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Matéria D Internacional Público e Privado 2019 2

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“Direito Internacional Público e Privado”
Elaborado e compilado pelo professor: Msc. Pandolfi_ Roberto Eduardo *[1: * PANDOLFI_ Roberto Eduardo. Professor Universitário. Especialista em Direito Civil e Direito Processual Civil, ambos pela Universidade UNICRUZ-Universidade de Cruz Alta/RS, Brasil. Diploma Universitário em Mediação e Mestre em Estudos Avançados em Mediação e Negociação, ambos pela Universidade Kurt Bösch em Sion, Suíça. Doutorando pela EJUS-Escola Superior de Justiça e ESLA-Escola Superior Latino Americana do Brasil, conjuntamente com a UMSA-Universidade do Museu Social Argentino, Capital Federal, Buenos Aires, Argentina, em fase final. Mailto: pandolfi.lex@gmail.com. Fone: 61-3612-7212 Celular: 61-8615-6339. 61-8615-6339.]
Para o curso regular de Direito Turno Noite
Feliz é o homem que persevera na provação, porque depois de aprovado receberá a coroa da vida, que Deus prometeu aos que o amam.  Tiago 1:12
__________________________________________________________________EMENTA: Direito Internacional Público: Noções Gerais. Relação com o Direito Interno. Fontes. Pessoas Internacionais. Estado. Dimensão Pessoal e Territorial. Direito Diplomático. Organizações Internacionais. Homem. Outras Pessoas Internacionais. Contencioso Internacional. Litígios Internacionais. Guerra e Neutralidade[2: Ementa é um termo que deriva do latim “ementum” (i.e. pensamento, ideia), de e mens (i.e. juízo, razão, mente), é aplicado de modo geral, para indicar toda espécie de apontamento ou anotação tomada para lembrança, a fim de que, por aí, se produza depois o documento escrito, que, se fazer ou se execute o ato nela lembrado. ]
Lembrete: Curso de Direito não se faz dentro da sala de aula. Curso de Direito se faz na biblioteca.
O método não é, por exemplo; O que é Direito “Direito Internacional Publico e Privado”, mas, sim, FALE SOBRE
BONS ESTUDOS!
NOÇÕES GERAIS
Considerações Introdutórias
O Direito Internacional Público é um fracionamento didático do Direito, que orienta e rege as relações jurídicas entre os entes internacionais, aí incluídos os Estados soberanos, as organizações internacionais e outros atores internacionais.
Distingue-se do Direito Interno, que abrange as relações jurídicas nacionais. Também não se confunde com o Direito Internacional Privado, já que este regula as relações jurídicas entre particulares vinculados a entes internacionais distintos.
O Direito Internacional Público tem se tornado cada vez mais presente no cenário mundial, principalmente a partir da segunda metade do século XX, uma vez que o fenômeno da integração regional e a multiplicação dos organismos internacionais têm configurado um caráter cada vez mais institucional ao contexto e às relações internacionais. 
O que se quer dizer com isso é que os Estados, que sempre tiveram na sua soberania e independência em relação aos outros conceitos absolutos, passaram a fazer parte de “conjuntos de Estados”, com regras institucionais de convivência, as quais interferem na própria atuação internacional do Estado. 
Esse fenômeno foi impulsionado pelo evidente aumento do volume do comércio mundial a partir da 2ª Guerra Mundial, sob a égide de um Acordo Comercial, “General Agreement on Tariffs and Trade” o GATT, assinado em 1947, que serviu de base para a criação de um Organismo Internacional regulador das relações comerciais entre países, Organização Mundial do Comércio a OMC, funcionando desde 1995. 
O Direito Internacional Público
Desde o momento em que o homem passou a conviver em sociedade, com todas as implicações que esta lhe impõe, tornou-se necessária a criação de determinadas normas de conduta a fim de reger a vida em grupo - lembre-se da afirmativa de Aristóteles de que o homem é um ser social, harmonizando e regulamentando os interesses mútuos. 
Embora boa parte dos juristas reconheça a existência de um apenas a partir da Paz de Vestefália (1648), marco histórico do Estado-nação moderno, é inegável que os povos da Antiguidade mantinham relações exteriores: comerciavam entre si, enviavam embaixadores, vinculavam-se por meio de tratados e outras formas de obrigação, e assim por diante.
O Direito, entretanto, em decorrência de sua evolução, passa a não mais se contentar em reger situações limitadas às fronteiras territoriais da sociedade que, modernamente, é representada pela figura do Estado.
Assim como as comunidades de indivíduos não são iguais, o mesmo acontece com os Estados, cujas características variam segundo vários fatores (econômicos, sociais, políticos, culturais, comerciais, religiosos, geográficos etc.).
À medida que estes se multiplicam e na medida em que crescem os intercâmbios internacionais, nos diversos e mais variados setores da vida humana, o Direito transcende os limites territoriais da soberania estatal rumo à criação de um sistema de normas jurídicas capaz de coordenar vários interesses estatais simultâneos, de forma que, possam os Estados, em seu conjunto, alcançar suas finalidades e interesses recíprocos. 
Verifica-se com este fenômeno que o Direito vai deixando de somente regular questões internas para também disciplinar atividades que transcendem os limites físicos dos Estados, criando um conjunto de normas capazes de realizar esse mister.
Esse sistema de normas jurídicas (dinâmico por excelência) que visa disciplinar e regulamentar as atividades exteriores da sociedade dos Estados (e também, modernamente, das Organizações Internacionais e dos próprios indivíduos) é o que se chama de Direito Internacional Público ou Direito das Gentes.
Terminologia
Ao longo da história, empregaram-se diversas denominações para designar o ramo do que regula o relacionamento entre os Estados. Os romanos utilizavam a expressão “iusgentium” (“latim para “das gentes” ou dos povos”), retomada por Isidoro de Sevilha e Samuel Pufendorf. Francisco de Vitória preferia o termo “iusinter” gentes (latim para " entre as gentes" ou "entre os povos").
Foi Jeremy Bentham quem cunhou a expressão” internationallaw” em sua obra "AnIntroduction to thePrinciplesofMoralsandLegislation”. Ao verter o livro para o francês, Étienne Dumont traduziu a expressão como “droitinternational”, e esta foi adotada nos diversos idiomas – por exemplo, em português.
A rigor, em francês e em português, o termo "não é exato, pois não se trata de regular o relacionamento entre nações, mas sim entre Estados”.
A qualificação "encontrada na expressão" é usada para diferenciar este ramo da disciplina dedicada ao estudo do conflito de leis no espaço ("privado"). Convém ter em mente, porém, que é, e são frequente e corretamente utilizados como sinônimos.
Conceitos do Direito Internacional Público
Sinteticamente, o DIP pode ser definido como a disciplina jurídica da sociedade internacional.Vejam alguns conceitos da doutrina:
Posição clássica-positivista: “Conjunto de regras e princípios que regem as relações jurídicas entre Estados”.
René-Jean Dupuy: “É o conjunto de regras que regem as relações entre os Estados”.
Hildebrando Accioly: “O conjunto de normas jurídicas que regulam as relações mútuas dos Estados e, subsidiariamente, as das demais pessoas internacionais, como determinadas Organizações, e dos indivíduos”.
Nicolas Politis: “Conjunto de regras que governam as relações dos homens pertencentes aos vários grupos nacionais” 
REALE: “Ramo do Direito Público que regula as normas convencionais, pactos e costumes jurídicos, visa o ordenamento através de acordo realizado por Estados independentes “. 
Uma conceituação mais abrangente e técnica é a de MAZZUOLI: “É o conjunto de princípios e regras jurídicas (costumeiras ou convencionais) que disciplinam e regem a atuação e a conduta da sociedade internacional (formada pelos estados, pelas organizações intergovernamentais e também pelos indivíduos), visando alcançar as metas comuns da humanidade e, em última análise, a paz, a segurança e a estabilidade das relações internacionais”.
Critérios utilizadosna conceituação:
a) Critérios dos sujeitos intervenientes;
b) Critério das fontes normativas;
c) Critério da matéria regulada.
Historicidade Evolutiva
O Direito Internacional Público, DIP, contrariamente do que pensa boa parte da doutrina, não é uma criação recente. Mas não é tão antigo como pretendem alguns autores. Sem se poder determinar uma data precisa para o seu nascimento, tem-se como certo que o Direito Internacional Público é fruto de inúmeros fatores sociais, políticos, econômicos e religiosos da Idade Média.
A evolução do Direito Internacional durou vários séculos e se desenvolveu de forma quase que desordenada.
Antiguidade
O Tratado de Kadesh, um dos primeiros exemplos registrados de um tratado. Exemplar do Museu de Arqueologia de Istambul, Turquia.
O tratado mais antigo registrado é o celebrado entre Lagash e Umma, cidades da Mesopotâmia, relativo à fronteira comum. Mas o tratado mais famoso da Antiguidade remota é, possivelmente, o de Kadesh, concluído entre Ramsés II do Egito e Hatusil III dos hititas no século XIII a.C.
Da mesma maneira que na Antiguidade remota, os gregos reconheciam e praticavam os institutos da inviolabilidade dos embaixadores, do respeito aos tratados e do recurso à arbitragem, dentre outros.
