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PROJETO: PROJETO: IMPRESSOIMPRESSO Me. Daniel i Aparecida Campos I N I C I A R introdução Introdução Nesta unidade, você verá alguns conceitos de como fazer uma boa diagramação. Considerando que você já conheceu um pouco de cada elemento da composição: tipos, grids, imagens, cores, veremos como juntar tudo e fazer uma composição, que nada mais é do que diagramar, ou seja, criar inter-relações de espaço, escala, distância, alinhamentos etc. entre os componentes da página. Veremos também que as páginas de uma revista são vistas uma a uma em sequência, e, por isso, precisamos pensar no ritmo sequencial dessas páginas, propondo variações compositivas, mas sempre respeitando o projeto grá�co. Você verá também algumas leituras sobre a página mais importante da revista, a capa, e, por �m, depois de conhecer as regras, você saberá como e quando quebrá-las, apresentando algumas abordagens não estruturais, em que o grid é violado ou nem mesmo é presente na composição. Bons estudos! Não adianta fazer apenas um design visualmente bonito sem que seja bem resolvido. Somente a estética não conserva seu público. Deve-se considerar a personalidade, a linha editorial e o conceito da revista como produto. É a partir e em torno desse conceito que todo o projeto grá�co irá se desenvolver. De�nido o conceito, o designer cria o projeto grá�co de�nindo sua linguagem visual: grids, estilos tipográ�cos, paleta de cores etc., e na diagramação junta todos esses elementos, criando uma publicação única e de�nindo um produto. Juntando Tudo Agora que você aprendeu um pouco sobre grids, tipogra�a e cores, que tal juntar tudo e começar a layoutar? Embora tenhamos falado sobre princípios e regras, não há receita para um bom layout. O fundamental é que você consiga criar composições variadas respeitando as diretrizes do seu projeto grá�co. As soluções que você encontrar devem considerar todos os elementos, construindo uma boa inter-relação entre eles de forma clara e uni�cada, ou seja, as partes devem formar um todo. A organização e a disposição do conteúdo devem estar de acordo com o formato e com os requisitos das informações. A junção DiagramaçãoDiagramação entre tipogra�a e imagem deve se relacionar visualmente, sendo que o signi�cado precisa ser construído por meio da relação de dependência entre elas. Regras para boa Diagramação Na página de rosto do livro About face, do tipógrafo e autor David Jury, está escrita a seguinte frase: “Regras podem ser quebradas – mas nunca ignoradas”. Jury nos explica que, antes de quebrar algumas regras, o designer deve antes conhecê-las. Isso signi�ca também dizer que, desde que o designer possa fundamentar as suas decisões e ter consciência de seus resultados, tudo pode. O que não deve ser permitido é ignorar as regras, ou seja, não conhecê-las. O mesmo diz Samara: É necessário conhecer quais regras são importantes (pelo menos historicamente) e por quê para entender a possível consequência de quebrá-las a �m de que algo desagradável não aconteça por desconhecimento (2010, p. 9). Mas, a�nal de contas, o que é considerado um bom design de revistas? Quais as regras que você, como designer, deve conhecer para criar um projeto grá�co editorial? Quando e como posso quebrar essas regras? Veja a seguir 10 regrinhas básicas para você arrasar no seu projeto editorial: Formule Conceitos Não adianta fazer apenas um design visualmente bonito e bem resolvido. Antes disso e antes de tudo, vem a mensagem, que deve ser clara, bem de�nida, com personalidade e que dialogue com o conceito da publicação. Um mesmo segmento tem várias revistas, e a direção conceitual de cada uma dependerá da maneira como a publicação entende esse segmento. Uma revista que trata de temas para viver bem seguirá um conceito que represente o que essa revista entende por “viver bem”. O que é viver bem? Se tomarmos por exemplo uma publicação que entenda que viver bem é viver com simplicidade, terá pautas que abordam como viver dessa forma. Não só os textos são direcionados para esses temas simples, mas o projeto grá�co precisa dialogar com a linha editorial da revista, ou seja, com o conceito estabelecido para esse produto especí�co. Nesse caso, tem-se o conceito de “simplicidade”. Portanto, o projeto deveria contemplar diagramações e grids simples, espaços em branco, tipogra�a sem adornos, cores sem muito contraste etc. Já uma revista dos segmentos de esportes é recomendável que tenha um projeto grá�co mais dinâmico, com diagramações em movimento, para conversar com o