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G A BRIE L RE IS I N S T I T U TO D E F I L O S O F I A E C I Ê N C I A S S O C I A I S – U F R J F I L O S O F I A O MAL E A GLÓRIA DE DEUS FILOSOFIA ▪ A PALAVRA FILOSOFIA significa, etimologicamente, "o amor à sabedoria". ▪ FILOSOFIA é a tentativa disciplinada de articular e defender uma visão de mundo. POR QUE ESTUDAR FILOSOFIA? 1. Os cristãos geralmente precisam melhorar a qualidade do seu pensamento, particularmente sua argumentação. 2. Os desafios mais difíceis para o pensamento cristão vieram da disciplina da filosofia. 3. Somos chamados a estarmos preparados para dar a razão da nossa esperança (1Pedro 3:15), defender a nossa fé (Jd. 3) e atacar os pensamentos incrédulos com a autoridade de Cristo (2Co. 10:4-5) a fim de que os pecadores se rendam. 4. Precisamos redimir a filosofia para a glória de Deus. O senhorio de Deus se aplica a todas as atividades humanas, e conhecer é uma dessas. O QUE FAREMOS NA OFICINA? 1. Vermos algumas perguntas que as pessoas leigas fazem e que os filósofos apresentam de maneira criteriosa. 2. Iremos traduzir a linguagem bíblica para a linguagem filosófica. O MAL NA HISTÓRIA O final do século 20 exibe uma quantia absolutamente terrível e variedade do sofrimento e do mal. A Bíblia não esconde essa realidade. Veja os Salmos e no livro de Jó,. CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER Capítulo III DOS ETERNOS DECRETOS DE DEUS: I. Desde toda a eternidade, Deus, pelo muito sábio e santo conselho da sua própria vontade, ordenou livre e inalteravelmente tudo quanto acontece, porém de modo que nem Deus é o autor do pecado, nem violentada é a vontade da criatura, nem é tirada a liberdade ou contingência das causas secundárias, antes estabelecidas. Isa. 45:6-7; Rom. 11:33; Heb. 6:17; Sal.5:4; Tiago 1:13-17; I João 1:5; Mat. 17:2; João 19:11; At.2:23; At. 4:27-28 e 27:23, 24, 34. II. Ainda que Deus sabe tudo quanto pode ou há de acontecer em todas as circunstâncias imagináveis, ele não decreta coisa alguma por havê-la previsto como futura, ou como coisa que havia de acontecer em tais e tais condições. At. 15:18; Prov.16:33; I Sam. 23:11-12; Mat. 11:21-23; Rom. 9:11- 18. CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER Capítulo III DOS ETERNOS DECRETOS DE DEUS: III. Pelo decreto de Deus e para manifestação da sua glória, alguns homens e alguns anjos são predestinados para a vida eterna e outros preordenados para a morte eterna. I Tim.5:21; Mar. 5:38; Jud. 6; Mat. 25:31, 41; Prov. 16:4; Rom. 9:22-23; Ef. 1:5-6. IV. Esses homens e esses anjos, assim predestinados e preordenados, são particular e imutavelmente designados; o seu número é tão certo e definido, que não pode ser nem aumentado nem diminuído. João 10: 14-16, 27-28; 13:18; II Tim. 2:19. CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER Capítulo III DOS ETERNOS DECRETOS DE DEUS: V. Segundo o seu eterno e imutável propósito e segundo o santo conselho e beneplácito da sua vontade, Deus antes que fosse o mundo criado, escolheu em Cristo para a glória eterna os homens que são predestinados para a vida; para o louvor da sua gloriosa graça, ele os escolheu de sua mera e livre graça e amor, e não por previsão de fé, ou de boas obras e perseverança nelas, ou de qualquer outra coisa na criatura que a isso o movesse, como condição ou causa. Ef. 1:4, 9, 11; Rom. 8:30; II Tim. 1:9; I Tess, 5:9; Rom. 9:11-16; Ef. 1: 19: e 2:8-9. VI. Segundo o inescrutável conselho da sua própria vontade, pela qual ele concede ou recusa misericórdia, como lhe apraz, para a glória do seu soberano poder sobre as suas criaturas, o resto dos homens, para louvor da sua gloriosa justiça, foi Deus servido não contemplar e ordená-los para a desonra e ira por causa dos seus pecados. Mat. 11:25-26; Rom. 9:17-22; II Tim. 2:20; Jud. 4; I Pedro 2:8. CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER Capítulo IV, DA PROVIDÊNCIA I. Pela sua muito sábia providência, segundo a sua infalível presciência e o livre e imutável conselho da sua própria vontade, Deus, o grande Criador de todas as coisas, para o louvor da glória da sua sabedoria, poder, justiça, bondade e misericórdia, sustenta, dirige, dispõe e governa todas as suas criaturas, todas as ações e todas as coisas, desde a maior até a menor. Nee, 9:6; Sal. 145:14-16; Dan. 4:34-35; Sal. 135:6; Mat. 10:29-31; Prov. 15:3; II Cron. 16:9; At.15:18; Ef. 1:11; Sal. 33:10- 11; Ef. 3:10; Rom. 9:17; Gen. 45:5. CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER Capítulo IV, DA PROVIDÊNCIA IV. A onipotência, a sabedoria inescrutável e a infinita bondade de Deus, de tal maneira se manifestam na sua providência, que esta se estende até a primeira queda e a todos os outros pecados dos anjos e dos homens, e isto não por uma mera permissão, mas por uma permissão tal que, para os seus próprios e santos desígnios, sábia e poderosamente os limita, e regula e governa em uma múltipla dispensarão mas essa permissão é tal, que a pecaminosidade dessas transgressões procede tão somente da criatura e não de Deus, que, sendo santíssimo e justíssimo, não pode ser o autor do pecado nem pode aprová-lo. Isa. 45:7; Rom. 11:32-34; At. 4:27-28; Sal. 76:10; II Reis 19:28; At.14:16; Gen. 50:20; Isa. 10:12; I João 2:16; Sal. 50:21; Tiago 1:17. CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER CAPÍTULO VI DA QUEDA DO HOMEM, DO PECADO E DO SEU CASTIGO I. Nossos primeiros pais, seduzidos pela astúcia e tentação de Satanás, pecaram, comendo do fruto proibido. Segundo o seu sábio e santo conselho, foi Deus servido permitir este pecado deles, havendo determinado ordená- lo para a sua própria glória. Gen. 3:13; II Cor. 11:3; Rom. 11:32 e 5:20-21. TÓPICOS DA OFICINA • Problema Lógico do Mal • Problema Evidencial do Mal • Problema da Soberania Exaustiva, autoria do mal e responsabilidade humana. • Problema do Inferno • Problema Existencial do Mal PROBLEMA LÓGICO DO MAL DO MACKIE 1) Deus é onipotente, onisciente e sumamente bom. 2) O mal existe. Bem é oposto ao