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95 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 01 /1 9 FÍSICA MODERNA Unidade IV Nessa unidade serão apresentadas as estruturas da mecânica quântica na formulação de Schrödinger por meio do estudo dos seguintes conceitos: • equação de Schroedinger; • função de onda; • interpretação de Born para o comportamento da função de onda; • equação independente do tempo; • soluções quantizadas para alguns potenciais; • definições de operadores em mecânica quântica. Ao terminar essa unidade, o aluno será capaz de: • entender o formalismo e resolver a equação de Schrödinger para potenciais independentes do tempo; • compreender o processo de obter informações do sistema físico baseado nas autofunções; • entender os conceitos de operadores e suas aplicações para determinar valores esperados de observáveis em mecânica quântica. Introdução O sucesso alcançado pelas ideias das ondas de matéria (De Broglie) e a forma natural de quantizar a energia e o momento dos elétrons por ondas estacionárias (Sommerfeld) fizeram com que os físicos buscassem encontrar uma teoria ondulatória dos elétrons, como aquela que havia para a radiação. Essa teoria deveria ter os resultados da mecânica clássica aplicada aos elétrons como caso limite, como prevê o princípio da correspondência de Bohr. Em 1926, Erwin Schrödinger publicou a sua equação que governa a propagação das ondas de matéria. Essa equação hoje tão famosa permitiu prever corretamente resultados experimentais em física atômica, molecular e nuclear (TIPLER; LLEWELLYN, 2006). Embora a matemática para resolver essa equação, mesmo em casos simplificados, torna‑se trabalhosa, ela permite descrever o comportamento quântico da natureza. 96 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 01 /1 9 Unidade IV Vamos estudá‑la apenas para uma dimensão. 7 A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER EM UMA DIMENSÃO Schrödinger desenvolveu essa equação a partir de argumentos físicos. De fato, trata‑se de uma extensão das ideias ondulatórias de De Broglie. Essa equação é válida quando consideramos a energia das partículas em termos não relativísticos. Foi Paul Dirac que conseguiu generalizar a equação de Schrödinger para os casos relativísticos. Não podemos obter a equação de onda da mecânica quântica a partir das equações que regem o mundo clássico: equações de Newton (e generalizações) e as equações de Maxwell. No entanto, essa equação de onda deve ser consistente com os postulados de De Broglie: E h ν = (eq. 4.1a) h p λ = (eq. 4.1 b) A equação de onda também deve ser consistente com a relação: 2p E V 2m = + (eq. 4.2) que fornece a energia total da partícula. É importante lembrar que, como uma equação de onda, a sua função de onda solução deve ser linear. Apesar de a condição anterior ser matemática, ela tem uma profundidade física relevante. Vejamos: possuir uma solução linear da equação implica que se Ψ1(x, t) é solução da equação e Ψ2(x, t) também é solução da equação, a combinação linear Ψ(x, t) = c1Ψ1(x, t) + c2Ψ2(x, t) onde c1 e c2 são constantes também será solução. Essa característica de linearidade permite que funções de onda se somem para produzir as interferências construtivas e destrutivas que são características das ondas de matéria. Assim, para uma dimensão (eixo x), postula‑se a equação (Equação de Schrödinger): ( ) ( ) ( ) ( ) 22 2 x,t x,t V x,t x,t i 2m tx ∂ Ψ ∂Ψ− + Ψ = ∂∂ (eq. 4.3) 97 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 01 /1 9 FÍSICA MODERNA Lembrete A equação de Schrödinger é basicamente postulada, apesar da intuição física. A justificativa de seu uso está na comprovação experimental. Por exemplo, analisemos o caso de uma partícula livre, ou seja, cuja energia potencial seja uma constante V0. Observação O potencial constante é característico de uma partícula livre. Esse potencial pode ser feito nulo, mas não é necessário. Lembrete A força em uma partícula está vinculada à variação da energia potencial com a distância, ou seja, com o gradiente da energia potencial. Assim para energia potencial constante a força é nula. A solução para esse caso seria devido à relação das derivadas no tempo (primeira ordem) e da posição (segunda ordem) uma função como: Ψ(x, t) = Aei(kx ‑ ωt) (eq. 4.4) onde A é uma constante. Assim: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 2 2i kx t i kx t 2 x,t x,t ikAe ik Ae x x −ω −ω∂Ψ ∂ Ψ= → = → ∂ ∂ → ‑ k2Aei(kx ‑ ωt) = ‑ k2 Ψ(x, t) e: ( ) ( ) ( )i kx tx,t i Ae i x,t t −ω∂Ψ = −ω = −ωΨ ∂ (eq. 4.5) que na equação de Schrödinger leva a: 98 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 01 /1 9 Unidade IV ( )( ) ( ) ( )( ) 2 2 0k x,t V x,t i i x,t 2m − − Ψ + Ψ = −ωΨ que simplificada torna‑se: 2 2 0 k V E 2m + = ω = (eq. 4.6) O resultado indica que a equação de Schrödinger (eq. 4.3) engloba os postulados de De Broglie. Um detalhe importante na equação de Schrödinger, como uma equação de onda clássica, é que existe a relação entre a segunda derivada da posição com a primeira derivada temporal. Contudo, no caso quântico a unidade imaginária i aparece de forma explícita. Observação A unidade imaginária é definida como: ( i 1= − ) O resultado anterior também indica que nem sempre a função de onda que é solução da equação de Schrödinger é necessariamente uma função real. Isso implica que