A maioria dos juristas entende que a Roma Antiga, ao longo de quase toda a sua história, não se considerava sujeita a um distinto do seu interno, o que se explica pelo predomínio da chamada “Pax” (paz) romana. O “ius gentium”, que alguns apontam como indício de um romano, era, na essência, um romano aplicado a estrangeiros por um magistrado romano, o pretor peregrino.[3: “Ius gentium” ou “jus gentium “direito das gentes” ou “direito dos povos”“. Fonte: http://pt.wikipedia.org. ]
Período Feudal
As primeiras e mais singelas manifestações do DIP quando dos intercâmbios que passam a existir entre os vários feudos da idade média e das alianças que celebravam entre si, relacionadas às questões de segurança externa.
Idade Média
A Igreja foi a grande influência no desenvolvimento do durante a Idade Média. O papa era considerado o árbitro por excelência das relações internacionais e tinha a autoridade para liberar um chefe de Estado do cumprimento de um tratado. A grande contribuição da Igreja durante o período medieval foi a humanização da guerra. Três conceitos, em especial, tiveram forte impacto naquela área: a Paz de Deus.
Pela primeira vez, no mundo ocidental, distinguia-se entre beligerantes e não beligerantes, proibindo-se a destruição de colheitas e exigindo-se o respeito aos camponeses, aos viajantes e às mulheres; a Trégua de Deus (a suspensão dos combates durante o domingo e nos dias santos); e a noção de Guerra Justa, desenvolvida principalmente por Santo Ambrósio, Santo Agostinho e São Tomás de Aquino.
A guerra seria justa caso fosse declarada pelo príncipe, tivesse por causa a violação de um e pretendesse reparar um mal.
Ademais do juramento, já empregado na Antiguidade, os tratados medievais eram garantidos com a troca de reféns.
A primeira Missão diplomática de carácter permanente foi estabelecida por Milão junto ao governo de Florença, no final da Idade Média.
Idade Moderna
Ratificação do tratado de Münster, um dos componentes da Paz de Vestefália. A Idade Moderna vê nascer o tal como o conhecemos hoje.
Surgem as noções de Estado nacional e de soberania estatal, conceitos consolidados pela Paz de Vestefália (1648). 
Ratificação do tratado de Münster, um dos componentes da Paz de Vestfália.
A partir de então, os Estados abandonariam o respeito a uma vaga hierarquia baseada na religião e não mais reconheceriam nenhum outro poder acima de si próprios (soberania). A Europa começou a adoptar uma organização política centrada na ideia de que a cada nação corresponderia um Estado (Estado-nação).
Juntamente com Francisco de Vitória, Hugo Grócio foi um dos principais teóricos do no período, baseando-se na teoria do natural. Sua principal obra jurídica, De Jure Belliac Pacis “da guerra e da paz", em muito contribuiu para o desenvolvimento da noção de Guerra Justa.
Idade Contemporânea
O Palácio das Nações, erguido entre 1929-1938, foi a sede da Sociedade das Nações.
 Na Idade Contemporânea, inaugurada com a Revolução Francesa, é reforçado o conceito de nacionalidade, que viria posteriormente a orientar as unificações italianas e alemãs no século XIX.
O Congresso de Viena (1815), que encerrou a era napoleónica, resultou em grande impulso para o, na medida em que apontou na direção dos grandes rios europeus (Reno, Mosa etc.), declarou a neutralidade perpétua da Suíça e pela primeira vez adoptou uma classificação para os agentes diplomáticos.
O século XIX assistiu ao florescimento do moderno, com a proibição do corso, a criação dos primeiros organismos internacionais com vistas a regular assuntos transnacionais, a proclamação da Doutrina Monroe e a primeira das Convenções de Genebra, dentre inúmeras outras iniciativas. 
A Conferência de Berlim de 1885 organizou o neoimperialismo europeu na África.
Durante o século XX, o moderno foi aprofundado e consolidado com a criação da Sociedade das Nações e, posteriormente, da Organização das Nações Unidas, o trabalho de codificação (por exemplo, a Convenção de Viena sobre dos Tratados e a Convenção sobre do Mar) e a proliferação de tratados nascida na necessidade de acompanhar o intenso intercâmbio do mundo contemporâneo.
Formação das Cidades
Estados Italianos, já na transição para Idade Moderna, as quais passaram a manter frequentes intercâmbios políticos e econômicos entre si, dando início ao esboço dos contornos normativos de um Direito menos doméstico e mais internacional.
HUGO GROTIUS, sua contribuição foi de tal importância, que o tornou mundialmente conhecido como pai do Direito Internacional e do Direito Natural.
Sistema de Westfália (Tratados de Münster e Osnabrück) – concluído em 24 de outubro de 1648, pois fim à sanguinária guerra dos trinta anos, conflito religioso entre católicos e protestantes que teve estes como vitoriosos. [4: GROTIUS Hugo – Holandês nascido em Delft (1585-1645) – quem deu importante ênfase ao direito das gentes como ciência.]
Com esses tratados, demarcou-se uma nova era do DIP que a partir de então passaria a ser conhecido como ramo autônomo do Direito Moderno. Pelo fato de, pela primeira vez, se ter reconhecido, no plano internacional o princípio da igualdade formal dos Estados. 
De fato, antes dos tratados de Westfália não existia uma sociedade internacional com poder para sujeitar os Estados ao cumprimento de suas regras de conduta.
Portanto, a Paz de Westfália pode ser considerada como um verdadeiro “divisor de águas” na história do DIP, momento em que se desprenderam as regras fundamentais que passaram a presidir as relações entre Estados europeus, reconhecendo ao princípio da igualdade absoluta dos Estados o caráter de regra internacional fundamental.
Congresso de Viena (1815) – foi, depois dos tratados de Westfália, o segundo grande marco do Direito Internacional.
O Congresso marcou o fim das guerras napoleônicas e estabeleceu um novo sistema multilateral de cooperação política e econômica na Europa, além de ter agregado novos princípios de Direito Internacional, como a proibição do tráfico de negros, a liberdade irrestrita de navegação nos rios internacionais da região e as primeiras regras do protocolo diplomático.
Pressupostos Para a Existência do DIP 
a) -Sociedade Internacional, formada pelos Estados, organizações intergovernamentais e também pelos indivíduos; 
b) - interesses comuns: econômicos, comerciais, políticos etc.
c) - necessidade de coexistência e cooperação – suportabilidade mútua
Relação com o Direito Interno
Uma questão antiga, mas particularmente importante no campo do estudo do direito internacional, diz respeito à situação (eficácia e aplicabilidade) do DIP na ordem jurídica interna dos Estados.
Esse problema apresenta dois aspectos: um teórico, consistente no estudo da hierarquia do DIP frente aodireito Interno estatal; e outro relativo à efetiva solução dos conflitos porventura existentes entre a normativa internacional e as regras do direito interno.
Desse conflito entre normas internacionais e normas internas é que surgiram duas teorias para tentar resolver essa questão.
Dualismo.
 Para os adeptos desta corrente, na Alemanha, Carl Heinrich Tripiel e na Itália, Dionisio Anzilotti, o direito interno de cada Estado e o internacional são dois sistemas independentes e distintos, ou seja, constituem círculos que não se interceptam (meramente contíguos), embora sejam igualmente válidos.
Assim, segundo esta doutrina, quando um estado assume um compromisso exterior o está aprovando tão-somente como fonte do Direito Internacional, sem qualquer impacto ou repercussão no cenário normativo interno.
Para que isso ocorra, ou seja, para que um compromisso internacionalmente assumido passe a ter valor jurídico no âmbito do direito interno desse Estado, é necessário que o direito Internacional seja transformado em norma de direito interno, o que se dá pelo processo conhecido como adoção ou transformação do direito (materialização na forma de uma espécie normativa típica do direito interno, como uma emenda, uma lei, decreto legislativo, decreto etc.).
Em consequência disso, a norma do direito internacional internalizada passaria a ter o mesmo status normativo que outra norma de direito interno, o que segundo essa concepção, permitiria que um tratado internacional fosse revogado por uma lei ordinária posterior.
O primado normativo dos dualistas, então, é da lei interna de cada Estado e não o Direito internacional.
Normalmente, quem defende a escola dualista, tem uma visão voluntarista do direito internacional.
A nossa constituição Federal adotou a escola dualista, porque os tratados assinados pelo Brasil devem passar pela aprovação do Congresso nacional (art. 84, VIII) e depois transformados em uma espécie normativa interna (decreto legislativo, decreto etc.).
Adotado na Itália (leis de aprovação) e na Islândia (após ato do parlamento).
O STF assume posição dualista moderada. A suprema corte brasileira tem exigido que, após a aprovação por decreto legislativo do Congresso Nacional e a troca dos respectivos instrumentos, seja o tratado promulgado por decreto presidencial.
A doutrina dualista fora defendida, no Brasil, isoladamente, por Amilcar de Castro, para quem a ordem internacional “se distingue das estatais porque suas normas se caracterizam como inconfundíveis pelos sujeitos a que se dirigem, pelo processo de formação, pelo conteúdo e pelos meios por que sua observância é assegurada Dualismo”.
Monismo
Para os monistas o direito é uno (unicidade). Para a corrente monista, então, o direito internacional e o direito interno são dois ramos do direito dentro de um só sistema jurídico.
Trata-se da teoria segundo a qual o direito internacional se aplica diretamente na ordem jurídica dos estados, independentemente de qualquer transformação, uma vez que esses mesmos estados, nas suas relações com outros sujeitos de direito das gentes, mantêm compromissos que se interpenetram e que somente se sustentam juridicamente por pertencerem a um sistema jurídico uno, baseado na identidade de sujeitos (os indivíduos que os compõem) e de fontes (sempre objetivas e não dependentes – como no voluntarismo – da vontade dos estados).