mal, de tal forma que: 3) “Uma coisa boa, na medida em que pode [e sabe], sempre elimina o mal;” Além disso, 4) “Não há limites ao que uma coisa onipotente pode fazer.” Segue-se que 5) “Uma coisa boa, [onisciente] e onipotente elimina completamente o mal.” (3, 4) Portanto, 6) “A existência de uma coisa boa, [onisciente] e onipotente e a existência do mal são proposições incompatíveis.” (p.201) (2, 5) Logo, dado a existência incontestável do mal, 7) Não há uma coisa boa, onisciente e onipotente. (2, 6) POSSÍVEL RESPOSTA QUE O MACKIE LIDA • Mackie diz que uma das alternativas teístas de resposta é afirmar que o mal existe por causa do livre-arbítrio de criaturas humanas. Além disso, é melhor um mundo com criaturas livres que tenham a possibilidade de fazer o mal do que criaturas totalmente determinadas que sempre fazem o bem. Assim, a existência do mal, em certo sentido, se dá em razão de um bem maior, nomeadamente, a liberdade da vontade das criaturas. MUNDOS POSSÍVEIS • Mundo Possível é uma situação hipotética. • Geralmente é uma maneira dos filósofos testarem uma ideia para ver se é lógica, indagando se ela existiria em um mundo possível semelhante ao nosso. TIPOS DE PROPOSIÇÕES • Proposições verdadeiras: aquelas que são verdadeiras no mundo real. • Proposições Falsas: aquelas que são falsas no mundo real. • Proposições Impossíveis (ou necessariamente proposições falsas): são aqueles que não são verdadeiras no mundo possível. •Proposições Necessariamente verdadeiras (ou simplesmente proposições necessárias): são aquelas que são verdadeiras em todos os mundos possíveis. •Proposições Contingentes: são aquelas que são verdadeiras em alguns mundos possíveis e falsas em outros POSSÍVEL RESPOSTA QUE O MACKIE LIDA • Dado que não há contradição em um mundo em que criaturas livres sempreescolhem o bem em todas as circunstâncias, 1) Há mundos possíveis em que há criaturas livres que sempre escolhem o bem em todas as circunstâncias. 2) Uma coisa boa, onisciente e onipotente pode e quer criar um mundo que contenha criaturas significativamente livres que sempre escolhem o bem em todas as circunstâncias. •E como observamos claramente 3) O mundo atual contém criaturas livres que escolhem o mal. •Portanto, 4) Não há uma coisa boa, onisciente e onipotente. RESPOSTA DE ALVIN PLANTINGA AO MACKIE • R: Deus criou um mundo contendo bem moral; mas, não estava dentro de Seu poder criar um mundo contendo bem moral sem criar um contendo mal moral, já que toda essência sofre de Depravação Transmundana. •Para uma determinada essência sofrer de depravação transmundana é que ela seja tal que se Deus tivesse criado a pessoa, e tivesse dado a ela liberdade significativa, então não importava as circunstâncias em que Deus a colocasse, ela iria errar com respeito a pelo menos uma ação, desde que Deus a deixasse livre de maneira significativa. RESPOSTAS AO PLANTINGA • R.M. Adams (1977) dirigiu sua crítica ao Plantinga dando ênfase na discussão filosófica que gira em torno dos contrafactuais. Ele pensa que não há contrafactuais de liberdade que possuem valor de verdade. Contrafactual é o evento que não aconteceu, mas poderia ter acontecido. •Afinal, se um contrafactual de liberdade tem um valor de verdade, o que o torna verdadeiro? RESPOSTAS AO PLANTINGA • Swinburne (1998 p.138) escreve: Considere um agente livre J diante de uma escolha acerca de fazer x ou não x amanhã; e qualquer pré-conhecedor G. Se G soubesse hoje o que J fará amanhã, ele terá uma crença sobre isso – pois conhecimento implica crença. Dado que, por necessidade lógica, o passado não é afetado por ações presentes (causas não podem seguir seus efeitos), então a crença de G hoje será o que é antes e independentemente do que J faz amanhã. No entanto, o que J faz amanhã depende da escolha de J amanhã. Se J é de fato livre, ele é livre para fazer a crença de G, seja ela qual for, falsa. Ele pode não fazer isso, mas ele tem o poder de fazê-lo, e assim a crença de G não pode ser necessariamente verdadeira e, portanto, não pode ser um conhecimento incorrigível. Se ninguém pode ter conhecimento incorrigível das ações livres futuras de agentes reais, a fortiori eles não podem saber o que farão em circunstâncias não atualizadas, muito menos que possíveis agentes não atualizados farão. Se ninguém pode fazer tudo isso, nem Deus pode. RESPOSTAS AO PLANTINGA • Swinburne também nota que Deus poderia dar-lhes liberdade somente nos momentos que ele prevê os agentes escolhendo livremente o que é certo de maneira que tirasse a liberdade das criaturas quando previsse que eles fariam algo de errado. • Steven Boer (1978) notou que as vezes as tentativas de pessoas más de agirem maldosamente neste mundo falham por várias razões, como falta de bom planejamento, imprevistos, sorte ou coisas semelhantes. • Por via semelhante, David Lewis (1993) diz que mesmo que tenhamos livre- arbítrio libertário, Deus ainda poderia ter agido de modo a evitar as consequências de nossas decisões. UMA RESPOSTA MAIS ECONÔMICA 1) Deus é onipotente, onisciente e sumamente bom. 2) O mal existe. 5) uma coisa boa, onisciente e onipotente elimina completamente o mal. (5) É uma proposição necessária? Uma proposição é necessariamente verdadeira se for impossível que seja falsa, ou se a sua negação não for possivelmente verdadeira. UMA RESPOSTA MAIS ECONÔMICA (1B) O objeto na minha mão direita é uma moeda. (2B) O objeto na minha mão direita não é cinco centavos. (3B) Toda moeda na minha mão direita é uma moeda de cinco centavos. A partir de (1B) e (3B), podemos derivar (4B) O objeto em minha mão direita é uma moeda de cinco centavos. (4B) em conjunção com (2B) é uma explicita contradição. UMA RESPOSTA MAIS ECONÔMICA Será que (5) é de fato uma verdade necessária? Por que pensar que uma coisa boa, onisciente e onipotente não permitiria o mal? Rowe (2007) escreveu: “Em nossa própria experiência sabemos que o mal às vezes está conectado com o bem de tal maneira que somos impotentes para alcançar o bem sem permitir o mal. Além disso, em