a função de onda, solução da equação de Scrödinger, não é diretamente mensurável como a função de onda clássica. Mas qual seria a interpretação física para a função de onda? 7.1 A interpretação de Born para as funções de onda O fato de as funções de onda poderem ser complexas não é um ponto desfavorável à equação de Schrödinger. Na verdade, esse fato indica que não devemos atribuir às funções de onda uma existência física, como damos às ondas de som, por exemplo. As funções de onda possuem todas as informações, respeitadas as leis da mecânica quântica, que podemos saber a respeito de um sistema físico. O vínculo entre a função de onda Ψ(x, t) e o comportamento da partícula associada é feito em termos da densidade de probabilidade. A densidade de probabilidade é a probabilidade por unidade de comprimento de encontrar a partícula próxima a x no tempo t. De acordo com Max Born: P(x, y) = ψ*(x,t) . ψ(x,t) (eq. 4.7) onde Ψ*(x, t) representa o complexo conjugado de Ψ(x, t). 99 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 01 /1 9 FÍSICA MODERNA O postulado de Born pode ser escrito como: “se, no instante t, é feita uma medida da localização da partícula associada a função de onda ψ(x,t) então a probabilidade P(x. t)dx de que a partícula seja encontrada em uma coordenada entre x e x+dx é igual a ψ*(x,t) . ψ(x,t)dx” (TIPLER; LLEWELLYN, 2006, p. 55). Essa interpretação proposta por Born mostrou ser a mais compatível para relacionar as soluções da equação de Schrödinger com os resultados de medidas experimentais. Assim: P(x, y)dx = ψ*(x,t) . ψ(x,t) = |ψ(x,t)|2dx (eq. 4.8) Essa interpretação enfatiza que o que possui significado físico é o produto: Ψ*(x, t) . Ψ(x, t). Para uma partícula que deve estar necessariamente em alguma coordenada do eixo x, teremos a condição de normalização: ( ) ( )* x,t . x,t dx 1 +∞ −∞ Ψ Ψ =∫ (eq. 4.9) Apesar de a integral anterior estar relacionada à probabilidade, essa condição permite impor uma restrição matemática às possíveis soluções da equação de Schrödinger. A seguirresolveremos a equação de Schrödinger para casos simples, mas que poderão nos auxiliar a entender e a interpretar as funções de onda. 7.2 Separação das funções de tempo e espaço da função de onda Para situações em que a energia potencial não depende da variável tempo, a parte da variável tempo e da variável espaço na equação de onda pode ser separada. Esse procedimento, que é uma técnica conhecida para resolução de equações diferenciais (caso da equação de Schrödinger), é muito útil, pois permite escrever a equação de onda de forma simplificada. A ideia dessa técnica é escrever a função de onda como um produto de uma parte dependente apenas do tempo e outra apenas da posição, como a seguir: Ψ(x, t) = ψ(x) . φ(t) (eq. 4.10) Substituindo essa forma da função de onda na equação de Schrödinger, teremos: ( ) ( ) ( ) ( ) 22 2 x,t x,t V x,t x,t i 2m tx ∂ Ψ ∂Ψ− + Ψ = → ∂∂ 100 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 01 /1 9 Unidade IV ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 22 2 x . t x . t V x,t x . t i 2m tx ∂ ψ φ ∂ ψ φ− + ψ φ = → ∂∂ ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 22 2 t d x x d t V x,t x . t i 2m dtdx φ ψ ψ φ− + ψ φ = (eq. 4.11) Observe que as derivadas que eram parciais tornaram‑se ordinárias. Dividindo a equação anterior pela própria função de onda Ψ(x, t) = ψ(x) . φ(t), temos: ( ) ( ) ( ) ( )( ) 22 2 d x d t V x,t i 2m x t dtdx ψ φ− + = ψ φ (eq. 4.12) Na equação precedente, o lado esquerdo depende apenas da variável posição e o lado direito apenas da variável tempo, assim, as variações no tempo não podem afetar o lado esquerdo e as variações no espaço não podem afetar o lado direito. Isso significa que ambos os lados da equação devem ser iguais à mesma constante (K), chamada de constante de separação. Por isso, essa técnica é denominada separação de variáveis. A técnica usada previamente permitiu trocar uma equação diferencial parcial (em duas variáveis) em duas equações diferenciais ordinárias (em uma variável cada). Lembre‑se de que a pressuposição era que a função potencial era dependente apenas da coordenada de posição. Assim: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 2 22 2 2 2 d x d x V x,t K V x,t . x K. x 2m x 2mdx dx ψ ψ− − + = → + ψ = ψ ψ (eq. 4.13a) ( ) ( ) d t i K t dt φ = φ (eq. 4.13b) Em nosso método, resolveremos primeiro a equação 4.13b, pois não depende do potencial externo. Logo, passamos a ter uma solução que valerá para todos os potenciais não dependentes do tempo. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) d t d t d tK iK i K dt dt t dt t i t φ φ φ − = → = → = φ φ φ (eq. 4.14) 101 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 01 /1 9 FÍSICA MODERNA Integrando as variáveis: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) iK iK t td t iK iK dt ln t t t e t e t − − φ − − ∫ = ∫ → φ = →φ = →φ = φ (eq. 4.15) A função solução para a parte temporal da equação de Schrödinger pode ser, através da relação: eiθ = cosθ + isenθ escrita na forma trigonométrica a seguir: ( ) iK t K K t Ae A cos t isen t − φ = = − (eq. 4.16) Essa forma trigonométrica mostra que a função temporal é oscilatória e possui pulsação: K K K 2 . h h 2 ω = → ω = = π π mas temos a relação: ω = 2π . ν Igualando, teremos: K K 2 . 