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RESENHA DO FILME "O LEITOR"

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GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ – UESPI
CAMPUS: PROF. BARROS ARAÚJO
CURSO: BACHARELADO EM ENFERMAGEM
DOCENTES: DR. LUCIANO S. FIGUEIREDO E DRª. JANAÍNA ARAGÃO
DISCIPLINA: METODOLOGIA DA PESQUISA
DISCENTE: LUCAS MORAIS SANTANA
RESENHA
(Filme “O Leitor”)
Picos – PI, 2019
LUCAS MORAIS SANTANA
RESENHA
(Filme “O Leitor”)
Resenha apresentada para a disciplina Metodologia da Pesquisa, no curso de Enfermagem, da Universidade Estadual do Piauí – UESPI.
Prof.(s): Dr. Luciano S. Figueiredo e Dra. Janaína Aragão.
Picos, Piauí, 2019
IDENTIFICAÇÃO
O filme “O Leitor” (The Reader, no original), o qual foi inspirado pelo livro “O Leitor” de Bernhard Schlink, teve como diretor Stephen Daldry. A drama foi em Fevereiro de 2009, com mais de 2h de filme, tendo com personagens principais: Kate Winslet (Hanna Schmitz) e David Kross (Michael Berg). 
CREDENCIAIS DO AUTOR
Stephen Daldry é um diretor e cineasta britânico; possuindo 20 anos de carreiras e, nesse período, tem lançado 8 filmes/série. Além disso, o mesmo já recebeu três indicações para o Óscar (melhor direção, atriz coadjuvante e roteiro original) na sua primeira longa metragem, Billy Elliot, que o torna famoso da noite para o dia. Ademais, em 2008, com o filme “O Leitor”, recebeu, mais uma vez, a indicação ao Óscar de Melhor Direção. Por fim, em 2018, venceu o Emmy do Primetime (prémio de reconhecimento de excelência da programação televisiva do horário nobre dos Estados Unidos) de Melhor Direção em Série Dramática por The Crown. 
RESUMO DA OBRA
Hanna Schmitz é uma mulher com mais ou menos 30 anos de idade. Ela se depara com um garoto de 15 anos, o jovem Michael Berg, passando por problema saúde na rua e o resolve ajudar. Em agradecimento pela ajuda, o jovem retorna à casa de Hanna, no qual ambos se envolvem em um relacionamento afetivo e também amoroso. 
A cada encontro, Michael antes ou após do “momento de amor” lia para Hanna historias de aventuras, amor, etc. No entanto, esse relacionamento não durou muito, pois Hanna havia sumido misteriosamente. Desse modo, passaram-se alguns anos e Michael a reencontra em um tribunal, no qual Hanna esta sendo acusada de um crime do gênero político e social. Durante o julgamento, Michael percebe que Hanna estranhamente esconde algo, e, em um determinado momento do julgamento, Hanna acaba sendo acusada por outras rés de ser a responsável pelo relatório do genocídio ocorrido com um grupo de “Judias”. Incialmente, o pedido pela condenação foi negado pelo júri; o juiz, então, pediu uma avaliação da caligrafia de Hanna para saber se realmente foi ela que escrevera o relatório. Todavia, Hanna acaba por assumir integralmente a autoria do relatório em questão, pelo medo de descobrirem o fato dela não saber ler e escrever. Dessa maneira, Michael acaba por descobrir esse fato ao lembra-se dos momentos em que lia para ela, juntando o quebra-cabeça em sua memória. Ele achava que, ao revelar o segredo, ajudaria na redução da pena, entretanto iria expô-la ao ridículo se revelasse a sua condição ao mundo. Hanna, por sua vez, acaba fazendo a sua escolha: era melhor ficar na prisão do que ser exposta a uma situação extremamente constrangedora para ela. Então, ela por ser uma mulher de decisões convictas e formada, tinha nisso uma forma de proteger-se de ser inferiorizada ou prejudicada, pelo fato de não ser alfabetizada, e, por esse medo, foi condenada a prisão perpetua. Anos depois, o então jovem advogado, Michael Berg, ao deparar-se com essa situação, busca uma forma de ajuda-la a superar o fardo que ela carrega de não saber lê. Desse modo, ele começa a narrar as melhores historia da sua adolescência e as mandas em forma de fitas para ela na prisão. Ao decorrer dos anos, Hanna começa a aprender a lê e escrever através dessa inusitada iniciativa. 
CONLUSÃO DA OBRA
Após anos de sofrimento na prisão, semanas antes de ser solta, Hanna acaba por cometer suicídio. Na sua concepção, ela não aguentaria viver com esse fardo na vida e, provavelmente, o novo mundo não faria sentido para ela. E, em arrependimento pelo que fez com as vítimas, doa seu dinheiro para a filha de uma delas, deixando-a livre para fazer o que achar de melhor com o dinheiro. 
CRÍTICA/APRECIAÇÃO
Embora a duração do filme seja longa, haja nudez ao extremo e tem uma forte influência na questão sexual ao retratar uma mulher mais velha com um garoto de 15 anos, observa-se a importância que o diretor nos trás, através do filme, para mostrar a realidade brasileira atual, no qual se trata de um aspecto sociocultural interessante: à questão do analfabetismo e as consequências que o mesmo pode trazer para a vida de uma pessoa.
