Prévia do material em texto
Tiras de Quadrinhos Waldemar Lene Chaves curs o bá sico de hi stÓr IaS em q uadr inhos 66 1. APRESENTAÇÃO Uma das mais fasc inantes manifestaç ões da arte sequen cial são as tiras de quadr inhos. Devido à sua co ncisão e à grande amplitude de tema s que podem ser ab ordados em seu for mato, as tirinhas mantêm sua popularidade, mesmo depois de m ais de um século do surgi mento de seus prim eiros títulos. Apesar do fato de a humanidade usar im agens para fins narra ti- vos desde tempos m uito remotos, a prim eira forma de narrativ a gráfica a ser consider ada uma legítima h istória em quadrinh os, com todos os seus elementos típicos, foi exatamente um a tira publicada em um j ornal norte-america no. Portanto, esse é um formato que tem gr ande importância h istórica para a Nona Arte, exatamente por ter determinado o seu surgimento. O objetivo desse m ódulo que você lerá agora é transmitir co- nhecimentos úteis e interessantes a re speito das tiras de q uadri- nhos, bem como es timulá-lo(a) a produ zir suas próprias tiri nhas, de forma divertida e criativa. ava.fdr.org.br 8282 2. DEFINIÇÃO A tira de quadrin hos é uma narra- tiva gráfica curt a, composta por um a sequência de image ns interligadas pelo seu conteúdo, podendo conter texto em ba lões e recordatórios, ger almente com o obje tivo de transmitir humo r ou de narrar uma his- tória ou seu trecho. Todos os elementos linguís-ticos de uma HQ podem ser encontrados em tiras (requa-dros, balões, recordatórios etc). Entretanto, o que as torna dife-rentes das HQs publicadas em revistas é o fato de serem muito mais concisas. Portanto, a tiri-nha é definida, basicamente, pelo seu próprio formato. Compare os exemplos ao lado: a) (acima) A tira narra a história de forma concisa, em poucos quadrinhos, trans-mitindo a mensagem de forma rápida e objetiva. b) (abaixo) A história em quadrinhos para revistas é desenvolvida em várias páginas, permitindo uma narrativa mais detalhada (ao lado, uma página). Daniel Brandão Raymundo Netto 8383 Será que aquela megassaga do seu super-herói favorito pode ser resumida em uma tirinha? Apesar da aparente simplicidade, é possível narrar qualquer história em uma tira. Um exemplo interessante é o livro 99 Filmes Clássicos para Apressa-dinhos, de Henrik Lange e Thomas Wengelewsky, no qual filmes como Lawrence da Arábia, E O Vento Levou... e Taxi Driver são resumidos, com muito bom humor, em tirinhas de quatro quadrinhos. Vale a pena conferir. ABRA A SUA MENTE! TIRAS 3. HISTÓRIA DAS Oficialmente, c onsidera-se com o primeira tira de quadrinhos o Yellow Kid, d e Richard Felt on Outcault, publ icada de 1895 a 1898, nos jorn ais americanos New York World e N ew York Journa l. Entretanto, essa afirmação, é po lêmica, pois algu ns títulos anteriore s ao Yellow Kid , publicados tan to nos Estados Un idos, quanto em outros países, já usavam recurso s narrativos típi cos das tirinhas de jornal. Portanto , também são c onsiderados pio nei- ros no desenvo lvimento das tir as de quadrinho s o caricaturista su íço Rodolphe T opfer, com a p ubli- cação de Histo ire de M. Vieux Bois, em 1827 , o cartunista Wilhe lm Busch que, e m 1865, public ou sua tira Max an d Moritz, sobre dois garotos pe ral- tas, e o imigran te alemão Rudo lph Dirks, que, nos Estados Unidos, em 1897, publ icou Katzenjam mer Kids, conhecida no Brasil como Os Sobrinhos do Capitão, fortem ente inspirada e m Max and Mor itz. A publicação de tiras de quadrin hos nos Estados Unidos era uma estratégia para atrair mais leito res. Dessa forma, o s jornais seriam interessantes t an- to para quem estivesse à proc ura de informa