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MÓDULO 1 TEMA 1- O Nascimento da Psicologia Científica O nascimento da Psicologia como disciplina autônoma e como ciência ocorreu na Europa, mais precisamente em Leipzig, na Alemanha. Constitui marco de sua origem a criação do primeiro laboratório de Psicologia Experimental, por iniciativa de Wundt em 1879, portanto, na segunda metade do século XIX. Nesse laboratório Wundt procurou isolar e quantificar algumas variáveis, com o objetivo de realizar uma aferição precisa das respostas de sujeitos a estímulos sensoriais. Nas primeiras experiências, relativas à visão e à audição, ele buscava medir o tempo de reação aos estímulos. Esse âmbito inicialmente restrito foi se ampliando, de modo a permitir compreender e analisar fenômenos mais complexos, relativos à percepção, à aprendizagem, à memória, à linguagem e ao raciocínio. No Brasil o nascimento da Psicologia como disciplina autônoma e como ciência ocorreu posteriormente, já na primeira metade do século XX. Uma sequência de fatos históricos contribuiu para o seu surgimento. Em 1808 a família real chegou ao Brasil e catorze anos mais tarde, em 1822, foi proclamada a Independência. Esses dois eventos favoreceram processos de desenvolvimento social, que incluíram a criação de órgãos oficiais de elaboração e divulgação do conhecimento, como cursos superiores e sociedades científicas. Em 1833 foram criados cursos de Medicina na Bahia e no Rio de Janeiro, foram organizadas sociedades científicas voltadas para a área da Saúde e teve início a produção de periódicos científicos. Apesar de haver na Medicina um grande interesse pela Psicologia, e mesmo alguma produção de conhecimento, desse movimento inicial não decorreu imediatamente uma prática psicológica específica, definida e regulamentada. Isso veio a ocorrer somente em 1906, com a inauguração dos laboratórios de Psicologia Experimental voltados para a Educação. 1- Indicações bibliográficas ANTUNES, M. A. M. A Psicologia no Brasil. São Paulo: Unimarco; Educ, 1999. MASSIMI, M. História da Psicologia brasileira: da época colonial até 1934. São Paulo: EPU, 1990. PEREIRA, F. M.; PEREIRA NETO, A. O psicólogo no Brasil: notas sobre seu processo de profissionalização. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 8, n. 2, jul.-dez. 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413737220 03000200003&script=sci_arttext>. Acesso em: 02 de jun. 2010. PESSOTTI, I. Notas para uma história da Psicologia brasileira. In: Conselho Federal de Psicologia. Quem é o psicólogo brasileiro? São Paulo: Edicon, 1988, p. 17-31. TEMA 2- Demanda econômica na década de 1930 e início das práticas psicológicas no Brasil Mancebo (2004) considera que as atividades psicológicas aplicadas foram desencadeadas no Brasil pela revolução de 1930, à qual seguiu-se o processo de industrialização. Naquele período histórico uma grande ênfase recaiu sobre a organização racional do trabalho, para a qual a Psicologia foi chamada a participar, recrutando e selecionando trabalhadores em diferentes contextos. O que se pretendia promover era uma adaptação mais harmoniosa e produtiva a cargos e funções. Pereira e Pereira Neto (2003) discorrem sobre o fato de haver sido a partir das décadas de 1940 e 1950 que o psicólogo passou a conquistar espaço profissional nas áreas da Educação e do Trabalho (ESCH et JACÓ-VILELA, 2001, apud PEREIRA et PEREIRA NETO, 2003). Segundo esses autores, o processo de industrialização, sobretudo no governo de Getúlio Vargas, abriu espaço para os psicólogos no mercado. A ênfase na racionalidade, aplicada ao modo de administrar o trabalho vigente na época, exigia o ajustamento dos trabalhadores aos comportamentos necessários para o desempenho perfeito de tarefas. Em decorrência disso, aumentou a demanda por recrutamento e seleção de pessoal. Esperava-se que a capacidade das pessoas fosse medida por meio de testes. Essa capacidade, considerada em relação às exigências próprias de cada função, definiria qual o trabalhador que poderia melhor desempenhá-la. A Psicanálise e a Psicologia Organizacional e do Trabalho desenvolveram uma “Psicodinâmica do Trabalho” que, ao contrário do proposto pela abordagem anterior, não se baseava em testes e medidas de fatores da personalidade, mas propunha uma análise dinâmica dos processos intersubjetivos e interativos que se desenvolvem no ambiente de trabalho, do sofrimento criativo e patogênico que podem acometer o indivíduo, das estratégias de defesa individuais e coletivas, bem como de um novo conceito de saúde. (DUARTE et al, 2011). 2- Indicações bibliográficas DUARTE, D. A.; CASTRO, M. D.; HASHIMOTO, F. Psicologia do Trabalho e Psicanálise: uma possibilidade de compreensão do sofrimento psíquico. Disponível em: <http://www.assis.unesp.br/encontrosdepsicologia/ANAIS DOXIXENCONTRO/112DANIELEALMEIDADUARTE.pdf>. Acesso em: 10 de nov. 2011. MANCEBO, D. Formação em Psicologia: gênese e primeiros desenvolvimentos. Mnemosine, v. 1, p. 53-72, 2004. PEREIRA, F. M.; PEREIRA NETO, A. P. O psicólogo no Brasil: notas sobre seu processo de profissionalização. Psicol. estud. v. 8, n. 2, Maringá, jul-dez. 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-73 722003000200003&script=sci_arttext>. Acesso em: 02 de nov. 2011. TEMA 3- Psicologia na atualidade É indiscutível o fato de ter havido uma extensão de campos e de métodos de atuação do psicólogo a partir do conhecimento produzido pela Psicologia na atualidade. Com base nesse fato muitas questões podem ser formuladas: (1) De tais transformações decorreu uma perda de identidade profissional? (2) As múltiplas novas alternativas psicoterapêuticas estão levando o psicólogo de volta ao consultório? (3) Seu lugar ideal de trabalho é o consultório? (4) As transformações produzidas por novos conhecimentos sobre grupos e instituições ampliam as possibilidades de ação do psicólogo para além da clínica? O desenvolvimento da Psicologia e das demais ciências determinou uma extensão de campos e métodos de ação profissional sobre a realidade e o psicólogo não ficou à margem dessas transformações. A expansão de conhecimentos e a ampliação do espectro de intervenções possíveis sobre o mundo subjetivo e sobre a realidade sociocultural foram, necessariamente, transformadoras da representação social de psicólogo no imaginário coletivo. Novas representações relativas ao psicólogo e ao seu papel social vieram a enriquecer a sua identidade profissional. A identidade, entendida como um processo e não como uma condição estática, jamais se conclui, dado encontrar-se em contínua transformação. Novos conhecimentos propiciaram novas possibilidades de intervenção psicológica, tanto psicoprofiláticas quanto psicoterapêuticas. O espaço de ação do psicólogo também se expandiu: do consultório, da sala de aula e da sala de recrutamento e seleção de pessoal para as empresas, estendeu-se para a ação institucional e comunitária. Atualmente os psicólogos têm a importância de sua ação reconhecida em múltiplos âmbitos sociais e culturais. 3- Indicações bibliográficas BOCK, A. M. B. Estudos de Psicologia: A Psicologia a caminho do novo século: identidade profissional e compromisso social. Scielo Brazil, São Paulo, v. 4, n. 4, p. 315-329, 1999. Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/epsic/v4n2/a08 v4n2.pdf>. Acesso em: 21 de jul. 2010. BLEGER, J. Psico-higiene e Psicologia Institucional. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990. CABRAL, W. B. Casa de apoio social: uma entrevista com visão da psicanálise institucional. Rede Psi, 2008. Disponível em:<http://www.redepsi.com.br/portal/modules/smartsection/item.php?itemid=1119>. Acesso em: 21 de jul. 2010. CREPOP – Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas. Disponível em: <http://crepop.pol.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=64>. Acesso em: 21 de jul. 2010. TEMA 4- Epistemologia Positivista e Ciências Humanas A ciência é um empreendimento desenvolvido na Modernidade que se sobrepôsa outras formas de conhecimento, características da Antiguidade e da Idade Média: as formas metafísicas de pensar. Ao longo da Modernidade, a atividade científica gradativamente ampliou o seu âmbito de ação, com resultados significativos para a explicação e o controle da natureza. O sucesso obtido na investigação dos fenômenos naturais contribuiu para a legitimação da ciência como instância hegemônica, capaz de produzir conhecimento a partir do pressuposto segundo o qual o homem tem a possibilidade de representar em sua mente os objetos do mundo externo. Assim, mantendo uma atitude neutra e objetiva e valendo-se do método experimental, o homem pode conhecer as leis causais que regem o mundo. O método experimental apresenta-se, portanto, como meio de obtenção de conhecimentos cientificamente válidos. Com base nesse modelo desenvolveram-se as Ciências Naturais, entre as quais a Física, a Química e a Biologia. O desenvolvimento inicial das Ciências Humanas deu-se em conformidade com o paradigma das Ciências Naturais, ou seja, postulando que os fenômenos humanos, quer no âmbito individual, quer no social, sendo regidos por leis da natureza, são passíveis de estudo através de procedimentos análogos aos utilizados pelas Ciências Naturais: a observação e a experimentação. Segundo esse paradigma, defendido por Auguste Comte, criador do Positivismo, a ciência tem por objetivo exclusivo observar e descrever, e, para que seu objeto – o “objeto positivo” – se submeta à observação e à descrição científicas, ele deve reunir as seguintes características: ser real (em oposição ao especulativo), útil e preciso. Comte afirmava que a realidade se limita à ordem natural do universo físico, sendo possível, pois, criar uma física social capaz de, à semelhança da física natural, explicar todos os fenômenos