Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Caderno: 8º SEMESTRE Criada em: 11/02/2019 19:28 Atualizada … 18/05/2019 12:30 Autor: Rodolfo Barbosa URL: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11101.htm Falência e Recuperação de Empresas Profº Manoel Justino Bezerra manoeljustino@hotmail.com P1: 01/04 - c/ consulta P2: 20/05 - c/ consulta Legislação-base: Lei de Recuperação e Falência (11.101/2005) Bibliografia: Manoel Justino Bezerra Filho / Fábio Ulhoa Coelho / Paulo Toledo 13/02/2019 INTRODUÇÃO E CONTEXTO HISTÓRICO DO DIREITO DE FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO. Direito: direito é a ciência da convivência. Somente existirá o direito se houver sociedade (ubi societas, ibi ius). Troca de excedentes: tratava-se de uma primeira modalidade de atividade empresarial, onde pessoas trocavam o que sobra de sua produção para consumo por algo que lhes faltava. O direito se preocupa com essa relação de débito e crédito que se estabelece. Código de Hamurabi: o código de Hamurabi tentava restabelecer o equilíbrio por meio de um conjunto de normas. Lei das XII Tábuas: a tábua 3ª tratava dos direitos de crédito e débito, como exemplo, se o devedor tivesse mais de um credor e não adimplisse suas obrigações, poderia ser levado à feira para ser vendido como escravo, caso não houvesse comprador, o devedor seria cortado em tantas partes quanto fossem os credores. Lex poetelia papiria: a partir dessa lei, a dívida não poderia mais ser cobrada pelo corpo do devedor, mas somente pelo seu patrimônio, isto é, aboliu o nexum, lei pela qual o corpo do devedor respondia por suas dívida. Feudalismo: após a queda do Império Romano, um caos se instalou na Europa ocidental, neste período começam a aparecer os feudos que, de algum modo, restabeleceram uma ordem. O feudalismo foi um modo de organização social e político baseado nas relações servo-contratuais. As características gerais do feudalismo são: poder descentralizado, economia baseada na agricultura de subsistência, trabalho servil e economia amonetária e sem comércio, onde predomina a troca (escambo). Lex Mercatoria: tratava-se de um conjunto de postulados jurídicos que valia para os mercadores. Com esses postulados surgem os primeiros institutos do direito comercial, tais como a letra de câmbio, nota promissória, cheque, etc. Banca rota: trata-se da primeira manifestação organizada de direito em relação a falência. A origem desta palavra é bastante curiosa já que provém da expressão italiana “banca rotta”, um conceito surgido no século XVI devido ao costume dos banqueiros em quebrar o banco simbolizando a falência e a saída da ação do negócio. mailto:manoeljustino@hotmail.com Código Comercial de 1850: primeiro código comercial brasileiro foi criado durante o reinado do imperador Dom Pedro II, tendo sido criada pela lei n° 556, de 25 de junho de 1850 depois de 15 anos tramitando na Assembleia Geral. Ele foi baseado nos Códigos de Comércio de Portugal, da França e da Espanha. Código Civil de 2002: revogou o código comercial de 1850 e o Código Civil de 1916 unificando as legislações. Lei 11.101/2005: Lei de Recuperação e Falência revogou o Decreto-Lei 7661/45 é a atual legislação que rege os institutos da falência, recuperação judicial e extrajudicial. 18/02/2019 Patamares de Pensamento da falência 1) Falência como crime: um primeiro patamar de pensamento estabelecia que a falência, na revolução industrial, era tratada como um crime infamante, não merecia perdão, pois o falido se aproveitou da confiança nele depositada. Falitti sunt fraudatores 2) Falência como um risco da atividade empresarial: um segundo patamar de pensamento sobre a falência era de que esse instituto seria um risco inerente a atividade empresarial, não mais como um crime, mas sim como um risco assumido pelo empresário que explora a atividade. Falência como um remédio jurídico: a falência passa a ser entendida como um remédio jurídico que visa retirar do meio empresarial a sociedade empresarial em estado de falência para evitar a contaminação do mercado. A falência não mais era vista como um crime, contudo, algumas situações poderiam ensejar a caracterização de um ato criminoso. O decreto-lei 7661/45 estabelecia que o juiz deveria decretar a falência da sociedade empresarial para evitar que os credores ficassem desguarnecidos, ou seja, a prioridade era preservar o direito dos credores. 4) Falência na Lei 11.101/2005: com a promulgação da Lei 11.101/2005, um terceiro patamar de pensamento nasce, baseando-se na ideia advinda da alteração "chapter eleven" do U.S Code de 1934, estabelecendo que é muito mais interessante para o pais a preservação da empresa e não o seu encerramento, isto é, a preservação da empresa e de sua atividade passa a ser a prioridade do sistema jurídico, preservando, por consequência, os empregos, mantém a produção e resguarda os credores da sociedade empresária. LEI 11.101/2005 - LEI DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS E FALÊNCIAS Estrutura da Lei 11.101/2005 Capítulo I - Disposições Preliminares; Capítulo II - Disposições Comuns na Recuperação Judicial e Falência; Capítulo III - Da Recuperação Judicial; Capítulo IV - Da Convolação (transformação) da Recuperação Judicial em Falência; Capítulo V - Da Falência Capítulo VI - Da Recuperação Extrajudicial Capítulo VII - Das disposições Penais. Capítulo VIII - Disposições Finais e Transitórias. 20/02/2019 FALÊNCIA Conceito de Falência: é uma modalidade de execução concursal que objetiva a expropriação do patrimônio de alguém que exerce a atividade empresarial, empresário individual e a sociedade para a satisfação dos credores. A falência pode ser requerida pelo próprio devedor, embora não seja muito comum, e é denominada autofalência, e também pode ser requerida por outra parte, está é a hipótese mais comum quando o credor pede a falência do devedor. Está sujeito à falência todo e qualquer exercente de atividade empresarial, sendo empresário aquele que exerce atividade econômica organizada para a circulação ou produção de bens ou serviços, segundo artigo 966 do Código Civil (CC). Alguns exemplos são: supermercados, hotéis, fábricas de calçados etc. Processo de falência: o processo de falência é um processo extramente complexo, se inicia e termina em juízo. O processo de falência de a finalidade de arrecadar os bens do devedor e aliená-los judicialmente para satisfazer o crédito dos credores. Processo de falência: Requerimento : A primeira fase do processo de falência é a fase postulatória, que, na maioria das vezes, é requerida pelos credores. A falência ajuizada pelo próprio devedor, chamada de autofalência, costuma ser muito rara. O credor apresentará um crédito vencido e protestado contra o devedor. Trata-se de uma fase de conhecimento – o juiz receberá a petição inicial, mandará citar a empresa devedora, que deverá fazer apresentar contestação. Se a ação for julgada improcedente em sentença, ela será extinta, e o devedor poderá ter de pagar uma indenização ao credor; se procedente, será decretada a falência do devedor. Execução: Habilitação: o procedimento de habilitação se destina a formar o Quadro Geral de Credores. Ordem de recebimento: 1) Trabalhista (até 150 salários mínimos e acidentes de trabalho sem limite de valor) 2) Credores com garantia real (geralmente bancos) 3) Estado (fisco). Apuração de crime falimentar: concomitante ao processo de falência e o procedimento das habilitações, poderá haver um procedimento para apuração de crime falimentar. Rios do processo de falências: 1) Rio principal da falência 2) Rio das habilitações 3) Rio da apuração de crimes falimentares 25/02/2019 PROCESSAMENTO DA FALÊNCIA COM HABILITAÇÕES E PARTE CRIMINAL Início do processo de falência (art. 94): o processo inicia-se com a petição inicial (requerimento de falência). O processo de falência se inicia e termina em juízo. a Lei de falência e recuperação judicial contém disposições de direito material e de direito processual, o Código de Processo Civil poderá ser aplicado subsidiariamente,isto é, na omissão da Lei 11.101. Exame do juiz e citação para defesa (art.98): o juiz analisará o requerimento de falência e citará o devedor para apresentar defesa acerca do requerimento de falência no prazo de 10 dias. Art. 98. Citado, o devedor poderá apresentar contestação no prazo de 10 (dez) dias. Processo pré-falimentar: é a fase inicia-se com o requerimento da falência e vai até o decreto de falência ou a sentença de improcedência do pedido. Decreto de falência (art. 99): se a defesa for afastada,o juiz decreta a falência (decreto de falência). Massa falida: massa falida é uma universalidade de bens sob responsabilidade temporária do administrador judicial. Com o decreto de falência a sociedade fica com sua personalidade jurídica suspensa, passando assim a ser uma massa falida, sendo administrada por um administrador judicial nomeado pelo juiz. Até o trânsito em julgado existirá apenas a massa falida que tem um certo tipo de personalidade jurídica temporária, a despeito de muitos autores afirmarem que trata-se de ente despersonalizado. Processo falimentar: Com o decreto de falência inicia-se a fase falimentar. Prazo para habilitações (art. 99, IV): após o decreto de falência, abre-se o prazo de 15 dias para os credores se habilitarem na falência e em seguida o prazo para impugnações. O processo de habilitações é necessário para a formação do Quadro Geral de Credores. Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações: IV – explicitará o prazo para as habilitações de crédito, observado o disposto no § 1o do art. 7o desta Lei; "Rio das Habilitações": é um procedimento que tramita simultaneamente com o "rio principal da falência". Habilitação: os credores que desejarem ter seu crédito satisfeito devem se habilitar no processo de falência. Impugnação (art. 8º): findo o prazo para habilitação, o juiz abre o prazo para as impugnações dos credores e dos créditos. Terá legitimidade para impugnar o MP, o administrador judicial, o falido e os demais credores. Art. 8o No prazo de 10 (dez) dias, contado da publicação da relação referida no art. 7o, § 2o, desta Lei, o Comitê, qualquer credor, o devedor ou seus sócios ou o Ministério Público podem apresentar ao juiz impugnação contra a relação de credores, apontando a ausência de qualquer crédito ou manifestando-se contra a legitimidade, importância ou classificação de crédito relacionado. Habilitação retardatária (art. 9º): trata-se da habilitação realizada em momento posterior ao prazo inicial para habilitações. Art. 9o A habilitação de crédito realizada pelo credor nos termos do art. 7o, § 1o, desta Lei deverá conter: Processo das habilitações (art. 13 e 15): é um procedimento onde os impugnados e os habilitados de forma retardatária tentam novamente uma habilitação. O juiz julgará os pedidos e, após transito em julgado, a decisão é incluída nos autos principais para formação do quadro geral de credores. Quadro geral de credores (art. 18): o quadro de credores é formado por todos aqueles que foram habilitados pelo juiz, os não impugnados, os habilitadores retardatários e os que se habilitaram novamente após a impugnação. Art. 18. O administrador judicial será responsável pela consolidação do quadro-geral de credores, a ser homologado pelo juiz, com base na relação dos credores a que se refere o art. 7o, § 2o, desta Lei e nas decisões proferidas nas impugnações oferecida Relatório (art. 22, III, "e"): o administrador, no prazo de 40 dias, deve apresentar relatório sobre as causas e circunstâncias que conduziram à situação de falência, no qual apontará a responsabilidade civil e penal dos envolvidos. Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do Comitê, além de outros deveres que esta Lei lhe impõe: III – na falência: e) apresentar, no prazo de 40 (quarenta) dias, contado da assinatura do termo de compromisso, prorrogável por igual período, relatório sobre as causas e circunstâncias que conduziram à situação de falência, no qual apontará a responsabilidade civil e penal dos envolvidos, observado o disposto no art. 186 desta Lei; Arrecadação/Avaliação dos bens (art. 108): o juiz determinará a arrecadação e avaliação dos bens do devedor. Essa etapa ocorre no rio principal. Art. 108. Ato contínuo à assinatura do termo de compromisso, o administrador judicial efetuará a arrecadação dos bens e documentos e a avaliação dos bens, separadamente ou em bloco, no local em que se encontrem, requerendo ao juiz, para esses fins, as medidas necessárias Incidentes: os incidentes podem ocorrer ou não no processo de falência: Restituições (art. 85) Solução de contratos (art. 117) Compensações (art. 122) Ação revocatória (art. 129): serve para anular uma venda fraudulenta para desviar um bem e frustar o processo de falência. A ação revocatória assemelha-se a ação pauliana (utilizada no âmbito civil), muitas vezes sendo chamada de ação pauliana da falência. Venda dos bens (art. 142, §1º): os bens arrecadados são vendidos e transformados em dinheiro. Art. 142. O juiz, ouvido o administrador judicial e atendendo à orientação do Comitê, se houver, ordenará que se proceda à alienação do ativo em uma das seguintes modalidades: § 1o A realização da alienação em quaisquer das modalidades de que trata este artigo será antecedida por publicação de anúncio em jornal de ampla circulação, com 15 (quinze) dias de antecedência, em se tratando de bens móveis, e com 30 (trinta) dias na alienação da empresa ou de bens imóveis, facultada a divulgação por outros meios que contribuam para o amplo conhecimento da venda. Juntada do quadro geral de credores: Pagamento aos credores (art. 149 a 153): o valor arrecadado com a venda judicial dos bens do falido é repassado aos credores de acordo com a ordem estabelecida em lei. Prestação de contas em autos apartados (art. 154): durante todo o andamento da falência, a administração fica a cargo do administrador judicial nomeado pelo juiz. Ao final do procedimento, o administrador, no prazo de 30 dias, deve apresentar os autos de prestação de contas em apartado. Neste relatório deve conter todos os valores arrecadados e desembolsados. O Juiz abre vistas do relatório a quem interessar para manifestação. Art. 154. Concluída a realização de todo o ativo, e distribuído o produto entre os credores, o administrador judicial apresentará suas contas ao juiz no prazo de 30 (trinta) dias. Relatório final (art. 155): o administrador judicial, no prazo de 10 dias, apresentará o relatório final que deve conter todos os detalhes do andamento do processo de falência. O juiz abre vistas e prazo para manifestação sobre o relatório final. Art. 155. Julgadas as contas do administrador judicial, ele apresentará o relatório final da falência no prazo de 10 (dez) dias, indicando o valor do ativo e o do produto de sua realização, o valor do passivo e o dos pagamentos feitos aos credores, e especificará justificadamente as responsabilidades com que continuará o falido. Sentença de encerramento (art. 156): a sentença de encerramento é uma sentença de natureza processual e serve para abrir outros cinco caminhos processuais, previstos no art. 158 e 160, após o seu trânsito em julgado. Qualquer um desse caminhos levará a sentença de extinção das obrigações. A sentença de encerramento prevê que o devedor permanece com a responsabilidade de seus débitos. Art. 156. Apresentado o relatório final, o juiz encerrará a falência por sentença. Parágrafo único. A sentença de encerramento será publicada por edital e dela caberá apelação. Sentença de extinção das obrigações (art. 159): após o transito em julgado da sentença de extinção das obrigações o processo de falência estará terminado e não haverá mais como cobrar nada do devedor, pois a dívida estará extinta. Ainda que algum bem venha a ser encontrado, não haverá mais interesse processual para ingressar com ação em juízo. Art. 159. Configurada qualquer das hipóteses do art. 158 desta Lei, o falidopoderá requerer ao juízo da falência que suas obrigações sejam declaradas extintas por sentença. Transito em julgado (art. 159, §6º): após o transito em julgado da sentença de extinção das obrigações não haverá mais interesse processual caso algum credor ou bem surgir após o trânsito em julgado da sentença de extinção. O trânsito em julgado extingue a obrigação. Final do processo de falência (art. 159, §6º): o processo finda com o trânsito em julgado da sentença de extinção de obrigações Art. 159 § 6o Após o trânsito em julgado, os autos serão apensados aos da falência. 27/02/2019 "Rio Penal" : o rio penal é independente e corre simultaneamente com o "rio das habilitações" e o "rio principal". Oferecimento de denúncia (art. 187): quando o juiz decreta a falência, é remetido cópia dos autos ao Ministério Público para que ofereça denúncia, caso seja constatado crime falimentar. Art. 187. Intimado da sentença que decreta a falência ou concede a recuperação judicial, o Ministério Público, verificando a ocorrência de qualquer crime previsto nesta Lei, promoverá imediatamente a competente ação penal ou, se entender necessário, requisitará a abertura de inquérito policial. Inquérito policial: se não houver condições de oferecer a denúncia, o MP requisitará a instauração de inquérito policial para coleta de informações sobre a ocorrência ou não do crime falimentar. Arquivamento (art. 28 CPP): se ficar demonstrado no inquérito que não houve crime falimentar, o MP irá requerer o arquivamento e os autos serão apensados aos autos principais. Recebimento da denúncia (art. 185): a partir do momento em que o juiz da falência recebe a denúncia, os autos de inquérito são transformados em autos de processo-crime e são remetidos ao juiz criminal da circunscrição e seguirá o rito dos arts. 531 a 540 do CPP. Art. 185. Recebida a denúncia ou a queixa, observar-se-á o rito previsto nos arts. 531 a 540 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal. Competência para julgamento do crime falimentar (art. 183): em regra, o juiz da falência, quando da presença de um crime, encaminha para que um juiz criminal o julgue, todavia, no Estado de SP, o próprio juiz falimentar é competente para julgar o crime falimentar. Art. 183. Compete ao juiz criminal da jurisdição onde tenha sido decretada a falência, concedida a recuperação judicial ou homologado o plano de recuperação extrajudicial, conhecer da ação penal pelos crimes previstos nesta Lei. Competência para julgamento do crime falimentar em SP é do juiz da falência: Lei Estadual/SP 3947/83 (Código Judiciário do Estado) - o Art. 15 determina que quem terá a competência de julgar o processo-crime falimentar será o próprio juiz da falência. A princípio arguiu-se a inconstitucionalidade do dispositivo, pois Lei Estadual estaria adentrando na competência legislativa privativa da União por recair sobre matéria processual. Essa hipótese foi afastada pelo STF, pois o Código Judiciário não estaria alterando competência, mas apenas incumbindo mais uma competência para uma que ele próprio já havia criado. Artigo 15 - As ações por crime falimentar e as que lhes sejam conexas passam para a competência do respectivo juizo universal da falência. Sentença: ao final sentença criminal é informada e anexada aos autos principais. A sentença absolutória ou condenatória criminal tem reflexos na sentença de extinção de obrigações do processo principal de falência. 