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Literatura Infantil UNIDADE 1 1 UNIDADE I LITERATURA INFANTIL Para início de conversa Olá caro (a) aluno (a)! É uma grande satisfação tê-lo como aluno (a) da disciplina de Literatura Infantil ofertada na modalidade a distância. Estarei empenhada em oferecer condições para que você alcance seus objetivos neste processo de ensino-aprendizagem. Realizar uma disciplina na modalidade a distância é uma experiência enriquecedora no que diz respeito à troca e à aquisição de conhecimentos, pois possibilita o contato com as mais novas ferramentas tecno- lógicas e educacionais. Está preparado? Então vamos lá ! Orientações da Disciplina Nesta unidade iremos trabalhar os seguintes temas: A literatura infantil -Conceito -Função A história da literatura infantil: Origem e trajetória -Panorama geral -Panorama no Brasil A literatura na escola -Narração ou contação de história: A formação do leitor -A questão da interdisciplinaridade -Atividade e criatividade 2 No primeiro tema, iremos fazer uma reflexão sobre os elementos que tornam um texto efetivamente literário. Veremos também que o que torna o texto literário é a forma como são elaborados, escritos e narrados ao longo do tempo, principalmente quando falamos da literatura para crianças, pois o elemento imaginativo é a mola propulsora destes textos. Além disso, iremos conhecer os tipos de leitura e suas principais funções, a fim de compreender como cada tipo de texto traz em si uma intenção do autor com relação à mensagem que se quer transmitir relacionando com a realidade da criança. Já no segundo tema, iremos conhecer a trajetória da literatura infantil no mundo e no Brasil. Veremos também como a Revolução Industrial foi importante para produção de livros destinados ao público infantil e como o ambiente político e social tem influenciado na maneira de produzir livros no Brasil Desde o sé- culo XIX até os dias de hoje. E por fim, no terceiro tema, iremos ver como o professor pode trabalhar com as crianças, em sala de aula, a importância da literatura desde a mais tenra idade. Será abordada também a importância do professor no sentido de despertar e estimular nos alunos o prazer de ler, como também apresentaremos as possibi- lidades de leitura em sala de aula e as atividades que relacionam literatura a outras práticas. Muita informação? Não se preocupe o seu tutor estará a sua disposição para ajudar no que for preciso. Agora que você está ciente do que vai ser trabalhado nesta unidade, vamos iniciar nossos estudos abor- dando o conceito de Literatura Infantil. LITERATURA INFANTIL Com certeza você já tem um conhecimento prévio sobre o conceito de Literatura Infantil, pois ela deve ser considerada ferramenta importante na formação e prática pedagógica. Para aprofundar seus conhecimentos é importante ressaltar que: a) O ser humano tem a necessidade fundamental de expressar seus pensamentos. b) Para isso, ele utiliza imagens, símbolos e, principalmente, narração. c) Narrar uma história é tão natural para o ser humano como o próprio instinto de sobrevivência. Palavras do Professor Você já parou para pensar que a comunicação das pessoas é algo tão importante quanto comer ou dor- mir ? 3 Você já parou para pensar que a Literatura Infantil possibilita essa comunicação? Veja como ela possibi- lita: § Dessa necessidade de se comunicar com o grupo, surgiram histórias que se perpetuaram ao longo do tempo. § Essas histórias são populares, foram transmitidas por meio da oralidade desde sua origem e fazem parte da tradição e da cultura ocidental. § Em tempos remotos, as pessoas se juntavam em grupos ao redor de fogueiras, por exemplo, para narrar histórias que explicassem e resolvessem suas indagações; histórias que contavam a origem do mundo e do universo – representadas por heróis e mitos que personificavam os valores que orientavam aquela cultura. § Isso tornava a vida em sociedade mais significativa. Você sabia? Você sabia que existe uma autora chamada Fanny Abramovich que define Literatura como: “É através de uma história que se podem descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outra ética, outra ótica... É ficar sabendo História, Geografia, Filosofia, Política, Sociologia, sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula... Porque, se tiver, deixa de ser literatura.” Dessa forma, podemos dizer que a Literatura desperta na criança o imaginário, a fantasia, a realização através dos personagens, os sentimentos, a emoção, ou seja, o conhecimento significativo e prazeroso. Por isso, a Literatura deve está inserida no contexto escolar. Fique atento (a), pois um ponto fundamental na literatura infantil é o elemento imaginativo, pois é ele que dá vida, que faz com que a criança possa realizar o que ela desejar. Outro fator preponderante da Litera- tura Infantil é entender a diferença entre um texto literário e um texto não literário. Um texto literário é aquele que apresenta características especiais e são escritos em prosa como o conto, o romance e as crônicas, já um texto não literário se preocupa apenas com o conteúdo como a notícia de jornal. ??? 