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DIREITO EMPRESARIAL APLICADO II Aula 14/15 Professora Maria Lucia de Azevedo Email: advmalus@yahoo.com.br Atos ineficazes e Atos revogáveis Ações Incidentais: Ineficácia dos atos realizados pelo falido Ação Revocatória; Liquidação do Ativo na Falência: Formas de liquidação; Atuação do Comitê de Credores Ausência de Sucessão Trabalhista e Tributária Pagamento do Passivo na Falência; Restituições; Créditos Extraconcursais; Preferência dos Créditos Concursais; Encerramento da Falência Extinção das Obrigações Reabilitação da atividade empresarial; Crimes Falimentares INEFICÁCIA DOS ATOS PRATICADOS ANTES DA FALÊNCIA ►A ação revocatória, com previsão visa a “tirar o efeito de determinados atos praticados pelo devedor, destituindo-os de eficácia, mas tão-somente em relação à massa falida, sem anulá-los ou desconstituí-los totalmente ► OBJETIVO: Recomposição do patrimônio do devedor falido, normalmente dilapidado por atos durante o estado de insolvência ►Caio Mário da Silva Pereira, ineficácia “é a recusa de efeitos quando, observados embora os requisitos legais, intercorre obstáculo extrínseco, que impede se complete o ciclo de perfeição do ato.” Ainda conforme os ensinamentos do professor Caio Mário, tal ineficácia pode ser “originária ou superveniente, conforme o fato impeditivo de produção de efeitos seja simultâneo à constituição do ato ou ocorra posteriormente, operando, contudo, retroativamente” 3 INEFICÁCIA DOS ATOS PRATICADOS ANTES DA FALÊNCIA ► O objetivo da ação sob análise pode ser extraído da própria etimologia da palavra revocatória, a qual é derivada do verbo revocar, que não significa desfazer ou tornar nulo, mas sim chamar para si, trazer de volta - Requião ► A declaração de ineficácia do ato não se confunde com ação para revogação do negócio jurídico praticado, tampouco para decretação de nulidade ou anulação do ato jurídico, mas sim de ação que tem como finalidade a reintegração do patrimônio do devedor, restituindo bens que indevidamente foram por ele transferidos, mediante a prática de algum ato com objetivo de prejudicar credores. ► Espécies A) Objetiva – art. 129 B) Subjetiva – art. 130 4 DA INEFICÁCIA OBJETIVA – ART. 129 ► Desnecessidade de comprovação do elemento subjetivo – consilium fraudis ► É admissível, embora dispiciendo, a propositura de ação revocatória para ver declarado ineficaz um ato contido no rol do artigo 129, na chamada ria de ineficácia relativa”. ► A decisão judicial que reconhece a ineficácia objetiva tem natureza meramente declaratória 5 INEFICÁCIA OBJETIVA ► O art. 129 trata das hipóteses em que caberá ação revocatória independentemente de ter o devedor agido com fraude, já que cuida de atos que presumidamente causam danos à massa falida. ► A ação revocatória não será a única via para se obter a declaração de ineficácia dos atos elencados nos incisos do referido dispositivo legal, já que o seu parágrafo único prevê a possibilidade de declaração da ineficácia de ofício pelo juiz, alegada em defesa, em ação própria ou incidentalmente no curso do processo. 6 DA INEFICÁCIA SUBJETIVA – ART. 130 ► Embora o artigo utilize a expressão “são revogáveis”, a análise do negócio também se situa no plano de eficácia, ou seja, mesmo quando procedente o pedido, o ato permanece íntegro e válido, mas não surtirá efeitos em relação à massa. ► Necessidade da propositura da ação revocatória. ► Prova do consilium fraudeis eventus damni. ► A sentença é constitutiva negativa, pois desconstitui o ato. ► Pontes de Miranda chama esta ação de: ação revocatória falencial. 