tais casos, o bem às vezes supera o mal, de modo que um ser bom intencionalmente permite que o mal ocorra a fim de realizar o bem que o supera.” (p. 116) Portanto, uma vez que uma proposição é necessariamente verdadeira se a sua negação não for possivelmente verdadeira, e é possível que um ser bom, onisciente e onipotente não possa impedir a ocorrência de um mal sem perder um bem maior, então não é uma verdade necessária a afirmação de que um ser bom, onisciente e onipotente elimina completamente o mal. A DEFESA DA GLÓRIA DIVINA Que diremos, pois, se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, preparados para a perdição, a fim de que também desse a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para glória preparou de antemão, os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios? (Rom. 9:22-24 ARA) A DEFESA DA GLÓRIA DIVINA Um desenvolvimento dessa defesa precisa mostrar que a glória divina tem duas características: primeiro, que é tremendamente bom, bom o suficiente para valer a pena permitir o mal moral em nosso mundo por sua causa e, segundo, que não pode existir sem o mal que existe, ou pelo menos que certos tipos ou quantidades de glória não podem existir sem o mal que existe. A DEFESA DA GLÓRIA DIVINA O QUE É A GLÓRIA DIVINA? Tomás de Aquino diz que a glória é uma "manifestação da bondade de alguém" e assim podemos concluir que a glória de Deus é uma manifestação da bondade de Deus. O que é exatamente isso por bondade de Deus para ser “manifesta” ou “exibida”? Aquino considera principalmente a "manifestação" de bondade envolvida na glória como uma espécie de bem epistêmico, um estado mental por aqueles que apreciam e conhecem o bem. A DEFESA DA GLÓRIA DIVINA O QUE É A GLÓRIA DIVINA? Jonathan Edwards, no entanto, pensa que a resposta da apreciação é apenas um "momento", como ele diz, da coisa complexa maior que é a glória. Outro "momento" de glória, outro tipo de "manifestação" de bondade, é a ação espetacular que constitui uma realização ou expressão da natureza e caráter de Deus. Um terceiro "momento" de glória, uma terceira coisa a que o termo glória pode se referir, é a própria excelência que é (e merece ser) manifestada em ação e apreciada. A DEFESA DA GLÓRIA DIVINA PORTANTO, HÁ DOIS ASPECTOS DA GLÓRIA DIVINA: (1) Os bens epistêmicos (conhecimento, apreciação, compreensão, etc.) associados à apreensão dessas excelentes obras. (2) As excelentes obras que expressam as excelências de Deus A DEFESA DA GLÓRIA DIVINA Deus pretende criar um mundo; para fazê-lo, ele deve atualizar um mundo possível. Ele considera todos os inúmeros mundos possíveis, cada um com seu próprio grau de excelência ou valor. Como devemos pensar no valor ou bondade de um mundo possível? A DEFESA DA GLÓRIA DIVINA Primeiro, qualquer mundo em que Deus existe é enormemente mais valioso do que qualquer outro mundo em que ele não exista. Segundo, dada a verdade da crença cristã, no entanto, há também uma característica contingente do nosso mundo - uma que não está presente em todos os mundos - que se eleva enormemente acima de tudo o resto dos estados de coisas contingentes incluídos em nosso mundo: o grande e inimaginável bem da Encarnação e Expiação divina. A DEFESA DA GLÓRIA DIVINA (1) Porque Deus é ilimitado em bondade e santidade, assim como em podere conhecimento; essas propriedades, além disso, são essenciais para ele; e isso significa que Deus não apenas criou um mundo que é muito bom, mas que não há condições sob as quais ele teria criado um mundo que é menos do que muito bom. Qualquer mundo em que Deus exista é, no bom sentido, infinitamente valioso. Não importa o quanto o pecado, o sofrimento e o mal o mundo contém, ele é largamente superado pela glória de Deus. A DEFESA DA GLÓRIA DIVINA (2) Qualquer mundo com encarnação e expiação é um mundo melhor do que qualquer outro sem ele. Não importa quanto mal, quanto pecado e sofrimento um mundo contém, a maldade agregada seria superada pela bondade da encarnação e da expiação, superada de tal maneira que o mundo em questão é muito bom. Expiação é, entre outras coisas, uma questão de as criaturas serem salvas das consequências de seus pecados; portanto, se não houvesse mal, não haveria pecado, nenhuma consequência do pecado para ser salvo e, portanto, nenhuma expiação. Portanto, uma condição necessária da Expiação é o pecado e o mal. A DEFESA DA GLÓRIA DIVINA "Por que Deus permite o mal?" R: porque ele queria atualizar um mundo possível cujo valor fosse maior que X; mas todos esses mundos possíveis contêm Encarnação e Expiação; Portanto, todos esses mundos contêm o mal. “Por que Deus permitiu a queda?” R: para a sua glória se revelar na encarnação e expiação. O ARGUMENTO EVIDENCIAL DO MAL DE WILLIAM ROWE SILOGISMO PRINCIPAL: 1. Há casos de sofrimento intenso que um ser onipotente e onisciente poderia ter impedido sem que com isso fosse perdido algum bem maior ou permitido algum mal igualmente mau ou pior. (premissa) 2. Um ser onisciente e totalmente bom impediria a ocorrência de qualquer sofrimento intenso que pudesse, a não ser que não pudesse fazê-lo sem que com isso fosse perdido algum bem maior ou permitido algum mal igualmente mau ou pior. (premissa) 3. (Portanto) Não existe um ser onipotente, onisciente e totalmente bom. (1, 2) O ARGUMENTO EVIDENCIAL DO MAL DE WILLIAM ROWE SILOGISMO SUBSIDIÁRIO: 1. Existem casos de sofrimento intenso para os quais não encontramos bens maiores que seriam perdidos ou males igualmente maus ou piores que seriam permitidos se um ser perfeito impedisse aqueles casos de sofrimento. (premissa) 2. (Portanto) Existem casos de sofrimento intenso para os quais não há bens maiores que seriam perdidos ou males igualmente maus ou piores que seriam permitidos se um ser perfeito fosse impedir aqueles casos de sofrimento. (1) O ARGUMENTO EVIDENCIAL DO MAL DE WILLIAM ROWE SILOGISMO PRINCIPAL: 1. Há casos de sofrimento intenso que um ser onipotente e onisciente poderia ter impedido sem que com isso fosse perdido algum bem maior ou permitido