4 Palavras do Professor Caro (a) aluno (a), além do que vimos até aqui, há duas outras características que completam a definição da Literatura Infantil. São elas: 1. A projeção de uma utopia, pois a Literatura Infantil permite que se exponha um mundo idealizado e melhor do que o real. 2. A expressão simbólica das vivências interiores do leitor, pois estas são alegoricamente elaboradas nos textos infantis (a esse respeito, refletiremos de modo mais profundo nas próximas unidades). FUNÇÕES Vamos lá, depois do que lemos acima temos que considerar também que os tipos de leitura apresentam diferentes funções. De acordo com Richard Bamberger (2000, p. 41 apud COSTA 2007, p. 21) no livro Metodologia do ensino da literatura infantil a autora aponta os seguintes tipos de leitura: Leitura informativa – Tem a função de informar. Deve merecer mais confiança do que aquilo que é dito oralmente. Leitura escapista – Serve como válvula de escape, ou seja, o prazer que não se encontra na vida, busca-se na leitura. Leitura literária – Diz respeito a uma busca que vai além da realidade. Esse tipo de leitura procura um significado interno, um reconhecimento simbólico do que se passa no cotidiano. Leitura cognitiva – Esse tipo de leitura se equipara à Filosofia, pois busca o conhecimento e a com- preensão do homem e do mundo. Desse modo podemos considerar que as aplicações dessas funções na prática pedagógica são importan- tes para a formação do leitor crítico. 5 No trabalho docente é fundamental contemplar as funções da literatura a partir de três vertentes: 1. Quanto à abrangência – Individual ou social, privada ou pública. 2. Quanto à relação entre autor, mensagem e leitor – Informar, educar, entreter persuadir, expressar uma opinião ou ideia. 3. Quanto aos objetivos da formação de leitores – Experiências pessoais, aprendizagem e conhe- cimento como fonte de prazer, prazer da leitura sem compromisso, construção do leitor crítico. É importante ressaltar que: § O trabalho com a Literatura Infantil é fundamental para a contribuição global na formação da criança e sua relação com a alteridade; § A literatura infantil possibilita a criança entrar em contato com aquilo que lhe é diferente e es- tranho, tanto no que se refere ao conteúdo dos textos, que podem abordar diferentes situações, realidades e pensamentos, quanto em razão das diversas interpretações que um mesmo texto pode possibilitar. Desse modo, podemos concluir que a literatura é um forte instrumento para a aniquilação de preconcei- tos e ideias preconcebidas; ela é fomentadora do espírito crítico e da desalienação do ser. Agora que já tomamos conhecimento do que é literatura, vamos conhecer na perspectiva geral sobre: A HISTÓRIA DA LITERATURA INFANTIL, ORIGEM E TRAJETÓRIA A LiteraturaInfantil começou a se destacar a partir do século XVIII. Antes disso, a criança era considerada um adulto em miniatura, pois compartilhava da mesma literatura dos adultos. A literatura voltada para crianças, por ser proveniente da tradição popular oral, sempre esteve muito associada a uma produção simples, previsível, cujo objetivo era divertir e apresentar comportamentos exemplares. Os contadores de histórias se apropriavam da simplicidade técnica da literatura oral para produzir o texto escrito, estabe- lecendo essas vozes populares. 