assunto. Ainda assim, o conceito dependerá do público-alvo e de outras especi�cações de mercado. Crie Unidade Visual Quanto menos elementos os nossos olhos veem, mais captam a informação. Não importa quanto elementos você tenha em uma página. O importante é que eles estejam integrados, reforçando a mensagem. Na diagramação da página da Figura 4.1, você pode notar que há uma aproximação dos elementos parecidos em forma, cor e escala. Por exemplo, ao aproximar os círculos dos blushes ou os formatos verticais alongados dos batons, nossos olhos tendem a integrá-los e a vê-los com um bloco único. Criar unidade visual signi�ca estabelecer relações de semelhança e, dessa forma, diminuir a quantidade de elementos em uma página. Quanto menos elementos os nossos olhos captam, mais instantânea a nossa percepção e compreensão. Economize na Quantidade de Tipos Uma única família de tipos com grande variedade de pesos e itálicos pode ser su�ciente para o seu projeto editorial. As variações de uma mesma fonte diferenciam os elementos tipográ�cos da página, muitas vezes sem a necessidade de acrescentar outra família tipográ�ca. Porém, a escolha de duas famílias distintas também é bastante comum, pois cumprem funções diferentes. Por exemplo: você pode escolher uma fonte serifada para dar maior legibilidade e conforto na leitura de textos longos e corridos; e para títulos e textos pequenos em evidência, escolher outra família tipográ�ca sem serifa que constraste com o tipo escolhido do texto longo, e que proporcione maior visibilidade e impacto. Dessa forma, você resolveria o projeto grá�co com dois estilos tipográ�cos diferentes e contrastantes, contribuindo para diferenciar conteúdos e criando uma hierarquia textual. Seja qual for a sua escolha, considere sempre que muitas famílias de tipos em um único projeto distraem e prejudicam a unidade da composição. Crie uma Hierarquia Eleger um elemento principal na sua página o ajuda a chamar a atenção para o foco principal da sua mensagem. Aos poucos, vá conduzindo o seu leitor para outras informações menos importantes, mas tenha sempre o seu foco claro desde o início. No exemplo acima, percebemos que o designer construiu uma hierarquia entre as informações, diferenciando os conteúdos e colocando em destaque o de maior importância, deixando-os em evidência em relação às outras informações. Tenha Sempre um Objetivo Nada é por acaso. Tenha sempre um objetivo ao escolher os elementos de sua página. As cores transmitem uma riqueza de signi�cados emocionais e culturais, além de in�uenciar na hierarquia e legibilidade de uma composição. Isso também vale para a combinação de todos os elementos – tipogra�a, imagem e o diagrama –, podendo conter uma informação diferente daquela que é apresentada inicialmente, alterando seu signi�cado. No exemplo acima, percebemos que um simples traço em cor vermelha muda e sugere um outro signi�cado. A sua presença não é apenas estética, mas tem um objetivo especí�co na construção da narrativa e foi totalmente intencional. “Menos é Mais” Herança do Modernismo, esse conceito ainda continua valendo. Quanto mais elementos tivermos numa página, mais difícil será a sua leitura e compreensão. Tire signi�cado do que está disponível. Se não for possível compor uma página com poucos elementos, tente sempre integrá-los ouagrupá‐los. Dessa forma, subtraem- se muitos dos elementos e se limpa o seu terreno. Crie Espaços em Branco O espaço em branco também é um elemento dentro da composição de uma página. Ele não está lá gratuitamente. Trate-o sempre de maneira integrada com os demais elementos dentro do diagrama. O espaço chama a atenção para o conteúdo, separa os blocos de interesse e proporciona um respiro, uma folga aos olhos. Trate a Tipografia como Imagem Tipogra�a também é feita para ver, além de ler. Trate ‐a como imagem, principalmente nos título das matérias, e tire proveito de suas ricas formas para comunicar, inclusive visualmente. Crie, Produza e Recicle Imagens Muito cuidado com fotos de banco de imagens. A imagem tão brilhante que você escolheu para abrir a sua matéria pode estar em outros lugares, inclusive com propósito muito diferente do seu. Imagens prontas sempre são boas referências, mas para realmente usá-las é importante que sejam inéditas. Assim, se não for possível produzir as imagens especi�camente para a revista, busque interferir, manipular, recortar, inverter cores e brincar com as imagens prontas. Crie Movimento Composições estáticas são monótonas e não chamam a atenção. O movimento, além de tornar a sua página mais