algum mal igualmente mau ou pior. (premissa) 2. Um ser onisciente e totalmente bom impediria a ocorrência de qualquer sofrimento intenso que pudesse, a não ser que não pudesse fazê-lo sem que com isso fosse perdido algum bem maior ou permitido algum mal igualmente mau ou pior. (premissa) 3. (Portanto) Não existe um ser onipotente, onisciente e totalmente bom. (1, 2) DUAS VIAS DE RESPOSTAS Os teodicistas argumentaram que podemos identificar os bens maiores que justificam o sofrimento intenso no nosso universo. Ao passo que o outro grupo, conhecidos por teístas céticos, argumentam que não devemos esperar que nós, com mentes finitas, possamos discernir as razões pelas quais um ser onipotente, onisciente e sumamente bom com uma mente infinita permite uma grande quantidade de sofrimento intenso que ocorre em nosso mundo. TEÍSMO CÉTICO DE STEPHEN WYKSTRA Em seu artigo, Wykstra começa discutindo o que Rowe quer dizer por “parecer” quando diz que há casos de sofrimento que “não parecem possibilitar qualquer bem maior”. Ele identifica que há um apelo implícito de Rowe ao que Richard Swinburne chama de “Princípio de Credulidade”: Se parece a S que P, então S é prima facie racional ao acreditar que P. TEÍSMO CÉTICO DE STEPHEN WYKSTRA Embora existam casos em que as aparências apoiam a crença racional, isso nem sempre é assim. Wykstra (1984) nos faz pensar na seguinte situação: ◦ Procurando por uma mesa, você olha por uma porta. A sala é muito grande – digamos, do tamanho do hangar de um Boeing – é está cheia de tratores, elefantes empalhados, carros, e outros objetos que obstruem a sua visão. Vendo da porta essa bagunça, e não vendo nenhuma mesa, você dirá: “Não parece haver uma mesa na sala”? TEÍSMO CÉTICO DE STEPHEN WYKSTRA Wykstra (1984) funda um princípio que ele chama de Condição de Acesso Epistêmico Razoável, que rotularei de CAER . Ele expressa da seguinte maneira: Com base na situação cognitiva s, um humano H está autorizado a afirmar “Parece que p” somente se for razoável para H acreditar que, dadas as suas faculdades cognitivas e o uso que faz delas, se p não fosse o caso, s seria provavelmente diferente do que é em alguma medida discernível para H. TEÍSMO CÉTICO DE STEPHEN WYKSTRA Segundo Swinburne, dizer “parece que p” é “descrever o que o sujeito está inclinado a acreditar com base na sua experiência sensorial corrente”. De modo que, diz Swinburne, se digo “o barco parece se mover”, estou dizendo (i) que estou inclinado a acreditar que o barco se move, e (ii) que é a minha experiência sensorial corrente o que me leva a ter essa inclinação a acreditar. CAER requer uma modificação na análise de Swinburne. É adicionar uma terceira cláusula para que CAER seja verdadeira. A terceira clausula é: (iii) que aceito haver aí uma conexão indiciária entre o que estou inclinado a acreditar e a situação cognitiva que me inclina a assim acreditar. TEÍSMO CÉTICO DE STEPHEN WYKSTRA Para ilustrar a diferença que a terceira clausula faz, Wyksra (1984) oferece o seguinte exemplo: ◦ imagine um homem, Mort, que, acerca de qualquer mulher que não sorria constantemente ao conversar com ele, fica inclinado a acreditar “Esta mulher me odeia”. Suponha ademais que Mort tenha se conscientizado por meio da psicanálise de que essa disposição para formar crenças não é fiável, sendo o produto de certos traumas psicológicos em sua infância. Agora, falando com uma mulher normal (i.e., uma que não sorria constantemente), Mort sente a inclinação para acreditar que a mulher o odeia; mas ele também lucidamente sabe que essa inclinação é patológica, e não é devida ao comportamento da mulher, comportamento que de nenhum modo seria indício do seu ódio por ele. TEÍSMO CÉTICO DE STEPHEN WYKSTRA Ele continua: ◦ Suponha agora que não seja razoável eu acreditar que se p não fosse o caso, s seria diferente de alguma forma discernível daquilo que é. Ou seja (sumariamente): suponha que não seja razoável eu acreditar que a “condição de acesso epistêmico” é satisfeita. Nesse caso, dificilmente pode ser razoável eu acreditar que uma conexão indiciária existe entre o que estou inclinado a acreditar e a situação cognitiva que me inclina a acreditar. Portanto, se não for razoável eu acreditar que a condição de acesso epistêmico é satisfeita, então não estou autorizado a dizer “parece que p”. Logo, para estar autorizado (pelo conhecimento de s) a dizer “parece que p”, deve ser razoável eu acreditar que se não fosse o caso que p, então s seria provavelmente diferente de forma discernível daquilo que é. TEÍSMO CÉTICO DE STEPHEN WYKSTRA Daniel Howard-Snyder (1992) nota que essa passagem revela dois princípios epistêmicos sobre os quais CAER se baseia. (1) Condição de Tomada: para que alguém tenha o direito de alegar “parece que p” em determinada situação s, é necessário ter conexão indiciária entre p e s. (2) Princípio da Diferença Discerníve É razoável um agente humano assumir que existe conexão indiciária entrep e s apenas se for razoável para o agente humano acreditar que, dada as suas faculdades cognitivas e o uso que faz delas, se p fosse falso, s seria provavelmente diferente para o agente humano de alguma maneira. TEÍSMO CÉTICO DE STEPHEN WYKSTRA A questão que CAER nos coloca ao pensar no sofrimento do cervo que aparentemente é um mal gratuito é: Se houvesse um bem maior do tipo em questão, conectado de maneira adequada aos casos de sofrimento como esse, quão provavelmente isso pareceria ser assim para nós? TEÍSMO CÉTICO DE STEPHEN WYKSTRA Wykstra (1996) resume sua aplicação para Rowe em dois estágios. (1) Uma situação de “não ver X” justifica a afirmação de que “parece não haver X” apenas se for razoável acreditar que X é algo ao qual provavelmente teríamos “acesso epistêmico” à situação. (2) Há uma razão para pensar que um bem justificador de Deus para o sofrimento do cervo provavelmente não seria visível. E a razão é a disparidade entre a visão de Deus e a nossa, análoga a de um pai e seu bebê de um mês de idade. TEÍSMO CÉTICO DE STEPHEN WYKSTRA