7 AÇÃO REVOCATÓRIA ► Conceito da Ação Revocatória: É a ação por meio da qual se retira a eficácia de certos atos praticados pelo devedor, antes da declaração de falência, em relação à massa falida. ► Competência: A ação revocatória é julgada no juízo universal da falência e processada pelo rito ordinário ► Diferença da Ação Revocatória e Ação Pauliana: A ação pauliana torna o ato ineficaz apenas em relação ao credor que intentou a ação, já na ação revocatória o ato é ineficaz em relação à Massa. Na ação pauliana só o credor quirografário é legitimado. Na ação revocatória a legitimidade ativa é ampla, conforme item a seguir. ► Legitimidade Ativa: Administrador Judicial, Ministério Público e qualquer credor podem ajuizar a ação revocatória, consoante artigo 132, da LF, desde que em até 3 anos a contar da quebra. ► Legitimados Passivos: O artigo 133, da LF. indica de forma clara quem são as pessoas que DEVEM figurar no pólo passivo desta ação. A expressão “pode” prevista nesse artigo tem que ser interpretada como “deve” (litisconsórcio passivo necessário). 8 AÇÃO REVOCATÓRIA ► Procedimento da Ação Revocatória - por determinação do art. 134 da nova Lei de Falências, a ação ordinária submete-se ao procedimento ordinário. Aplicam-se, portanto, os artigos 282 e seguintes do Código de Processo Civil Brasileiro. ►Prazo para propositura - art. 132 in fine da nova Lei de Falências prevê que a ação revocatória deverá ser proposta no prazo de três anos contados da decretação da falência. ► Efeitos - As partes retornarão ao estado anterior e “o contratante de boa-fé terá direito à restituição dos bens ou valores entregues ao devedor”.Essa regra, contudo, é excepcionada pelo parágrafo 1o do art. 136 da Nova Lei de Falências, que dispõe que “na hipótese de securitização de créditos do devedor, não será declarada a ineficácia ou revogado o ato de cessão em prejuízo dos direitos dos portadores de valores mobiliários emitidos pelo securitizador.O art. 136 do referido diploma legal prevê também, em seu parágrafo 2o, que o terceiro de boa-fé terá ação contra o devedor ou seus garantes para se ressarcir de eventuais perdas e danos decorrentes da declaração de ineficácia ou revogação. 9 EFEITOS DA SENTENÇA EM RELAÇÃO AOS BENS DO FALIDO ARRECADAÇÃO DOS BENS ► Após a assinatura do termo de compromisso pelo administrador ( art. 33 LF), deve este arrecadar todos os bens do falido e dos sócios falidos sob pena de responsabilidade pessoal – art. 103 e 108 ► Direito do falido de acompanhar a arrecadação e avaliação dos bens - art. 108,§3º ► Bens penhorados ou apreendidos em outro juízo – art. 108,§3º , salvo em execução fiscal ► Negociação com bens arrecadados - necessidade de autorização judicial ex. locação 10 GUARDA DOS BENS ARRECADADOS ► Art. 108,§1º, LF - guarda dos bens arrecadados – apostila pág. 177 ► Regra- guarda do administrador. A lei admite a nomeação de outro depositário (falido ou representantes da sociedade falida), não excluída a responsabilidade do administrador 11 BENS EXCLUÍDOS DA ARRECADAÇÃO Bens absolutamente impenhoráveis (art. 108, §4º, da LF c/c art. 649, do CPC). Bens legalmente impenhoráveis (ex. bem de família - Lei 8009/90). Bens inalienáveis por ato de vontade, isto é, voluntariamente inalienáveis. Só é possível nas declarações de última vontade e nas doações- art. 1.676 CC/02 12 PROCEDIMENTO DA ARRECADAÇÃO ►Art. 108 - “ATO CONTÍNUO À ASSINATURA DO TERMO DE COMPROMISSO, O ADMINISTRADOR JUDICIAL EFETUARÁ A ARRECADAÇÃO DOS BENS E DOCUMENTOS E A AVALIAÇÃO DOS BENS, SEPARADAMENTE OU EM BLOCO, NO LOCAL EM QUE SE ENCONTREM, REQUERENDO AO JUIZ, PARA ESSES FINS, AS MEDIDAS NECESSÁRIAS”. ► A ARRECADAÇÃO DEVE SER DAR APÓS A ASSINATURA DO TERMO DE COMPROMISO PELO ADMINISTRADOR( ART. 33 LF), SOB PENA DE RESPONSABILIDADE PESSOAL ► ART. 110, LF – COM A ARRECADAÇÃO DEVE SER LAVRADO UM AUTO DE ARRECADAÇÃO ► O AUTO DE ARRECADAÇÃO DOS BENS DEVE CONTER O TERMO DE INVENTÁRIO DOS BENS E LAUDO DE AVALIAÇÃO ► ART. 110,§2º - ELEMENTOS ESSENCIAIS DO INVENTÁRIO 13 PROCEDIMENTO DA ARRECADAÇÃO ► POSSIBILIDADE DA CONTRATAÇÃO DE AVALIADORES PELO ADMINISTRADOR, MEDIANTE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL – ART. 22, III, “h” LF ► POSSILIDADE DA AVALIAÇÃO DOS BENS EM BLOCO – EXCEÇÃO – BENS COM GARANTIA REAL – ESTES CRÉDITOS CONCORRERÃO NESSA CLASSE ATÉ O LIMITE DA GARANTIA ► ART. 110,§1º,LF - CONCESSÃO DE DILAÇÃO DE PRAZO PARA APRESENTAÇÃO DO LAUDO DE AVALIAÇÃO, A QUAL NÃO PODE EXCEDER 30 DIAS DA