De acordo com Émile Durkhein, a sociedade pode ser comparada a um “corpo biológico” por ser, assim como esse, composta por partes que interagem entre si. Nesse contexto, para que esse surgimento funcione de forma igualitária e coesa, é fundamental a garantia do cumprimento dos deveres de todos os cidadãos. Contudo, no Brasil, isso não ocorre, pois em pleno século XXI, o número de analfabetos funcionais ainda é significante, devido à negligência do Estado, dos profissionais da educação, dos pais e do próprio cidadão no quesito educação. 
Não obstante, sabe-se que à questão do analfabetismo brasileiro é caracterizado por um prisma estritamente histórico; sem inovações, que tolhem a capacidade criativa do sujeito, gerando insegurança e insatisfação do indivíduo. Convencidos de que não adianta voltar mais para a escola, muitos estudantes se afastam da mesma por pura falta de motivação, por não acreditarem que são capazes de vencer. Dessa maneira, percebe-se que o filme retrata isso: Hanna, por não saber ler, acaba se deixando levar. Depois de anos, ela vê que têm condições de aprender e passa a ler os livros através das fitas que o Michael mandou-lhe, até que consegue. 
Indubitavelmente, por falta de apoio, por medo e, até mesmo, pela vergonha, muito jovens brasileiro sofrem dessa realidade hoje. Muitos escondem esse carma que é viver sem saber ler e escrever, fazendo-os passar por situações constrangedoras. Á vista disso, podemos comparar caso de Hanna com a situação brasileira; que, por vergonha, escondeu o fato de ser analfabeta, evitando, assim, ser ridicularizada. Desse modo, pergunto-me: até que ponto nós devemos sustentar uma mentira? De quê maneira uma mentira será essencial em nossas vidas? 
Tendo em vista tal posicionamento, Immanuel Kant profere que o horror à mentira é derivado do imperativo categórico que diz “age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal”, ou seja, ele afirma que a pessoa não deve mentir em hipótese alguma, pois pode fazer com que a sociedade entenda de forma equivocada aquilo que o individuo está falando, o que surge como consequência a má interpretação daquilo que o individuo expressou a sociedade no geral, violando o direito de saber a verdade. Dessa forma, segundo Kant, Hanna deveria ter falado a verdade, de modo que evitasse todo e qualquer constrangimento, além de não ser culpada igual ela foi.
Entretanto, em contrário a Kant, Benjamim Constant afirma que “a verdade é um dever, mas apenas em relação àquele que tem direito a verdade. Nenhum homem, porém, tem direito a uma verdade que prejudica outro.”, ou seja, segundo Constant, Hanna só deveria mentir se a verdade não foi prejudica-la, o quê, no caso, acontece ao contrário. Neste caso, Hanna precisaria sim, dizer a verdade, segundo ele, para poder evitar a punição severa que ela teve, tendo em vista que quando um princípio parece inaplicável à sociedade, em oposição a Kant, é porque não vemos princípios intermediários que se encontram nele camuflados, isto é, Constant afirma que tais princípios podem ser modificados.
Além disso, ao se falar da mentira, não se deve deixar de citar Schopenhauer. Para ele, é injusto que o individuo cause dano a ele ou a qualquer outrapessoa, seja em ralação a sua liberdade, à sua pessoa, à sua propriedade, à sua honra. 
Em contrapartida, porém, notamos também no filme à questão do amor, da culpa e, em algumas cenas, do ódio. O amor e a mentira andam lado a lado? Até que ponto você pode sustentar um amor verdadeiro? Sofrer por alguém é algo que valera a pena?
A dor da perda transforma Michael, um garoto ingênuo e romântico, capaz de expressar seu amor despudoradamente, em um homem tragado pela solidão e pelo abandono. Depois de Hanna, nenhuma outra mulher foi capaz de preencher o vazio deixado em sua vida, nem mesmo a sua esposa e a sua filha, com quem ele se aproxima apenas no final da trama. Michael se distanciou de todos. Distanciou-se dele mesmo. 
O leitor quebra a dinâmica maniqueísta de mocinhos e vilãos. O amor da vida de Michael, um advogado culto, inteligente e de bom caráter é uma ex-carrasca nazista, 20 anos mais velha, analfabeta em uma sociedade letrada, em que não saber ler e escrever pode ser uma culpa tão grande e vergonhosa quanto ter cometido um crime. Podemos dizer que a grande prova de amor que Michael oferece a Hanna é uma não atitude: uma omissão, na verdade. Ele não a ajuda a se livrar de uma condenação injusta, porém, preserva o seu segredo. É no silêncio mais uma vez que se refugia o amor em “O leitor”. Se combater o analfabetismo é uma questão em processo em nosso país, o mesmo não acontece na Europa Central em que é inadmissível não saber ler e escrever. Para aqueles que se prenderem aos valores e verdades da nossa cultura, “O leitor” pode soar como algo inacreditável. Para quem nunca se questionou sobre os mecanismos do amor, o mesmo pode ocorrer. Será que sempre amamos o mais adequado a nós? Será que sempre amamos o mais valoroso, o mais altruísta, o mais belo, inteligente, culto e generoso? Mais que uma aula sobre um povo estigmatizado, é uma releitura sobre a dinâmica imprevisível do desejo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARRAIS, R. Textos para reflexão. Empédocles: amor e ódio. Disponível em: https://textosparareflexao.blogspot.com/2013/02/empedocles-amor-e-odio.html Acesso: 05/05/2019
FIGUEIREDO, N. M. Sobre um suposto direito de mentir: um paralelo entre Kant, Schopenhauer e Constant, e alguns conceitos shopenhauerianos. Disponível em: http://www.urutagua.uem.br/007/07figueiredo.htm. Acesso: 05/05/2019