humanos. Com o desenvolvimento das Ciências Humanas, surgiram controvérsias acerca da adequação da metodologia das Ciências Naturais ao estudo de fenômenos humanos: o Positivismo de Comte tornou-se objeto de críticas severas quando aplicado a fenômenos humanos, como os psicológicos, considerados fluidos e passageiros, diferentemente dos objetos das Ciências Naturais. No final do século XIX e na primeira metade do XX surgiram propostas alternativas para se pensar o objeto das Ciências Humanas e a relação sujeito-objeto. Assim, novos paradigmas epistemológicos e, consequentemente, novos métodos de produção de conhecimento foram estabelecidos. No início da década de 1920, no Instituto de Pesquisas Sociais de Frankfurt, teve início um movimento de grande importância na busca de uma cientificidade adequada ao objeto das Ciências Humanas: a “Escola de Frankfurt”, que reuniu expoentes intelectuais de grande porte, entre os quais Theodor Adorno, Herbert Marcuse e Walter Benjamin. Eles colocaram em questão a pretensa neutralidade da ciência, consideraram que à racionalidade científica subjazem estruturas ideológicas e assinalaram que o empreendimento científico se distanciara da realidade social, posto estar a serviço de interesses das classes dominantes. Marcadas pelo marxismo, suas proposições integram a Teoria Crítica. Ao afirmar a impossibilidade de desenvolvimento de uma ciência neutra, a perspectiva histórico-crítica afirma também que todo conhecimento é inevitavelmente permeado por visões de mundo historicamente criadas, que determinam a concepção do objeto, os métodos de investigação, seus resultados e os usos a serem feitos do conhecimento produzido. Assim, cabe ao cientista levar em consideração os fatores histórico-culturais que condicionam sua atividade. 4- Indicações bibliográficas APPOLINÁRIO, F. Metodologia da Ciência: filosofia e prática. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2006. JAPIASSU, H. F. Epistemologia. O mito da neutralidade científica. Rio de Janeiro: Imago, 1975. LOWY, M. As aventuras de Karl Marx contra o Barão de Münchhausen. Marxismo e positivismo na sociologia do conhecimento. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2000. MINAYO, M. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 27. ed. Petrópolis: Vozes, 2007. MÓDULO 2 TEMA 1- A mente como objeto de estudo da Psicologia Entre as diversas abordagens teórico-metodológicas da Psicologia incluem-se a Psicologia Comportamental e a Psicologia Evolutiva. A Psicologia Comportamental surgiu nos Estados Unidos em 1913, com a publicação do artigo Psychology as the behaviorist views it, no qual John B. Watson elegia como único objeto de estudo da Psicologia o comportamento observável e controlável experimentalmente. Mais tarde, nas décadas de 1940 e 1950, Skinner desenvolveria sua proposta – o Behaviorismo Radical – que, negando qualquer valor aos estados mentais na determinação dos comportamentos, entende que qualquer comportamento humano pode ser estudado a partir da análise de fatores ambientais com que esse comportamento estabelece relações funcionais. Observando-se um organismo – animal ou humano – é possível identificar um aumento na frequência de alguns comportamentos, dado o fato de eles acarretarem consequências “reforçadoras”, ou a redução de sua frequência, dado o fato de eles terem por consequência “estímulos aversivos”. Ao longo da vida vai sendo composto um repertório de comportamentos reforçados pelo ambiente, enquanto os seguidos por estímulos aversivos tendem a desaparecer. A Psicologia Evolutiva, por sua vez, surgiu nos anos de 1990, período em que as investigações realizadas pelas neurociências renovaram o interesse pelo estudo das bases biológicas do comportamento humano. Trata-se de uma corrente de pensamento que considera as características psicológicas humanas como resultantes da evolução da espécie. Os teóricos desta abordagem – Leda Cosmides, John Tooby e Steven Pinker, entre outros, defendem a tese de que os processos psicológicos próprios dos humanos – linguagem, habilidade para reconhecer expressões faciais, percepção espacial, habilidade para usar ferramentas e padrões de atração e convivência com parceiros e de cuidados com a prole, entre outros – tornaram, por seu valor adaptativo, seus possuidores aptos para a sobrevivência e a procriação. Ao longo da história da espécie humana, esses “órgãos mentais”, como outros sistemas orgânicos, foram mantidos por seleção natural. 1- Indicações bibliográficas OLIVA, A. D. et al. Razão, emoção e ação em cena: a mente humana sob um olhar evolucionista. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, v. 22, n. 1, abr. 2006. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-37722006000100007&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 03 de set. 2010. PINKER, S. Como a mente funciona. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. SKINNER, B. F. Ciência e Comportamento Humano. 11. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003. SKINNER, B. F. O mito da liberdade. 3. ed. São Paulo: Summus, 1983. WATSON, J. B. Psychology as the Behaviorist Views it. Psychological Review, 20, 158-177, 1913. TEMA 2- Teorias da Personalidade Não há um consenso absoluto sobre o que seja “personalidade”. Em função de seus pressupostos teóricos e epistemológicos, cada abordagem teórica elege estes ou aqueles fatores como determinantes da personalidade e tal variação se dá num continuum entre dois pólos extremos: um deles enfatiza a importância dos fatores biológicos e o outro a importância dos fatores ambientais. Há dezenas de definições de personalidade, que pode ser definida, por exemplo, como “o conjunto de características da pessoa que explicam padrões consistentes de sentimentos, de pensamentos e de comportamentos”. Se da multiplicidade de teorias psicológicas elegemos as cognitivistas, as psicodinâmicas, as humanistas e a Psicologia Evolutiva, constatamos o seguinte: as teorias cognitivistas descrevem a personalidade como um sistema ativo de processamento de informações; as psicodinâmicas ressaltam as forças subjetivas, conscientes e inconscientes; as humanistas atribuem grande importância às potencialidades humanas e a Psicologia Evolutiva recorre à lógica dos mecanismos de seleçãonatural e de seleção sexual, propostos por Darwin, ao considerar os processos mentais e os comportamentos humanos. Ou seja, a psicologia evolutiva busca identificar estratégias comportamentais e mecanismos psicológicos propiciadores de soluções para problemas adaptativos enfrentados pela espécie humana ao longo de sua história evolutiva. Subjacente a cada teoria psicológica há uma noção de pessoa e uma concepção de psiquismo humano. Para melhor situar o tema debatido nesta questão, convém recorrer a Maslow (1962), que agrupa as psicologias em quatro categorias, por ele denominadas “forças”. A Primeira Força é considerada "clássica" por descender em linha direta das antigas concepções de ciência ligadas à Astronomia, Mecânica, Física, Química e Geologia e "acadêmica" por haver florescido nos departamentos de Psicologia das universidades. Ela acha-se enraizada no mecanicismo e inclui as psicologias behaviorista (teorias S-R, de Skinner, 1953), associacionista e experimental. A Segunda Força reúne as psicologias psicanalíticas, oriundas de Freud e de seus seguidores. A Terceira Força reúne psicologias de cunho humanista e existencial, agregando junguianos, adlerianos, rankianos, rogerianos, lewinianos, adeptos da psicologia organística de Kurt Goldstein, adeptos da psicologia genética de Piaget, cognitivistas, evolucionistas, psicanalistas do ego e psicólogos da personalidade - Allport, Murphy, Murray, Maslow. A Psicologia Humanista, que inclui a autorrealização entre as metas básicas de desenvolvimento, tem o principal mérito de reconhecer que a compreensão do fenômeno psicológico demanda conhecimento de fatores psíquicos e de fatores sociais, culturais, ecológicos, econômicos e políticos. A Quarta Força reúne psicologias que consideram, além dos fatores já enunciados, outra dimensão: a transindividual – ou seja, que incluem aspectos que transcendem o eu pessoal. Na condição de expansoras do movimento humanista, estas psicologias conservam a ótica da terceira força – inclusão de aspectos complementares ao intrapsíquico - e, de certo modo, ampliam o espectro ao considerarem e valorizarem a dimensão espiritual do humano. 2- Indicações bibliográficas BECK, A. T.; FREEMAN, A; DAVIS, D. D. Terapia cognitiva dos transtornos de personalidade. Porto Alegre: ARTMED, 2005. DAVIDOFF, L. Introdução à Psicologia. São Paulo: Mc Graw-Hill, 1983. MASLOW, A. Toward a psychology of being. New York: Van Nostrand Reinhold, 1962. ROGERS, C. Terapia centrada na pessoa. São Paulo: Martins Fontes, 1992. WEITEN, W. Introdução à Psicologia: temas e variações. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. TEMA 3- Aprendizagem sob o enfoque da Psicologia Comportamental A toda prática educativa subjaz uma concepção de aprendiz e de processo de aprendizagem. Assim, é possível identificar pressupostos subjacentes às situações planejadas de ensino-aprendizagem, mesmo que o educador que neles fundamenta sua ação profissional não tenha clareza a respeito disso. O enunciado da questão descreve uma estratégia de ensino-aprendizagem na qual alguns comportamentos, como o de realizar corretamente uma tarefa, são elogiados, enquanto outros, como o de não realizar a tarefa, são punidos com a retirada de uma circunstância apreciada, como a de ir ao recreio. A esse arranjo de contingências ambientais com o objetivo de modificar comportamentos subjaz a teoria de aprendizagem característica da Psicologia Comportamental. Segundo a abordagem comportamental, determinadas consequências ambientais reforçadoras, contingentes à emissão de certos comportamentos aumentam a probabilidade desses comportamentos voltarem a ocorrer no futuro. Outras consequências, como a retirada de um benefício ou a introdução de uma ocorrência desagradável, tornam menos provável a repetição do comportamento que produziu determinado resultado indesejável. Ao longo do desenvolvimento, a criança vai tendo o seu comportamento modelado por consequências ambientais – prazerosas ou aversivas – de suas ações. Quando se trata da aquisição de repertório escolar, ocorre o mesmo processo: comportamentos “bem-sucedidos” tendem a se manter, enquanto outros, “malsucedidos”, tendem a desaparecer. Segundo a abordagem comportamental, cabe ao professor o planejamento de contingências favoráveis à aquisição e à manutenção de comportamentos desejáveis e à extinção (eliminação) de comportamentos indesejáveis. O enunciado da presente questão ilustra uma situação em que a criança recebe elogios quando se comporta da maneira desejada: uma frase elogiosa é carimbada na folha de seu caderno. Além disso, ela terá um acréscimo na nota se realizar todas as tarefas. O pressuposto que determina esse planejamento é o de que elogios e notas funcionam como reforçadores, aumentando a probabilidade de a criança, no futuro, realizar novas tarefas. Por outro lado, a criança que não realiza a tarefa, não tem a folha de seu caderno carimbada. O procedimento de não oferecer as consequências ambientais reforçadoras que mantêm um comportamento desejável deverá, conforme os postulados teóricos dessa abordagem, contribuir para a “extinção” do comportamento indesejável. Outro arranjo de contingências descrito no referido enunciado refere-se à punição pela retirada de um reforçador disponível: crianças que não realizaram a tarefa devem permanecer em sala de aula, privadas do recreio. Essa consequência aversiva terá como resultado uma redução da probabilidade de ocorrência desse comportamento no futuro. As abordagens gestáltica, piagetiana, rogeriana e sócio-histórica partem de outros pressupostos referentes à aprendizagem. Elas não se fazem presentes no enunciado da questão. 3- Indicações bibliográficas CASTORINA, J. A. (Org.). Piaget-Vygotsky: novas contribuições para o debate. São Paulo: Ática, 1988. MIZUKAMI, M. G. N. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986. POZO, J. I. (Org.). A solução de problemas: aprender a resolver, resolver para aprender. Porto Alegre: Artmed, 1998. ROGERS, C. Liberdade de aprender em nossa década. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986. SKINNER, B. F. Tecnologia do ensino. São Paulo: EPU, 1975. TEMA 4- Psicologia Cognitiva e Psicologia Fenomenológica A Psicologia Cognitiva dedica-se ao estudo da cognição, ou seja, dos processos mentais que subsidiam os comportamentos. Investiga diversos aspectos relacionados a memória, atenção, percepção e representação do conhecimento, bem como raciocínio e resolução de problemas. O termo começou a ser usado em 1967, a partir da publicação do livro Cognitive Psychology, de autoria de Ulrich Neisser. No âmbito do cognitivismo considera-se que os processos mentais são comparáveis a um software, a ser executado num computador, aqui representado pelo cérebro. A Psicologia Fenomenológica, por sua vez, supõe a indissociabilidade da consciência e de seu objeto. Disso decorre que a subjetividade do pesquisador não pode ser eliminada e, portanto, não se pode aspirar a uma condição de total neutralidade e objetividade nas investigações. A Psicologia Fenomenológica, que se contrapõe ao pensamento positivista, decorre de uma corrente filosófica cujo marco histórico inicial situa-se em 1913, com a publicação Ideias relativas a uma Fenomenologia pura, de Edmund Husserl, e deu origem às abordagens de terceira Força em Psicologia, como o Humanismo e a Gestalt Terapia. A Psicologia Fenomenológica propõe o estudo das experiências, resgatando a subjetividade e a constituição de sentidos como características humanas. Privilegia os métodos qualitativos de pesquisa, contrapondo-se, pois, aos paradigmas experimentais, tanto pela definição de objeto quanto pelos métodos investigativos. 4- Indicações bibliográficas Van den BERG, J. H. O paciente psiquiátrico: esboço de uma psicopatologia fenomenológica. Campinas: Livro Pleno, 2000. FORGHIERI, Y. C. Psicologia fenomenológica: fundamentos, método e pesquisas. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. POZO, J. I. Teoriascognitivas da aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2002. WADSWORTH, B. J. Inteligência e afetividade da criança na teoria de Jean Piaget: fundamentos do construtivismo. São Paulo: Pioneira, 2003. MÓDULO 3 Representação social e racismo A representação social torna-se um instrumento da Psicologia Social, na medida em que articula o social e o psicológico como um processo dinâmico, permitindo compreender a formação do pensamento social e antecipar as condutas humanas. Ela favorece o desvendar dos mecanismos de funcionamento da elaboração social do real, tornando-se fundamental no estudo das ideias e condutas sociais. (ALEXANDRE, 2004, p. 130). De acordo com Alexandre (2004), os interesses dos grupos são os determinantes de produção das representações sociais. Assim, grupos impõem suas concepções de mundo social de acordo com suas conveniências. As representações sociais podem tornar-se “um instrumento de compreensão e de transformação da realidade”. (ALEXANDRE, 2004, p. 130). Elas contribuem para a construção de uma realidade comum, possibilitando a comunicação entre os indivíduos; além disso, modelam o comportamento e justificam sua expressão. O racismo não se apóia em evidências genéticas. Seus pressupostos servem ao objetivo de preservar estruturas de desigualdade social e econômica entre segmentos demográficos. A lógica subjacente ao racismo prevê a existência de raças humanas, com diferentes qualidades e habilidades físicas, psicológicas e morais, ordenadas segundo um gradiente hierárquico. Esse pressuposto estabelece um sistema difuso de predisposições (internas), de crenças e de expectativas de ação, não formalizadas nem expressas logicamente, que se manifesta por meio de atitudes e comportamentos concretos. Nos processos de violência simbólica a dominação, ocorrida no plano simbólico, contribui para manter as atitudes e os comportamentos de submissão e a interiorização – e é a reprodução do discurso dominante, por parte dos indivíduos e dos grupos discriminados, que garante a eficácia dos mecanismos de dominação. A lógica que se contrapõe ao racismo afirma a existência de uma única raça, a humana, e sustenta que as formações sociais e culturais – formas de organização, mecanismos de poder, divisão de trabalho, representações de grupo, entre outras – são construídas coletivamente e predominam sobre as constituições biológicas. Indicações bibliográficas · ALEXANDRE, M. Representação Social: uma genealogia do conceito. Disponível em: <http://www.facha.edu.br/publicacoes/comum/comum23/Artigo7.pdf>. Acesso em: 12 de ago. 2010. · BOURDIEU, P. O que falar quer dizer: a economia das trocas simbólicas. Algés: Difel, 1998. · GUIMARÃES, A. S. A. Preconceito e discriminação. São Paulo: Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo; Editora 34, 2004. · HOBSBAWM, E. J. Globalização, democracia e terrorismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. · MOSCOVICI, S. Representações Sociais: investigações em Psicologia Social. 5. ed. São Paulo: Vozes, 2007. · SANTOS, H. A busca de um caminho para o Brasil. A trilha do círculo vicioso. São Paulo: Ed. SENAC São Paulo, 2001. · SPINK, M. J. (Org.). O conhecimento no cotidiano: as representações sociais na perspectiva da Psicologia Social. São Paulo: Brasiliense, 1993. MÓDULO 4 Tema 1: Fundamentos, métodos e técnicas de coleta e análise de informações para investigações científicas e avaliação de fenômenos psicológicos Validade de testes A validade de um teste evidencia se o instrumento de fato atende à sua finalidade, ou seja, se ele realmente avalia o que se espera que avalie. Os estudos correlacionais são importantes para a validação de um teste e sua validade é tanto maior quanto mais significativos forem os índices de correlação. Nesta questão, trata-se da validade do teste Bateria de Provas de Raciocínio BPR-5, um instrumento de avaliação de habilidades cognitivas – inteligência geral e aptidões. O estudo aqui relatado teve por objetivo avaliar a capacidade preditiva do teste quanto à provável ocorrência de acidentes de trabalho em função de capacidades cognitivas dos trabalhadores. Esse instrumento é utilizado para medir habilidades relativas ao raciocínio verbal, abstrato, mecânico, espacial e numérico. A construção de instrumentos de avaliação deve atender aos seguintes critérios básicos: ser fundamentado teoricamente e obedecer aos parâmetros de validade, precisão ou fidedignidade e padronização. Desses critérios, o de “validade” garante que o instrumento meça efetivamente o que se propõe a medir. Ao sujeitarmos o próprio critério de “validade” à necessária avaliação é preciso considerar a “validade de construto”, que indica se o instrumento produz resultados compatíveis com os obtidos por meio de outros instrumentos criados para o mesmo fim; a “validade de conteúdo”, que indica se o instrumento mede efetivamente todos os aspectos do fenômeno em questão – e somente eles; e a “validade de predição”, que indica se o instrumento pode predizer com acuidade. O coeficiente de correlação varia entre menos 1 e mais 1 (-1 e +1). Uma correlação próxima a zero indica que duas variáveis não estão relacionadas. Uma correlação positiva indica que duas variáveis movem-se no mesmo sentido e a relação é tanto mais forte quanto mais a correlação aproxima-se de mais 1 (+1). Uma correlação negativa indica que duas variáveis movem-se em sentidos opostos e que a relação também fica tanto mais forte quanto mais próxima de menos 1 (-1) estiver a correlação. Duas variáveis perfeitamente correlacionadas positivamente (r=1) movem-se em perfeita proporção no mesmo sentido, enquanto duas variáveis perfeitamente correlacionadas negativamente (r=-1) movem-se em perfeita proporção em sentidos opostos. O coeficiente de correlação varia entre menos 1 e mais 1 (-1 e +1), conforme o esquema: -1_______-0,75_______-0,5_______-0,25_______0_______+0,25_______+0.5_______+0,75_______+1 perfeita alta média baixa ausente baixa média alta perfeita Negativa Positiva Observa-se na tabela apresentada no enunciado da questão que o Grupo 1, constituído por trabalhadores com menos experiência (de 1 a 5 anos de trabalho), apresentou resultados de correlação negativa, o que indica que quanto maiores as habilidades cognitivas, menor o risco de ocorrência de acidentes de trabalho. Dentre esses resultados, mostraram-se mais significativos os obtidos nos testes de Raciocínio Verbal e Raciocínio Espacial, ambos abaixo de 0,3. Esses dados confirmam a validade preditiva do teste quando relaciona melhores níveis de habilidades cognitivas dos trabalhadores iniciantes às menores probabilidades de ocorrência de acidentes. 