APRESENTAÇÃO DO AUTO DE ARRECADAÇÃO ► NÃO HÁ MAIS EXIGÊNCIA LEGAL DA PARTICIPAÇÃO DO MP NA ARRCADAÇÃO 14 VENDA ANTECIPADA DE BENS ► ART. 139 – REGRA – A VENDA DOS BENS DEVE SE DAR LOGO APÓS A JUNTADA DO AUTO DE ARRECADAÇÃO AO PROCESSO EXCEÇÕES: ART. 75 – CERLERIDAE E ECONOMIA PROCESSUAL A) ART. 111, LF- AQUISIÇÃO OU ADJUDICAÇAO DOS BENS PELOS CREDORES, PELO VALOR DA AVALIAÇÃO ► OBS: ULHOA – CHAMDADA VENDA SUMÁRIA DE BENS – VALOR IRRISÓRIO DOS BENS ARRECADADOS B) ART. 113,LF – BENS PERECÍVEIS OU DE FÁCIO DETERIORAÇÃO – LIBERDADE DO JUIZ PARA DEFINIR O MEIO MAIS ADEQUADO, DIFERENTE DA LEI ANTERIOR QUE IMPUNHA QUE A VENDA SE DESSE ATRAVÉS DE LEILÃO ( ART. 73 DEC.) 15 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO ► Pedido de restituição – ação incidental proposta pelo titular de bem indevidamente arrecadado, que se encontre na posse do falido. Também poderá pedir restituição aquele que houver vendido algo a crédito ao falido, desde que o bem tenha sido entregue nos 15 dias anteriores ao requerimento de sua falência e ainda não tenha sido procedida a alienação ►Procedimento - arts. 87/90 ► Indisponibilidade -art. 91 ► Entrega antecipada do bem – 90 § único c/c 273 CPC. ► Recurso – apelação com efeito suspensivo – artigo 90, caput. OBS: Autor do pedido (credor separatista ou reivindicante )que quiser receber o bem antes do trânsito em julgado deve prestar caução 16 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO ► RESTITUIÇÃO IN NATURA – ART. 85. Súmula 417 (“de” dinheiro) do STF ► RESTITUIÇÃO EXCEPCIONAL – Súmulas 193 (entrega efetiva) e 495 (desde que arrecadado), do STF ► RESTITUIÇÃO EM DINHEIRO – ART. 86 OBS. Diferença entre restituição DE e EM dinheiro. ► EMBARGOS (art. 93) – bens imateriais/liminar ► Alienação fiduciária e similares - art. 117 17 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO Procedimento – arts. 87/90 1º autuação do pedido em separado 2º intimação do falido, Comitê, credores e administarador para manifestação no prazo sucessivo de 5 dias 3º - possibilidade da designação de AIJ 4º - acolhimento do pedido – entrega da coisa no prazo de 48 hs, com o ressarcimeto à massa das despesas relativas à conservação do bem devolvido – art. 88 OBS: acolhimento do pedido sem contetação da massa – descabimento na condenação em honorários 5º - desacolhimento do pedido – possibilidade de inclusão do autor no quadro geral de credores, na classificação que lhe couber 18 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO • E o imposto de renda? Duas posições. Isso pq a lei não trata do tema. A 1ª (majoritária) é melhor para a Fazenda Nacional no sentido de que é cabível o pedido de restituição por 2 motivos: • a) a Súmula 417, STF permite; • b) interpretação por analogia do art. 51, Lei 8212/91. • A 2ª posição (Cláudio Márcio - ?) entende que não é admissível a restituição para imposto de renda. Entende que deve ser pago pelo art. 83, LF. Isso pq: • a) o instituto da restituição foi deturpado em sua origem de ser aplicável a bens fungíveis (a restituição está servindo, em verdade, para beneficiar a terceiros). • b) diante disso, tal anomalia deveria ter vindo expressa em lei. Ora, a lei da Previdência prevê, mas quanto ao IR não há lei própria; • c) (oriundo este argumento de Carlos Maximiliano) não se admite analogia para criar privilégios. Ora, se aplicamos a analogia o art. 51, Lei 8212/91 admitiremos a restituição e concederemos privilégio à Fazenda Nacional. 