2 . h h π = π ν→ ν = (eq. 4.17) Voltando à relação de De Broglie: E E h. h = ν→ ν = (eq. 4.18) Comparando com a equação, temos que a constante K de separação equivale à energia total da partícula: K = E. Assim, podemos afirmar que potenciais independentes do tempo: ( ) iE t t e − φ = (eq. 4.19) Voltando à equação 4.13a, e trocando a constante de separação K pelo termo de energia, temos a equação de Schrödinger independentemente do tempo: ( ) ( ) ( ) ( ) 22 2 d x V x,t . x E. x 2m dx ψ− + ψ = ψ (eq. 4.20) A equação anterior é uma equação diferencial ordinária, possui apenas uma variável independente, logo a condição de normalização pode ser escrita diretamente para as autofunções ψ(x): ( ) ( )* x . x dx 1 +∞ −∞ ψ ψ =∫ (eq. 4.21) 102 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 01 /1 9 Unidade IV As condições que as autofunções (ψ(x)) devem satisfazer são: 1) ψ(x) deve existir e satisfazer a equação de Schrödinger; 2) ψ(x) e ( )d x dx ψ devem existir e serem contínuas; 3) ψ(x) e ( )d x dx ψ devem existir e serem finitas; 4) ψ(x) e ( )d x dx ψ devem ser unívocas; 5) ψ(x) deve ser quadraticamente integrável, para satisfazer a condição de normalização. A condição 1 está relacionada à resolução da equação de Schrödinger e à existência de solução, caso contrário, a partícula não poderia existir. A condição 2, continuidade, deve‑se ao fato de que a função de onda está intimamente ligada à probabilidade, assim, não pode variar descontinuamente de um ponto ao seu vizinho. As condições 3 e 4 são limitações vinculadas à realidade física de medidas. As funções de onda permitirão determinar valores esperados de grandezas físicas, tais como momento linear, e essas grandezas físicas devem ser finitas e únicas. A condição 5 deve existir para satisfazer a circunstância de normalização. 8 O POÇO QUADRADO INFINITO Essa situação também é chamada de partícula em uma caixa. Em termos práticos, podemos obter uma caixa para elétrons usando eletrodos e grades em um tubo evacuado. Conseguimos uma barreira de potencial aumentando a tensão da grade e diminuindo o espaço entre os eletrodos. Esse potencial pode ser usado para simplificar a energia potencial de um elétron livre em um metal. Matematicamente podemos considerar a função de energia potencial da seguinte forma: ( ) 0; 0 x L V x ; x 0 e x L < < = ∞ (eq. 4.22) A figura a seguir ilustra este potencial: 103 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 01 /1 9 FÍSICA MODERNA V(x) L x ∞∞ Figura 27 – Energia potencial de um poço quadrado infinito Como a energia potencial é infinita do lado de fora do poço, a partícula não pode deixar o poço. A função de onda deverá ser necessariamente nula nessa região. Logo, resolveremos o problema considerando apenas a região interna do poço, ou seja, para 0 < x < L. A fim de que a condição de continuidade da função de onda seja satisfeita, teremos então uma limitação à função em x = 0 e x = L. Para esses valores a função deverá ser nula, pois ela tem de assumir o mesmo valor para um ponto infinitamente próximo de x = 0 na parte interna e externa. Isso vale para x = L. Essas premissas são chamadas de condições de contorno: ψ(0) = ψ(L) = 0 (eq. 4.23) A equação de Schrödinger para a região interna do poço torna‑se: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 2 2 22 2 2 2 2 2 d x d x d x2mE 2mE E. x x x 0 2m dx dx dx ψ ψ ψ− − = ψ → = ψ → + ψ = (eq. 4.24) A equação diferencial é da mesma forma do MHS: Observação O MHS (movimento harmônico simples) pode ser estudado como um sistema massa‑mola. 2 2 2 d y k y 0 dt + = (eq. 4.25) fazendo: onde 2 2 2 2mE 2mE k k= → = (eq. 4.26) 104 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 01 /1 9 Unidade IV Lembrete O parâmetro k mostrado anteriormente é idêntico ao parâmetro ω da solução do MHS. Comoa equação diferencial é da forma da equação do MHS, a solução para o poço tem a mesma forma da solução para o MHS: funções senos e cossenos. Assim: ψ(x) = Asenkx + Bcoskx (eq. 4.27) onde A e B são constantes de integração. Para determinar os valores das constantes de integração, devemos aplicar as condições de contorno dadas pela equação: Para ψ(0) = 0 → Asenk0 + Bcosk0 = 0 → B = 0 Então, a função de onda passa a ser: ψ(x) = Asenkx (eq. 4.28) Para a condição: ( ) n n n. L 0 AsenkL 0 k L n. k , n 1;2;3; L π ψ = → = → = π→ = = (eq. 4.29) Observe que os valores de ω são quantizados, ou seja, múltiplos de um dado valor 1k L π = . Essa condição para os valores de k levam à quantização da energia da partícula dentro do poço, pois: 2 2 2 n n n2 2 n. 2mE n. n k E L L 2mL π π π = → = → = (eq. 4.30) Observe que: 2 2 1 2E 2mL π = ; 2 2 2 2 2 12E 2 . 2 .E2mL π = = ; 2 2 2 2 3 12E 3 . 