dinâmica, direciona o olhar do seu receptor. Aposte nisso! praticarVamos Praticar Leia o texto a seguir: “O bom design supõe que a linguagem visual da peça – sua lógica interna – deve fazer com que todas as suas partes se reforcem, rea�rmem e se referenciem reciprocamente, não apenas em forma, peso ou posicionamento, mas também conceitualmente”. Fonte: SAMARA, T. Elementos do design: guia do estilo grá�co. Porto Alegre: Bookman, 2010, p. 12. Considerando o texto acima, escolha a alternativa correta: a) Um elemento se desconecta dos demais componentes da página quando sobra na composição e parece fora do lugar. Nesse caso, o seu isolamento enfraquece a mensagem. b) Quando um elemento parece fora do lugar e se isola dos demais elementos, ele cresce e chama a atenção para si, fortalecendo o conceito. c) Criar unidade visual signi�ca estabelecer relações de semelhança, seja pela forma, cor, escala ou posição, com o objetivo de aumentar o número de elementos em uma página. d) Quanto mais elementos os nossos olhos captam, mais rica e completa é a nossa percepção e compreensão. Por isso, a unidade visual é fundamental na diagramação de uma página. e) A forma que não tem a�nidade com as outras deve se sobressair da composição, já que o seu contraste com os outros elementos da página é fundamental para o equilíbrio assimétrico. Uma revista consiste em um produto único, porém com vários subprodutos que reservam muitas surpresas ao leitor. A cada virada de página, uma novidade é apresentada. O grande desa�o do designer de uma revista é envolver o leitor pela variação de diferentes apresentações e assuntos. Grande parte do �uxo de uma revista é proporcionado por sua estrutura geral, ou seja, seu projeto grá�co, templates e grids. O fato é que a revista é composta de várias seções �xas, que, por mais que tenham uma estrutura básica – template –, abordam, a cada edição, conteúdos diferentes. Além das seções �xas, as edições contam com matérias que mudam em cada edição, também de acordo com o conteúdo que aborda. O designer deve criar uma variação visual para que o leitor, embora reconheça a estrutura geral, possa se surpreender a cada edição. A variação visual da revista também é chamada de cadência, a qual basicamente possui duas estratégias: aquela com enfoque na variação estrutural e outra que adapta a apresentação do conteúdo. A cadência estabelece um rítmo para a publicação. A variação estrutural tem como objetivo diferenciar as seções e aberturas de páginas duplas de matérias, usando, por exemplo, grids diferentes para conferir Ritmo VisualRitmo Visual um caráter particular a cada uma delas. Assim, uma mesma matéria proporciona mudanças de escala e de posição, em que a abertura gera uma qualidade veloz, de edição rápida, emocional, enquanto a sua continuidade, ao virar a dupla de abertura, possui uma sensação mais lenta e prolongada. Mudar a apresentação do conteúdo para se obter variedade de composição também inclui explorar as qualidades visuais do conteúdo. Variação Estrutural A estrutura geral de um grid oferece identidade e regularidade, mas também pode levar à repetição. Por isso, o designer deve estar preparado para não se prender à uniformidade do grid e sempre tentar articular diferentes formas de composição. Apresentação do Conteúdo Além da estrutura variável, o designer também pode explorar as qualidades grá�cas e visuais dos elementos do conteúdo para criar mudanças de cadência e estabelecer ritmo: a alteração do esquema das cores das seções, a modi�cação da linguagem visual das imagens, a tipogra�a diferenciada, a variação sequência do claro para o escuro, da diagramação mais simples para a mais complexa, da sangria e recorte de imagens etc. A relação entre a quantidade de texto e a quantidade e escala das imagens é uma estratégia para dar um ritmo distinto entre as páginas. praticarVamos Praticar Por conter grande volume de informação, uma revista precisa seguir um projeto grá�co bem estruturado e de�nido, com vários grids, estilos tipográ�cos e paleta de cores para atender diferentes conteúdos. Apesar do projeto grá�co de�nido e das estruturas gerais de organização projetadas, a revista precisa de ritmo visual. Assinale a alternativa que de�ne esse conceito. a) O designer deve limitar-se à uniformidade do grid, organizando os elementos com poucas mudanças de diagramação entre as páginas para manter a identidade visual do projeto editorial. b) O designer deve explorar as características grá�cas do conteúdo, alterando entre as páginas a escala das imagens, cores, claro e escuro, para produzir