6 Você sabia? Você sabia que no século XVII algumas histórias foram escritas e possivel- mente apropriadas para a criança? Pois é, as Fábulas, de La Fontaine, As aventuras de Telêmaco, de Fénelon e Contos de Mamãe Gansa, de Charles Perrault, são exemplos. Perrault apresentava um certo conhecimento sobre como escrever textos literários para criança, a obra “Contos da Mamãe Gansa” foi considerada importante na consolidação da Literatura Infantil, mas ele não assumiu, pois escrever para criança naquela época era considerado um escritor in- ferior e sem prestígio, ou seja, não era valorizado. Com medo das críticas, ele decidiu atribuir a autoria da obra a seu filho Pierre. Com essa atitude Perrault teve a chance de testar a aceitação destes tipos de textos direcio- nados para o público infantil que depois foram bem aceitos. Ieda Oliveira em uma reportagem para o Jornal Cultura sobre A maioridade da literatura infantil afirma que “É a partir dessa forma literarizada por Perrault que os contos de fadas passam a ocupar um espaço expressivo, legitimados na sociedade francesa e vistos como fonte de literatura para crianças” Por ter se recusado a assinar a obra, Perrault teve dificuldades em publicá-la. Imagem: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d4/ChPerrault.jpg Acesse o Ambiente Virtual Fique atento (a), para continuar o assunto, recomendo a leitura das páginas 15 a 20 do seu livro-texto. PANORAMA NO BRASIL No século XIX a Literatura Infantil era importada e suas traduções eram realizadas em Portugal, pois não se produzia livros infantis destinados a criança no Brasil. Entre o final do século XIX e início do século XX, ocorreu uma rápida mudança com relação a urbanização, com isso surge empregos no setor cafeeiro, cresce o número de bancos e ampliou-se o quadro de funcionários públicos, além do aumento das ferro- vias e portos. Os resultados desse crescimento tornam-se um saber diferencial na sociedade. Desse modo a instrução, a alfabetização e a educação tornam-se urgentes e as escolas são valorizadas. ??? 7 Palavras do Professor Que felicidade ? A educação já estava sendo valorizada a um bom tempo. Com a nova valorização das escolas, surge a necessidade de materiais escolares que fossem feitos por e para os brasileiros, isto é, que tivesse características nacionais, como a pátria, a cultura e o sentimento brasileiro. Esta valorização, a relação entre a literatura produzida para crianças e jovens e a sociedade pode ser claramente percebida nas alterações provocadas nos textos para infância produzidos após a promulgação da Lei n. 9. 394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. No final do século XIX, a literatura brasileira era bastante diversificada, porém naquela época vigoravam os poemas parnasianos, carregados de lirismo e sentimentalismo, como os de Olavo Bilac e na prosa, em vez de textos cheios de emoções e romantismos idealizados, o que se via eram textos que apresentavam como tema as mazelas da sociedade, como foi o romance O cortiço, de Aluízio Azevedo, ou textos que tratavam das hipocrisias do caráter humano, como no caso de O ateneu, de Raul Pompeia. Entre o final do século XIX e o início do século XX, ocorreu uma rápida urbanização no país: Aumentaram os empregos no setor cafeeiro, cresceu o número de bancos e ampliou-se o quadro de funcionários públi- cos; além disso, aumentaram as redes de ferrovias e o movimento dos portos. Todo esse progresso amplia a população na cidade, o que favorece o aparecimento da Literatura Infantil. A partir desse tipo de literatura, surge um Brasil multifacetado, ou seja, com modos de vida e histórias variadas por diversos intelectuais como Euclides da Cunha, Lima Barreto e Monteiro Lobato com sua forte contribuição a Literatura Infantil. Com essas mudanças no seu contexto social e cultural com sua urbanização e modernização começa a surgir no Brasil uma literatura infantil genuinamente brasileira. Vendo essas necessidades, até as tradu- ções e publicações começaram a ser realizadas por escritores brasileiros, e então se justifica a consolida- ção de uma literatura genuinamente brasileira. 8 Guarde essa ideia! Vamos dar uma atenção especial à produção nacional em prosa que cronologicamente podemos citar: Quanto à produção nacional em prosa, cronologicamente, podemos citar: § Contos infantis (1886), de Júlia Lopes de Almeida e Adelina Lopes Vieira. § Contos pátrios (1904), de Olavo Bilac e Coelho Neto. § Histórias da nossa terra (1907), de Júlia Lopes de Almeida. § Através do Brasil (1910), de Olavo Bilac e Manuel Bonfim. § Era uma vez (1917), de Júlia Lopes de Almeida. § Saudade (1919), de Tales de Andrade. Já em relação à poesia infantil brasileira, são relevantes: § Coração (1893), de Zalina Rolim. § Livro das crianças (1897), de Zalina Rolim e João Köpke. § Poesias infantis (1904), de Olavo Bilac. § Alma infantil (1912), de Francisca Júlia e Júlio da Silva. Em relação às antologias folclóricas, destacam-se: § A festa das aves (1910), de Arnaldo Barreto, Roman Roca e Teodoro Morais. § Livro das aves (1914), de Presciliana D. de Almeida. § A árvore (1916), de