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Dano e Apropriação Indébita

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Aula 8
Capítulo IV – Do Dano (Arts. 163 e 167)
 Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
        Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
. Dano à coisa alheia móvel ou imóvel
- Bem juridicamente protegido: patrimônio
- Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum)
* exceto o dono da coisa (a coisa tem que ser alheia)
OBS: Pessoa que destrói bem próprio que se encontrava legitimamente com terceiro incorre no crime do Art. 346, CP (exercício arbitrário das próprias razões). 
Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção:
        Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Ex: Empresta carro à outrem e destrói o carro para que a pessoa tenha que lhe dar um carro novo.
- Sujeito passivo: qualquer pessoa
- Elemento subjetivo: dolo (não há previsão para a modalidade culposa)
- Consumação e tentativa: a consumação se dá no momento em que a coisa é destruída, inutilizada ou deteriorada (de forma total ou parcial).
Admite-se a tentativa, quando circunstâncias alheias à vontade do agente impedem a ocorrência do dano (ex: indivíduo está com pedra na mão, prestes a jogar em uma janela, quando é contido por pessoa que passava no momento)
OBS: O crime de dano é subsidiário, sendo absorvido quando a intenção do agente for a prática de crime mais grave (ex: indivíduo quebra janela de apartamento para nele entrar e furtar objetos – crime de furto qualificado pela destruição de obstáculo – Art. 155, §4º, I, CP)
- Modalidade qualificada (§ único):
Parágrafo único - Se o crime é cometido:
  I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
 II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave;
  III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista;
  IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima:
 Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
* Análise dos incisos:
III) Destruição do patrimônio público (ex: destruir cabine da polícia)
IV) Por motivo egoístico (circunstância de caráter subjetivo – não se comunica ao co-autor): para satisfazer sentimento pessoal (ódio, inveja, ...) – ex: causa dano à casa nova da vítima, por inveja.
- Ação penal (Art. 167): 
    Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo e do art. 164, somente se procede mediante queixa.
. ação penal privada para o dano simples (Art. 163);
. ação será pública incondicionada para a modalidade qualificada (§ único) , salvo no caso de motivo egoístico ou com prejuízo considerável à vítima, quando será privada (Art. 163, §único, IV)
OBSERVAÇÕES:
1. Pichação: tem previsão no Art. 65 da Lei 9.065/98 (lei de crimes ambientais) 
Art. 65.  Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano:       
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.  
A doutrina entende que haverá crime de dano caso a pichação seja em imóveis rurais (ex: pichar parede da casa da fazenda) ou móveis (ex: pichar porta de carro).
2. A reparação do dano até o recebimento da denúncia ou queixa pode constituir arrependimento posterior (redução da pena de um a dois terços – Art. 17, CP)
Capítulo V – Da Apropriação Indébita (Arts. 168 e 170)
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa
. posse: Art. 1196, CC (é o exercício, em nome próprio, de um ou mais poderes inerentes à propriedade, p.ex., uso e gozo – ex: locatário, mutuário, usufrutuário)
. detenção: Art. 1198, CC (o possuidor exerce a posse em nome alheio; o proprietário ou possuidor não transferem a posse, p. ex., entregar chave para guardador de carro)
. A posse/detenção tem que ser desvigiada (relação de confiança)-> O agente, abusando da condição de possuidor ou detentor, passa a ter o bem móvel como seu, dele arbitrariamente se apropriando. Ex: indivíduo empresta carro ao amigo durante uma semana. Passado o prazo, ele não devolve o bem.
- Bem juridicamente protegido: patrimônio (direito à propriedade)
- Sujeito ativo: qualquer pessoa, desde que tenha a posse ou a detenção sobre coisa móvel (crime comum)
* exceto o dono da coisa (a coisa tem que ser alheia)
OBS: Se for funcionário público apropriando-se de bem público ou particular de que tem a posse em razão do cargo, será crime de peculato (Art. 312) – crime próprio
- Sujeito passivo: qualquer pessoa
- Elemento subjetivo: dolo (vontade consciente de ter a coisa para si em caráter definitivo)
* A simples mora em devolver o bem não configura o crime (não há previsão para a modalidade culposa).
OBS: O agente, ao receber o bem de forma legítima, não tinha a intenção de se apropriar do bem; a ideia surge posteriormente. 
