU 
demorar mais de 5 anos para analisar o pedido de concessão inicial de aposentadoria, reforma e 
pensão, ele deverá dar contraditório e ampla defesa ao servidor, preservando-se assim, inclusive, a 
segurança jurídica. O STF chamou esse entendimento de “Temperando a Vinculante nº 03”. 
 
1.5) Princípio da continuidade: 
 
Esse princípio diz que o serviço público deve ser prestado de forma ininterrupta e contínua. 
 
Obs: Discussão – Direito de Greve do Servidor Público: 
Art.37, VII, CF - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica; 
(Redação dada pela EC nº 19, de 1998) 
 
Se o serviço deve ser ininterrupto, o servidor tem direito de greve? O servidor público tem sim 
direito de greve (art.37, VII, CF). Ocorre que este dispositivo diz que o direito de greve do servidor 
público será exercido conforme a lei específica. Mas, qual é essa lei específica? Essa lei específica é 
ordinária ou complementar? 
O constituinte disse lei específica, e não complementar. Então, é uma lei ordinária específica, que 
trata somente daquela matéria. 
Cuidado! Até a EC nº 19, era Lei Complementar! Após a Emenda 19, a exigência passou a ser 
apenas de lei ordinária. 
Qual a natureza da norma que fala sobre o direito de greve? A norma do art.37, VII, CF é uma 
norma de eficácia LIMITADA. O STF já decidiu isso. 
 
 
O problema é que os servidores públicos vivem em greve. Durante muitos anos, essas greves 
foram ditas ilegais. A matéria foi discutida no STF durante muitos anos, em sede de Mandado de 
Injunção, declarando-se a omissão legislativa ao Congresso. Mas nessas decisões, o STF entendia que 
não havia como obrigar o legislador a legislar. 
Ocorre que, com o passar dos anos, houve uma época em que categorias importantes de 
servidores entraram em greve (ex. INSS, Polícia Federal). O Presidente Lula, na época, foi à imprensa e 
disse que era necessário acabar com o direito de greve. 
Nessa época, no STF, tramitavam 3 Mandados de Injunção (MI 670; MI 708 e MI 712). Nesses 
casos, o STF mudou o seu posicionamento com relação ao Mandado de Injunção, entendendo que o MI 
poderia, a partir daquele caso, ter efeitos concretos. Então, segundo o STF, o servidor público passou a 
ter direito de greve, respeitando, contudo, a lei do trabalhador do setor privado. O STF admite a greve 
dos servidores enquanto não for aprovada a lei de greve do servidor público, aplicando-se a lei do 
trabalhador privado no que couber (Lei 7.783/89). 
Esse mandado de injunção marcou a história do MI, passando a ter efeitos concretos, ao invés de 
meramente declaratórios. 
Outra questão é com relação dos efeitos do MI, é que ele sempre foi inter partis. Nesse caso, o 
STF mudou também seu posicionamento, reconhecendo para esses MI o efeito erga omnes, 
fundamentando que era para evitar um inchaço de ações. 
Esse caso foi uma exceção, não significando que todos os MI do STF terão efeitos concretos e 
erga omnes. 
Então, hoje, o servidor tem sim direito de greve, com a aplicação da lei do trabalhador privado. 
 
EMENTA MI 670: MANDADO DE INJUNÇÃO. GARANTIA FUNDAMENTAL (CF, ART. 5º, INCISO LXXI). 
DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS (CF, ART. 37, INCISO VII). EVOLUÇÃO DO 
TEMA NA JURISPRUDÊNCIA DO STF. DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS DE COMPETÊNCIA 
CONSTITUCIONAL PARA APRECIAÇÃO NO ÂMBITO DA JUSTIÇA FEDERAL E DA JUSTIÇA 
ESTADUAL ATÉ A EDIÇÃO DA LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA PERTINENTE, NOS TERMOS DO ART. 37, 
VII, DA CF. EM OBSERVÂNCIA AOS DITAMES DA SEGURANÇA JURÍDICA E À EVOLUÇÃO 
 Norma de eficácia plena – aplicação imediata; não se precisa de lei. 
 Norma de eficácia contida – há o direito; pode-se exercê-lo desde já, mas a lei pode, futuramente, 
restringir esse direito. 
 Norma de eficácia limitada – não se pode exercer enquanto não vier a lei. 
 21 
JURISPRUDENCIAL NA INTERPRETAÇÃO DA OMISSÃO LEGISLATIVA SOBRE O DIREITO DE GREVE 
DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS, FIXAÇÃO DO PRAZO DE 60 (SESSENTA) DIAS PARA QUE O 
CONGRESSO NACIONAL LEGISLE SOBRE A MATÉRIA. MANDADO DE INJUNÇÃO DEFERIDO PARA 
DETERMINAR A APLICAÇÃO DAS LEIS Nos 7.701/1988 E 7.783/1989. 1. SINAIS DE EVOLUÇÃO DA 
GARANTIA FUNDAMENTAL DO MANDADO DE INJUNÇÃO NA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO 
TRIBUNAL FEDERAL (STF). 
 