Júlia Lopes de Almeida e Adelina Lopes Vieira. § Os nossos brinquedos (1909), Cantigas das crianças e do povo (1916), Danças populares (1916) e Provérbios populares, máximas e observações usuais (1917), estes de Alexina de Magalhães Pinto. Fique atento (a), pois essas foram as principais obras destinadas ao público infantil naquela época. Após termos conhecido um pouco da literatura infantil brasileira, é fundamental abordar alguns fatores a marcaram a produção de livros para crianças no Brasil, vamos ver? Nacionalização da literatura infantil: Mesmo com todo incentivo e crescimento da Literatura Infantil brasileira, os textos linguisticamente apre- sentavam uma distância. Naquela época, ainda havia uma distância, por isso havia uma necessidade de nacionalizar a Literatura Infantil, as adaptações e as versões teriam que ter o gosto brasileiro. 9 Nacionalismo na literatura: Nessa perspectiva, os livros procuram estabelecer uma lição de patriotismo, as histórias apresentam como personagens principais crianças para que houvesse a identificação com o leitor, esses personagens principais apresentam características estereotipadas e estão sempre envolvidos em situações que repre- sente a aprendizagem. O modelo de língua nacional: Esse modelo de língua foi essencial para consolidação da literatura infantil nacional, pois existia uma grande preocupação com a escrita correta da língua pátria, então nas obras didáticas e pedagógicas era fundamental a busca da perfeição linguística e um enorme sentimento pela nação. Palavras do Professor Voltando para nossa cronologia, chegamos na primei- ra metade do século XX , nesse momento o Brasil passou por grandes mudanças sociais e políticas. Foi um período de modernização, e o país transformou-se econômica e culturalmente. Diante de toda essa trajetória, em 1921, Monteiro Lo- bato publica Narizinho Arrebitado, dando início a uma nova fase literária da produção brasileira destinada a crianças. Começa, portanto, uma mudança nos para- digmas das publicações do segmento no Brasil. Lobato também se destacou como editor e teve importante atuação na área com iniciativas para popularizar a venda de livros. Também nessa época, e com destaquepara sua editora, propagou-se o uso de ilustrações nos livros, não só infantis, a cargo de importantes ilustra- dores como Voltolino e Belmonte, entre outros. Imagem: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/pt/d/d5/A_menina_do_Narizinho_Arrebitado_-_Monteiro_Lobato.jpg Que informação não é? Então a verdadeira Literatura Infantil brasileira tem início com Monteiro Lobato onde ele trabalhava em suas histórias temas envolvendo os problemas sociais da época com seus perso- nagens esteriotipados em suas obras, percorrendo assim o universo infantil. Com isso, podemos ver as obras de Monteiro Lobato que marcaram a Literatura Infantil: 10 ü Reinações de Narizinho. ü Viagem ao céu e O Saci. ü Caçadas de Pedrinho e Hans Staden. ü História do mundo para as crianças. ü Memórias da Emília e Peter Pan. ü Emília no país da gramática e Aritméti- ca da Emília. ü Dom Quixote das crianças. ü O poço do Visconde. ü Histórias de tia Nastácia. ü O Pica-pau Amarelo e A reforma da na- tureza. ü O Minotauro. ü Os doze trabalhos de Hércules. Veja o vídeo! Caso você se interesse pela biografia e obra de Monteiro Lobato, fique a vontade e assista um documentário apresentado no Globo Repórter –100 anos de Monteiro Lobato -1982, o documentário tem 33min 28s. Depois que você assistir esse documentário, vá até o seu livro-texto e leia as páginas de 22 a 35 e tenha uma maior compreensão sobre literatura infantil. Uma vez que você já sabe o que é Literatura Infantil e sua função e conheceu sobre a sua história e traje- tória vamos agora compreender como aplicar a literatura infantil no contexto escolar. A LITERATURA INFANTIL NA ESCOLA, NARRAÇÃO OU CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS: A FORMAÇÃO DO LEITOR Querido (a) estudante, hoje é possível realizar diversas atividades envolvendo a Literatura Infantil e con- textualizando com as demais disciplinas. Existe uma autora chamada Marta Morais da Costa que pontua alguns fatores necessários para que o professor esteja habilitado a trabalhar com a Literatura Infantil. Com base neste tema, surgem alguns questionamentos tais como: Como se forma um leitor? https://www.youtube.com/watch?v=ozrWJz-btl0 11 Em nossa área, essa pergunta é fundamental. Em primeiro lugar, vamos compreender o trabalho do pro- fessor e as escolhas que este pode (e deve) fazer. De