Sendo assim, tanto o direito interno como o direito internacional estariam aptos para reger as relações jurídicas dos indivíduos, sendo inútil qualquer processo de incorporação formal das normas internacionais no ordenamento jurídico interno.
Adotando-se a teoria monista surge um problema quanto à hierarquia, isto é, o de saber qual é a ordem jurídica que deve prevalecer em caso de conflito, se a interna ou a internacional. Portanto, os monistas se dividiram em duas correntes.
A primeira é o Monismo internacionalista: Corrente defendia por Hans Kelsen (resultado do anti voluntarismo).
O monismo com primazia do Direito Internacional sustenta a unicidade da ordem jurídica sob o primado do direito Internacional, a que se ajustariam todas as ordens internas. Segundo esta concepção, o Direito interno deriva do Direito Internacional, que representa uma ordem jurídica hierarquicamente superior.
No ápice da pirâmide das normas encontra-se, pois, o Direito Internacional (norma fundamental: pacta sunt servanda), de onde deriva o Direito interno, que lhe é subordinado.
Em outras palavras, o Direito Internacional passa a ser hierarquicamente superior a todo o direito interno do estado, da mesma forma que são as normas constitucionais sobre as ordinárias.
E isto porque o seu fundamento repousa no princípio pacta sunt servanda, que é a norma mais elevada (norma máxima) da ordem jurídica mundial e da qual todas as demais normas derivam, representando o dever dos Estados em cumprirem as suas obrigações.
Ademais, se as normas do Direito internacional regem a conduta da sociedade internacional, não podem ser revogadas unilateralmente por qualquer dos seus atores, sejam estados ou organizações internacionais.
A consequência lógica da existência de normas internas contrárias ao direito internacional é a configuração da responsabilidade internacional do Estado em causa. É dizer, o instituto da responsabilidade internacional do Estado passa a ser a sanção eleita pelo sistema jurídico internacional como forma de manter o predomínio do Direito Internacional Público sobre o direito estatal. 
A segunda corrente é o Monismo Nacionalista
A segunda corrente, monista nacionalista, ao contrário, apregoa o primado do direito nacional de cada Estado soberano, sob cuja ótica a adoção dos preceitos do Direito Internacional reponta como uma faculdade discricionária.
Trata-se da doutrina constitucionalista, cujas bases filosóficas encontram guarida no sistema de Hegel (1770-1831), que vê no Estado um ente cuja soberania é irrestrita e absoluta.
Os monistas nacionalistas aceitam a integração do produto externo convencional ao direito interno, mas, sob o ponto de vista do primado da ordem jurídica estatal, valendo tal integração somente na medida em que o Estado reconhece como vinculante em relação a si, a obrigação contraída, mas não em grau hierárquico superior.
É dizer, o Direito Internacional só tem valor internamente sob o ponto de vista do ordenamento interno do Estado, pois é a Constituição deste mesmo Estado que prevê quais são os órgãos competentes para celebração de tratados internacionais, e como estes órgãos podem obrigar, internacionalmente, em seu nome, a nação soberana.
Os monistas defensores do predomínio interno dão, assim, especial atenção à soberania de cada Estado, levando em consideração o princípio da supremacia da Constituição, onde devem ser encontradas as regras relativas ao exato grau hierárquico atribuído às normas internacionais escritas e costumeiras.
Trata-se como se vê, da doutrina da delegação, que apregoa obrigatoriedade do Direito Internacional como decorrência das regras do Direito Interno.
As fontes e normas do Direito Internacional, notadamente, os tratados, não têm qualquer influência sobre as questões relativas ao âmbito do direito Interno, e vice versa, de sorte que entre ambos os ordenamentos jamais poderia haver conflitos.
Fundamento do Direito Internacional 
Fundamento liga-se à obrigatoriedade da disciplina. Existem duas correntes:
1ª) Doutrina Voluntarista
Entende que o fundamento do Direito Internacional se baseia na vontade dos Estados. 
A maior crítica feita a essa doutrina é a de que não se pode depender apenas da vontade do Estado, pois o mesmo pode manifestar sua vontade negativa a posteriori, deixando de existir o Direito Internacional. Devem ser criadas normas mais objetivas.
2ª) Doutrina Objetivista
Visa encontrar nas normas internacionais regras mais objetivas que subjetivas para fundamentar o Direito Internacional Público.
Essa regra objetiva, por excelência, é o pacta sunt servanda. (Art. 26 da Convenção de Viena sobre o Direitodos Tratados, 1969)
Fontes
São Fontes de Direito Internacional Público aquelas estabelecidas a fim de produzir as normas que ordenarão o cenário jurídico internacional. Em outras palavras, é a fonte que faz nascer a norma.
O Direito Internacional Público tem suas fontes sistematizadas no artigo 38 do Estatuto da Corte ou Tribunal Internacional de Justiça, o principal órgão judiciário da ONU, sediado em Haia, nos Países Baixos.
As fontes constituem os modos pelos quais o direito se manifesta, isto é, a maneira pela qual surge a norma jurídica internacional, ao passo que os fundamentos se se relacionam à sua validade e à sua eficácia.
Sem embargo, as fontes do direito são aqueles fatos ou atos dos quais o ordenamento jurídico faz depender a produção de normas jurídicas.
Segundo GUERRA (2009, p.53) fonte é:
O local de onde o direito retira a sua obrigatoriedade. Dividem-se em materiais (são os acontecimentos históricos, políticos, sociais que o direito deve regular) e formais (são as maneiras pelas quais se apresentam os preceitos jurídicos sob a forma de regras aceitas e sancionadas pelos poderes públicos). Ex. O costume e os tratados.
Recentemente, alguns especialistas entendem que outras figuras têm servido como fonte de direito internacional, como por exemplo, os atos unilaterais dos estados que ainda são predominantes e suficientes na criação do direito no plano internacional. Importante frisar que não existe hierarquia entre as fontes, apenas o fato de uma, ser mais utilizada que a outra em determinada época, muito pelo modo como a comunidade internacional vai se estruturando, dependendo do momento e das preferências entre estados e organizações internacionais.
Assim, estão previstos como fontes de Direito Internacional Público:
Tratados
Tratado internacional é um acordo resultante da convergência das vontades de dois ou mais sujeitos de direito internacional, formalizada num texto escrito, com o objetivo de produzir efeitos jurídicos no plano internacional.
Segundo a convenção sobre direito dos Tratados de Viena de 1969, a definição de tratado é a seguinte “um acordo internacional concluído entre Estados em forma escrita e regulado pelo Direito Internacional consubstanciado em um único instrumento ou em dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja a sua designação especifica” .[5: Decreto Legislativo, nº 496, de 2009. Aprova o texto da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, concluída em Viena, em 23 de maio de 1969, ressalvados os arts. 25 e 66.  O Congresso Nacional decreta:  Art. 1º Fica aprovado o texto da Convenção de Viena sobre o Direitos dos Tratados, concluída em Viena, em 23 de maio de 1969, ressalvados os arts. 25 e 66. Parágrafo único. Ficam sujeitos à aprovação do Congresso Nacional quaisquer atos que impliquem revisão da referida Convenção e de seu Anexo, bem como quaisquer atos que, nos termos do inciso I do caput do art. 49 da Constituição Federal, acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional. Art. 2º Este Decreto Legislativo entra em vigor na data de sua publicação. Senado Federal, em 17 de julho de 2009. SENADOR JOSÉ SARNEY Presidente do Senado Federal. http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=259313. Acesso em 10/09/09.]
De acordo com o texto Convenção de Viena, compreende-se que a expressão “Tratado” designa um acordo regido pelo direito internacional, qualquer que seja a sua denominação. 
Nesse sentido, tratado seria a designação genérica, onde estão abrangidas as expressões convenções, convênios, protocolos, compromissos, concordata, etc.
Termos similares 
A prática internacional registra o uso livre dos diversos sinônimos da palavra “tratado”. A rigor, do ponto de vista jurídico, tais nomes importam pouco e não são aplicados de maneira coerente, pois a nomenclatura, em regra, não tem influência sobre o conteúdo do tratado, podendo variar com a escolha dos Estados Partes.
 Estes termos que possuem significados parecidos com tratado, porém não são exatamente a mesma coisa, possuindo cada quais suas particularidades.
Alguns exemplos desses termos são: convenção, protocolo, pacto, carta e declaração. 
Essas expressões são consideradas, em linhas gerais, sinônimas da expressão tratado. São utilizadas indistintamente. Fundamental não é o nome, e sim o conteúdo, ou seja, se se trata de um acordo celebrado entre Estados e organizações, escrito, formal, é um tratado e assim sendo, produz certos efeitos jurídicos, possui certas condições de validade, de legitimidade e de licitude. 
Convenção, historicamente, também era destinada aos tratados multilaterais. Um grande tratado multilateral, em que participava toda a comunidade internacional, era considerado como convenção. Assim como a ideia das Convenções Coletivas em Direito do Trabalho. 
Protocolo, historicamente, era um documento escrito, mas sem o caráter obrigatório do tratado. Tem um sentido mais "principiológico". Como se diria no âmbito do Direito Interno está mais próximo das normas programáticas: "os Estados se comprometem a tomar todas as medidas para conter a proliferação de armas nucleares". 
Tratado é um instrumento que efetivamente vincula as partes, obrigando-as, já que cria direitos e obrigações. 
Tão importante é a ideia de vontade de assumir direitos e obrigações “animus contrahendi” que o primeiro princípio que vigora nos tratados modernos (desde os séculos XV e XVI) é o da "santidade dos tratados". [6: “Animus contrahendi” ou intenção de contratar quando se refere a tratado internacional é um acordo resultante da convergência das vontades de dois ou mais sujeitos de direito internacional, formalizada num texto escrito, com o objetivo de produzir efeitos jurídicos no plano internacional.]