Caso já tivesse a intenção e utilizasse, por exemplo, a locação como pretexto para ter a posse do bem, o crime será de estelionato (Art. 171). Ex: indivíduo pede carro do amigo emprestado por dois dias, mas já estava com a intenção de ficar com o carro para si. 
Distinção entre apropriação indébita e estelionato – STF: “Ambos são crimes dolosos, materiais, em que o lesado é atingido no mesmo bem juridicamente tutelado: o patrimônio. A tipicidade é que é diversa, no estelionato o dolo está no antecedente, e na apropriação indébita, o dolo é subsequente à posse.” (RTJ 83/287)
- Consumação e tentativa: consuma-se no momento em que o possuidor ou detentor começa a se comportar como se proprietário fosse (ex: coloca a coisa à venda, doa a coisa ou simplesmente toma a coisa para si, recusando-se a devolvê-la permanentemente). – crime material
 Momento da Consumação – STJ: “Consuma-se o crime de apropriação indébita no momento em que o agente inverte o título da posse, passando a agir como dono, recusando-se a devolver a coisa ou praticando algum ato externo típico de domínio, com ânimo de apropriar-se da coisa” (RT 675/415)
Parte da doutrina entende que não há tentativa pois a consumação se dá com a simples intenção do agente em se apropriar do bem de forma definitiva. Entretanto, há quem entenda que a tentativa pode ocorrer quando, p. ex., o agente vai alienar a coisa e o proprietário chega na hora e impede que a transação seja efetuada.
- Causas de aumento de pena (§1º):
  § 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:
    I - em depósito necessário;
    II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
      III - em razão de ofício, emprego ou profissão.
* Análise dos incisos:
Depósito necessário: Art. 647 e 649 do CC – quando o indivíduo recebe determinado bem objetivando a sua guarda
Ex: em casos de inundação quando os bens ficam guardados na cassa de determinada pessoa (depósito necessário miserável)
II) . tutor: cuida de menor na ausência dos pais (ex: morte);
 . curador: cuida de pessoa com problemas mentais (Art. 1.767, CC)
 . depositário judicial: pessoa nomeada pelo juiz para guardar e conservar bens penhorados, arrestados, sequestrados, ... (se for funcionário público, o crime será de peculato). 
III) Ocorre um abuso de confiança. Ex: deixa o carro no mecânico para conserto e ele não devolve mais o carro.
- Modalidade privilegiada (Art. 170): 
 Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o disposto no art. 155, § 2º.
(criminoso primário + pequeno valor da coisa = pena de detenção diminuída de 1/3 ou multa)
Apropriação Indébita Previdenciária (Art. 168-A)
  Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional: 
        Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
. O agente desconta o INSS dos empregados, porém não faz o repasse à previdênciasocial
. Prazo para repasse ao INSS: até o dia 20 do mês subsequente (Art. 30, I, b, Lei 8.212/91)
- Bem juridicamente protegido: patrimônio (pertencente ao INSS)
- Sujeito ativo: qualquer pessoa, desde que tenha a obrigação de repassar as contribuições recolhidas dos contribuintes (crime comum)
- Sujeito passivo: INSS
- Elemento subjetivo: dolo de não repassar à Previdência as contribuições recolhidas
* não há previsão para a modalidade culposa (não haverá crime se o agente apenas esqueceu de fazer o recolhimento ou se está impossibilitado devido à problemas financeiros)
- Consumação e tentativa: consuma-se no momento em que o agente deixa escoar o prazo legal sem fazer o devido repasse das verbas previdenciárias.
Não há que se falar em tentativa, pois o crime é omissivo, ou seja, exige uma postura negativa por parte do agente (um não-fazer).
- Modalidades equiparadas (§1º):
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: 
        I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público;
     II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços;  
      III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social. 
- Extinção da punibilidade (§2º):
 § 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
Requisitos:
. Espontaneidade
. Autodenúncia (declara e confessa) + Pagamento
. Antes da execução fiscal
- Perdão judicial (isenção da pena – extinção da punibilidade) ou pena de multa (§3º): 
§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que:  
        I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou  
        II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.