acordo com Costa (2007) em seu livro Metodologia do ensino da literatura infantil, cabe ao professor a escolha de “obras apropriadas ao leitor infantil; o emprego de recursos metodológicos eficazes, que estimulem a leitura, suscitando a compreensão das obras e a verbalização, pelos alunos, do sentido aprendido”. Mas, de que maneira o professor pode realizar essas tarefas? Vamos refletir! Características do educador com relação ao ensino da literatura e a prática pedagógica Vamos lá meu caro (a) aluno (a), quais seriam as características do educador com relação ao ensino da literatura e prática pedagógica? Saberemos agora mesmo: 1) O professor deve estar ciente dos interesses dos alunos; 2) O mesmo deve ter conhecimento dos textos clássicos e canônicos da Literatura Infantil, e tam- bém dos bons livros infantis publicados na atualidade; 3) Ele deve ter consciência filosófica sobre o ato de aprender e a respeito da educação contempo- rânea; 4) Ele deve ter convívio com a estética literária desprovido de moralismos e preconceitos; 5) E deve ter predileção por textos inovadores e emancipatórios. CARACTERÍSTICAS DA ESCOLA COM RELAÇÃO AO ENSINO DE LITERATURA INFANTIL Quais seriam as características essenciais para a escola com relação ao ensino da Literatura Infantil? Você sabe? Vamos lá ficar informado (a): a) A escola deve dispor de uma boa biblioteca com acervo satisfatório; b) Os professores devem ser habitualmente leitores, com sólida formação e conhecimento das Letras, além da fundamentação teórica e metodológica; c) Os programas de ensino devem valorizar a literatura, sobretudo a “interação democrática e simé- trica entre aluno e professor” (AGUIAR, 1988, p. 17, apud COSTA, 2007, p. 53). 12 Considerando que o professor tenha esses conhecimentos, é esperado que o trabalho realizado com a Literatura Infantil produza resultados eficazes e amadurecidos. A construção da leitura é um processo lento e gradativo, e depende de alguns princípios que a guiem. Para que o processo de leitura seja eficaz é necessário também que o professor realize com dedicação seu trabalho estimulando o prazer de ler na criança, pois ler é atribuir sentidos a nós mesmos, é ler o mundo através das palavras. Ao longo do tempo a Literatura Infantil também vem se atualizando com relação aos temas tratados em seus textos, na contemporaneidade os temas se aproximam da realidade da criança, ou seja, para que ela possa relacionar com sua própria história de vida. QUAL O PAPEL DO PROFESSOR? Caro (a) aluno (a), qual seria o papel do professor perante a literatura? É estimular o pensamento do leitor infantil, mas sem entregar-lhe uma resposta pronta. Dessa maneira, o educador conduz a criança no sentido de fazê-la chegar às respostas. O professor tem de incentivar a criança a desconfiar daquilo que lê e fazer questionamentos, porém não deve fornecer uma fórmula pron- ta, uma interpretação “correta”. Ele também tem a responsabilidade no ensino da leitura, pois é preciso contar com sua ação afetiva. O professor é um mediador entre o texto e o leitor, ou seja, o professor deve ler com o aluno e não para o aluno. Desta forma, o docente estimula o pensamento, leva o aluno a fazer questionamentos, refletir sobre o que leu e interpretar de forma coerente sem entregar a criança resposta pronta. Marta Morais da Costa (2007, p. 44) no livro Metodologia do ensino da literatura infantil destaca que “professor e aluno devem integrar-se com igual determinação e vontade na aprendizagem do intercâmbio produtivo com textos literários”. Para a autora este processo de desenvolvimento requer três pilares, a saber: 1. Autor – É quem constrói a obra, dotando-a de intenções e beleza. 2. Leitor – Aluno que, a partir de seu repertório e experiência pessoal, busca o sentido do texto. 3. Professor – Mediador dotado de maturidade, conhecimento e metodologia, apto a possibilitar ao aluno um ambiente propício o bom proveito da literatura. 