3 .E2mL π = = e 2 2 2 2 n n 12E n . E n .E2mL π = → = (eq. 4.31) 105 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 01 /1 9 FÍSICA MODERNA Segue o diagrama de energias para o poço quadrado infinito: 25E1 Energia 5 n En = n 2E1 V → ∞ 16E1 4 9E1 3 4E1 2 1E1 0 V = 0 L x E mL 1 2 2 22 = p Figura 28 – Níveis de energia quantizados para o poço de potencial infinito Para as autofunções, com os valores de ω determinados pelas condições de contorno, podemos escrever: ( ) n.x Asen x, n 1;2;3; . L π ψ = = … (eq. 4.32) Precisamos determinar a constante de normalização “A”, assim: ( ) ( ) L * 0 n. n. x . x dx Asen x . Asen x dx L L +∞ −∞ π π ψ ψ = →∫ ∫ L L2 2 2 2 0 0 n . n . A sen x dx 1 A sen x dx 1 L L π π = → = ∫ ∫ 106 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 01 /1 9 Unidade IV esta integral deverá ser calculada usando transformações trigonométricas: 2 2L L L2 0 0 0 2 x 1 cos A A 2 xLA dx 1 dx cos dx 1 2 2 2 L π − π → = → − = → ∫ ∫ ∫ determinando as integrais, a primeira: 2 2L 0 A A L dx 2 2 =∫ e a segunda: 2 2L L 00 A 2 x A L 2 x cos dx . sen I 0 2 L 2 2 L π π = = π∫ Assim: 2A L 2 1 A 2 L = → = (eq. 4.33) Saiba mais As transformações trigonométricas são técnicas de integração. Veja o livro: SWOKOWSKI, E. W. Cálculo com geometria analítica – volume 1. Rio de Janeiro: McGraw‑Hill, 1995. A constante de normalização permite escrever as autofunções que são as soluções da equação de Schrödinger para o poço de potencial infinito. Essas autofunções são então escritas como: ( )n 2 n. x sen x L L π ψ = , n = 1; 2; 3; (eq. 4.34) O número quântico “n” (inteiro) especifica a autofunção de onda e a sua energia correspondente. A seguir exibiremos algumas dessas autofunções e as respectivas densidades de probabilidade. 107 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 01 /1 9 FÍSICA MODERNA 0 0 0 0 2/L√2/L √2/L √2/L 2/L 2/L 0 0 L/3 L/2 L/3 L/2 2L/3 2L/3L L L L L L x x x x x x ψ 3 ψ 2 ψ 1 ψ2 3 ψ2 2 ψ2 1 Figura 29 – Autofunções para o poço de potencial infinito Exemplo 1: Elétron viajando em um fio. Um elétron viajando em um fio de metal é uma aproximação para uma partícula em um poço infinito de potencial, pois o potencial no interior do fio é constante (que pode ser colocado como zero), mas aumenta bruscamente nas extremidades. Suponha que o fio tenha 3,0 cm de comprimento. Determine: • A energia no estado fundamental desse elétron. • Se a energia desse elétron for igual à energia cinética média das moléculas em um gás à temperatura de T= 1000 K, aproximadamente 0,1 eV, qual será o número quântico associado? Resolução: a) A energia do estado fundamental é dada pela equação: ( ) ( ) ( ) 22 342 2 34 15 1 2 31 2 1,055.10 E 2,01.10 J 1,25.10 eV 2mL 2. 9,11.10 3.10 − − − − − ππ = = = = b) Relacionando a energia do n‑ésimo estado com a do fundamental: 2 2 2 13 6n n 1 15 1 E 0,1 E n E n n 8.10 n 8,9.10 E 1,25.10− = → = → = = → = 108 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 01 /1 9 Unidade IV Exemplo 2: Probabilidades de encontrar o elétron em dada região Imagine que a posição do elétron em um fio de metal possa ser medida. Considerando que o elétron em um fio se encontra em um poço de potencial infinito no estado fundamental, e que o tamanho do fio é de L = 4,0 cm, qual a probabilidade de uma medida encontrar esse elétron confinado na região 0 < x < L/4? Resolução: a autofunção de uma partícula em uma caixa de potencial infinito é dada por: ( )n 2 n. x sen x L L π ψ = , n = 1; 2; 3; para o estado fundamental n= 1, logo: ( )1 2 x sen x L L π ψ = e a probabilidade de o elétron ser encontrado na região 0 < x < L/4 será: ( ) ( )L/4 L/4 L/4* 2 0 0 0 2 2 2 P x . x dx sen x . sen x dx sen x dx L L L L L L π π π = ψ ψ = =∫ ∫ ∫ a resolução da integral leva a: 2 x Lsen 2 x 2 1LP 0,09 9%4 2L 4 8 40 π π π = − = − ≅ ≅ π π Esse resultado significa que se repetidas vezes medirmos a posição do elétron nessa região, ele será encontrado lá em aproximadamente 9% das vezes. Exemplo 3: Elétron em uma caixa do tamanho de um átomo. Qual seria a energia do estado fundamental para um elétron preso a uma caixa de potencial infinito que possua a dimensão de 1,0 D? Resolução: usamos a expressão que permite obter a energia do n‑ésimo estado do elétron em uma caixa de potencial infinito: ( ) ( ) ( ) 22 342 2 1 2 31 10 1,055.10 E 38eV 2mL 2. 9,11.10 1.10 − − − ππ = = ≅ 109 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 01 /1 9 FÍSICA MODERNA 8.1 O degrau de potencial Consideremos uma partícula submetida a uma energia potencial do tipo função degrau. Tal função está matematicamente descrita a seguir: ( ) 0 0, x 0 V x V ; x 0 < = > (eq. 4.35) Graficamente esse potencial pode ser visto na sequência: V0 0 x V(x) Figura 30 – Energia potencial na forma de um degrau Temos duas possibilidades para a energia total da partícula. A primeira delas está mostrada a seguir. A energia total da partícula é menor que a energia do degrau. Energias E 0 x V(x) = 0 V(x) = V0 Figura 31 – Energia total menor que a energia potencial no degrau Imaginemos que a partícula esteja se movendo na região em que x<0 em direção a x=0, na qual o potencial muda abruptamente. Classicamente na região x < 0, a partícula possui a velocidade v dada por: 2E v m = (eq. 4.36) 110 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 01 /1 9 Unidade IV Em x = 0, por causa da mudança do potencial, a partícula sofre um impulso que tende a diminuir a sua velocidade. Geralmente como a energia total é menor que a energia potencial, a partícula não poderia entrar nessa região. A mudança abrupta do potencial daria à partícula uma força que a impulsionaria de volta. Para a Mecânica Quântica, temos que encontrar a solução da equação de Schrödinger para E < V0 nas duas regiões. Para a região x < 0, temos a equação: ( ) ( ) 22 2 d x E. x 2m dx ψ− = ψ (eq. 4.37) Para a região x>0, temos a equação: ( ) ( ) ( ) 22 02 d x V . x E. x 2m dx ψ− + ψ = ψ (eq. 4.38) As equações são resolvidas de forma separadas. Para a região x < 0, a solução da equação é dada na forma de funções harmônicas que podem ser escritas como funções