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avaliação parcial LITERATURAS AFRICANAS DE LÍNGUA PORTUGUESA

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LITERATURAS AFRICANAS DE LÍNGUA PORTUGUESA
Aula 1: Panorama Histórico-Cultural da África
O proprium da África 
Panorama geográfico
O continente africano possui uma superfície de 30.264.000 km². Apesar de sua extensão, a África é um continente pouco povoado: sua densidade demográfica é de 17 habitantes por quilômetro quadrado. 
As zonas desérticas, as montanhas da África oriental e o litoral ocidental sul são regiões praticamente desabitadas, enquanto que as costas mediterrâneas e do golfo da Guiné, os planaltos orientais e os litorais do sul e do sudeste do continente abrigam as maiores concentrações humanas.
Os povos africanos dividem-se em muitas etnias. Consta que o povo africano mais antigo viveu no Egito, há 5 mil anos, no vale do Rio Nilo. Essa civilização teria sobrevivido por 2 mil anos, deixando heranças culturais importantes, como os túmulos reais e as pinturas. Outra importante civilização foi a Núbia (750 a.C.), que vivia entre o Nilo Branco e o Nilo Azul (onde se localiza atualmente o Sudão).
Por essa diversificação étnica, encontramos também muitas línguas diferentes faladas na África: o árabe, o banto, o suaíle (de origem banto, mas usada como língua comercial na África Oriental), o africâner (República da África do Sul) e, ainda, as línguas introduzidas pelos colonizadores, como o inglês, o francês e o português. É preciso registrar que esses grandes grupos linguísticos se dividem em muitas outras línguas, praticadas pelas
diversas etnias africanas.
É comum a divisão do continente entre África branca, ao norte do Saara, onde vive uma população formada pela raça mediterrânea, e África negra, ao sul do Saara, com uma variada população, destacando-se: os pigmeus das selvas equatoriais; o grupo khoi-san, que vive nos desertos e planaltos meridionais; os sudaneses das savanas da zona boreal; o grupo banto, mais numeroso da África central e austral.
Religião
Há três grandes grupos religiosos: o islamismo, o cristianismo e as religiões animistas (que, no contexto africano, significa considerar que todos os seres da natureza são dotados de vida e têm uma finalidade específica no universo).
Política
A maior parte dos países africanos ainda vive em condições de pobreza e subdesenvolvimento devido ao clima, muitas vezes desfavorável, e à falta de
uma infraestrutura econômica, herança do recente colonialismo. 
Porém, a África é rica em recursos minerais e seus inúmeros rios e lagos oferecem um potencial hidrelétrico capaz de impulsionar o desenvolvimento industrial.
Importância antropológica
As pesquisas científicas recentemente divulgadas garantem que a origem do homem está no continente africano. Isso confirma o que historiadores e cientistas já haviam estabelecido: a contribuição da África para o desenvolvimento da humanidade é inegável.
A escrita em hieróglifos registrou vastos conhecimentos
 científicos, religiosos e filosóficos, antes mesmo da Grécia antiga. Os egípcios tinham avançado muito nas áreas da astronomia, da arquitetura e da matemática, o que facilmente se comprovou com o estudo das pirâmides. O calendário egípcio foi elaborado em 4241 a.C.
E não é só por contribuições antigas que o ocidente deve aos africanos o seu legado cultural: o cubismo, movimento artístico que consagrou definitivamente Pablo Picasso, teve inspiração em esculturas primitivas africanas.
A história de África conheceu também muitas mulheres guerreiras e estadistas que enfrentaram os colonizadores europeus, como a rainha N’Zinga, em Angola, e a rainha Yaa, em Gana.
Apesar de tudo isso, a África ainda é vista como um continente atrasado. Por que será?
“Essa visão distorcida de África, que ainda permanece no imaginário do Ocidente, tem origem no colonialismo. No século XV, iniciou-se a exploração europeia das costas ocidentais africanas, resultado das expansões marítimas e da busca por caminhos que levassem à Ásia, especialmente à Índia. Portugueses, espanhóis, franceses, ingleses e holandeses competiram pelo domínio da nova rota.”
Em 1415, Ceuta, importante centro comercial da África do Norte, foi conquistada. Em 1437, uma fragosa derrota no Tanger não inibe a expansão colonial e, em 1441, os portugueses aportam em um rio batizado “Do Ouro” e começam a explorar o ouro africano e a consolidar o tráfico negreiro.
Bartolomeu Dias chegou ao extremo sul do continente em 1489, e Vasco da Gama contornou a África e foi até a Índia em 1498. Assim, os europeus conhecem povos da costa africana oriental. A partir do século XIX, os interesses econômicos dos europeus voltaram-se para a África, tendo início a exploração das terras africanas. O Reino Unido ocupou uma faixa vertical, do Egito à África do Sul, além de regiões no golfo da Guiné; a França, o norte-ocidental do continente, parte da África equatorial e Madagascar; a Alemanha, o Togo, Tanganica e Camarão; a Bélgica, o Congo; a Itália, Líbia, Etiópia e Somália; a Espanha, parte do Marrocos, Saara Ocidental e encraves da Guiné: e Portugal ocupou Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e as ilhas de Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.
A conferência de Berlim de 1884-1885 estabeleceu a partilha do continente e firmou o princípio da ocupação efetiva das terras, a fim de legitimar a posse das colônias. O violento processo colonial acarretou a destruição ou drástica modificação de sociedades africanas sistematizadas.
Os portugueses entraram em contato com povos islamizados, atacando-os e vendendo-os como escravos em Portugal, Espanha ou no norte da África. Avançaram por outros territórios, consolidando seu processo de dominação.
Embora a escravidão seja uma prática condenável, independente de seus métodos ou objetivo final, devemos informar que o conceito de escravidão, para os africanos, não se assemelhava ao interesse mercantilista praticado na Europa. Os africanos mantinham escravos para sua sobrevivência e domínio sobre determinada região. Com a chegada do europeu, no entanto, tribos africanas passaram a comercializar escravos apreendidos.
Os povos europeus imaginavam ocupar o centro da Terra. Ao sul das margens conhecidas da humanidade, existia, para eles, a África, ou, como diziam então, a Etiópia, terra habitada por etíopes (negros). A Etiópia seria uma terra inabitável pelos brancos devido ao imenso calor, e quem lá vivia eram seres monstruosos, “os homens de faces queimadas”.
A esse pensamento dá-se o nome de etnocentrismo. A visão etnocêntrica do mundo fazia com que os europeus desconsiderassem qualquer outra forma de sociedade e negassem fisionomias que não se assemelhassem à sua própria aparência.
A cor negra era associada ao mal. Muitos escritos davam conta da existência de figuras assombrosas existentes na África. No século XI, Vicente de Beauvais, dominicano francês, escreveu que o clima quente deixava os
“etíopes” (negros) sujeitos a doenças diversas.
As parábolas medievais, apresentadas durante as missas, apresentavam a figura de Satã “negra como um etíope”. Ao contrário, os anjos eram sempre brancos. E a África, terra quente, era associada ao Inferno. Também no mundo árabe, autores como Al-Kindi usavam argumentação semelhante para explicar as particularidades físicas dos povos da costa oriental de África: “Sendo quente o país, os corpos celestes exercem sua influência e atraem os humores para as partes superiores do corpo. Daí os lábios pendentes, o nariz achatado e grosso [...] a ausência de inteligência” 
Na “Carta de Pero Vaz de Caminha”, os índios brasileiros são descritos como tendo “bons narizes”, o que, evidentemente, é uma comparação com os negros africanos. E, ainda, autores medievais retomavam o Livro do Gênesis para explicar a existência dos negros. Cã, segundo filho de Noé, teria se gabado de ver o sexo do pai quando ele estava bêbado. Noé, para castigar o filho, amaldiçoou Canaã, filho de Cã. Lendas da Idade Média contavam, então, que os descendentes de Canaã foram viver em terras iluminadas por um sol que os queimava, tornando-os negros.
Sobre o tipo etnocêntrico
É preciso ressaltar que não havia inocência
na propagação desses discursos. Eles ajudavam a justificar a escravidão do ponto de vista do cristianismo. E consolidaram os estereótipos que, ainda hoje, são direcionados aos negros. Escritos de viajantes europeus confirmavam isso. Maco Pólo, por exemplo, referiu-se aos habitantes de Zanzibar como “a coisa mais feia do mundo a ser vista”. E a falta de fronteiras entre homens e animais construía a ideia de que os africanos estavam retrocedendo à animalidade.
A formação desses discursos mantém os povos do continente africano vítimas de preconceitos. Já no século XX, surge o tarzanismo, visão da África a partir da figura de Tarzã, que apresenta o continente como exótico. Muitos filmes americanos perpetuaram a imagem das terras africanas como inóspitas e cheias de animais selvagens, habitadas por gente estranha e praticante da magia.
Além disso, alguns países africanos viveram ou estão vivendo guerras civis, quase sempre motivadas por diferenças étnicas. A prática da ditadura ainda é uma realidade, o que impede a edificação de sociedades mais justas e equilibradas. Em decorrência, os veículos de comunicação evidenciam as calamidades públicas, como mortandade pela violência e pela fome, propagação de epidemias, falta de estrutura política e socioeducativa.
Não devemos nos esquecer, no entanto, que esses países africanos ainda não conseguiram se organizar após a independência, ocorrida no século XX. As mazelas sociais de hoje, em boa parte, têm sua origem na colonização. Inclusive algumas práticas consideradas desumanas são consequências de ideias introduzidas pelo europeu, como a superioridade do homem sobre a mulher.
O estudo das literaturas africanas de língua portuguesa – desfazendo os estereótipos
A Lei Federal 10.639/2003 tornou obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-brasileira nos níveis fundamental e médio. O objetivo dessa iniciativa é mudar nossas ideias sobre a África, vindas do colonizador europeu e difundidas pela mídia. 
É preciso colocar em evidência toda a riqueza histórica e cultural do continente africano, além de reconhecer que a nossa história se funde com a história dos africanos.
Slides aula 1
As origens da visão exótica sobre a África;
A história antiga dos povos africanos;
O discurso colonizador;
As identidades culturais africanas antes da chegada do colonizador.
Panorama histórico-cultural da África
A África é um continente pouco povoado, apesar de extenso. Os desertos, as montanhas e o litoral ocidental sul são regiões praticamente desabitadas. A concentração de habitantes ocorre nas costas mediterrâneas e no golfo da Guiné, nos planaltos orientais e nos litorais do sul e do sudeste do continente.
É comum a divisão do continente entre África branca, ao norte do Saara, onde vive uma população formada pela raça mediterrânea, e África negra, ao sul do Saara, com uma população diversificada. 
Panorama histórico-cultural da África
Os povos africanos dividem-se em muitas etnias. Cada uma representa uma forma específica de se relacionar com o universo. Línguas, história, divisão social, crenças e costumes definem identidades específicas. 
São muitas as línguas africanas, e elas ainda se subdividem em outras línguas faladas pelas diversas etnias. Destacam-se o árabe, o banto, o suaíle (de origem banto, mas usada como língua comercial na África oriental), o africânder (República da África do Sul) e, ainda, as línguas introduzidas pelos colonizadores, como o inglês, o francês e o português. Pesquisadores identificaram mais de 2.000 grupos etnolinguísticos na África.
Há três grandes grupos religiosos: o islamismo, o cristianismo e as religiões animistas (que, no contexto africano, significa considerar que todos os seres da
natureza são dotados de vida e têm uma finalidade específica no universo). 
A ideia, já consagrada, de que a África é o “berço da Humanidade” foi confirmada por pesquisadores que encontraram, na Etópia, no ano de 1974, um fóssil de 3,5 milhões de anos.
As contribuições da África para a Humanidade são inegáveis. A escrita em hieróglifos registrou vastos conhecimentos científicos, religiosos e filosóficos; os egípcios tinham avançado muito nas áreas da astronomia, da arquitetura e da matemática antes dos gregos, o que facilmente se comprovou com o estudo das pirâmides; o calendário egípcio foi elaborado em 4241 a.C. Apesar de todas essas contribuições, a imagem que se tem do continente africano é muito negativa. 
Essa visão distorcida da África tem origem na colonização, quando se inicia, no século XV, a exploração europeia das costas ocidentais africanas, resultado das expansões marítimas e da busca por caminhos que levassem à Ásia, especialmente à Índia. 
Os portugueses aprisionaram e venderam como escravos povos berberes islamizados. A partir daí, tornaram-se colônias os países Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Guiné-Bissau, os quais formam a África lusófona.
A conferência de Berlim de 1884-1885 estabeleceu a partilha do continente e firmou o princípio da ocupação efetiva das terras, a fim de legitimar a posse das colônias. O violento processo colonial acarretou a destruição ou drástica modificação de sociedades africanas sistematizadas. 
Antes da chegada dos europeus, havia dois tipos de organização social: os grandes reinos, como Egito, Mali, Songai, Oió, Axante e Daomé, ou agrupamento de nativos em pequenas comunidades que caçavam e pescavam o suficiente para seu sustento. 
No entanto, sem exceção, todas as sociedades eram marcadas por relações hierárquicas, incluindo as mantidas entre nobres e escravos, que obedeciam a uma necessidade de sobrevivência.
O não reconhecimento das culturas africanas pelos povos colonizadores deve-se a um pensamento etnocêntrico que gerou discursos os quais definem, até hoje, a África de forma negativa.
Discursos etnocêntricos:
 Os povos europeus imaginavam ocupar o centro da Terra. 
 A África (chamada então de Etiópia) seria uma terra inabitável pelos brancos devido ao imenso calor.
 Na África viviam “os homens de faces queimadas”; a cor negra era associada ao mal. 
O clima quente deixava os negros sujeitos a doenças diversas.
 As parábolas medievais apresentavam Satã como negro e os anjos como brancos. 
 A África, terra quente, era associada ao Inferno. 
 O calor determinava a aparência física e a suposta falta de inteligência dos negros.
Na “Carta de Pero Vaz de Caminha”, os índios brasileiros são descritos como tendo “bons narizes”, uma comparação com os negros africanos. 
 Autores medievais retomavam o Livro do Gênesis para explicar a existência dos negros como descendentes de Canaã, filho de Cã, amaldiçoado por ter desrespeitado seu pai, Noé.
Esses discursos etnocêntricos ajudavam a justificar a escravidão do ponto de vista do cristianismo, e consolidaram os estereótipos que marcaram os negros.
A figura de Tarzan gera o conceito de tarzanismo, ou seja, o símbolo da superioridade dos brancos sobre os negros.
Outros problemas graves:
 as guerras civis, quase sempre motivadas por diferenças étnicas;
 a prática da ditadura, o que impede a edificação de sociedades mais justas e equilibradas. 
 a divulgação das calamidades públicas sem que haja destaque para fatos positivos ocorridos na África.
Para desfazer esses estereótipos, a Lei Federal 10.639/2003 tornou obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-brasileira nos Níveis Fundamental e Médio. Objetiva-se colocar em evidência toda a riqueza histórica e cultural do continente africano, além de reconhecer que a nossa história se funde com a história dos africanos. 
Aula 2: Panorama Histórico-Cultural da África
Princípios fundamentais do proprium africano
Natureza soberana, superior aos homens. Para as culturas africanas, ela é a Mãe acolhedora e sábia que protege e ensina formas de sobrevivência, é a Mãe-Terra, a Mãe-África. O homem africano respeita os fenômenos naturais e está sempre atento aos seus ensinamentos.
“A residência dele era um embondeiro, o vago buraco do tronco. Tiago contava: aquela
era uma árvore muito sagrada, Deus a plantara de cabeça para baixo.
― Vejam só o que o preto anda a meter na cabeça dessa criança.
O pai se dirigia à esposa, encomendando-lhes as culpas. O menino prosseguia: é verdade, mãe. Aquela árvore é capaz de grandes tristezas. Os mais velhos dizem que o embondeiro, em desespero, se suicida por vida das chamas. Sem ninguém pôr fogo. É verdade, mãe.”
O embondeiro (baobá) é a grande árvore sagrada, pois seu imenso tronco acolhe os homens como um útero de mãe, e suas flores mudam de cor, acompanhando os sentimentos humanos.
Ancestralidade
A crença na existência dos espíritos leva os povos africanos a criarem rituais para estar em contato com seus antepassados. Nesse processo, destacam-se três figuras importantes:
O iniciado, ou griot, contador de histórias: Sabe ouvir a voz dos espíritos através dos elementos da natureza e repassa as mensagens enviadas para a comunidade
O velho: Tem a sabedoria que os anos de vida lhe proporcionaram.
A mamana: Mãe, avó ou qualquer senhora de meia-idade que conta histórias para as crianças, possibilitando, dessa forma, a permanência das culturas tribais.
A fogueira e a árvore são elementos importantes nos espaços rituais, pois em torno delas contam-se histórias. Essa marca de oralidade será transposta para os textos literários.
Ex: Para lá daquela curva
Os espíritos ancestrais me esperam
Breve, muito breve
Tomarei meu lugar entre os antepassados (Noémia de Sousa)
Ritmo
A música, o canto e a dança não se limitam a uma proposta de entretenimento. O ritmo é uma forma de estar em harmonia com o cosmos. O homem, ao cantar e dançar entra em transe e, assim, se congrega aos elementos universais. 
O tambor é o mais importante de todos os instrumentos, pois o som forte que emite chegar aos espíritos, fazendo-os entender que, na terra, os viventes os estão louvando.
Também é instrumento de comunicação entre diversos povos, avisando da presença do inimigo ou convocando para uma batalha.
(...) E entre a angústia e a alegria
Um trilho imenso do Níger ao Cabo
Onde marimbas e braços
Tambores e braços vorazes e braços
Harmonizam o cântico inaugural da Nova África (Agostinho Neto)
Infância
A pureza e a inocência da criança fazem com que ela seja mais sensível às energias do universo. Além disso, a criança não estabelece diferenças entre os seres e, por sua alegria, encontra solução para os problemas da vida. 
O escritor africano construiu uma vertente lírica que leva o sujeito poético de volta à infância, ao tempo adâmico (paraíso, éden), quando não havia a dor da colonização.
A criança representa, ainda, o sonho de liberdade.
Síntese (José Craveirinha)
Na cidade / Alinhada à margem das acácias
Ao vento urbanizado agitam / O sentido carmesin das suas flores. E um menino com mais outros / Meninos todos juntos Um dia / Fecundam na síntese da rua Cidade e subúrbios / Meninas e flores.
Magia
A magia está associada a todos os fazeres cotidianos do homem, como caçar, pescar, combater, constituir família. 
Isso vem da crença, difundida especialmente nas religiões animistas, de que todo o universo está ligado por uma energia cósmica, da qual o ser humano faz parte.
Enquanto remava um demorado regresso, me vinham à lembrança as velhas palavras de meu velho avô: a água e o tempo são irmãos gêmeos, nascidos do mesmo ventre. COUTO, Mia. Nas águas do tempo. In Estórias abesonhadas. Lisboa: Caminho, 1994. p. 17).
Você sabe como é chamada a relação entre todas as coisas do mundo, dentro da cultura africana? Cosmogonia
“Toda sociedade que não domina a ciência e a tecnologia tende a encontrar nos fenômenos naturais e na relação com o sobrenatural, explicações para a existência.”
Assim foi com os povos ocidentais antigos, como os gregos, que
estabeleceram os deuses mitológicos e os elementos mágicos a eles associados para compreender o homem e o mundo.
A escritura africana é determinada por alguns temas que se repetem na obra de diversos autores, e que representam o proprium africano. São marcas de identidade que precisam ser fortalecidas com dois objetivos claros: o primeiro define-se pela necessidade de vencer o colonizador inimigo; o segundo, pelo desejo de resgatar a cultura auctóctone (de origem).
Ainda precisamos considerar que sempre houve, na África, uma organização social que prevê: 
• uma hierarquia, com reis e nobres (diferenciados pela escarificação - cortes no rosto - signo de identidade étnica), súditos e escravos; 
• uma constituição familiar com tarefas definidas para cada membro do clã; 
• uma distribuição das atividades ligadas ao trabalho 
• e um processo educacional constituído pela crença adotada por cada etnia e pela sabedoria advinda da natureza.
Slides aula 2
Os fundamentos que compõem o proprium africano; 
Os valores culturais da África;
A organização social dos povos africanos. 
Proprium africano é o conjunto de valores autóctones, ou seja, primitivos, genesíacos, que compõem o homem e o universo africano. É a identidade dos povos africanos, sem o contato com o branco colonizador. 
 