ção como à procur a de entretenim ento. Havia um a grande rivalidad e entre os jorna is New York Wo rld, do jornalista Jos eph Pulitzer, e o New York Journ al, de William Rand olph Hearst. Par a atrair mais leit o- res, os dois jorn ais passaram a p ublicar muitas t iras de quadrinhos, que, por um período, ocupa ram espaços cada ve z maiores nas p áginas dos jorn ais, com qualidade técnica progress ivamente melho r. Nessas tiras eram veiculadas brev es histórias hu- morísticas, o qu e gerou o term o comic strips. E ssa denominação se popularizou e s e estendeu a ou tras formas de HQs, não necessariam ente cômicas. Durante a Segu nda Guerra Mu ndial, houve ne - cessidade de se economizar rec ursos na impres são dos jornais, e a s tiras diárias fo ram reduzidas a té chegar às propo rções considerad as mais ou men os padronizadas at ualmente. Diz-se que, onde ante s se publicava uma única tira, ocup ando praticame nte uma página inte ira no jornal, se publicavam qua tro tiras. Entretanto , permaneceu a tradição de se p ubli- car tiras maiores e coloridas nas e dições de domin go. 8484 No Brasil, a arte sequencial surg iu bem an- tes do Yellow Kid norte-amer icano. No ano de 1869, o jo rnalista ítalo-br asileiro Angelo Agostini publicou As Aventuras de Nhô-Quim, tira humorada q ue narrava os co ntratempos de um homem do interior que viaj ou para a cida- de grande. Em 1883, uma out ra tira de qua- drinhos de sua autoria, chamad a As Aventuras de Zé Caipora, foi veiculada na revista Revista Illustrada, depoi s em O Malho e na Don Quixote. Diferen tes da anterior, essas aventuras tinham tom ma is sério. Ambas as publicações apresentavam h istórias narradas com sequência de imagens inte rligadas, mas fa ltavam-lhes al- guns outros ele mentos que se popularizariam nos quadrinhos norte-american os, como ba- lões, onomatop eias e recordató rios. Ao longo do sé culo XX, as tiras foram con- quistando mais espaço, não a penas em jor- nais americano s, mas também em jornais de outros países. I sso se deve, em grande parte, aos Syndicates e seu método d e distribui- ção de tiras. E les atuam até hoje e funcio- nam como gra ndes agências que contratam artistas para cr iarem tiras que são fornecidas ao maior núme ro possível de j ornais de todo mundo. Os ren dimentos, com a publicação das tiras, são di vididos entre os membros des- sas agências e os artistas. Um a das maiores agências de ar tistas de quadr inhos é o King Features Syndic ate, dos Estado s Unidos, que distribui tiras fa mosas, como F antasma, Flash Gordon, Popey e e Hagar, o Ho rrível. As tiras humor ísticas foram a s primeiras a surgir e as qu e se tornaram m ais populares. Algumas delas são praticamen te contempo- râneas de Yello w Kid, mas per manecem sen- do publicadas até hoje. Há t emas bastante recorrentes, pe rmitindo esboça r uma espécie de “classificaçã o”. Muitas tirin has narram his- tórias de crianç as, cheias de p eripécias, den- tre as quais po demos citar clá ssicos como Os Sobrinhos do Capitão (Katzen jammer Kids), de Rodolphe To pfer, Calvin & H aroldo (Calvin & Hobbes), de Bill Waterson, e Peanuts, de Charles Schulz. Também há mu itas tiras sobre animais, como o preguiçoso ga to Garfield, de Jim Davis, o de sastrado Marma duke, de Brad Anderson, os s impáticos cãezi nhos de Mutts, de PatrickMcDo nnell, além de v ários outros. As tiras sobre a vida familiar também têm bastante destaque, como , por exemplo H agar, o Horrível, de Dik Browne. Muitas outros temas recorren- tes podem ser c itados, como am biente de tra- balho, relaciona mento, crítica so ciopolítica etc. Angelo Agostini (1843-1910): desenhista