Pela teoria do poder divino, o rei era escolhido por Deus. A palavra de um rei era sacra, vigorando, daí, mencionado princípio. Um tratado não podia ser revogado, revisado, uma vez que a "palavra de rei não volta atrás" – questão de honra. O princípio que se tem nos contratos referente a essa relevância das palavras é o do “pacta sunt servanda” e o do “rebus sic stantibus”. [7: “Pacta sunt servanda” é um brocardo latino que significa "os pactos devem ser respeitados" ou mesmo "os acordos devem ser cumpridos". É um princípio base do Direito Civil e do Direito Internacional.][8: “Rebus sic stantibus” fundamenta a Teoria da Imprevisão que constitui uma exceção à regra do Princípio da Força Obrigatória dos Contratos.A Teoria da Imprevisão trata da possibilidade de que um pacto seja alterado, a despeito da obrigatoriedade, sempre que as circunstâncias que envolveram a sua formação não forem as mesmas no momento da execução da obrigação contratual, de modo a prejudicar uma parte em benefício da outra. Há necessidade de um ajuste no contrato.“Rebus sic stantibus” pode ser lido como "estando as coisas assim" ou "enquanto as coisas estão assim". Em termos contratuais significa dizer que o contrato será cumprido “rebus sic stantibus” (estando as coisas como estão).]
A declaração, historicamente, no entanto, não é considerada um tratado. Tradicionalmente, quando se dá conotação de declaração ao um texto, pretende-se diferenciá-lo de um tratado. 
Nessa época, uma conferência entre certo número de países, em que não se obtinha um acordo final, era marcada pelo fracasso. Assim, em troca do tratado ou da convenção frustrada, os Estados, para oferecer uma resposta à opinião pública ou à sociedade internacional, faziam uma declaração conjunta, por escrito, na qual determinavam alguns princípios básicos sobre o tema ou se comprometiam, por exemplo, a tomar determinadas medidas a respeito. 
A declaração era um substitutivo de uma convenção, sem ter caráter obrigatório. Era uma declaração de princípios. 
Essa explanação histórica é importante, pois com o tempo, alguns Estados exigiam que outro Estado se obrigasse pelos termos de uma declaração. Para se evitar argumentação de que a declaração não teria essa validade, uma vez que se tratavade comprometimento apenas moral e que eventualmente medidas seriam tomadas sobre o assunto, não sendo obrigado a isso, a Convenção de Viena/69, art. 2º, dispôs que independentemente do termo, palavra ou nomenclatura, tratado é todo acordo formal, escrito, celebrado entre Estados e/ou organizações internacionais etc. Havendo o conteúdo de um tratado (acordo formal entre Estados, busca efeitos jurídicos, há manifestação de vontade), tratado é, possuindo assim, um caráter obrigatório. 
O tratado é efetivamente um acordo que gera a obrigação, o direito, a vontade efetiva de se assumir um compromisso. A declaração e o protocolo, historicamente, não são considerados documentos em que se tem vontade efetiva de se assumir um compromisso, mas eventualmente cumpri-lo. Daí é que para dirimir as controvérsias que surgiam dessas terminologias nasce a Convenção de Viena/69, unificando-as. 
Exemplo: Mercosul – tratados que o criaram: Tratado de Assunção, Protocolo de Ouro Preto e Protocolo de Brasília, documentos esses sem qualquer distinção entre si e sem que justifiquem tratamento jurídico diferenciado de um ou de outro. Em suma, atualmente, considera-se o conteúdo. [9: MERCOSUL (Mercado Comum do Sul) é um processo de integração entre Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai inaugurado em 1991, com a assinatura do Tratado de Assunção, e que se encontra, atualmente, em uma etapa de União Aduaneira. Seu objetivo final é a constituição de um Mercado Comum. O MERCOSUL é um agrupamento regional de reconhecido peso econômico e de incontestável estabilidade política, que tem sabido aproveitar as oportunidades da globalização e tem, assim, atraído, cada vez mais, o interesse de investidores de todo o mundo.]
Manifestação da vontade 
Existem alguns meios mais conhecidos de manifestação da vontade, necessária para a existência de um tratado. Alguns exemplos desses termos são: aceitação, aprovação, assinatura, ratificação, adesão, reserva e denúncia. 
Aceitação e aprovação
São formas positivas de manifestação. Entretanto, aprovação indica, em geral, que o tratado resultou de uma deliberação ou votação. Quando se diz que um tratado foi aprovado, provavelmente deliberou-se ou votou-se favoravelmente à sua adoção. 
Como saber que um tratado precisa ser deliberado para obter aprovação? Ou que precisaria apenas de uma simples assinatura de representantes para sua aprovação, ou não? 
A resposta encontra-se no próprio procedimento de elaboração, nas regras de procedimento, que determinam as formas pelas quais as partes adotarão ou estabelecerão as maneiras de aprovar um tratado.
Aprovação: Presume deliberação. 
Assinatura
A simples assinatura do representante do Estado considera um tratado aprovado/adotado. 
Ratificação 
Pressupõe, para aprovação de um tratado, uma deliberação favorável do legislativo. 
Adesão 
Indica manifestação de vontade posterior à celebração. Ex.: três Estados discutem e elaboram um tratado. Posteriormente, um quarto Estado pretende fazer parte desse tratado, o que se dará por meio da adesão (manifestação da vontade em período posterior à celebração, à manifestação original). Ex.: União Europeia, ONU, Mercosul, etc. Como saber quando cabe, ou não, a adesão a um tratado? O próprio tratado disporá sobre a questão. Ex.: o Mercosul prevê a adesão de mais países, além dos quatro originais. 
Reserva
É a manifestação da vontade parcial, uma vez que o Estado não se obriga a todas as disposições, mas apenas por uma parte delas, como, por exemplo, em um tratado que contivesse vinte regras, um Estado se dispusesse a aceitar e cumprir apenas dezenove delas. 
Como não há uma regra universal, uma lei que disponha sobre a elaboração de um tratado, muitas das respostas serão encontradas no próprio tratado, no próprio procedimento de elaboração deste.
Assim, num tratado, as partes convencionarão se cabe, ou não, reserva e quais as cláusulas objeto de reserva. 
Havendo dúvida de aplicação de reserva, haverá uma regra geral que dirá: a reserva não pode atingir o objeto e a finalidade do tratado. Isso também é encontrado na Convenção de Viena, já mencionada. 
Em tratados bilaterais, em geral, não cabe reserva, pois estaria alterando o equilíbrio. Reserva, então, cabe para tratados multilaterais. 
Denúncia
É a forma pela qual a parte manifesta vontade com o fim de obter a extinção dos efeitos do tratado sobre a parte requerente. É forma de cessação dos efeitos jurídicos de um tratado. É arbitrário porque é uma decisão de vontade. 
Também está prevista no tratado, mas, tecnicamente falando, é permitido denúncia sem que esteja prevista no mesmo, já que é manifestação da vontade. O que pode um tratado estabelecer de mais específico é uma denúncia no tempo.
Exemplo: a denúncia do Estado requerente só produzirá efeito a partir de um ano da sua manifestação de vontade. Isso sim pode ser feito, pois um tratado pode envolver temas muito complexos, que demandam certo tempo para estabelecer um desprendimento ou para dar uma garantia para as outras partes. A denúncia pode produzir efeitos imediatos ou depois de certo lapso de tempo. 
Ratificação
 Em linhas gerais um representante de Estado participa de uma Conferência para elaboração de um tratado. As partes estabelecerão quando esse tratado entrará em vigor.
 Isso pode se dar a partir da assinatura, de uma ratificação etc. O que geralmente se faz é uma espécie de "operação casada", ou seja, o representante do executivo assina e tenta obter uma ratificação pelo legislativo, dentro do Estado, e é a partir desta que o tratado entrará em vigor para os demais. 
São duas manifestações da vontade, casadas: assinatura e ratificação.
A partir da ratificação é que o tratado entrará em vigor para os demais. Ou seja, é como se o representante fosse para o seu país buscar o certificado, retornasse à Conferência para manifestar o comprometimento de seu país para, então, fazer vigorar o tratado para os demais Estados. 
São, portanto, dois atos: 
Ato do executivo, assinando; 
Ato do legislativo, ratificando. 
Isso não significa simplesmente a ratificação, mediante obtenção de certificado do Congresso Nacional, por exemplo, declarando que determinado tratado foi aprovado em determinadas condições. É necessário o depósito do instrumento de ratificação. 
Depósito é sinônimo de comunicado (aos demais países), registro (perante alguma instituição) do comprovante de que o tratado foi ratificado. 
Um tratado ligado ao Mercosul, por exemplo, entrará em vigor para os quatro países participantes quando for depositado na Secretaria Administrativa do Mercosul (instituição que cuida das questões administrativas do Mercosul e estabelecida no Uruguai) o comprovante de ratificação. 
Toda organização internacional tem uma espécie de secretaria administrativa, uma espécie de sede, onde se registram os certificados de ratificação, assim como toda Conferência possui um país escolhido para ser uma espécie de secretaria.
Exemplo: uma Conferência de vinte Estados não é uma organização internacional, pois não tem sede. Alguém deverá funcionar como uma espécie de "cartório". Um Estado seria escolhido como receptor dos depósitos (das comunicações, dos registros, das notificações). 
