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Diagramação de Revistas

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PROJETO: PROJETO: 
IMPRESSOIMPRESSO
Me. Daniel i Aparecida Campos
I N I C I A R
introdução
Introdução
Nesta unidade, você verá alguns conceitos de como fazer uma boa diagramação.
Considerando que você já conheceu um pouco de cada elemento da composição:
tipos, grids, imagens, cores, veremos como juntar tudo e fazer uma composição,
que nada mais é do que diagramar, ou seja, criar inter-relações de espaço, escala,
distância, alinhamentos etc. entre os componentes da página.
Veremos também que as páginas de uma revista são vistas uma a uma em
sequência, e, por isso, precisamos pensar no ritmo sequencial dessas páginas,
propondo variações compositivas, mas sempre respeitando o projeto grá�co.
Você verá também algumas leituras sobre a página mais importante da revista, a
capa, e, por �m, depois de conhecer as regras, você saberá como e quando
quebrá-las, apresentando algumas abordagens não estruturais, em que o grid é
violado ou nem mesmo é presente na composição.
Bons estudos!
Não adianta fazer apenas um design visualmente bonito sem que seja bem
resolvido. Somente a estética não conserva seu público. Deve-se considerar a
personalidade, a linha editorial e o conceito da revista como produto. É a partir e
em torno desse conceito que todo o projeto grá�co irá se desenvolver.
De�nido o conceito, o designer cria o projeto grá�co de�nindo sua linguagem
visual: grids, estilos tipográ�cos, paleta de cores etc., e na diagramação junta todos
esses elementos, criando uma publicação única e de�nindo um produto.
Juntando Tudo
Agora que você aprendeu um pouco sobre grids, tipogra�a e cores, que tal juntar
tudo e começar a layoutar? Embora tenhamos falado sobre princípios e regras, não
há receita para um bom layout. O fundamental é que você consiga criar
composições variadas respeitando as diretrizes do seu projeto grá�co.
As soluções que você encontrar devem considerar todos os elementos,
construindo uma boa inter-relação entre eles de forma clara e uni�cada, ou seja, as
partes devem formar um todo. A organização e a disposição do conteúdo devem
estar de acordo com o formato e com os requisitos das informações. A junção
DiagramaçãoDiagramação
entre tipogra�a e imagem deve se relacionar visualmente, sendo que o signi�cado
precisa ser construído por meio da relação de dependência entre elas.
Regras para boa Diagramação
Na página de rosto do livro About face, do tipógrafo e autor David Jury, está escrita
a seguinte frase: “Regras podem ser quebradas – mas nunca ignoradas”. Jury nos
explica que, antes de quebrar algumas regras, o designer deve antes conhecê-las.
Isso signi�ca também dizer que, desde que o designer possa fundamentar as suas
decisões e ter consciência de seus resultados, tudo pode. O que não deve ser
permitido é ignorar as regras, ou seja, não conhecê-las. O mesmo diz Samara:
É necessário conhecer quais regras são importantes (pelo menos
historicamente) e por quê para entender a possível consequência de
quebrá-las a �m de que algo desagradável não aconteça por
desconhecimento (2010, p. 9).
Mas, a�nal de contas, o que é considerado um bom design de revistas? Quais as
regras que você, como designer, deve conhecer para criar um projeto grá�co
editorial? Quando e como posso quebrar essas regras?
Veja a seguir 10 regrinhas básicas para você arrasar no seu projeto editorial:
Formule Conceitos
Não adianta fazer apenas um design visualmente bonito e bem resolvido. Antes
disso e antes de tudo, vem a mensagem, que deve ser clara, bem de�nida, com
personalidade e que dialogue com o conceito da publicação.