Princípios Fundamentais do Proprium Africano: 
1 – Natureza: Mãe-África, Mãe-Terra. Representa uma relação de igualdade e unidade do homem com a natureza.
2 – Ancestralidade: crença na existência dos espíritos. Três figuras se destacam:
o iniciado e griot (contador de histórias); 
o velho; 
a mamana. 
Essas figuras também representam a oralidade.
3 – Ritmo: a música, o canto e a dança representam uma forma de estar em 
harmonia com o cosmos. O homem, ao cantar e dançar, entra em transe e, assim, se congrega aos elementos universais. 
O tambor é o mais importante de todos os instrumentos, pois o som forte que emite chegar aos espíritos, fazendo-os entender que, na terra, os viventes os estão louvando. O tambor também é instrumento de comunicação entre diversos povos, avisando da presença do inimigo ou convocando para uma batalha. 
4 – Infância: a pureza e a inocência da criança permitem que ela capte mais facilmente as energias do universo, o que representa uma forma de sabedoria. Há a ideia de retorno a um tempo genesíaco (antes da colonização) e de sonho de liberdade. 
5 – Magia: presente no cotidiano, em atividades comuns: caçar, pescar, combater, constituir família. 
Relação entre todas as coisas do universo, a que se dá o nome de cosmogonia.
A escritura africana é determinada por alguns temas que se repetem na obra de diversos autores, e que representam o proprium africano. São marcas de identidade que precisam ser fortalecidas com dois objetivos claros: o primeiro define-se pela necessidade de vencer o colonizador inimigo; o segundo, pelo desejo de resgatar a cultura autóctone (de origem). 
Organização social: reis e nobres, súditos e escravos.
Constituição familiar: tarefas definidas para cada membro do clã; uma distribuição das atividades ligadas ao trabalho.
Processo educacional: crença adotada por cada etnia e pela sabedoria advinda da natureza.
Aula 3: A Colonização e a Resistência - O Papel do Escritor Africano
Já sabemos que a chegada dos europeus no continente africano obedeceu a interesses unicamente mercantilistas, ou seja, de exploração das novas terras descobertas, e que se deu de modo violento, sem respeitar os homens que lá viviam.
Vimos que, somente no século XIX, houve uma ocupação efetiva das colônias africanas. A superioridade bélica dos povos europeus não permitiu que os africanos pudessem resistir imediatamente ao massacre que se seguiu à invasão.
Léopold Sédar Senghor, escritor e líder senegalês que lutou pela libertação do seu povo contra a colonização francesa, lembra que, desde o Renascimento, no século XVI, até meados do século XIX, árabes e europeus praticaram o tráfico de negros, deportando homens para terras americanas. Acredita o autor que tenham sido duzentos milhões de mortos. E conclui: “O mal causado à África negra é o mais terrível que jamais foi feito a uma etnia” 
Qual o resultado do processo de colonização?
Não tendo como lutar
imediatamente contra os colonizadores, os africanos, para não serem mortos, acabaram cedendo à pressão exercida pelos europeus.
Os negros que não eram transformados em escravos se submetiam à cultura europeia, abandonando suas próprias características culturais e de identidade. Complexados, se sentindo inferiores, os negros tornavam-se aculturados ou assimilados.
Aculturação é o abandono completo de sua própria cultura para assumir a cultura do estrangeiro. A língua portuguesa é o primeiro instrumento de aculturação, ou seja, apagamento dos traços culturais autóctones. Tal proposta é mais comum entre os mestiços, que não se veem como negros e desejam ser totalmente brancos, se não pela fisionomia, ao menos pelos costumes. Surge uma burguesia negra ou mestiça.
Assimilação é a adoção de costumes europeus sem o abandono completo de marcas culturais africanas. O assimilado vincula-se à cultura europeia por uma questão de sobrevivência, mas ainda mantém valores africanos.
Quando, então, começa a resistência?
Jovens africanos começam a frequentar escolas de modelo europeu. Aprendem a língua portuguesa, conhecem as ideologias dos colonizadores. Muitos ingressam em universidades em Portugal, a maioria deles para estudar Medicina ou Letras. Todavia, chegando às terras portuguesas, percebem que sempre serão tratados como inferiores, e tomam conhecimento da violência da colonização. 
Começa o processo de conscientização.
Esses jovens tornam-se, então, guerrilheiros. Passam a lutar contra os europeus, em guerras sangrentas que provocam muitas mortes. Tem início a guerra colonial, que se estende por mais de uma década. Líderes africanos são presos e torturados.
“A Escola e a Prisão foram duas instituições de grande valimento para o regime colonial. Na escola, procurava-se dominar espiritualmente os colonizados pelo apagamento de seus valores culturais e civilizacionais, pelo banimento da sua língua, pela niilificação da sua história. (...) Na prisão, pretendia-se amedrontar, pela violência física, a resistência dos que não aceitavam a opressão colonial e tinham a coragem de dizê-lo”.
Mas essas duas instituições, pretensamente aliadas do regime colonial português, são também e, sobretudo, muito úteis aos colonizados, porque elas permitir-lhes-ão desenvolver a consciência política e lutar, cada vez mais, pelos seus direitos. Paradoxalmente, o regime colonial português criava as armas de sua própria destruição. 
Esses jovens que dominavam a língua portuguesa e que se revoltaram contra o processo colonial, quando presos, escrevem poemas que são verdadeiras mensagens de resistência. Assim têm início as Literaturas Africanas de Língua Portuguesa. A literatura feita atrás das grades das prisões se chamará literatura de guerrilha.
São exemplos dessa literatura os livros:
a) Sagrada Esperança, de Agostinho Neto, médico e líder na luta pela libertação de Angola, e que se tornou o primeiro presidente de seu país. Foi preso várias vezes e libertado devido à pressão da Anistia Internacional e de escritores de renome;
b) Sobreviver em Tarrafal de Santiago, de António Jacinto, angolano, preso no período de 1962 a 1972;
c) Poemas da Prisão, de José Craveirinha, líder moçambicano, que esteve preso entre 1965 e 1969.
O Surgimento das Literaturas Africanas de Língua Portuguesa
A produção cultural em África sempre se desenvolveu em termos de transmissão oral, feita pelos griots, os contadores de histórias. Assim, a oralidade é responsável pela manutenção dos valores africanos.
 O griot era o sábio e o mais velho, que simbolizava todos os seus antepassados, revividos no ato de contar estórias. As sociedades africanas eram ágrafas, ou seja, sua força estava na palavra. Na origem da produção cultural africana encontramos, assim, a oralidade e não a escrita. Isso significa dizer que na África colonizada por Portugal sempre houve literatura, mas de forma oral. 
Contavam-se histórias em torno da fogueira, embaixo das árvores, em uma roda, na qual aquele que as contava representava todos os que, antes dele, já haviam sido contadores também.
Para a professora Laura Cavalcante Padilha, no livro Entre voz e letra, mesmo no texto escrito africano, que a partir da metade do século XX buscará temas que expressassem sua identidade cultural, o escritor africano estará em busca desse dinamismo, do movimento que antes estivera presente na voz, na emoção de contar narrações de cor, decoradas, termo cujo radical remete à palavra coração. Assim, as literaturas africanas vão tentar reproduzir os gestos, as expressões faciais e as corporais e o ritmo da voz que marcavam a contação de histórias.
A língua é o patrimônio de qualquer povo. Da mesma forma, também as
línguas autóctones precisam ser defendidas contra a imposição da língua do dominador. Os textos literários, assim, estruturam-se por construções sintáticas, semânticas e morfológicas que têm por princípio valorizar as línguas africanas. A morfologia e a sintaxe da língua portuguesa são alteradas de acordo com as formas linguísticas africanas, e o léxico da lpingua de dominação sofre a invasão de expressões nacionais, o que também representa resistência e insubordinação.
O uso de expressões das línguas africanas autóctones mescladas ao léxico português, proposta literária dos escritores africanos, tem dois objetivos principais:
Mostrar insubmissão ao colonizador alterando a sua língua, um dos instrumentos de dominação;
Resgatar valores culturais africanos.
 
