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Ação de Indenização por Difamação em Rede Social

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EXCELENTISSÍMO (A) SENHOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL DA COMARCA DE RAINHA, DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.
GISELE, brasileira, estada civil: _______________, profissão: influenciadora digital, RG Nº______________, CPF Nº__________________________, e-mail: ___________________, residindo na cidade de Belezinha/CE, devidamente representada por seu advogado abaixo indicado (procuração anexa), vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência ajuizara presente Ação de Indenização e Condenação em Obrigação de Fazer com Pedido de Tutela de Urgência em face de MATILDE, brasileira, estado civil:_________________, profissão: influenciadora digital, RG Nº__________, CPF Nº______________________, e-mail:__________________, residente em Rainha/RJ, pelas motivos fáticos e fundamentos jurídicos expostos a seguir.
I - DOS FATOS 
	A Autora Gisele já qualificada nos autos,com 22 (vinte e dois) anos, é influenciadora digital, direcionada e dedicada ao ramo de cosméticos, e possui patrocínio das marcas de produtos de beleza “Linda Moça”, “Super Estilo” e “Mais Amor”, seu trabalho é realizado através da divulgação por meio de um canal, em uma famosa rede social da internet, e por si própria administrado. 
Matilde também é influenciadora digital, e por sua vez atua no mesmo ramo, administrando outro canal digital. A autora, que contava com 5 (cinco) milhões de seguidores em seu canal, foi surpreendida por acusações graves realizadas em outro canal, administrado e apresentado por Matilde. Esta afirmou publicamente que a autora realizou campanha pela erotização de crianças. 
A requerida acusou a autora de ensinar crianças a fazerem maquiagens vulgares e a se vestirem como se fossem adultas. Em virtude dessa acusação, a autora passou a sofrer severas ofensas por seus próprios seguidores, na rede mundial de computadores. 
Com todos esses desentendimentos Gisele teve o número de seguidores “reduzidos” de 5 (cinco) milhões para 3 (três) milhões, com a drástica queda de seguidores a autora teve perdas materiais, as quais deverão ser apuradas por perito, haja vista Gisele não dispor de recursos e conhecimento suficientes para tal apuração sem ajuda de um expert. Deve-se considerar a perda do valor da marca, a diminuição da monetarização das visualizações e a queda no crescimento do canal, que muito perdeu de seu sucesso, certamente. 
Enfatiza-se, que a autora deixou de ganhar, por 5 (cinco) meses, valores que recebia mensalmente de suas empresas patrocinadoras, chamadas “Linda Moça” e “Mais Amor”, conforme demonstrado pelos contratos anexos. De cada empresa, por mês, a autora recebia R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), motivo pelo qual os danos patrimoniais emergentes equivalem a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais).
Entretanto, após a autora desmentir os dizeres da requerida, retomou o patrocínio da empresa “Linda Moça”, porém, a empresa “Mais Amor” não voltou a ser sua patrocinadora, e conforme o contrato anexo, ainda haveria vínculo de patrocínio por mais 3 (três) meses, para além dos 5 (cinco), já perdidos até agora, se o contrato não tivesse sido rescindido pela empresa em razão das mentiras contadas pela requerida. 
Por essas e outras razão, vislumbra-se o dano patrimonial, a título de lucros cessantes, no valor equivalente a R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais). Outro ponto importante reside no fato de que a autora foi severamente abalada em seu estado emocional, porque passou a ser ofendida por seguidores que, de admiradores, passaram a ser críticos, disseminando notícias de que ela não teria respeito por crianças e que até mesmo representaria um risco a estas. 
Nesse sentido, houve violação ao direito da personalidade de autora, abalada em sua integridade emocional e em sua honra, que foi manchada em razão da difamação perpetrada pela requerida. O dano moral a ser indenizado é evidente, sugerindo-se desde já sua fixação no valor de R$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil reais), com base em recentes entendimentos jurisprudenciais de casos análogos. 
Por fim, anote-se que os vídeos nos quais a requerida veiculou as acusações contra a autora continuam disponíveis nas redes sociais, sendo possível seu acesso a quaisquer usuários, perpetuando-se as injustas acusações e prejuízos consequentes. Pretende-se a retirada imediata desses vídeos, por tratar-se de medida de justiça.