1.1. Indicações bibliográficas AGRA, D. A. Estatística Básica. Campinas: Gráfica Editora Líder, 2002. ANDERSON, D. R.; SWEENEY, D. J.; WILLIAMS, T. A. Estatística aplicada à Administração e Economia. 2. ed. São Paulo: Pioneira-Thomson Learning, 2002. BAUMGARTL, V. O.; PRIMI, R. Evidências de validade da Bateria de Provas de Raciocínio. Belo Horizonte (MG): 2005. 6 p. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/prc/v19n2/a10v19n2.pdf>. Acesso em: 28 de abr. 2010. Tema 2: Fundamentos, métodos e técnicas de coleta e análise de informações para investigações científicas e avaliação de fenômenos psicológicos Correlação entre variáveis Correlação entre variáveis é a medida padronizada da relação entre elas. Trata-se de um índice que identifica se duas variáveis estão relacionadas, e em que medida. A correlação não permite afirmar se uma das variáveis causa ou se é causada pela outra, mas permite verificar se elas variam juntas, ou seja, se há uma relação de interdependência entre elas. Uma correlação positiva indica que as duas variáveis se movem juntas e no mesmo sentido, e uma correlação negativa indica queas duas variáveis se movem juntas, porém em sentidos opostos. Um coeficiente de correlação igual a zero indica não haver correlação entre as variáveis: na ausência de correlação fica claro que as variáveis consideradas não estabelecem entre si nenhuma relação de dependência. 2.1. Indicações bibliográficas · AGRA, D. A. Estatística Básica. Campinas: Lider, 2002. ANDERSON, D. R.; SWEENEY, D. J.; WILLIAMS, T. A. Estatística aplicada à Administração e Economia. 2. ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. MALAMAN, B. Estatística e Psicologia: Relações e Aplicações. São Paulo: Caderno de Estudos e Pesquisas da UNIP, 1999. MÓDULO 5 Tema 1: Fundamentos, métodos e técnicas de coleta e análise de informações para investigações científicas e avaliação de fenômenos psicológicos Gráfico de linhas no registro dos resultados de um tratamento de quadro depressivo Ao avaliar a eficácia de uma intervenção, seja de que tipo ela for – educacional, clínica ou social, por exemplo – estamos querendo saber se com ela obtemos os resultados pretendidos. No caso aqui descrito, a eficácia da intervenção clínica pôde ser melhor avaliada graças à utilização de um gráfico de linhas para registro dos dados obtidos num estudo sobre comportamentos depressivos. O gráfico de linhas é uma representação gráfica de dados obtidos em um estudo determinado. Ele exibe uma série num conjunto de pontos conectados por uma única linha. As linhas de gráfico são usadas para representar grandes quantidades de dados que ocorrem num período de tempo contínuo. O eixo x (na posição horizontal) é denominado “eixo das abscissas”, e o eixo y (na posição vertical), “eixo das ordenadas”. Na abscissa foram registrados os dias do tratamento, e na ordenada foi registrada a frequência com que ocorreram os comportamentos depressivos. Observando o gráfico obtido a partir desse registro de dados, verificamos que os valores registrados na ordenada variam de 0 a 300 comportamentos depressivos. A partir dos valores registrados na abscissa o gráfico evidencia que os dias de tratamento foram classificados nas categorias pré-tratamento, tratamento e pós-tratamento. O gráfico de linhas possibilita acompanhar a evolução do número de comportamentos depressivos ao longo dos dias de pré-tratamento, tratamento e pós-tratamento. Podemos perceber que durante o pré-tratamento, nos quatro primeiros dias, o número de comportamentos depressivos decresceu de aproximadamente 270 para aproximadamente 180. Durante o tratamento, entre o 4º e o 13º dia, o número de comportamentos depressivos decresceu de aproximadamente 180 para aproximadamente 55, apresentando oscilações a partir do 7º dia. Na fase de pós-tratamento, houve um aumento do número de comportamentos depressivos no 14º dia, seguido de uma diminuição desses comportamentos no 15º dia e de um retorno aos aproximadamente 55 comportamentos depressivos observados no último dia do tratamento. 1.2. Indicações bibliográficas: · MALAMAN, B. Estatística e Psicologia: relações e aplicações. São Paulo: Caderno de Estudos e Pesquisas da UNIP, 1999. MICROSOFT OFFICE ONLINE (Brasil) (Ed.). Tipos de gráficos disponíveis. Disponível em: <http://office.microsoft.com/pt br/help/HA012337371046.aspx#LineCharts>. Acesso em: 12 de abr. 2010. Tema 2: Fenômenos, processos e construtos psicológicos, entre os quais, processos básicos (cognição, motivação e aprendizagem), processos do desenvolvimento, interações sociais, saúde psicológica e psicopatológica, personalidade e inteligência. Aprendizagem vicariante Denomina-se “aprendizagem” a mudança ou aquisição relativamente estável de um comportamento e/ou conhecimento em resultado da experiência. A perspectiva comportamental-cognitiva destaca diferentes formas pelas quais pode ocorrer aprendizagem: por habituação, por associação ou condicionamento, por generalização, por diferenciação de respostas, por regras, por observação ou modelação etc. A aprendizagem por observação, também denominada aprendizagem vicariante ou aprendizagem social, é a ocorrida a partir da observação de um modelo, sem necessidade de passar pela experiência. A observação de um modelo que emite certo comportamento, e sofre consequências ambientais dele decorrentes, leva o indivíduo a repetir ou imitar os comportamentos que foram positivamente reforçados. O estudo desse tipo de aprendizagem feito pelo psicólogo canadense contemporâneo Albert Bandura levou-o a concluir que, além das situações em que somos reforçados ou punidos por nossas ações, também a experiência de outras pessoas pode conduzir à aquisição de novos comportamentos, caso em que a aprendizagem não decorre do reforçamento direto (em que o próprio sujeito é gratificado ou punido pelo ambiente), mas do reforçamento vicariante (em que o modelo é gratificado pelo ambiente). Bandura identificou algumas variáveis que tornam esse tipo de aprendizagem mais eficaz ou menos eficaz. Algumas dessas variáveis são relativas a características do modelo, enquanto outras são relativas ao repertório comportamental do observador. No primeiro caso – o das variáveis relativas às características do modelo – são consideradas as similaridades entre o observador e o modelo em termos de gênero, idade, status e outros aspectos que aumentem a probabilidade de ocorrência de aprendizagem vicariante. Além disso, quanto maior o vínculo afetivo entre o observador e o modelo, maior a probabilidade de ocorrência da imitação. O prestígio e a competência social do modelo também favorecem essa aprendizagem: modelos considerados bem-sucedidos e modelos admirados pelos observadores tendem a ser mais imitados do que os neutros. No segundo caso – o das variáveis relativas ao repertório comportamental do observador – um dos fatores mais considerados é a compatibilidade entre os repertórios comportamentais do modelo e do observador. Um tema de investigação bastante considerado pelos teóricos da aprendizagem social é o relativo à aquisição de comportamentos agressivos. Desde os estudos clássicos de Bandura (1973/1979), muitas pesquisas examinam os efeitos da observação de filmes com cenas de violência no desenvolvimento de repertórios comportamentais agressivos, com resultados consistentes que evidenciam a relação entre essas variáveis. Os experimentos desenvolvidos para investigar esse fenômeno procuram associar a exposição de sujeitos a cenas em que modelos apresentam comportamentos agressivos e são reforçados pelo ambiente para emitir comportamento agressivo em uma oportunidade posterior. Os resultados demonstram a ocorrência de aprendizagem vicariante, constatada pela imitação do comportamento dos modelos. Evidências dos estudos sobre a aprendizagem vicariante de comportamento violento demonstram a ação das variáveis intervenientes antes destacadas, tanto as referentes às características do modelo quanto as relacionadas ao repertório dos aprendizes. 2.1. Indicações bibliográficas · BANDURA, A.; IÑESTA, E. R. (1973). Modification de conducta: análisis de la agresion y de la delincuencia. Mexico: Trillas, 1975. · BANDURA, A. Modificação do comportamento. Rio de Janeiro: Interamericana, 1979. · CATANIA, A. C. Aprendizagem: comportamento, linguagem e cognição. 4. ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. · GOMIDE, P. I. C. A influência de filmes violentos em comportamento agressivo de crianças e adolescentes. Psicol. Reflex. Crit., Porto Alegre, v. 13, n. 1, 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722000000100014&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 25 de mar. 2011. · VIEIRA, T. M.; MENDES, F. D. C.; GUIMARAES, L. C. Aprendizagem social e comportamentos agressivo e lúdico de meninos pré-escolares. Psicol. Reflex. Crit., Porto Alegre, v. 23, n. 3, 2010. Disponível em: <http://www.scielo. br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010279722010000300015&lng=en&nrm =iso>. Acesso em: 25 de mar. 2011. Tema 3: Fenômenos, processos e construtos psicológicos,entre os quais, processos básicos (cognição, motivação e aprendizagem), processos do desenvolvimento, interações sociais, saúde psicológica e psicopatológica, personalidade e inteligência. Resiliência No final da década de 1990 surgiu nos Estados Unidos um movimento que denunciava a excessiva preocupação da Psicologia com aspectos patológicos e com desvios da chamada normalidade, propondo que os estudos dessa ciência enfatizassem seus aspectos “saudáveis” e “positivos”, em vez das patologias. Protagonizado por Martin Seligman, então presidente da American Psychological Association, o movimento da chamada Psicologia Positiva dedicou-se à investigação de alguns fenômenos indicadores de uma “vida saudável”, dentre os quais a resiliência. Estudos sobre esse construto procuram responder às seguintes questões: o que faz com que alguns indivíduos submetidos a eventos potencialmente estressores desenvolvam patologias, enquanto outros, diante dos mesmos eventos, mostram-se capazes de superar as adversidades? Relativamente ao desenvolvimento humano, a Psicologia Positiva pergunta: quais fatores individuais, familiares e sociais favorecem a obtenção de resultados positivos? O termo “resiliência”, utilizado originalmente nas ciências exatas, refere-se à capacidade que alguns materiais possuem de retomarem sua forma original ao cessar a ação das forças que os estavam deformando. Em Psicologia, o conceito indica a habilidade de superar adversidades, ou seja, o modo utilizado para superar eventos potencialmente estressantes. Embora haja alguma divergência na definição do termo, os autores geralmente concordam em relacionar resiliência a processos de natureza social e psíquica que garantem o desenvolvimento sadio, mesmo em contextos pouco satisfatórios. A resiliência resulta da interação entre fatores de risco, tais como exposição a situações adversas, abuso sexual, guerras, desemprego, morte e perdas, e fatores de proteção, que atuam no sentido de amenizar suas consequências negativas. Os fatores de proteção dependem de características pessoais, como empatia, autoeficácia, assertividade, habilidades sociais, comportamento dirigido para metas e habilidades para resolver problemas; condições familiares, como qualidade das interações, estabilidade, coesão e assertividade dos pais; e redes ambientais de apoio – como ambientes tolerantes aos conflitos, reforçadores positivos e limites definidos. Além dos fatores de risco e de proteção, as estratégias de enfrentamento (coping) também são importantes para a compreensão da capacidade de resiliência de um indivíduo. Essas estratégias de enfrentamento referem-se aos esforços cognitivos e comportamentais realizados pelo indivíduo para reduzir a sensação de desconforto decorrente de situações percebidas como estressantes. Conhecimentos advindos de estudos sobre resiliência podem ser utilizados para a compreensão de grupos sociais, aí incluídos os familiares das pessoas expostas aos fatores de risco. 3.1. Indicações bibliográficas · BARLACH, L. O que é resiliência humana? Uma contribuição para a construção do conceito. Dissertação (Mestrado). Instituto de Psicologia. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005. · OLIVEIRA, M. A. et al. Resiliência: análise das publicações no período de 2000 a 2006. Psicol. Cienc. Prof., Brasília, v. 28, n. 4, dez. 2008. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932008 000400008&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 17 de set. 2010. · PESCE, R. P. et al. Risco e proteção: em busca de um equilíbrio promotor de resiliência. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 20 (2), 135-143, 2004. MÓDULO 6 Tema 1: Fundamentos, métodos e técnicas de coleta e análise de informações para investigações científicas e avaliação de fenômenos psicológicos. Parâmetros Psicométricos. Testes psicométricos Os testes psicológicos são instrumentos padronizados de avaliação criados segundo alguns critérios básicos: ter adequada fundamentação teórica e obedecer aos parâmetros psicométricos de “validade”, “precisão” ou “fidedignidade” e “padronização”. O parâmetro “validade” garante que o instrumento mede efetivamente o que se propõe a medir. Três categorias de validade são consideradas: a “validade de construto”, que indica se o instrumento produz resultados compatíveis com os obtidos a partir de outros instrumentos criados para o mesmo fim; a “validade de conteúdo”, que indica se o instrumento mede efetivamente todos os aspectos que se propõe a medir – e somente eles; e a “validade de predição”, que indica se o instrumento pode realizar acuradas predições comportamentais. O parâmetro de “precisão” ou “fidedignidade” diz respeito à homogeneidade dos resultados (manutenção dos resultados de um mesmo sujeito em diferentes aplicações) e à estabilidade dos resultados (manutenção dos resultados de um sujeito ao longo do tempo). O parâmetro “padronização” diz respeito às normas criadas a partir da avaliação de resultados obtidos por sujeitos pertencentes a uma amostra representativa da população que foi submetida a avaliação por meio do instrumento. Uma vez estabelecido o padrão é possível situar um indivíduo testado em relação à Norma de seu grupo. Para garantir objetividade e padronização, exige-se uniformidade na tarefa a ser realizada e na aplicação do instrumento (instruções, características do local e condições de aplicação) e da avaliação (as respostas devem ser avaliadas segundo os padrões estabelecidos e os resultados interpretados a partir das normas convencionadas). 1.2. Indicações bibliográficas · ANASTASI, A.; URBINA, S. Testagem Psicológica. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. · CFP – Conselho Federal de Psicologia. Resolução no 02/2003. Disponível em: <http://www.pol.org.br>. Acesso em: 20 de fev. 2011. · CRONBACH, J. Fundamentos da Testagem Psicológica. 6. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. · ERTHAL, T. C. Manual de Psicometria. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987. MÓDULO 7 Tema 1: Práticas profissionais nos principais domínios de atuação do psicólogo priorizando as intervenções nos processos educativos, de gestão, de promoção de saúde, clínicos e de avaliação 1.1. Psicologia Jurídica Nos processos de separação ou divórcio é preciso definir qual dos ex-cônjuges deterá a guarda dos filhos. Conforme o artigo nº 1.584, do Novo Código Civil, vigente desde janeiro de 2002, nos casos de separação consensual, será observado o que os cônjuges acordarem sobre a guarda dos filhos. Em não havendo acordo, a guarda será atribuída àquele que reunir melhores condições para exercê-la, o que não implica melhores condições econômicas ou materiais (BRASIL, 2003; LAGO et BANDEIRA, 2009, p. 1). Altoé (2001, p. 1) questiona: “E como saber quem tem melhores condições? Quais os critérios para a avaliação realizada pelos psicólogos?” A autora afirma que o trabalho do psicólogo na área jurídica não deve se restringir à elaboração de pareceres para que o juiz possa aplicar a lei. Deve, sim, visar à resolução dos conflitos que conduziram a família ao poder judiciário. Conflitos não resolvidos produzirão a reincidência dos problemas que conduziram o caso à Justiça, e o processo tende a prolongar-se por anos, sem redução da dor dos envolvidos. Ainda de acordo com a autora, antes da década de 1990 a função do psicólogo judiciário se restringia à realização de perícias e pareceres. Hoje seu trabalho inclui informação, apoio, acompanhamento e orientação pertinentes aos atendimentos realizados, dado haver preocupação com a saúde mental das pessoas envolvidas. Refletir sobre o modelo pericial e articulá-lo à ideia de um trabalho interventivo significa considerar também que o encontro com a(s) pessoa(s) que faz(em) parte de um processo de Vara de Família não é mera condição de aplicação de instrumentos de avaliação que é demandada por um terceiro. Supõe considerar que essas pessoas procuram o Judiciário para resolver conflitos de família porque não encontraram outra forma delidar com o sofrimento que advém deles. (SUANNES, 2008, p. 29). Segundo Suannes (2008, p. 36) a perícia, entendida como uma forma de avaliação psicológica, deve assumir também um caráter interventivo: Embora não seja uma instituição de saúde mental, é o Judiciário o lugar que essas pessoas escolheram para tratar, viver e falar da dor da separação, dos rompimentos de vínculos, da desidealização da família e de si mesmas. 1.2. Indicações bibliográficas: · ALTOÉ, S. E. Atualidade da Psicologia Jurídica. PsiBrasil: Revista de Pesquisadores da Psicologia no Brasil, Juiz de Fora, v. 1, n. 2, 2001. Disponível em: <http://www.estig.ipbeja.pt/~ac_direito/psicologia_juridica.pdf>. Acesso em: 1 de set. 2010. · Brasil. Lei n° 10.406/02. Código Civil. São Paulo: Saraiva, 2003. · LAGO, V. de M.; BANDEIRA, D. R. A Psicologia e as demandas atuais do direito de família. Psicologia: ciência e profissão, Brasília, v. 29, n. 2, jun. 2009. Disponível em: <http://pepsic.bvspsi.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932009000200007&lng=pt&nrm>. Acesso em: 1 de set. 2010. · SUANNES, C. A. M. A sombra da mãe: um estudo psicanalítico sobre identificação feminina a partir de casos de Vara de Família. 2008. 