exponenciais complexas: ( ) ik x ik x1 11 1 2mE x Ae Be ; k−ψ = + = (eq. 4.39) Consideremos a solução para a região x > 0. Ela não poderá ser do tipo funções harmônicas, uma vez que essa espécie de solução está relacionada ao fato de E > V0, o que não é verdade nesse região. Para esta região, a solução é do tipo função exponencial, como: ( ) ( )0k x k x2 22 2 2m V E x Ce De ; k− − ψ = + = (eq. 4.40) Analisemos o comportamento das duas soluções para as duas regiões: Para x → +∞ (x > 0), a função de onda deve tender a zero, por causa dessa condição, a constante C deve ser nula (C=0), assim teremos: ( ) ( )0k x22 2 2m V E x De ; − − ψ = ω = (eq. 4.41) 111 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 01 /1 9 FÍSICA MODERNA Para a continuidade, temos que estudar o comportamento da função de onda e de sua primeira derivada em x = 0. Logo: ψ1(0) = ψ2(0) → D = A + B (eq. 4.42) Para a continuidade da derivada da função, teremos: � � �� �k De ik Ae ik Bek x ik x ik x2 2 1 1 1 1 (eq. 4.43) Para x=0, implica: 2 1 ik D A B k = − (eq. 4.44) Resolvendo o sistema de equações formado pelas equações em função do parâmetro D, escrevemos: 2 1 D ik A 1 2 k = + e 2 1 D ik B 1 2 k = − (eq. 4.45) O valor da constante D que especifica o valor da constante A e B pode ser determinada pela condição de normalização. No entanto, para determinarmos o valor de grandezas mensuráveis, não precisamos especificar o valor de D. Para a região x < 0, temos uma onda harmônica se propagando em sentido da posição x = 0 (como se a partícula se encaminhasse para essa posição) e outro termo relacionado a uma onda harmônica se propagando no sentido de x decrescente (como se a partícula tivesse sido refletida na barreira de potencial). Definamos o coeficiente de reflexão como sendo a razão da amplitude das ondas refletidas pela amplitude das ondas incidentes, assim: 2 * 2 * B B B R A AA = = (eq. 4.46) Substituindo os valores de A e B definidos na equação teremos que para a condição E < V0 o coeficiente de reflexão será: R = 1 (eq. 4.47) Isso significa que uma partícula incidente sobre o degrau de potencial, com energia menor do que a altura do degrau, tem probabilidade igual a um de ser refletida (ou seja, é sempre refletida). Essa afirmação é compatível com as ideias da Física Clássica. 112 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 01 /1 9 Unidade IV No entanto, o caso quântico prevê um fenômeno que é impossível de acontecer classicamente. Nem todas as partículas serão refletidas exatamente em x=0. Ocorre o fenômeno de penetração da região classicamente proibida. É importante entendermos que a penetração não significa que a partícula seja mantida na região classicamente proibida. A função de onda para essa situação é exibida na sequência: 0 x ψ(x) Figura 32 – A função de onda que penetra na região x>0 é uma exponencial decrescente A segunda possibilidade é mostrada a seguir. Energias E 0 x V(x) = 0 V(x) = V0 V0 Figura 33 – Energia maior que a altura do degrau V0 Classicamente uma partícula vinda da região x < 0 com energia E maior que o degrau V0 localizado em x = 0 sofrerá uma redução de velocidade, no entanto, continuará o seu movimento. O potencial degrau apenas atua com um impulso que muda a quantidade de movimento. Mas o que acontece em termos quânticos? Se a energia E não for muito maior que V0, a partícula poderá sofrer uma reflexão com a mudança abrupta de potencial, mesmo na situação que possua energia suficiente para ultrapassar o degrau e ir em direção à região x > 0. 113 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 01 /1 9 FÍSICA MODERNA Para obtermos a solução quântica, precisamos novamente resolver a equação de Schrödinger para as duas regiões: • para a região x < 0, temos a equação: ( ) ( ) 22 2 d x E. x 2m dx ψ− = ψ (eq. 4.48) • para a região x > 0, temos a equação: ( ) ( ) ( ) 22 02 d x E V . x 2m dx ψ− = − ψ (eq. 4.49) A solução da equação é como visto no primeiro caso: ( ) ik x ik x1 11 1 2mE x Ae Be ; k−ψ = + = (eq. 4.50) A solução para a segunda equação tem a mesma forma da primeira. Para isso, basta imaginar que no segundo caso houve uma diminuição da energia de E para E ‑ V0, mas continua sendo uma energia. Assim: ( ) ( )0ik x ik x2 22 2 2m E V x Ce De ; k− − ψ = + = (eq. 4.51) As constantes k1 e k2 podem ser entendidas como: 1 1 2mE p k = = e ( )0 2 2 2m E V p k − = = (eq. 4.52) Essas constantes permitem compreender as funções de onda que são as soluções da equação de Schrödinger como duas ondas que se propagam com os comprimentos de onda: 1 1 h (x 0) p λ = < e 2 2 h (x 0) p λ = > (eq. 4.53) Poderíamos então entender que, devido às propriedades ondulatórias da função de onda associada à partícula, há certa chance de ela ser refletida na posição x = 0, onde houve a mudança abrupta de potencial. Classicamente, esse efeito é impossível. Para determinarmos as constantes, lembremos que em ψ2(x) o termo De ‑ik2x refere‑se a uma onda se propagando no sentido de x decrescente. Entretanto, como a partícula incide no sentido de x crescente e a reflexão pode ocorrer em x=0, não existe motivo físico para essa propagação, assim D = 0. 