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Prof. Dr. Joares Junior UNIDADE I Física Moderna Um dos primeiros a propor que os fenômenos físicos são relativos aos sistemas de referência foi Galileu. Relatividade Galileana Relatividade Clássica – Transformada de Galileu Fonte: Do autor. Na figura, o observador no solo diz que o passageiro do ônibus está em movimento, mas o motorista diz que ele está em repouso. Quem está com a razão? Os dois, as duas afirmações são igualmente válidas. A descrição de um fenômeno físico é relativa, porque depende do referencial escolhido (relatividade). Mas o que significa a relatividade de Galileu? Fonte: RAMALHO, F. R; FERRARO, N. G. SOARES, P. A. T. Os fundamentos da física, vol. 1. 8. ed. São Paulo: Moderna, 2003. p. 15 Se a luz fosse uma onda eletromagnética, como oscilações do “éter”, movendo-se com velocidade “c” em relação ao éter, deveria, de acordo com a transformação Galileana de velocidades, propagar-se com velocidade: c’=c+v em relação a um referencial que estivesse se movendo com velocidade v em relação ao éter. Mas e a luz? Fonte: RAMALHO, F. R; FERRARO, N. G. SOARES, P. A. T. Os fundamentos da física, vol. 1. 8. ed. São Paulo: Moderna, 2003. p. 15 Lâmpada Observador Estação De uma maneira bem sucinta, temos uma fonte que emite um feixe de luz concentrado, o qual é dividido em dois, no divisor de feixe. Eles seguem direções perpendiculares, onde são refletidos por espelhos, chegando ao detector. Se existisse o éter, haveria uma diferença no tempo de percurso dos feixes. Experimento de Michelson-Morley Fonte: TIPLER, P. A.; LLEWELLYN, R. Física Moderna. Rio de Janeiro: Gen-LTC, 2006, p. 9. Entretanto, observou-se que não! A partir disso, desprezou-se a ideia da existência do éter. Experimento de Michelson-Morley Fonte: TIPLER, P. A.; LLEWELLYN, R. Física Moderna. Rio de Janeiro: Gen-LTC, 2006, p. 9. Postulado 1: “As Leis da Física são as mesmas em todos os referenciais inerciais”. Não existe um referencial inercial privilegiado (referencial absoluto). Postulado 2: “A velocidade da luz no vácuo tem o mesmo valor c em todas as direções e em todos os referenciais inerciais, qualquer que seja o movimento da fonte”. A velocidade da luz é independente da velocidade da fonte. Esta é a velocidade máxima com que qualquer tipo de informação pode ser transmitida. Os postulados de Einstein Einstein teria de alterar a transformação de Galileu e a noção de tempo e espaço. A noção de tempo e espaço está ligada ao conceito de evento. Um evento é algo que ocorre e ao qual se atribui uma posição (espaço) e um instante (tempo). Diferentes observadores atribuem diferentes posições e instantes a um mesmo evento. Espaço e tempo são interligados. Os postulados de Einstein Para descrever o Espaço-Tempo seria necessária uma rede tridimensional com réguas (paralelas aos eixos coordenados) e relógios em cada vértice. Eventos Fonte: Livro-texto. y z x O que seria o tempo? Para Galileu: os eventos ocorreriam de modo sucessivo. Alguns deles pareciam ser periódicos (pêndulo simples), e eram utilizados como “relógios”. Para Einstein: o único conceito físico real envolvido na nossa noção intuitiva de tempo era o de simultaneidade: “Todos os nossos julgamentos com respeito ao tempo são sempre julgamentos sobre eventos simultâneos. Se eu afirmo: ‘Um trem chega aqui às 9 horas’, estou querendo dizer algo como: ‘Os ponteiros do meu relógio indicarem 9 horas e o trem chegar aqui são eventos simultâneos’.” Tempo. Simultaneidade Dois eventos que são simultâneos em um referencial não são simultâneos em nenhum outro referencial que esteja em movimento em relação ao primeiro. Uma consequência dessa afirmação é: dois relógios que estão sincronizados em um referencial não estão em nenhum outro referencial inercial que esteja em movimento em relação ao primeiro. De outra forma: a simultaneidade não é um conceito absoluto, mas sim relativo, que depende do movimento do observador. Dois observadores em movimento relativo, em geral, não concordam quanto à simultaneidade de dois eventos. Relatividade da simultaneidade Dois observadores, João e Maria, que estão em naves (referenciais inerciais diferentes), estão parados nos centros de suas naves, a velocidade da nave de Maria em relação à de João é v. As naves são atingidas por dois meteoritos, um produz um clarão vermelho (evento vermelho) e o outro um clarão azul (evento azul). O que João e Maria dizem sobre a simultaneidade dos eventos? Um exemplo da relatividade da simultaneidade Um exemplo da relatividade da simultaneidade Fonte: HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física. 