Um mesmo segmento tem várias revistas, e a direção conceitual de cada uma
dependerá da maneira como a publicação entende esse segmento. Uma revista
que trata de temas para viver bem seguirá um conceito que represente o que essa
revista entende por “viver bem”. O que é viver bem? Se tomarmos por exemplo
uma publicação que entenda que viver bem é viver com simplicidade, terá pautas
que abordam como viver dessa forma. Não só os textos são direcionados para
esses temas simples, mas o projeto grá�co precisa dialogar com a linha editorial da
revista, ou seja, com o conceito estabelecido para esse produto especí�co. Nesse
caso, tem-se o conceito de “simplicidade”. Portanto, o projeto deveria contemplar
diagramações e grids simples, espaços em branco, tipogra�a sem adornos, cores
sem muito contraste etc. Já uma revista dos segmentos de esportes é
recomendável que tenha um projeto grá�co mais dinâmico, com diagramações em
movimento, para conversar com o assunto. Ainda assim, o conceito dependerá do
público-alvo e de outras especi�cações de mercado.
Crie Unidade Visual
Quanto menos elementos os nossos olhos veem, mais captam a informação. Não
importa quanto elementos você tenha em uma página. O importante é que eles
estejam integrados, reforçando a mensagem.
Na diagramação da página da Figura 4.1, você pode notar que há uma
aproximação dos elementos parecidos em forma, cor e escala. Por exemplo, ao
aproximar os círculos dos blushes ou os formatos verticais alongados dos batons,
nossos olhos tendem a integrá-los e a vê-los com um bloco único.
Criar unidade visual signi�ca estabelecer relações de semelhança e, dessa forma,
diminuir a quantidade de elementos em uma página. Quanto menos elementos os
nossos olhos captam, mais instantânea a nossa percepção e compreensão.
Economize na Quantidade de Tipos
Uma única família de tipos com grande variedade de pesos e itálicos pode ser
su�ciente para o seu projeto editorial. As variações de uma mesma fonte
diferenciam os elementos tipográ�cos da página, muitas vezes sem a necessidade
de acrescentar outra família tipográ�ca.
Porém, a escolha de duas famílias distintas também é bastante comum, pois
cumprem funções diferentes. Por exemplo: você pode escolher uma fonte serifada
para dar maior legibilidade e conforto na leitura de textos longos e corridos; e para
títulos e textos pequenos em evidência, escolher outra família tipográ�ca sem
serifa que constraste com o tipo escolhido do texto longo, e que proporcione maior
visibilidade e impacto. Dessa forma, você resolveria o projeto grá�co com dois
estilos tipográ�cos diferentes e contrastantes, contribuindo para diferenciar
conteúdos e criando uma hierarquia textual.
Seja qual for a sua escolha, considere sempre que muitas famílias de tipos em um
único projeto distraem e prejudicam a unidade da composição.
Crie uma Hierarquia
Eleger um elemento principal na sua página o ajuda a chamar a atenção para o
foco principal da sua mensagem. Aos poucos, vá conduzindo o seu leitor para
outras informações menos importantes, mas tenha sempre o seu foco claro desde
o início.
No exemplo acima, percebemos que o designer construiu uma hierarquia entre as
informações, diferenciando os conteúdos e colocando em destaque o de maior
importância, deixando-os em evidência em relação às outras informações.
Tenha Sempre um Objetivo
Nada é por acaso. Tenha sempre um objetivo ao escolher os elementos de sua
página. As cores transmitem uma riqueza de signi�cados emocionais e culturais,
além de in�uenciar na hierarquia e legibilidade de uma composição. Isso também
vale para a combinação de todos os elementos – tipogra�a, imagem e o diagrama
–, podendo conter uma informação diferente daquela que é apresentada
inicialmente, alterando seu signi�cado.
No exemplo acima, percebemos que um simples traço em cor vermelha muda e
sugere um outro signi�cado. A sua presença não é apenas estética, mas tem um
objetivo especí�co na construção da narrativa e foi totalmente intencional.
“Menos é Mais”
Herança do Modernismo, esse conceito ainda continua valendo. Quanto mais
elementos tivermos numa página, mais difícil será a sua leitura e compreensão.