No século XIX aparecem os primeiros autores africanos de língua portuguesa. Eles são aculturados ou assimilados, conceitos que já aprendemos. Assim, apesar de fazerem uma literatura produzida na África, com paisagens e figuras africanas, eles ainda carregam o eurocentrismo, ideologia que considera os europeus superiores a outros povos. A esse tipo de literatura denomina-se literatura colonial.
Entretanto, devemos destacar que, embora esses textos literários ainda apresentam o negro como inferior ao branco, eles inauguram temas ligados à África e ao homem africano na narrativa e na poesia. Também é importante frisar que tem início, ainda no século XIX, uma prática jornalística que começa a questionar as atitudes do colonizador, como o jornal Echo de Angola (1881). Já no início do século XX, aparecem jornais escritos em português e em quimbundo, como o Muen’exi (= o senhor da terra) e o Mukuarimi (= o “linguarudo”), editados em Angola, dirigidos por Alfredo Troni.
Você já deve estar percebendo que estamos falando do início de um processo de resistência contra a colonização portuguesa. Essa resistência terá seu auge com o processo de Negritude.
O que é a Negritude?
A palavra negritude foi empregada pela primeira vez por Aimé Césaire, em 1938, no seu livro de poemas Cahiers d’un retour au pays natal.
Negritude é uma expressão cultural de revitalização das identidades africanas. São vários movimentos que se propagam nas letras, na música, nos manifestos políticos, desde 1915.
O movimento de Negritude, primeiramente difundido nos
 Estados Unidos, em Cuba e no Haiti, surge para revigorar o ser africano massacrado pelo regime colonial, e tem seu auge entre os anos 1930 e 1950. A cor da pele, os ritos, a natureza e os costumes sociais passam a ser extremamente valorizados. O discurso se radicaliza, e tudo o que não pertencer ao universo negro torna-se indesejável.
Slides aula 3
Os conceitos de aculturação e assimilação;
O processo de resistência dos africanos;
A construção das literaturas africanas;
A organização social dos povos africanos. 
Contextualização histórica
Por interesses mercantilistas, os colonizadores ocuparam efetivamente o continente africano a partir do século XIX. Inicialmente, a superioridade bélica dos europeus impediu uma reação dos povos africanos. 
A resistência tem como origem duas instituições ocidentais: a escola e a prisão. Na escola, jovens africanos aprendem a língua do colonizador e, ao mesmo tempo, a complexidade da ideologia escravista. Tratados como inferiores,
adquirem consciência política e passam a lutar pela libertação de seus países. E é na prisão que eles se tornam líderes de movimentos que darão início à guerra colonial.
POEMETO (José Craveirinha)
Na cidade calada à força 
agora falamos mais. 
Que para violar este silêncio 
basta porem-nos juntos 
na prisão.
O Surgimento das Literaturas Africanas de Língua Portuguesa
Toda cultura africana era produzida e transmitida através da ORALIDADE. Quando são obrigados a se expressar na língua do colonizador, surge uma intelectualidade africana que se empenha em transferir para a palavra escrita os movimentos da fala e do corpo que desenhavam as estórias contadas.
As literaturas africanas de língua portuguesa, em um primeiro momento, ainda no século XIX, assimilam a ideologia do colonizador e apresentam o africano inferiorizado. Aos poucos, tem início um processo de conscientização e, em consequência, a valorização do negro colonizado. Até que a literatura, especialmente a poesia, torna-se instrumento de luta pela libertação. Palavras como transformação repetem-se nos versos. A África e o homem africano são cantados com todos os seus sons e cores.
Portanto, as literaturas africanas de língua portuguesa possuem as seguintes características:
os textos são compostos por jovens guerrilheiros, líderes da luta pela libertação;
utilizam expressões autóctones mescladas ao léxico português, a fim de: a) mostrar insubmissão ao colonizador alterando a sua língua, um dos instrumentos de dominação; 
b) resgatar valores culturais africanos.
A escravização dos africanos
O tráfico negreiro, no Brasil, se inicia no século XVII e se estende até o século XIX. Alguns negros já eram escravizados em Angola, mas essa condição torna-se ainda mais desumana com a separação de seu povo e a proibição de suas práticas culturais, além de serem intensificados os castigos físicos.
Esses escravos eram de diferentes origens étnicas. Assim, além de não saber falar o português, não se comunicavam entre si. Aos poucos, vencem essas dificuldades e, apesar da violência a que são submetidos, conseguem manter a sua cultura viva em nosso país.
É preciso destacar que sempre houve literatura na África, mas na forma oral, composta por estórias contadas pelos griots. 
Os primeiros autores africanos de língua portuguesa surgem no século XIX e são intelectuais aculturados ou assimilados. Os textos que produzem são definidos como literatura colonial, porque ainda se moldam pelas ideologias colonialistas. 
Mas já aparecem na escrita o elogio às paisagens e às figuras africanas, ou uma afirmação dos valores do homem africano.
Não me fujas assim, mulher feita de espuma!
Eu sou ébano; tu, rainha das donzelas.
Mas, olha, a noite é negra e tem milhões de estrelas,
O dia é belo e branco e tem apenas uma. (Costa Alegre, século XIX)
		