uma variedade de composição que dará ritmo visual às páginas. c) Uma revista tem várias seções e cada qual deve diferenciar-se com grids diferentes. O grid permitirá que a seção seja diagramada da mesma forma em todas as edições. d) A sequência rítmica da revista é ditada pela intercalamento entre editorial e anúncios publicitários. e) Pode-se conseguir um ritmo entre as páginas alterando a escala das imagens, porém os textos devem seguir mais ou menos a mesma quantidade. O exterior de uma publicação, assim como em qualquer outro produto, deve chamar a atenção para causar interesse no leitor a respeito de seu conteúdo interno. A capa é a ponte entre o mundo exterior e o conteúdo interior e “secreto” da publicação. Nela, deve estar explícita a linha editorial daquele veículo e qual é o assunto principal daquela edição. A capa deve ser pautada, com igual importância, pela foto adequada, pela importância daquela notícia e de acordo com o projeto editorial e grá�co do veículo. Uma revista tem cinco segundos para atrair a atenção do leitor na banca. Nessa fração de tempo, a capa tem de transmitir a identidade e o conteúdo da publicação, deter o leitor, levá-lo a pegar o exemplar, abri-lo e comprá-lo (ALI, 2009). Projeto Gráfico e Redesenho O designer deve trabalhar o título de forma clara, forte e simples, como uma imagem tipográ�ca, explorando assinaturas visuais diferentes para diversas formas de aplicação sobre diferentes fundos, quando necessárias. Deve testar CapaCapa alterações, combinações e inclusões de formas para diferenciar a revista de outras do mesmo segmento. A criação do título de uma revista se assemelha à construção de um logotipo. Ambos precisam ser concisos, claros e gra�camente pensado nos mínimos detalhes, como o espacejamento das letras (kerning), o contraste dos traços e as formas das serifas, pois ajudam a destacar o título das demais informações da capa e a ser facilmente reconhecida perante a concorrência. De tempos em tempos, devido àvelocidade da tecnologia e de novas linguagens visuais frequentemente atualizadas e remodeladas, é preciso mudar também as publicações. Pode ser complicado transformar radicalmente o projeto de uma revista muito conhecida pelo seu público, correndo o risco de ela não mais ser reconhecida e bem recepcionada. Por isso, muitas vezes a revista é redesenhada, mantendo algumas diretrizes editoriais e visuais já estabelecidas e reconhecidas. Porém, outras se arriscam e buscam uma mudança mais radical e totalmente inovadora. É o caso, por exemplo, da revista Galileu, cujo projeto grá�co de 2015 buscou uma total remodelação, indo ao encontro do contemporâneo, moderno, ousado e corajoso. Para a inauguração, usou uma imagem andrógina centralizada em uma posição de autocon�ança, segurança e autoestima, que joga as vestes para fora do corpo revelando não só um corpo, mas cabelo, acessórios e roupas sem interferência cultural de gênero. Até mesmo a cor verde de fundo foi escolhida no sentido de não direcionar o rosa e azul simbolicamente para o feminino e masculino, e a palavra “Gênero” foi escrita como pinceladas à mão buscando representar conceitos como rebeldia e atitude. Na remodelação de 2015, a revista Galileu desenhou uma tarja preta no canto superior da capa, na qual colocou informações como chamadas secundárias, número da edição, data, logotipo da editora e código de barras, todas vazadas, ou seja, branco (cor do papel) sobre preto (tinta preta). Esse conjunto de preto e branco se repetia em todas as edições, dando maior destaque à chamada principal e mais liberdade para a escolha de suas cores e imagem, de acordo com o assunto. Em 2019, a revista resolveu mudar novamente, fazendo um redesenho de seu então atual projeto grá�co. Nesse caso, o projeto grá�co não muda radicalmente e preserva muito do último. A tarja com todas as informações, exceto a chamada da matéria principal, continua em uma tarja superior, que foi redesenhada vazada sem contorno ou moldura, e na qual a cor é modi�cada a cada edição de acordo com as cores usadas na foto e no fundo da chamada principal e única da capa. Com essas novas diretrizes do redesenho, a capa ganhou mais leveza e autonomia, apresentando-se única a cada edição sem perder sua identidade. Os Elementos da Capa As capas de revista variam muito. Geralmente, além do título (nome da revista), trazem uma imagem forte que representa uma matéria principal, e outras chamadas secundárias de assuntos considerados de menor importância, além de alguns destaques como selos, números em evidência etc. Outras trazem