Tire signi�cado do que está disponível. Se não for possível compor uma página
com poucos elementos, tente sempre integrá-los ouagrupá‐los. Dessa forma,
subtraem- se muitos dos elementos e se limpa o seu terreno.
Crie Espaços em Branco
O espaço em branco também é um elemento dentro da composição de uma
página. Ele não está lá gratuitamente. Trate-o sempre de maneira integrada com os
demais elementos dentro do diagrama. O espaço chama a atenção para o
conteúdo, separa os blocos de interesse e proporciona um respiro, uma folga aos
olhos.
Trate a Tipografia como Imagem
Tipogra�a também é feita para ver, além de ler. Trate ‐a como imagem,
principalmente nos título das matérias, e tire proveito de suas ricas formas para
comunicar, inclusive visualmente.
Crie, Produza e Recicle Imagens
Muito cuidado com fotos de banco de imagens. A imagem tão brilhante que você
escolheu para abrir a sua matéria pode estar em outros lugares, inclusive com
propósito muito diferente do seu. Imagens prontas sempre são boas referências,
mas para realmente usá-las é importante que sejam inéditas. Assim, se não for
possível produzir as imagens especi�camente para a revista, busque interferir,
manipular, recortar, inverter cores e brincar com as imagens prontas.
Crie Movimento
Composições estáticas são monótonas e não chamam a atenção. O movimento,
além de tornar a sua página mais dinâmica, direciona o olhar do seu receptor.
Aposte nisso!
praticarVamos Praticar
Leia o texto a seguir:
“O bom design supõe que a linguagem visual da peça – sua lógica interna – deve fazer
com que todas as suas partes se reforcem, rea�rmem e se referenciem reciprocamente,
não apenas em forma, peso ou posicionamento, mas também conceitualmente”.
Fonte: SAMARA, T. Elementos do design: guia do estilo grá�co. Porto Alegre: Bookman,
2010, p. 12.
Considerando o texto acima, escolha a alternativa correta:
a) Um elemento se desconecta dos demais componentes da página quando sobra
na composição e parece fora do lugar. Nesse caso, o seu isolamento enfraquece a
mensagem.
b) Quando um elemento parece fora do lugar e se isola dos demais elementos, ele
cresce e chama a atenção para si, fortalecendo o conceito.
c) Criar unidade visual signi�ca estabelecer relações de semelhança, seja pela
forma, cor, escala ou posição, com o objetivo de aumentar o número de elementos
em uma página.
d) Quanto mais elementos os nossos olhos captam, mais rica e completa é a nossa
percepção e compreensão. Por isso, a unidade visual é fundamental na
diagramação de uma página.
e) A forma que não tem a�nidade com as outras deve se sobressair da
composição, já que o seu contraste com os outros elementos da página é
fundamental para o equilíbrio assimétrico.
Uma revista consiste em um produto único, porém com vários subprodutos que
reservam muitas surpresas ao leitor. A cada virada de página, uma novidade é
apresentada. O grande desa�o do designer de uma revista é envolver o leitor pela
variação de diferentes apresentações e assuntos.
Grande parte do �uxo de uma revista é proporcionado por sua estrutura geral, ou
seja, seu projeto grá�co, templates e grids. O fato é que a revista é composta de
várias seções �xas, que, por mais que tenham uma estrutura básica – template –,
abordam, a cada edição, conteúdos diferentes. Além das seções �xas, as edições
contam com matérias que mudam em cada edição, também de acordo com o
conteúdo que aborda. O designer deve criar uma variação visual para que o leitor,
embora reconheça a estrutura geral, possa se surpreender a cada edição.
A variação visual da revista também é chamada de cadência, a qual basicamente
possui duas estratégias: aquela com enfoque na variação estrutural e outra que
adapta a apresentação do conteúdo. A cadência estabelece um rítmo para a
publicação.
