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1 Contas Nacionais - Simonsen & Cysne (2007) O objetivo do tópico é apresentar os principais conceitos em Contabilidade da Macroeconomia e os principais “agregados econômicos”. Para os não economistas, o tópico é importante pois apresenta conceitos preliminares importantes sobre Teoria Macroeconômica, principalmente sobre cálculo da produção agregada (PIB, por exemplo) O “Fluxo Circular da Renda” (FCR) O Fluxo Circular da Renda representa a movimentação de fatores de produção e de bens (produtos e serviços) numa economia simplificada, em que existem apenas dois grupos de “agentes”, quais sejam, as famílias e as empresas, ambos privados. Pontos importantes: A análise é realizada com base nos fluxos de $ (intervalo de tempo) o Qual a diferença entre variável fluxo x variável estoque? No cálculo do produto, procura-se evitar o problema da “dupla contagem” o Pode-se considerar a ótica do valor adicionado, por exemplo, para sanar este problema Definição de renda: remuneração dos fatores de produção (Cuidado: insumo ≠ fator de produção) o Salários (remuneração do trabalho) o Juros (remuneração do capital de empréstimo) o Lucros (remuneração do capital de risco) o Aluguéis (remuneração da propriedade física de bens de capital) Em particular, o FCR assume quatro pressupostos importantes: a) Ausência de poupança (portanto, de investimento). Logo, toda a renda recebida pelas famílias é consumida sob a forma de bens de consumo e não há produção de bens de capital (ou bens de produção) b) Ausência de depreciação do capital c) Economia fechada d) Economia sem governo Aquisição de bens e serviços Fornecimento de bens e serviços Famílias Firmas Fornecimento dos fatores de produção Remuneração dos fatores de produção 2 Note que o Fluxo Circular da Renda pode ser representado de outra forma, semelhante à estrutura do Sistema de Contas Nacionais. Este sistema simplificado apresenta duas contas: a primeira, conta da produção, que define a geração da renda, e outra, conta da apropriação, que define a alocação da renda. Vamos utilizar a estrutura contábil de balancetes: Princípio das partidas dobradas: um crédito (em uma conta) sempre corresponde a um débito (em outra conta) Em cada conta, Total do crédito = Total do débito Conta da produção Debito Credito A) Salários pagos às famílias C) Consumo das famílias B) Juros líquidos pagos às famílias W) Aluguéis pagos às famílias D) Lucros distribuídos às famílias Produto Receita Conta de apropriação Debito Credito C) Consumo das famílias A) Salários pagos às famílias B) Juros líquidos pagos às famílias W) Aluguéis pagos às famílias D) Lucros distribuídos às famílias Despesa Renda Notas: a) O FCR demonstra que Produto = Receita = Despesa = Renda 3 O sistema de Contas Nacionais O estudo do Sistema de Contas Nacionais (SCN), desenvolvido por Simon Kusnetz e aperfeiçoado por Richard Stone, é relevante ao complementar a análise do fluxo circular da renda (FCR). Conforme visto anteriormente, o Fluxo Circular da Renda (FCR) assume algumas hipóteses básicas: a) Ausência de poupança (portanto, de investimento) b) Ausência de depreciação do capital c) Economia fechada d) Economia sem governo Conforme estas hipóteses são relaxadas, avança-se do FCR para o Sistema de Contas Nacionais. Serão desenvolvidos três sistemas: Sistema A: Economia fechada sem governo Sistema B: Economia aberta sem governo Sistema C: Economia aberta com governo O sistema C é o sistema completo, e que você deve saber para a prova da Anpec A) Economia fechada sem governo A economia continua fechada e sem governo, mas passa a incluir depreciação do capital, a poupança e o investimento Além da conta da produção e da apropriação, o sistema passa a contemplar a conta de capital Poupança: parcela da renda não consumida Investimento: formação bruta de capital fixo (FBKF = investimento das empresas em capital) mais variação de estoques (produção para venda futura) o O conceito de investimento envolve um produto que pode ser utilizado para produzir outro produto no futuro, (bem de capital ou bem de produção) ou então, um produto que pode ser vendido no futuro A poupança é o recurso