A Negritude
A palavra Negritude foi utilizada por Aimé Césaire em 1938, poeta nascido na Ilha da Martinica, e que se destacou na luta pela libertação das colônias africanas. Surge, então, o movimento de valorização do negro, que tem origem nos Estados Unidos, no Haiti e em Cuba. Com os escritos literários e a prática jornalística, a Negritude transforma-se em movimento de resistência à colonização portuguesa.
Na literatura, tem início uma nova ideologia: a valorização da cultura negra. É um processo de transição que Manuel Ferreira define como “da dor de ser negro ao orgulho de ser preto”. A África e o homem africano tornam-se os elementos fundamentais dos textos literários, especialmente da poesia.
Oh! Meus dentes brancos de marfim espoliado
puros brilhando na minha negra reincarnada face altiva
e no ventre maternal dos campos da nossa indisfrutada colheita
de milho
o cálido encantamento selvagem da minha pele tropical. 
(“Manifesto” - José Craveirinha)
Aula 4: A Literatura Angolana no Século XIX
Panorama histórico e geográfico
Situada na África Ocidental, banhada pelo Oceano Atlântico, a atual República de Angola alcançou a sua Independência de Portugal em 11/11/1975.
A chegada dos portugueses às terras angolanas data de
1482, com a expedição de Diogo Cão. A luta pela libertação tem como marca o dia 04/02/1961 – para todas as nações africanas de língua portuguesa, a saber: Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe.
Guerra Civil
Tendo se iniciado em 1975, a guerra civil só terminou em 4 de abril de 2002,
quando um tratado de paz foi assinado. Desde então, os angolanos tentam viver dignamente, em meio às explosões das minas que mutilam ou matam a sua população (há cerca de uma para cada habitante angolano), herança da UNITA.
Importante lembrar que a Guerra Colonial desenvolvida nas cinco nações africanas no período de 1961 a 1974 teve o apoio da extinta URSS (União Soviética) em termos de armamento e de treinamento de guerrilha, contando também com o auxílio de Cuba, que objetivavam ampliar o comunismo no mundo. Este, entretanto, não se consolidou naquelas nações após a década de 1980, e isso pode ser muito bem entendido na leitura de obras literárias como em Quem me dera ser onda, do angolano Manuel Rui.
Uma das causas para o sucesso do movimento guerrilheiro se deveu ao apoio da população local e ao fato de um dos instrumentos de luta ter sido o poema cantado, passado de boca em boca, que levava a conscientização dos motivos da guerra à população, como veremos oportunamente.
Língua
O português é a única língua oficial de Angola, no entanto o país conta com cerca de duas dezenas de línguas nacionais, das quais 6 com maior expressão:
quicongo (ou kikongo)
quimbundo (ou kimbundu)
chocué (ou tchokwe)
umbundo
mbunda 
cuanhama (kwanyama ou oxikwnyama)
A esmagadora maioria dos angolanos - perto de 90% - é de origem bantu. 
O principal grupo étnico bantu é o dos ovimbundos que se concentra no centro-sul de Angola e se expressa tradicionalmente em umbundo, a língua nacional com maior número de falantes em Angola. Por seu lado, os ambundos, falando quimbundo (ou kimbundu), a segunda língua nacional com mais falantes, estabelecem-se maioritariamente na zona centro-norte, no eixo Luanda-Malanje e no Quanza-Sul.
O quimbundo é de grande relevância, por ser a língua tradicional da capital e do antigo reino dos N'gola. Legou muitas palavras à língua portuguesa e importou desta, também, muitos vocábulos.
No Norte (Uíge e Zaire) concentram-se os bacongos de língua quicongo que tem diversos dialetos. Era a expressão do antigo Reino do Congo. 
Por último, cerca de 3% da população atual é branca (Maioritariamente de origem portuguesa) ou mestiça, população que se concentra primariamente nas cidades e tem o português por língua materna. 
De referir, ainda, a existência de um número considerável de falantes das línguas francesa e lingala, explicada pelas migrações relacionadas com o período da luta de libertação e pelas afinidades com as vizinhas República do Congo e República Democrática do Congo.
Os quiocos ocupam o Leste, desde a Lunda Norte ao Moxico, e expressam-se tradicionalmente em chocué, forma linguística que se tem vindo a sobreposto a outras da zona leste do país.
Produção literária
A literatura angolana tem na década de 1940 o seu período de consolidação, embora no século XIX tenhamos já algumas publicações, como Espontaneidades da minha alma (1849), o primeiro livro de poemas publicado na África de língua portuguesa, de José da Silva Maia Ferreira.
Nele, encontramos uma curiosa paródia de a Canção do Exílio, do nosso Gonçalves Dias, embora em nada os versos se assemelhem ao nacionalismo do brasileiro, visto que o autor angolano, ainda sob a forte marca do eurocentrismo, pode ser caracterizado como um aculturado, apesar de já esboçar alguns indícios regionais e de sentimento nacional.
No poema ao lado, retirado de Espontaneidades da minha alma, você perceberá no trecho extraído que o sentimento nacional presente nos versos se refere ao fato de o poeta reconhecer que nasceu em Angola. 
Este poema já traz ambientes típicos do país, embora
o poeta compare Angola a Portugal e também ao Brasil, comparação que deixa Angola sempre em desvantagem em termos de belezas naturais.
Isso acontece porque, os autores desse momento são aculturados, afastados
da sua cultura, projetando a cultura europeia na sua.
À MINHA TERRA! 
A minha terra - José da Silva Maia Ferreira
Minha terra não tem os cristais
Dessas fontes do só Portugal
Minha terra não tem salgueirais,
Só tem ondas de branco areal.
Em seus campos não brota o jasmin,
Não matiza de flores os seus prados,
Não tem rosas de fino carmim,
Só tem montes de barro escarpados.
Não tem frutos por Deus ofertados,
Qual mimoso torrão port
Análise do poema
Neste poema, vemos como o eu-lírico compara a sua terra com a terra portuguesa em muitos momentos do poema, mostrando que as belezas de Portugal são superiores as de Angola: (“Minha terra não tem os cristais/Dessas fontes do só Portugal” (...) “Não tem rosas de fino carmim,/Só tem montes de barro escarpados”).
Podemos observar as referências à cultura e literatura portuguesas – episódio de Inês de Castro, citado em “Os Lusíadas”, de Luís de Camões.
No poema, há a primeira menção à cor negra, nestes versos: “Não tem Virgens com faces de neve”. Embora se sentindo inferiorizado, como consequência do complexo provocado pelo colonizador, o autor reconhece que nasceu em Angola: “Deu-me o berço”.
Interessante é o diálogo que desde cedo as Literaturas Africanas de Língua Portuguesa realizam com a Literatura Brasileira.
Veja esse exemplo, no qual o Brasil é citado também como modelo de beleza, além de estar clara a referência ao poeta Gonçalves Dias, do Romantismo: “Também invejo o Brasil/Sobre as águas a brilhar,/Nesses campos mil a mil,/Nesses montes d’além-mar/Invejo a formosura/Desses prados de verdura,/Inspirando com doçura/O Poeta a descantar”.
É importante lembrar que neste momento as Literaturas Africanas não apresentam estilos literários, como a Literatura Brasileira, a Literatura Portuguesa e a Literatura Hispano-Americana. Assim, não podemos afirmar que o poema “A minha terra” ou o seu autor sejam românticos.
Literatura feita em África
Com José da Silva Maia Ferreira, inaugura-se uma literatura feita em África, por africanos. Entretanto, também houve uma literatura em África, feita por portugueses. Convém, aqui, abrirmos um parêntese para lembrar que a África nunca foi considerada um lugar bom para os portugueses.
Feita essa observação, resta afirmar que o português Alfredo Troni, autor de Nga Muturi, texto que leremos a seguir, também pode se juntar aos nomes de Gregório, Bocage e Tomás Antônio, pois que também era malvisto pelas autoridades portuguesas. 
Colaborador da imprensa, ao publicar Nga Muturi no seu jornal, mostrará a modificação que a civilização europeia trouxe para Angola, na presença de uma escrava que vai se descaracterizando aos poucos, porém sem perder verdadeiramente as suas raízes étnicas.
Algumas palavras dos textos africanos foram tiradas das línguas nacionais, como o quimbundo, por exemplo. As edições dos livros portugueses costumam trazer um glossário para elas. As edições brasileiras – ou reproduções – nem sempre o fazem. O conto Nga Muturi foi retirado do livro da Professora Maria Aparecida, o qual não traz a tradução destas palavras. Isso não atrapalha o entendimento global do texto de Troni. É bom saber que “Nga Muturi” significa “Senhora Viúva”.
Slides aula 4
Os autores que mais se destacaram na Literatura Angolana do século XIX;
O diálogo existente entre as culturas brasileira e africana na literatura angolana.
Angola
A República de Angola situa-se na África Ocidental. País que alcançou sua independência de Portugal em 11/11/1975, Angola escreveu uma história que se destacou na guerra colonial e na busca de unidade entre as nações africanas colonizadas.
Após a Independência, o partido UNITA (União Nacional para a Independência de Angola), que concorrera às eleições para eleger o primeiro Presidente daquela República, não aceitou o resultado das urnas, que deu a vitória ao MPLA (Movimento pela Libertação de Angola), partido fundado pelo escritor Agostinho Neto, em 1956, o qual foi o primeiro Presidente de Angola.
A Guerra Civil em Angola teve em início em 1975 (ano da Independência) e terminou em 1992 com um acordo de paz. 
A Guerra Civil é consequência da invasão portuguesa e da Guerra Colonial. Devemos lembrar que diferentes etnias africanas precisaram unir-se contra um inimigo comum, o português. 
Alcançada a liberdade, as diferenças ideológicas que dividiam o território angolano entraram novamente em cena.
Garantir as identidades étnicas representava a necessidade de se manter a integridade do “eu” africano, o qual, durante a colonização, foi obrigado a se tornar um aculturado ou um assimilado.
Aculturação: abandono completo da própria cultura para assumir a cultura estrangeira. A língua portuguesa é o primeiro instrumento de aculturação utilizada pelos colonizadores.
Assimilação: adoção de costumes europeus sem o completo abandono da identidade cultural autóctone.
Lembramos que os dois processos foram impostos pela violência.
Paradoxalmente, foi por se tornar um assimilado (e não um aculturado), que o homem africano compreendeu as ideologias colonialistas, a “estrutura mental” do colonizador, e fortaleceu o processo de resistência com o apoio da extinta União Soviética e de Cuba, que objetivavam expandir o modelo comunista no mundo.
Mas o apoio da população local foi o que permitiu que a resistência se estendesse até a liberdade. E o que possibilitou a união dos africanos, tanto em Angola como nas demais colônias, foi a poesia de guerrilha, arma de conscientização.
Panorama histórico-cultural da África
Os poemas africanos levaram para a escrita a expressão oral autóctone. Essa foi uma proposta ousada, especialmente em Angola, país onde, além do idioma português (oficial) falam-se, ainda, dezenas de outras línguas. A formação étnica de Angola é das mais variadas, mas 90% dos angolanos são de origem bantu, que se subdivide em outros grupos étnicos.