À medida que os países depositam seus certificados de ratificação, o tratado passa a vigorar para aquele que efetuou o depósito. Nem sempre será exigida essa operação casada. As partes podem estabelecer que um tratado entra em vigor a partir da simples assinatura. A tendência atual é a da operação casada (assinatura / ratificação). 
Em outras palavras, o tratado é um meio pelo qual sujeitos de direito internacional, principalmente os Estados nacionais e as organizações internacionais, estipulam direitos e obrigações entre si. 
As condições de validade dos tratados internacionais podem ser enunciadas como sendo as seguintes:
a) capacidade das partes contratantes;
b) habilitação dos agentes signatários;
c) consentimento mútuo;
d) objeto lícito e possível. 
O Tratado de Kadesh, um dos primeirosexemplos registrados de um tratado internacional. Exemplar do Museu de Arqueologia de Istambul, Turquia.
Capacidades partes contratantes
Essa capacidade é reconhecida dos Estados soberanos, as organizações internacionais, aos beligerantes, à Santa Sé e outros entes internacionais. A eles é dada a exclusiva capacidade de concluir tratados.
Os Estados dependentes ou membros de uma federação podem também concluir tratados em casos especiais.
Os estados vassalos e protegidos, possuem o direito de convenção quando autorizado por suseranos ou protetores.
Habilitação dos Agentes signatários
 A habilitação consiste nos poderes cedidos aos negociadores para poderem negociar e concluir um tratado. As pessoas detentoras de este poder são chamadas plenipotenciárias.
A impossibilidade dos chefes de Estados concluírem todos os tratados e a intensificação das relações internacionais, que fizeram esses plenos poderes que dá maior liberdade de ação ao chefe e Estado. Isso desobriga os Estados a cumprirem imediatamente os tratados, como ocorreria caso o chefe de Estado assinasse os tratados. 
Os plenos poderes perderam muito a sua importância com o desenvolvimento da ratificação. Na prática, admite-se que o representante do Estado inicie as negociações a título provisório.
É nulo um ato feito por pessoa não habilitada quando da conclusão de um tratado, a menos que o Estado confirme tal ato.
Objeto lícito e possível
 Se, alguma norma do tratado, violar os princípios do Direito  Internacional geral é nulo este tratado.
A Convenção de Viena define a norma imperativa do direito geral Internacional “é uma norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional de Estados, como um todo, é permitida a derrogação e qual somente pode ser modificada por uma subsequente norma de direito Internacional Geral tendo o mesmo caráter”.
O tratado não pode ter uma norma que contrarie a moral, nem objeto impossível de ser conceituado, assim nestes casos o tratado é nulo.
Consentimento mútuo
 Viciam os tratados: o erro, o dolo ou a coação no acordo de vontade entre as partes. Delimita-se o erro da seguinte maneira só anula o Tratado se o erro atingir a base essencial do consentimento para submeter ao tratado.
Se o erro for de redação este não atinge a validade do tratado, devendo este ser corrigido. Somente o erro de fato constitui o vício do consentimento, o de direito não. O Estado que contribuir para o erro não pode invocá-lo.
Convenções (tratados) internacionais 
Esta é a fonte cujo maior uso se tem feito no campo internacional contemporaneamente tendo todos os seus aspectos e minúcias abordados em qualquer manual de DPI sejam estas gerais ou especiais, desde que produzam regras expressamente estabelecidas pelos estados litigantes. Deve ser registrado na ONU para que tenha válida de internacionalmente. 
Costume internacional 
 É a fonte mais utilizada pela comunidade internacional até a Segunda Guerra Mundial, é resultado de prova de prática geral entre estados que passa a ser aceita como direito.
O costume serve como norma jurídica para determinar algumas situações, mas atualmente está sendo de certo modo abandonado em detrimento dos tratados internacionais.
O costume foi a principal fonte do DIP, em virtude de a sociedade internacional ser descentralizada. 
As sociedades não hierarquizadas, sem um Poder Legislativo, têm no costume o principal modo de manifestação das normas jurídicas.
O direito costumeiro é o direito que a oligarquia dominante impõe à sociedade. Assim sendo, no início o Estado não tem poder legislativo, porque cabe aos governantes zelar pelo respeito ao direito costumeiro sem alterá-lo, mantendo assim o poder da oligarquia.
Atualmente, apesar de ainda permanecer descentralizada a sociedade internacional, ele se encontra em regressão tendo em vista a sua lentidão e incerteza, conforme MELLO (2002, p. 120)
O Direito internacional surgiu sob a forma costumeira, como vários ramos da ciência jurídica, entretanto, em virtude dos motivos acima expostos, conservam esta característica.
A codificação do DIP é ainda bastante incipiente. Podemos afirmar que no costume se está em presença do irracional, sendo que através dele é que existe a passagem imperceptível de uma fonte material para uma fonte formal.
O aspecto da universalização do Direito Internacional é dado pelo costume, vez que os tratados, via de regra, só são obrigatórios para os seus contratantes. Entretanto, devido à rápida e complexa transformação ocorrida no DI atual, o costume tende a diminuir a sua importância.
O costume adquire papel fundamental enquanto fonte do direito internacional público, uma vez que muitas das relações jurídicas internacionais não se encontram normatizadas. 
É, por excelência, a fonte formadora das normas de direito internacional público. Segundo a doutrina, para a formação do costume internacional é indispensável a existência de 2 (dois) elementos: um de ordem material e outro de caráter subjetivo.
Costume Jurídico é uma norma jurídica obrigatória, imposta ao setor da realidade que regula passível de imposição pela autoridade pública e em especial pelo poder Judiciário, ou seja, o Costume possui dois elementos para que se verifique:
a) “Corpus” (material): prática social reiterada. (uso)
b) “Animus” (subjetivo): convicção de obrigatoriedade.
O elemento material o “corpus” do costume está consubstanciado na prática, na repetição ao longo do tempo de certo modo de proceder ante um determinado quadro fático. Essa prática reiterada pode ser omissiva ou comissiva e aplica-se a quaisquer sujeitos na esfera do direito internacional público.
Não há transcurso de tempo pré-determinado para a sua formação, devendo ser analisado caso a caso. Nesse sentido, já se manifestou a Corte internacional de Justiça no julgamento do Caso Plataforma Continental do Mar do Norte, “o transcurso de um período de tempo reduzido não é necessariamente, ou não constitui em si mesmo, um impedimento à formação de uma nova norma de direito consuetudinário”.
O elemento subjetivo ou “animus” do costume internacional é o entendimento, a convicção, a crença de que a atitude prática se estima obrigatória por ser necessária, correta, justa, e por assim dizer, digna do bom direito. Do contrário, qualquer conduta internacional reiterada por qualquer Estado durante certo lapso temporal, por comodismo, hábito ou praxe, se enquadraria nessa definição, formando assim, uma nova norma costumeira.
A formação de um costume internacional não necessita de uma determinada conduta seja praticada reiteradamente por todos os membros da sociedade internacional, assim, como não precisa que todos a considerem como justa e correta, impõe-se, todavia, por uma questão de bom senso, a existência de uma pluralidade de Estados adotem a prática nas palavras de REZEK (1989,p.122)
Inúmeras situações encontram-se satisfatoriamente reguladas pelo direito costumeiro, de modo que não se vislumbra a necessidade de sua codificação.
Tanto assim, que é de praxe a adoção pelas convenções do seguinte preâmbulo: “afirmando que as regras de direito internacional consuetudinário continuarão a reger as questões que não forem reguladas nas disposições da presente Convenção” nos dizeres de SOARES (2002, p.85).
Princípios gerais de direito 
Consistem em princípios consagrados nos sistemas jurídicos dos estados, ainda que não tenham aceitação plena internacional, bastando que um número suficiente de estados a consagrarem para que esta seja passível de gerar lei.
Há ainda fontes que são consideradas secundárias, sendo eventualmente creditadas pelo mesmo Estatuto como fonte geradora de lei, que são as decisões judiciais e a doutrina dos publicitas mais qualificadas das diferentes nações.
São meios auxiliares na construção do ordenamento jurídico internacional, utilizados de forma secundária, acessória, ou seja, caso não existam tratados, costumes ou princípios gerais de direito para produzir orientação satisfatória.
A Corte em Haia pode ainda decidir “ex aecquoet bono” uma questão, com base na justiça, ou seja o que se entende justo pela comunidade internacional, caso as partes concordem em levar o caso à sua jurisdição, e não se encontre no repertório jurídico internacional dispositivo que resolva de modo perene a questão.[10: “Ex aequo et bono”: "conforme o correto e válido".]
O que a prática internacional demonstra é que esses princípios são frequentemente empregados, em diversos contextos e sob as mais variadas formas, quando se trata de identificar uma regra de Direito Internacional não expressa em tratado e não reconhecida pelo costume.
O Direito Internacional moderno passa a depender cada vez menos desses princípios, tendo em vista que o grande número de normas deles derivadas já se encontram codificadas em tratados internacionais ou fazendo parte do direito costumeiro.
Os princípios gerais de Direito Internacional são aqueles aceitos por todos os ordenamentos jurídicos, a exemplo da boa-fé, do respeito à coisa julgada, do direito adquirido e do “pacta sunt servanda”.