A variação estrutural tem como objetivo diferenciar as seções e aberturas de
páginas duplas de matérias, usando, por exemplo, grids diferentes para conferir
Ritmo VisualRitmo Visual
um caráter particular a cada uma delas. Assim, uma mesma matéria proporciona
mudanças de escala e de posição, em que a abertura gera uma qualidade veloz, de
edição rápida, emocional, enquanto a sua continuidade, ao virar a dupla de
abertura, possui uma sensação mais lenta e prolongada.
Mudar a apresentação do conteúdo para se obter variedade de composição
também inclui explorar as qualidades visuais do conteúdo.
Variação Estrutural
A estrutura geral de um grid oferece identidade e regularidade, mas também pode
levar à repetição. Por isso, o designer deve estar preparado para não se prender à
uniformidade do grid e sempre tentar articular diferentes formas de composição.
Apresentação do Conteúdo
Além da estrutura variável, o designer também pode explorar as qualidades
grá�cas e visuais dos elementos do conteúdo para criar mudanças de cadência e
estabelecer ritmo: a alteração do esquema das cores das seções, a modi�cação da
linguagem visual das imagens, a tipogra�a diferenciada, a variação sequência do
claro para o escuro, da diagramação mais simples para a mais complexa, da
sangria e recorte de imagens etc. A relação entre a quantidade de texto e a
quantidade e escala das imagens é uma estratégia para dar um ritmo distinto entre
as páginas.
praticarVamos Praticar
Por conter grande volume de informação, uma revista precisa seguir um projeto grá�co
bem estruturado e de�nido, com vários grids, estilos tipográ�cos e paleta de cores para
atender diferentes conteúdos. Apesar do projeto grá�co de�nido e das estruturas gerais
de organização projetadas, a revista precisa de ritmo visual. Assinale a alternativa que
de�ne esse conceito.
a) O designer deve limitar-se à uniformidade do grid, organizando os elementos
com poucas mudanças de diagramação entre as páginas para manter a identidade
visual do projeto editorial.
b) O designer deve explorar as características grá�cas do conteúdo, alterando
entre as páginas a escala das imagens, cores, claro e escuro, para produzir uma
variedade de composição que dará ritmo visual às páginas.
c) Uma revista tem várias seções e cada qual deve diferenciar-se com grids
diferentes. O grid permitirá que a seção seja diagramada da mesma forma em
todas as edições.
d) A sequência rítmica da revista é ditada pela intercalamento entre editorial e
anúncios publicitários.
e) Pode-se conseguir um ritmo entre as páginas alterando a escala das imagens,
porém os textos devem seguir mais ou menos a mesma quantidade.
O exterior de uma publicação, assim como em qualquer outro produto, deve
chamar a atenção para causar interesse no leitor a respeito de seu conteúdo
interno. A capa é a ponte entre o mundo exterior e o conteúdo interior e “secreto”
da publicação. Nela, deve estar explícita a linha editorial daquele veículo e qual é o
assunto principal daquela edição.
A capa deve ser pautada, com igual importância, pela foto adequada, pela
importância daquela notícia e de acordo com o projeto editorial e grá�co do
veículo.
Uma revista tem cinco segundos para atrair a atenção do leitor na
banca. Nessa fração de tempo, a capa tem de transmitir a identidade e o
conteúdo da publicação, deter o leitor, levá-lo a pegar o exemplar, abri-lo
e comprá-lo (ALI, 2009).
Projeto Gráfico e Redesenho
O designer deve trabalhar o título de forma clara, forte e simples, como uma
imagem tipográ�ca, explorando assinaturas visuais diferentes para diversas
formas de aplicação sobre diferentes fundos, quando necessárias. Deve testar
CapaCapa
alterações, combinações e inclusões de formas para diferenciar a revista de outras
do mesmo segmento.
A criação do título de uma revista se assemelha à construção de um logotipo.
Ambos precisam ser concisos, claros e gra�camente pensado nos mínimos
detalhes, como o espacejamento das letras (kerning), o contraste dos traços e as
formas das serifas, pois ajudam a destacar o título das demais informações da
capa e a ser facilmente reconhecida perante a concorrência.