Produção literária em Angola
José da Silva Maia Ferreira, com o livro de poemas Espontaneidades da minha
 alma (1849), dá início à literatura angolana. Há, na obra, uma intertextualidade com o poema Canção do Exílio, de Gonçalves Dias, embora o propósito do texto não seja nacionalista, pois se trata de uma literatura colonial. No entanto, o autor já esboça, nos versos, algum sentimento de nacionalidade.
Mesmo assim rude, sem
primores da arte,
Nem da natura os mimos e
belezas, 
Que em campos mil a mil
vicejam sempre,
 É minha pátria!
Minha pátria por quem sinto
Saudades (...) (José da Silva Maia Ferreira)
Antes de haver, em África, uma literatura feita por africanos, havia uma literatura feita por portugueses que tinha o continente como tema. É o caso de Alfredo Troni que, no texto Nga Muturi, denuncia o processo de aculturação imposto a uma escrava que vai se descaracterizando aos poucos, mas sem perder suas raízes étnicas.
Que a mandaram lavar, e desmanchar-lhe o lindo penteado seguro pelo ngunde e tacula que lhe fizera a mama, tirando-lhe as miçangas e os búzios e todos os enfeites. (Alfredo Troni)
Aula 5: O Século XX e a Nova Literatura Angolana
Premissa
A literatura angolana, no entender de Tânia Macedo, professora da USP, tem na década de 1940 seu período de consolidação, a partir especificamente de 1948, com o Movimento dos Novos Intelectuais de Angola (ANANGOLA), que tinha como lema “Vamos descobrir Angola” e era inspirado no Movimento Modernista brasileiro de 1922. 
Isso porque os modernistas brasileiros queriam construir uma nacionalidade independente dos padrões europeus. A mesma proposta teve os escritores angolanos: construir uma nacionalidade africana, desvinculando-se dos modelos culturais do colonizador português.
O ANANGOLA (Associação dos Naturais de Angola; em quimbundo an + ngola = filhos de Angola) possibilitou a publicação da Antologia dos novos poetas de Angola, em
1950, e, um ano depois, da Revista Mensagem que, com dois números publicados entre 1951 e 1952, foi apreendida pelas forças ditatoriais do governo de Salazar, implantado em Portugal desde 1926.
Ideais da Negritude
Na década de 50 do século XX, duas tendências surgiram entre os intelectuais africanos: a primeira de defesa dos ideais da Negritude, que vinha sofrendo ataques de muitos que entendiam haver uma associação da raça negra a uma negatividade; a segunda, de substituição do ideal de negritude por uma proposta mais regional, como angolanidade e moçambicanidade.
É preciso ressaltar que a afirmação da negritude se dá pela desvalorização da raça branca e de seus aspectos culturais.
No Brasil, mantém-se a proposta universal de negritude. Diversas manifestações artísticas são oriundas da Negritude, como o movimento Black Power e a música “Black is beautiful”, composição de Marcos e Paulo Sergio Valle, gravada por Elis Regina.
Hoje cedo, na rua do Ouvidor
Quantos brancos horríveis eu vi
Eu quero um homem de cor
Um deus negro do Congo ou daqui
Que se integre no meu sangue europeu
Black is beautiful, black is beautiful
Black beauty so peaceful
I wanna a black I wanna a beautiful
Hoje a noite amante negro eu vou
Vou enfeitar o meu corpo no seu
Eu quero este homem de cor
Um deus negro do congo ou daqui Elis Regina
A importância da poesia
A partir daí, as literaturas africanas de língua portuguesa assumem um tom engajado, colocando-se como instrumento de luta pela libertação de Portugal. 
A expressão maior desta fase é a poesia, pois os versos retomarão a força da oralidade, sendo decorados e chegando a todos, repetidos de boca em boca. Nessa perspectiva, o eu-lírico se assemelha a um herói, como percebemos no poema Adeus à hora da largada, de Agostinho Neto, do livro Sagrada Esperança.
Adeus à hora da largada
Minha Mãe
(todas as mães negras
cujos filhos partiram)
tu me ensinaste a esperar
como esperaste nas horas difíceis
Mas a vida
matou em mim essa mística esperança
Eu já não espero
sou aquele por quem se espera
Sou eu minha Mãe
a esperança somos nós
os teus filhos
Análise
Percebemos no poema que um filho se despede da mãe. Mas embora os versos estejam na 1ª pessoa do singular, o poeta fala por todo o povo. 
Ele é o herói que vai para a guerra, e sua mãe simboliza outras tantas mães e até mesmo a sua terra, a Mãe África. O eu-lírico rompe com a perspectiva da literatura portuguesa da espera por Dom Sebastião (Sebastianismo) e vai em busca de esperança, do amanhã.
O “amanhã” é uma palavra bastante revolucionária e
comum nessa literatura que se coloca participativa e engajada.
Há uma genial entre o Presente (marcado pela miséria) e o Futuro esperado, quando haverá a “abolição desta escravatura”. Após a Independência de Angola, em 1975, Agostinho Neto, que era presidente do MPLA, assume a Presidência de Angola. Também são importantes as palavras “transformação”, que representa um surgimento de uma nova África, livre da colonização, e “liberdade”, que é o sonho maior de todo povo.
Luuanda
Um nome neste momento que não se pode deixar de fazer referência é o de Luandino Vieira, que com Luuanda (1961) realiza a renovação que vai determinar novas concepções estéticas, bastante identificadas com as processadas pelo brasileiro Guimarães Rosa (obra que Luandino lê depois de publicar Luuanda, na cadeia), indo além das interrogações ao signo linguístico verificadas em Guimarães, já que as inovações semânticas e sintáticas processadas por Luandino pretendem, igualmente, questionar o colonizador.
Estória da galinha e do ovo
Só mesmo quando o sargento começou aos socos nas costas é que tudo calou e começaram ainda arranjar os panos, os lenços da cabeça, coçar os sítios das pancadas.
Os dois soldados tinham também entrado atrás do chefe deles, sem licença nem nada, e agora, um de cada lado do grupo, mostravam os cassetetes brancos ameaçando e rindo.
Mas o sargento, um homem gordo e baixo todo suado, tinha tirado o capacete de aço e arreganhava:
Bando de vacas! Que raio de coisa é
A vida em Angola
O autor ambienta a história em um musseque (bairro pobre, favelizado, de Angola) no qual a reação ao regime colonialista era bastante forte. 
É impressionante a agilidade das cenas e da própria linguagem do texto que, pela quebra das orações, pela opção ao período simples, pela mistura entre a língua portuguesa e as línguas nacionais, significam uma volta à oralidade anterior à escrita em Angola, como marca de uma literatura africana que busca sua identidade, ou angolanidade.
Nesse texto, está presente a violência policial contra os moradores pobres nos musseques, o clima de terror, tudo denunciado pela própria escrita da língua portuguesa, que foi imposta pelo colonizador, mas que se tornou uma aliada dos autores africanos, que através dela puderam divulgar seus textos para um número maior de leitores, além de se unirem – a partir de uma mesma língua – em busca da dignidade.
Muitos outros autores poderiam aqui ser citados, mas fiquemos com estes dois (Luandino Vieira e Agostinho Neto) como exemplos fortes. Os conceitos aqui apresentados também são elementos das literatudas de outros países africanos de língua oficial portuguesa (PALOPs): a natureza, a negritude, a infância (que simboliza a pureza e o tempo antes da colonização), a dor do colonizado, o desejo de liberdade, os ritos que incluem a crença, a música e a dança (do que é símbolo maior o tambor) e a ancestralidade.
Slides aula 5
Os contextos históricos e políticos diferentes entre a literatura angolana do século XIX e a da segunda
 metade do século XX;
Os autores e obras significativos da Literatura Angolana da fase pós-década de 40 até 1975.
A LITERATURA ANGOLA 
A literatura angolana consolida-se na década de 40 com o Movimento dos Novos Intelectuais de Angola (ANANGOLA), que tinha como lema “Vamos descobrir Angola” e era inspirado no Movimento Modernista brasileiro de 1922. Assim como os modernistas brasileiros, os intelectuais africanos queriam construir uma nacionalidade independente dos padrões europeus. 
O ANANGOLA (Associação dos Naturais de Angola; em quimbundo AN + NGOLA = filhos de Angola) foi responsável pela publicação da Antologia dos novos poetas de Angola, em 1950, e da Revista Mensagem que, com dois números publicados entre 1951 e 1952, foi apreendida pela ditadura do governo de Salazar.
A poesia se destaca como instrumento de luta pela libertação e, nesse contexto, o eu lírico se assemelha a um herói. Agostinho Neto lança o livro Sagrada Esperança e, além de escritor e líder na guerra colonial, torna-se o primeiro presidente de Angola. 
Amanhecer
Há um sussuro morno / sobre a terra; / degladiam-se / luz e trevas / pela posse do Universo; / sente-se a existência/ 
a penetrar-nos nas veias / vinda lá de fora / através da janela; //
cresce a alegria na alma / a Vida murmura-nos doces fantasias. //
Tangem sinos na madrugada / vai nascer o sol. (Agostinho Neto)
A semântica da liberdade imprime nos versos palavras revolucionárias que representam o futuro sonhado: “amanhã”, “transformação”, “unidade”, “África”. Essas palavras fazem a antítese com as marcas violentas da colonização.
Outro nome que se destaca é o de Luandino Vieira, que, com Luuanda (1961), realiza a renovação que vai determinar novas concepções estéticas, bastante identificadas com as propostas literárias de Guimarães Rosa. 
O próprio Luandino reconhece e identifica as influências literárias brasileiras em sua obra: “O Jorge amado que me deu uma visão da humanidade, dos seus personagens, da inclusão de todo o tipo de personagem como tão valioso como qualquer outro tipo de personagem e, sobretudo, a questão da introdução do negro na Literatura, a partir de Jubiabá que ninguém pode mais esquecer; e, depois, Guimarães Rosa por suas personagens, por sua ética”. 
Por cima dos zincos baixos do musseque, derrotando a luz dos projectores nas suas torres de ferro, uma lua grande e azul estava subir no céu. Os
monandeagues brincavam ainda nas areias molhadas e os mais-velhos, nas portas, gozavam o fresco, descansavam um pouco dos trabalhos desse dia. Nos capins os ralos e os grilos faziam acompanhamento nas rãs das cacimbas e todo o ar estava tremer com essa música. Num pau perto, um matias ainda cantou, algumas vezes, a cantiga dele de pão-de-cinco-tostões. (Luuanda, 1963)
Aula de revisão
As origens da visão exótica sobre a África; a história dos povos africanos e a colonização;
O proprium africano;
A guerra colonial;
A literatura angolana no século XIX;
A literatura angolana no século XX.
Panorama histórico-cultural da África
A África é um continente extenso, mas pouco povoado. É normalmente dividida entre África branca, ao norte do Saara, onde vive uma população formada pela raça mediterrânea, e África negra, ao sul do Saara, com uma população diversificada. 
Os povos africanos dividem-se em muitas etnias, o que representa a existência de línguas diferentes e formas específicas de se relacionar com o universo e de constituir a sociedade.
 