apenas o título e uma única chamada. Há ainda aquelas que só trazem o título e uma imagem. A capa da revista New Scientist (Figura 4.11) é composta do título (logotipo) em destaque representando o nome da revista. Em linha hierárquica de leitura textual, o layout direciona primeiramente o olho do leitor para o título “New Scientist”, seguido da chamada principal (“33 reasons…”), e, logo após, as quatro chamadas secundárias na parte inferior da capa. Em relação à escolha da imagem, Antonio Celso Collaro (2007, p. 41) lembra que “[...] as imagens de capa normalmente são contundentes. Devem ter a capacidade de atrair o público-alvo daquele veículo”. Ou seja, por melhor que seja a foto ou a ilustração de capa, ela deve preservar a identidade da publicação. A capa é a embalagem da revista e, como tal, deve ser reconhecida a cada edição. Essa identi�cação se dá graças à linha editorial da publicação e o projeto grá�co criado para representar as ideias e os conceitos estabelecidos. O tema de cada edição muda, mas muitas soluções grá�cas de diagramação, escalas, cores, número de chamadas, linguagem fotográ�ca, alinhamentos e até mesmo o número de toques dos textos se mantêm sempre dentro de uma mesma estrutura de organização, o que de�ne a sua identidade. praticarVamos praticar praticarVamos Praticar Uma capa deve representar o seu produto e ser reconhecível de uma edição para outra. Mais do que isso, ela deve ser irresistível, e�ciente e fácil de varrer com os olhos. A capa é praticamente a miniatura de um pôster e suas chamadas devem vender a edição. Além disso, muitas revistas aproveitam-se de temas polêmicos para lançar uma capa que se transforme em sucesso de vendas, como a revista norte-americana Wired. É conhecida por suas capas com personagens polêmicos, como a de Edward Snowden, grande desafeto do governo americano depois de vazar informações con�denciais da Agência Nacional de Segurança, envolto na bandeira americana, com o intuito de provocar aqueles que acreditavam que Snowden era um traidor da pátria. Analise a capa da revista Wired com o físico Stephen Hawking, morto em março de 2018, em polêmica com o atual presidente dos EUA Donald Trump, identi�cando tanto os elementos da capa – título, chamadas principais e secundárias, foto, cores – quanto suas funções, identidade visual e linha editorial – conceito – da revista. Considere pesquisar a revista na internet, conhecendo suas capas e estabelecendo relações com esta aqui proposta, e também fazer uma busca em torno da polêmica entre os dois nomes citados: Hawking e Trump, personagens da matéria de capa. Depois, faça um breve texto explicando suas impressões. Figura 4.12 - Capa da edição de dezembro de 2017 da revista Wired Fonte: Bold / Unsplash. O lançamento do computador com interface grá�ca da Apple em 1984 revolucionou a prática do design grá�co. A nova ferramenta que propiciava a manipulação rápida e inovadora da imagem e do texto inaugurou outras possibilidades de se fazer design. A mudança do fazer manual para a produção digital inaugurou uma nova linguagem visual, diferente daquela racional, estruturada e funcional do modernismo que vigorou até meados dos anos 1980. Desconstruindo o grid O termo “desconstrução” foi usado pela primeira vez pelo �lósofo francês Jacques Derrida em seu livro On Grammatology de 1967, tendo grande impacto uma década depois no ensino da área de humanas nas universidades. Em design, a ideia foi introduzida pelo historiador de design Philip Meggs, que interpreta a palavra “desconstrução” como “[...] desmontar o todo integrado, ou destruir a ordem subjacente que confere unidade a um design grá�co” (POYNOR, 2010, p. 48). Os designers americanos Chuck Byrne e Martha Witte, em artigo publicado em 1990 nos EUA, de�nem a desconstrução no design como “[...] algo que está Quebrando as RegrasQuebrando as Regras desmontando os elementos na esperança de reinventar a forma e revitalizar a mídia impressa” (POYNOR, 2010, p. 49). Designers de todo o mundo se engajaram nas novas concepções e representam bem esse novo estilo em uma época que muitos chamam de Pós-Modernismo, dentre eles os norte-americanos David Carson e April Greiman, o suíço Wolfgang Weingart e os ingleses Jonathan Barnbrock e Siobahn Keaney, entre outros. Entre os brasileiros, temos Gustavo Piqueira, diretor do Studio de design Casa Rex, ganhador de mais de 460 prêmios internacionais de design grá�co e muito atuante no design editorial, especialmente em capas de livros e a designer grá�ca Ana Couto, formada pela PUC-Rio, entre muitos outros. Esses