EMENTA MI 712: MANDADO DE INJUNÇÃO. ART. 5º, LXXI DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. 
CONCESSÃO DE EFETIVIDADE À NORMA VEICULADA PELO ARTIGO 37, INCISO VII, DA 
CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. LEGITIMIDADE ATIVA DE ENTIDADE SINDICAL. GREVE DOS 
TRABALHADORES EM GERAL [ART. 9º DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL]. APLICAÇÃO DA LEI 
FEDERAL N. 7.783/89 À GREVE NO SERVIÇO PÚBLICO ATÉ QUE SOBREVENHA LEI 
REGULAMENTADORA. PARÂMETROS CONCERNENTES AO EXERCÍCIO DO DIREITO DE GREVE 
PELOS SERVIDORES PÚBLICOS DEFINIDOS POR ESTA CORTE. CONTINUIDADE DO SERVIÇO 
PÚBLICO. GREVE NO SERVIÇO PÚBLICO. ALTERAÇÃO DE ENTENDIMENTO ANTERIOR QUANTO À 
SUBSTÂNCIA DO MANDADO DE INJUNÇÃO. PREVALÊNCIA DO INTERESSE SOCIAL. 
INSUBSSISTÊNCIA DO ARGUMENTO SEGUNDO O QUAL DAR-SE-IA OFENSA À INDEPENDÊNCIA E 
HARMONIA ENTRE OS PODERES [ART. 2O DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL] E À SEPARAÇÃO DOS 
PODERES [art. 60, § 4o, III, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL]. INCUMBE AO PODER JUDICIÁRIO 
PRODUZIR A NORMA SUFICIENTE PARA TORNAR VIÁVEL O EXERCÍCIO DO DIREITO DE GREVE 
DOS SERVIDORES PÚBLICOS, CONSAGRADO NO ARTIGO 37, VII, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. 
 
Obs: Corte do Serviço Público e a continuidade: 
Se o usuário não paga a conta, pode-se cortar o serviço? Se o usuário desrespeita as regras de 
segurança e normas técnicas, pode-se interromper o serviço? 
 
Vide art.6º, §3º, Lei 8.987/95 (Lei de Concessão e Permissão de Serviços Públicos): “Não se caracteriza 
como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência (ex. Situação das 
chuvas em minas gerais) ou após o prévio aviso, quando: 
I – motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; 
II – por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.” 
 
Então, hipóteses de corte de serviço público: 
a) Emergência; 
b) Após prévio aviso: 
b.1) Por razões de ordem técnica, para a segurança das instalações; 
b.2) Por inadimplemento do usuário; 
 
Atenção! No caso do usuário inadimplente, é possível o corte de serviço, mesmo se o serviço for 
essencial? Sim. Na jurisprudência, existiam duas correntes. A corrente minoritária defendia a tese do 
CDC, de que não se podia deixar o consumidor em situação vexatória (art.42 e 28, do CDC). De outro 
lado, a posição maciçamente majoritária entende que pode-se sim cortar o serviço. Se a prestadora for 
obrigada a prestar o serviço a todos os usuários, inclusive a todos os que não pagam, a empresa irá 
quebrar e a coletividade será prejudicada. Então, em nome da coletividade o serviço poderá ser 
cortado. Ademais, se a empresa for obrigada a prestar o serviço a quem não paga, ela irá quebrar, 
comprometendo, também, a própria continuidade do serviço. É importante ver, ainda, que, pela 
isonomia, quem paga e quem não paga devem ter tratamento desigual, pois eles estão em situações 
desiguais. 
Portanto,

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