De tempos em tempos, devido àvelocidade da tecnologia e de novas linguagens
visuais frequentemente atualizadas e remodeladas, é preciso mudar também as
publicações. Pode ser complicado transformar radicalmente o projeto de uma
revista muito conhecida pelo seu público, correndo o risco de ela não mais ser
reconhecida e bem recepcionada. Por isso, muitas vezes a revista é redesenhada,
mantendo algumas diretrizes editoriais e visuais já estabelecidas e reconhecidas.
Porém, outras se arriscam e buscam uma mudança mais radical e totalmente
inovadora.
É o caso, por exemplo, da revista Galileu, cujo projeto grá�co de 2015 buscou uma
total remodelação, indo ao encontro do contemporâneo, moderno, ousado e
corajoso. Para a inauguração, usou uma imagem andrógina centralizada em uma
posição de autocon�ança, segurança e autoestima, que joga as vestes para fora do
corpo revelando não só um corpo, mas cabelo, acessórios e roupas sem
interferência cultural de gênero. Até mesmo a cor verde de fundo foi escolhida no
sentido de não direcionar o rosa e azul simbolicamente para o feminino e
masculino, e a palavra “Gênero” foi escrita como pinceladas à mão buscando
representar conceitos como rebeldia e atitude.
Na remodelação de 2015, a revista Galileu desenhou uma tarja preta no canto
superior da capa, na qual colocou informações como chamadas secundárias,
número da edição, data, logotipo da editora e código de barras, todas vazadas, ou
seja, branco (cor do papel) sobre preto (tinta preta). Esse conjunto de preto e
branco se repetia em todas as edições, dando maior destaque à chamada principal
e mais liberdade para a escolha de suas cores e imagem, de acordo com o assunto.
Em 2019, a revista resolveu mudar novamente, fazendo um redesenho de seu
então atual projeto grá�co. Nesse caso, o projeto grá�co não muda radicalmente e
preserva muito do último.
A tarja com todas as informações, exceto a chamada da matéria principal, continua
em uma tarja superior, que foi redesenhada vazada sem contorno ou moldura, e
na qual a cor é modi�cada a cada edição de acordo com as cores usadas na foto e
no fundo da chamada principal e única da capa. Com essas novas diretrizes do
redesenho, a capa ganhou mais leveza e autonomia, apresentando-se única a cada
edição sem perder sua identidade.
Os Elementos da Capa
As capas de revista variam muito. Geralmente, além do título (nome da revista),
trazem uma imagem forte que representa uma matéria principal, e outras
chamadas secundárias de assuntos considerados de menor importância, além de
alguns destaques como selos, números em evidência etc. Outras trazem apenas o
título e uma única chamada. Há ainda aquelas que só trazem o título e uma
imagem.
A capa da revista New Scientist (Figura 4.11) é composta do título (logotipo) em
destaque representando o nome da revista.
Em linha hierárquica de leitura textual, o layout direciona primeiramente o olho do
leitor para o título “New Scientist”, seguido da chamada principal (“33 reasons…”), e,
logo após, as quatro chamadas secundárias na parte inferior da capa.
Em relação à escolha da imagem, Antonio Celso Collaro (2007, p. 41) lembra que
“[...] as imagens de capa normalmente são contundentes. Devem ter a capacidade
de atrair o público-alvo daquele veículo”. Ou seja, por melhor que seja a foto ou a
ilustração de capa, ela deve preservar a identidade da publicação.
A capa é a embalagem da revista e, como tal, deve ser reconhecida a cada edição.
Essa identi�cação se dá graças à linha editorial da publicação e o projeto grá�co
criado para representar as ideias e os conceitos estabelecidos.
O tema de cada edição muda, mas muitas soluções grá�cas de diagramação,
escalas, cores, número de chamadas, linguagem fotográ�ca, alinhamentos e até
mesmo o número de toques dos textos se mantêm sempre dentro de uma mesma
estrutura de organização, o que de�ne a sua identidade.
praticarVamos praticar
praticarVamos Praticar
Uma capa deve representar o seu produto e ser reconhecível de uma edição para outra.