11/03/2019 RECUPERAÇÃO JUDICIAL COMUM Recuperação judicial: a recuperação visa superar uma crise econômico-financeira, preservando a empresa, empregos, o direito de credores e a atividade econômica, ou seja, busca preservar a sua função social. A diferença fundamental entre a falência e a recuperação baseia-se na sua origem, enquanto naquela a crise financeira é insuperável, nesta a crise é superável. Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica. Processamento da recuperação judicial Stay period: O deferimento do processamento da Recuperação Judicial suspende a tramitação de outras ações e execuções movidas contra o devedor, inclusive pedidos de falências, pelo prazo de 180 dias. Esse período é denominada stay period. Art. 52. Estando em termos a documentação exigida no art. 51 desta Lei, o juiz deferirá o processamento da recuperação judicial e, no mesmo ato: III – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o devedor, na forma do art. 6o desta Lei, permanecendo os respectivos autos no juízo onde se processam, ressalvadas as ações previstas nos §§ 1o, 2o e 7o do art. 6o desta Lei e as relativas a créditos excetuados na forma dos §§ 3o e 4o do art. 49 desta Lei; Art. 6o A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário. § 4o Na recuperação judicial, a suspensão de que trata o caput deste artigo em hipótese nenhuma excederá o prazo improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias contado do deferimento do processamento da recuperação, restabelecendo-se, após o decurso do prazo, o direito dos credores de iniciar ou continuar suas ações e execuções, independentemente de pronunciamento judicial. Deferimento do pedido: O deferimento do pedido de recuperação judicial não enseja em sua concessão, desse modo, se após o prazo de suspensão (180 dias) não ocorrer a concessão da recuperação judicial pelo magistrado, as ações de e execução e pedidos de falência antes suspensas voltam a tramitar. Embora a lei estabeleça que a o prazo de suspensão é improrrogável, na prática, as cortes do país têm o prorrogado. Trava Bancária e Fiscal: Os débitos fiscais e bancários, conforme previsto respectivamente nos parágrafos 7º do art. 6º e no 3º do art. 49, não podem ser incluídos e não se sujeitam à Recuperação Judicial. Dessa maneira, esses credores têm poderes de findar a recuperação judicial prejudicando os demais credores. Assim, a jurisprudência tem aplicado com certo cuidado essas "travas" para não inviabilizar a recuperação judicial. Trava Fiscal Art. 6o - § 7o As execuções de natureza fiscal não são suspensas pelo deferimento da recuperação judicial, ressalvada a concessão de parcelamento nos termos do Código Tributário Nacional e da legislação ordinária específica. Trava Bancária Art. 49 - § 3o Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujos respectivos contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias, ou de proprietário em contrato de venda com reserva de domínio, seu crédito não se submeterá aos efeitos da recuperação judicial e prevalecerão os direitos de propriedade sobre a coisa e as condições contratuais, observada a legislação respectiva, não se permitindo, contudo, durante o prazo de suspensão a que se refere o § 4o do art. 6o desta Lei, a venda ou a retirada do estabelecimento do devedor dos bens de capital essenciais a sua atividade empresarial. Apresentação do Plano de recuperação judicial: Após o deferimento do processamento da recuperação judicial, o devedor tem o prazo de 60 dias para apresentar o Plano de recuperação judicial em juízo, o plano será submetido aos credores que podem aprová-lo ou não. Art. 53. O plano de recuperação será apresentado pelo devedor em juízo no prazo improrrogável de 60 (sessenta) dias da publicação da decisão que deferir o processamento da recuperação judicial, sob pena de convolação em falência, e deverá conter: Concessão, Modificação do Plano de recuperação,Objeções e Decretação de Falência: Posteriormente à apresentação do Plano, abre-se prazo para objeção, se não houver, o juiz pula o processamento e concede a recuperação judicial. Caso haja objeções, será convocada a Assembleia Geral dos Credores que poderá modificar o Plano com anuência do devedor, se os credores decidirem que o Plano não lhes interessa e não há modificações que possam fazê-lo viável, o juiz decretará a falência. 13/03/2019 Ajuizamento (quadro 1): a petição inicial deve, instruída com os devidos documentos fiscais e contábeis, deve ser endereçada ao juiz competente, o qual, após sua análise, decidirá sobre o pedido. O devedor deve comprovar que preenche os requisitos do art. 48 e 51 para pleitar o benefício da recuperação judicial. Art. 48 e Art. 51 Deferimento do processamento (quadro 2): deferir o processamento da recuperação é dar início ao processo que irá analisar a concessão do pedido de recuperação. O juiz irá analisar o pedido do devedor, verificando se as condições estão atendidas. A concessão da recuperação é um momento distinto, realizado ao final do processo. Art. 52 Suspensão de ações e execuções: uma das primeiras consequências do deferimento do pedido de falência é a suspensão das ações e processos de execução em andamento contra o devedor pelo prazo de 180 dias (stay period). Nomeação do administrador judicial: na recuperação judicial, o magistrado irá nomear um administrador judicial que irá fiscalizar o andamento do processo, será o longa manus do juiz. Edital: após o deferimento do processamento do pedido de recuperação, será expedido edital para que todos tenham conhecimento do pedido. Desistência do pedido (quadro 3): antes do deferimento do pedido pelo magistrado, se o devedor desistir do pedido, poderá fazê-lo por simples petição ao juízo, todavia, se o pedido de recuperação já foi deferido pelo juiz, o devedor pode desistir do pedido se houver convocação e aprovação da desistência pela assembleia geral de credores, tendo em vista o prejuízo que acarretou aos credores, o direito de crédito desses credores sofreu algum tipo de limitação quando as ações de cobrança e execução foram suspensas por 180 dias. Art. 52 §4º Indeferimento do processamento (quadro 4): ao receber a inicial, o juiz fará um juízo de admissibilidade (ou de delibação) da recuperação judicial, caso não estejam presentes os requisitos e condições, concederá prazo para aditar a petição e, na hipótese de não aditamento, o juiz indeferirá a petição inicial e não mais decretará falência como ocorria na vigência da lei anterior. Apresentação do Plano de recuperação (quadro 6): após o deferimento do pedido judicial, abre-se prazo de 60 dias para que o devedor apresente o plano de recuperação para as diferentes classes de credores. Uma proposta é feita para as diferentes classes de credores, caso os credores aceitem o plano o juiz irá deferir a recuperação judicial, caso rejeitem, o juiz decretará a falência do devedor. O juiz, ao receber o plano, deve, em sua análise, se ater nos critérios legais (infração ao direito) para aceitar o plano e não deve adentrar as questões econômicas constantes do plano apresentado, pois estas são questões que devem ser discutidas entre os credores e o devedor. Classes de credores 1ª classe - credores trabalhistas (até 150 salários mínimos e acidentes de trabalho sem limite de valor) 2ª classe - credores com garantias reais 3ª classe - credores quirografários 18/03/2019 Não apresentação do plano de recuperação (quadro 7): se o devedor não apresenta o plano de recuperação no prazo de 60 dias o juiz decretará a falência do devedor. Na ocorrência desta hipótese, a falência correrá nos autos que anteriormente eram da recuperação judicial. Art. 73, II Edital para objeção ou impugnação (quadro 8): apresentado o plano pelo devedor, o juiz abre prazo de 30 dias para contestação ao plano de recuperação judicial proposto. O prazo é contado da publicação da relação de credores. Se nenhum credor se manifestar no prazo estipulado, subentende-se que todos estão de acordo com o plano apresentado. Art. 53, parágrafo único Não houver objeções: na remota hipótese de não haver objeções ao edital publicado, o juiz concederá a recuperação judicial (vai para o quadro 14) Assembleia Geral de Credores (quadro 9): se houver objeções por parte de algum credor, o juiz irá convocar a Assembleia Geral de Credores (AGC). A assembleia será presidida pelo administrador judicial e, em princípio, irá deliberar pela aceitação ou rejeição do plano de recuperação apresentado pelo devedor. Ao final uma ata será confeccionada onde constará a decisão da assembleia e encaminhada ao juiz para sua decisão. Art. 55 e Art. 56. Estabilização do quórum de votantes: somente poderá votar quem compareceu na assembleia de instalação (1ª reunião). O número de votantes é estabilizado de acordo com o número de credores que se apresentam na primeira AGC. Sendo