II. DOS DIREITOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS
 Responsabilidade Civil: danos patrimoniais (emergentes e lucros cessantes) e morais 
Em nosso Direito é certo, claro e pacifico a tese que quando for violado um interesse de outrem, juridicamente protegido, fica obrigado a repara - lo. Bastando assim adentrar a esfera jurídica para se chegar a responsabilidade civil. 
Inicialmente deve-se registrar que estão presentes os elementos da responsabilidade civil, em conformidade com os arts. 186 e 927 ambos do Código Civil de 2002. Ou seja, são perceptíveis a conduta, pois Matilde proferiu acusações em vídeos contra Gisele; o dano, a ser detalhado pouco adiante, desdobrado em patrimonial e moral; o dolo, pois Matilde, propositalmente, difamou Gisele; e o nexo causal, pois a conduta da requerida é justamente a causa dos resultados danosos suportados pela parte autora. 
Vale ressaltar que a legislação é clara ao estabelecer a obrigação de indenizar por parte de quem comete o ato ilícito, como abrange o artigo 927 do Código Civil vigente, “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”
Carlos Roberto Gonçalves (2015, p.48) anota que tal espécie de responsabilidade hasteia o seguinte posicionamento:
“ Diz-se, pois, ser ‘subjetiva’ a responsabilidade quando se esteia na ideia de culpa. A prova da culpa do agente passa a ser pressuposto necessário do dano indenizável. Nessa concepção, a responsabilidade do causador do dano somente se configura se agiu com dolo ou culpa”.
Está claro a responsabilidade da requerida, pois houve o cometimento de crime contra a pessoa avindo de calúnia, difamação e injúria, abrindo caminhos para o risco da dignidade, integridade da vítima.
Sobre os lucros cessantes, referentes ao prejuízo de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), ressalte-se o disposto no art.402, do Código Civil de 2002, e o fato de que há vasta prova documental no sentido de que Gisele certamente receberia esse valor, não fossem as ofensas realizadas por Matilde, que culminaram na rescisão contratual por parte da empresa “Mais Amor”. 
Frisa-se que ainda há valores em haver a ser indenizado pela requerente, pois como mencionado nos autos a mesma, ficou por 5 (cinco) meses sem receber pelas marcas patrocinadora "linda rosa" e " mais amor" gerando um total de R$: 250.000,00 ( duzentos e vinte e cinco mil) de indenização por danos matérias a cada uma das marcas, além do mais a marca "mais amor" deixou de arcar por mais 3 (três) meses a requerente pelo motivo da baixa de seguidores totalizando um valor de perda e lucro cessante pela marca de R$:150.000,00 ( sento e cinquenta mil).
Totalizando um montante de R$: 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil)
 Forma utilizada para chegar aos montantes mencionado acima:
Marca “linda rosa”, valor pago a requerente R$: 50.000,00 (cinquenta mil) mensais, 5 (cinco) meses sem efetivar o pagamento. 
Marca “Mais amor”, valor pago a requerente R$: 50.000,00 (cinquenta mil) mensais, 5 (cinco) meses sem efetivar o pagamento e mais 3 (três) meses de lucro cessante.
Deve-se apontar, ainda, que em virtude da queda do número de seguidores – de cinco para três milhões –, Gisele sofreu perdas econômicas (danos patrimoniais) que não consegue mensurar no presente momento, sendo necessária a realização de prova pericial para tal apuração. 
Registre-se a possibilidade de realizar pedido genérico, com base no art.324, § 1º, II, do CPC. Sobre a prova pericial, prevista no art.464, do CPC, não seria caso de incidência de seu § 1º e incisos, pois a prova depende de conhecimento técnico, não há outras provas produzidas nesse sentido ea verificação é praticável. 
Com relação aos danos morais, é de extrema importância transcrever o disposto no art.5º, V e X, da Constituição Federal de 1988, respectivamente: “é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem” e “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação” (BRASIL, 1988, [s.p.]). 
Ademais o artigo 953 do Código civil enfatiza que:
“Art. 953. A indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá na reparação do dano que delas resulte ao ofendido. Parágrafo único. Se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao juiz fixar, equitativamente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do caso”.