italia no que chegou no Brasil aos 16 anos, in iciando a carrei ra de cartunista em 1 864 ao fundar o primeiro jornal ilustrado de São Paulo: Diabo Coxo. Publicou em O Mosquito e A Vida Fluminens e. Neste último , criou As Aventuras de N hô Quim ou Im pressões de uma Viagem à Corte, consid erada a primeira HQ b rasileira, uma d as mais antigas do mun do. Em 1876, f undaria a Revista Illustrad a, marco editor ial no país. Syndicates: Errone amente traduzid o como “sindicato s”, os sindycate s são empresas respo nsáveis em distr ibuir conteúdo para jornais, rev istas e mesmo p ara internet, como tiras côm icas e também f eatures, ou seja, palavra s cruzadas, pass atempos, artigos etc. O pr imeiro veículo b rasileiro a publicar person agens dos synd icates foi o suplemento Ga zetinha, em 192 9. 8585 As tiras de jornal permitem uma grande varie- dade de gêneros narrativos. As de aventura são particularmente populares e grandes heróis clás- sicos surgiram nesse tipo de publicação ou foram adaptados para ele. O Fantasma, de Lee Falk, e Tarzan, ilustrada por Hal Foster e inspirada dos livros de Edgar Rice Burroughs, narravam histó- rias cheias de ação, em lugares exóticos, como as selvas africanas. Já as histórias de Flash Gordon, magistralmente escritas e desenhadas por Alex Raymond, mostravam aventuras em outras ga- láxias, com viagens interplanetárias e encontros com seres alienígenas. No Brasil, há muitos cartunistas influen- tes, como Laerte (Piratas do Tietê, Gato e Gata), Angeli (Os Skrotinhos, Wood & Stock), Ziraldo (Pererê, Menino Maluquinho) e o saudoso Glauco (Geraldão). Muitos deles começaram suas carrei- ras nos anos de 1970, trabalhando em publicações como O Pasquim, tabloide semanal de conteúdo satírico, que se opunha à repressão do governo mi- litar. Na década de 1980, revistas como Striptiras e Chiclete com Banana publicavam tiras de quadri- nhos e obtiveram muito sucesso. Atualmente, observa-se que alguns jornais bra- sileiros reduziram o espaço também para tiras de quadrinhos, ou até deixaram de publicá-las. Por outro lado, vemos um crescente número de auto- res publicando suas tiras na internet, em blogs e redes sociais, com bastante suces- so. Como bons exemplos, temos o Fabio Coala (Mentirinhas), Carlos Ruas (Um Sábado Qualquer), Clara Gomes (Bichinhos de Jardim), Willian Leite (WillTirando), Andre Dahmer (Malvados), entre outros. As tiras publicadas na internet não são apenas um passatempo para os autores, mas uma profissão. Os meios de publicação (blogs e redes sociais) oferecem ferramentas que permitem que seus autores ganhem dinheiro por meio de anúncios visualizados em suas páginas. É um mercado em crescimento! 4. FORMATOS Tiras de quadrinh os são definidas, principalmente, pel o seu formato. Ape sar da grande variedad e de formatos, três de- les são muito impor tantes de se conhec er: (a) Tiras diárias, (b) Tiras dominicais e (c) Tiras para intern et (webcomics). Exemplo de tira de único quadro em preto-e-branco (P& B) e colorida. Ra ym un do N et to 8686 a) Tiras Diá rias são as que os jor- nais publicam d e segunda-feira a sábado. Podem ter, em média, d e um a quatro quadros, num formato p roporcio- nal ao tamanho de 13 cm de lar gura por 4 cm de altura, formato usado p or grandes agência s como o King F eatures Syndicate. Inicialmente er am quase tod as im- pressas em preto-e-branc o, mas, atualmente, com os avanços das tecnolo- gias de impressã o, muitos jornai s publicam tiras diárias col oridas. Nos jor nais norte- -americanos, sã o comuns as t iras diárias compostas por apenas um qu adrinho, num formato ap roximadamente quadrado, que sintetiza