Silogismo subsidiário de Rowe: 1. Existem casos de sofrimento intenso para os quais não encontramos bens maiores que seriam perdidos ou males igualmente maus ou piores que seriam permitidos se um ser perfeito impedisse aqueles casos de sofrimento. (premissa) 2. (Portanto) Existem casos de sofrimento intenso para os quais não há bens maiores que seriam perdidos ou males igualmente maus ou piores que seriam permitidos se um ser perfeito fosse impedir aqueles casos de sofrimento. (1) No primeiro estágio do CAER, a inferência de 1 para 2 de Rowe, diria Wykstra, ◦ só funciona se for razoável Rowe acreditar que, se a premissa 2 fosse falsa, sua situação epistêmica provavelmente seria diferente de como é em 1. E o [segundo estágio] diz que Rowe tem motivos para pensar que, se 2 fosse falso, 1 seria de se esperar de qualquer maneira. TEÍSMO CÉTICO DE STEPHEN WYKSTRA Wykstra (1984) escreve: A cavilha da minha crítica é que se o teísmo for verdadeiro, isso é exatamente o que alguém esperaria: pois se consideramos cuidadosamente o tipo de ser que o teísmo propõe para a nossa crença, é inteiramente esperável – dado o que sabemos dos nossos limites cognitivos – que os bens em virtude dos quais esse Ser permite os sofrimentos que conhecemos deveriam muito frequentemente não serem dados a conhecer. Visto que esse estado de coisas é exatamente o que esperaríamos se o teísmo fosse verdadeiro, como a sua ocorrência pode ser um indício contra o teísmo? O CALVINISMO FAZ DE DEUS O AUTOR DO MAL? Se Deus determina todas as coisas por seu decreto eterno, segue-se que Deus determinou o primeiro pecado humano. Deus não se limitou a saber que Adão pecaria. Ele não apenas permitiu que Adão pecaria. Não, Deus determinou deliberadamente (intencionalmente) que Adão pecaria. Ou seja, Deus decidiu antecipadamente que Adão pecaria e, de alguma forma, causou pecado a Adão. Nesta visão, Deus causou intencionalmente o primeiro pecado, que assim faz Deus o autor do pecado (ou pelo menos o autor do pecado humano). Mas essa conclusão é incompatível com a perfeição moral de Deus, que é um princípio (dogma) essencial do teísmo cristão. O CALVINISMO ELIMINA A RESPONSABILIDADE HUMANA? De acordo com a ortodoxia cristã, os calvinistas querem insistir em que Adão pecou livremente e foi mantido moralmente responsável por seu pecado. Os calvinistas devem, portanto, estar comprometidos com o compatibilismo: a tese de que a liberdade humana e a responsabilidade moral são compatíveis com o determinismo. RESPOSTA DO MODELO DE AUTORIA (DD) Para cada evento E, Deus decidiu que E deveria acontecer e essa decisão foi a causa final (última, principal, definitiva) suficiente de E. Eu simplesmente usarei o termo “causa” no sentido geralmente entendido de trazer (provocar): para Deus causar E é para Deus trazer (provocar) E. RESPOSTA DO MODELO DE AUTORIA CAUSALIDADE DIVINA É DIFERENTE DA CAUSALIDADE INTRAMUNDANA. A causalidade divina é única em vários aspectos. Por exemplo, como agentes causais, podemos provocar mudanças nas coisas existentes, mas, ao contrário de Deus, não temos à nossa disposição o tipo de causalidade que pode trazer as coisas à existência ex nihilo, sustentá- los na existência, ou aniquilá-los. As causas intramundanas têm uma localização espacial; Deus não. A causação divina não é temporal na forma como a causação intramundana é temporal. RESPOSTA DO MODELO DE AUTORIA CAUSALIDADE DIVINA É DIFERENTE DA CAUSALIDADE INTRAMUNDANA. À luz da distinção Criador-criatura, então, devemos reconhecer que a causalidade divina é de uma ordem totalmente diferente da causalidade das criaturas. Ela opera em um nível próprio. A causação divina é sui generis e, portanto, é relacionada apenas de forma análoga (analogicamente) à causação das criaturas. RESPOSTA DO MODELO DE AUTORIA Embora este modelo possa ser consistente com a visão calvinista da providência, pelo menos em um nível superficial, é mal falido na medida em que não reflete a realidade de que a causalidade divina opera em um nível fundamentalmente diferente da causalidade intramundana. RESPOSTA DO MODELO DE AUTORIA Esse modelo capta que a causalidade divina é uma ordem fundamentalmente diferente da causalidade intramundana. Nesta maneira de retratar, os atos de criação e providência de Deus são analogizados à criação humana de um romance RESPOSTA DO MODELO DE AUTORIA Com este modelo em mente, podemos assim estabelecer uma distinção fundamental entre α-causação (causação divina) e β-causação (causação intramundana). Para cada criatura C: (1) Deus α-causa com que C exista em primeiro lugar; (2) Deus α-causa com que C continue a existir (isto é, α-causação sustenta a existência de C); e (3) Deus α-causa com que C tenha os poderes β-causais que possui. (4) Deus α-causa com que C exerça seus poderes β-causais exatamente da maneira que ele exerce. RESPOSTA DO MODELO DE AUTORIA Dado que α-causação(causalidade) e β-causação(causalidade) operam em diferentes níveis, devemos evitar dizer que "Deus causou C para causar E", o que sugere uma cadeia causal unívoca e horizontal. Em vez disso, é melhor dizermos "Deus causou a causa de C de E" - ou, mais precisamente, “Deus α-causou C β-causadora de E.” RESPOSTA DO MODELO DE AUTORIA Dado que α-causação(causalidade) e β-causação(causalidade) operam em diferentes níveis, devemos evitar dizer que "Deus causou C para causar E", o que sugere uma cadeia causal unívoca e horizontal. Em vez disso, é melhor dizermos "Deus causou a causa de C de E" - ou, mais precisamente, “Deus α-causou C β-causadora de E.” RESPOSTA DO MODELO DE AUTORIA Com esta breve exploração do determinismo causal divino anteriormente, estamos agora em uma posição mais forte para avaliar o problema supostamente incapacitante enfrentados pelo calvinismo em relação ao primeiro pecado. Há sentidos moralmente inofensivos em que alguém pode ser “o autor do pecado”, a saber, através da autoria de um romance em que os atos pecaminosos são cometidos, embora moralmente reprovados pelo autor. RESPOSTA DO MODELO DE AUTORIA