que somente os presentes na primeira AGC que terão direito a voto, não tendo os ausentes no primeiro encontro jamais direito de voto. Nas próximas deliberações somente votarão quem compareceu na 1ª convocação. Decisões da AGC: A AGC poderá deliberar por: 1) AGC Rejeita plano de recuperação judicial (quadro 10): no caso de rejeição do plano de recuperação judicial, o juiz decretará a falência Art. 73, III e Art. 56 §4º 2) AGC Delibera pela falência (quadro 11): no caso da AGC deliberar pela falência, o juiz decretará a falência. Art. 73, I, Art. 42 e Art. 35, I, "a" 3) AGC aprova ou modifica plano com concordância do devedor (quadro 13): a AGC poderá aprovar ou modificar o plano de recuperação apresentado, fazendo constar da ata a elaboração de novo plano, com anuência do devedor. Neste caso o juiz irá conceder a recuperação judicial ao devedor. Art. 35, I e Art. 58 Concessão da recuperação judicial mesmo contra decisão da AGC (quadro 12): trata-se de possibilidade do juiz conceder a recuperação judicial mesmo contra a deliberação da AGC, nos casos em que a margem de votação a favor da falência for pequena. Esse ato é conhecido como cram down. Art. 58 §1º Cram down: Trata-se de fenômeno jurídico viabilizador da aprovação do plano de recuperação, mesmo que este sendo recusado pela assembléia geral de credores. Assim, caracteriza-se pela permissão dada ao juiz de aprovar/conceder a recuperação mesmo sendo o plano desaprovado. Fruto da legislação americana, o "cram down", é o mecanismo pelo qual, mediante a deliberação da maioria dos credores, em nome dos princípios da manutenção das empresas, impõe aos outros credores o procedimento de recuperação da empresa. Concessão da recuperação judicial (quadro 14): se nenhum credor fizer objeções, se a AGC aprovou o planos na integra ou com modificações com anuência do devedor, ou mesmo quando juiz conceder a recuperação judicial mesmo contra a deliberação da AGC, nos casos em que a margem de votação a favor da falência for pequena (cram down), apresentado a certidão negativa de tributos (Art. 57), o juiz concederá a recuperação judicial. Art. 58 Não aplicação do Art. 57: os juízes, em geral, concedem a recuperação independente da apresentação de certidão negativa de tributos. O não cumprimento do art. 57 não obsta a concessão da recuperação judicial, segundo entendimento do STJ. Cumprimento do plano apresentado (quadro 15): concedia a recuperação, o processo fica sob fiscalização do juiz pelo prazo de 2 anos. Se cumpridas todas as obrigações neste prazo, o juiz decretará, por sentença, o encerramento da recuperação judicial. Art. 61 Prazo de recuperação: 2 anos. Título executivo judicial: A concessão da recuperação transforma o crédito em título executivo judicial, exaurido o prazo de 2 anos, se devedor descumprir a obrigação, poderá o credor executar o título ou pedir a falência do devedor. Descumprimento do plano apresentado (quadro 16): na hipótese de descumprimento do plano no prazo de 2 anos que está sob fiscalização o juizdecretará a falência do devedor, observando prazo para o devedor se justificar. 20/03/2019 RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL Recuperação extrajudicial (quadro 1): a recuperação extrajudicial necessariamente se inicia fora de juízo, poderá terminar ainda fora de juízo ou ser judicializada. O pedido de homologação judicial não é obrigatório, quem opta pela homologação é o devedor. Art. 161. O devedor que preencher os requisitos do art. 48 desta Lei poderá propor e negociar com credores plano de recuperação extrajudicial. Créditos excluídos: na recuperação extrajudicial não se incluem os créditos fiscais, bancários e trabalhistas, dos credores restantes, o devedor poderá propor um plano de recuperação extrajudicial para um grupo de credores ou qualquer um deles isoladamente. Ressalta-se que os credores aos quais o devedor não propôs plano algum nada podem fazer. Art. 161 - § 1o Não se aplica o disposto neste Capítulo a titulares de créditos de natureza tributária, derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidente de trabalho, assim como àqueles previstos nos arts. 49, § 3o, e 86, inciso II do caput, desta Lei. Estão excluídos da recuperação extrajudicial: Créditos fiscais Créditos bancários Créditos trabalhistas Homologação em juízo (quadro 3): na hipótese do devedor propor um plano de recuperação extrajudicial, poderá , preenchidos os requisitos legais, levar o plano para homologação do planos de recuperação extrajudicial em juízo. A sentença que homologa o acordo é título executivo judicial. A homologação judicial poderá ser requerida apenas em relação aqueles que aderiram a proposta e não atinge o direito dos demais credores. Art. 162. O devedor poderá requerer a homologação em juízo do plano de recuperação extrajudicial, juntando sua justificativa e o documento que contenha seus termos e condições, com as assinaturas dos credores que a ele aderiram. Art. 161 - § 6o A sentença de homologação do plano de recuperação extrajudicial constituirá título executivo judicial, nos termos do art. 584, inciso III do caput, da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. Cram down (quadro 4): Se credores que representam mais de 3/5 do total dos créditos concordarem com o plano de recuperação judicial e, cumulativamente, houver homologação da recuperação extrajudicial, os outros 2/5 dos credores estão igualmente obrigados aos termos do plano. Art. 163. O devedor poderá, também, requerer a homologação de plano de recuperação extrajudicial que obriga a todos os credores por ele abrangidos, desde que assinado por credores que representem mais de 3/5 (três quintos) de todos os créditos de cada espécie por ele abrangidos. Não aplicação do cram down: Os credores que não concordaram não poderão sofrer tratamento desfavorável em relação aos credores aceitantes, caso ocorra tal tratamento, não estarão submetidos ao plano. Todavia, tais credores poderão ter tratamento mais favorável em relação aos aceitantes. Requisitos Cumulativos para aplicação do cram down na recuperação extrajudicial: 1) Credores que representam mais de 3/5 do total dos créditos concordarem com o plano de recuperação judicial. 2) Homologação da recuperação extrajudicial 3) Os credores que não concordaram não poderão sofrer tratamento desfavorável em relação aos credores aceitantes. Art. 161 - § 2o O plano não poderá contemplar o pagamento antecipado de dívidas nem tratamento desfavorável aos credores que a ele não estejam sujeitos. Edital (quadro 5): ao receber o pedido de homologação do pedido de recuperação extrajudicial, determinará a publicação de editais com prazo de 30 dias para a impugnação de credores. Impugnação: qualquer credor poderá impugnar o plano de recuperação extrajudicial levado a homologação. Indeferimento da homologação (quadro 6): o indeferimento do pedido de homologação de recuperação extrajudicial não acarreta em qualquer possibilidade do juiz decretar a falência do devedor. Sentença de homologação e recurso cabível (quadro 7 e 8): o juiz homologará a recuperação extrajudicial por sentença. Da sentença que homologar pedido de homologação de recuperação extrajudicial cabe recurso de apelação, contudo, sem efeito suspensivo. 25/03/2019 LEI 11.101/05 - Quadros 4 a 6. DESTINATÁRIOS: a Lei 11.101/05 dispõe sobre os institutos da falência, recuperação judicial e extrajudicial e ainda define quem poderá se valer destes institutos. Art. 1o Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente como devedor. a) Empresário: é pessoa natural, não pessoa jurídica, mas deve ser registrado na Junta Comercial. Seu patrimônio não se separa do patrimônio empresarial. Nos casos de falência seus bens são arrecadados para fins de satisfazer os créditos. Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. b) Sociedade empresária: sociedade entre suas ou mais pessoas, com personalidade jurídica própria, distinta de seus sócios. Em caso de falência, em regra, os bens arrecadados serão os bens da pessoa jurídica. Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios determinados. c) Eireli: a empresa individual de responsabilidade limitada que exerce atividade empresaria poderá se utilizar dos institutos da Lei 11.101. Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País. EXCLUSÕES ESPECÍFICAS: o art. 2º da Lei 11101 define quem não será abrangido por seus institutos. Por interpretação contrario sensu, qualquer pessoa que não esteja elencada no art. 1º da Lei não poderá se utilizar dos institutos nela previstos. Art. 2o Esta Lei não se aplica a: a) Empresa pública e sociedade de economia mista I – empresa pública e sociedade de economia mista; b) Instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores. Ex. Bancos não podem requerer recuperação judicial e extrajudicial, contudo, podem se utilizar do instituto da falência, porém, em outros termos em relação aos demais, deve-se, primeiramente, analisar a lei que disciplina os bancos. COMPETÊNCIA: ao ajuizar uma ação o devedor ou credor deve verificar de quem é a competência. a) Juízo Local do principal estabelecimento: será competente para decidir sobre recuperação judicial, recuperação extrajudicial e falência o juízo do principal estabelecimento Art. 3o É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil. Principal estabelecimento: por principal estabelecimento entende-se aquele que o comerciante exerce maior atividade mercantil, isto é, tem o comérciomais expressivo em termos patrimoniais. Caso haja impossibilidade de verificar o estabelecimento com mais volume comercial, o juízo será o da matriz da sociedade. b) Juízo Universal da Falência: o juízo de falências é indivisível, isto é, é o único competente para processar e julgar as ações sobre bens e interesses da massa falida. Sendo assim, depois de determinada a competência de um juízo para processar e julgar a falência, ele se torna indivisível e, sua competência, é absorvente e atrativa. Art. 76. O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer todas as ações sobre bens, interesses e negócios do falido, ressalvadas as causas trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas nesta Lei em que o falido figurar como autor ou litisconsorte ativo. Exceções: o juiz da falência não é competente para julgar algumas causas, portanto tais causas continuarão tramitando no juízo onde foram propostas Causas trabalhistas: juiz não é competente para ações trabalhistas. A ação trabalhista é de quantia ilíquida., portanto, tramitará no juízo trabalhista até o momento que a quantia tornar-se ilíquida, após esse momento suspende-se a ação. Art. 6º § 1o Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a ação que demandar quantia ilíquida. Causas fiscais: Assim diz o código 187 do CTN: A cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a concurso de credores ou habilitação em falência, recuperação judicial, concordata, inventário ou arrolamento. Desse modo, o fisco não se sujeita à falência. Todavia, quando o bem penhorado for vendido em hasta pública, o valor deverá ser entregue ao juízo da falência pois primeiramente paga-se os credores trabalhistas, depois os com garantia real e, por último, o fisco. Ações não reguladas na lei em que o falido figurar como autor ou litisconsorte ativo: o juízo da falência não será competente pois o falido figura como autor da ação, se for réu, a competência será do juízo da falência. Exceção à suspensão: em regra, o ajuizamento de ação de falência determina a suspensão de todas as ações de execução nos termos do art. 6º. Contudo, há uma exceção no próprio dispositivo em seu §1º, que diz que continuarão tramitando as ações que demandar em quantia ilíquida até o momento que ela se torne líquida. Ações passam para a massa falida: todas as ações que continuam (trabalhistas, fiscais e as que o falido é autor) terão prosseguimento com o administrador judicial, com a massa falida figurando no polo em que estava o falido, devendo haver intimação da massa falida, sob pena de nulidade do processo. Art. 76 - Parágrafo único. Todas as ações, inclusive as excetuadas no caput deste artigo, terão prosseguimento com o administrador judicial, que deverá ser intimado para representar a massa falida, sob pena de nulidade do processo. Prevenção do juízo: a partir do momento em que receber o pedido de falência ou recuperação judicial, este juízo se tornará prevento para qualquer outro pedido de falência ou recuperação judicial relativo ao mesmo devedor. A prevenção somente existe se não houver sentença transitada em julgada. Art. 6 - § 8o A distribuição do pedido de falência ou de recuperação judicial previne a jurisdição para qualquer outro pedido de recuperação judicial ou de falência, relativo ao mesmo devedor. c) Suspensão da prescrição, ações e execuções: em regra, o ajuizamento de ação de falência determina a suspensão de todas as ações de execução nos termos do art. 6º. Contudo, há uma exceção no próprio dispositivo em seu §1º, que diz que continuarão tramitando as ações que demandar em quantia ilíquida até o momento que ela se torne líquida. Art. 6o A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário. § 1o Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a ação que demandar quantia ilíquida. 27/03/2019 Quadro 7 Desjudicialização: trata-se de tirar o conflito do judiciário, a análise dos créditos será feita pelo administrador judicial e não pelo juiz Art. 7o A verificação dos créditos será realizada pelo administrador judicial, com base nos livros contábeis e documentos comerciais e fiscais do devedor e nos documentos que lhe forem apresentados pelos credores, podendo contar com o auxílio de profissionais ou empresas especializadas. 1ª Lista: quando decretada a falência o juiz dá ao falido prazo para apresentar a lista de credores, denominada 1ª lista, após isso os credores terão prazo de 15 dias para apresentar suas habilitações e divergências ao administrador judicial Prazo: os credores terão prazo de 15 dias para apresentar suas habilitações e divergências ao administrador judicial, esgotado o prazo, o administrador judicial Ações do credor: no prazo de 15 dias após o edital, o credor que não estiver na lista apresentada pelo devedor ou aquele que já conste, porém, com o alguma diferença poderá se habilitar ou apresentar divergência. Art. 7º § 1o Publicado o edital previsto no art. 52, § 1o, ou no parágrafo único do art. 99 desta Lei, os credores terão o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar ao administrador judicial suas habilitações ou suas divergências quanto aos créditos relacionados. Habilitações: o credor que não estiver na lista apresentada pelo devedor pode apresentar requerimento para entrar na lista. Divergências: apresentar impugnação ao valor constante da lista 2ª Lista: o administrador irá adicionar a lista os que não estavam e se habilitaram e sanar as divergências Prazo: 45 dias para apresentar a 2ª lista. § 2o O administrador judicial, com base nas informações e documentos colhidos na forma do caput e do § 1o deste artigo, fará publicar edital contendo a relação de credores no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, contado do fim do prazo do § 1o deste artigo, devendo indicar o local, o horário e o prazo comum em que as pessoas indicadas no art. 8o desta Lei terão acesso aos documentos que fundamentaram a elaboração dessa relação. Prazo de impugnação da 2ª lista: 10 dias Art. 8o No prazo de 10 (dez) dias, contado da publicação da relação referida no art. 7o, § 2o, desta Lei, o Comitê, qualquer credor, o devedor ou seus sócios ou o Ministério Público podem apresentar ao juiz impugnação contra a relação de credores, apontando a ausência de qualquer crédito ou manifestando-se contra a legitimidade, importância ou classificação de crédito relacionado. Impugnações Habilitação retardatária: aqueles que deixaram de se habilitar no prazo de 15 dias (1ª lista) poderão se habilitar mediante impugnação da 2ª lista, será assim denominada habilitação retardatária. Art. 10. Não observado o prazo estipulado no art. 7o, § 1o, desta Lei, as habilitações de crédito serão recebidas como retardatárias. Impugnação: a lista poderá ser impugnada pelos credores. Procedimento de julgamento das impugnações Petição Art. 13. A impugnação será dirigida ao juiz por meio de petição, instruída com os documentos que tiver o impugnante, o qual indicará as provas consideradas necessárias. Recurso: será agravo. Art. 17. Da decisão judicial sobre a impugnação caberá agravo. Quadro geral de credores (QGC): a 2ª lista caso não haja impugnação será considerada o QGC Procedimento da Habilitação retardatária: a lei cria obstáculos aos que se habilitam retardatariamente de modo a promover a desjudicialização que ocorre na habilitação para a 1ª lista. Perda do direito a voto nas deliberações da assembléia-geral de credores. Art. 10 - § 1o Na recuperação judicial, os titulares de créditos retardatários, excetuados os titulares de créditos derivados da relação de trabalho, não terão direito a voto nas deliberações da assembléia-geral de credores. Perda do direito a rateios eventualmente realizados e ficarão sujeitos ao pagamento de custas Art. 10 - § 3o Na falência, os créditos retardatários perderão o direito arateios eventualmente realizados e ficarão sujeitos ao pagamento de custas, não se computando os acessórios compreendidos entre o término do prazo e a data do pedido de habilitação. Prazo da habilitação retardatária: a habilitação retardatária poderá ser realizada até a homologação do QGC, todavia, após a homologação, poderá o retardatário ingressar com uma ação ordinária de alteração do QGD. Art. 10 - § 6o Após a homologação do quadro-geral de credores, aqueles que não habilitaram seu crédito poderão, observado, no que couber, o procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil, requerer ao juízo da falência ou da recuperação judicial a retificação do quadro-geral para inclusão do respectivo crédito. Ação ordinária para alteração do QGC após sua homologação: homologado o QGC, o credor que desejar se habilitar deve ingressar com ação ordinária para alteração do QGC. Para incluir aquele que não tinha sido habilitado no prazo. Art. 10 - § 6o Após a homologação do quadro-geral de credores, aqueles que não habilitaram seu crédito poderão, observado, no que couber, o procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil, requerer ao juízo da falência ou da recuperação judicial a retificação do quadro-geral para inclusão do respectivo crédito. 