Considera-se a África o “berço da Humanidade”, especialmente depois que um fóssil de 3,5 milhões de anos foi encontrado na Etiópia. O mais importante, no entanto, é a riqueza cultural que o continente nos legou. Ainda assim, difunde-se uma visão negativa sobre a África, sempre associada ao exotismo, à miséria e ao caos social.
Isso se deve à colonização que teve início no século XV com as navegações. Resultam dessa expansão marítima a ocupação violenta da costa africana e a escravização. Territórios africanos transformam-se em colônias portuguesas: Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Guiné-Bissau. 
Antes da colonização, na África existiam os grandes reinos e as pequenas comunidades que viviam da caça e da pesca. Nesses dois modelos, havia uma organização social hierárquica, inclusive com nobres e escravos. No entanto, as civilizações africanas não foram reconhecidas pelo modelo europeu devido ao pensamento etnocêntrico, o que gerou preconceitos que se mantêm ainda hoje.
Os discursos etnocêntricos que associavam a África ao mal e ao atraso foram sintetizados no conceito de “tarzanismo”. Tarzan representava a superioridade do homem branco sobre o negro africano e sobre a natureza selvagem.
A visão negativa sobre a África é mantida, porque ocorrem as guerras civis, quase sempre motivadas por diferenças étnicas, pela prática da ditadura e pela divulgação de calamidades públicas sem que haja, em contrapartida, destaque para fatos os positivos.
No Brasil, a Lei Federal 10.639/2003 tornou obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-brasileira nos Níveis Fundamental e Médio, objetivando desfazer esses estereótipos, mas não houve efetiva aplicação de suas propostas.
O proprium africano
Proprium africano é o conjunto de valores autóctones que compõem o homem e o universo africano e garantem a manutenção de uma cultura existente antes da chegada do colonizador.
Princípios fundamentais do proprium africano: natureza (Mãe-África, Mãe-Terra); ancestralidade; ritmo; infância; magia. A manutenção desses elementos na literatura atende a dois objetivos: vencer o inimigo colonizador e resgatar os valores culturais da África.
A colonização e a resistência: o papel do escritor africano
A ocupação efetiva das colônias africanas deu-se no século XIX, e obteve sucesso devido à superioridade bélica dos europeus.
Os dois polos de resistência africana são a escola e a prisão, instituições utilizadas como forma de dominação, mas que promoveram a consciência dos jovens assimilados.
As estórias contadas de forma oral foram transcritas para o texto escrito em língua portuguesa, imposta pelo colonizador, e deram origem à literatura africana. Os textos, muitos dos quais foram escritos na prisão, representavam a valorização das culturas negras e convocavam os africanos para a luta contra o colonizador.
Há dois conceitos que definem a literatura africana e que se estão em conformidade com a História da África: “literatura colonial”, que mantém o discurso etnocêntrico; “literatura de guerrilha”, que faz dos textos literários armas de combate.
Dança Africana
As literaturas africanas ajudaram a consolidar o movimento de Negritude, o qual teve origem nos Estados Unidos, em Cuba e no Haiti, e propõe a valorização da cultura negra e a superioridade do homem negro sobre o homem branco.
Localização e breve histórico. A literatura angolana no século XIX - José da Silva Maia Ferreira e Alfredo Troni
A República de Angola alcançou sua independência de Portugal em 11/11/1975, após mais de dez anos de Guerra Colonial. A unidade africana forjada durante o período colonial foi necessária para que os africanos vencessem um inimigo comum: o colonizador. Após a libertação, os interesses étnicos sobrelevaram-se aos ideais construídos anteriormente. 
Em Angola, a permanência de dois partidos guerrilheiros desencadeou mais uma guerra. Da data da independência até 1992, o país enfrentou uma Guerra Civil entre o MPLA e a UNITA. Havia um receio, por parte da UNITA, que o presidente eleito Agostinho Neto, do MPLA, atendesse a interesses políticos específicos.
Durante a colonização, os africanos tornaram-se assimilados ou aculturados, ou seja, foram obrigados a adotar as ideologias e os costumes europeus. No entanto, foi esse projeto de eliminação da identidade africana que permitiu uma reação dos africanos contra os europeus. 
Com o apoio da antiga União Soviética e de Cuba, que pretendiam expandir o comunismo, e da população local, os intelectuais africanos tornaram-se líderes guerrilheiros e comandaram as colônias até a liberdade.
Surge a literatura de guerrilha, marcada por expressões étnicas. No entanto, antes desse processo histórico, a literatura colonial decorrente do pensamento etnocêntrico marca a escrita de autores africanos ou portugueses radicados na África lusófona. Destacam-se, no século XIX, José da Silva Maia Ferreira e Alfredo Troni.
Espontaneidades da minha alma (1849), de José da Silva Maia Ferreira, inaugura a literatura angolana. Apesar do sentimento de inferioridade em relação à Europa, o autor apresenta sinais de valorização da pátria.
Alfredo Troni, nascido em Portugal, escreve Nga Muturi, que tem a aculturação como tema e a luta de uma escrava para manter suas raízes culturais.
O século XX e a nova literatura angolana: o Movimento dos Novos Intelectuais de Angola. A revista Mensagem. Literatura e guerra colonial.
O Movimento dos Novos Intelectuais de Angola – ANANGOLA (Associação dos Naturais de Angola; em quimbundo AN + NGOLA = filhos de Angola) consolida a literatura angolana. 
O lema “Vamos descobrir Angola” era inspirado no Movimento Modernista brasileiro de 1922, que objetivara construir uma nacionalidade independente dos padrões europeus. A revista Mensagem se torna a porta-voz dos anseios por liberdade.
Agostinho Neto é o nome de maior destaque em Angola, por ser líder político, escritor e primeiro presidente do país após a libertação. Também possui relevo o nome de Luandino Vieira, por desenvolver um projeto estético que tem como modelo Guimarães Rosa e pela afirmação ideológica com o livro Luuanda (1961).
As palavras que mais se destacam nos textos literários são “amanhã”, “transformação”, “unidade” e “África”, pois representam o sonho de liberdade.
Atividades provas aula 1 a 10
 Aula 1
		1. Por que a África é chamada, pelos intelectuais associados aos processos culturais africanos, de Mãe-Terra?
	