19 Liquidação do Ativo na Falência. DA REALIZAÇÃO DO ATIVO A realização do ativo consiste, em regra, na venda dos bens arrecadados pelo administrador judicial, para que o dinheiro obtido seja empregado no pagamento dos credores. A realização do ativo inicia-se logo após a arrecadação dos bens, com a juntada do respectivo auto ao processo de falência, ainda que não esteja consolidado o quadro-geral de credores (arts. 139 e 140, § 2º). Essa medida é positiva, pois diferentemente do que ocorria no sistema anterior, os bens não ficam por muito tempo depositados, sujeitos à deterioração ou perda de valor, evitando-se, ainda, oneração à massa com gastos com depósito ou manutenção desses bens. De modo excepcional, a lei permite ao juiz que, ouvido o Comitê, autorize os credores, de forma individual ou coletiva, em razão dos custos e no interesse da massa falida, a adquirir ou adjudicar, de imediato, os bens arrecadados, pelo valor da avaliação, atendida a regra de classificação e preferência entre eles. Excluindo-se a forma excepcional acima mencionada, a realização do ativo consistirá na alienação dos bens a terceiro Essa alienação poderá dar se por várias formas, de acordo com a ordem de preferência descrita no art. 140: 1) alienação da empresa, com a venda de seus estabelecimentos em bloco; 2) alienação da empresa, com a venda de suas filiais ou unidades produtivas isoladamente; 3) alienação em bloco dos bens que integram cada um dos estabelecimentos do devedor; 4) alienação dos bens individualmente considerados. A alienação da empresa terá por objeto o conjunto de determinados bens necessários à operação rentável da unidade de produção, que poderá compreender a transferência de contratos específicos. Nas transmissões de bens alienados que dependam de registro público, a este servirá como título aquisitivo suficiente o mandado judicial respectivo. Claro que se convier à realização do ativo, ou em razão de oportunidade, podem ser adotadas mais de uma dessas formas de alienação (art. 140, § 1º). Formas de Liquidação O juiz, ouvido o administrador judicial e atendendo à orientação do Comitê, se houver, ordenará que a alienação se proceda sob uma das seguintes modalidades (art. 142): 1) leilão, por lances orais, em que se aplicam, no que couber, as regras do Código de Processo Civil; 2) propostas fechadas, mediante a entrega, em cartório e sob recibo, de envelopes lacrados, a serem abertos pelo juiz, no dia, hora e local designados no edital, lavrando o escrivão o auto respectivo, assinado pelos presentes, e juntando as propostas aos autos da falência; 3) pregão, que constitui modalidade híbrida das anteriores, e que comporta duas fases: a) recebimento de propostas fechadas; b) leilão, por lances orais, do qual participarão somente aqueles que apresentarem propostas não inferiores a 90% da maior proposta ofertada, ainda que inferior ao valor de avaliação. Nessa hipótese, recebidas e abertas as propostas, o juiz ordenará a notificação dos ofertantes, cujas propostas atendam ao requisito da letra b, para comparecer ao leilão. O valor de abertura do leilão será o da proposta recebida do maior ofertante presente, considerando-se esse valor como lance, ao qual ele fica obrigado. Caso não compareça ao leilão o ofertante da maior proposta e não seja dado lance igual ou superior ao valor por ele ofertado, fica obrigado a prestar a diferençaverificada, constituindo a respectiva certidão do juízo título executivo para a cobrança dos valores pelo administrador judicial. OBS: Independentemente da modalidade de alienação eleita, deverá ser antecedida de anúncio publicado em jornal de ampla circulação, com 15 dias de antecedência, em se tratando de bens imóveis, e com 30 dias na alienação da empresa ou de bens imóveis, facultada a divulgação por outros meios que contribuam para o amplo conhecimento da venda. Além disso, o Ministério Público será sempre intimado pessoalmente, devendo estar presente ao ato, sob pena de nulidade. Atuação do Comitê de Credores. O juiz, ouvido o administrador judicial e atendendo à orientação do Comitê de Credores, se houver, ordenará que a alienação se proceda sob uma das seguintes modalidades (art. 142): IV. Ausência de Sucessão Trabalhista e Tributária. O artigo 141, II deixa claro que o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, até mesmo as de natureza tributária, as derivadas da legislação do trabalho e as decorrentes de acidentes de trabalho, salvo quando o arrematante for: sócio da sociedade falida, ou sociedade controlada pelo falido; parente, em linha reta ou colateral até o 4º grau, consanguíneo