Mais do que isso, ela deve ser irresistível, e�ciente e fácil de varrer com os olhos. A capa é
praticamente a miniatura de um pôster e suas chamadas devem vender a edição.
Além disso, muitas revistas aproveitam-se de temas polêmicos para lançar uma capa que
se transforme em sucesso de vendas, como a revista norte-americana Wired. É conhecida
por suas capas com personagens polêmicos, como a de Edward Snowden, grande
desafeto do governo americano depois de vazar informações con�denciais da Agência
Nacional de Segurança, envolto na bandeira americana, com o intuito de provocar
aqueles que acreditavam que Snowden era um traidor da pátria.
Analise a capa da revista Wired com o físico Stephen Hawking, morto em março de 2018,
em polêmica com o atual presidente dos EUA Donald Trump, identi�cando tanto os
elementos da capa – título, chamadas principais e secundárias, foto, cores – quanto suas
funções, identidade visual e linha editorial – conceito – da revista.
Considere pesquisar a revista na internet, conhecendo suas capas e estabelecendo
relações com esta aqui proposta, e também fazer uma busca em torno da polêmica entre
os dois nomes citados: Hawking e Trump, personagens da matéria de capa. Depois, faça
um breve texto explicando suas impressões.
Figura 4.12 - Capa da edição de dezembro de 2017 da revista Wired
Fonte: Bold / Unsplash.
O lançamento do computador com interface grá�ca da Apple em 1984
revolucionou a prática do design grá�co. A nova ferramenta que propiciava a
manipulação rápida e inovadora da imagem e do texto inaugurou outras
possibilidades de se fazer design. A mudança do fazer manual para a produção
digital inaugurou uma nova linguagem visual, diferente daquela racional,
estruturada e funcional do modernismo que vigorou até meados dos anos 1980.
Desconstruindo o grid
O termo “desconstrução” foi usado pela primeira vez pelo �lósofo francês Jacques
Derrida em seu livro On Grammatology de 1967, tendo grande impacto uma década
depois no ensino da área de humanas nas universidades.
Em design, a ideia foi introduzida pelo historiador de design Philip Meggs, que
interpreta a palavra “desconstrução” como “[...] desmontar o todo integrado, ou
destruir a ordem subjacente que confere unidade a um design grá�co” (POYNOR,
2010, p. 48).
Os designers americanos Chuck Byrne e Martha Witte, em artigo publicado em
1990 nos EUA, de�nem a desconstrução no design como “[...] algo que está
Quebrando as RegrasQuebrando as Regras
desmontando os elementos na esperança de reinventar a forma e revitalizar a
mídia impressa” (POYNOR, 2010, p. 49).
Designers de todo o mundo se engajaram nas novas concepções e representam
bem esse novo estilo em uma época que muitos chamam de Pós-Modernismo,
dentre eles os norte-americanos David Carson e April Greiman, o suíço Wolfgang
Weingart e os ingleses Jonathan Barnbrock e Siobahn Keaney, entre outros.
Entre os brasileiros, temos Gustavo Piqueira, diretor do Studio de design Casa Rex,
ganhador de mais de 460 prêmios internacionais de design grá�co e muito atuante
no design editorial, especialmente em capas de livros e a designer grá�ca Ana
Couto, formada pela PUC-Rio, entre muitos outros.
Esses e muitos outros designers violaram regras convencionais de estrutura em
favor de uma organização mais intuitiva. Hoje, o designer tem como instrumento
vários métodos de transmitir ideias, compor e criar projetos, e sua escolha vai
depender de fatores como o segmento, tipo de projeto, público-alvo etc.
Abordagens não Estruturais
A linguagem da TV, do cinema e depois das mídias digitais interativas prepararam o
olhar do espectador para diferentes e mais complexos comportamentos da
informação. Transformou-se a forma de ler e receber conteúdo e, portanto,
mudou-se a maneira de produzi-lo. As imagens, os sons e a animação são
sobrepostos simultaneamente em rápidas edições,criando composições híbridas e
novos sentidos que transformaram a percepção dos leitores.