Assim, GOUVEIA (2005, p.123) procurou sintetizar quatro funções que são habitualmente atribuídas aos princípios gerais do direito internacional:
Função legitimadora: os princípios, sobretudo os de coloração ética, permitem questionar a legitimidade material das normas ou de outros princípios que com eles estejam desconformes, podendo provocar a respectiva invalidade material;
b) uma função interpretativa: os princípios permitem determinar preferências, entre as várias soluções hermenêuticas, de outro modo todas igualmente possíveis;
c) uma função integradora: os princípios possibilitam integrar lacunas de regulamentação, assim, se colmatando a ausência de critérios de decisão, derivada da falta de normas especificamente aplicáveis, e;
d) uma função complementadora: os princípios têm a virtualidade de regulativamente alargar a extensão da aplicação do direito internacional.
A finalidade de inclusão dos princípios gerais de direito como fonte do Direito Internacional teve como base preencher lacunas do Direito Internacional e evitar a não apreciação das demandas apresentadas à Corte (CIJ) nos casos em que não houvesse previsão da matéria em tratados ou costumes internacionais.
Os princípios gerais de Direito Internacional são princípios consagrados nos sistemas jurídicos dos Estados, ainda que não sejam aceitos por todos os sistemas jurídicos estatais, bastando que um número suficiente de Estados os consagrem.
Abstenção de recorrer à ameaça ou uso da força trata-se um princípio geral do Direito. O Estado tem que procurar suas questões de forma pacífica, sem que haja conflito armado;
Solução pacífica de litígios, regra de Direito Internacional. Os Estados são obrigados a tentar resolver os conflitos de forma pacífica, antes do confronto armado.
Não intervenção em assuntos de jurisdição interna um País não pode dizer o que o outro pode fazer;
Cooperação;
Igualdade de direitos e livre determinação dos povos;
Igualdade soberana, via de regra, todos são iguais;
Cumprimento e boa-fé das obrigações contraídas.
A doutrina divide as fontes do direito internacional em duas correntes: a positivista e a objetivista.
A primeira, também chamada de voluntarista, sustenta que a verdadeira fonte do direito é a vontade do Estado que se manifesta de modo expresso no tratado e tácito costume.
Como assevera MELLO (2004, p. 49), esta corrente é insuficiente para explicar o costume internacional, porque este se torna obrigatório para todos os Estados Membros, mesmo para aqueles que não se manifestam a vontade no sentido de sua aceitação.
Se o direito internacional dependesse exclusivamente da vontade estatal ele teria uma grande instabilidade e ficaria sujeito à soberania estatal.
Em contraposição, a escola objetivista baseia-se na distinção entre fontes formais e materiais.
As fontes materiais seriam as verdadeiras fontes do direito, enquanto que as formais seriam meios de comprovação.
Assim, podemos afirmar que as fontes materiais são os fatos sociais, econômicos, morais, a cultura, a tradição, a história, religiosos, políticos, problemas demográficos, clima, fenômenos naturais, dentre outros fatores que dão conteúdo às normas jurídicas, ou seja, os motivos para que a norma seja criada.
As fontes formais são as formas ou os meios nos quais o direito positivado se apresenta ou é conhecido.
Assim GUSMÃO (2004, p. 104) demonstra que as fontes formais “são os meios ou as formas (lei, costume, decreto etc.) pelos quais a matéria (econômica, moral, técnica etc.), que não jurídica, mas que necessita de disciplina jurídica transforma-se em jurídica”.
No caso da objetivista, atualmente é a mais adotada, tendo em vista que devido aos seus aspectos sociológico é a que melhor se adapta às novas realidades da sociedade internacional. Baseia-se na distinção entre fontes formais e fontes materiais do direito.
Tradicionalmente, tem-se considerado como rol das fontes formais do direito internacional público a enumeração prevista no art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça. 
Vejamos então: 
Artigo 38: 1. A Corte, cuja função seja decidir conforme o direito internacional as controvérsias que sejam submetidas, deverá aplicar; 
a) as convenções internacionais sejam gerais ou particulares, que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes;
b) o costume internacional como prova de uma prática geralmente aceita como direito;
c) os princípios gerais do direito reconhecidos pelas nações civilizadas;
d) as decisões judiciais e as doutrinas dos publicitários de maior competência das diversas nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito, sem prejuízo do disposto no Artigo 59.
2. A presente disposição não restringe a faculdade da Corte para decidir um litígio “ex aequo et bono”, se convier às partes.[11: “Ex aequo et bono”: É uma expressão jurídica latina que significa "conforme o correto e válido". No contexto da arbitragem, ela é utilizada quando as partes optam por conferir aos árbitros o poder de decidir o conflito com base em seu leal saber e entender. Assim, a questão é resolvida conforme o senso de justiça dos árbitros, que pode, inclusive, vir a ser contrário ao disposto na legislação aplicável.]
Artigo 59 - A decisão da Corte só será obrigatória para as partes litigantes e a respeito do caso em questão.
O Estatuto da Corte Internacional de Justiça de 1945, sediada na cidade de Haia, enuncia em seu artigo 38 as fontes do direito internacional. São elas: as convenções internacionais, o costume internacional e os princípios gerais do direito, já tratados anteriormente. 
 Estatuto não estabeleceu qualquer hierarquia entre as fontes de direito internacional. 
Jurisprudência e Doutrina
A aliena “d” do art. 38 do Estatuto da Corte visto anteriormente menciona as decisões judiciarias e a doutrina como fonte do Direito internacional público. Essa diretriz está sujeita ao disposto no art. 59, do mesmo Estatuto, que determina que; “a decisão da Corte não é obrigatória senão para as partes em litígio e em relação a esse caso específico”.
Isso significa que os tribunais não estão obrigados a seguir decisões anteriores relativas à mesma questão de direito.
Por jurisprudência entendem-se as decisões uniformes e reiteradas dos tribunais, todavia, em se tratando de sociedade internacional.
Pela expressão decisões judiciárias, entende-se a jurisprudência dos tribunais arbitrais, além das decisões dos tribunais e organizações internacionais.
Sua importância vem do fato de que a jurisprudência contribui para o desenvolvimento da disciplina, uma das normas costumeiras.
Dentre as decisões judiciárias, aquelas emanadas da CIJ são consideradas as de maior relevância para a interpretação das normas na esfera internacional.
Segundo REZEK (1989, p. 148) jurisprudência internacional “é o conjunto das decisões arbitrais que tem proferido, há séculos, nos deslinde de controvérsias entre os Estados; e ainda o conjunto das decisões judiciariasproferidas, com igual proposito, nos últimos anos”. 
Quanto à doutrina, sua caracterização como fonte do Direito Internacional Público é bastante contestada, contudo, não se pode negar sua importância na interpretação dos textos convencionais, que muitas vezes não são devidamente claros e precisos.
Na verdade, tem-se concebido que a jurisprudência e a doutrina não são formas de expressão do direito, mas sim instrumentos úteis a sua correta interpretação.
Já a equidade e analogia, por seu turno, são métodos de raciocínio jurídico, critérios norteadores do julgador face à insuficiência do direito ou a completa obscuridade normativa para o julgamento de um caso concreto.
Até porque o próprio estatuto da CIJ prevê a possibilidade de se resolver uma questão por equidade ou “ex aequo et Bono”, desde que haja concordância das partes, onde não haja norma expressa prevista.[12: Equidade consiste na adaptação da regra existente à situação concreta, observando-se os critérios de justiça e igualdade. Pode-se dizer, então, que a equidade adapta a regra a um caso específico, a fim de deixá-la mais justa. Ela é uma forma de se aplicar o Direito, mas sendo o mais próximo possível do justo para as duas partes. Fonte http://pt.wikipedia.org. ]
Ato unilateral e resoluções das organizações internacionais
Embora não previsto como fonte expressa no art. 38 do Estatuto da CIJ, estes atos unilaterais e resoluções Organizações Internacionais, tem sido consideradas pela doutrina como novas fontes do Direito Internacional.
Como ato unilateral podemos definir como a manifestação de vontade de um sujeito de direito suficiente para produzir efeitos jurídicos na ordem internacional. Geralmente surgem naqueles espaços não regulamentados pelo direito.
Quem pode formular Atos Unilaterais são os Estados e as Organizações Internacionais. O Indivíduo não poderá formulá-lo.
Além da pessoa do direito, deve-se observar também se o órgão daquela pessoa é competente para formular Atos Unilaterais (neste caso, o Poder Executivo), que deverão por sua vez ter um objeto lícito e possível, além de não conter vícios de consentimento. Não poderão ferir a moral internacional nem a norma imperativa do Direito Internacional (“Jus Cogens” ).[13: “Jus cogens” (direito cogente) são as normas peremptórias ou perentórias, imperativas do direito internacional, inderrogáveis pela vontade das partes. Fonte: http://pt.wikipedia.org.]
Os atos se classificam como tácito (silencio) e expresso (protesto, notificação, renuncia etc.). 
Portanto, temos que ato unilateral é o ato por meio do qual um sujeito de direito internacional aceita uma determinada situação de fato e de direito e, eventualmente, declara considerá-la legítima.
Quanto às resoluções das organizações internacionais, estas são normas originadas nas Organizações Internacionais e se tornam obrigatórias para os Estados membros independentemente de qualquer ratificação por sua parte. 
Trata-se de verdadeira “lei internacional” e se manifesta em vários seguimentos da vida internacional.
Pessoas Internacionais: A Personalidade Jurídica Na Tradição Internacionalista
Os sujeitos do direito internacional público vêm mudando através dos tempos. Na Roma antiga, o direito das gentes dirigia-se mais aos indivíduos do que
ao Estado, já que se destinava, notadamente, a regular a entrada e a permanência de estrangeiros em um dado território.