ou afim, do falido ou de sócio da sociedade falida; ou identificado como agente do falido com o objetivo de fraudar a sucessão. PAGAMENTO DO PASSIVO NA FALÊNCIA O dinheiro resultante da realização do ativo deverá ser depositado pelo administrador judicial, em 24 horas, em instituição financeira, obedecidas as normas da Corregedoria Geral de Justiça de cada Estado. Enquanto não iniciado o pagamento, o dinheiro depositado deve ser aplicado em algum tipo de investimento financeiro para a preservação de seu valor frente à inflação. Com o dinheiro em caixa, o administrador pode começar a fazer os pagamentos, através de uma de duas formas, de acordo com a escolha do juiz: • Cheques nominativos • Mandados de levantamento do juiz Os pagamentos, na falência, serão feitos pelo administrador judicial com observância da ordem legal, que distingue os credores em espécies e classes. As espécies de credores são quatro: a) credores da massa CRÉDITOS CONSTITUÍDOS APÓS A FALÊNCIA b) restituições em dinheiro PARA BENS QUE NÃO PERTENCEM A MASSA c) credores da falida CRÉDITOS VENCIDOS OU VINCENDOS CONSTITUIDOS ANTES DA FALÊNCIA d) sócios ou acionistas ULTIMOS A RECEBER NA FALÊNCIA TB CRÉDORES SUBORDINADOS São duas as espécies de créditos extraconcursais: • os relacionados à administração da falência • as restituições em dinheiro RESTITUIÇÃO – ART 85 Os pedidos de restituições devem ser atendidos em dinheiro quando têm por objeto bem dessa natureza (contribuição do empregado para o INSS, adiantamento com base num contrato de câmbio, compensação de contratante de boa fé pelos prejuízos derivados da declaração de ineficácia de ato da falida etc.) ou se o bem (sic), após a arrecadação, foi roubado, furtado ou perdido. CRÉDITOS EXTRACONCURSAIS – ART. 84 As despesas com a administração da falência, inclusive a remuneração do administrador judicial, são créditos extraconcursais no sentido de que devem ser satisfeitos antes do pagamento dos credores da sociedade falida como se observa no art. 83 da LRF. PREFERENCIA DOS CRÉDITOS CONCURSAIS ART 83 A ordem de classificação dos credores da falida distingue essa espécie em oito classes: A. Empregados e equiparados Entre os credores da falida, o primeiro pagamento deve beneficiar, em rateio, os titulares de direito à indenização por acidente de trabalho causado por culpa ou dolo do empregador (esse crédito não se confunde com o benefício, devido pelo INSS, em razão do mesmo acidente), de créditos trabalhistas e os equiparados (representante comercial autônomo e a Caixa Econômica Federal pelo crédito do FGTS). A lei estabelece um limite de valor ao definir os créditos dessa classe. O limite é 150 salários mínimos por credor. (...) aquele que possui crédito maior que o teto indicado participa do concurso em duas classes: pelo valor de 150 salários mínimos na dos empregados e equiparados, e pelo que exceder, na dos quirografários. Outra medida de amparo do pequeno assalariado adotada pela lei é a antecipação de parte do crédito titulado. Art. 151. Os créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses anteriores à decretação da falência, até o limite de 5 (cinco) salários mínimos por trabalhador, serão pagos tão logo haja disponibilidade em caixa. B. Credores com garantia real Os titulares de garantia real integram a categoria dos credores não sujeitos a rateio. Têm o seu direito creditício atendido com o produto da venda de certos bens sobre os quais recai a garantia real (ou o privilégio especial). A garantia real decorre de ato de vontade das partes. O Código Civil brasileiro contempla as seguintes modalidades de garantia: • o penhor (CC, art. 1.419) • a hipoteca (CC, art. 1.419) • a anticrese (CC, art. 1.419) • a alienação fiduciária (CC, art. 1.361) C. Fisco Na classe dos créditos públicos, encontram-se duas categorias: fiscais e parafiscais. A primeira compreende todos os direitos titularizados pelo Poder Público inscritos na dívida ativa. São créditos tributários (impostos, taxas e contribuições) ou não tributários (obrigações