114 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 01 /1 9 Unidade IV Para a condição de continuidade de ψ(x) em x=0, temos: ψ1(0) = ψ2(0) → A + B = C (eq. 4.54) E, para a continuidade da derivada de ψ(x) em x=0: ik1A ‑ ik1B = ik2C → k1(A ‑ B) = k2C (eq. 4.55) Resolvendo o sistema de equações algébricas (4.54 e 4.55): 1 2 1 2 k k B A k k − = + e 1 1 2 2k C A k k = + onde as constantes B (da parte refletida) e C (da parte transmitida) estão em função da constante A (da parte incidente). O coeficiente de reflexão, que mede a probabilidade de que a partícula seja refletida pelo degrau no potencial, é: 22 * 1 2 2 * 1 2 B B B k k R k kA AA − = = = + (eq.4.56) Essa expressão mostra algo surpreendente: R não é igual a zero. Assim, mesmo que classicamente a probabilidade de a partícula ser refletida pelo degrau de potencial seja nula, ela não é nula quanticamente. A probabilidade de a partícula ser transmitida define o coeficiente de transmissão. Ele é calculado como: ( ) 2 2 1 2 2 2 1 1 2 k C 4k k T k A k k = = + (eq. 4.57) Somando‑se as equações temos que: T + R = 1 (eq. 4.58) Essa situação em que uma partícula pode ser refletida por um degrau em potencial mesmo tendo uma energia maior é encontrada em células fotoelétricas. Nelas, o elétron que recebeu energia do fóton incidente na célula e que está tentando sair da superfície pode ser refletido e não escapar. Essa condição é válida quando a energia E não é muito maior que a altura do degrau V0. 115 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 01 /1 9 FÍSICA MODERNA 8.2 A barreira de potencial Para a barreira de potencialmostrada na sequência, temos: ( ) 0 V ; 0 x V x 0; x 0 e x < < α = < > α (eq. 4.59) Energias E 0 x V(x) = 0V(x) = 0 V(x) = V0 Figura 34 – Barreira de potencial com energia E da partícula menor que a altura do degrau Classicamente, quando uma partícula provém da região x < 0 em direção à origem, por possuir uma energia E menor que a altura do degrau V0, sofrerá um impulso que faz com que a partícula seja refletida. Em termos quânticos, o comportamento será bem diferente. Para entendermos o que acontece, temos que resolver a equação de Schrödinger para as regiões: • para x < 0 ( ) ( ) 22 2 d x E. x 2m dx ψ− = ψ (eq. 4.60) • para 0 < x < a ( ) ( ) ( ) 22 02 d x V . x E. x 2m dx ψ− + ψ = ψ (eq. 4.61) • para x > a ( ) ( ) 22 2 d x E. x 2m dx ψ− = ψ (eq. 4.62) Por comparação com os resultados anteriores, teremos as soluções: ( ) ik x ik x1 11 1 2mE x Ae Be ; k −ψ = + = ; para x < 0 (eq. 4.63) ( ) ( )0k x k x2 22 2 2m E V x Ce De ; k− − ψ = + = ; para 0 < x < a (eq. 4.64) ( ) ik x ik x1 13 1 2mE x Fe Ge ; k−ψ = + = ; x > a (eq. 4.65) 116 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 01 /1 9 Unidade IV Para determinarmos as constantes, lembremos que G=0. O valor de A dependerá da intensidade do feixe original e as outras constantes: B, C, D e F podem ser estabelecidas novamente pelas condições de contorno. Vamos apenas nos preocupar com os aspectos físicos interessantes dessa situação física. Como dentro da barreira a função de onda cai exponencialmente, se a largura da barreira for tal que esse decaimento não leve à anulação, existe uma probabilidade de que a função de onda possa atravessar a barreira. Assim, a partícula associada à função de onda pode vir a atravessar a barreira e ser encontrada do outro lado, mesmo que classicamente não houvesse a possibilidade de ela atravessar essa barreira. Esse fenômeno, exclusivamente quântico, é conhecido como efeito túnel. Matematicamente podemos escrever o coeficiente de transmissão da região x < 0 para a região x > a como: 1 2 2 2 2 0 0 F senh k a T 1 E EA 4. 1 V V − = = + − (eq. 4.66) O efeito túnel é usado em um microscópio chamado de microscópio de tunelamento. Nesse microscópio, uma diferença de potencial é aplicada entre a agulha e a amostra. O espaço vazio entre eles funciona como uma barreira de potencial. Essa tensão elétrica faz com que os elétrons atravessem o espaço vazio (barreira) por tunelamento. Esses elétrons constituem uma corrente de tunelamento. Para que essa corrente permaneça constante, a distância entre a agulha e a amostra deve ser ajustada por movimentos verticais. Assim, é possível realizar uma topografia da amostra com resolução em nível atômico. A função de onda relacionada a uma barreira de potencial é mostrada a seguir: 0 ψ(x) a x Figura 35 – Função de onda relacionada a uma partícula com energia E que penetra uma barreira de potencial com degrau V0 para E < V0 117 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 01 /1 9 FÍSICA MODERNA 8.3 Valores esperados e operadores Na mecânica quântica, a função de onda solução da equação de Schrödinger está relacionada à densidade de probabilidade. Assim, não podemos afirmar (como fazemos classicamente), por exemplo, sobre a posição de uma partícula, mas a respeito de a probabilidade de um certo valor ser encontrado ao fazermos uma medida da posição dessa partícula. Portanto, o valor esperado da medida de posição é o valor médio que esperamos obter ao realizarmos diversas medidas para um número grande de partículas descritas pela mesma função de onda. De forma geral, podemos escrever o valor esperado de qualquer função f(x) como: ( ) ( ) ( )*f x x f x dx+∞ −∞ < >= ψ ψ∫ (eq. 4.67) Como a função de onda contém informações a respeito do comportamento quântico da partícula, precisamos, a partir da função de onda, extrair informações de grandezas mensuráveis associadas à partícula. Para isso, definimos o que é chamado de operador. O operador é, como o nome diz, uma operação que deve ser feita na função de onda e representa a grandeza física observável. Por exemplo, o operador para o momento linear é: p i x ˆ ∂ = − ∂ (eq. 4.68) Logo, para calcular o valor esperado do momento linear de uma partícula, devemos “operar” na função de onda da seguinte forma: ( )*p x i dx x +∞ −∞ ∂ < >= ψ − ψ → ∂ ∫ ( )( ) ( )* *p x i dx i x dx x x +∞ +∞ −∞ −∞ ∂ψ ∂ψ →< >= ψ − = − ψ ∂ ∂∫ ∫ (eq. 4.69) A seguir veremos os operadores da mecânica quântica que representam algumas grandezas físicas. 