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DEZ AXIOMAS DO GARANTISMO PENAL DIREITO PENAL I RICARDO TADANORI REZENDE MAKINO ALUNO: MARCOS ANTONIO PEREIRA LIOCADIO DIREITO - 2º Semestre Diurno BRASÍLIA-DF 2019 C051841 Texto digitado C051841 Texto digitado C051841 Texto digitado C051841 Texto digitado C051841 Texto digitado OS 10 AXIOMAS DO GARANTISMO PENAL A teoria do garantismo penal se propõe a estabelecer critérios de racionalidade e civilidade à intervenção penal, deslegitimando qualquer modelo de contraste social maniqueísta que coloca a “defesa social” acima dos direitos e garantias individuais. O modelo garantista permite a criação de um instrumento pratico-teórico idôneo à tutela dos direitos contra a irracionalidade dos poderes, sejam públicos ou privados. A teoria garantista penal, desenvolvida por Ferrajoli, tem sua base fincada em dez axiomas (máximas) que dão suporte ao seu raciocínio, são elas: 1 – Nulla poea sine crimine Também conhecido como principio da retributividade ou da consequencialidade da pena em relação ao delido, preceitua que somente será possível a aplicação de pena quando houver, efetivamente, à pratica de determinada infração penal. Dispositivo constitucional correlato: inciso XXXIX, art.. 5º CF/88 - “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal” 2- Nullum crimen sine lege Principio da legalidade. Não existe crime sem prévia cominação legal. Dispositivo constitucional correlato: inciso XXXIX, art.. 5º CF/88 - “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal” 3. Nulla lex (poenalis) sine necessitate Principio da necessidade ou da economia do direito penal, intervenção mínima. A lei penal somente poderá proibir ou impor comportamentos, sob a ameaça de sanção, se houve absoluta necessidade de proteger determinados bens, tidos como fundamentais ao nosso convívio em sociedade. 4. Nulle necessitas sine injuria Principio da lesividade ou da ofensividade do evento. As condutas tipificadas pela lei penal devem, obrigatoriamente, ultrapassar a pessoa do agente, isto é, não poderão se restringir a sua esfera pessoal, somente havendo possibilidade de proibição de comportamentos quando estes vierem a atingir bens de terceiros. 5. Nulle injuria sine actione Principio da materialidade ou da exterioridade da ação. Somente se pune condutas que se manifestem no mundo real, e não aquelas que apenas habitam pensamentos do sujeito. 6. Nulla actio sine culpa Principio da culpabilidade ou da responsabilidade pessoal. A análise da culpa deve ser limitada ao individuo, em regra não podendo eximir de sua responsabilidade por fatores externos que lhe antecedam, salvo exceções previstas em lei. Somente ações culpáveis poderão ser reprovadas, devendo ser puníveis apenas aquelas condutas em que estejam imbuídos dolo ou culpa. 7. Nulla culpa sine judicio Principio da jurisdicionalidade no sentido lato. Visa a atingir os aplicadores do direito sendo um modelo limite e garantia de que o uso das normas ou dos conceitos por elas enunciados deve-se estabelecer não há condições necessárias, mas suficientes para condenação, e não as condições suficientes, mas necessárias à absolvição. 8.Nulla judicium sine accustone Principio do acusatório ou da separação do juiz da acusação. Busca a efetividade do sistema pena acusatório, no qual há a separação do juiz e da acusação, visa a impedir imposições arbitrárias do juiz na aplicação da lei. Pilar dos princípios do juiz natural e do promotor natural. 9. Nulla acusatio sine probatione Principio do ônus da prova ou da verificação. Guia o instituto da produção de provas diante do qual se faz verificação dos fatos, da materialidade do delito e se há comprovação suficiente para condenação. Dispositivo constitucional correlato: inciso LVI, art.. 5º CF/88 - “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos.” 10. Nulla probatio sine defensione Principio do contraditório, da defesa ou da falseabilidade. Assegura a defsa processual permitindo-se contrariar ou ir em oposição aos elementos trazidos pela parte diversa. Dispositivo constitucional correlato: inciso LV, art.. 5º CF/88 - “LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.” Assim, Ferrajoli compreende como “margem irredutível da ilegitimidade do exercício da jurisdição”, e o único modo de reduzir-se essa “ilegitimidade de fato” seria o “respeito rigoroso às garantias”. Isso implicaria reconhecer que não existe verdade real: de real, só as garantias. As garantias, nesse jogo de inversões, convertem-se de previsão abstrata em algo mais concreto e real que o próprio fato criminoso. É claro que a verdade não pode ser alcançada em termos absolutos em todos os seus aspectos, e não por outra razão a “verdade substancial” é, no processo, a realidade exposta nos autos. Mas essa constatação óbvia, se ampliada indevidamente, levará o operador do direito a perder de vista o senso prático inerente à sua missão de cumprir um ideal de justiça factível. Referências Bibliográficas FERRAJOLI, Luigi. Direito e Razão: teoria do garantismo penal. 4 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014. GRECO, Rogério. Curso de direito penal. Parte geral, Rio de Janeiro 19º ed.: Impetus, 2017. BRASIL. Constituição Federal de 1988. Promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>.