to da a história, p odendo ter texto em seu ro dapé, geralmen te a fala de um dos persona gens. Esses qua drinhos se aproximam muit o da linguagem do cartum. Embora, na ma ioria dos jornais e revis- tas, o tamanho seja padronizad o, o espa- ço de uma tira diária pode se r usado de diversas formas . Muitos autor es sempre fazem suas tira s com quatro q uadrinhos iguais em suas dimensões. Ape sar da re- petitividade da composição, iss o permite que a tira seja p ublicada tanto n a horizon- tal, como na ve rtical, ou na fo rma apro- ximada de um “quadrado”, o que torna viável a mudan ça de diagrama ção, facili- tando a publica ção em jornais e revistas de diversos form atos. Outros au tores va- riam as largura s dos quadrinh os, o que, apesar de dificu ltar o seu rearra njo, pode contribuir para dar maior dram aticidade a cada parte da h istória. Há cartu nistas que preferem comp or seus quadrin hos total- mente livres qu anto à forma, t amanho e posicionamento dos quadrinho s no espa- ço da tira, o q ue pode adicio nar muitas nuances à narra tiva. Exemplo de caso possível de rediagramação para publicação em jornais, revistas ou internet. Exemplo em que o autor aproveitou o espaço retangular da tira de forma pouco convencional, para incrementar a narrativa. Exemplos: Daniel Brandão Lene Chav es 8787 Geralmente, as tiras são feitas de forma que seu conteúdo seja independente das tiras anteriores ou posteriores a ela. Ou seja, já têm, em si, a men- sagem completa. Entretanto, também existem tiras que são trechos de uma história maior. São as tiras seriadas, e a compreensão de seu conteú- do depende da leitura das tiras anteriores. As tiras de aventura, como as do Fantasma e de Dick Tracy, por exemplo, têm essa característica. Há, também, a possibilidade de se conseguir um meio termo entre as formas seriada e não se- riada. Muitos autores publicam tiras que podem ser apreciadas de forma independente, mas que, juntas, formam uma narrativa maior. A tira Calvin & Haroldo é um bom exemplo dessa modalidade. b) Tiras Dominicais são aquelas publicadas aos domingos, e têm como característica principal o fato de ocuparem um espaço maior nas páginas de suplementos lúdicos dos jornais. Quase sempre são impressas coloridas e apresentam ta- manhos e proporções variáveis cada publicação. Geralmente, disponibiliza-se um espaço equivalen- te a três ou quatro tiras diárias. Mas há tiras domi- nicais com formatos totalmente diferentes. Por possibilitar um número maior de quadros, as tiras dominicais permitem o desenvolvimento de histórias um pouco mais complexas. c) Tiras de Internet (webcomics) são aquelas cujo formato é adequado à leitu- ra em páginas da internet. Há muitos recursos para que a leitura de uma tira de quadrinhos se torne mais dinâmica, quando feita em uma tela de computador. Por exemplo, a sequência de quadros pode ser feita de forma vertical, para que o leitor use a barra de rolagem ao passar de um quadrinho para o outro. Algumas webcomics adaptam-se ao formato widescreen da maioria dos monitores atuais. Há também a possibilida- de de inclusão de efeitos de animação, som e interatividade que podem enriquecer a narrativa, tornando a experiência de leitura bastante diverti- da. E, logicamente,também podem ser usados os formatos típicos de tira diária e da tira dominical para internet. Outra notável vantagem das webcomics é a fa- cilidade de publicação. Blogs, websites e páginas de redes sociais podem servir de suporte para pu- blicar tiras. Não há necessidade da aprovação de um editor, nem de ocupar páginas de jornal, ha- vendo grande liberdade de formatos, temas e pe- riodicidade, além