118 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 01 /1 9 Unidade IV Tabela 1 – Alguns operadores de mecânica quântica Símbolo Grandeza Operador f(x) Qualquer função de x, como posição x ou a energia potencial V(x) f(x) px Componente x do momento i x ∂ − ∂ py Componente y do momento i y ∂ − ∂ pz Componente z do momento i z ∂ − ∂ Ec Energia cinética 2 2 22m x − ∂ ∂ H Hamiltoniano (Energia total) dependente do tempo i t ∂ ∂ H Hamiltoniano (Energia total) independentemente do tempo ( ) 2 2 2 V x2m x − ∂ + ∂ Exemplo 1: Valor esperado do momento linear Considere a função de onda do poço de potencial infinito no estado fundamental (n=1). Determine o valor esperado do momento linear. Resolução: precisamos resolver a integral: ( )*p x i dx x +∞ −∞ ∂ = ψ − ψ ∂ ∫ ; onde a função de onda para o poço de potencial infinito é dada por ( )1 2 x x sen L L π ψ = Assim teremos: L L 0 0 2 x 2 x 2i x x p sen i sen dx sen .cos dx L L x L L L L L L π ∂ π − π π π < >= − = → ∂ ∫ ∫ L 2 0 2i x x p sen .cos dx 0 L LL − π π π →< > = = ∫ 119 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 01 /1 9 FÍSICA MODERNA Observe que o valor esperado do momento linear para a partícula em uma caixa é nulo, mas por quê? Como para esse estado a partícula possui probabilidade igual de se mover para a esquerda e para a direita, o momento médio é nulo. Exemplo 2: Valor esperado da energia cinética Considere a função de onda do poço de potencial infinito no estado fundamental (n=1). Determine o valor esperado da energia cinética da partícula nesse estado. Resolução: precisamos resolver a integral: ( ) 2 2 * 2 p x dx 2m x +∞ −∞ − ∂ < > = ψ ψ ∂ ∫ ; onde a função de onda para o poço de potencial infinito é dada por ( )1 2 x x sen L L π ψ = . Nesse caso, antes de efetuarmos a integral, vamos atuar com o operador na função de onda, ou seja: ( ) 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 x 2 x sen . sen . x 2m L L 2m L L 2mx L L − ∂ π − π π π = − = ψ ∂ agora, substituindo esse resultado na integral do valor esperado: ( ) ( ) ( ) ( ) 2 2 2 2 2 2 * * 2 2 2 p x . x dx . x x dx . 2m 2m 2mL L L +∞ +∞ −∞ −∞ π π π < > = ψ ψ = ψ ψ =∫ ∫ Saiba mais Para aprender como resolver a equação de Schrödinger em outros tipos de potenciais, veja o seguinte artigo: RODRIGUES, L. R. Mecânica quântica na descrição de Schrödinger. Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 19, n. 1, mar. 1997. Disponível em: <http://www.sbfisica.org.br/rbef/pdf/v19_68.pdf>.Acesso em: 16 jan. 2019. 120 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 01 /1 9 Unidade IV Resumo A equação de Schrödinger, apesar de sua origem ser postulada, é uma equação diferencial de segunda ordem na coordenada de posição e de primeira ordem em relação ao tempo que permite descrever o comportamento quântico da natureza. Ela descreve o comportamento da função de onda. Essa função de onda que é a solução da equação de Schrödinger determina, segundo a interpretação de Copenhagen, a densidade de probabilidade. Para sistemas quânticos em que a energia potencial não dependa explicitamente do tempo, a equação de Schrödinger pode ser separada em duas equações diferenciais: uma de segunda ordem que depende apenas da coordenada de posição e outra de primeira ordem que depende apenas do tempo. A constante de separação dessas equações é a energia total do sistema quântico. Na equação de Schrödinger para cada grandeza física observável temos associado um operador, que é uma operação matemática na função de onda. Esse operador permite determinar o valor esperado dessa grandeza. As soluções da equação de Schrödinger para o poço de potencial e o potencial infinito levam à quantização de energia. Exercícios Questão 1. Sabe‑se que a energia de um elétron no estado fundamental é 2 2 1 2E 2mL π = e que a energia em qualquer outro estado é determinada por En = n 2E1. Considere que um elétron está viajando em um fio de metal de 40 mm de comprimento e a ele foi relacionado o número quântico de 3,3 . 106. A energia desse elétron nessa situação é: A) 0,01eV. B) 0,1eV. C) 1eV. 121 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 01 /1 9 FÍSICA MODERNA D) 0,02eV. E) 0,04eV. Resposta correta: alternativa A. Análise das alternativas A) Alternativa correta. Justificativa: as energias em cada estado estacionário são determinadas por: ( ) ( ) ( ) 22 342 2 34 15 1 2 31 2 1,055.10 E 1,51.10 J 0,94.10 eV 2mL 2. 9,11.10 4.10 − − − − − ππ = = = = Em um estado quântico n, a energia é En = n 2E1 → En = (3,3 . 10 6)2 . 0,94 . 10‑15 eV → En = 0,01eV. B) Alternativa incorreta. Justificativa: esse é o valor da energia se o número quântico for 1,03 . 107. C) Alternativa incorreta. Justificativa: esse é o valor da energia se o número quântico for 3,26 . 107. D) Alternativa incorreta. Justificativa: esse é o valor da energia se o número quântico for 4,61 . 