Com base no dispositivo legal, leciona Cavalieri Filho:
“O dano moral está necessariamente vinculado a alguma reação psíquica da vítima. Pode haver ofensa à dignidade da pessoa humana sem dor, vexame, sofrimento, assim como pode haver dor, vexame e sofrimento sem violação da dignidade. Dor, vexame, sofrimento e humilhação podem ser consequências, e não causas. Assim como a febre é um efeito de uma agressão orgânica, a reação psíquica da vítima só pode ser considerada dano moral quando tiver por causa uma agressão à sua dignidade.”
Com base no dispositivo legal, leciona Regina Beatriz Tavares da Silva que:
“Este dispositivo estabelece a reparação dos danos por violação à honra, que é direito da personalidade composto de dois aspectos: objetivo consideração social e subjetivo autoestima. Nestes dois aspectos está contido o caráter múltiplo ou proteiforme da honra: individual, civil, política, profissional, científica, artística etc. (v. José Castan Tobeñas, Los derechos de la personalidad, Madrid, Ed. Réus, 1952, p. 49 e 50, e Carlos Alberto Bittar, os direitos da personalidade, 5. ed. atual. Por Eduardo Carlos Bianca Bittar, Rio de Janeiro, Forense Universitária, 2001, p. 131). A injúria ofende a honra subjetiva, conceituada como a 'manifestação de conceito ou de pensamento, que representa ultraje, menosprezo ou insulto a outrem' (Carlos Alberto Bittar, os direitos da personalidade, cit., p. 132). A difamação atinge a honra objetiva, definida como a atribuição de 'fato que constitui motivo de reprovação ético-social' (Carlos Alberto Bittar, os direitos da personalidade, cit., p. 132). A calúnia viola a honra objetiva, configurada na 'imputação de fato qualificado como crime' (Carlos Alberto Bittar, os direitos da personalidade, cit., p. 132) ” (in Código Civil comentado / coordenadora Regina Beatriz Tavares da Silva. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2012).
(Apelação Cível AC 10349120020616001 MG (TJ-MG), Décima Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça de MG, Relator: Desembargador Alexandre Saantiago, Julgado em 06/11/2018). São elementos indispensáveis para configurar a responsabilidade e o
consequente dever de indenizar: o dano causado a outrem; o nexo de causalidade; e a culpa
Na indenização por injuria, difamação ou calúnia, o dano moral decorre do ilicito civil
caracterizado pelo ánimo de ofender a honra da pessoa Restando cabalmente comprovada
ação ofensiva da apelante com emprego de palavra de conotação pejorativa, a
indenização é decorrência do ato ilicito - A quantificação do dano moral deve obedecer aos
principios de moderação e razoabilidade, a fim de que o instituto não seja desvirtuado de
seus reais objetivos, nem transformado em fonte de enriquecimento ilícito - A dignidade da
pessoa humana deve ser tida como norma hierarquicamente superior a ser aplicada em
defesa da vida digna e também na fixação do valor indenizatório devido, não se admitindo
hipótese de onerosidade excessiva, capaz de condenar a devedora a subsistir com recursos
aquém de garantir-lhe o mínimo existencial. v.v.p. Quanto a fixação do dano moral, não se
pode deixar de verificar condições socioeconômicas da vítima e do ofensor, porém, sem deixar de ponderar um valor que consiga compensar o dano experimentado, e, servir de
penalidade ao ato praticado. Recurso Provido.
É inegável a base jurídica para o pedido indenizatório por danos morais, conforme realizado na presente peça.
Obrigação de Fazer e Tutela de Urgência
Diante exposto o art.497, do CPC, preconiza o seguinte termo: “Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer, o juiz, se procedente o pedido, concederá a tutela específica ou determinará providências que assegurem a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente” (BRASIL, 2015, [s.p.]). 
Assim, sendo perfeitamente possível o pedido de condenação de Matilde em obrigação de fazer, para que esta seja compelida a retirar das redes sociais os vídeos por meio dos quais divulgou ofensas referentes a Gisele. E essa ordem, ressalte-se, pode ser concedida já em sede de tutela de urgência. 