No final da Idade Média, com o ressurgimento do comércio, a relevância do corpo político no plano internacional aumenta, consolidando-se na Idade Moderna o monopólio do Estado. No século XX, “o homem volta a ter direitos e deveres perante a ordem internacional. As organizações internacionais entram nos campos jurídicos como um dos principais e mais atuantes sujeitos de direito”. MELLO (1992, p.297). Na ausência de determinação legal internacional acerca dos sujeitos do DIP, a doutrina contemporânea diverge. No entanto, a forte e longa tradição estatal e o peso das organizações internacionais, formadas e dirigidas pelos Estados, impelem à ampla aceitação de sua personalidade jurídica. 
Organizações Internacionais: Personalidade Jurídica
As organizações internacionais são criadas por tratados ou convenções, que geralmente estabelecem sua organização e finalidades. São constituídas por sujeitos de direito internacional público.
 Estados ou organizações internacionais que recebem o status jurídico de membros quando nelas ingressam.
Além dos membros ordinários, certas organizações especializadas como ocorrem no âmbito das Nações Unidas, possuem a categoria de membros associados.
Nessa modalidade territórios coloniais ou sob tutela, que não têm personalidade internacional plena, estando por isso impedido de participar como membros ordinários. 
Os membros associados podem participar das decisões nas assembleias ou conferências, apresentar propostas nos comitês regionais, mas não podem ser eleitos para os órgãos centrais.
A composição das organizações internacionais não permanece inalterada ao longo do tempo. Estados que originariamente foram signatários do tratado constitutivo poderão desligar-se da organização, assim como Estados que dela não faziam parte poderão vir a tornarem-se membros.
Possuem personalidade jurídica internacional distinta da dos seus membros, ou seja, elas podem contrair direitos e obrigações, celebrar tratados ou praticar quaisquer atos necessários para a realização dos fins que motivaram a sua criação. A personalidade jurídica é adquirida no instante em que a organização começa efetivamente a funcionar.
 Apesar de terem um perfil institucional variado, as organizações internacionais são dotadas de órgãos permanentes encarregados de realizar os objetivos que constam do tratado constitutivo.
Visam proporcionar a formação da vontade coletiva da organização, que se distingue no plano jurídico da de seus membros individualmente considerados. Contêm, via de regra, um órgão executivo no qual apenas alguns Estados estão representados, a Assembleia Geral, que admite a participação de todos os membros e o Secretariado, que cuida dos assuntos administrativos da organização. 
É possível a criação de órgãos subsidiários, que não foram originariamente previstos, para atender a exigências novas que desafiam a imaginação criadora e a capacidade administrativa dos seus membros. 
A existência de órgãos criados para o atendimento de fins específicos confere-lhe estabilidade e permanência, pois eles estão em condições de exercer os seus poderes, ainda que este fato não venha a acontecer.
As organizações internacionais são responsáveis pelos atos que praticam. A responsabilidade em causa existe não apenas perante os demais sujeitos internacionais, mas também em relação aos seus próprios funcionários.
Os Estados-membros deverão efetuar o pagamento de eventuais indenizações a que for condenada a organização.
 Não se costuma aceitar o direito de retirada dos membros das organizações internacionais por tempo indeterminado.
Este direito existirá somente se o tratado constitutivo assim admitir. Nas organizações internacionais por tempo determinado, o tratado institutivo pode prever tal direito sem estabelecer o prazo para que a denúncia produza o seu efeito, como acontece com o tratado que criou o FMI.
Em outros casos, é lícito estabelecer que a denúncia somente produzirá efeitos após haver decorrido certo prazo de entrada em vigor do tratado.
As organizações internacionais atuam de diversas maneiras para realizar os seus objetivos. Desenvolvem uma atividade compostos por atos materiais e jurídicos que se encontram unificados pela existência de um fim comum.
Os atos jurídicos das organizações internacionais, assim entendidos os que se destinam a criar direitos e obrigações internacionais, podem ser classificados segundo vários critérios.
De acordo com o papel representado pela vontade em sua formação, classificam-se em unilaterais e contratuais ou convencionais. Estes últimos requerem a participação de sujeitos distintos da organização.É o que acontece com os contratos celebrados com agentes internacionais para a prestação de serviços, que são regulados pelo direito interno de cada organização. Já os contratos concluídos para aquisição de mobiliário ou construção de edifícios são, em princípio, regulados pelo direito dos Estados em que foram celebrados.
Conforme a sua estrutura os atos podem ser simples ou complexos. Enquanto os atos simples contêm a participação de apenas um órgão, os atos complexos exigem a presença de declarações de vontade de dois ou mais órgãos. A admissão de um Estado membro na ONU é da competência da Assembleia Geral, mas somente pode ser efetuada por recomendação do Conselho de Segurança.
 A decisão da Assembleia Geral necessita, como requisito prévio para a sua validade, da manifestação do Conselho de Segurança recomendando a admissão do Estado postulante. A análise a seguir concentrar-se-á nos atos unilaterais das organizações internacionais devido ao seu especial significado para a vida internacional.
O Estado: Dimensão Pessoal e Territorial 
Os Estados são os sujeitos por excelência do direito internacional público.
Eles ainda conformam, neste momento da história, o coração de tal sistema de normas, independentemente de sua organização interna. 
 A soberania e a independência – ou interdependência – dos Estados continuam consistindo nos principais pressupostos do DIP.
Segundo DUPUYS Pierre Marie, as capacidades internacionais dos Estados estão divididas em cinco categorias fundamentais:
a) capacidade de produzir atos jurídicos internacionais;
b) capacidade de verem-se imputados fatos ilícitos internacionais;
c) capacidade de acesso aos procedimentos contenciosos internacionais (diplomáticos ou jurisdicionais); 
 d) capacidade de tornarem-se membros e de participarem plenamente da vida das organizações internacionais intergovernamentais;
e) capacidade de estabelecer relações diplomáticas com outros Estados.
Outra capacidade, segundo SOARES Guido, seria a de “exercer, frente a outros Estados, efetiva e legítima proteção a pessoas físicas e jurídicas que os Estados consideram como seus nacionais”.
Essa noção de cidadania é própria dos Estados-nação, inexistindo nas organizações internacionais, nas quais a relação com seu capital humano ocorre mediante o vínculo funcional. 
Por outro lado, entre os deveres internacionais dos Estados encontram-se:
a) não ingerência nos negócios internos de outros Estados;
b) estabelecimento de restrições a atividades que importam utilização imoderada dos respectivos territórios e; 
c) exercício da competência sobre pessoas e bens sob sua jurisdição .[14: Ibid., p.146. Mello entende que, à semelhança dos indivíduos, os Estados possuiriam direitos naturais e inatos, pelo simples fato de existirem. Op. cit. (nota 3), p.355. Nesse sentido, a Carta da Organização dos Estados Americanos (OEA), em seu capítulo IV, dispõe que são direitos e deveres fundamentais dos Estados a igualdade jurídica (art. 9º), a existência política independente do reconhecimento (art. 12), o direito de proteger e desenvolver a sua existência (art. 14), o direito de exercer a jurisdição no seu território (art. 15), o direito ao desenvolvimento cultural, político e econômico (art. 16), a inviolabilidade do território (art. 20) e a legítima defesa (art. 21).]
O principal sujeito do DIP deve reunir três elementos indispensáveis: população, território, mesmo se questionado, e governo efetivo, estável e soberano. MELLO (1992, p. 146).
A população, como conjunto das pessoas que habitam um Estado, não se confunde com o povo, formado pelos cidadãos, natos ou naturalizados, habitantes ou não do Estado do qual são nacionais.
 Estes detêm capacidade de participar das decisões políticas, enquanto o conceito de população vincula-se a um caráter demográfico, podendo incluir estrangeiros, todavia para o autor supra, preleciona :[15: Apud ibid, p.291.]
Convenção Pan-americana sobre Deveres e Direitos dos Estados, assinada em Montevidéu em 1933 e incorporada ao ordenamento brasileiro por meio do Decreto 1.570/37, estabelece que o Estado, como pessoa de Direito Internacional, deve reunir os seguintes requisitos: a) população permanente; b) território determinado; c) Governo; e d) capacidade de entrar em relações com os demais Estados. Este último requisito, contudo, parece mais consequência da condição de Estado do que seu elemento constitutivo, caso se considere o reconhecimento como ato não constitutivo, mas declaratório da personalidade internacional do Estado. Weber, por sua vez, ressaltando a presença do Direito, entende que o Estado moderno se caracteriza por: a) ser uma ordem administrativa e jurídica; b) ser um aparato administrativo que é regulamentado por uma legislação; c) ter autoridade legal sobre as pessoas e atos praticados no seu território; d) possuir legitimidade no uso da força. 
 A nacionalidade, portanto, consiste em um vínculo político entre o Estado e o indivíduo, sendo este um membro da comunidade constitutiva da dimensão pessoal do Estado. Vejamos as palavras de RESEK (1991, p. 180):
Compreendem as funções de legislação, gestão e administração da justiça”. Em sentido estrito, “a jurisdição constitui o poder-dever de declarar a lei que incidiu sobre o caso concreto e aplicá-la coativa e intencionalmente. 
O território, a seu turno, é o limite material da jurisdição do Estado, compreende o território terrestre, o espaço aéreo sobrejacente e o mar territorial nas palavras de SEITENFUS e VENTURA (2203, p. 69).
O princípio da territorialidade indica que todo sujeito de direito, uma vez encontrando-se num dado território, deve respeitar as leis que ali estão em vigor. Embora existam exceções em matéria penal ou fiscal, o que confere relatividade ao princípio, não se admite a extraterritorialidade, devido aos princípios da não intervenção e da igualdade jurídica entre os Estados.