106. E) Alternativa incorreta. Justificativa: esse é o valor da energia se o número quântico for 6,52 . 106. Questão 2. Sabe‑se que a energia de um elétron no estado fundamental é 2 2 1 2E 2mL π = e que a energia em qualquer outro estado é determinada por En = n 2E1. Considere que uma partícula esteja no nível fundamental em um fio que se encontra em um poço de potencial infinito no estado fundamental e, que o tamanho do fio seja 50 mm. A probabilidade de se encontrar a partícula na região compreendida entre 25 mm e 50 mm é: 122 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 01 /1 9 Unidade IV A) 9%. B) 50%. C) 41%. D) 1,25%. E) 60,3%. Resolução desta questão na plataforma. 123 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 01 /1 9 FIGURAS E ILUSTRAÇÕES Figura 1 HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física. 9. ed. v. 4. Rio de Janeiro: Gen‑LTC, 2009. p. 412. Figura 2 RAMALHO, F. R; FERRARO, N. G. SOARES, P. A. T. Os fundamentos da física, vol. 3. 8. ed. São Paulo: Moderna, 2003. p. 414. Figura 3 TIPLER, P. A.; LLEWELLYN, R. Física Moderna. Rio de Janeiro: Gen‑LTC, 2006. p. 14. Figura 4 HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física. 9. ed. v. 4. Rio de Janeiro: Gen‑LTC, 2009. p. 152. Figura 5 HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física. 9. ed. v. 4. Rio de Janeiro: Gen‑LTC, 2009. p. 152. Figura 7 TIPLER, P. A.; LLEWELLYN, R. Física Moderna. Rio de Janeiro: Gen‑LTC, 2006, p. 84. Figura 10 OBJETIVO. Caderno de Física. Rio de Janeiro: Galileu, [s.d.]. p. 132. v. 3. Figura 13 OBJETIVO. Caderno de Física. Rio de Janeiro: Galileu, [s.d.]. p. 94. v. 3. Figura 24 TIPLER, P. A.; LLEWELLYN, R. Física Moderna. Rio de Janeiro: Gen‑LTC, 2006, p. 183. 124 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 01 /1 9 Figura 25 TIPLER, P. A.; LLEWELLYN, R. Física Moderna. Rio de Janeiro: Gen‑LTC, 2006. p. 183. Figura 26 EISBERG, R.; RESNICK, R. Física quântica – átomos, moléculas, sólidos, núcleos e partículas. Rio de Janeiro: Elsevier, 1979. p. 99. Figura 27 TIPLER, P. A.; LLEWELLYN, R. Física Moderna. Rio de Janeiro: Gen‑LTC, 2006. Adaptada. Figura 28 TIPLER, P. A.; LLEWELLYN, R. Física Moderna. Rio de Janeiro: Gen‑LTC, 2006, p. 159. Figura 29 TIPLER, P. A.; LLEWELLYN, R. Física Moderna. Rio de Janeiro: Gen‑LTC, 2006, p. 159. Figura 32 TIPLER, P. A.; LLEWELLYN, R. Física Moderna. Rio de Janeiro: Gen‑LTC, 2006, p. 174. Figura 35 TIPLER, P. A.; LLEWELLYN, R. Física Moderna. Rio de Janeiro: Gen‑LTC, 2006, p. 176. REFERÊNCIAS Textuais ABREGO, J. R. B. Montagem de um conjunto experimental destinado à verificação do princípio da incerteza de Heisenberg. Revista Brasileira de Ensino de Física, São José do Rio Preto, v. 35, n. 3, p. 3.312, 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbef/v35n3/a12v35n3.pdf>. Acesso em: 20 dez. 2018. BARROS, M. A.; BASTOS, H. F. B. N. Investigando o uso do ciclo da experiência kellyana na compreensão do conceito de difração de elétrons. Caderno Brasileiro de Ensino de Físico, Santa Catarina, v. 24, n. 1, p. 26‑49, abr. 2007. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/fisica/article/view/1549/12757>. Acesso em: 20 dez. 2018. BRAGA, J. P. Os cem anos do átomo de Sommerfeld. 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Uma nova luz sobre o conceito de fóton: para além de imagens esquizofrênicas. Revista Brasileira de Ensino de Física, Feira de Santana, v. 37, n. 4, p. 4.204, 2015. Disponível em: <http://www. scielo.br/pdf/rbef/v37n4/0102‑4744‑rbef‑37‑4‑4204.pdf>. Acesso em: 4 dez. 2018. SILVA, I.; FREIRE JÚNIOR, O. A descoberta do efeito Compton: de uma abordagem semiclássica a uma abordagem quântica. Revista Brasileira de Ensino de Física, Feira de Santana, v. 36, n. 1, p. 1.601, 2014. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbef/v36n1/26.pdf>. Acesso em: 6 dez. 2018. SILVA, I.; FREIRE JÚNIOR, O.; SILVA, A. P. B. O modelo do grande elétron: o background clássico do efeito Compton. Revista Brasileira de Ensino de Física, Feira de Santana, v. 33, n. 4, p. 4.601, 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbef/v33n4/19.pdf>. Acesso em: 6 dez. 2018. SWOKOWSKI, E. W. Cálculo com geometria analítica. Rio de Janeiro: McGraw‑Hill, 1995. v. 1. TENFEN, D. N.; TENFEN, W. O modelo atômico de Bohr e as suas limitações na interpretação do espectro do átomo de hélio. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, Realeza, v. 34, n. 1, p. 217‑235, abr. 2017. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/fisica/article/view/2175‑7941.2017v34n 1p216/34014>. Acesso em: 7 dez. 2018. TIPLER, P. A.; LLEWELLYN, R. Física Moderna. Rio de Janeiro: Gen‑LTC, 2006. Exercícios Unidade III – Questão 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA (UFSC). Concurso Vestibular 2004: Física, História, Língua Estrangeira, Língua Portuguesa e Literatura Brasileira e Redação. Questão 10. Disponível em: <http://fisicaevestibular.com.br/novo/fisica‑moderna/efeito‑fotoeletrico‑2/ exercicios‑de‑vestibulares‑com‑resolucao‑comentada‑sobre‑efeito‑fotoeletrico/>. Acesso em: 16 jan. 2019. 127 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 01 /1 9 128 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 01 /1 9 Informações: www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000
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