125 f. Dissertação (Mestrado). Departamento de Psicologia Clínica, PUC, São Paulo, 2008. Disponível em:<http://www.caf.org.br/paginas/biblioteca/disserta_claudia_suannes.pdf>. Acesso em: 1 de set. 2010. Tema 2: Práticas profissionais nos principais domínios de atuação do psicólogo priorizando as intervenções nos processos educativos, de gestão, de promoção de saúde, clínicos e de avaliação Psicologia Organizacional e do Trabalho Como profissional de saúde, o psicólogo deverá ser capaz de acompanhar e responder às demandas sociais e políticas pela melhoria da qualidade de vida no trabalho (ZANELLI et al, 1994, p. 172). A Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT) tem por objeto de estudo as relações entre homem e trabalho. Segundo a revista Diálogos (2007, p. 24), os conhecimentos sobre a conduta humana obtidos pela Psicologia no século XIX e o conjunto de técnicas desenvolvidas em prol do bem-estar dos indivíduos foram adotados pelas corporações industriais. A história da POT teve início em 1913, ocasião em que Frederick Taylor realizou projetos de ambientes e sistemas capazes de maximizar a eficiência do trabalho humano, visando ao aumento de produtividade. Nas décadas de 1920 e 1930 foram desenvolvidas investigações sobre a influência de fatores ambientais na produtividade, segundo o viés behaviorista. No final dos anos de 1950 começaram a ser valorizados os fatores psicológicos, passando a ser reconhecida a associação entre características pessoais e produtividade. Nas décadas de 1970 e 1980 as questões humanistas passaram a dominar os estudos de POT, denotando um aumento de preocupação com a humanização do trabalho e a satisfação dos trabalhadores. A partir dos anos de 1990 ocorreram rápidas mudanças: novos avanços tecnológicos; fortalecimento do processo de globalização; ritmo intenso determinado pela era digital; aumento da competitividade no mundo corporativo; valorização das tarefas de liderança e de busca criativa de soluções. Tais mudanças determinaram a exigência de constante atualização da psicologia organizacional e do trabalho em meio a um mercado altamente competitivo. Ao longo desse transcurso histórico as exigências relativas à ação do psicólogo organizacional também foram se transformando: da exigência inicial, de contribuir para o aumento da produtividade, passou-se a exigir que colaborasse para promover um ambiente que, além de produtivo, fosse saudável. O ambiente de trabalho deve ser capaz de contemplar tanto as necessidades do empregado como os interesses da organização. Os anos 2000 trouxeram ao psicólogo a oportunidade de atuar como agente de mudanças, dele se esperando participação no planejamento de políticas e estratégias de negócios e dos recursos humanos e assessoria aos diversos níveis hierárquicos para colaborar com o alinhamento das necessidades organizacionais e individuais. (KANAN, 2010, p. 1) Atualmente se espera do psicólogo organizacional que fundamente sua prática no entendimento do fenômeno psicológico nas organizações obtido a partir do envolvimento dos diferentes âmbitos de análise e de intervenção: o técnico, o estratégico e o das políticas globais da organização. (KANAN, 2010, p. 1). Cabe ressaltar ainda que a questão relativa à prática do psicólogo organizacional e do trabalho se insere num contexto mais amplo de debates: os relativos à qualificação da prestação de serviços psicológicos e às medidas a serem adotadas para a construção de políticas públicas e para a ampliação da presença da Psicologia nos mais diversos espaços. Visando esse objetivo foi lançado em 27 de agosto de 2005 o Centro de Referência Técnica de Psicologia e Políticas Públicas, que organiza, sistematiza e produz referências para os psicólogos atuarem em políticas públicas. Além disso, serve para adequar as expectativas dos gestores em relação aos serviços e contribuições profissionais dos psicólogos. 2.1. Indicações bibliográficas: · BOCK, A. Discurso de Abertura. Em debate. Disponível em: <http://www.pol.org.br/pol/cms/pol/debates/direitos_humanos/direitos_humanos_051111_0145.html>. Acesso em: 12 de nov. 2011. · DIÁLOGOS. Uma história de desafios. Brasília: Sistema Conselhos de Psicologia, v. 4, n. 5, dez. 2007. · KANAN, L. A.; AZEVEDO, B. M. de. O que é indispensável atualmente na formação do psicólogo organizacional. Psicologia para a América Latina: Revista Eletrônica Internacional de La Unión Latinoamericana de Entidades de Psicologia, n. 19, de mai. 2010. Disponível em: <http://www.psicolatina.org/ Siete/organizacionales.html>. Acesso em: 27 de ago. 2010. · MALVEZZI, S.; CODO, W. Os rumos da Psicologia Organizacional e do Trabalho no Brasil. Diálogos. Brasília, v. 4, n. 5, p. 28-31, 2 dez. 2007. · ZANELLI, J. C. et al. Psicólogo Brasileiro: práticas emergentes e desafios para a formação. Movimentos emergentes na prática dos psicólogos brasileiros nas organizações de trabalho: implicações para a formação. 2. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1994. Disponível em:<http://books.google.com.br/books?hl=ptBR&lr=&id=JercsayabIgC&oi=fnd&pg=PA101&dq=ZANELLI,+J.+C.++O+psic%C3%B3logo+nas+organiza%C3%A7%C3%B5es+de+trabalho&ots=O66J2wqxDZ&sig=wPeb-ZZiojl688WuE_k9ZOk_zhA#v=onepage&q&f=true>. Acesso em: 27 de ago. 2010. MÓDULO 8 Tema 1: Fundamentos, métodos e técnicas de coleta e análise de informações para investigações científicas e avaliação de fenômenos psicológicos Delineamento de pesquisa e validade interna Um pesquisador interessado em identificar a causa ou as causas de determinada ocorrência fará inicialmente um delineamento de pesquisa, que objetive determinar a influência de uma ou mais variáveis nos resultados de determinado sistema ou processo. O delineamento desse tipo de pesquisa, ou planejamento experimental, é formulado com base em critérios científicos e estatísticos. A seu objetivo geral associam-se objetivos específicos, entre os quais incluem-se, dependendo do objetivo geral, a identificação das variáveis mais influentes nos resultados; a atribuição de valor a variáveis que possibilitem otimizar resultados; a redução de variabilidade dos resultados; e a interveniência de outras variáveis, não sujeitas ao controle. Tendo isolado algumas variáveis que, por hipótese, servem de causa aos resultados observados, o pesquisador realizará um controle dessas variáveis, atento aos efeitos produzidos na variável dependente. A aleatoriedade, ou casualização, será indispensável tanto nas pesquisas que comparam um grupo experimental a um grupo controle, quanto naquelas em que distintos tratamentos são atribuídos a grupos experimentais, tão semelhantes quanto possível, para que se consiga avaliar adequadamente o efeito das variáveis independentes. O grau de certeza da pesquisa será tanto maior quanto maior a possibilidade de controledas variáveis envolvidas na pesquisa. Para que se tenha o máximo de garantia de que as relações causa-efeito observadas podem ser atribuídas à intervenção realizada, esse controle de variáveis é indispensável. 1.2. Indicações bibliográficas: LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003. TROCHIM, W. M. The Research Methods Knowledge Base, 2. ed. Disponível em: <http://www.socialresearchmethods.net/kb/>. Acesso em: 24 de out. 2011. Tema 2: Fundamentos, métodos e técnicas de coleta e análise de informações para investigações científicas e avaliação de fenômenos psicológicos Métodos qualitativos e quantitativos da pesquisa em Psicologia O enunciado aborda a questão do método de pesquisa em Psicologia, a partir de uma investigação realizada no mundo organizacional, sobre o tratamento concedido à “deficiência” (Freitas, 2007). A escolha pela associação dos métodos quantitativo e qualitativo denota que a pesquisadora considerou que a pergunta norteadora por ela formulada exigia uma abordagem teórico-metodológica que, utilizando recursos qualitativos e quantitativos, pudesse conduzir a um resultado capaz de contribuir para a compreensão do objeto estudado. Cabe lembrar que o método quantitativo serve-se da linguagem matemática para descrever, representar e interpretar uma grande diversidade de objetos de estudo. A opção por esse método tem por questões fundamentais a definição de recursos matemáticos relevantes para o problema que se quer abordar, as limitações impostas pelo objeto de investigação e a possibilidade de ampliação e generalização de resultados. Trata-se de um método que busca regularidades com vistas a estabelecer relações causais que possibilitem realizar previsões. Os métodos qualitativos, por sua vez, foram desenvolvidos para atender ao estudo de fenômenos fluidos, passageiros, que não se repetem da mesma maneira e que, portanto, dificilmente são apreendidos por métodos quantitativos. Por meio de procedimentos de observação, descrição e interpretação, próprios dos métodos qualitativos, se atende às peculiaridades de cada fenômeno ao buscar compreender como esses fenômenos ocorrem e não porque ocorrem. Na prática atual de pesquisa em Ciências Humanas e Sociais é bastante frequente a associação entre métodos quantitativos e qualitativos. Na investigação descrita no enunciado, a pesquisadora utilizou uma abordagem qualitativa para avaliar o uso do construto “deficiência” ao longo da história e, a partir dessa análise, criou “tipificações”. Ou seja, a interpretação dos construtos possibilitou organizá-los em representações tipificadas, que serviram de referência para a elaboração de inventários a serem analisados quantitativamente. Assim, foram associados métodos quantitativos e qualitativos – o primeiro para obter indicadores e tendências observáveis do objeto estudado, e o segundo para mensurá-las. Graças a essa junção de métodos foi possível descrever e compreender o modo pelo qual a “deficiência” é tratada no mundo organizacional, considerando para isso valores, crenças, representações, hábitos, atitudes e opiniões. Segundo o enunciado, o modelo utilizado, que associou metodologias quantitativas e qualitativas para investigar cientificamente o modo pelo qual a “deficiência” é tratada no mundo organizacional, buscou verificar, simultaneamente, a potencialidade do modelo heurístico proposto e dos instrumentos de análise utilizados para a pesquisa. Os instrumentos utilizados mostraram seu potencial heurístico, isto é, mostraram-se suficientes para produzir um conhecimento cientificamente válido e também para colaborar com o desenvolvimento da ciência, no que diz respeito ao uso de metodologias mistas. 