A verdadeira questão é se o calvinismo implica que Deus é "o autor do pecado" em qualquer sentido moralmente condenável. Os teólogos de Westminster – todos bons calvinistas - negaram explicitamente que Deus é "o autor ou aprova o pecado", contudo, eles também afirmaram explicitamente que Deus predestina todos os eventos, incluindo atos humanos pecaminosos. RESPOSTA DO MODELO DE AUTORIA Sua insistência de que Deus não é o aprovador do pecado é bastante clara: Deus, sendo puro e santo, não tem prazer nem aprovapecado enquanto pecado. Aqui devemos observar a declaração imediatamente precedente na Confissão de Westminster: "a pecaminosidade dela procede apenas da criatura, e não de Deus". Em termos de nossas distinções anteriores, os calvinistas podem dizer que as criaturas β-causa o mal, mas Deus nunca β-causa o mal. Deus, no entanto, α-causa as criaturas β-causadora do mal. RESPOSTA DO MODELO DE AUTORIA Não seria moralmente condenável que Deus α-cause uma criatura β- causadora do mal? Isso não faria Deus culpado pelo mal? Pode-se argumentar que Deus seria culpado por algum princípio de transferência de culpa ou a culpa surge diretamente de uma conexão causal ao mal. R: (1) Tal princípio de transferência de culpa não é válido em geral. (2) A culpa depende das intenções de S em trazer E e se S tem fundamentos moralmente justificativos para provocar E. (3) Mesmo que devêssemos conceder que esses tipos de princípios de culpa se aplicam à causalidade intramundana, seria precipitado assumir que tais princípios também se aplicam à causação divina. RESPOSTA DO MODELO DE AUTORIA (3) Mesmo que devêssemos conceder que esses tipos de princípios de culpa se aplicam à causalidade intramundana, seria precipitado assumir que tais princípios também se aplicam à causação divina. Vimos que α-causação é sui generis. Ele opera em um nível diferente da β-causação - pode-se dizer que ele opera ortogonalmente - e isso difere da β-causação em aspectos significativos. Não poderia isto ser mais um ponto de diferença? Se o Modelo Autoral da Providência estiver próximo da ilustração, por que pensar que o Autor Divino deve ser culpado por realizar um romance na qual os personagens cometem pecados? RESPOSTA DO MODELO DE AUTORIA O ónus da prova reside, portanto, nos críticos do calvinismo para mostrar que a causação divina deve transferir ou gerar culpabilidade moral, pelo menos em alguns casos, ou que, mesmo com as melhores intenções, Deus não poderia ter razões moralmente justificadoras para α-causar sua criatura β-causadora do mal. Em suma, o que é amplamente considerado como um grave problema para o Calvinismo - que faz com que Deus seja o autor do pecado - só aparece assim, enquanto o termo "autor" é deixado ambíguo e não analisado. E A RESPONSABILIDADE HUMANA? ARGUMENTO DA MANIPULAÇÃO Pense num cenário no qual as escolhas de uma pessoa foram causalmente determinadas. Sua intuição diz que elas foram responsáveis por suas escolhas? R: as intuições das quais os argumentos dependem são inteiramente elucidadas pela reflexão sobre casos de determinação causal intramundana. O calvinista diz que Deus α-causou o pecado de Adão, mas ele não o β-causou. Não podemos simplesmente supor que nossas intuições naturais sobre a β-causação podem ser transferidas sem qualificação para α-causação. Isso é cometer a falácia do equívoco. RESPOSTA AGOSTINIANA Eles se questionam: o que, no entanto, significa dizer que Deus "causa" o mal, em vez de simplesmente o permitir? Há duas maneiras diferentes de entender a reivindicação. Primeiro, poderia ser a afirmação de que Deus causa (provoca) o mal. Em segundo lugar, pode ser que Deus intenciona (pretende, quer) o mal. RESPOSTA AGOSTINIANA A Aquino está comprometida com as duas reivindicações seguintes: ◦ O conhecimento de Deus é a causa do que sabe. ◦ Deus sabe tudo, tanto bom quanto mal. (Suma Teológica 1.14.8 e 1.14.9) Certamente parece seguir isso ◦ O conhecimento de Deus é a causa de tudo, tanto bom quanto mal. RESPOSTA AGOSTINIANA Todo mal é uma privação. Somente o bem é real; o mal é simplesmente uma ausência de algo bom. Para ilustração, pense na analogia que Deus cria um pedaço de queijo. Deus faz o queijo, mas ele não causa os buracos no queijo. A ideia agostiniana é que esta estratégia básica pode ser aplicada a todos os tipos de mal. Assim, por exemplo, Deus não causar a morte per se. Em vez disso, ele faz com que os indivíduos existam com um período limitado de vida terrena. No final de seu período, eles deixam de estar vivos, mas Deus não causa a ausência de vida, pois é genuinamente uma ausência. RESPOSTA AGOSTINIANA Critica: Se o mal é uma privação, Deus não o causa, porque é uma mera ausência, uma não-entidade. Do mesmo jeito, no entanto, pode-se pensar, ninguém mais causa o mal também. R: A “causação de privação” exige: (1) mudanças no tempo e (2) padrão da causalidade. Deus não causa ao longo do tempo e ela não opera no contexto de algum outro padrão causal. Mas um rato que morde o queijo causa o buraco porque há (1). E a doença causa deformidade porque altera o desenvolvimento normal da pessoa, no caso, (2). RESPOSTA AGOSTINIANA Portanto, Deus faz tudo o que é bom e meramente permite ou autoriza tudo o que é mau: Deus "permite" buracos no queijo, desastres no mundo e almas pecaminosas, não no sentido de que ele compartilha seu controle soberano com outros agentes, ou deixa as coisas ao acaso, mas no sentido de que ele não cria tudo como uma instância perfeita de seu tipo, deixando "ausências" que equivalem a males. RESPOSTA AGOSTINIANA OBJEÇÃO: Se Deus criar um pedaço de queijo suíço, pode ser estritamente correto dizer que ele não causa os buracos no queijo, mas seria desafiar a credulidade dizer que Deus não é responsável pelos buracos no queijo. Da mesma forma, se o mundo contém avareza e morte, não permitimos que Deus evite a responsabilidade por esses males apenas descrevendo-os como ausências. RESPOSTA AGOSTINIANA RESPOSTA: Considere a seguinte analogia: um carro está parado e outro carro