* Análise dos incisos:
Primário + bons antecedentes + pagamento após a execução fiscal e antes da ação penal;
 Primário + bons antecedentes + pequeno prejuízo à Previdência (até R$20.000,00 – Portaria 75 MF/2012)
Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza (Art. 169)
     Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
        Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
. erro, caso fortuito, força da natureza (ex: recebe coisa que era pra outra pessoa; recebe pagamento de dívida já paga; recebe valor em sua conta desconhecendo a origem; vento traz carro para terreno alheio)
- Bem juridicamente protegido: patrimônio 
- Sujeito ativo: qualquer pessoa
- Sujeito passivo: qualquer pessoa
- Elemento subjetivo: dolo (vontade de ter para si coisa que sabe não lhe pertencer e que lhe foi entregue por erro, caso fortuito ou força da natureza).
* não há previsão para a modalidade culposa (não haverá crime se o agente gastou o dinheiro depositado em sua conta sem perceber que não lhe pertencia)
- Consumação e tentativa: consuma-se no momento em que o agente se apropria da coisa, praticando atos como se dono fosse (ex: venda, doação, recusa em restituir)
Parte da doutrina entende que não tentativa, pois basta a vontade do agente em ter a coisa para si para haver a consumação do crime. 
Entretanto, há quem sustente que é possível falar em tentativa no caso em que o agente pretende dispor da coisa, mas é interrompido (ex: indivíduo tenta vender o carro que foi deixado de forma errada em sua propriedade, quando é interrompido por autoridade policial que procurava o veículo)
- Modalidades equiparadas (§ único)
 Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
 I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio;
 II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de quinze dias.
Análise dos incisos:
I) Apropriação de tesouro – quando não se dá ao proprietário do terreno a quota parte do tesouro a que tem direito (o descobridor do tesouro é o sujeito ativo)
Art. 1.264, CC - O depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória, será dividido por igual entre o proprietário do prédio e o que achar o tesouro casualmente.
Art. 1.265, CC - O tesouro pertencerá por inteiro ao proprietário do prédio, se for achado por ele, ou em pesquisa que ordenou, ou por terceiro não autorizado.
II) Apropriação de coisa achada - o sujeito ativo do crime é aquele que encontra a coisa perdida (coisa cujo proprietário não sabe onde está) e dela se apropria, não entregando ao proprietário (quando sabe quem é) nem à autoridade competente, policial ou judiciária, no prazo de 15 dias.
OBS: Apropriação de coisa esquecida: furto –TJSP: “Se a vítima apenas esqueceu, e não perdeu sua bolsa no local dos fatos, tanto que para lá retornou, logo após, para apanhá-la, não mais a encontrando, por haver o réu dela se apossado, o delito configurado é o de furto, e não o de apropriação de coisa achada.” (RT 545/317)
Capítulo VI - Do Estelionato e Outras Fraudes (Arts. 171 a 179)
* Veremos apenas o artigo 171
Estelionato (Art. 171)
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
       Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
. ardil = astúcia, sutileza (ex: conversa enganosa)
- Bem juridicamente protegido: patrimônio 
- Sujeito ativo: qualquer pessoa
- Sujeito passivo: qualquer pessoa
* Para caracterizar a fraude a pessoa tem que ser capaz (possuir discernimento) para decidir entregar o bem, caso não seja capaz, o crime será de abuso de incapaz (Art. 173).
- Elemento subjetivo: dolo (vontade de enganar a vítima para obter vantagem ilícita)
* não há previsão para a modalidade culposa 
- Consumação e tentativa: consuma-se no momento em que o agente consegue obter a vantagem ilícita, em prejuízo da vítima (binômio vantagem ilícita/prejuízo alheio)
“A doutrina penal ensina que o resultado, no estelionato, é duplo: benefício para o agente e lesão ao patrimônio da vítima” (STJ – HC 36.760/RJ)
É possível falar em tentativa no caso em que o agente pratica todos os atos executórios (fraudulentos), mas não consegue obter a vantagem ilícita, pois a vítima foi esperta e não se deixou enganar.
- Modalidade privilegiada (§1º): 
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º.
Primário + prejuízo de pequeno valor = redução da pena
- Modalidades equiparadas (§ 2º):
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
 Disposição de coisa alheia como própria
 I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria;
*Venda de coisa locada ao agente – TACRSP: “Aquele que oferece à venda coisa cuja posse desfruta por locação comete estelionato, pois obtém vantagem ilícita de terceiro levando-o a erro quanto à legitimidade do objeto ofertado.” (RT 698/360)
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria
 II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada deônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias;
* A coisa é própria, mas não podia ser vendida ou dada em garantia (ex: ação de usucapião em curso)
Defraudação de penhor
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado;
* Ex: coloca carro como garantia de pagamento de dívida, mas o vende sem autorização do credor
Fraude na entrega de coisa
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém;
*Ex: mecânico entrega carro com pneus recauchutados no lugar dos pneus novos que estavam no carro.