que permite financiar o investimento Neste sistema, a poupança é composta por dois componentes: o A poupança das famílias o Os lucros retidos pelas empresas (ou seja, lucros não distribuídos às famílias) Logo, tanto as empresas como as famílias formam poupança 4 Conta da produção Debito Credito A) Salários pagos às famílias C) Consumo das famílias B) Juros líquidos pagos às famílias I.1) Formação bruta de capital fixo W) Aluguéis pagos às famílias I.2) Variação de estoques D) Lucros distribuídos às famílias E) Depreciação F) Lucros retidos pelas empresas Produto bruto Receita bruta Conta de apropriação Debito Credito C) Consumo das famílias A) Salários pagos às famílias J) Poupança das famílias B) Juros líquidos pagos às famílias F) Lucros retidos pelas empresas W) Aluguéis pagos às famílias E) Depreciação D) Lucros distribuídos pagos às famílias E) Depreciação F) Lucros retidos pelas empresas Utilização da renda bruta Renda bruta Conta de capital Debito Credito I.1) Formação bruta de capital fixo J) Poupança das famílias I.2) Variação de estoques F) Lucros retidos pelas empresas E) Depreciação Investimento bruto total Poupança bruta total Notas: a) Poupança bruta do setor privado = Poupança das famílias + Lucros retidos pelas empresas (poupança das empresas) + Depreciação b) A depreciação define a distinção entre Produto Líquido (PL) e Produto Bruto (PB): PB = PL + Depreciação c) Note que FBKF = FLKF + Depreciação d) Não se esqueça jamais: Poupança = Investimento (sempre!) 5 B) Economia aberta sem governo Vamos abandonar também o pressuposto (c) Esta economia continua sem governo, mas passa a incluir as transações internacionais, além depreciação do capital, a poupança e o investimento Além da conta da produção, da apropriação e de capital, o sistema passa a contemplar a conta do setor externo Considera-se somente as transações correntes do BP, ou seja, não é considerada a balança de capital. Portanto, considera-se somente: o Saldo da Balança Comercial (SBC) o Saldo da Balança de Serviços (SBS) Ambas são tratadas conjuntamente, como Saldo da Balança de Comércio e de Serviços (SBCS) o Saldo da Balança de Rendas o Transferências Unilaterais Correntes e Doações Ambas são tratadas conjuntamente, como Renda Líquida Enviada ao Exterior (RLEE) Conta de produção Debito Credito M) Importações de bens e serviços X) Exportações de bens e serviços L) Renda líquida enviada ao exterior C) Consumo das famílias A) Salários pagos às famílias I.1) Formação bruta de capital fixo B) Juros líquidos pagos às famílias I.2) Variação de estoques W) Aluguéis pagos às famílias D) Lucros distribuídos às famílias E) Depreciação F) Lucros retidos pelas empresas Oferta total de bens e serviços Demanda total por bens e serviços Conta de apropriação Debito Credito C) Consumo das famílias A) Salários pagos às famílias J) Poupança das famílias B) Juros líquidos pagos às famílias F) Lucros retidos pelas empresasW) Aluguéis pagos às famílias E) Depreciação D) Lucros distribuídos às famílias E) Depreciação F) Lucros retidos pelas empresas Utilização da renda nacional bruta Renda nacional bruta Conta do setor externo Debito Credito X) Exportações de bens e serviços M) Importações de bens e serviços O) Déficit do BP em transações correntes L) Renda líquida enviada ao exterior Total do débito Total do crédito 6 Conta de capital Debito Credito I.1) Formação bruta de capital fixo J) Poupança das famílias I.2) Variação de estoques F) Lucros retidos pelas empresas E) Depreciação O) Déficit do BP em transações correntes Investimento bruto total Poupança bruta total Notas: a) Déficit do BP em transações correntes = Poupança do setor externo (surge uma nova poupança no sistema para financiar os investimentos) b) Uma economia aberta define dois tipos de produto Produto interno (PI): valor dos bens e serviços produzidos NO país, independente do país proprietário do fator de produção Produto nacional (PN): valor dos bens e serviços produzidos PELOS fatores de produção do país, independentemente de onde estes estejam localizados c) A Renda Líquida Enviada ao Exterior (RLEE) define a distinção entre Produto Nacional (PN) e Produto Interno (PI): PI = PN + RLEE 7 C) Economia aberta com governo Vamos também abandonar o pressuposto (d), de tal forma a termos o sistema completo Além da conta da produção, da apropriação, de capital e do setor externo, o sistema passa a contemplar a conta do governo Conceito de governo: Inclusão das esferas federal, estadual e municipal, além das autarquias; Exclusão das empresas públicas e sociedades de economia mista, que são tratadas como empresas Inclui somente as receitas e despesas correntes. Não são incluídas as receitas e despesas de capital Conta da produção Debito Credito M) Importações de bens e serviços X) Exportação de bens e serviços L) Renda líquida enviada ao exterior C) Consumo das famílias A) Salários pagos às famílias G) Consumo do governo B) Juros líquidos pagos às famílias I.1) Formação bruta de capital fixo W) Aluguéis pagos às famílias I.2) Variação de estoques D) Lucros distribuídos às famílias E) Depreciação F) Lucros retidos pelas empresas V) Outras receitas correntes do governo T.2 – Q.2) Impostos diretos pagos pelas empresas menos Transferências recebidas pelas empresas U – R) Impostos indiretos menos subsídios Oferta total de bens e serviços Demanda total por bens e serviços Conta de apropriação Debito Credito C) Consumo das famílias A) Salários pagos às famílias J) Poupança das famílias B) Juros pagos às famílias F) Lucros retidos pelas empresas W) Aluguéis pagos às famílias E) Depreciação D) Lucros distribuídos às famílias T) Impostos diretos totais E) Depreciação T.1) Impostos diretos pagos pelas famílias F) Lucros retidos pelas empresas T.2) Impostos diretos pagos pelas empresas V) Outras receitas correntes do governo V) Outras receitas correntes do governo T.2 – Q.2) Impostos diretos pagos pelas empresas menos Transferências recebidas pelas empresas L) Renda líquida enviada ao exterior Q) Transferências totais Q.1) Transferências às famílias Q.2) Transferências às empresas L) Renda líquida enviada ao exterior Utilização da renda interna bruta mais transferências Renda interna bruta mais transferências 8 Conta do governo Debito Credito G) Consumo do governo T) Impostos diretos (T.1 + T.2) Q) Transferências totais (Q.1 + Q.2) U) Impostos indiretos R) Subsídios V) Outras receitas correntes do governo S) Saldo do governo em conta corrente Utilização da receita corrente Total da receita corrente Conta do setor externo Debito Credito X) Exportações de bens e serviços M) Importações de bens e serviços O) Déficit do BP em transações correntes L) Renda liquida enviada ao exterior Total do debito Total do credito Conta de capital Debito Credito I.1) Formação bruta de capital fixo J) Poupança das famílias I.2) Variação de estoques F) Lucros retidos pelas empresas E) Depreciação S) Saldo do governo em conta corrente O) Déficit do BP em transações correntes Investimento bruto total Poupança bruta total Notas: Se o governo tributa os produtos e serviços (cobrando impostos indiretos), ele “aumenta” o preço dos mesmos. Por outro lado, se o governo subsidia, ele “diminui”. Logo, existem duas definições de produto A diferença entre Subsídios e Impostos Indiretos define a distinção entre Produto a preço de mercado (Ppm) e Produto a custo dos fatores de produção (Pcfp): Ppm = Pcfp + (Impostos Indiretos – Subsídios) Neste sistema, note que há quatro poupanças: o Das famílias, das empresas, do governo e do setor externo 9 Definições e questões importantes: 1. A partir da conta da produção do Sistema C (Economia aberta com governo), note que é possível definir o PIBpm. Como? Note que, pelo lado direito da conta da produção, tem-se a Demanda Agregada ou Demanda Total Pelo lado esquerdo da conta da produção, tem-se a Oferta Agregada ou Oferta Total Portanto: Y + Mbs = C + I + G + Xbs Y = PIBpm = C + I + G + Xbs – Mbs Se você já estudou modelo keynesiano, sabe o que isto significa… 2. A partir do PIBpm e dos valores da depreciação, da RLEE e da diferença (impostos indiretos – subsídios), é possível obter os diversos tipos de produto, a saber: PIBcfp PILpm PILcfp PNBpm PNBcfp PNLpm PNLcfp Note que temos 2 3 = 8 tipos de produto 3. PIB real = PIB nominal / Deflator do PIB
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