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16/05/2019 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=1838158&courseId=669&classId=1133345&topicId=765563&p0=03c7c0ace395d80182db07ae… 1/8 Mediação de Con�itos Aula 5: Fundamentos da negociação INTRODUÇÃO Somos todos negociadores, desde crianças e durante toda a nossa vida. Negociar é um ato inevitável em nosso dia a dia. Negociamos aumento de salário, tentamos chegar a um acordo sobre o preço de uma mercadoria à venda, tentamos persuadir nosso amigo a ir ao cinema no sábado à noite. Todos esses casos são exemplos de negociação. Apesar de usarmos a negociação todos os dias, não é fácil realizá-la e, muitas vezes, as pessoas podem �car insatisfeitas, com raiva ou cansadas. A negociação direta é considerada um meio autocompositivo de resolução de con�itos e, a partir dos estudos sobre negociação da Escola de Direito de Harvard, ganharam uma perspectiva colaborativa, fundamental para a mediação. As negociações podem ocorrer de várias formas, e há vários per�s de negociadores. No entanto, o melhor caminho para uma negociação é a colaboração. A partir dela, haverá a possibilidade de construir o consenso e de chegar a um acordo, sem o desgaste da relação. 16/05/2019 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=1838158&courseId=669&classId=1133345&topicId=765563&p0=03c7c0ace395d80182db07ae… 2/8 OBJETIVOS De�nir negociação; Observar a negociação como um processo; Analisar a negociação colaborativa ou integrativa ou baseada em princípios; Comparar a barganha distributiva e a negociação integrativa ou colaborativa ou baseada em princípios; Reconhecer as habilidades do negociador 16/05/2019 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=1838158&courseId=669&classId=1133345&topicId=765563&p0=03c7c0ace395d80182db07ae… 3/8 Fonte da Imagem: jesadaphorn / Shutterstock O signi�cado da palavra negotiatus, de origem latina, é “cuidar dos negócios”. A negociação é um fenômeno muito antigo, usado pela humanidade há muito tempo. Quanto ao seu estudo, as abordagens acadêmicas e pro�ssionais �zeram a descrição da prática da negociação, ligada às áreas de atuação, como na diplomacia, no trabalho, na empresa, com diferentes metodologias e focos. A negociação é o meio pelo qual as pessoas lidam com suas diferenças. Na verdade, negociar é buscar um acordo por meio de um diálogo. É importante que você perceba que a negociação está de forma permanente em nossas vidas. Negociamos com nossos pais, nossos �lhos, nossos companheiros, ou seja, tanto em nossa casa, como no trabalho com nossa che�a ou nossos subordinados. CONCEITO DE NEGOCIAÇÃO Fonte da Imagem: jesadaphorn / Shutterstock O que se escrevia sobre negociação consistia em estratégias para tirar vantagem sobre o adversário por meio de truques que só funcionavam se ele não tivesse lido nada sobre o tema. No �nal da década de 70, a negociação começou a ser estudada de forma integrada, com metodologia e visando uma aplicabilidade a qualquer tipo de negociação e útil para todas as partes envolvidas na negociação. A partir dessa mudança de abordagem da negociação como tema de estudo e desenvolvimento, surgiram diferentes modelos para a prática da negociação que tiveram a colaboração de várias ciências, como a Psicologia, o Direito, a Sociologia, a Política, entre outras. Essas disciplinas foram importantes porque trouxeram contribuições para o aprofundamento das formas como as pessoas podem resolver os seus problemas juntas, trabalhando e construindo algo sobre as suas diferenças. Encontramos, na literatura sobre negociação, uma variedade de de�nições que a conceituam. Vejamos algumas delas: 16/05/2019 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=1838158&courseId=669&classId=1133345&topicId=765563&p0=03c7c0ace395d80182db07ae… 4/8 Saiba mais! , Antes de seguir adiante, conheça aqui (galeria/aula5/docs/a05_t02.pdf) as condições necessárias para que uma negociação ocorra e, também, a negociação como processo. NEGOCIAÇÃO COLABORATIVA, INTEGRATIVA OU BASEADA EM PRINCÍPIOS Fonte da Imagem: iDraw / Shutterstock Agora que você já conheceu as condições para que ocorra uma negociação, vamos iniciar nossa aprendizagem sobre a Negociação colaborativa ou baseada em princípios, desenvolvida pela Escola de Harvard (glossário). A abordagem principal da negociação, utilizada na mediação, é aquela que foge de uma forma de negociar chamada de posicional. Nesse tipo de negociação, os negociadores se tratam como oponentes, o que acarreta uma situação em que um ganha e o outro perde. No lugar de analisar os méritos da questão, as partes pressionam o máximo e cedem o mínimo. Desse modo, pode haver um aumento de raiva e ressentimento, prejudicando a relação social dos envolvidos e, principalmente, levando uma parte a sentir que está cedendo às intransigências da outra, enquanto suas preocupações permanecem desatendidas. Voltaremos a apresentar essa negociação quando abordarmos a barganha distributiva. Destacamos a importância da negociação colaborativa ou baseada em princípios, que chega a resultados justos, abordando os reais interesses dos envolvidos, e não suas posições. É muito importante que você aprofunde seus conhecimentos sobre essa negociação e, para isso, indicamos o livro: Como chegar ao SIM, de Roger Fisher, William Ury e Bruce Patton (2005). Para esses autores, quatro pontos fundamentais são necessários na negociação colaborativa: SEPARAÇÃO DAS PESSOAS DOS PROBLEMAS 16/05/2019 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=1838158&courseId=669&classId=1133345&topicId=765563&p0=03c7c0ace395d80182db07ae… 5/8 Os negociadores são pessoas que, em con�ito, tendem a misturar questões referentes à relação com a questão objetiva a ser negociada. Os aspectos pessoais fazem parte da negociação, não podem ser ignorados, mas não devem se misturar às questões objetivas. O revide em uma discussão não ajudará a solucionar um problema. As emoções se misturam com frequência aos méritos de uma negociação. As questões subjetivas – relacionais, emocionais, comunicacionais – devem ser reconhecidas e trabalhadas através de ferramentas apropriadas que veremos na aula 7. Dessa forma, antes de atacar as pessoas, deve-se atacar os méritos da negociação. Por exemplo, alguém pode iniciar uma negociação exigindo que uma pessoa se mude de um condomínio porque não tem educação quanto à altura do som que costuma escutar. Uma outra forma de iniciar a mesma negociação seria falando sobre algumas práticas como as proteções acústicas existentes e muitas utilizadas na vizinhança. Ao estabelecer que o problema é o vizinho, a comunicação �ca difícil na negociação. FOCO NOS INTERESSES E NÃO NAS POSIÇÕES Um con�ito se expressa, primeiro, através de posições. Os autores do livro já citado Como chegar ao Sim (FISHER; URY e PATTON, 2005), apresentam um exemplo que esclarecerá muito bem o que estamos querendo dizer. Exemplo: duas irmãs brigavam por uma laranja. Depois de muita discussão resolveram dividi-la ao meio. A primeira pegou a sua metade, comeu a polpa e jogou a casca no lixo; a segunda usou a casca de sua metade para fazer uma geleia e jogou a polpa fora. Como você explicaria o que aconteceu? Se elas tivessem usado uma negociação colaborativa e colocado o foco nos seus interesses e não em suas posições, teriam terminado a negociação integralmente satisfeitas. Muitos autores costumam representar este tema usando a �gura do iceberg. As posições correspondem à parte visível do iceberg e os interesses o que �ca submerso e deve ser descoberto. Os interesses são identi�cados por meio de perguntas como: por quê? Com qual �nalidade? O que pretendo ou o que o outro pretende? Para obter a resposta para estas perguntas, clique