de uma possibilidade de alcance superior ao do material impresso. D an ie l B ra nd ão 8888 Produção 5. Etapas e Técnicas de Para se produzir uma tira de qua drinhos é necessário segui r algumas etapa s fundamen- tais. Cada autor tem seu métod o próprio de trabalho, mas, certamente, tod os passam por cada um do s seguintes pass os: a) Ideia: É o ponto de parti da de todo o processo criativo. A ideia en- volve o assunto que será abord ado, aquilo que você tem v ontade de cont ar. É uma etapa extremam ente subjetiva e não exis- te uma fórmula exata para se o bter boas ideias, não é m esmo? Elas pod em simples- mente vir à sua mente num lam pejo, bem como pode ser preciso muitas h oras (ou dias) de reflexão , leitura e pesqu isa para que se obtenha uma ideia inter essante que valha a pen a ser realizada. Ler bastante, e m mídias variad as e so- bre assuntos div ersos, ajuda a se obter boas ideias. Portanto, é recomendáve l que se leia notícias de jorn al, HQs, crônica s, ficção, ar- tigos científicos, matérias de rev ista, propa- gandas, piadas, bulas de remé dio, embala- gens de biscoito ... TUDO o que estiver a seu alcance. Quanto mais conhecim ento, mais fácil fica a cone xão entre as inf ormações e mais criativas se rão suas ideias. Também é im portante ter u ma boa percepção do que acontece à sua volta. Observar o com portamento das pessoas, o modo como se relacionam, a m aneira como se comunicam e tc. Tudo isso pod e ser maté- ria-prima para u ma boa tira. A peça que v amos usar com o tira- -exemplo para esse passo a p asso foi es- crita pela roteiris ta Ane Brito e desenhada por mim. Nela, a autora teve, c omo inspira- ção, algumas d e suas colegas da época da escola. A partir d e agora você po derá acom- panhar a sua co nstrução. Vem c om a gente: 8989 b) Argumento e Roteiro: Com a ideia em me nte, é hora de definir de q ue maneira você vai transmiti-l a em sua tira. Primeiro, deve-se d efinir como será a sequência d e aconteci- mentos e os diálog os dos perso- nagens. Essa fase é chamada de argumento. Não há n ecessidade de grandes formali dades para se registrar o argum ento. Pode ser escrito apenas ( em prosa), ou rabiscado com “bo necos de pa- litinhos”. Observe, nas imagens ao lado, que a auto ra optou por registrar o argumen to da tira- exemplo com uso d e imagens simples e textos ma nuscritos. Uma vez feito o seu argumen- to, o próximo passo é o roteiro, que consiste nas o rientações que devem ser seguidas para que a tira seja realizada de fo rma correta. A maneira formal de se fazer um roteiro é em texto. Nele, cada quadrinho é descrito em seu formato, tama nho, conteúdo visual e textual. En tretanto, tam- bém pode ser feito com desenhos, usando formas sim plificadas para determinar a posiç ão, expressão corporal e facial do s personagens, bem como a posiçã o de textos em balões e recordató rios de cada quadro que vai co mpletar a sua tira. Para melhor compreensão, apresentarei a segu ir o roteiro da tira-exemplo realiza do de duas for- mas: com linguage m de texto e com o uso de de senhos. A ne B ri to d e A . C ha ve s Roteiro com Uso de Texto: Tira: Alice e Rita Título: No Rec reio... (Tira horizontal , proporcional a 13x4 cm, divid ida em quatro quad rinhos de taman hos iguais) Quadrinho 01: Alic e, menina meig a, posicionada à esquerda, segur ando uma cord a de pular. Colo rir a personagem co m cores quente s. Rita, menina ran- zinza, posiciona da à direita, tom ando um suco n um copo com tamp a e canudo. Col orir com cores f rias. Alice (balão de f ala): Sabe pular co rda? Rita (balão de fa la): Não. Quadrinho 02: Ali ce segurando u ma bola. Rita se mantém na me sma posição. Alice (balão de fa la): Sabe jogar carim ba? Rita (balão de fa la): Não. Quadrinho 03: A lice segura uma peteca. Rita se mantém na me sma posição. Alice (balão de fa la): Sabe jogar pete ca? Rita (balão de fa la): Não. Quadrinho 04: Al ice mantém o a r jovial. Rita co- meça a correr d esesperada. Alice (balão de fa la): Maravilha! Vou po- der ensinar toda s essas brincade iras pra você! Rita (balão de gr ito): NÃÃÃO!! 