9. ed. v. 4. Rio de Janeiro: Gen-LTC, 2009. p. 151. Maria detecta o evento vermelho Maria detecta o evento azul Evento azul Evento vermelho João detecta os dois eventos Segundo se conta, desde a adolescência, Einstein refletia sobre algumas questões para as quais as respostas dadas pela Física de sua época não o satisfaziam. Uma delas ficou conhecida como “espelho de Einstein”. A situação era a seguinte: se uma pessoa pudesse viajar com a velocidade da luz, segurando um espelho à sua frente, não poderia ver a sua imagem, pois a luz que emergisse da pessoa nunca atingiria o espelho. Para Einstein, essa era uma situação tão estranha que deveria haver algum princípio ou lei física ainda desconhecida que a “impedisse” de ocorrer. Mais tarde, a Teoria da Relatividade Restrita, formulada pelo próprio Einstein, mostrou que essa situação seria: Interatividade a) Impossível, porque a velocidade da luz que emerge da pessoa e se reflete no espelho não depende da velocidade da pessoa, nem da velocidade do espelho. b) Impossível, porque a luz refletida pelo espelho jamais poderia retornar ao observador, estando no mesmo referencial. c) Impossível, porque estando à velocidade da luz, a distância entre a pessoa e o espelho se reduziria a zero, tornando os dois corpos indistinguíveis entre si. d) Possível, pois a pessoa e o espelho estariam no mesmo referencial e, nesse caso, seriam válidas as leis da física clássica que admitem essa situação. e) Possível, porque a luz é composta de fótons que, nesse caso, permanecem em repouso em relação à pessoa, e, logo, nunca poderiam atingir o espelho. Interatividade ... a situação era a seguinte: se uma pessoa pudesse viajar com a velocidade da luz, segurando um espelho à sua frente, não poderia ver a sua imagem, pois a luz que emergisse da pessoa nunca atingiria o espelho. Para Einstein, essa era uma situação tão estranha que deveria haver algum princípio ou lei física ainda desconhecida que a “impedisse” de ocorrer. Mais tarde, a Teoria da Relatividade Restrita, formulada pelo próprio Einstein, mostrou que essa situação seria: a) Impossível, porque a velocidade da luz que emerge da pessoa e se reflete no espelho não depende da velocidade da pessoa, nem da velocidade do espelho. De acordo com o segundo postulado: “A velocidade da luz no vácuo tem o mesmo valor c em todas as direções e em todos os referenciais inerciais, qualquer que seja o movimento da fonte”. Resposta Considere a seguinte experiência mental: “Júlia está em um trem, com ela há um relógio, uma lanterna, um detector e um espelho. Esse trem move-se com uma velocidade v (para a observadora Francine, parada na estação). Vamos supor que os trilhos sejam horizontais. Júlia fixa o espelho no teto do trem. Esse teto está a uma altura h da posição de Júlia. Assim, ao ligar sua lanterna, dirigindo o raio de luz para o espelho, esse raio emitido reflete no espelho eé detectado no mesmo local”. Relatividade do intervalo de tempo. Dilatação temporal Como os dois eventos (a emissão do raio e sua detecção na volta) ocorrem no mesmo local, Júlia precisaria do nosso sistema tridimensional (espaço) e temporal de um único relógio. Relatividade do intervalo de tempo. Dilatação temporal Espelho Evento 1 Evento 2 M B H C C Fonte: Livro-texto. Agora, pensemos como os dois eventos seriam medidos por Francine, que ficou parada na estação (lembre-se que Júlia e todo o seu experimento estavam a bordo de um trem com velocidade v). Como todo o experimento se move com o trem, o percurso do pulso luminoso será dado pela composição de movimentos. Para Francine, os dois eventos (evento 1, emissão do raio de luz; e 2, detecção após a reflexão) ocorrem em locais diferentes (lembre-se que o equipamento se deslocou com o trem enquanto a luz se propagava). Relatividade do intervalo de tempo. Dilatação temporal Portanto, para medir o intervalo entre os dois eventos, Francine precisará de dois relógios (um para cada situação) sincronizados: C1 e C2. Através do postulado da relatividade, o raio de luz se propaga com a mesma velocidade para as duas observadoras: Francine e Júlia. Mas, a distância que a luz viaja para Francine é 2L (L na ida até o espelho no teto e L na volta pela reflexão). Relatividade do intervalo de