OBS: 
. Se for fraude no comércio (venda de produto falsificado como se verdadeiro fosse: crime do Art. 175 (fraude no comércio)
. Se for fraude envolvendo produto alimentício: crime do Art. 272 (falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de substância ou produto alimentícios)
. Se for fraude envolvendo produtos medicinais ou terapêuticos: crime do Art. 273 (falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais) 
 Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro
 V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro;
* Ex: some com o carro para fingir que foi roubado e conseguir o valor do seguro.
 Fraude no pagamento por meio de cheque
 VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
* Só será responsabilizado o agente que agiu dolosamente quando da emissão do cheque sem fundos (não haverá crime se o agente emitiu o cheque acreditando que tinha fundos); a má-fé se caracteriza se ficar comprovado que sabia não ter fundos (a fraude está no fato do agente fazer a vítima crer que tinha fundos)
Frustrar o pagamento pode ser, p. ex., pela sustação do cheque, encerramento da conta, saque de todo o dinheiro da conta, ...
Cheque pós-datado: se o tomador (beneficiário) apresenta o cheque antes, não há que se falar em crime, uma vez que já sabia que antes daquela data o emitente não teria fundos.
Súmula 246, STF
Comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheque sem fundos.
Súmula 521, STF
O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado.
Súmula 554, STF
O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal.
* A contrario sensu: o pagamento antes do recebimento da denúncia exclui o crime. Após a denúncia, o pagamento é mera atenuante.
- Causa especial de aumento de pena (§3º):
   § 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência.
- Observações: 
Torpeza bilateral: trata-se da hipótese em que a vítima também age de má-fé 
Ex: pessoa vende perfume falsificado a outrem jurando ser verdadeiro. Este, por sua vez, paga com cheque sem fundos.
1ª) Não há que se falar em crime, pois ambas as partes agiram de má-fé. O Direito não protege quem age de forma torpe, só merecendo proteção quem age com fim legítimo. 
2ª) Haverá crime de estelionato, pois não há compensação de condutas no direito penal e o tipo penal não exige a boa-fé da vítima. (Majoritária)
“Embora reprovável a conduta da vítima que participa da trama de outrem, visando vantagem il´´icita, a suia boa-fé não é elemento do tipo previsto no Art. 171 do CP. Sanciona-se a conduta dequem artquiteta a fraude, porque o Direito Penal tem em vista, primordialmente, a ofensa derivada do delito
2. estelionato e falsidade documental: há concurso de crimes?
Ex: sujeito que falsifica documento (falsidade documental - Art. 297 ou Art. 298) e se vale dele para enganar alguém, obtendo vantagem ilícita e prejuízo alheio (estelionato – Art. 171).
1ª) Há concurso material de crimes: Não há que se falar em absorção, uma vez que os crimes tutelam bens jurídicos distintos (a falsidade é crime contra a fé pública e o estelionato é crime contra o patrimônio).
2ª) Há concurso formal de crimes: se baseia nos mesmos fundamentos da corrente anterior (tutelam bens jurídicos distintos), com a diferença apenas no sentido de vislumbrar que se trata de uma única, produzindo dois resultados.
3ª) O estelionato absorve o crime de falsidade documental: o estelionato, por ser o crime-fim, deve absorver a falsidade documental, por ser o crime-meio (o agente só falsificou o documento para ter sucesso no estelionato), desde que o documento falso não seja utilizado para a prática de nenhum outro crime. 
Nesse sentido, Súmula 17, STJ – “Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.”
3. Estelionato e extorsão (Art. 158): em ambos os casos a vítima é quem entrega a coisa, mas no estelionato a vítima entrega “voluntariamente” e na extorsão entrega devido à violência ou grave ameaça.
4. Estelionato e apropriação indébita (Art. 168): no estelionato a vítima é enganada e o agente já tinha a intenção de cometer o crime, na apropriação indébita, a vítima confiou no agente que, só posteriormente, teve a ideia do crime.
5. Estelionato e furto de energia (Art. 155, §3º): o furto de energia (“gato”) se dá antes da energia elétrica passar pelo medidor, enquanto no estelionato, ocorre a alteração do medidor para diminuir o consumo.