	
	
	Porque todos os povos orientais chamam a terra de Mãe, assim como identificam o céu como Pai.
	
	
	Porque essa é uma metáfora utilizada pela literatura universal.
	
	
	Porque a terra representa a natureza acolhedora, à qual se relacionam a ancestralidade, a sobrevivência e a formação das culturas autóctones.
	
	
	Porque a maternidade é um dos elementos fundamentais das literaturas africanas.
	
	
	Porque a mulher é a figura social mais importante entre os povos africanos.
2.Após a independência do Brasil, os colonizadores portugueses voltaram seus interesses para as colônias africanas. Que instrumento de dominação foi então utilizado, além da habitual posse das terras pela violência?
	
	
	A desocupação das colônias através do tráfico negreiro.
	
	
	A imposição da Língua Portuguesa e o desenvolvimento de uma imprensa oficial.
	
	
	O aprendizado, pelos africanos, da História de Portugal.
	
	
	A transformação de africanos em trabalhadores braçais.
	
	
	A declamação, em espaços públicos, de poemas portugueses.
	
	
	3.A Lei 10.639/2003 e a implantação dos Estudos da História da África na educação formal dos níveis fundamental e médio têm como principal objetivo:
	
	
	
	Mudar nossas ideias sobre a África, vindas do colonizador europeu e difundidas pela mídia.
	
	
	Incorporar os valores atuais do continente africano, advindos da experiência de países colonizadores.
	
	
	Alimentar a noção de um continente atrasado e com problemas como a miséria, a fome, epidemias e doenças.
	
	
	Mostrar que os valores e a cultura do continente africano só existem por causa dos colonizadores europeus desde o século XV.
	
	
	Associar-se às imagens criadas pela mídia que fomentam a construção da África como um continente pitoresco, àgrafo, com animais e flora exuberante.
	
		4.Sobre a História do continente africano, podemos afirmar que:
	
	
	
	muito antes da chegada dos europeus, verificava-se, em África, uma riqueza cultural que se estendeu por diversos outros continentes.
	
	
	não se estabeleceu, entre os povos africanos, qualquer influência da cultura europeia.
	
	
	o processo cultural em África somente teve início com as colonizações.
	
	
	a diversidade étnica, que hoje é uma característica dos povos africanos, compõe-se sempre do elemento europeu associado a um grupo tribal africano.
	
	
	os africanos aceitaram pacificamente a ocupação colonial.
	
	
		5.Sobre a África pré-colonial, é correto afirmar que:
	
	
	
	as estruturas socioeconômicas da África pré-colonial se caracterizam por serem formações complexas, fundadas em diferenças culturais e com sistemas de governo próprios.
	
	
	antes da colonização, os africanos viviam em guerra e os conflitos só foram minimizados com a união entre os diversos povos autóctones para combater o europeu invasor.
	
	
	não havia cultura específica na África pré-colonial, o que facilitou o processo de domínio europeu.
	
	
	as sociedades africanas possuem uma cultura uniforme, visto o proprium africano ser comum a todos os povos.
	
	
	somente havia sociedades estruturadas nos grandes reinos, como Egito e Daomé.
	
		6.O não reconhecimento da Àfrica como um continente que possui seus valores, história, costumes e diferentes culturas, se deve ao:
	
	
	
	Arcadismo
	
	
	Cientificismo
	
	
	Renascimento
	
	
	Modernismo
	
	
	Etnocentrismo
	
		7."Picasso disse que o 'vírus' da arte africana ficou com ele durante toda a sua vida. Ele pegou-a em junho de 1907, quando se deparou com a coleção 'Africano e Oceanic' no Museu Etnográfico do Trocadero, em Paris. O fatídico encontro foi uma revelação: "As máscaras não eram simplesmente esculturas como qualquer outra. De modo nenhum. Eles eram objetos mágicos". (http://www.economist.com/node/5491943) Assinale a alternativa que contextualiza corretamente o panorama histórico-cultural da África com o texto transcrito.
	
	
	
	Artistas europeus como Pablo Picasso foram influenciados pela arte africana devido à extrema sofisticação e riqueza dos objetos artísticos produzidos na África.
	
	
	Apesar da visão etnocêntrica dos europeus sobre os africanos, julgados inferiores, a beleza da arte primitiva promoveu um encontro entre artistas europeus e artistas africanos.
	
	
	O legado cultural da África também se registra na arte europeia, o que se comprova pelo encantamento de artistas ao reconhecerem elementos do universo mágico em objetos artísticos africanos.
	
	
	A chegada da imprensa aos países africanos colonizados permitiu que a arte primitiva fosse divulgada em todo o mundo.
	
	
	Os reinos antigos da África, como Egito e Daomé, eram tão ricos e poderosos que seus governantes podiam contratar artistas europeus famosos para divulgar as culturas primitivas.
	
		8.Uma justificativa para a escravização dos africanos foi o argumento etnocêntrico que difundia a ideia de que...
	
	
	
	Os africanos não teriam alma.
	
	
	Os africanos não tinham força física.
	
	
	As religiões africanas são inferiores ao cristianismo.
	
	
	A pele branca é mais bonita que a pele negra.
	
	
	Os africanos não tinham civilidade.
Prova 2
		1. A constituição de um africano garante a identidade cultural das diversas etnias existentes na África, impedindo ou dificultando o projeto de aculturação e assimilação proposto pela colonização europeia. E é através da oralidade que é possível garantir a manutenção das culturas autóctones. Marque a alternativa em que os versos fazem referência à importância da oralidade para o resgate cultural africano.
	
	
	"A mampsincha / é um fruto africano / rasteiro ali onde nasce / e cresce de cor verde". (José Craveirinha)
	
	
	"Aquilo que eu sei / alguém me legou / Pai Palavra / Mãe Palavra / Palavra anterior / vem e transforma já o meu futuro". (Ruy Duarte de Carvalho)
	
	
	"Um dia, misteriosamente, / a poesia perdeu-se. / E muita gente / andou por montes e vales / buscando-a raivosamente". (Aguinaldo Fonseca)
	
	
	"Mandei-lhe um recado pela Zefa do setembro / pedindo rogando de joelhos no chão / pela Senhora do Cabo, pela Santa Ifigénia, / me desse a ventura do seu namoro..." (Viriato da Cruz)
	
	
	"Eu queria escrever-te uma carta... / Mas, ah, meu amor, eu não sei compreender / por que é, por que é, por que é, meu bem / que tu não sabes ler / e eu 'Oh! Desespero!' não sei escrever também". (António Jacinto)
	
	
	2.
		"A residência dele era um embondeiro, o vago buraco do tronco. Tiago contava: aquela era uma árvore muito sagrada, Deus a plantara de cabeça para baixo". Esta passagem do conto "O embondeiro que sonhava pássaros", do autor moçambicano Mia Couto, representa um elemento do proprium africano. Assinale-a.
	
