Buscar

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Continue navegando


Prévia do material em texto

INSTITUTO DAMÁSIO DE DIREITO
Curso de direito
ATIVIDADE DE DIREITO DO CONSUMIDOR
THAIS SERRICCHIO DE SOUSA
TURMA DS8
São Paulo
2019
Processo:
Agravo Interno no Recurso Especial 1754090 / SP
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL
2018/0177348-8
Relator:
Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE (1150)
Órgão Julgador:
T3 - TERCEIRA TURMA:
Data do Julgamento:
12/11/2018
EMENTA:
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. FORNECIMENTO DE PISO CERÂMICO COM DEFEITOS. ILEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM. NÃO OCORRÊNCIA. FATO DO PRODUTO. PRETENSÃO INDENIZATÓRIA SUJEITA A PRAZO PRESCRICIONAL DE 5 (CINCO) ANOS. DECISÃO AGRAVADA MANTIDA. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO.
O Superior Tribunal de Justiça já assentou, no tocante à legitimidade ativa ad causam que "o que se examina é se a parte autora possui alguma relação jurídica no tocante ao réu que envolva o direito material deduzido" 
(REsp 1.605.466/SP, Relator o Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, DJe de 28/10/2016).
Consoante jurisprudência desta Corte, "a eclosão tardia do vício do revestimento, quando já se encontrava devidamente instalado na residência do consumidor, determina a existência de danos materiais indenizáveis e relacionados com a necessidade de, no mínimo, contratar serviços destinados à substituição do produto defeituoso. Desse modo, a hipótese é de fato do produto, sujeito ao prazo prescricional de 5 (cinco) anos".
(REsp 1.176.323/SP, Relator o Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, DJe de 16/3/2015). 
Decisão agravada mantida.
Agravo interno desprovido.
ACÓRDÃO:
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Nancy Andrighi, Paulo de Tarso Sanseverino, Ricardo Villas Bôas Cueva e Moura Ribeiro votaram com o Sr. Ministro Relator.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Moura Ribeiro.
Tendo em conta a TEORIA DA QUALIDADE e a distinção entre FATO e VÍCIO comente o acerto ou equívoco da decisão acima:
Conforme aprendido os vícios de qualidade subdividem-se em dois. O primeiro associa-se ao vício de qualidade por insegurança, ao passo em que o segundo se relaciona ao vício de qualidade por inadequação. 
Em caso de incidentes de consumo, que ataquem a incolumidade econômica, em relação ao produto ou serviço falamos de vício de qualidade por inadequação, enquanto nas situações de acidentes de consumo, que afetem a incolumidade física ou psíquica, temos o vício de qualidade por insegurança.
A insegurança do produto ou serviço relaciona-se diretamente ao acidente de consumo e aos danos à saúde do consumidor. De outro lado, a inadequação relaciona-se à inaptidão do produto ou serviço de realizar o fim a que se destina.
O CDC tendo em vista estabelecer possíveis eventualidades de dano, configurou o vício e o fato. O vício entorna-se diante de um problema “para os fins que se destina”, por exemplo, um jogo de vídeo game que foi adquirido e não funciona. Já o fato entorna-se diante de um possível risco, materializado ou não ao consumidor, por exemplo, o jogo rodou, porém, esquentou muito podendo trazer futuros danos, e caso não tivesse sido tirado da tomada rapidamente teria explodido, ou em outra situação pior como o jogo ter esquentado e explodido, afetando o consumidor. 
Dito isso, conclui-se que a teoria da qualidade se encontra umbilicalmente ligada à responsabilidade do fornecedor, que pode dar-se na esfera civil, penal ou administrativa. Sob o prisma da responsabilidade civil, é guiada pela reparação, que é o interesse primordial do consumidor lesado, já que a adequação dos produtos e serviços é uma condição imposta ao fornecedor (art. 4o, II, d e art. 6o, I, CDC).
Só sabendo se é fato ou vício que é possível saber quem será responsabilizado e o prazo imposto (5 anos para fato e 30 ou 90 dias para vício). 