se dirige nele. Qual carro causou o acidente? A verdadeira questão por trás, "Qual carro causou o acidente?" é "Qual carro é culpado pelo acidente?" e parte do que explica a resposta é a base normativa de direitos e deveres. RESPOSTA AGOSTINIANA RESPOSTA: Deus não é responsável (ou seja, culpado) porque o mal segue da afirmação de que os males são meras privações de bens, juntamente com a suposição de que Deus não tem deveres ou responsabilidades para causar bens em suas criaturas. RESPOSTA AGOSTINIANA Considere esta passagem de Garrigou-Lagrange, um tomista conservador amigável ao TD, que ilustra bem o padrão de argumento: [A objeção é executado:] Se, de fato, a doação de graça eficaz é a causa de não resistir [graça suficiente], que é um bem, então a não-doação é a causa da resistência, o que é um mal. . . . [Em resposta:] Os tomistas dizem. . . o fato de que a graça não é doada (concedida) não é a causa da omissão do ato salutar. A omissão é um defeito que procede exclusivamente de nossa defectibilidade e de nenhuma maneira de Deus. Dele teria procedido só se Ele fosse obrigado, se Ele o devesse a Si mesmo, para nos manter sempre na realização do bem [o que ele não faz]. . . Portanto . . . Não é verdade dizer que o homem resiste ou peca porque é privado de graça eficaz. Resiste por causa de sua própria defectibilidade, que Deus não é obrigado a remediar. DEUS QUER O MAL? MAS E A INTENÇÃO DE DEUS? Suponha, por exemplo, que Deus criou Judas, com a intenção de que ele seria condenado para sempre. Não importa se Deus tem outros propósitos para essas ações. A objeção é que Deus trouxe intencionalmente (não diremos "causados") vários males. DEUS QUER O MAL? Princípio do duplo efeito (PDE): i. A ação não está intrinsecamente errada (é boa ou pelo menos indiferente) ii. Pelo menos um bom efeito(resultado) é intencionado (pretendido) iii. Não se intenciona (pretende) nenhum mal, como um fim ou um meio iv. O bem feito fornece uma razão boa o suficiente para produzir o mal. DEUS QUER O MAL? TD mantém, de fato, que a vontade de Deus determina qualquer outro fato contingente. Não se segueque Deus intenciona (pretenda, quer) qualquer outro fato contingente. Tudo o que acontece é uma consequência, de fato uma consequência determinista, da ação de Deus de causalidade primeira, mas nem tudo o que acontece precisa ser uma consequência intencionada (pretendida). Algumas das coisas que Deus traz pode ser previsto, mas não intencionado. DEUS QUER O MAL? Antes de Deus criar o mundo ele contemplava infinitos mundos possíveis, mundos que poderiam ser criados. As suas razões para criar o mundo que ele cria são simplesmente os bons aspectos do mundo e todos esses aspectos são intencionados. Os aspectos maus ele prevê, mas não tem a intenção. Nesta imagem da atividade criadora de Deus, nenhum mal é intencionado. DEUS QUER O MAL? Retornando especificamente à PDE, desde que (i) a criação do mundo não seja intrinsecamente errada, (ii) há pelo menos algo bom na criação, e (iv) os bons aspectos da criação, pesados contra os aspectos ruins, são uma razão boa o suficiente para criar o mundo. DEUS QUER O MAL? Portanto, pode-se acreditar e confiar em um Deus completamente soberano, sem se preocupar com o fato de que ele causa(faz) ou intenciona(quer) o mal. O PROBLEMA DO INFERNO “Historicamente, talvez a razão mais eficaz para rejeitar qualquer tipo de determinismo divino e endossar, em vez disso, o livre-arbítrio libertário é o fato inconcebível que pessoas condenadas por Deus irão para o inferno depois de determiná-las ao pecado.” Pereboom, “Free Will, Evil and Divine Providence,” 82. O PROBLEMA DO INFERNO “A danação envolve miséria infinita e eterna. Para Deus, escolher consignar pessoas a tal destino, quando ele poderia facilmente determiná-las à alegria e felicidade no céu, é. . . moralmente desagradável. . . Parece-nos um exemplo paradigmático de comportamento odioso, não de comportamento amoroso” Baggett and Walls, Good God, 74. O PROBLEMA DO INFERNO Calvino sobre os réprobos (isto é, aqueles predestinados à condenação): eles foram levantados pelo julgamento justo mas inescrutável de Deus, para mostrar sua glória pela condenação deles. Confissão de Westminster, cap. 3, "do decreto eterno de Deus": VII. O resto da humanidade [isto é, o não-eleito] Deus se agradou, de acordo com o inescrutável conselho de Sua própria vontade, pelo qual Ele estende ou retém a misericórdia, como lhe agrada, para a glória de Seu soberano poder sobre Suas criaturas, passar por; e ordená-los a desonra e ira por seus pecados, para o louvor da Sua gloriosa justiça. O PROBLEMA DO INFERNO Aplicando o argumento de Rowe ao caso do inferno: 1. Se o inferno existe, então o inferno é um exemplo de intenso sofrimento que um ser onipotente e onisciente poderia evitar sem, desse modo, perder algum bem maior ou permitir algum mal igualmente mau ou pior. 2. Um ser onisciente e totalmente bom impediria a ocorrência de qualquer sofrimento intenso que pudesse, a menos que não pudesse fazê-lo sem, desse modo, perder algum bem maior ou permitir algum mal igualmente mau ou pior. 3. Se o inferno existe, então não existe um ser onipotente, onisciente, totalmente bom. O PROBLEMA DO INFERNO Oferecerei uma explicação plausível de por que Deus iria predestinar alguém para o inferno. Adotarei o seguinte relato de uma realidade plausível: Algum estado de coisas S é plausivelmente real (PA) =df não há nenhum argumento claramente probatório contra nós, supondo que S seja o caso. O PROBLEMA DO INFERNO Proponho que possamos oferecer uma explicação de por que Deus seria motivado a reprovar se houvesse (a) algum bom estado de coisas para o qual a reprovação é uma condição necessária, e também que (b) o grau de intensidade ou quantidade do bom estado de coisas não é tão baixo a ponto de obviamente não valer a pena, dado o mal que o acompanha. O PROBLEMA DO INFERNO Minha resposta para a pergunta sobre o que restringe a vontade de Deus de salvar todas as pessoas é esta: é o supremo