6. Estelionato e furto mediante fraude (Art. 155, §4º): em ambos os casos há o emprego da fraude, mas no furto a vítima é distraída para que o próprio agente efetue a subtração da coisa, enquanto no estelionato, a vítima é enganada para que ela entregue o bem ao agente.
7. Estelionato e curandeirismo (Art. 284): o curandeiro acredita que seus atos podem ajudar, enquanto o estelionatário sabe que nada daquilo funciona de verdade.
Capítulo VII - Da Receptação (Art. 180)
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte:
         
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
OBS:
-receptação própria: primeira parte do Art. 180 (adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar)
- receptação imprópria: segunda parte do Art. 180 (influir para que terceiro de boa-fé* adquira, receba ou oculte)
* Se o terceiro não estiver de boa-fé também será receptador quem influenciou será partícipe da receptação.
- A receptação é delito acessório, pois depende da existência de crime anterior. O objeto tem que ser produto de crime (furto, roubo, ...), não sendo necessário haver condenação pelo referido crime, basta um indício de sua existência, p. ex., boletim de ocorrência, produto sendo vendido muito abaixo do valor de mercado, ...
- O bem pode ser produto de crime ou adquirido com proventos do crime (ex: pessoa rouba dinheiro, compra carro e vende o carro a terceiro que sabia do crime. Este responderá por receptação.)
- O agente que pratica a receptação não pode ter participado do crime anterior, senão, por ele responderá (não responderá pela receptação, pois esta pressupõe que o agente não tenha participado do crime anterior).
- Bem juridicamente protegido: patrimônio 
- Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum)
* Exceto aquele que participou do crime anterior (ex: roubo, furto).
- Sujeito passivo: qualquer pessoa
* Será o mesmo sujeito passivo (vítima) do delito anterior de onde se originou a coisa receptada. 
- Elemento subjetivo: dolo ou culpa 
. dolo: quando o indivíduo sabe ou deve saber ser produto decrime e adquire, conduz, transporta, ...
. culpa (§3º): quando o indivíduo adquire ou recebe coisa que devia presumir ser produto de crime devido ao baixo valor de mercado, às características quem oferece o produto, ...
- Consumação e tentativa: sendo receptação própria, consuma-se no momento em que o agente efetivamente recebe, transporta, oculta ou conduz a coisa (crime material), sendo possível a tentativa, quando for interrompido por circunstâncias alheias.
Sendo receptação imprópria, a doutrina majoritária entende que basta o agente influenciar terceiro de boa-fé, pouco importando se obtém êxito na sua empreitada (crime formal), assim, não há que se falar em tentativa.
* Greco entende que há necessidade que o terceiro seja de fato influenciado e pratique o que o agente pretendia (minoritário).
- Modalidade qualificada (§1º):
 § 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime:
        Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em residência.
OBS: 
. É um crime próprio, pois só pode ser exercido por quem desempenha atividade comercial ou industrial (regular ou irregular). Ex: pessoas que vendem produtos contrabandeados, ainda que a venda seja no quintal de sua casa; indivíduo que faz desmanche de veículo roubado no quintal da sua casa.
- Modalidade culposa (§ 3º):
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: 
        Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas. 
Desproporção entre o valor e o preço – TJSC: “A brutal desproporção entre o preço da compra e o valor real das coisas adquiridas aliada à condição de quem as oferece são circunstâncias que devem levar o adquirente a presumir que foram obtidas por meio criminoso” (RT 516/392)
- Autonomia da receptação (§4º):
§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa. 
*Basta a ocorrência do delito anterior à receptação, sendo dispensável a prova da autoria do crime bem como a instauração de inquérito ou processo.
- Perdão judicial (§5º, 1ª parte) / modalidade privilegiada (§5º, 2ª parte):
§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155. 
. Perdão judicial: receptação culposa + primário + circunstâncias favoráveis ao acusado (ex: só adquiriu 1 produto) = isenção da pena
. Modalidade privilegiada: receptação dolosa + primário + objeto de pequeno valor = redução da pena de um a dois terços ou multa
- Modalidade qualificada em razão do objeto material (§6º):
 § 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista, a pena prevista no caput deste artigo aplica-se em dobro.