Mesmo em sua forma impressa, o design de revista se atualizou, pois percebeu
que o seu leitor mudou e novas gerações de leitores já nasceram com a internet e
os celulares. Portanto, apesar de estática e física, a revista impressa redesenhou a
sua forma de transmitir o conteúdo, usando mais imagens, menos textos longos
sem pausa, infográ�cos e outras formas mais dinâmicas de leitura.
Essa nova onda deu margens à desconstrução ou �exibilização do grid porque o
conteúdo e a forma de disponibilizá-lo mudou, ocasionando também a
desconstrução da própria linguística e transformando o texto também em imagem.
Segundo Samara,
[...] o ritmo natural da linguagem oral, por exemplo, é muitas vezes usado
como guia para a mudança do peso, tamanho, cor ou alinhamento dos
tipos; palavras gritadas ou fortes podem �car em tipos maiores, em bold
ou itálico, de acordo com as tônicas na fala. Dar ‘voz’ à linguagem visual
ajuda a alterar a estrutura de um texto, puxando palavras para fora do
parágrafo ou forçando relações entre módulos e colunas, onde a lógica
natural da escrita cria uma ordem visual (2007, p. 124).
praticarVamos Praticar
A revista não é uma peça única, como um cartaz ou anúncio, mas consiste em vários
layouts distribuídos em diversas páginas pertencentes às diferentes seções contempladas
numa revista. Pelo grande volume de textos, imagens e outros conteúdos, fazer uma
revista sem de�nir grids é uma tarefa impossível. Porém, o grid, ao mesmo tempo que
disponibiliza uma estrutura geral, oferece várias possibilidades de diagramação.
Esse exercício prático procura treinar o seu olhar para enxergar várias possibilidades
dentro de uma estrutura de grid. Como exemplo, está disponibilizado a seguir um grid de
3 colunas e suas variações, em que o bloco cinza-escuro representa as imagens, e o bloco
cinza-claro os textos.
Faça um grid com cinco colunas e projete nove variações de diagramação, distribuindo
imagens e textos. Você pode fazer esse exercício no Indesign ou com um papel e lápis ou
caneta.
Depois, escolha apenas uma página e apresente outro layout desconstruindo essa
diagramação. Inspire-se nos designers aqui apresentados ou faça uma pesquisa sobre
outros designers contemporâneos.
Ao �nal, escreva um breve texto explicando as suas escolhas compositivas e como chegou
à apresentação �nal.
Figura 4.21 - Reconstruct. Cartaz que diagrama as letras em alusão a uma
desconstrução.
Fonte: Web Design (on-line).
indicações
Material
Complementar
LIVRO
Layout: o design da página impressa
Allen Hurlburt
Editora: Nobel
ISBN: 85-213-0426-9
Comentário: Partindo das fontes do design moderno, o
autor fala dos mais importantes movimentos artísticos e as
in�uências que exerceram, inclusive sobre o design.
FILME
Repensando o design.
Ano: 2017
Comentário: Entrevista com o designer Gustavo Piqueira
contando sobre sua trajetória pro�ssional, trabalhos e
processo criativo.
Para conhecer mais sobre o �lme, acesse o seu trailer.
T R A I L E R
conclusão
Conclusão
Chegamos ao �nal da unidade conhecendo algumas importantes regras para se
fazer uma boa diagramação. Estudamos também a importância de se pensar na
variedade de layouts visando um ritmo de leitura agradável, em que o virar das
páginas proporciona surpresas e novidades. A importância da concepção da capa
como vitrine da revista também foi tema abordado, mostrando os elementos que a
compõem. Por �m, apresentamos uma faceta do design contemporâneo ao
inaugurar uma nova linguagem visual e maneiras inovadoras de projetar.
referências
Referências
Bibliográ�cas
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