13 Guarde essa ideia! A autora pontua em seu livro Metodologia do ensino da literatura infantil algumas ideias para o desen- volvimento para o hábito da leitura, vamos a eles: Promover a prontidão para a leitura em todos os níveis – É fundamental que o professor leia e fale sobre a leitura para os alunos. A leitura em voz alta, para crianças na pré-escola e nos primeiros anos escolares, ajuda a desenvolver o vocabulário e motiva a leitura. Prática da leitura silenciosa – Em um segundo momento, é muito importante que o leitor em formação se habitue à leitura silenciosa. Essa prática ajuda o leitor em formação a desenvolver suas emoções e seu imaginário, sem a intervenção do adulto. Ensino individualizado da leitura em todos os níveis da escolarização – De acordo com relatórios de pesquisa, o interesse pela leitura e o prazer dessa atividade são maiores quando o método de ensino da leitura é individualizado. Ao que tudo indica, essa prática funciona melhor do que a leitura coletiva em sala de aula. Adaptação das habilidades envolvidas na leitura quanto ao material e aos objetivos da leitura – Conforme o leitor ganha prática e autonomia na leitura, ele passa a ler e assimilar o conteúdo com mais rapidez. A prática pedagógica, portanto, deve adequar a escolha dos textos de acordo com os objetivos almejados, levando em conta que cada tipo de texto (poema, conto, contos maravilhosos ou do cotidiano) requer uma desenvoltura diferente. Dessa maneira, a leitura em voz alta é um bom exercício, pois ela requer interpretação e entonação vocal (mas devemos levar em conta que o ideal é sempre haver uma leitura prévia de modo a se familiarizar com o texto). Treinamento sistemáticode consecução da leitura – Nesse ponto, é importante avaliar a velocidade e a compreensão do aluno em relação àquilo que lê. Assim, em primeiro lugar, é importante delimitar- mos o sentido de velocidade de leitura e compreensão do texto. O primeiro diz respeito à habilidade (ampliação do período de fixação e aumento da concentração); o segundo diz respeito à capacidade de assimilação do conteúdo na mesma medida em que o texto progride, ou seja, conforme o aluno vai lendo, ele vai assimilando o significado daquele texto. O professor deve avaliar o progresso do aluno a partir de perguntas, testes e discussões sobre o tema tratado. Mensuração e avaliação do progresso – é importante acompanhar de perto o progresso do aluno. Para avaliar corretamente o desenvolvimento do leitor em formação, são necessárias avaliações diferen- ciadas. Fichas de leituras e resumos forçados são métodos obsoletos que devem estar fora do repertório pedagógico do professor. Na realidade, só se pode ter uma avaliação genuína acerca do desenvolvimento do aluno no longo prazo. 14 Acesse o Ambiente Virtual Para você adquirir mais conhecimento, recomendo que leia as páginas de 36 a 40 do seu livro-texto sobre a literatura na escola. Fique atento (a), pois para se trabalhar com a literatura na sala de aula devemos levar em conta a ma- turidade das crianças, escolher o livro que seja adequado para elas. Os textos têm que ser acessíveis a compreensão da criança. As atividades devem ser lúdicas para melhor entendimento da criança. Para compreender melhor a proposta de atividades com a literatura infantil é importante que leia as pá- ginas 41 a 45 do seu livro-texto. Palavras do Professor Caro (a) aluno (a), estamos chegando ao fim desta unidade. Ao término dela, é importante que você fique atento (a) a: - Realizar o exercício de fixação página 45 do seu livro-texto. - Fazer a leitura do panorama página 46 e o recapitulando página 47. - Procure o seu tutor para tirar dúvidas e para que ele possa auxiliar o seu desenvolvi- mento na disciplina. Na próxima unidade, vamos estudar os contos de fadas e sua importância na formação e construção da criança e das modalidades da Literatura Infantil, temas fundamentais para compreender a essência des- ses contos. Deixo a você querido (a) aluno (a) uma mensagem para que possa refletir. Todos lemos a nós e ao mundo à nossa volta para vislumbrar o que somos e onde esta- mos. Lemos para compreender, ou para começar a compreender. Não podemos deixar de ler. Ler, quase como respirar, é nossa função essencial. Alberto Manguel 15 Referências Bibliográficas ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosura e bobices. São Paulo: Scipione, 2006. COSTA, Marta Morais da. Metodologia do ensino da literaturainfantil. Curitiba: Ibpex, 2007. ______. Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 4 set. 2014. LAJOLO, Marisa; ZILBERMAN, Regina. Literatura infantil brasileira: história e histórias. 6. ed. São Paulo: Ática, 1999. ZILBERMAN, Regina. Entrevista com Regina Zilberman – Pesquisadora fala sobre o trabalho com a leitu- ra nas escolas e a importância de o professor ser ele mesmo um leitor. Entrevistadora Meire Cavalcante. Nova Escola. s.d. Disponível em: <revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/pratica-pedagogica/ juventude-leiamais-423892.shtml>. Acesso em: 12 nov. 2014.
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