08/04/2019 Ação ordinária para retificar credor que agiu com dolo, simulação ou fraude Art. 19. O administrador judicial, o Comitê, qualquer credor ou o representante do Ministério Público poderá, até o encerramento da recuperação judicial ou da falência, observado, no que couber, o procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil, pedir a exclusão, outra classificação ou a retificação de qualquer crédito, nos casos de descoberta de falsidade, dolo, simulação, fraude, erro essencial ou, ainda, documentos ignorados na época do julgamento do crédito ou da inclusão no quadro- geral de credores. Juiz competente: em regra, a ação deve ser proposto perante o juízo da falência ou recuperação. § 1o A ação prevista neste artigo será proposta exclusivamente perante o juízo da recuperação judicial ou da falência ou, nas hipóteses previstas no art. 6o, §§ 1o e 2o, desta Lei, perante o juízo que tenha originariamente reconhecido o crédito. umy Competência Regra: Juízo da falência: Se o crédito foi incluído por juízo diferente: a ação deve ser promovida no juízo que determinou a inclusão do crédito viciado com dolo, simulação ou fraude Quadros 8 a 12 ÓRGÃOS AUXILIARES DA ADMINISTRAÇÃO DA FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL Administrador judicial (arts. 21 a 25 e arts. 30 a 34): trata-se de órgão unitário, vinculado diretamente a lei e ao juiz, sendo auxiliar direto do juízo. Art. 21. O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada. Parágrafo único. Se o administrador judicial nomeado for pessoa jurídica, declarar-se-á, no termo de que trata o art. 33 desta Lei, o nome de profissional responsável pela condução do processo de falência ou de recuperação judicial, que não poderá ser substituído sem autorização do juiz. Remuneração: o juiz fixará a sua remuneração do Administrador judicial. Art. 24. O juiz fixará o valor e a forma de pagamento da remuneração do administrador judicial, observados a capacidade de pagamento do devedor, o grau de complexidade do trabalho e os valores praticados no mercado para o desempenho de atividades semelhantes. Na recuperação: quem realiza o pagamento é o recuperando. Na falência: quem paga é a massa falida por meio da arrecadação dos bens. Limite da remuneração: não poderá fixar mais de 5% do valor devido aos credores submetidos à recuperação judicial ou do valor de venda dos bens na falência, porém deve ser observando o caso concreto. § 1o Em qualquer hipótese, o total pago ao administrador judicial não excederá 5% (cinco por cento) do valor devido aos credores submetidos à recuperação judicial ou do valor de venda dos bens na falência. Nomeação: a nomeação do administrador judicial é realizada pelo juiz, preferencialmente, entre advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada. Atribuições: tem função de fiscalizar a falência ou recuperação e zelar pela aplicação da lei com imparcialidade. Art. 22 Desobediência: o administrador deve apresentar as contas e relatórios, sob pena de desobediência. Art. 23. O administrador judicial que não apresentar, no prazo estabelecido, suas contas ou qualquer dos relatórios previstos nesta Lei será intimado pessoalmente a fazê-lo no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de desobediência Responsabilidade do administrador pelos prejuízos causados por dolo ou culpa Art. 32. O administrador judicial e os membros do Comitê responderão pelos prejuízos causados à massa falida, ao devedor ou aos credores por dolo ou culpa, devendo o dissidente em deliberação do Comitê consignar sua discordância em ata para eximir-se da responsabilidade. Comitê de credores (arts. 26 a 29 e arts. 30 a 34): trata-se de órgão colegiado, o comitê está vinculado a classe de credores que lhe indicou. Nomeação: a indicação do membro do comitê é facultativa para a classe de credores. Atualmente, o comitê de credores caiu em desuso. Somente haverá nomeação se o comitê indicar membro, não há nomeação de ofício do juiz. Remuneração: se houver indicação, a classe de credores representados deve arcar com a remuneração do membro indicado. Atribuições: fiscalizar os interesses da classe de credores que lhe indicou. Art. 27 Responsabilidade do membro do comitê pelos prejuízos causados por dolo ou culpa Art. 32. O administrador judicial e os membros do Comitê responderão pelos prejuízos causados à massa falida, ao devedor ou aos credores por dolo ou culpa, devendo o dissidente em deliberação do Comitê consignar sua discordância em ata para eximir-se da responsabilidade. Dissidente: o dissidente em deliberação do Comitê deve consignar sua discordância em ata para eximir-se da responsabilidade. Assembleia Geral de Credores (AGC) (arts. 35 a 46): trata-se de órgão colegiado, não está vinculada a nada senão seu próprio interesse. Na pratica, a AGC ocorre mais frequentemente na recuperação judicial, na falência, normalmente, não existe. Entretanto, é bom salientar que em ambos os casos a AGC não é obrigatória Remuneração: não há remuneração para os credores da AGC. Atribuição: a grande atribuição da AGC é aprovar, rejeitar ou alterar o plano de recuperação. Art. 35 Convocação: A AGC será convocada pelo juiz, quando ocorrer fato determinado pela Lei Presidência da AGC: será presidida pelo administrador judicial Art. 37 Unicidade: a AGC é una, contudo, poderá ser suspensa e continuada em outro momento Quórum: o quorum será determinado pela quantidade de presentes na primeira convocação Art. 39 Ata: qualquer evento ocorrido na AGC será reduzido a termo, em ata que será homologado pelo administrador judicial que encaminhará ao juiz para sua deliberação. Homologação: poderá o juiz homologar o plano de recuperação. 10/04/2019 VOTAÇÃO NA ASSEMBLEIA GERAL DE CREDORES Voto proporcional: o voto do credor será proporcional ao valor do seu crédito Art. 38. O voto do credor será proporcional ao valor de seu crédito, ressalvado, nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial, o disposto no § 2o do art. 45 desta Lei. Votantes: Art. 39. Terão direito a voto na assembléia-geral as pessoas arroladas no quadro- geral de credores ou, na sua falta, na relação de credores apresentada pelo administrador judicial na forma do art. 7o, § 2o, desta Lei, ou, ainda, na falta desta, na relação apresentada pelo próprio devedor nos termos dos arts. 51, incisos III e IV do caput, 99, inciso III do caput, ou 105, inciso II do caput, desta Lei, acrescidas, em qualquer caso, das que estejam habilitadas na data da realização da assembléia ou que tenham créditos admitidos ou alterados por decisãojudicial, inclusive as que tenham obtido reserva de importâncias, observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 10 desta Lei. Ordem dos votantes: 1º) QGC 2ª) Componentes da 2ª lista, falta de QGC (art. 7º § 2o) 3ª) Componentes 1ª lista apresentada na petição inicial, não existindo ainda a 2ª lista Classe de credores: art. 41 Art. 41. A assembléia-geral será composta pelas seguintes classes de credores: I – titulares de créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho; II – titulares de créditos com garantia real; III – titulares de créditos quirografários, com privilégio especial, com privilégio geral ou subordinados. IV - titulares de créditos enquadrados como microempresa ou empresa de pequeno porte. I) Trabalhista II) Com garantia real (bancos) III) Resto IV) EPP e ME Aprovação de propostas: a AGC delibera sobre várias questões, não somente sobre a proposta do plano de recuperação, esta é a mais importante, mas não a única propostas a ser analisada. 1) Regra geral: Qualquer proposta para ser aprovada deve ser aprovado por mais da metade do valor total dos créditos presentes AGC (50% +1) Art. 42. Considerar-se-á aprovada a proposta que obtiver votos favoráveis de credores que representem mais da metade do valor total dos créditos presentes à assembléia-geral, exceto nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial nos termos da alínea a do inciso I do caput do art. 35 desta Lei, a composição do Comitê de Credores ou forma alternativa de realização do ativo nos termos do art. 145 desta Lei. 2) Exceções: a) Aprovação do Plano de Recuperação (art. 45): 1) Aprovação em todas as classes: a aprovação do plano de recuperação deve ocorrer em cada uma das classes. Art. 45. Nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial, todas as classes de credores referidas no art. 41 desta Lei deverão aprovar a proposta. I) Trabalhista II) Com garantia real (bancos) III) Resto IV) EPP e ME 2) Bancos e resto: na classe dos bancos e resto, aprovação deve ser por dupla maioria, isto é, mais da metade do valor dos créditos e cumulativamente mais da metade dos presentes. O legislador optou por essa forma de aprovação para evitar abuso do poder econômico, haja visto o poderio das classes envolvidas. Art. 45 - § 1o Em cada uma das classes referidas nos incisos II e III do art. 41 desta Lei, a proposta deverá ser aprovada por credores que representem mais da metade do valor total dos créditos presentes à assembléia e, cumulativamente, pela maioria simples dos credores presentes. Classes: II) Com garantia real (bancos) e III) Resto Critério de dupla maioria: mais da metade do valor dos créditos presentes (1) e cumulativamente mais da metade dos presentes (2). 