10 - RECURSO EXTRAORDINÁRIO

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ
CLÁUDIA, já qualificados nos autos de Agravo de Instrumento Cível nº xxx, vêm, à presença de Vossa Excelência, por intermédio de sua procuradora signatária, inconformadas, data vênia, com o r. acórdão proferido por essa Câmara desse Egrégio Tribunal, tempestivamente, com o devido respeito, interpor RECURSO EXTRAORDINÁRIO, com fundamento no artigo 102, inciso III, letra “a”, da Constituição Federal de 1988 e demais dispositivos processuais inerentes, requerendo a Vossa Excelência se digne recebê-lo e, depois do cumprimento das formalidades processuais, remetê-lo ao Supremo Tribunal Federal, com as razões em anexo e comprovação do recolhimento do preparo.
Nestes termos, pedem deferimento.
Pato Branco/Pr, 27 de agosto de 2018.
EDUARDO CARNELUTT			 GUILHERME CASAGRANDE
	OAB/PR						 OAB/PR
 
EGRÉGIO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
	
RECORRENTE: CLÁUDIA
RECORRIDO: ESPÓLIO DE CÉLIO SILVESTRE DE CARVALHO
AUTOS DE ORIGEM: Agravo de Instrumento Cível n° xxx, oriundas dos autos de AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR PERDAS MATERIAIS E MORAIS, nº 0001111-11-2011.1.11.1111, movida por CLÚADIA, em trâmite perante a 7ª Vara Cível de Pato Branco –Paraná
EMÉRITOS MINISTROS JULGADORES
R A Z Õ E S D E R E C U R S O
A recorrente ajuizou AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR PERDAS MATERIAIS E MORAIS em face do recorrido, na qual foi dispensado o depoimento pessoal da inventariante, representante legal do espólio, e designado audiência de instrução e julgamento. 
A MMª Juíza de primeiro grau, embora tenha deferido a prova testemunhal, dispensou o depoimento pessoal da inventariante do espólio, ao entendimento de que “Os fatos alegados na inicial ao que se expõe decorre do contrato de locação e assim os questionamentos originados deste contrato seja direito de retenção de benfeitorias, ou multa contratual, lucros cessantes e danos emergentes ou ainda danos morais não se faz necessário pessoal por quem representa o espólio. O contrato de locação foi firmado com a pessoa do falecido.”
Ainda, a recorrente alegou que a inventariante do espólio réu, pessoalmente, lhe causou os danos, pois foi ela “quem impossibilitou o reingresso da Agravante no imóvel, trocou a fechadura e o cadeado, rescindiu unilateralmente o contrato (...), não o falecido.” E ainda, a autora agravante, nos autos da ação de indenização, requereu o depoimento pessoal da inventariante do espólio agravado, alegando que com tal prova comprovaria os danos, material e moral, sofridos, pelo fato de ter sido impedida de reingressar no imóvel objeto do contrato de locação firmado com o de cujus. Alegou ainda, que embora o juiz seja o destinatário principal e direto da prova, as partes são consideradas os destinatários indiretos, pois elas também precisam se convencer da verdade, para que acolham a decisão. 
E argumentou ainda que o indeferimento imotivado da prova ou sem fundamentação consistente pode importar cerceamento de defesa e acarreta a nulidade da decisão proferida, de modo que se a parte requereu a produção da prova não é lícito ao juiz desprezar tal pedido. Ademais, frisou que o depoimento pessoal da inventariante não acarretará qualquer prejuízo às partes e o juiz poderá atribuir a ele o valor que entender de direito, pelo que deve ser deferida a prova, até mesmo para que se evite alegação de cerceamento de defesa. Assim, apontou violação aos artigos. 5º, caput e inciso LV; 7º, XXX; e 39, § 1º, da Constituição Federal. Sustenta-se que o indeferimento das provas requeridas constitui violação ao princípio da ampla defesa e do contraditório.
Examinando o recurso de agravo de instrumento interposto por Cláudia, a 25ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Paraná, conheceu o recurso, porém, no mérito julgou improvido sob o argumento de que o artigo 139 do Código de Processo Civil estabelece que ao juiz compete a suprema condução do processo. Dessa forma, em análise às questões trazidas aos autos e considerando o quadro probatório existente, poderá o magistrado, a fim de formar sua convicção, entender pela necessidade ou não da realização do depoimento pessoal, conforme artigo 370, do CPC.