2.1. Indicações bibliográficas: · AMATUZZI, M. M. A Investigação do Humano: um debate. Estudos de Psicologia. Campinas, v. 3, n. 11, p. 73-78, 1994. · CARVALHO-FREITAS, M. N. A inserção de pessoas com deficiência em empresas brasileiras. Tese (Doutorado em Administração). Centro de Pós-Graduação e Pesquisas em Administração, UFMG, Belo Horizonte, 2007. · CHIZZOTTI, A. A pesquisa qualitativa em Ciências Humanas e Sociais: evolução e desafios. Revista Portuguesa de Educação. Braga, Portugal, v. 16, n. 2, p. 221-236, 2003. · FERREIRA, A. B. H. Dicionário da Língua Portuguesa. Curitiba: Positivo, 2010. · FREITAS, M. T. A. O processo metodológico de pesquisa: uma instância de aprendizagem. 2001 [Relatório de pesquisa para o CNPq]. · HOLANDA, A. Questões sobre pesquisa qualitativa e pesquisa fenomenológica. Análise Psicológica (2006), 3 (XXIV): 363-372. Disponível em: http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/aps/v24n3/v24n3a10.pdf. Acesso em: 20 de jan. 2012. · MENGA, L.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. · MINAYO, M. C. S; SANCHES, O. Qualitativo-Quantitativo: oposição ou complementaridade? Cadernos de Saúde Pública, São Paulo, v. 3, n. 9, p. 239-262, 1993. MÓDULO 9 Tema 1: Fundamentos, métodos e técnicas de coleta e análise de informações para investigações científicas e avaliação de fenômenos psicológicos Delineamento de pesquisa e validade interna Um pesquisador interessado em identificar a causa ou as causas de determinada ocorrência fará inicialmente um delineamento de pesquisa, que objetive determinar a influência de uma ou mais variáveis nos resultados de determinado sistema ou processo. O delineamento desse tipo de pesquisa, ou planejamento experimental, é formulado com base em critérios científicos e estatísticos. A seu objetivo geral associam-se objetivos específicos, entre os quais incluem-se, dependendo do objetivo geral, a identificação das variáveis mais influentes nos resultados; a atribuição de valor a variáveis que possibilitem otimizar resultados; a redução de variabilidade dos resultados; e a interveniência de outras variáveis, não sujeitas ao controle. Tendo isolado algumas variáveis que, por hipótese, servem de causa aos resultados observados, o pesquisador realizará um controle dessas variáveis, atento aos efeitos produzidos na variável dependente. A aleatoriedade, ou casualização, será indispensável tanto nas pesquisas que comparam um grupo experimental a um grupo controle, quanto naquelas em que distintos tratamentos são atribuídos a grupos experimentais, tão semelhantes quanto possível, para que se consiga avaliar adequadamente o efeito das variáveis independentes. O grau de certeza da pesquisa será tanto maior quanto maior a possibilidade de controle das variáveis envolvidas na pesquisa. Para que se tenha o máximo de garantia de que as relações causa-efeito observadas podem ser atribuídas à intervenção realizada, esse controle de variáveis é indispensável. 1.2. Indicações bibliográficas: LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003. TROCHIM, W. M. The Research Methods Knowledge Base, 2. ed. Disponível em: <http://www.socialresearchmethods.net/kb/>. Acesso em: 24 de out. 2011. Tema 2: Fundamentos, métodos e técnicas de coleta e análise de informações para investigações científicas e avaliação de fenômenos psicológicos Métodos qualitativos e quantitativos da pesquisa em Psicologia O enunciado aborda a questão do método de pesquisa em Psicologia, a partir de uma investigação realizada no mundo organizacional, sobre o tratamento concedido à “deficiência” (Freitas, 2007). A escolha pela associação dos métodos quantitativo e qualitativo denota que a pesquisadora considerou que a pergunta norteadora por ela formulada exigia uma abordagem teórico-metodológica que, utilizando recursos qualitativos e quantitativos, pudesse conduzir a um resultado capaz de contribuir para a compreensão do objeto estudado. Cabe lembrar que o método quantitativo serve-se da linguagem matemática para descrever, representar e interpretar uma grande diversidade de objetos de estudo. A opção por esse método tem por questões fundamentaisa definição de recursos matemáticos relevantes para o problema que se quer abordar, as limitações impostas pelo objeto de investigação e a possibilidade de ampliação e generalização de resultados. Trata-se de um método que busca regularidades com vistas a estabelecer relações causais que possibilitem realizar previsões. Os métodos qualitativos, por sua vez, foram desenvolvidos para atender ao estudo de fenômenos fluidos, passageiros, que não se repetem da mesma maneira e que, portanto, dificilmente são apreendidos por métodos quantitativos. Por meio de procedimentos de observação, descrição e interpretação, próprios dos métodos qualitativos, se atende às peculiaridades de cada fenômeno ao buscar compreender como esses fenômenos ocorrem e não porque ocorrem. Na prática atual de pesquisa em Ciências Humanas e Sociais é bastante frequente a associação entre métodos quantitativos e qualitativos. Na investigação descrita no enunciado, a pesquisadora utilizou uma abordagem qualitativa para avaliar o uso do construto “deficiência” ao longo da história e, a partir dessa análise, criou “tipificações”. Ou seja, a interpretação dos construtos possibilitou organizá-los em representações tipificadas, que serviram de referência para a elaboração de inventários a serem analisados quantitativamente. Assim, foram associados métodos quantitativos e qualitativos – o primeiro para obter indicadores e tendências observáveis do objeto estudado, e o segundo para mensurá-las. Graças a essa junção de métodos foi possível descrever e compreender o modo pelo qual a “deficiência” é tratada no mundo organizacional, considerando para isso valores, crenças, representações, hábitos, atitudes e opiniões. Segundo o enunciado, o modelo utilizado, que associou metodologias quantitativas e qualitativas para investigar cientificamente o modo pelo qual a “deficiência” é tratada no mundo organizacional, buscou verificar, simultaneamente, a potencialidade do modelo heurístico proposto e dos instrumentos de análise utilizados para a pesquisa. Os instrumentos utilizados mostraram seu potencial heurístico, isto é, mostraram-se suficientes para produzir um conhecimento cientificamente válido e também para colaborar com o desenvolvimento da ciência, no que diz respeito ao uso de metodologias mistas. 2.1. Indicações bibliográficas: · AMATUZZI, M. M. A Investigação do Humano: um debate. Estudos de Psicologia. Campinas, v. 3, n. 11, p. 73-78, 1994. · CARVALHO-FREITAS, M. N. A inserção de pessoas com deficiência em empresas brasileiras. Tese (Doutorado em Administração). Centro de Pós-Graduação e Pesquisas em Administração, UFMG, Belo Horizonte, 2007. · CHIZZOTTI, A. A pesquisa qualitativa em Ciências Humanas e Sociais: evolução e desafios. Revista Portuguesa de Educação. Braga, Portugal, v. 16, n. 2, p. 221-236, 2003. · FERREIRA, A. B. H. Dicionário da Língua Portuguesa. Curitiba: Positivo, 2010. · FREITAS, M. T. A. O processo metodológico de pesquisa: uma instância de aprendizagem. 2001 [Relatório de pesquisa para o CNPq]. · HOLANDA, A. Questões sobre pesquisa qualitativa e pesquisa fenomenológica. Análise Psicológica (2006), 3 (XXIV): 363-372. Disponível em: http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/aps/v24n3/v24n3a10.pdf. Acesso em: 20 de jan. 2012. · MENGA, L.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. · MINAYO, M. C. S; SANCHES, O. Qualitativo-Quantitativo: oposição ou complementaridade? Cadernos de Saúde Pública, São Paulo, v. 3, n. 9, p. 239-262, 1993. MÓDULO 10 Tema 1: Fenômenos, processos e construtos psicológicos, entre os quais, processos básicos (cognição, motivação e aprendizagem), processos do desenvolvimento, interações sociais, saúde psicológica e psicopatológica, personalidade e inteligência DSM-IV e a classificação das perturbações mentais O termo DSM IV (ou DSM-IV) é a abreviatura de Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders - Fourth Edition (Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais - Quarta Edição), publicado pela Associação Psiquiátrica Americana (APA) em Washington (1994). Correspondendo à quarta versão do DSM, é a principal referência de diagnóstico para os profissionais de saúde mental de diversos países, entre os quais o Brasil. Recortamos para descrição os seguintes transtornos: (1) de personalidade borderline; (2) depressivo maior recorrente; (3) obsessivo-compulsivo; (4) psicótico; e (5) narcisista de personalidade. Transtorno de Personalidade Borderline Esse transtorno é identificável a partir de um padrão de instabilidade nos relacionamentos interpessoais, na autoimagem e nos afetos, e acentuada impulsividade. Os indivíduos que apresentam esse transtorno fazem esforços frenéticos para evitar um abandono real ou imaginado. Ao perceberem uma separação ou rejeição iminente, ou uma perda da estrutura externa, ficam sujeitos a profundas alterações de autoimagem, de afeto, cognição e comportamento. Podem supor que o "abandono" ou a “rejeição” advém do fato de serem "maus". Seus esforços frenéticos para evitar tais situações