3) Trabalhistas, EPP e ME: a proposta deve ser aprovada pela maioria simples dos credores presentes, independente do valor de seus créditos. Visa estimular a participação na AGC. Art. 45 - § 2o Nas classes previstas nos incisos I e IV do art. 41 desta Lei, a proposta deverá ser aprovada pela maioria simples dos credores presentes, independentemente do valor de seu crédito. Classes: I) Trabalhista e IV) EPP e ME Critério: maioria simples dos credores presentes b) Composição do Comitê de credores (art. 44): na escolha do membro que representará a classe no comitê de credores, somente votará a classe a qual representará. Nesta eleição, o voto será proporcional ao valor do crédito. Art. 44. Na escolha dos representantes de cada classe no Comitê de Credores, somente os respectivos membros poderão votar. Critério: o voto será proporcional ao valor do crédito, nos termos do regra geral. c) Forma alternativa de realização de ativo (art. 46): dependerá do voto favorável de credores que representem 2/3 dos créditos presentes. Art. 46. A aprovação de forma alternativa de realização do ativo na falência, prevista no art. 145 desta Lei, dependerá do voto favorável de credores que representem 2/3 (dois terços) dos créditos presentes à assembléia. Critério: voto favorável de credores que representem 2/3 dos créditos presentes 15/04/2019 FALÊNCIA (Quadros 13 a 30) Quadros 13 a 20 Falência: o decreto de falência é a "morte" da sociedade empresária. Art. 75. A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa a preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos, inclusive os intangíveis, da empresa. Afastamento: com o decreto de falência ocorre o afastamento de seus administradores e sócios. Preservação: na falência o que se tenta preservar é a atividade da empresa, de modo a alienar os bens a uma sociedade que possa dar continuidade a atividade com os bens e recursos antes pertencentes ao falido. Art. 75. A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa a preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos, inclusive os intangíveis, da empresa. Alienação com porteira fechada: venda de todos os bens a um só comprador. (art. 141). Se pretende alienar como um todo para tentar preservar a continuidade de atividade. Legitimidade ativa e passiva (art. 1º) Passiva: quem pode ter a falência decretada Empresário, sociedade empresária e Eireli Art. 1o Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente como devedor. Ativa: quem pode requerer a falência do devedor Art. 97. Podem requerer a falência do devedor: Próprio devedor requer a falência é a chamada auto falência I – o próprio devedor, na forma do disposto nos arts. 105 a 107 desta Lei; Cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante: casos em que empresário individual que morre com dívidas, os seus bens respondem pelas dívidas, neste caso, o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante podem requerer a falência. II – o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante; Cotista ou o acionista do devedor: exemplo é quando cotista ou acionista percebe que o sócio está praticando atos que possam ensejar a desconsideração da personalidade jurídica da empresa e atingir seu patrimônio e pede a falência da sociedade. III – o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato constitutivo da sociedade; Credores: em regra, são os credores que requerem a falência do devedor. IV – qualquer credor. Regra de transição: Art. 192 - § 4o Esta Lei aplica-se às falências decretadas em sua vigência resultantes de convolação de concordatas ou de pedidos de falência anteriores, às quais se aplica, até a decretação, o Decreto-Lei no7.661, de 21 de junho de 1945, observado, na decisão que decretar a falência, o disposto no art. 99 desta Lei. Falências já decretadas antes da Lei 11.101: correrá até o final sob égide da lei antiga Falências em curso no advento da Lei 11.101: seguirá a lei antiga até o decreto de falência. A partir do decreto de falência observará a Lei 11.101. SP 1ª Vara: cuida da falência e recuperação que tramitam pela nova lei. 2ª Vara: cuida da falência e recuperação que tramitam pela nova lei. 3ª Vara: cuida das falências e concordatas que tramitam sob a égide do Decreto-Lei nº 7.661 Juiz competente para decretar a falência: é o juízo do local do principal estabelecimento Art. 3o É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil. Prevenção: a distribuição do pedido de falência previne a jurisdição para qualquer outro pedido de falência relativo ao mesmo devedor Art. 6º § 8o A distribuição do pedido de falência ou de recuperação judicial previne a jurisdição para qualquer outro pedido de recuperação judicial ou de falência, relativo ao mesmo devedor. Distribuição por dependência Art. 78. Os pedidos defalência estão sujeitos a distribuição obrigatória, respeitada a ordem de apresentação. Celeridade e economia processual Art. 75 - Parágrafo único. O processo de falência atenderá aos princípios da celeridade e da economia processual. Prioridade dos processos de falência sobre os demais Art. 79. Os processos de falência e os seus incidentes preferem a todos os outros na ordem dos feitos, em qualquer instância. Fundamentos do requerimento e/ou decreto e petição inicial: ao ingressar com o requerimento de falência, aquele que pleiteia deve fundamentar o pedido, deve observar na peça inicial o disposto no art. 94. Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: 1) Requerimento de falência com fundamento em título líquido, certo e exigível: I – sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência; Relevante razão: a falência será decretada quando não houver relevante razão de direito para o inadimplemento, se houver, o juiz não decretará a falência. Ex. Falsidade do cheque, falsidade na assinatura do título. Título executivo protestado: o título executivo deve estar protestado, se houver mais de um título, todos devem estar protestados. Títulos executivos mais comuns: Cheque Duplicata Letra de câmbio Debênture Valor do(s) títulos deve ser superior ao valor de 40 salários mínimos: O valor do título ou a soma destes deve ser superior a 40 salários mínimos do dia do ajuizamento do requerimento de falência. Deve ser considerado o valor de face dos títulos, não contabilizando eventuais juros e multas. Litisconsórcio ativo de credores para atingir o valor maior de 40 salários mínimos: os credores podem reunir-se em litisconsórcio para atingir o valor maior de 40 salários mínimos Art. 94 - § 1o Credores podem reunir-se em litisconsórcio a fim de perfazer o limite mínimo para o pedido de falência com base no inciso I do caput deste artigo. Defesa quanto a um ou mais títulos: Se houver defesa quanto a um dos título de modo a conservar montante maior que 40 salário mínimo o juiz decretará a falência, caso o valor remanescente seja menor, o pedido será julgado improcedente. Art. 96 - § 2o As defesas previstas nos incisos I a VI do caput deste artigo não obstam a decretação de falência se, ao final, restarem obrigações não atingidas pelas defesas em montante que supere o limite previsto naquele dispositivo. Decretação: Ex. 3 títulos de R$30 mil, totalizando R$90 mil e um deles é impugnado de declarado falso, restando 2 título de R$30 mil, totalizando R$60 mil. Neste caso a falência será ainda decretada. Não Decretação: Ex. 3 títulos de R$20 mil, totalizando R$60 mil e um deles é impugnado de declarado falso, restando 2 título de R$20 mil, totalizando R$40 mil. Neste caso a falência não será decretada, pois o valor não ultrapassa os 40 salários mínimos. Prova pré-constituída: o título protestado é prova pré-constituída. 2) Requerimento de falência com fundamento em execução frustrada II – executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal; Execução frustada: na fase de execução, o executado não paga, não deposita e não nomeia bens à penhora. Neste caso, o exequente suspenderá a execução, toma certidão para fundamentar o pedido de falência com fundamento no Art. 94 II. Não necessita protesto: a execução já é prova judicial do não pagamento por parte do devedor. Não há limite de valor: com fundamento no inciso II do art. 94 o credor não precisa observar valor mínimo. Prova pré-constituída: a execução já é prova judicial do não pagamento por parte do devedor. 3) Requerimento de falência com fundamento em atos de falência: o credor deve fazer prova dos atos de falência. III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperação judicial: Procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos: a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos; b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não; c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo; d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor; e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com bens livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo; f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento; g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de recuperação judicial. Pedido de recuperação judicial pelo devedor dentro do prazo de contestação: ao ser citado, o devedor ,dentro do prazo de 10 dias para apresentar contestação ao requerimento da falência, poderá pleitear a sua recuperação judicial, demonstrado que de fato não pagou o valor, contudo, está em uma crise financeira superável. Art. 95. Dentro do prazo de contestação, o devedor poderá pleitear sua recuperação judicial. Prazo de contestação: 10 dias Art. 98. Citado, o devedor poderá apresentar contestação no prazo de 10 (dez) dias. Recuperação judicial: o pedido de recuperação tramitará nos mesmo autos, ficando o pedido de falência do credor suspenso. O juiz, ao julgar a recuperação judicial pleiteada poderá conceder a recuperação ou decretar a falência do devedor. Na hipótese de concedê-la, o crédito objeto