	
	
	A ancestralidade, tendo em vista que a árvore conhecida como ¿embondeiro¿ é considerada sagrada.
	
	
	A oralidade representada pela fala do personagem Tiago.
	
	
	O respeito do homem africano à natureza e aos fenômenos naturais.
	
	
	As energias da infância, já que o texto tem um personagem que é um menino.
	
	
	O ritmo, o que é verificado no estilo de escrita do autor.
	
	3.
		(...) E entre a angústia e a alegria Um trilho imenso do Níger ao Cabo Onde marimbas e braços Tambores e braços vozes e braços Harmonizam o cântico inaugural da Nova África. (Agostinho Neto) Os versos acima representam:
	
	
	
	a esperança de uma África mais modernizada após a colonização.
	
	
	a alegria natural dos povos africanos.
	
	
	o ritmo, representado pelos signos ¿marimbas¿, ¿braços¿, ¿tambores¿, ¿vozes¿ e ¿cântico¿.
	
	
	o sofrimento dos africanos colonizados, representado pelo signo ¿angústia¿.
	
	
	a guerra colonial que se estendeu entre a Nigéria e Cabo Verde.
	
	
		4. No contexto do proprium africano, qual a importância da figura do ¿velho¿?
	
	
	
	O velho representa a alegria da existência, considerando-se que ele perde a racionalidade sobre a existência.
	
	
	O velho é o guia espiritual de cada tribo, aquele que mantém contato com os espíritos ancestrais.
	
	
	O velho é sempre o iniciado, sensitivo, que prevê os fatos que acontecerão no futuro.
	
	
	O velho é o detentor da sabedoria que os anos de vida lhe proporcionaram.
	
	
	O velho representa a bondade e
generosidade dos povos africanos.
	
	
		5.No contexto do proprium africano, qual a importância da mamana, figura feminina representada, normalmente, pela mãe ou pela avó?
	
	
	
	A mamana é a curandeira da tribo, que tem a ciência das propriedades das plantas medicinais.
	
	
	A mamana é a cozinheira oficial de uma tribo, garantindo a distribuição correta dos alimentos.
	
	
	A mamana conta histórias para as crianças, garantindo a manutenção das culturas africanas.
	
	
	A mamana é responsável pelo contato com os espíritos ancestrais.
	
	
	A mamana é a ama de leite oficial de cada tribo,
	
	
	
		6.Qual a importância da ¿árvore¿ e da ¿fogueira¿ no contexto do proprium africano?
	
	
	
	Representam elementos da cultura grega implantados em África pelos portugueses.
	
	
	São elementos ritualísticos, pois em torno deles se contam histórias.
	
	
	São elementos místicos ligados ao cristianismo que foi imposto em África.
	
	
	Possibilitam a renovação das terras africanas, intensificando a agricultura.
	
	
	Representam o alimento e o fornecimento de calor, elementos de sobrevivência ausentes em África.
	
	
	
	7.Proprium africano é o conjunto de valores autóctones, ou seja, primitivos, genesíacos, que compõem o homem e o universo africano. A opção que não caracteriza a identidade do povo africano,é:
	
	
	
	Crença
	
	
	Ritmo
	
	
	Natureza
	
	
	Oralidade
	
	
	Cientificidade
	
	
		8.Leia os versos a seguir transcritos e responda a questão proposta. (...) "Estou em África / Eu também sou África / tenho o ritmo do tantã sobretudo / no que pensa / no que pensa / penso África, sinto África, digo África / E emudeço dentro de ti, para ti África / dentro de ti, para ti África / Á fri ca / Á fri ca / Á fri ca". Os versos do escritor angolano António Jacinto, extraídos do poema "O Ritmo do Tantã", revelam:
	
	
	
	uma representação do proprium africano, com destaque para o ritmo dos instrumentos de percussão, que determinam uma forma de estar em harmonia com o cosmos.
	
	
	a perda de identidade africana pelo processo de assimilação da cultura europeia, imposta à força pelos colonizadores.
	
	
	a defesa do movimento denominado Negritude, o qual preconizava a união de todos os negros espalhados pelo mundo.
	
	
	o compromisso do eu lírico com a luta armada contra Portugal pela libertação da África.
	
	
	a união de todos os povos africanos no projeto de uma única identidade, a fim de coibir a imposição da cultura europeia.
Prova 3
		1.A África ainda é vista como um continente atrasado. Essa visão distorcida de África, que ainda permanece no imaginário do Ocidente, teve origem no:
	
	
	Realismo
	
	
	Colonialismo
	
	
	Romantismo
	
	
	Arcadismo
	
	
	Modernismo
	
	
	2."Nunca quis. Nem muito, nem parte. Nunca fui eu, nem dona, nem senhora. Sempre fiquei entre o meio e a metade. Nunca passei de meios caminhos, meios desejos, meia saudade. Daí o meu nome: Maria Metade". (COUTO, Mia. "Meia culpa, meia própria culpa", in: O fio das missangas. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.p.39) Analisando o texto acima, podemos afirmar que:
	
	
	
	a língua portuguesa não foi compreendida pelos africanos, o que permite aos autores construir uma linguagem literária coerente com o contexto socioeconômico das ex-colônias.
	
	
	a língua portuguesa é utilizada pelo escritor africano como um meio de enaltecer a população das ex-colônias.
	
	
	a língua portuguesa serve ao escritor africano como forma à denúncia das precárias condições sociais em que se encontram as ex-colônias.
	
	
	a língua portuguesa foi rejeitada pelos africanos, motivo pelo qual os escritores aproximam seus textos da oralidade brasileira.
	
	
	a língua portuguesa foi plenamente adotada pelos africanos em seus aspectos morfossintáticos.
	
		3.Assinale a alternativa que apresenta uma característica que NÃO descreve a oratura (literatura oral):
	
	
	
	Consiste na leitura coletiva de textos que é coordenada pelos mais velhos.
	
	
	Textos orais essenciais para a conservação dos repertórios da tradição.
	
	
	Tem na sua origem no povo anônimo e pertence a um património universal
	
	
	Desempenha uma função lúdica ou moralizante
	
	
	Constitui a expressão de uma sociedade tradicional que encontra prazer na palavra.
	
		4. Leia as afirmativas abaixo e marque a opção correta conforme a leitura:
I A Negritude nasceu de um protesto intelectual de negros de formação cultural europeia;
II - O contexto histórico-político do aparecimento da Negritude nas colônias portuguesas não permitiu a organização de um movimento.
III - Com os movimentos de libertação das nações africanas, o conceito de negritude perdeu sua força ideológica e desapareceu.
	
	
	
	 Somente I está correta.
	
	
	I, II e III estão corretas.
	
	
	I e III estão corretas.
	
	
	II e III estão corretas.
	
	
	I e II estão corretas.
		5.O poeta Rui Knopfli nasceu em Moçambique, mas, como todo colonizado, não teve direito à escolha de nacionalidade e tornou-se cidadão português. No poema "Naturalidade", o autor discute essa situação e finaliza o texto com os seguintes versos: "Chamais-me europeu? Pronto, calo-me. / Mas dentro de mim há savanas de aridez / e planuras sem fim / com longos rios langues e sinuosos, / uma fita de fumo vertical, / um negro e uma viola estalando". Assinale a alternativa que corresponde à proposta do autor.
	
	
	
	O eu lírico compreende a sua condição de colonizado e aceita a nacionalidade portuguesa.
	
	
	O eu lírico tem dúvidas sobre sua nacionalidade, pois assume a condição de colonizado.
	
	
	O eu lírico aceita a sua nacionalidade forçada pela violência colonial, mas identifica-se como africano.
	
	
	O eu lírico sente-se português, mas apoia os africanos em sua luta pela libertação.
	
	
	O eu lírico identifica-se como africano e reage violentamente contra a nacionalidade portuguesa que lhe foi imposta.
	
		6.O que representa a Negritude?
	
	
	
	Representa a valorização da raça negra e das culturas africanas, objetivando a fraternidade de todos os africanos espalhados pelo mundo através do processo de diáspora.
	
	
	Representa um movimento musical que fez sucesso no Brasil.
	
	
	Representa a ideia de inferioridade da raça negra em relação à raça branca.
	
	
	Representa um movimento literário africano.
	
	
	Representa um conceito que está associado apenas a aspectos estéticos.
	
		7."O escritor colonizado, prisioneiro, responde à violência do sistema colonial e à tortura do regime com a violência do seu discurso e com a com a tortura do sistema linguístico português. Ele sabe que, desfigurando a língua do colonizador, vinga a afronta e a proscrição dos seus direitos de cultura e de civilização. Ele sabe que o colonizador se sentirá vencido e impotente para evitar a tortura da sua língua". (TRIGO, Salvato. "Escola e Prisão na Escrita Lusófona". in: Ensaios de literatura comparada. Lisboa: Ed. Vega, s/d) Assinale a alternativa que sintetiza o texto de Salvato Trigo, ao revelar, ao mesmo tempo, um discurso anticolonialista e uma ruptura com a língua portuguesa imposto pelo colonizador.
	
	
	
	"Siga-se o improvérbio dá-se o braço e logo querem a mão. Afinal, quem tudo perde, tudo quer. Contarei o episódio evitando juntar o inutil ao desagradável". (Mia Couto)
	
	
	"És tu minha Ilha e minha África / forte e desdenhosa dos que te falam à volta".(Francisco José Tenreiro)
	
	
	"O pintor subverte a paisagem. / O poeta subverte os planos da linguagem. / O guerrilheiro subverte os homens sem mensagem". (Jorge Viegas)
	
	
	"Mandei-lhe uma carta em papel perfumado / e com letra bonita eu disse ela tinha / um sorrir luminoso tão quente e gaiato" (Viriato da Cruz)

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