9090 c) Desenho s c.1) Lápis: Os dese nhos devem ser feitos, inicialme nte, a lápis. A sua rafe permite q ue sejam corrig idos o quanto f or necessário, antes de serem finalizados. Lem bre-se de deixar espaços livres, pre- ferencialmente na parte superio r, para a colocaç ão de recordató rios e balões com te xto. Uma dica p rática é deixar a proximadament e um terço dos qua drinhos, na pa rte superior, vaz ios, para essa fi na- lidade. Também pode-se esboça r os textos ante s de iniciar os d ese- nhos, para se te r uma boa noçã o de quanto esp aço será necess ário para cada um d esses elementos . Roteiro com Uso de Desenhos: Cada escolha deve ser feita cuidado- samente para que a tira seja, ao mesm o tempo, clara e int eressante. Em outr as palavras, não adian ta ter uma boa ide ia se você não conse guir uma boa exec u- ção, o leitor não entender o que es tá acontecendo na su a história ou, pior, se a narrativa lhe par ecer chata e desin te- ressante. Como tira s de quadrinhos sã o curtas, geralmente é recomendável que a narrativa seja feita c om o máximo de ob - jetividade, de form a concisa, eliminan do textos e imagens irr elevantes. Lene Chaves Lene Chaves 9191 Como mencionado ante- riormente, muitos jornais pu- blicam tiras com formato pa- drão proporcional a 13x 4 cm. Para seguir esse modelo, não precisa desenhar em espaço exatamente deste tamanho, basta que siga a mesma proporção. Se traçarmos um retângulo do tamanho citado e fizermos uma linha diagonal, como a da figura ao lado, será possível determinar formas maiores ou menores do que a figura original, mas com as mesmas proporções. Fácil, né? c.2) Arte-Final: Após definido o desenho a lápis, aplicam-se as técnicas de arte-final, para que a tira esteja pronta para ser publicada. Nas mídias impressas (jornais, revistas etc.) conse- gue-se um melhor resultado de impressão com desenhos finalizados a nanquim. Podem ser utilizadas canetas técnicas, canetas bico-de-pena, pincéis, entre outros materiais. c.3) Letreiramento: Se sua tira tiver texto, como a nossa tira-exemplo, é importante que, desde o início, seja reser- vado um espaço na parte superior dos quadrinhos, no qual serão adicionadas as falas dos personagens. Caso queira escrever o texto ma- nualmente, é importante que as letras sejam feitas da forma mais clara possível, com o uso de linhas-guias para orientar a escrita, como no exemplo (terceiro quadro da página). Depois, apagamos as linhas e vejao resultado ao lado: Le ne C ha ve s Arte-final em n anquim Le ne C ha ve s Le ne C ha ve s Le ne C ha ve s 9292 A ne B ri to d e A . C ha ve s e Le ne C ha ve s Le ne C ha ve s Também pod emos inse- rir texto usand o editores de imagem. Ness e caso, escolha uma fonte (letr a) que fique es - teticamente be m na sua tira . Há várias fonte s gratuitas par a quadrinhos em diversos sites n a internet. Use a quela que com - bina mais com seu desenho e “clima” de sua tira: c.4) Colorização : Podem ser usadas técnicas tradicionais, como lápis de c or, hidrográficas , aquarela, marke rs e guache, ou usar a colorizaçã o digital por meio de editore s de imagem. Independentem ente da técnica a ser usada, o m ais importante é escolher