FATO = vício que extrapola o interno. Não é só impróprio, como também vai além e atinge outros bens jurídicos. 
VÍCIO = é apenas interno, tem repercussão interna.
Sendo assim, analisando a decisão do acórdão, pode-se dizer que ocorreu um equívoco na decisão tomada pelo egrégio Tribunal. Esse deslize se dá em razão do Ministro ter utilizado “fato do produto”, na qual, o termo adequado seria “vício do produto”. Conforme visto acima fato é algo que coloca em perigo a vida e a segurança do consumidor. 
	Dessa forma, pode-se concluir que não é possível ver no acórdão que o vício do produto / revestimento ocasionou dano ou risco ao consumidor, retratando apenas um problema na qualidade do produto. 
É preciso destacar que o prazo para reclamar do vício também estaria incorreto, visto que, é de 30 dias para serviços e produtos não duráveis e de 90 dias para serviços e produtos duráveis (artigo 26 I e II do CDC).
Com relação a isto, a doutrina se posiciona da mesma forma que o STJ:
(NUNES, Rizzatto. Curso de Direito do Consumidor. 5ª ed., São Paulo: Saraiva, 2009, ps. 344⁄345):
“Dessa feita, o STJ entendeu que os problemas causados pelo piso novo já instalado superaram o mero conceito de “vício do produto” e devem ser classificados como “fato do produto”, razão pela qual não se aplicam o prazo decadencial do art. 26, II, do CDC (90 dias), mas sim o prazo prescricional de 5 anos, insculpido no art. 27 do CDC.
Reconheço que esse conceito mais elástico de “fato do produto” é um tanto quanto subjetivo e poderá gerar inúmeras dúvidas sobre situações limítrofes em casos concretos. No entanto, apesar disso, é importante que você conheça essa posição do STJ que certamente será exigida nas provas, além de poder ajudá-lo a resolver questões práticas na lide forense.”
Tipo Acórdão Número 5012649-72.2017.4.03.6182/50126497220174036182 – Classe APELAÇÃO CÍVEL (ApCiv) Relator(a) Desembargador Federal CECILIA MARIA PIEDRA MARCONDES Origem TRF - TERCEIRA REGIÃO Órgão julgador 3ª Turma Data 08/08/2019 Data da publicação 13/08/2019 Fonte da publicação e - DJF3 Judicial 1 DATA: 13/08/2019 Ementa - E M E N T A EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. HIPÓTESES DO ARTIGO 1.022 DO CPC/2015. ERRO MATERIAL, OMISSÃO, CONTRADIÇÃO, OBSCURIDADE. NÃO CONFIGURAÇÃO. REDISCUSSÃO DO MÉRITO DO ACÓRDÃO EMBARGADO. INADEQUAÇÃO. 
1. No presente caso, é plenamente possível aferir-se o exato alcance do acórdão embargado e de seus fundamentos. Não há erro material, ponto omisso, obscuro ou contraditório no julgado. 2. O questionamento do acórdão pela embargante aponta para típico e autêntico inconformismo com a decisão, contrariedade que não enseja o acolhimento do presente recurso, uma vez que ausentes quaisquer dos vícios elencados no artigo 1.022 do Código de Processo Civil de 2015. Embargos revestidos de nítido caráter infringente, objetivando discutir o conteúdo jurídico do acórdão. 3. Ainda que os embargos tenham como propósito o prequestionamento da matéria, faz-se imprescindível, para o acolhimento do recurso, que se verifique a existência de quaisquer dos vícios descritos no artigo 1.022 do CPC/2015. Precedentes do STJ. 4. Embargos de declaração rejeitados.