Observações:
- Receptações sucessivas ou receptação em cadeia: é possível que um agente que tenha receptado coisa que sabia ser de origem criminosa, a venda a terceiro que também sabia que a coisa era de origem criminosa (ambos responderão por crime de receptação)
- Se o ocultamento da coisa for para ajudar o autor do crime a tornar seguro o objeto que foi roubado, furtado, ..., o crime será de favorecimento real (Art. 349). Se for para ajudar o autor do crime (ex: oculta a arma do crime), será favorecimento pessoal (Art. 348). Nesses casos, o sujeito atua em prol do autor do crime, seja para esconder o produto do crime, seja para ajudá-lo a não ser pego (na receptação o agente atua em prol de si mesmo ou de terceira pessoa, com a intenção de auferir lucro).
Capítulo VIII – Disposições gerais (Arts. 181 ao 183) 
- Traz as imunidades penais de caráter pessoal (aplicam-se a todos os crimes do Título II)
 . Imunidades absolutas: isentam o agente de pena (escusas absolutórias)
 . Imunidades relativas: quando a ação penal depender de representação do ofendido ou de seu representante legal
Imunidade absoluta
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo:         
 I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
        II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
* Prepondera o interesse familiar no sentido de que a prisão de um ente pode gerar grave abalo familiar.
Imunidade relativa:
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo: 
        I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
        II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
        III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
* A ação penal será pública condicionada à representação. 
- Ressalva às imunidades (Art. 183):
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
      I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa;
        II - ao estranho que participa do crime.
       III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos
* Não haverá isenção de pena e a ação penal será pública incondicionada.
EXERCÍCIOS:
1. No que concerne aos crimes contra o patrimônio:
se o agente obteve vantagem ilícita, em prejuízo da vítima, mediante fraude, responderá pelo delito de extorsão.
se, no crime de roubo, em razão da violência empregada pelo agente, a vítima sofreu lesões corporais leves, a pena aumenta-se de um terço.
se configura o crime de receptação mesmo se a coisa tiver sido adquirida pelo agente sabendo ser produto de crime não classificado como de natureza patrimonial.
não comete infração penal quem se apropria de coisa alheia vinda a seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza.
1. No que concerne aos crimes contra o patrimônio:
(a) se o agente obteve vantagem ilícita, em prejuízo da vítima, mediante fraude, responderá pelo delito de extorsão. Crime de estelionato (Art. 171)
(b) se, no crime de roubo, em razão da violência empregada pelo agente, a vítima sofreu lesões corporais leves, a pena aumenta-se de um terço. Lesão grave – pena: 7 a 15 anos (Art. 157, §3º)
(c) se configura o crime de receptação mesmo se a coisa tiver sido adquirida pelo agente sabendo ser produto de crime não classificado como de natureza patrimonial.
(d) não comete infração penal quem se apropria de coisa alheia vinda a seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza. Crime de apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza (Art. 169)
2. São considerados crimes contra o patrimônio: 
 homicídio (art. 121 do Código Penal), furto (art. 155 do Código Penal) e seqüestro e cárcere privado (art. 148 do Código Penal).
 roubo (art. 157 do Código Penal), furto (art. 155 do Código Penal) e seqüestro e cárcere privado (art. 148 do Código Penal).
 roubo (art. 157 do Código Penal), furto (art. 155 do Código Penal) e extorsão mediante seqüestro (art. 159 do Código Penal).
 estelionato (art. 171 do Código Penal), furto (art. 155 do Código Penal) e seqüestro e cárcere privado (art. 148 do Código Penal).
 dano (art. 163 do Código Penal), violação de domicílio (art. 151 do Código Penal) e furto (art. 155 do Código Penal).
2. São considerados crimes contra o patrimônio: 
(a) homicídio (art. 121 do Código Penal), furto (art. 155 do Código Penal) e seqüestro e cárcere privado (art. 148 doCódigo Penal).
(b) roubo (art. 157 do Código Penal), furto (art. 155 do Código Penal) e seqüestro e cárcere privado (art. 148 do Código Penal).
(c) roubo (art. 157 do Código Penal), furto (art. 155 do Código Penal) e extorsão mediante seqüestro (art. 159 do Código Penal).
(d) estelionato (art. 171 do Código Penal), furto (art. 155 do Código Penal) e seqüestro e cárcere privado (art. 148 do Código Penal).
(e) dano (art. 163 do Código Penal), violação de domicílio (art. 151 do Código Penal) e furto (art. 155 do Código Penal).

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