aqui (galeria/aula5/docs/a05_t03.pdf). GERAÇÃO DE OPÇÕES DE GANHOS MÚTUOS Muitas vezes, as pessoas em con�ito acreditam queapenas existe uma quantidade �xa de recursos a serem partilhados. Quando uma parte �ca atendida na maior parte de seus interesses, a outra se sentirá desatendida. Neste caso, a ideia é aumentar os recursos disponíveis, gerando novas possibilidades para resolver o con�ito. Os negociadores devem buscar atender os interesses de todos os envolvidos, numa solução ganha-ganha. É através da geração de novos recursos, articulação de necessidades e possibilidades de cada um dos negociadores que será possível atender os interesses em comum e criar harmonia entre os diferentes, de forma a satisfazer a todos os envolvidos. São diferentes as necessidades dos negociadores e estas podem trabalhar de forma a gerar benefícios mútuos. O que para um negociador é secundário, para o outro pode não ser, o que pode gerar novos recursos de negociação. UTILIZAÇÃO DE CRITÉRIOS OBJETIVOS Os negociadores devem utilizar critérios objetivos para avaliar as soluções que foram levantadas e para a tomada de decisão. Como esses critérios são externos, não envolvem a subjetividade das partes na decisão e evitam a polarização nesse momento. São exemplos: a legislação, o parecer de um técnico, o valor de mercado etc. MELHOR ALTERNATIVA À NEGOCIAÇÃO DE UM ACORDO (MAANA) Fonte da Imagem: iDraw / Shutterstock 16/05/2019 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=1838158&courseId=669&classId=1133345&topicId=765563&p0=03c7c0ace395d80182db07ae… 6/8 Além dos quatro princípios da Escola de Harvard, um importante conceito é o da melhor alternativa à negociação de um acordo (MAANA). Trata-se do curso de ação de nossa preferência caso não haja consenso. É saber o que faremos ou o que vai acontecer se não conseguirmos chegar a um acordo. É importante observar qual é a MAANA antes de entrar em uma negociação, do contrário, não se saberá se o acordo será proveitoso ou não. Por exemplo, Luis XI (glossário), rei da França resolveu negociar quando Eduardo IV (glossário), rei da Inglaterra, atravessou o Canal da Mancha para capturar territórios franceses. Sabendo que poderia envolver-se em uma guerra prolongada e dispendiosa (MAANA), Luis XI calculou que seria melhor fazer um acordo com Eduardo IV. Assinou um tratado de paz com o rei da Inglaterra, pagando um certo valor adiantado e uma anuidade pelo resto da vida do monarca inglês, expulsando os ingleses da França. O melhor negócio não é aquele que prevalece em detrimento do outro, mas aquele que satisfaz os dois lados. BARGANHA DISTRIBUTIVA E NEGOCIAÇÃO INTEGRATIVA É importante lembrar que a escolha do tipo de negociação está ligada a uma série de fatores como: O objetivo que se tem em mente ao participar da negociação; O comportamento característico dependendo da abordagem utilizada; Os resultados alcançados a partir do modelo usado. Não basta saber que o con�ito é uma oportunidade positiva, mas temos de saber em que essa disputa pode contribuir para a vida das pessoas envolvidas. Em contraposição a essa negociação, temos a barganha distributiva ou negociação baseada em posições, em que os interesses reais das pessoas não serão contemplados e sequer discutidos, podendo levar a negociação para um impasse e deterioração das relações. A barganha distributiva tem como premissa que tudo que se ganhar na negociação é à custa do oponente. Cada ganho que tiver implica diretamente perda para o outro. Exemplo! , Se você vai negociar o prazo de entrega de um relatório com um membro de sua equipe e o pressiona para que a data seja antecipada para o mais breve possível, cada dia que se ganhar de antecipação implica diretamente trabalho dobrado para o outro, porque esse terá que se dedicar ao máximo para dar conta dessa demanda e de outras. Fonte da Imagem: notkoo / Shutterstock De acordo com o Manual de Mediação Judicial (2013): O regateio, a barganha, a informação não revelada, a descon�ança na proposta do outro lado, a sensação de que pode estar sendo enganado, o jogo de concessões mútuas, a necessidade de dividir a diferença ou o prejuízo, o medo de estar sendo explorado e tantos outros aspectos, fazem parte de um tipo de negociação impregnado culturalmente em nossa sociedade. Voltando à aula 4, a partir da Moderna Teoria do Con�ito, devemos utilizar as situações de con�ito como uma oportunidade de aprendizado, crescimento e geração de ganhos mútuos. É importante aproveitar a energia do con�ito causado pela divergência de interesses, ideias e valores para construir novas realidades e relacionamentos, mais 16/05/2019 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=1838158&courseId=669&classId=1133345&topicId=765563&p0=03c7c0ace395d80182db07ae… 7/8 produtivos para todos. A negociação integrativa, como já vimos e queremos reforçar porque ela é fundamental para a mediação, é uma forma de resolver con�itos que leva em conta a satisfação conjunta dos interesses das pessoas envolvidas. Ela obedece a uma sequência lógica e cronológica de passos a serem seguidos, diferente da barganha distributiva, em que a resolução da questão acontece de forma aleatória. Os passos a serem seguidos são: Atenção , O mais importante na negociação integrativa são os interesses. Podemos falar de solução numa negociação integrativa, quando os reais interesses das partes são atendidos., , Para você aprofundar mais seus conhecimentos, leia o capítulo sobre Fundamentos da Negociação no Manual de Mediação Judicial. HABILIDADES DO NEGOCIADOR Fonte da Imagem: iDraw / Shutterstock Em linhas gerais, as habilidades que os negociadores utilizam depende do tipo de negociação que será realizada, do método e das estratégias empregadas. No entanto, existe um número signi�cativo de habilidades que todo negociador deve ter, independente da situação. Resumindo algumas, podemos destacar: Excelente comunicação; Flexibilidade; Criatividade; Capacidade de observação; Decisão. Além disso, não deve superestimar ou subestimar as suas próprias capacidades pois, isso pode levar ao fracasso da negociação. ATIVIDADE Leia com atenção este diálogo entre a Sra. Sara, chefe de um Departamento de Vendas e sua subordinada, Amélia. Sra. Sara: Está claro, então, de que forma o trabalho tem de ser realizado? Amélia: Mas, Dona Sara, a equipe já apontou algumas falhas nesse processo... Sra. Sara: Eu sei o que estou dizendo. Vai ser assim e ponto �nal. Fonte: bioraven / iluistrator / Fine Art / PJStock / Shutterstock 16/05/2019 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=1838158&courseId=669&classId=1133345&topicId=765563&p0=03c7c0ace395d80182db07ae… 8/8 Na sua opinião, a Sra. Sara é uma boa negociadora? Justi�que sua resposta. Resposta Correta Glossário ESCOLA DE HARVARD Harvard Business School: a escola de negócios mais famosa do mundo. Líder absoluta nos rankings, escola de Harvard já formou nomes como George W. Bush e Michael Bloomberg. Chama a atenção ainda a metodologia utilizada na faculdade, baseada principalmente em estudos de caso, e o ambiente extremamente favorável ao networking. LUÍS XI Luís XI (Bourges, 3 de julho de 1423 – La Riche, 30 de agosto de 1483), também conhecido como Luís, o Prudente, foi o Rei da França de 1461 até sua morte. Era �lho de Carlos VII e Maria de Anjou. Fonte: Wikipedia (https://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_XI_de_Fran%C3%A7a). EDUARDO IV Eduardo IV (Ruão, 28 de abril de 1442 – Londres, 9 de abril de 1483) foi o Rei da Inglaterra durante dois períodos diferentes, primeiro, de 1461 até 1470 e, depois, de 1471 até sua morte, sendo o primeiro monarca inglês da Casa de Iorque. Fonte: Wikipedia (https://pt.wikipedia.org/wiki/Eduardo_IV_de_Inglaterra).