cores que sejam úteis à narrativa, varia ndo entre cores frias e quentes, imagens com muitas cores, m ais monocromá- ticas (uma cor) o u em preto-e- -branco, para re ssaltar momen- tos dramáticos n a tira. Agora que você já tem o conhecimento básico de c omo fazer tiras de quadri- nhos, é hora de entrar em ação! Leia, pesquise e o bserve a realidade à sua volta para buscar inspiração e obter boas ideias. Ponha e m prática tudo que aprendeu até agora e divirta-se fazendo e publicando suas pr óprias tirinhas! Tirinhas GO! 9393 6. Conclusão Quadrinhês: o glossário do quadrin ista 1. Argumento: texto curto de apresentação de enredo, que serve de base para o de-senvolvimento de roteiro para obra em quadrinhos, cinema, TV. 2.Cartum: adaptado do cartoon inglês, é uma imagem com tom humorístico ou mesmo caricatural que, geralmente, publicada em jornais, critica ou ridiculariza o comportamento humano.3.Rafe: denominação do primeiro esboço/rascunho, a lápis, anterior ao leiaute, que serve de base para as próximas etapas de desenvolvimento do desenho, como a arte-final e a colorização. por Daniel Brandão e Ray mundo Netto Neste fascículo , aprendemos noções de como prod uzir uma tira d e quadri- nhos, assim com o um pouco da história dessa importan tíssima forma d e arte se- quencial. Vale ressaltar que to do o co- nhecimento téc nico transmitido aqui não é REGRA, servin do apenas com o orienta- ção para facilita r seu aprendiza do. Fazer quadrinhos é u m processo cria tivo, e, se for para o bem da narrativa, qu alquer um dos passos acim a pode ser igno rado. Espero que a le itura tenha sido pro- veitosa e que s irva de estímulo para que mais e mais pes soas possam us ar sua cria- tividade para p roduzir boas e divertidas histórias em qu adrinhos. Leia e Saiba Mais sobre HQs As Aventuras de Nhô-Quim & Zé Caipora: os primeiros quadrinhos brasileiros (1869-1883), de Angelo Agostini, organizado por Athos Eichler Cardoso. Edições do Senado Federal. Brasília, 2013 As Tiras de Jornal como Gênero Jornalístico, de Marcos Nicolau, publicado em 08/02/2007 na Revista Eletrônica Temática. Paraíba, 2007. Explosão Criativa dos Quadrinhos, de Moacy Cirne. Editora Vozes LTDA. Petrópolis, 1970.História da História em Quadrinhos, de Álvaro de Moya. Editora L&PM. Porto Alegre, 1986.Tiras em quadrinhos do King Features Syndicate (em inglês e espanhol): www.comicskingdom.com 9494 Entre 1998 e 2000, a sede do Instituto Brasil-Estados Unidos do Ceará (Ibeu/CE) possuía um acervo de livros, revis- tas, álbuns e séries em quadrinhos em distintos idiomas à disposição para consulta dos seus alunos e visitantes. Esse conjunto era de- nominado Biblioteca de Arte Sequencial R.F. Outcault, homenagem ao criador da tira Hogan’s Alley, de onde surgiria o personagem Yellow Kid. A inauguração oficial da Gibiteca aconteceu no Teatro do Ibeu Aldeota e contou com a presença de Álvaro de Moya, jornalista, pesquisador e ilustra- dor, Geraldo Jesuíno, pro- fessor do curso de comunicação da UFC e criador da Oficina de Quadrinhos, Max Krichanã, jornalista, professor do Ibeu e res- ponsável pela Gibiteca, além de quadrinistas locais e leitores de HQs, entre os quais, a turma do Graph it Studios (Daniel Brandão, J.J. Marreiro e Geraldo Borges), Studio 3, Fernando Lima, repre- sentantes de revistarias (Revistas & Cia, Shazam e Fanzine) e os expositores Valber Benevides, Klévisson, Clayton, Rafael, Sinfrônio, Kazane, Guabiras, Weaver (Seres Urbanos) etc. Durante a sua existência, a Gibiteca proporcionou à socie- dade uma vasta programação: lançamentos de livros, fanzines e cordel, pocket-shows de humor, HQ? No Ceará tem disso sim! por