podem incluir ações impulsivas, tais como comportamentos suicidas e de automutilação. Transtorno Depressivo Maior Recorrente – Episódio Depressivo Maior A principal característica de um episódio dessa natureza é o humor deprimido ou uma perda generalizada de interesse por período não inferior a duas semanas. Em crianças e adolescentes a irritabilidade pode substituir a tristeza. A confirmação desse diagnóstico é feita a partir da identificação de pelo menos quatro sintomas adicionais dentre os seguintes: alterações de apetite ou peso; perturbações do sono e da atividade psicomotora; redução da energia; sentimentos de menos valia e culpa; dificuldade para pensar, concentrar-se, tomar decisões; pensamentos recorrentes sobre morte; ideação suicida, planos ou tentativas de suicídio. Transtorno Obsessivo-Compulsivo As principais características desse transtorno são obsessões e compulsões suficientemente severas para causar sofrimento e prejuízos: a pessoa reconhece que elas são excessivas e irracionais. Obsessões são ideias, pensamentos, impulsos ou imagens persistentes, vivenciados como intrusivos e inadequados, causadores de ansiedade e sofrimento. Compulsões manifestam-se através de comportamentos repetitivos, como por exemplo lavar as mãos continuamente; ordenar, verificar, orar, contar, repetir palavras em silêncio, com o objetivo de prevenir ou reduzir a ansiedade e o sofrimento. Transtorno Psicótico Trata-se de um transtorno com sintomas psicóticos que, no entanto, não satisfaz os critérios de diagnóstico de um transtorno psicótico específico. Em outras palavras, essa categoria inclui uma sintomatologia psicótica - delírios, alucinações, discurso e comportamento desorganizados, catatonia, sem, no entanto, reunir informações suficientes para a realização de um diagnóstico específico. Por exemplo, o paciente pode estar sofrendo, na ausência de quaisquer outros sinais de psicose, alucinações auditivas persistentes ou delírios não-bizarros persistentes com períodos de episódios de humor sobrepostos. Transtorno de Personalidade Narcisista A característica principal desse transtorno é o padrão de grandiosidade que se estabelece gerando necessidade de admiração e dificuldade para estabelecer empatia. Os indivíduos com esse transtorno experimentam um sentimento grandioso a respeito da própria importância: superestimam as próprias capacidades e exageram as próprias realizações. Frequentemente parecem presunçosos e arrogantes. Podem presumir que os outros atribuem o mesmo valor a seus esforços e se surpreendem ao não receberem o louvor que esperam e julgam merecer. Essas pessoas tecem fantasias de sucesso ilimitado, poder, inteligência, beleza e amor ideal. 1.2. Indicações bibliográficas: · DSM-IV Online. Manual de Diagnóstico e Estatística das perturbações Mentais. Disponível em: <http://www.psicologia.com.pt/instrumentos/dsm_cid/>; <http://www.psicologia.com.pt/instrumentos/dsm_cid/dsm.php.Acesso em: 05 de mai. 2010. Tema 2: Fenômenos, processos e construtos psicológicos, entre os quais, processos básicos (cognição, motivação e aprendizagem), processos do desenvolvimento, interações sociais, saúde psicológica e psicopatológica, personalidade e inteligência. Memória. Memória A memória, processo psicológico envolvido na maioria das atividades humanas, ocorre em três etapas: codificação, armazenamento e recuperação. A codificação envolve a transformação de um estímulo físico (como um som ou uma imagem) em um código, que pode ser armazenado. O armazenamento refere-se à retenção desse código por períodos curtos ou longos. A recuperação diz respeito ao resgate e ao uso dessa informação. As etapas de codificação, armazenamento e recuperação ocorrem pelas intermediações bioquímicas, via neurotransmissores, e pela intermediação elétrica, via neurônios. Evidências empíricas e experimentais apontam para o fato de haver relação entre as emoções e a memória. Toda memória é adquirida num certo estado emocional. As emoções estimulam a liberação de certas substâncias no cérebro, como a noradrenalina, a dopamina, a serotonina, a acetilcolina ou a beta-endorfina, que agem como moduladores da atividade cerebral, aumentando ou diminuindo a capacidade de resposta de certas ligações nervosas (sinapses), inclusive das responsáveis pela memória. Em que pese a diversidade de enfoques teóricos e metodológicos dos inúmeros estudos clínicos e experimentais sobre a relação entre estados emocionais e memória, com resultados ainda insatisfatórios em alguns aspectos, de maneira geral é possível afirmar que a memória é mais favorecida por certos níveis de emoção do que pela repetição dos eventos e frequência de evocação. Para o neurocientista Ivan Izquierdo (2004), armazenamos mais e melhor as informações e temos mais facilidade para recuperar memórias de alto conteúdo emocional. Além disso, há um fenômeno denominado “dependência de estado”, em função do qual a memória é melhor quando o contexto, no momento da recuperação de dados, equivale ao contexto existente no momento da codificação (BOWER, 1981). Em termos neuro-humorais essa relação pode ser explicada pela repetição, no momento da evocação, do “ambiente” neuro-humoral específico presente no momento da formação da memória. Estudos recentes demonstram que o hipocampo é o principal elemento do sistema nervoso envolvido nos processos da memória, tanto na etapa de formação como na etapa de evocação. Como tendemos a relembrar situações emocionalmente desagradáveis, poderíamos supor que a memória dessas situações prevalece. No entanto, não é isso que as pesquisas têm demonstrado: situações emocionalmente carregadas, sejam elas agradáveis ou desagradáveis, são igualmente lembradas e sua memória prevalece sobre a de situações emocionalmente neutras. Pesquisas apontam para o fato de que observam-se mais falsas memórias quando as situações lembradas são desagradáveis, embora não haja uma relação causal entre a memória de situações desagradáveis e a produção de falsas memórias. 2.1. Indicações bibliográficas: · BOWER, G. H. Mood and memory. American Psychologist. Washington, v. 36, n. 2, p. 129-148, 1981. · CAGNIN, S. Algumas contribuições das neurociências para o estudo da relação entre o afeto e a cognição. Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v. 8, n. 2, ago. 2008. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script= sci_arttext&pid=S1808-42812008000200023&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 22 de out. 2010. · IZQUIERDO, I. A arte de esquecer. Rio de Janeiro: Vieira e Lent, 2004. · PERGHER, G. K., GRASSI-OLIVEIRA, R., ÁVILA, L. M.; STEIN, L. M. Memória, humor e emoção. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, 28 (1), 5-12, 2005. ·SANTOS, R. F.; STEIN, L. M. A influência das emoções nas falsas memórias: uma revisão crítica. Psicol. USP, São Paulo, v. 19, n. 3, set. 2008. Disponível em: <http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678-51772008000300009&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 19 de nov. 2010. · STEIN, L. M., FEIX, L. F., & ROHENKOHL, G. (2006). Avanços metodológicos no estudo das falsas memórias: Construção e normatização do procedimento de palavras associadas à realidade brasileira. Psicologia: Reflexão e Crítica, 19 (2), 196-205, 2006. Tema 3: Interfaces com campos afins do conhecimento (Neurociências, Sociologia, Antropologia, Filosofia) Fatores hereditários e ambientais da inteligência Um dos debates tradicionais da Psicologia diz respeito aos determinantes de características individuais. Historicamente, diferentes autores têm defendido posições favoráveis à prevalência de variáveis genéticas, ou de variáveis ambientais, na gênese e no desenvolvimento das diversas capacidades humanas. Um delineamento de pesquisa bastante utilizado nas investigações que objetivam verificar o peso de variáveis genéticas nas habilidades cognitivas é aquele que avalia essas habilidades em gêmeos monozigóticos. Visto que os gêmeos monozigóticos possuem a mesma constituição genética, resultante da divisão de um óvulo fecundado por um único espermatozoide, espera-se que todas as características humanas resultantes da herança genética devam se apresentar em níveis iguais nos dois indivíduos. Gêmeos dizigóticos ou fraternos, resultantes por sua vez, da fecundação de óvulos diferentes por espermatozoides diferentes, são geneticamente tão semelhantes (e tão distintos) entre si, quanto qualquer par de irmãos nascidos de gestações independentes. Muitos estudos que relacionam medidas de inteligência em gêmeos buscam identificar se os coeficientes de correlação entre gêmeos monozigóticos são claramente mais elevados do que entre os gêmeos dizigóticos. Os índices de correlação positiva em gêmeos monozigóticos indicariam a participação da hereditariedade no desenvolvimento da inteligência, fato que seria corroborado pelos índices de correlação menores em gêmeos dizigóticos. 3.1. Indicações bibliográficas: · CALEGARO, M. M. Psicologia e Genética: o que causa o comportamento? Revista Cérebro & Mente, Campinas, dez. 2001. Disponível em: <http:// www.cerebromente.org.br/n14/mente/genetica-comportamental1.html>. Acesso em: 18 de fev. 2011. · DAL-FARRA, R. A.; PRATES, E. J. A Psicologia face aos novos progressos da genética humana. Psicol. cienc. prof., Brasília, v. 24 (1), mar. 2004. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932004000100011&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 18 de fev. 2011. · MENDOZA, C. F. Introdução à psicologia das diferenças individuais. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. · MORAIS, P. Estatística para psicólogos (que não gostam de números). São Paulo: ESETEC, 2008. · MOTTA, P. A. Genética Humana: aplicada à Psicologia e toda a área biomédica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.