contratuais ou extracontratuais). Na categoria dos créditos parafiscais estão os de entidades privadas que prestam serviços de interesse social (Sesc, Senai etc.). Existem 3 subclasses dos credores públicos: 1. Créditos à União e suas autarquias (ex. impostos e taxas federais, contribuição devida pela falida à Seguridade Social e anuidades cobradas por órgão profissional) e os créditos parafiscais (Sesc, Sesi, PIS etc.) 2. Créditos aos Estados, DF, Territórios e autarquias 3. Créditos aos Municípios e suas autarquias O crédito fiscal goza da garantia de não participar de concurso de credores. Assim, a execução fiscal ajuizada antes da decretação da falência não se suspende, nem se encontra o fisco inibido de promovê- la mesmo após a quebra da devedora. Em decorrência, dependendo da tramitação dos feitos, pode ocorrer de o credor público ter o seu direito atendido antes dos trabalhistas e equiparados. Penas pecuniárias por infração administrativa ou desrespeito à lei penal impostas por autoridade federal, estadual ou municipal, inclusive as multas tributárias são classificadas como crédito subquirografário. D. Credores com privilégio especial Os credores com privilégio especial integram a categoria dos credores não sujeitos a rateio. Têm o seu direito creditício atendido com o produto da venda de certos bens sobre os quais recai o privilégio especial. Na classe dos credores com privilégio especial, o crédito será satisfeito preferencialmente com o produto da venda de determinados bens da sociedade falida. O saldo eventualmente não coberto por esse produto é reclassificado como quirografário. São exemplos de credores dessa classe: • Credor por benfeitorias necessárias ou úteis sobre a coisa beneficiada (CC, art. 964, III) • O autor da obra, pelos direitos do contrato de edição, sobre os exemplares desta, na falência da sociedade editora (CC, art. 964, VII) • Os credores titulares de direito de retenção sobre a coisa retida, como, por exemplo, os armazéns gerais • Os subscritores ou candidatos à aquisição de unidade condominial sobre as quantias pagas ao incorporador falido • aqueles em favor dos microempreendedores individuais e das microempresas e empresas de pequeno porte * LC 147/2014 • entre outros. E. Credores com privilégio geral • Debenturistas com debêntures flutuantes • Advogado (na falência de sociedade cliente ou sucumbente) F. QuirografáriosSão exemplos: • Credores por títulos de crédito • Debenturistas sem garantia • Credores por obrigação extracontratual, como indenização por ato ilícito • Reclassificações de créditos não sujeitos a rateio • Créditos públicos não inscritos na dívida ativa São exemplos Subquirografários • Titulares de crédito por ato ilícito (São os titulares de crédito derivados de multas contratuais e penas pecuniárias por infração à lei penal ou administrativa). • Credores subordinados G. Titulares de crédito derivados de multas contratuais e penas pecuniárias H. Credores subordinados • Debenturistas titulares de debêntures subordinadas • Diretores ou administradores da sociedade falida sem vínculo empregatício • Os sócios ou acionistas da sociedade falida, por créditos de qualquer natureza ENCERRAMENTO DA FALÊNCIA Após fazer o último pagamento, o administrador judicial deve apresentar sua prestação de contas, em até 30 dias. Processadas e julgadas as contas, ele tem 10 dias para submeter ao juiz seu relatório final, onde informará o valor do ativo e o do produto de sua realização, bem como o do passivo e o dos pagamentos feitos aos credores. Informará, também, o saldo não pago dos créditos admitidos. Ao receber o relatório final do administrador, não havendo nenhuma outra pendência, o juiz profere a sentença de encerramento da falência. Contra essa decisão terminativa do processo falimentar cabe apelação. EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇOES DO FALIDO A extinção das obrigações ocorre quando: • todos os créditos são pagos. • é feito o rateio de mais de 50% do passivo (quirografários), após a realização de todo