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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CURSO DE LICENCITATURA LETRAS E LIBRAS DISCIPLINA: ASPECTOS ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO PROFESSOR (A): EDELU KAWAHALA ALUNO (A): VILCIMARA SANTANA DE OLIVEIRA COELHO DATA: 02/05/2019 1. Introdução A temática “relações entre a sociedade e o meio ambiente” vem sendo amplamente difundida e discutida pela sociedade. Relação esta que abrange os conceitos de economia, governo, corporações, extração, consumo, obsolescência planejada e perceptiva, contexto social, entre outros. Processos tão habituais que vistos através dos olhos de quem vive sob as diretrizes do sistema chegam a ser despercebido, com exceção à única parte da economia realmente palpável, o setor de consumo. O presente texto vai mostrar com um Projeto, sem fins lucrativos, visa à conservação da Mata Atlântica da bacia do alto rio Guapiaçu. Vejamos: 2. A Reserva Ecológica do Guapiaçu – REGUA Desde sua ocupação no século 16, muitas florestas da baixada fluminense foram perdidas por desmatamento na busca por terras férteis e a extração de madeiras nobres. As baixadas foram drenadas, logo em seguida sendo ocupadas e transformadas em núcleos habitacionais, além de áreas cultiváveis. O processo de ocupação do vilarejo Guapiaçu não foi diferente, porém com a aquisição da Fazenda São José de Guapiaçu em 2003, a REGUA resolveu iniciar um projeto ambicioso de restauração para recompor a paisagem e recriar um hábitat típico da Mata Atlântica. No início, existia a necessidade de formação de um corredor entre uma área de vegetação no fundo da propriedade, com a pousada, permitindo assim, a vinda de aves que necessitam da constante proteção das florestas. O resultado foi tão animador, que a REGUA iniciou o plantio de árvores em volta dos banhados, criando um ambiente mais parecido com o do século 16. A área dos alagados na REGUA, tal como se apresentava nos finais dos anos 90, com pastos e uma plantação de macadâmia (à esquerda, na foto; Acervo REGUA). O processo de plantio iniciou-se com a coleta de sementes. Após 10 anos de experiência, a REGUA tem mais de 240 espécies de árvores georreferenciadas e cadastradas pela RENASCEM. As sementes são beneficiadas ora para o plantio, ora para o armazenamento em câmara fria, esperando a oportunidade para plantio nas caixas de areia. As sementes, depois de semeadas nestas caixas são cuidadosamente tratadas e transferidas para sacos preparados com extrato. Posteriormente, as mudas são levadas à casa de sombra para ajuste de luminosidade para finalmente serem levadas ao pátio de sol esperando adaptação e sua transferência para o campo. Em geral, este processo leva de seis meses a um ano. Antes do plantio, a área destinada ao reflorestamento segue uma rigorosa aferição para correção de acidez, e aos berços é adicionado adubo esperando-se apenas a época de chuvas para o início do plantio das mudas. É plantada uma mistura de 60% espécies pioneiras e 40% de espécies de clímax oriundas do viveiro, porém árvores e plântulas que já estejam brotando são deixadas para crescer, e após o plantio a manutenção de todas as plantas é feita cuidadosamente. Desde 2004, a REGUA vem plantando espécies de arvores nativas e recuperando alagados num esforço de recuperar uma paisagem perdido a desmatamento do passado. Com mais de 360 000 arvores plantadas de 240 espécies coletadas de sementes das mesmas matas em mais de 200 hectares, a recomposição contribuirá para elevar a proporção florestal, conectando fragmentos isolados de florestas e consolidando a área de amortecimento do Parque Estadual Três Picos. Quatro ações essenciais apoiam a missão institucional: a proteção das florestas através de um quadro de guarda-parques e da criação da RPPN; a inclusão social através de um amplo programa de educação ambiental e visitação; o apoio e o incentivo a pesquisas para compreender como as florestas funcionam; e, por último, um programa de reflorestamento que, além de contribuir para uma maior funcionalidade ecológica, gera emprego e renda. Ao longo de 14 anos, foram plantadas quase meio milhão de árvores nativas da Mata Atlântica em 300 ha de áreas degradadas, utilizadas em parte pelo INEA, para o desenvolvimento de critérios para o monitoramento de resultados a respeito da recuperação florestal. Progresso ao longo do tempo Ano Número de Árvores Plantadas Área Reflorestada (ha) 2004 1,729 2.08 2005 2,584 3.10 2006 2,333 2.80 2007 6,042 7.25 2008 14,167 17 2009 34,608 27.53 2010 17,25 6.90 2011 30,717 12.68 2012 39,483 23.69 2013 17,383 60.43 2014 86,667 52 2015 83,333 50 A mesma área nos finais de 2012 (Acervo REGUA). 3. Conclusão A regeneração natural não é simples nem instantânea. Mesmo que o processo de reflorestamento seja natural, áreas muito degradadas simplesmente não voltam ao seu estado original, tanto em relação à beleza cênica quanto à biodiversidade. Fruto de muita pesquisa, o reflorestamento hoje permite uma recuperação florestal relativamente rápida, beneficiando a biodiversidade associada, gerando emprego local, definindo planejamento territorial e permitindo a plena continuidade dos serviços ambientais dos quais dependemos, como a produção de água em quantidade e qualidade. O reflorestamento é a revolução verde do século XXI, combatendo a crise ambiental global em larga escala. Então, qual é o segredo do sucesso? – A resposta, simples, é: responsabilidade, uma atitude básica fundamentada em conhecimento, dedicação e valoração da atividade. O conhecimento florestal vem de uma preocupação com a crise ecológica. Nossa própria sobrevivência neste planeta depende do equilíbrio entre os mundos bióticos e abióticos. Não é fácil compreender toda a dinâmica, mas evidentemente temos obrigação de recuperar áreas degradadas, observar como funciona a complexa ordem fitossocial das florestas, suas matrizes, e nos familiarizarmos com as peculiaridades na produção de mudas de qualidade para cada espécie, com vistas à recuperação de áreas em larga escala. A observação faz melhorar a técnica. A dedicação faz conhecer e organizar as técnicas, melhorando o planejamento. 4. Referências http://regua.org.br/conservacao/restauracao/ http://regua.org.br/noticias/
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