A soberania surge com o Estado moderno, que se sustenta com o nascimento das teorias absolutistas e em um cenário de urgente concentração de poder. Mesmo significando, inicialmente, um poder absoluto e perpétuo, ela deveria ter acima de si o direito natural e o direito das gentes. Com efeito, embora seja uma e indivisível, evitar a flexibilização do caráter absoluto da soberania seria negar o próprio direito internacional público. 
Assim, os autores supracitados, colocam ainda que as características da soberania são as competências – poder de ordenar todos os poderes do Estado – e a supremacia – inexistência de qualquer esfera de poder acima do Estado em território nacional e ainda “O Estado soberano é aquele que não se encontra numa situação de dependência, jurídica ou geral, em relação a outro Estado”.
Algumas classificações do termo o dividem em soberania interna, representando o monopólio da coerção legítima em certo território, e externa, que configura uma reivindicação de universalidade limitada a certo espaço geográfico.
A soberania nacional, por sua vez, resultou do processo de afirmação do Estado moderno, enquanto a soberania popular relaciona-se com a afirmação do princípio representativo. Se o direito internacional enseja uma relativização da soberania, a supranacionalidade a limita fortemente.[16: Supranacionalidade é um poder, real, autônomo, colocado a serviço de objetivos comuns a diversos Estados. ]
 Nas organizações supranacionais, os Estados-membros submetem-se a um poder que lhes é superior e representa a coletividade. Já nas organizações meramente intergovernamentais, não há limitação de soberania e os interesses individuais tendem a predominar.
Presentes estes três elementos em uma organização política população, território e governo soberano, ela pode ser reconhecida pela comunidade internacional como um Estado. Passa-se, a seguir, à análise do conceito e das características das organizações internacionais, com o fito de compreender os alcances de sua personalidade jurídica no plano internacional.
O Estado Brasileiro 
Considerado do ponto de vista jurídico,o Estado brasileiro pode ser visto sob dois aspectos diferentes. No âmbito interno, ele diversifica-se na União, estados-membros e municípios, cujas esferas de competência se encontram determinadas pela Constituição.
Trata-se de matéria de interesse eminentemente doméstico, que não repercute nas relações exteriores do país.
No plano internacional o Estado brasileiro é pessoa de direito público externo, isto é, tem capacidade para contrair direitos e obrigações perante os outros Estados e os entes privados em geral. Nas relações jurídicas que venha a estabelecer é encarado como totalidade, a despeito dos dispositivos constitucionais que preveem a forma federativa.
Traço essencial que caracteriza a existência do Estado, a soberania é o poder de declarar, em última instância, a validade do direito dentro de certo território.
Ela se traduz, ao mesmo tempo, pela supremacia sobre as pessoas e coisas no interior de dado espaço territorial, bem como pela afirmação de independência em relação a qualquer outro poder existente fora dele. Este fato provoca tanto a exclusão das demais ordens jurídicas quanto assegura a possibilidade de o Estado atuar no campo de ação que lhe é reservado.
A soberania pressupõe, como se vê, as noções de território e população. É preciso, em outras palavras, delimitar a área geográfica e o conjunto de pessoas sobre os quais ela será exercida.
O território nacional é o domínio espacial de vigência da ordem jurídica brasileira, abrangendo o solo e o subsolo, o mar territorial e o espaço aéreo. Para a delimitação do território contribuem os princípios de direito internacional público.
Já a população é constituída pelo conjunto de indivíduos, nacionais e estrangeiros, que vivem no Brasil em caráter permanente.
 A dimensão pessoal do Estado brasileiro, todavia, compreende além da população que aqui vive os nossos compatriotas no exterior. É a chamada comunidade nacional.
Estado e Nação
Durante o absolutismo monárquico a tradição era o fundamento da obrigação política.
A autoridade do rei derivava de uma regra consuetudinária consagrada pelo uso. A partir do final do século XVIII o poder dos governantes torna-se o produto da vontade popular, a qual passa a ser o critério por excelência de organização da comunidade política. 
Em consequência, a ideia de nação adquire significado político. O princípio da nacionalidade teve papel decisivo na unificação italiana e alemã e foi utilizado após a Segunda Guerra Mundial para legitimar as reivindicações de criação de novos Estados.
É esclarecedora, a propósito, a origem etimológica do termo nação. Derivado da palavra latina “natio”, de “natus”, particípio de “nascor”, designava, em princípio, a ação de nascer. 
Aplicado a coletividades, indicava os nascidos no mesmo território e, por isso, originários do país, em oposição aos alienígenas.
Somente depois das revoluções francesa e americana o termo nação será usado para designar a organização política do povo, verificando-se a identificação entre o Estado e a Nação.
No século XIX, duas correntes buscaram explicar a especificidade da nação, contrapondo-a ao mero agrupamento dos indivíduos. A primeira, de caráter objetivo, enfatiza a identidade da língua e da raça, a comunidade do território e a existência de um patrimônio cultural comum.
A segunda, de natureza subjetiva, acentua a consciência que têm os homens de formarem um grupo diferenciado dos demais. Ganha destaque o aspecto psicológico representado pelo sentimento de pertencer a dada comunidade. Ao contrário do que se passa com a corrente objetiva, a preponderância recai sobre a adesão voluntária dos indivíduos.
A compreensão de que os Estados modernos são, muitas vezes, compostos por várias nações levou o jurista a encarar a nacionalidade como vínculo entre o indivíduo e a organização estatal.
A condição de membro do Estado confere-lhe direitos e obrigações definindo o seu status jurídico.
A nacionalidade é, portanto, vínculo jurídico e político, que permite distinguir entre nacionais e estrangeiros, além de possibilitar ao Estado o exercício da competência pessoal em relação aos seus nacionais que vivem no exterior.
Nacionalidade e cidadania não se confundem. Enquanto a nacionalidade realça o elo entre o indivíduo e o Estado, a cidadania representa a titularidade dos direitos políticos.
A nacionalidade é requisito para ser cidadão, mas a perda dos direitos políticos não suprime a condição jurídica de nacional.
O estudo da nacionalidade serve para determinar as regras jurídicas aplicáveis em cada caso. Estabelece qual Estado é encarregado de efetuar a proteção diplomática, precisando quais indivíduos gozarão dos direito civis e políticos previstos pela ordem jurídica interna.
O Direito à Nacionalidade
A Convenção de Haia de 1930 conferiu aos Estados a faculdade de determinar os seus nacionais. O art. 15 da Declaração Universal dos Direitos Humanos afirma que todo homem tem direito a uma nacionalidade e que ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade nem do direito de mudar de nacionalidade.
A Convenção Americana dos Direitos do Homem acrescentou à matéria novo princípio segundo o qual toda pessoa tem direito à nacionalidade do Estado em cujo território nasceu se não tiver direito a outra.
Pode suceder que alguns indivíduos tenham mais de uma nacionalidade, fenômeno que ficou conhecido sob a denominação de polipátria.
Nesse caso, é ele reputado cidadão de qualquer dos Estados de que tenha nacionalidade. Perante os demais Estados será aceita apenas uma das nacionalidades.
O Estado do qual a pessoa seja nacional não poderá exercer a proteção diplomática contra outro Estado que a inclua entre os seus cidadãos. Na prática, a solução dos problemas de polipátria tem sido feita atribuindo-se ao indivíduo a nacionalidade do Estado em que tenha o seu domicílio. Na falta de domicílio ou residência em algum dos Estados que lhe concedeu nacionalidade, prevalecerá a nacionalidade do Estado que constar dos seus documentos.
Nacionalidade
A nacionalidade pode ser adquirida de diversos modos. É comum distinguir, quanto ao tempo de sua obtenção, entre nacionalidade originária, adquirida no momento do nascimento e nacionalidade derivada ou secundária.
A nacionalidade originária materializa-se por meio de dois critérios que incidem no momento do nascimento: o “ius soli” – aquisição da nacionalidade do país em que se nasce e o “ius sanguinis” – aquisição da nacionalidade dos pais à época do nascimento.
“O ius soli” considera o local do nascimento o principal fator para a outorga da nacionalidade. Assim, por exemplo, o nascimento na Argentina ou na Austrália é o critério definidor da atribuição da nacionalidade argentina ou australiana. O seu uso ocorreu entre os países de imigração que desejavam integrar os filhos dos imigrantes à nova nacionalidade e evitar o desenvolvimento de comunidades estrangeiras arredias à plena inserção à vida do país.
“O ius sanguinis” privilegia a nacionalidade dos pais como elemento dominante para a concessão da nacionalidade. Se os pais tiverem nacionalidades diferentes, o filho terá a nacionalidade do pai. 
A nacionalidade da mãe terá preferência na hipótese de filho natural ou quando desconhecido o pai.
O local do nascimento não tem qualquer relevância, pondo-se antes em evidência o significado da filiação. O “ius sanguinis” foi acolhido principalmente pelos países de emigração, que queriam preservar o vínculo entre o cidadão e o Estado de origem. Cresce, na atualidade, a tendência manifestada em favor dos sistemas que procuram combinar ambos os critérios.
A experiência internacional registra, por outro lado, vários modos de aquisição da nacionalidade derivada, assim entendida a que se adquire por fato superveniente ao nascimento.
Em certas ocasiões, raras é verdade, a outorga de nacionalidade é feita diretamente pela lei, sem que haja o assentimento expresso do interessado.
O art. 69, IV, da Constituição de 1891 dispunha que todos os estrangeiros que estivessem no Brasil

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