do pedido de falência do credor está incluído no plano de recuperação judicial. Limitação: Embora não esteja limitado ao inciso I e II, doutrina e jurisprudência, limita o pedido de recuperação judicial no bojo do pedido de falência a estes incisos do art. 94. Requerimento de falência com fundamento em título líquido, certo e exigível: Art. 94 - I – sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência; Requerimento de falência com fundamento em execução frustrada Art. 94 - II – executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal; 17/04/2019 A falência não será decretada se o requerido provar em sua defesa: o rol do art. 96 é exemplificativo, poderá ser arguido como defesa qualquer outro fato que extinga ou suspensa a obrigação Art. 96. A falência requerida com base no art. 94, inciso I do caput, desta Lei, não será decretada se o requerido provar: I – falsidade de título; II – prescrição; III – nulidade de obrigação ou de título; IV – pagamento da dívida; V – qualquer outro fato que extinga ou suspenda obrigação ou não legitime a cobrança de título; VI – vício em protesto ou em seu instrumento; VII – apresentação de pedido de recuperação judicial no prazo da contestação, observados os requisitos do art. 51 desta Lei; 1) Falsidade de título 2) Prescrição 3) Nulidade de obrigação ou título 4) Pagamento da dívida 4) Qualquer outro fato que extinga ou suspenda obrigação ou não legitime a cobrança de título 5) Vício em protesto ou em seu instrumento apresentação de pedido de recuperação judicial no prazo da contestação Cessação das atividades empresariais mais de 2 anos antes do pedido de falência, comprovada por documento hábil: se o requerido provar que cessouas atividade e efetuou a devida baixa na Junta VIII – cessação das atividades empresariais mais de 2 (dois) anos antes do pedido de falência, comprovada por documento hábil do Registro Público de Empresas, o qual não prevalecerá contra prova de exercício posterior ao ato registrado. Não será decretada a falência de sociedade anônima após liquidado e partilhado seu ativo após 1 ano § 1o Não será decretada a falência de sociedade anônima após liquidado e partilhado seu ativo nem do espólio após 1 (um) ano da morte do devedor. Prazo de 10 dias para contestação do pedido de falência: após citado, o requerido terá 10 dias para apresentar a sua contestação., Art. 98. Citado, o devedor poderá apresentar contestação no prazo de 10 (dez) dias. Depósito elisivo: o devedor, no prazo da contestação, poderá se dirigir ao cartório solicitar o valor atualizado do crédito e realizar o depósito dessa quantia em juízo, é a garantia de que não será decretado a falência do devedor. O depósito elisivo não é obrigatório, contudo, se efetuar o depósito e não fazer a defesa e provar motivo que extinga ou suspensa a obrigação, a falência será decretada. Tanto o depósito quanto a defesa devem ser feitas no prazo de 10 dias, podendo ser realizados em momentos distintos, porém, dentro desses 10 dias. Se a defesa do devedor for aceita, o valor do depósito será devolvido. Cabimento do depósito elisivo: somente é cabível nas hipóteses do Art. 94 incisos I e II. Art. 98 - Parágrafo único. Nos pedidos baseados nos incisos I e II do caput do art. 94 desta Lei, o devedor poderá, no prazo da contestação, depositar o valor correspondente ao total do crédito, acrescido de correção monetária, juros e honorários advocatícios, hipótese em que a falência não será decretada e, caso julgado procedente o pedido de falência, o juiz ordenará o levantamento do valor pelo autor. Requerimento de falência com fundamento em título líquido, certo e exigível: Art. 94 - I – sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência; Requerimento de falência com fundamento em execução frustrada Art. 94 - II – executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal; Sentença de falência: poderá ser de improcedência ou procedência do requerimento de falência. A sentença que decreta a falência deve conter as determinações do art. 99 Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações: Conterá a síntese do pedido, a identificação do falido e os nomes dos que forem a esse tempo seus administradores I – conterá a síntese do pedido, a identificação do falido e os nomes dos que forem a esse tempo seus administradores; Fixará o termo legal da falência II – fixará o termo legal da falência, sem poder retrotraí-lo por mais de 90 (noventa) dias contados do pedido de falência, do pedido de recuperação judicial ou do 1o (primeiro) protesto por falta de pagamento, excluindo-se, para esta finalidade, os protestos que tenham sido cancelados; Continuação provisória das atividades do falido: o administrador pede ao juiz a continuação provisória da atividade XI – pronunciar-se-á a respeito da continuação provisória das atividades do falido com o administrador judicial ou da lacração dos estabelecimentos, observado o disposto no art. 109 desta Lei; Recursos para impugnar sentença Art. 100. Da decisão que decreta a falência cabe agravo, e da sentença que julga a improcedência do pedido cabe apelação. Agravo: cabível quando a sentença decreta a falência Apelação: cabível quando a sentença for pela improcedência do pedido de falência Requerimento de falência doloso: se alguém requereu a falência de outro dolosamente, ainda que não haja pedido nesse sentido, será condenado na sentença a indenizar em perdas e danos. Art. 101. Quem por dolo requerer a falência de outrem será condenado, na sentença que julgar improcedente o pedido, a indenizar o devedor, apurando-se as perdas e danos em liquidação de sentença. 22/04/2019 Quadro 22 e Quadro 23 Efeitos da Decretação da Falência sobre as Obrigações do Devedor: o juiz, ao decretar a falência, deve resolver todas questões que incidem sobre os contratos que o falido possuía. Juízo universal da falência: o artigo 115 reitera artigo 76 Art. 115. A decretação da falência sujeita todos os credores, que somente poderão exercer os seus direitos sobre os bens do falido e do sócio ilimitadamente responsável na forma que esta Lei prescrever. Suspensão: Art. 116. A decretação da falência suspende: O exercício do direito de retenção sobre os bens sujeitos à arrecadação I – o exercício do direito de retenção sobre os bens sujeitos à arrecadação, os quais deverão ser entregues ao administrador judicial; O exercício do direito de retirada ou de recebimento do valor de suas quotas ou ações: em condições normais, o sócio é credor da sociedade, contudo, decretada a falência fica suspenso o direito de recebimento do sócio, priorizando o direito de crédito dos credores. II – o exercício do direito de retirada ou de recebimento do valor de suas quotas ou ações, por parte dos sócios da sociedade falida. Resolução dos contratos: quando da decretação da falência, na maioria das vezes, não interessa a massa falida cumprir os contratos, entretanto, se os contratos trazem algum tipo de benefício a massa falida podem ser cumpridos pelo administrador judicial. Art. 117. Os contratos bilaterais não se resolvem pela falência e podem ser cumpridos pelo administrador judicial se o cumprimento reduzir ou evitar o aumento do passivo da massa falida ou for necessário à manutenção e preservação de seus ativos, mediante autorização do Comitê. Regras das relações contratuais específicas: a lei prevê algumas regras para determinados tipos de contratos específicos nos casos de falência, não se aplicando a regra do art. 117. Art. 119. Nas relações contratuais a seguir mencionadas prevalecerão as seguintes regras: I – o vendedor não pode obstar a entrega das coisas expedidas ao devedor e ainda em trânsito, se o comprador, antes do requerimento da falência, as tiver revendido, sem fraude, à vista das faturas e conhecimentos de transporte, entregues ou remetidos pelo vendedor; II – se o devedor vendeu coisas compostas e o administrador judicial resolver não continuar a execução do contrato, poderá o comprador pôr à disposição da massa falida as coisas já recebidas, pedindo perdas e danos; III – não tendo o devedor entregue coisa móvel ou prestado serviço que vendera ou contratara a prestações, e resolvendo o administrador judicial não executar o contrato, o crédito relativo ao valor pago será habilitado na classe própria; IV – o administrador judicial, ouvido o Comitê, restituirá a coisa móvel comprada pelo devedor com reserva de domínio do vendedor se resolver não continuar a execução do contrato, exigindo a devolução, nos termos do contrato, dos valores pagos; V – tratando-se de coisas vendidas a termo, que tenham cotação em bolsa ou mercado, e não se executando o contrato pela efetiva entrega daquelas e pagamento do preço, prestar-se-á a diferença entre a cotação do dia do contrato e a da época da liquidação em bolsa ou mercado; VI – na promessa de compra e venda de imóveis, aplicar-se-á a legislação respectiva; VII – a falência do locador não resolve o contrato de locação e, na falência do locatário, o administrador judicial pode, a qualquer tempo, denunciar o contrato; VIII – caso haja acordo para compensação e liquidação de obrigações no âmbito do sistema financeiro nacional, nos termos da legislação vigente, a parte não falida poderá considerar o contrato vencido antecipadamente, hipótese em que será liquidado na forma estabelecida em regulamento, admitindo-se a compensação de eventual crédito que venha a ser apurado
Compartilhar