Decisão:
APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 5012649-72.2017.4.03.6182 RELATOR: Gab. 08 - DES. FED. CECÍLIA MARCONDES APELANTE: NESTLE BRASIL LTDA. Advogado do(a) APELANTE: CELSO DE FARIA MONTEIRO - SP138436-A APELADO: INMETRO INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA NORMALIZACAO E QUALIDADE INDUSTRIAL APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 5012649-72.2017.4.03.6182 RELATOR: Gab. 08 - DES. FED. CECÍLIA MARCONDES APELANTE: NESTLE BRASIL LTDA. Advogado do(a) APELANTE: CELSO DE FARIA MONTEIRO - SP138436-A APELADO: INMETRO INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA NORMALIZACAO E QUALIDADE INDUSTRIAL OUTROS PARTICIPANTES: 
 R E L A T Ó R I O:
Trata-se de embargos de declaração opostos por NESTLÉ BRASIL LTDA, contra o acórdão proferido pela 3ª Turma desta Egrégia Corte que, por unanimidade, negou provimento à apelação interposta pela ora embargante. A ementa do acórdãoembargado encontra-se vazada nos seguintes termos: PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. INDEFERIMENTO DE PERÍCIA. NULIDADE DA SENTENÇA. INOCORRÊNCIA. MULTA ADMINISTRATIVA. DIVERGÊNCIA DE PESO. REPROVAÇÃO DE PRODUTO. LEGALIDADE DA PERÍCIA ADMINISTRATIVA E DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE DA MULTA APLICADA. APELAÇÃO NÃO PROVIDA. 1. Inexiste nulidade na sentença recorrida que julgou antecipadamente o mérito, indeferindo a prova pericial. Incumbe ao julgador apreciar a utilidade e a pertinência da prova requerida e indeferi-la caso ausentes tais requisitos, nos termos do art. 464 do CPC. Não há ilegalidade na decisão do Juízo a quo que, ao entender que a perícia é impertinente no caso concreto, fundamentadamente a indefere. 2. A apelante não demonstrou o alegado prejuízo ao contraditório decorrente do procedimento adotado pela autoridade administrativa. Da leitura dos Laudos de Exame Quantitativo de Produtos Pré-Medidos, verifica-se que teve precisa compreensão acerca de quais produtos foram submetidos a exame. 3. Incide, na hipótese, o princípio da inexistência de nulidade sem prejuízo (pas de nullité san grief), cuja aplicação é amplamente admitida nos processos administrativos, consoante remansosa jurisprudência. 4. A apelante não comprovou qualquer mácula na perícia administrativa que concluiu pela divergência de peso nos produtos indicados no laudo. A autuada teve plena ciência dos produtos recolhidos e foi instada a acompanhar a perícia administrativa. Dessa forma, mesmo tendo sido convidada a acompanhar a perícia realizada, a apelante não apontou concretamente qualquer erro no procedimento adotado pelo INMETRO que pudesse enfraquecer as conclusões do laudo produzido pela autoridade administrativa, conclusivo no sentido de reprovar os produtos. 5. O ato administrativo é revestido pela presunção de veracidade e legitimidade. Referida presunção não é absoluta, uma vez que pode ser afastada caso sejam trazidos elementos probatórios suficientes para comprovar eventual ilegalidade. No caso dos autos, não se trata de atribuir à perícia administrativa valor absoluto, mas, de outro modo, de constatar que a autuada não trouxe elementos robustos capazes de infirmar tal presunção. 6. O auto de infração observou todos os requisitos do art. 7º e seguintes da Resolução 08/2006 do CONMETRO. A especificação da sanção não é requisito obrigatório do auto de infração, mormente porque a dosimetria da pena é realizada no bojo do devido processo administrativo no qual são colhidos, sob o crivo do contraditório e da ampla defesa, todos os elementos necessários para que seja individualizada a sanção, como ocorreu no caso concreto. 7. De acordo com o que restou apurado pela fiscalização, a autora é fabricante de produtos reprovados no critério da média por divergência entre o peso encontrado e o que consta na embalagem, violando, pois, a legislação metrológica acerca da matéria. 