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Introdução É possível ler na escola? In: LERNER, Délia. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário. Porto Alegre: Artmed,2002. Metodologias e Práticas da Língua Portuguesa. Unip – Brasília - Introdução Introdução É possível ler na escola? Introdução Introdução A escola aproxima ou afasta as crianças dos livros? Em certas condições a escola pode transformar-se num local propício para a leitura. Essas condições devem ser criadas desde cedo, com as crianças bem pequenas. O professor deve assumir o papel de intérprete e os alunos devem ler através dele. É essencial: Fazer da escola um local propício para a leitura. É essencial abrir as portas dos mundos possíveis para todos! Introdução Condições didáticas atuais que dificultam a formação de leitores. Introdução Ou – Não é possível ler na escola (p.75) Alguns questionamentos: Por que a escola enfatiza tanto a leitura oral e tão pouco a leitura para si mesmo? Por que se usam textos específicos para ensinar, diferentes do que se leem fora da escola? Apontamos dois fatores 1- A teoria condutista da aprendizagem; 2- Um conjunto de regras, pressões e exigências fortemente arraigadas na instituição escolar. Exigência institucional _ Controle rigoroso da aprendizagem Poucos livros Mesmo gênero “texto escolar”. Introdução Leitura em voz alta O predomínio da leitura em voz alta deriva de uma concepção da aprendizagem . Necessidade de controle minucioso do professor. Geralmente as atividades são distantes da realidade e sem função alguma, além de apenas controlar a aprendizagem de quem está lendo Os textos do cotidiano muitas vezes não se encaixam na escola. Há uma exigência da simplificação, de graduar, de uma brevidade. Às vezes é impossível ler o que é real. É para isso que vou aprender a ler??? E finalizando... O Reconhecimento de uma única interpretação válida para cada texto! A teoria da aprendizagem apresentada aqui é a de que não se preocupa com o sentido que a leitura possa ter para a criança. Essa teoria acredita no processo de aprendizagem acumulativo e graduado. Nessa visão a complexidade dá lugar a simplificação, ao reducionismo. Introdução Sim. É possível ler na escola! A leitura próxima da prática social: 1- É preciso encontrar uma outra maneira de administrar o tempo; 2-Novas formas de controlar a aprendizagem; 3-Mudança de papéis do professor e do aluno; 4-Conciliar os objetivos institucionais com os objetivos pessoais do aluno. O sentido da leitura na escola Reapresentar os diversos usos que a leitura tem na vida social. Ler para resolver um problema prático; Ler para se informar sobre um tema de interesse; Ler para escrever; Ler para buscar informações específicas que se necessitam por algum motivo; Folha de São Paulo em 16/09/2018 Leitura literária Ler vários contos e poemas; Ler romances. Modalidades diferentes de leitura Introdução Exemplos que deram certo! 1º- Exemplo: Produção de uma fita de poemas. Observação: a leitura em voz alta deixa de ser um mero exercício “para aprender a ler em voz alta” ou um meio para avaliar a “oralização do texto”, e adquire sentido, porque se constitui num veículo de comunicação. 2º exemplo: Instalação de uma consultoria As situações de leitura e escrita apresentadas no projeto estão carregadas de sentido. As atividades baseadas em projetos permite coordenar os propósitos do professor com os dos alunos e contribui tanto para preservar o sentido social da leitura como para dar-lhe um sentido pessoal para as crianças. Introdução 2ª parte Introdução Tempo, conteúdos e atividades O tempo: Sempre escasso Precisa ser qualitativo e não apenas quantitativo Possibilidades: Flexibilidade de tempo das situações didáticas; Retomada dos próprios conteúdos em diferentes oportunidades (perspectivas diversas). Salvador Dalí – Os relógios derretidos Como criar situações assim??? 1- Projetos – ele permite uma ação flexível do tempo. 2- Atividades habituais- Como o próprio nome já diz, são aquelas atividades que se repetem ou toda semana ou quinzenalmente. Exemplos: Contadores de histórias, curiosidades científicas... Vantagens das atividades habituais: Favorecer a aproximação das crianças a textos que não abordariam por si mesmas por causa da extensão. Quando o professor destina um tempo grande na sala de aula para leitura ele passa para a criança o quanto essa atividade é importante e valorizada. 3-As sequências de atividades- Ao contrário das atividades habituais , as sequências têm uma duração limitada. Seu único propósito é ler! 4-As situações independentes- Se classificam em: Situações ocasionais e Situações de sistematização. (p.89/90) As situações apresentadas em relação ao tempo escolar visam a articulação entre leitura e escrita Qual o nosso desejo?? Qual a nossa função?? O que queremos??? Criar condições que favoreçam a formação de leitores autônomos e críticos e de produtores de textos . Reproduzir na escola as condições sociais da leitura e da escrita. Ainda sobre o tempo Professora, professor – administre o tempo de tal modo que o importante ocupe sempre o primeiro lugar! Introdução Avaliar a leitura e ensinar a ler A prioridade da avaliação deve terminar onde começa a prioridade do ensino. O professor continua tendo a última palavra, mas é importante que seja a última e não a primeira. Depois que todos os alunos tenham tido oportunidade de falar, pensar, refletir, questionar, duvidar, retomar por si mesmos suas interpretações, só então, o professor terá o seu momento de fala. O que se quer é que a pressão da avaliação não se torne um obstáculo para a formação de leitores. Em primeiro plano está a aprendizagem. O aluno, desde cedo, pode também começar a participar das avaliações, no sentido de poder dizer como está, como se vê nesse processo de aprendizagem. Introdução O professor leitor Que o professor trave com o aluno uma relação “de leitor para leitor”. Ao ler para as crianças, o professor “ensina” como se faz para ler. É preciso que a escola mostre as diferentes formas de leitura. Por favor, alguém leia como deve-se ler para crianças? Finalzinho da página 95 e continuando na 96. Introdução A instituição e o sentido da leitura O desafio de formar leitores e de dar sentido a leitura possui uma dimensão institucional. Os projetos podem ajudar a todos, inclusive chegar até as famílias. Exemplos que deram certo: Jornalismo escolar – jornal e revista Intercâmbio epistolar (cartas) Clubes de teatro Clubes de avós narradoras A grande vantagem de se trabalhar com projetos é o de proporcionar para o aluno e para o professor sentido na atividade de leitura. Depois de toda a leitura do texto, é possível responder à pergunta apresentada no título deste capítulo: É possível ler na escola? 51 Introdução “É preciso dar sentido à leitura” Delia Lerner