e muitos outros designers violaram regras convencionais de estrutura em favor de uma organização mais intuitiva. Hoje, o designer tem como instrumento vários métodos de transmitir ideias, compor e criar projetos, e sua escolha vai depender de fatores como o segmento, tipo de projeto, público-alvo etc. Abordagens não Estruturais A linguagem da TV, do cinema e depois das mídias digitais interativas prepararam o olhar do espectador para diferentes e mais complexos comportamentos da informação. Transformou-se a forma de ler e receber conteúdo e, portanto, mudou-se a maneira de produzi-lo. As imagens, os sons e a animação são sobrepostos simultaneamente em rápidas edições,criando composições híbridas e novos sentidos que transformaram a percepção dos leitores. Mesmo em sua forma impressa, o design de revista se atualizou, pois percebeu que o seu leitor mudou e novas gerações de leitores já nasceram com a internet e os celulares. Portanto, apesar de estática e física, a revista impressa redesenhou a sua forma de transmitir o conteúdo, usando mais imagens, menos textos longos sem pausa, infográ�cos e outras formas mais dinâmicas de leitura. Essa nova onda deu margens à desconstrução ou �exibilização do grid porque o conteúdo e a forma de disponibilizá-lo mudou, ocasionando também a desconstrução da própria linguística e transformando o texto também em imagem. Segundo Samara, [...] o ritmo natural da linguagem oral, por exemplo, é muitas vezes usado como guia para a mudança do peso, tamanho, cor ou alinhamento dos tipos; palavras gritadas ou fortes podem �car em tipos maiores, em bold ou itálico, de acordo com as tônicas na fala. Dar ‘voz’ à linguagem visual ajuda a alterar a estrutura de um texto, puxando palavras para fora do parágrafo ou forçando relações entre módulos e colunas, onde a lógica natural da escrita cria uma ordem visual (2007, p. 124). praticarVamos Praticar A revista não é uma peça única, como um cartaz ou anúncio, mas consiste em vários layouts distribuídos em diversas páginas pertencentes às diferentes seções contempladas numa revista. Pelo grande volume de textos, imagens e outros conteúdos, fazer uma revista sem de�nir grids é uma tarefa impossível. Porém, o grid, ao mesmo tempo que disponibiliza uma estrutura geral, oferece várias possibilidades de diagramação. Esse exercício prático procura treinar o seu olhar para enxergar várias possibilidades dentro de uma estrutura de grid. Como exemplo, está disponibilizado a seguir um grid de 3 colunas e suas variações, em que o bloco cinza-escuro representa as imagens, e o bloco cinza-claro os textos. Faça um grid com cinco colunas e projete nove variações de diagramação, distribuindo imagens e textos. Você pode fazer esse exercício no Indesign ou com um papel e lápis ou caneta. Depois, escolha apenas uma página e apresente outro layout desconstruindo essa diagramação. Inspire-se nos designers aqui apresentados ou faça uma pesquisa sobre outros designers contemporâneos. Ao �nal, escreva um breve texto explicando as suas escolhas compositivas e como chegou à apresentação �nal. Figura 4.21 - Reconstruct. Cartaz que diagrama as letras em alusão a uma desconstrução. Fonte: Web Design (on-line). indicações Material Complementar LIVRO Layout: o design da página impressa Allen Hurlburt Editora: Nobel ISBN: 85-213-0426-9 Comentário: Partindo das fontes do design moderno, o autor fala dos mais importantes movimentos artísticos e as in�uências que exerceram, inclusive sobre o design. FILME Repensando o design. Ano: 2017 Comentário: Entrevista com o designer Gustavo Piqueira contando sobre sua trajetória pro�ssional, trabalhos e processo criativo. Para conhecer mais sobre o �lme, acesse o seu trailer. T R A I L E R conclusão Conclusão Chegamos ao �nal da unidade conhecendo algumas importantes regras para se fazer uma boa diagramação. Estudamos também a importância de se pensar na variedade de layouts visando um ritmo de leitura agradável, em que o virar das páginas proporciona surpresas e novidades. A importância da concepção da capa como vitrine da revista também foi tema abordado, mostrando os elementos que a compõem. Por �m, apresentamos uma faceta do design contemporâneo ao inaugurar uma nova linguagem visual e maneiras inovadoras de projetar. referências Referências Bibliográ�cas ALI, Fátima. A arte de editar revistas. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009. ANTON PEARSON. Get yours. Disponível em: <https://www.antonpearson.com/GET- YOURS>. Acesso em: 28 jul. 2019. 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