8. A violação aos direitos consumeristas atrai a responsabilidade objetiva e solidária do fabricante por vícios de quantidade dos produtos, nos termos do art. 18 do CDC. 9. Tratando-se de responsabilidade objetiva, descabe fazer incursão no elemento subjetivo do fabricante, ou seja, se teve culpa ou dolo no tocante ao vício do produto verificado pela autoridade. Noutro ponto, a responsabilização marcada por sua natureza solidária inviabiliza que sejam acolhidas as alegações da fabricante no sentido de existir a possibilidade de o vício ter se originado no transporte ou acondicionamento do produto. 10. É dever do fabricante adotar as medidas adequadas para assegurar que o produto chegue ao consumidor com o peso indicado na embalagem. Por esse motivo, é possível que as amostras sejam colhidas fora do estabelecimento do fabricante, pois a fiscalização deve, de fato, recair sobre todas as fases da comercialização. 11. Se, conforme alega a própria apelante, o produto está sujeito a perdas previsíveis inerentes ao transporte e acondicionamento, a infração se configura diante da omissão do fabricante em diligenciar que ao curso da cadeia de fornecimento seja preservada a fidelidade quantitativa da mercadoria em que apõe sua marca. 12. Não há na legislação norma que preconize a aplicação sucessiva das sanções estabelecidas na Lei n.º 9.933/99 e determine que a aplicação da multa deva ser condicionada à prévia advertência. O órgão fiscalizador, portanto, possui discricionariedade na escolha da pena aplicável, de modo que é infenso ao Poder Judiciário adentrar o mérito administrativo, em observância ao princípio da Separação dos Poderes. 13. O valor da multa, fixado no patamar de R$ 10.850,00, não se afigura desproporcional ou ilegal, tampouco possui caráter confiscatório, pois corresponde a apenas 0,72% do patamar máximo previsto na legislação, bem como atende as finalidades da sanção e aos parâmetros estabelecidos na lei (art. 9º da Lei n.º 9.933/99), principalmente em vista à condição econômica da autuada e a reincidência noticiada. 14. Apelação não provida. Sustenta a embargante que o acórdão embargado padece de obscuridade, nos seguintes pontos: a) a nulidade ventilada nos autos, a respeito do erro no preenchimento do "Quadro Demonstrativo para Estabelecimento de Penalidades" não foi corretamente analisada, sendo que tal equívoco afronta os artigos 11 e 12 da Resolução 08/2006 do CONMETRO; b) não foi levada em consideração a Média Mínima Aceitável, cujo cálculo é realizado justamente para que sejam consideradas eventuais perdas de propriedade do produto até o consumidor final, em razão de interferências naturais, como umidade e temperatura e, desse modo, a sanção aplicada está eivada de nulidade. Aduz, ainda, a existência de omissão quanto a necessidade de existência de regulamento para quantificação das multas decorrentes dos processos administrativos advindos do INMETRO, nos termos do artigo 9º-A da Lei nº 9.933/99, sob pena de prejuízo à embargante ao ser compelida ao pagamento de multa administrativa em valor desproporcional, sem embasamento legal e fundamentação específica. Pleiteia o acolhimento dos embargos de declaração para que sejam sanados os vícios apontados e para que lhes sejam atribuídos efeitos infringentes. Prequestiona a matéria para efeito de interposição de recurso à instância superior. A parte embargada apresentou impugnação aos embargos. É o relatório. APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 5012649-72.2017.4.03.6182 RELATOR: Gab. 08 - DES. FED. CECÍLIA MARCONDES APELANTE: NESTLE BRASIL LTDA. Advogado do(a) APELANTE: CELSO DE FARIA MONTEIRO - SP138436-A APELADO: INMETRO INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA NORMALIZACAO E QUALIDADE INDUSTRIAL OUTROS PARTICIPANTES:
 V O T O:
Os embargos de declaração são cabíveis para esclarecer obscuridade, eliminar contradição, corrigir erro material ou suprir omissão de ponto ou questão sobre a qual o magistrado não se manifestou de ofício ou a requerimento das partes, nos termos do artigo 1.022 do Código de Processo Civil de 2015. No presente caso, é plenamente possível aferir-se o exato alcance do acórdão embargado e de seus fundamentos. Não há ponto omisso, obscuro ou contraditório no julgado, que apreciou as questões suscitadas pela embargante de forma satisfatória ao julgamento, mediante apreciação da disciplina normativa incidente à hipótese. Diante dos apontamentos, não se sustentam os argumentos da embargante. Em verdade, denota-se a pretensão de reapreciação da matéria e o inconformismo com o resultado do julgamento, não passíveis de análise por meio dos embargos de declaração. Com efeito, é de se atentar que o acolhimento de teses desfavoráveis à parte embargante não configura quaisquer das hipóteses do artigo 1.022 do Código de Processo Civil de 2015, pois é fruto da manifestação do princípio do livre convencimento do julgador. A propósito, já decidiu o C. STJ que "como o descontentamento da parte não se insere dentre os requisitos viabilizadores dos embargos declaratórios, impende a rejeição do recurso manejadocom a mera pretensão de reexame da causa." (EDREsp nº 547.235, 1ª Turma, Rel. Min. José Delgado, j. 05/8/2004, v. u., DJ 20/9/2004, p. 190). Nesse sentido, a discordância da parte embargante deve ser ventilada pela via recursal adequada. De outra parte, ainda que os embargos de declaração tenham como propósito o prequestionamento da matéria, faz-se imprescindível, para o acolhimento do recurso, que se constate a existência de qualquer dos vícios previstos no artigo 1.022 do Código de Processo Civil de 2015, sem o que se torna inviável seu acolhimento. Nesse quadro, a título ilustrativo, consulte-se o seguinte precedente: EDcl nos EDcl no REsp 1107543/SP, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Primeira Seção, julgado em 26/10/2011, DJe 18/11/2011. Outrossim, é de se registrar que o art. 1.025 do Código de Processo Civil/2015 dispõe, para fins de prequestionamento, que são considerados incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou ainda que os declaratórios sejam inadmitidos ou rejeitados, "caso o tribunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade". Em conclusão, das considerações procedidas, constata-se que mediante alegação de obscuridade e omissão, a embargante atua no sentido de manifestar seu inconformismo, almejando efeito modificativo ao julgado, pretensão esta que não se ajusta aos estreitos limites de atuação do presente recurso, o qual se destina apenas à correção dos vícios apontados no art. 1022, incisos I, II e III, do Código de Processo Civil/2015. Ante o exposto, rejeito os embargos de declaração. É o voto. E M E N T A EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. HIPÓTESES DO ARTIGO 1.022 DO CPC/2015. ERRO MATERIAL, OMISSÃO, CONTRADIÇÃO, OBSCURIDADE. NÃO CONFIGURAÇÃO. REDISCUSSÃO DO MÉRITO DO ACÓRDÃO EMBARGADO. INADEQUAÇÃO. 1. No presente caso, é plenamente possível aferir-se o exato alcance do acórdão embargado e de seus fundamentos. Não há erro material, ponto omisso, obscuro ou contraditório no julgado. 2. O questionamento do acórdão pela embargante aponta para típico e autêntico inconformismo com a decisão, contrariedade que não enseja o acolhimento do presente recurso, uma vez que ausentes quaisquer dos vícios elencados no artigo 1.022 do Código de Processo Civil de 2015. Embargos revestidos de nítido caráter infringente, objetivando discutir o conteúdo jurídico do acórdão. 3. Ainda que os embargos tenham como propósito o prequestionamento da matéria, faz-se imprescindível, para o acolhimento do recurso, que se verifique a existência de quaisquer dos vícios descritos no artigo 1.022 do CPC/2015. Precedentes do STJ. 4. Embargos de declaração rejeitados. ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, a Terceira Turma, por unanimidade, rejeitou os embargos de declaração, nos termos do relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.