o ativo, sendo facultado o depósito da quantia necessária para atingir essa percentagem. • há o decurso do prazo de 5 anos após o encerramento da falência se o falido não foi condenado por crime falimentar e ainda quando: • há o decurso do prazo de 10 anos após o encerramento da falência se houve condenação penal do falido. • acontece a prescrição de todas as obrigações anteriormente ao decurso dos prazos decadenciais de 5 ou 10 anos. REABILITAÇÃO DA ATIVIDADE EMPRESARIAL O falido que deseja voltar a exercer atividade econômica deve requerer ao juiz da falência a reabilitação civil, mediante sentença declarando a extinção das obrigações. Se foi também condenado pela prática de crime falimentar, deverá ainda obter a reabilitação penal. O requerimento de declaração de extinção das obrigações deve ser apresentado pelo falido, acompanhado da prova de quitação de todos os tributos por ele devidos e será publicado por edital, no órgão oficial e em jornal de grande circulação, com prazo de 30 dias para possibilitar a oposição dos credores. A decisão judicial que declara a extinção das obrigações é publicada e comunicada aos mesmos agente e órgãos públicos que receberam a sentença declaratória da falência. OBS: O pressuposto da reabilitação penal é o transcurso do prazo de 2 anos, contados do término do cumprimento da pena, prazo que vigora desde a reforma da Parte Geral ocorrida em 1984. A petição da reabilitação será dirigida ao juiz que proferiu a condenação penal, que decidirá após a oitiva do representante do Ministério Público. CRIMES FALIMENTARES Os “crimes falimentares” estão dispostos na Lei 11.101/2005 no Capítulo VII, sob o título “Disposições penais”, na seção “Crimes em espécie”. 9. CONCEITO E CARACTERÍSTICAS Os crimes falimentares são aqueles tipificados nos artigos 168 a 178 da Lei de Falências (Lei n.º 11.101/05), classificados como crimes dolosos muito embora não possuam definição específica no ordenamento jurídico brasileiro. São, portanto, crimes falimentares: fraude a credores; violação de sigilo empresarial; divulgação de informações falsas; indução a erro; favorecimento de credores; desvio, ocultação ou apropriação de bens; aquisição, recebimento ou uso ilegal de bens; habilitação ilegal de crédito; exercício ilegal de atividade; violação de impedimento; e omissão dos documentos contábeis. Pressupõe: • um devedor empresário ou sociedade empresária, • uma sentença declaratória de falência ou concessiva de recuperação judicial ou extrajudicial e • a ocorrência dos atos e fatos enumerados nos artigos 168 a 178. • Fraude a credores – art. 168 • Violação de sigilo empresarial – art. 169 • Divulgação de informações falsas – art. 170 • Indução a erro – art. 171 • Favorecimento de credores – art. 172 • Desvio, ocultação ou apropriação de bens – art. 173 • Aquisição, recebimento ou uso ilegal de bens – art. 174 • Habilitação ilegal de crédito – art. 175 • Exercício ilegal de atividade – art. 176• Violação de impedimento – art. 177 • Omissão dos documentos contábeis obrigatórios – art. 178 Art. 180. A sentença que decreta a falência, concede a recuperação judicial ou concede a recuperação extrajudicial de que trata o art. 163 desta Lei é condição objetiva de punibilidade das infrações penais descritas nesta Lei. Art. 181. São efeitos da condenação por crime previsto nesta Lei: I – a inabilitação para o exercício de atividade empresarial; II – o impedimento para o exercício de cargo ou função em conselho de administração, diretoria ou gerência das sociedades sujeitas a esta Lei; III – a impossibilidade de gerir empresa por mandato ou por gestão de negócio. ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO Art. 187. Intimado da sentença que decreta a falência ou concede a recuperação judicial, o Ministério Público, verificando a ocorrência de qualquer crime previsto nesta Lei, promoverá imediatamente a competente ação penal ou, se entender necessário, requisitará a abertura de inquérito policial.
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