Raymundo Netto Página de quadrinhos do “Jornal da Praia”: Mino, Fernando Lima, Jefferson Portela e Rafael Limaverde. Álvaro de Moya e Max Krichanã em momento da feira de HQ exposições de quadrinhos, char- ge e fotografias, mini sessões de cinema e vídeo (curtas de anima- ção), recitais, entre outras ações, que resultou na premiação, como “Personalidade do Quadrinho Cearense – 1999” (Prêmio Carbono 14 de Quadrinhos Cearenses), a Max Krichanã. O Carbono 14 foi o primeiro prê- mio no Ceará dedicado ao gê- nero HQ, sendo organizado pela Oficina de Quadrinhos da UFC e pelo Graph It Studios. Antes de criar a Gibiteca, Krichanã trabalhou nos jornais Folha de S. Paulo e A Gazeta Esportiva. Retornando ao Ceará, trabalhou em O POVO, como editor do caderno Buchicho, no qual colaborou para a divulga- ção do trabalho de Guabiras e Denilson Albano. Publicou, em 195 edições, o Jornal da Praia, periódico inde- pendente e gratuito que tinha o diferencial de trazer com destaque quadrinhos cearenses produzi- dos por Mino, Weaver, Klévisson, Newton Silva, Jefferson Portela, Rafael Limaverde, entre outros. Atualmente, o acervo da Gibiteca se encontra no bair- ro Meireles, em Fortaleza, no Gabinete de Leitura, em regi- me de consultoria em HQs e cultu- ra popular. Os interessados em co- nhecer esse acervo podem entrar em contato com Max pelo e-mail: max.krichana@hotmail.com. A ce rv o M ax K ri ch an ã 9595 Todos os direitos desta edição reservados à: Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora CEP 60055-402 - Fortaleza- Ceará Tel.: (85) 3255.6037 - 3255.6148 - Fax: 3255.6271 fdr.org.br | fundacao@fdr.org.br Este fascículo é parte integrante do projeto HQ Ceará, em decorrência do convênio celebrado entre a Fundação Demócrito Rocha (FDR) e a Secretaria Municipal da Cultura de Fortaleza (SecultFOR), sob o nº 12/2016. Guabiras (Ilustrador) Desenha desde os 5 anos de idade se basean- do em tudo que se possa imaginar de quadri- nhos no mundo. É ilustrador e cartunista no jornal O POVO (Fortaleza/CE). Tem inúmeras publicações e personagens em HQs e fanzi- nes, ministrando oficinas e participando de trabalhos/mostras coletivos e/ou individuais. Waldemar Lene Chaves (Autor) Médico e cartunista, começou a desenhar desde os quatro anos, in- fluenciado pelos desenhos animados da TV e pelas histórias em qua- drinhos. Em 2003, participou do Curso de Histórias em Quadrinhos do Estúdio Daniel Brandão. As habilidades e os conhecimentos pro- porcionados pelo curso, assim como a amizade de todos os mem- bros do estúdio, abriram as portas para o mercado profissional. Participou da equipe criativa das tiras do Capitão Rapadura publica- das no Diário do Nordeste. Publicou HQs na Manicomics, em sites pessoais na internet e na Karton, revista em quadrinhos polonesa. Em 2011, colaborou com a Maurício de Sousa: Novos 50 Artistas. Atualmente, faz desenhos por encomenda e publica tiras de quadri- nhos, cartuns e ilustrações na internet.Expediente FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA Presidente João Dummar Neto | Diretor Geral Marcos Tardin | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Coordenação Ana Paula Costa Salmin | CURSO BÁSICO DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS Coordenação Geral, Editorial e Estabelecimento de Texto Raymundo Netto | Coordenação de Conteúdo Daniel Brandão | Edição de Design Amaurício Cortez | Projeto Gráfico Amaurício Cortez, Karlson Gracie e Welton Travassos | Editoração Eletrônica Cristiane Frota | Ilustração Guabiras | Catalogação na Fonte Kelly Pereira ISBN 978-85-7529-715-5 (Coleção) | 978-85-7529-721-6 (Volume 6) RealizaçãoApoio