Tipo Acórdão Número 0002755-44.2015.4.01.3900 / 27554420154013900 Classe RECURSO CONTRA SENTENÇA DO JUIZADO CÍVEL (AGREXT) - Relator(a) CLÁUDIO HENRIQUE FONSECA DE PINA – Origem TRF - PRIMEIRA REGIÃO Órgão julgador SEGUNDA TURMA RECURSAL - PA/AP Data 11/04/2018 Data da publicação 11/04/2018 Fonte da publicação Diário Eletrônico Publicação 11/04/2018- Diário Eletrônico Publicação 11/04/2018 Ementa PROCESSUAL CIVIL E CONSUMIDOR. SÚMULA 297 DO STJ. CEF. RESPONSABILIDADE OBJETIVA.VÍCIO NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. INEXISTENTE. NEXO CAUSAL NÃO DEMONSTRADO. DANOS MORAIS E MATERIAIS INDEVIDOS. RECURSO DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA. 1. Insurge-se a parte autora, ora recorrente, contra sentença que julgou improcedente pedido de condenação da Caixa Econômica Federal ao pagamento de indenização por danos morais e materiais decorrentes de furto de bicicleta no estacionamento da recorrida. 2. De início, não acolho o pedido de nulidade da sentença por suposto cerceamento do direito à ampla defesa e do contraditório ante a não realização de audiência de instrução e julgamento, vez que as provas produzidas nos autos mostram-se suficientes para o seguro julgamento da demanda quanto ao mérito. 3. A imputação de responsabilidade civil, objetiva ou subjetiva, supõe a presença de dois elementos de fato (a conduta do agente e o resultado danoso) e um elemento lógico-normativo, o nexo causal (que é lógico,porque consiste num elo referencial, numa relação de pertencialidade, entre os elementos de fato; e é normativo, porque tem contornos e limites impostos pelo sistema de direito). (REsp 858511/DF, Rel. Ministro LUIZ FUX, Rel. p/ Acórdão Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, 1ª Turma, DJe 15/09/2008). 4. É consolidado o entendimento de que as normas do CDC são aplicáveis às instituições financeiras. Inteligência da Súmula 297 do STJ. Tratando-se de relação de consumo, pautada no risco do empreendimento, tem-se que a indenização decorrente de eventuais fatos e vícios oriundos da prestação do serviço independem de culpa, configurando-se, portanto, a responsabilidade do tipo objetiva, nos moldes do art. 14 do CDC, que exige apenas a demonstração do dano e do nexo de causalidade. 5. O dano moral reflete prejuízo de caráter intrínseco ao íntimo do ofendido, ligado à esfera da personalidade, apresentando dupla função, quais sejam de reparar o dano sofrido pela vítima e punir o ofensor. Sua ocorrência é de difícil comprovação, devendo o julgador aferir sua gravidade no caso concreto. 6. In casu, conforme se depreende do acervo probatório, tenho que a parte autora não logrou êxito em demonstrar o nexo causal entre a suposta conduta omissiva da recorrida e o ventilado evento danoso.Com efeito, não há que se falar no caso sub judice de falha no dever de vigilância e segurança por parte da CEF, eis que a agência em que teria ocorrido o incidente não conta com estacionamento exclusivo, tratando-se, em verdade, de espaço compartilhado e livre ao publico. 7. Em sendo assim, não restando demonstrado o nexo causal hábil a ensejar a responsabilização da recorrida, não há razão para entendimento diverso do perfilhado pelo juízo sentenciante. 8. Considero pré-questionados os dispositivos enumerados pelas partes nas razões e contrarrazões recursais, declarando que a decisão encontra amparo nos dispositivos da Constituição Federal de 1988 e na legislação infraconstitucional, aos quais inexiste violação. O juízo não está obrigado a analisar todos os argumentos e dispositivos indicados pelas partes e suas alegações, desde que tenha argumentos suficientes para expressar a sua convicção. 9. Recurso desprovido. Sentença mantida. 10. Custas e honorários advocatícios, estes fixados em 10% (dez por cento) do valor da causa, pelo recorrente vencido, sobrestada a sua execução em face ao deferimento da justiça gratuita.