Inconformada com a r. acórdão que indeferiu a oitiva pessoal da inventariante do espólio de CÉLIO SILVESTRE DE CARVALHO, apresenta os pressupostos de admissibilidade:
I.) PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE – tempestividade, preparo, cabimento, pré-questionamento e repercussão geral
Quanto à tempestividade, o v. acórdão foi publicado em data de 06/08/2018, através do Diário da Justiça da União, tendo o prazo iniciado a partir do dia 07/08/2018(inclusive), sendo, portanto, tempestivo o presente recurso.
Quanto o preparo, está em anexo o comprovante do pagamento das custas de interposição do presente recurso.
Quanto ao pré-questionamento/cabimento, o presente recurso extraordinário é interposto com fundamento no art. 102, inciso III, “a” da Carta Magna, eis que a decisão atacada contraria dispositivos da Constituição Federal, especialmente no que se refere ao direito e garantias fundamentais dos Recorrentes, notadamente quanto ao inciso XIII, do art. 5º e artigo 37, relacionado ao livre exercício de suas profissões.
				Quanto à Repercussão Geral, a discussão sobre o presente tema, não tem a incidência de repercussão perante esta Suprema Corte. Neste sentido:
Alegação de cerceamento do direito de defesa. Tema relativo à suposta violação aos princípios do contraditório, da ampla defesa, dos limites da coisa julgada e do devido processo legal. Julgamento da causa dependente de prévia análise da adequada aplicação das normas infraconstitucionais. Rejeição da repercussão geral.
(ARE 748371 RG, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, julgado em 06/06/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-148 DIVULG 31-07-2013 PUBLIC 01-08-2013 )
 Como fica evidente no Acórdão acima, a questão discutida no presente recurso não é tese de repercussão geral perante este Egrégio Supremo Tribunal Federal.
II) DA VIOLAÇÃO AO ART. 5º, LV e 93 IX, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
 Fica claro que no julgamento anterior do recurso de agravo de instrumento do Egrégio Tribunal houve clara violação a nossa Carta Magna na restrição de direitos a recorrente de produzir provas através de depoimentos, pois era um direito constitucional da mesma, como fica claro observando os seguintes dispositivos:
 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: [...]
IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;
 Vê-se, portanto, que contraditório e ampla defesa, além da fundamentação das decisões são direitos das partes em processos judiciais.
 Como nos esclarece ainda mais o entendimento da renomada jurista Maria Sylvia Zanella Di Pietro sobre tais garantias processuais:
“O princípio do contraditório, que é inerente ao direito de defesa, é decorrente da bilateralidade do processo: quando uma das partes alega alguma coisa, há de ser ouvida também a outra, dando-se-lheoportunidade de resposta. Ele supõe o conhecimento dos atos processuais pelo acusado e o seu direito de resposta ou de reação. Exige: 1- notificação dos atos processuais à parte interessada; 2- possibilidade de exame das provas constantes do processo; 3- direito de assistir à inquirição de testemunhas; 4- direito de apresentar defesa escrita”.
 (DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella, Direito Administrativo, 20ª edição, São Paulo, Atlas, 2007, p. 367.)
 Neste mesmo sentido também segue a jurisprudência desta Suprema Corte:
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. REMOÇÃO DE INVENTARIANTE. MATÉRIA DISCIPLINADA PELA LEGISLAÇÃO ORDINÁRIA. VIOLAÇÃO A PRECEITOS CONSTITUCIONAIS.
(RE 249746 AgR, Relator(a): Min. MAURÍCIO CORRÊA, Segunda Turma, julgado em 09/11/1999, DJ 10-12-1999 PP-00029 EMENT VOL-01975-12 PP-02377).
Diante de todo o exposto se requer e se espera a reforma do Acórdão recorrido.
III.) PEDIDOS
Pelo exposto, requerem, a esse Egrégio Tribunal, o CONHECIMENTO e o PROVIMENTO do presente Recurso Extraordinário, reformando-se o v. acórdão ora recorrido, anulando-se a decisão que indeferiu em sede de produção de provas, o depoimento pessoal da representante da agravada, incorrendo em cerceamento de defesa, por ser de Direito e salutar JUSTIÇA!
Termos em que, pede deferimento.
Pato Branco/Pr, 27 de agosto de 2018.
EDUARDO CARNELUTT		 GUILHERME CASAGRANDE
	OAB/PR						 OAB/PR
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