compromisso de Deus manter e exibir toda a extensão de sua glória através da demonstração soberana de todas as suas perfeições, incluindo sua ira e misericórdia, para o desfrute de seu povo escolhido e crente. . . Esta alegria eterna e crescente do povo de Deus em todas as perfeições de Deus é o resplendor da glória de Deus, que era o seu principal objetivo na criação e redenção. John Piper, The Pleasures of God, 339. O PROBLEMA DO INFERNO A graça e misericórdia de Deus [podem ser] mostradas a todos os agentes humanos em sua eleição (em Cristo), e sua ira e justiça [podem ser] mostradas na morte de Cristo, que expia o pecado e a culpa de todos os agentes humanos caídos. Oliver Crisp, “Augustinian Universalism,” 137 O PROBLEMA DO INFERNO Se Cristo fosse a única pessoa humana a quem a justiça divina era visitada, como substituto vicário dos pecadores. . . , isso não teria a conexão certa com o merecimento, porque Cristo não merece ser punido - ele age vicariamente (e sem pecado) em favor de seres humanos pecadores que merecem punição. Oliver Crisp, “Is Universalism a Problem?,” 22. O PROBLEMA DO INFERNO Bens que seriam perdidos se só Cristo sofresse: (1) ver a ira de Deus que tem a conexão apropriada com o merecimento. (2) um espetáculo contínuo da justiça retributiva de Deus punindo. (3) Uma melhor compreensão do que a justiça exige para diferentes pecados. (4) Uma percepção maior da majestade de Deus. O PROBLEMA DO INFERNO (4) Uma percepção maior da majestade de Deus. Jonathan Edwards diz que na punição dos pecadores, Deus “vindica e honra [sua majestade], e faz parecer, como é de fato, infinito, mostrando que é infinitamente terrível para o desprezar ou ofender” Edwards, “Eternity of Hell Torments,” 87 O PROBLEMA DO INFERNO (5) Gratidão através da apreciação da natureza da alternativa. Edwards também escreve sobre os eleitos no céu: “Quando eles virem quão terrível é a ira de Deus, isso os fará mais valorosos por seu amor. Eles se regozijarão mais, que eles não são os objetos da ira de Deus, mas de seu favor. . .” Edwards, “Wicked Useful in Their Destruction,” 127. Isso é verdade por causa do seguinte princípio: “Um sentimento da miséria oposta, em todos os casos, aumenta muito o prazer de qualquer alegria ou prazer.” Edwards, “Eternity of Hell Torments,” 87. O PROBLEMA DO INFERNO (5) Gratidão através da apreciação da natureza da alternativa. Ele expõe o princípio e suas implicações mais completamente aqui: “Não haveria manifestação da graça de Deus ou bondade verdadeira, se não houvesse pecado a ser perdoado, nem sofrimento para ser salvo. Quanta felicidade ele concedeu, sua bondade não seria tão valorizada e admirada, e o senso não tão grande, como já demonstramos em outro lugar. Nós pouco consideramos o quanto o senso de bem é aumentado pelo senso do mal, tanto moral quanto natural”. Edwards, “Concerning the Divine Decress,” 528. O PROBLEMA DO INFERNO O que poderia motivar Deus a reprovar um número tão grande? (6) Gratidão através da apreciação da probabilidade da alternativa. “Quando [os eleitos] veem outros, que eram da mesma natureza, e nasceram sob as mesmas circunstâncias, e mergulharam em tal miséria, e eles se distinguiram, Oh, isso os fará sentir quão felizes eles estão.“ Edwards, “Eternity of Hell Torments,” 87. O PROBLEMA DO INFERNO O que poderia motivar Deus a reprovar um número tão grande? (7) Gratidão através da apreciação da frequência da alternativa. (8) Uma justificativa para a preocupação pragmática com a salvação. (9) Uma apreciação maior da dependência de alguém em relação a Deus. O PROBLEMA DO INFERNO (9) Uma apreciação maior da dependência de alguém em relação a Deus. “A misériados condenados lhes dará um senso maior da graça distintiva e do amor de Deus para eles, que ele deve, desde toda a eternidade, depositar seu amor neles, e fazer uma grande diferença entre eles e os outros que são da mesma espécie, e não merecem pior de Deus do que eles ” Jonathan Edwards O PROBLEMA DO INFERNO (9) Uma apreciação maior da dependência de alguém em relação a Deus. “Toda vez que eles olham para os condenados, eles vão incitar neles uma sensação viva e admiradora da graça de Deus, fazendo-os diferirem”.” Jonathan Edwards O PROBLEMA DO INFERNO (10) Uma apreciação maior da dependência de alguém em relação a Deus. A Causa de Deus e Verdade, de John Gill, parte 3, seção 2: Se Deus houvesse decretado salvar todos os homens e preparado a graça salvadora para todos os homens, certamente haveria uma demonstração da glória de sua graça e misericórdia; mas onde teria sido a declaração de sua ira e justiça? Especialmente, a glória da soberania de Deus aparece mais por esses decretos distintos do que se tal distinção não tivesse sido feita; pois é evidente que ele terá misericórdia de quem ele terá misericórdia e a quem endurecerá. O PROBLEMA DO INFERNO (11) Uma maior apreciação do ódio de Deus pelo pecado. (12) Uma maior apreciação do poder de Deus. PARCIALISMO FAMILIAR Parcialismo familiar é a visão de que é moralmente correto favorecer os membros da própria família. PARCIALISMO FAMILIAR Calvino escreve: Ao chamar Deus de nosso Pai, nós certamente defendemos o nome de Cristo. Pois com que confiança alguém poderia chamar Deus de seu pai? Quem teria a presunção de se arrogar a honra de um filho de Deus se não tivéssemos adotado gratuitamente como seus filhos em Cristo? PARCIALISMO FAMILIAR Objeção do amor de Deus: Pode-se pensar que a teodicéia que eu dou aqui não faz justiça de alguma forma ao amor de Deus. Lembre-se da queixa de Baggett e Walls de que a reprovação era um “exemplo paradigmático de comportamento odioso, comportamento não amoroso”. PARCIALISMO FAMILIAR RESPOSTA: O comportamento odioso é um comportamento motivado pelo ódio. Então, se pudermos consistentemente supor que Deus em reprovação está fazendo isso por um motivo amoroso, então essa objeção perderá sua força. COMO A GLÓRIA DE DEUS REVELADA NA CRUZ NOS AJUDA A VENCER OS SOFRIMENTOS PESSOAIS
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