tempo. Dilatação temporal O intervalo medido por Francine entre esses dois eventos será: Para determinarmos a medida de L, faremos: Relatividade do intervalo de tempo. Dilatação temporal Espelho Evento 1 Evento 2 BB Fonte: Livro-texto. O intervalo entre os dois eventos medidos por Francine: Relatividade do intervalo de tempo. Dilatação temporal JúliaFrancine Onde o fator de Lorentz é dado por: Relatividade do intervalo de tempo. Dilatação temporal Fonte: Autoria própria. De um modo geral, o intervalo de tempo entre dois eventos depende da distância entre os eventos, tanto no espaço quanto no tempo, ou seja, as separações temporais e espaciais estão interligadas (o que temos é o espaço-tempo). Quando dois eventos ocorrem no mesmo ponto, em um referencial inercial, o intervalo de tempo entre os eventos, medido neste referencial, é chamado intervalo de tempo próprio ou tempo próprio. O intervalo de tempo em qualquer outro referencial é sempre maior que o tempo próprio. Relatividade do intervalo de tempo. Dilatação temporal Exemplo: O relógio que você carrega em seu pulso mede o seu tempo próprio. Os múons são partículas subatômicas criadas na parte superior da atmosfera, milhares de quilômetros acima do nível do mar. Um múon típico possui uma velocidade de 0,998 c. Considerando que a altitude que eles são produzidos, em relação ao nível do mar, seja de 9.000 m, e que seu tempo de vida (no referencial do múon) é de 2 μs, os múons: Interatividade a) Não poderiam ser detectados, pois no seu referencial teriam deslocado aproximadamente 600 m. b) Seriam detectados, pois no seu referencial teriam deslocado mais que 9.000 m. c) Não poderiam ser detectados, pois no seu referencial teriam deslocado mais de 9.000 m. d) Poderiam ser detectados, pois no seu referencial teriam deslocado aproximadamente 600 m, mas no referencial do detector teriam deslocado mais de 9.000 m. e) Não poderiam ser detectados em nenhum dos referenciais. Interatividade d) Poderiam ser detectados, pois no seu referencial teriam deslocado aproximadamente 600 m, mas no referencial do detector teriam deslocado mais de 9.000 m. Sem a relatividade, diríamos que eles seriam capazes de percorrer apenas: Considerando os efeitos relativísticos: Resposta A transformação de Lorentz é aquela que relaciona as coordenadas de um evento do referencial R (x, y, z e t) com as coordenadas do referencial R’ (x’, y’, z’ e t’) do mesmo evento. De acordo com os postulados da relatividade, a velocidade da luz deverá ser a mesma para os dois referenciais. Precisamos, então, encontrar uma transformação tal que para a condição v<<c (velocidade v muito menor que c) se reduza à transformação de Galileu e também satisfaça o postulado da relatividade que a velocidade da luz é a mesma para todos os referenciais (observadores associados). Transformação de Lorentz Como tudo está relacionado à velocidade da luz, suponha que uma lanterna seja acesa na origem de R em t=0. Como as origens estavam juntas em t=t’=0, essa lanterna também será acesa no referencial R’. Assim, a luz se propagará na forma de uma onda esférica para os dois referenciais. Para o observador relacionado ao referencial R, a equação de propagação da luz será: Transformação de Lorentz P=(x,y,z,t) z y O x x' y' Fonte: Autoria própria. Resolvendo, obtemos que o fator da Transformação de Lorentz é: Transformação de Lorentz Assim, o conjunto de equações relacionadas com 𝛾, que refere-se às coordenadas do referencial R com as coordenadas do referencial R’, é: Transformação de Lorentz A contração dos comprimentos, na verdade, é um fenômeno vinculado à dilatação dos tempos. O comprimento de um objeto no referencial em que o objeto está em repouso é chamado de comprimento próprio: Lp. Para um referencial em que o objeto esteja se movendo, o comprimento na direção do movimento será menor que o comprimento próprio. Relatividade do comprimento. Contração das distâncias Considere uma barra em repouso em relação ao referencial da Francine (R’), com uma extremidade em x’2 e a outra extremidade em x’1. Para medir o comprimento Lp, a Francine terá que fazer a operação: Lp = x’2 – x’1. No referencial da Júlia (R), a barra está se movendo para a direita (por exemplo) com velocidade v (a mesma da Francine, referencial R’). Para medir o comprimento da barra, a Júlia precisa medir a posição de uma extremidade x2 e da outra x1 no mesmo instante (caso ela o faça em instantes diferentes, não poderia determinar o comprimento). Relatividade do comprimento. Contração das distâncias Assim: Subtraindo as duas equações: Relatividade do comprimento. Contração das distâncias Fonte: Autoria própria. Considere que uma partícula esteja se movendo em relação a R com velocidade u, a qual possui as seguintes componentes: Usando as equações de transformação: Transformação relativística de velocidades E fazendo que: Para as outras coordenadas: Transformação relativística de velocidades 𝑢𝑥 ′ = 𝑑𝑥′ 𝑑𝑡′ = 𝛾 𝑑𝑥 − 𝑣. 