O art. 300, do CPC, assim dispõe: “A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”; e o§ 3º desse artigo aponta o seguinte: “A tutela de urgência de natureza antecipação será concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão” (BRASIL, 2015, [s.p.]). 
Além do mais frisa-se ainda que está patente no presente processo a presença dos elementos que autorizam a concessão da tutela de urgência, tanto no que tange à probabilidade do direito (fumus boni juris) quanto no perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo (periculum in mora) na não concessão da medida. Artigo 300 do CPC.
No presente caso, a probabilidade do direito é evidente, seja pelos vídeos anexados à petição inicial, seja pelos documentos e fotografias acostados, os quais, aliados à narração fática, explicitam claramente o direito que tem a autora de proteger seus direitos da personalidade. 
Quanto ao perigo de dano, certamente, por quanto mais tempo permanecerem disponíveis as ofensas nos vídeos, Gisele sofrerá cada vez mais prejuízos em sua imagem. Por fim, aponte-se que é perfeitamente reversível a decisão, sendo simplesmente possível que, não dada razão à parte autora, os vídeos podem ser disponibilizados novamente por Matilde. 
Assim, pretende-se a concessão da tutela de urgência, para que seja a requerida compelida a retirar, imediatamente, os vídeos exibidos nos seguintes endereços eletrônicos: ___________________________________________, sob pena de ser fixada multa diária, para o caso de descumprimento da decisão.
DOS PEDIDOS 
Diante do exposto requer que vossa excelência, pugna total procedência da presente ação e, em especial, requer o deferimento dos seguintes pedidos: 
A concessão da tutela de urgência, nos moldes do art.300, caput e § 1º, do CPC, para que seja a parte requerida obrigada a retirar, em prazo adequado a ser fixado por este Ilmo. Juízo, os vídeos que veiculam injustas ofensas à autora, exibidos nos seguintes endereços eletrônicos: ______________________. Descumprida a ordem, requer-se a fixação de multa diária. 
A citação pelo correio, nos moldes dos arts. 246 e 248, ambos do CPC/2015, para que a requerida compareça à audiência de conciliação e mediação na data a ser designada e para que, em querendo, apresente contestação, sob pena de revelia, conforme previsto no art. 344, do CPC.
Requer-se a produção de todos os meios de prova admitidos em direito e, em especial, a produção de prova testemunhal, conforme art. 442, do CPC, para demonstrar a presença dos elementos da responsabilidade civil, e de prova pericial, de acordo com o art. 464, do CPC, para que seja nomeado perito hábil a apurar a extensão do prejuízo econômico resultante da diminuição do número de seguidores no canal virtual da parte autora.3.4. Confirmação da Tutela de Urgência e Condenação. 
Pretende-se a confirmação da tutela de urgência; e de todo modo, pugna-se pela procedência integral da presente ação, especialmente,para o fim de que seja condenada a parte requerida em obrigação de fazer, para que retire os vídeos ofensivos das redes sociais; ao pagamento de danos patrimoniais (danos emergentes e lucros cessantes), no valor de R$ 650.000,00, bem como no valor a ser apurado após realização de perícia (pedido genérico, conforme art. 324, § 1º, II, CPC), e ao pagamento de R$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil reais), a título de danos morais. 
Requer-se a condenação da parte requerida ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios, em conformidade com o disposto no art. 85, do CPC. Informa-se o devido recolhimento das custas processuais iniciais. Atribui-se à causa o valor de R$ 695.000,00 (seiscentos e noventa e cinco mil reais), com base no art.292, V e VI, do CPC. 
Requer-se a condenação da parte requerida ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios, em conformidade com o disposto no art. 85, do CPC. 
Informa-se o devido recolhimento das custas processuais iniciais.
Pretende-se provar o alegado por todas as provas em direito admitidas, especialmente com depoimentos pessoal das partes, oitiva de testemunhas, pericia, se oportuna;
Atribui-se à causa o valor de R$ 695.000,00 (seiscentos e noventa e cinco mil reais), com base no art.292, V e VI, do CPC. 
Termos em que,
Pede deferimento. 
Rainha/RJ, ____/_____/_____. 
______________________
OAB/XXX
[Assinado digitalmente]

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