𝑑𝑡 ൰𝛾(𝑑𝑡 − 𝑣𝑑𝑥 𝑐2 = ൰𝑑𝑡( 𝑑𝑥 𝑑𝑡 − 𝑣 ൰𝑑𝑡(1 − 𝑣 𝑐2 𝑑𝑥 𝑑𝑡 → 𝑢𝑥 ′ = 𝑢𝑥 − 𝑣 1 − 𝑣𝑢𝑥 𝑐2 Fonte: Halliday, Resnick, Walker. Fundamentos da Física, vol4., LTC, Rio de Janeiro, 2006. As transformações podem ser invertidas, trocando-se os índices linha e v por –v. Observe que se: 𝑢𝑥 ′ = 𝑐; ou seja, a partícula seria um pulso de luz, então a velocidade no referencial R é dada por: Transformação relativística de velocidades 𝑢𝑥 = 𝑢𝑥 ′ + 𝑣 1 + 𝑣𝑢𝑥 ′ 𝑐2 𝑢𝑦 = 𝑢𝑦 ′ 1+ 𝑣𝑢𝑥 ′ 𝑐2 𝑢𝑧 = 𝑢𝑧 ′ 1 + 𝑣𝑢𝑥 ′ 𝑐2 Suponha que uma nave alienígena passe paralelamente à plataforma de uma estação orbital de 200 m de comprimento com velocidade 2,5. 108 m/s. Durante a passagem, em determinado instante, um observador O, parado na plataforma, verifica que as extremidades dianteira e traseira da nave coincidem exatamente com as extremidades da plataforma. Assim, o comprimento de repouso da nave (tamanho da nave para o alienígena que a pilota) será: a) Aproximadamente 360 m. b) 200 m. c) 400 m.d) A nave não tem tamanho para o alienígena. e) 100 m. Interatividade a) Aproximadamente 360 m. O comprimento de repouso da nave será o comprimento próprio (Lp), pois o observador O está medindo o comprimento L já contraído pelo efeito relativístico. Assim: Resposta Lembrando que para o som é necessário diferenciar os casos em que ele ocorre, se pelo movimento da fonte ou do observador. Isso porque o som propaga-se no ar, e ambos podem ter velocidades relativas a este. Para a luz, que propaga- se no vácuo, importa apenas a velocidade relativa entre a fonte e o observador. O efeito Doppler para a luz Fonte: Halliday, Resnick, Walker. Fundamentos da Física, vol4., LTC, Rio de Janeiro, 2006. Considere f0 a frequência própria, ou seja, a frequência da onda eletromagnética medida por um observador cuja fonte esteja em repouso. Chamaremos de f a frequência medida por um observador que esteja se movendo em relação à fonte de ondas eletromagnéticas. Movimento relativo de aproximação: Movimento relativo de afastamento: O efeito Doppler para a luz Vamos supor que uma estrela se afasta da Terra com uma velocidade relativamente pequena (β<<1): Em termos dos comprimentos de onda, temos: Desvio para o vermelho “red-shift” (afastando). Desvio para o azul “blue-shift” (aproximando). O efeito Doppler para a luz Na Física de Newton, temos as relações: Na relatividade, devemos ter: O momento relativístico deve ser conservado em sistemas isolados, assim como na Mecânica Newtoniana. A expressão obtida deve se reduzir à forma newtoniana no limite de baixas velocidades. Dinâmica relativística Para que tenhamos o momento linear conservado, temos que definir: Onde m0 é a massa do corpo no referencial em que ele se encontra em repouso. A força é, então, dada por: Dinâmica relativística vvmp )( 22 0 0 1 )( cv m mvm )( 0 vm dt d dt pd F Considere que a energia potencial seja nula, assim, a taxa de variação temporal da energia cinética de uma partícula continua sendo dada por: Dinâmica relativística Energia relativística Para a relação entre energia e momento linear: E sabendo que: e Obtemos: Dinâmica relativística Energia relativística Se m0=0 Lembrando que a radiação eletromagnética transporta momento linear, logo, podemos imaginá-la como composta por corpúsculos de massa zero (fótons). Portanto, se um sistema libera uma quantidade de energia ∆E = Ef - Ei = - Q , deve apresentar uma redução de massa. Isso vale tanto para reações químicas, quanto para reações nucleares, embora a variação de massa no primeiro caso seja imperceptível. Se a energia de um sistema aumenta (ex.: aumentando a sua velocidade), sua massa também aumenta. Dinâmica relativística Energia relativística 2c E m Qual deve ser o momento linear de uma partícula de massa m para que a energia total da partícula seja 3 vezes maior que a sua energia de repouso? a) b) c) d) e) Interatividade a) Usando Lembrando: Resposta ATÉ A PRÓXIMA!
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