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CAPÍTULO 26 – Formação da Urina pelos Rins: I. Filtração Glomerular, Fluxo Sanguíneo Renal e seus Controles Múltiplas Funções dos Rins - Elimina do corpo o material indesejado que é ingerido ou produzido pelo metabolismo, além de controlar o volume e a composição dos líquido corporais. - Excretam as substâncias indesejáveis na urina, enquanto devolvem as substâncias que são necessárias ao corpo à corrente sanguínea. - Funções renais importantes: Excreção de produtos indesejáveis do metabolismo e de substâncias químicas estranhas; Regulação do balanço de água e eletrólitos; Regulação da osmolalidade dos líquidos corporais e da concentração de eletrólitos; Regulação da pressão arterial; Regulação do balanço acidobásico; Secreção, metabolismo e excreção de hormônios; Gliconeogênese. - Excreção de produtos indesejáveis do metabolismo e de substâncias químicas estranhas: os produtos indesejáveis eliminados pelos rins incluem: ureia, creatinina, ácido úrico, produtos finais da degradação da bilirrubina e metabólitos de vários hormônios; também elimina a maioria das toxinas, como pesticidas, fármacos e aditivos alimentícios. - Regulação do balanço de água e eletrólitos: para a manutenção da homeostasia, a excreção de água e eletrólitos deve ser cuidadosamente combinada com os respectivos ganhos; a capacidade dos rins de alterar a excreção de sódio em resposta às alterações na ingestão de sódio é enorme. - Regulação da pressão arterial: controle a longo prazo pela excreção de sódio e água; controle a curto prazo pela secreção de hormônios e fatores ou substâncias vasoativas (ex. renina) que levam à formação de produtos vasoativos (ex. angiotensina II). - Regulação do balanço acidobásico: pela excreção de ácidos e pela regulação dos estoques de tampões dos líquido corporais. - Regulação da produção de eritrócitos: secretam eritropoetina que estimula a produção de hemácias; a hipóxia é um estímulo importante para a secreção. - Regulação da produção da 1,25-Di-hidroxivitamina D3: produzem a forma ativa da vitamina D. - Síntese de glicose: durante jejum prolongado, os rins sintetizam glicose a partir de aminoácidos e outros precursores. Anatomia Fisiológica dos Rins Organização Geral dos Rins e do Trato Urinário - Os dois rins se situam a parede posterior do abdômen, fora da cavidade peritoneal. - O lado medial de cada rim apresenta uma região chamada hilo, por onde passam a artéria e veias renais, vasos linfáticos, suprimento nervoso e o ureter, que carreia urina até a bexiga. - O rim é revestido por cápsula fibrosa resistente que protege as estruturas internas. - A medula é dividida em oito a 10 massas de tecidos em forma de cone chamados pirâmides renais. A base de cada pirâmide se origina nos limites entre as regiões cortical e medular e termina na papila, que se projeta para o espaço da pelve renal, estrutura em formato de funil que continua com a extremidade superior do ureter. - A borda externa da pelve é dividida em estruturas chamadas cálices maiores que se dividem em cálices menores, que coletam urina dos túbulos de cada papila. Suprimento Sanguíneo Renal - A artéria renal entra no rim pelo hilo e então se divide progressivamente para formar artérias interlobares, artérias arqueadas, artérias interlobulares (radiais) e arteríolas aferentes, que terminam nos capilares glomerulares. - As extremidades distais dos capilares de cada glomérulo coalescem para formar a arteríola eferente, que forma uma segunda rede de capilares, os capilares peritubulares, que circundam os túbulos renais. - A alta pressão hidrostática nos capilares glomerulares (60 mmHg) resulta na filtração rápida de líquidos e de eletrólitos, enquanto pressão hidrostática mais baixa, os capilares peritubulares (13 mmHg), permite sua rápida reabsorção. - Pela alteração nas resistências das arteríolas aferente e eferente os rins controlam as pressões hidrostáticas nesses dois leitos capilares, alterando a taxa de filtração. - Os capilares peritubulares se esvaziam nos vasos do sistema venoso, que progressivamente formam a veia interlobular, veia arqueada, veia interlobar e veia renal. O Néfron é a Unidade Funcional do Rim - Cada néfron contém (1) grupo de capilares glomerulares chamado glomérulo e (2) longo túbulo, no qual o líquido filtrado é convertido em urina. - Os capilares glomerulares são recobertos por células epiteliais, e todo o glomérulo é envolvido pela cápsula de Bowman. - O líquido filtrado dos capilares glomerulares flui para o interior da cápsula de Bowman e daí para o interior do túbulo proximal que se situa na zona cortical renal. - A partir do túbulo proximal, o líquido flui para o interior da alça de Henle, que mergulha no interior da medula renal. Cada alça consiste em ramos descendente e ascendente. As paredes do ramo descendente e da parte inferior do ramo ascendente são muito delgadas e, portanto, são denominadas segmento delgado da alça de Henle. Após a parte ascendente ter retornado parcialmente ao córtex, as paredes ficam mais espessas e são denominadas segmento espesso do ramo ascendente. - No final do ramo ascendente espesso há um segmento que tem em sua parede placa de células epiteliais especializadas, conhecidas como mácula densa, a qual possui um papel importante no controle da função do néfron. - Depois da mácula densa, o líquido entre no túbulo distal que se situa no córtex renal; este é seguido pelo túbulo conector e o túbulo coletor cortical, que levam ao ducto coletor cortical. - Oito a 10 ductos coletores corticais se unem para formar o único ducto coletor maior que se dirige para a medula e forma o ducto coletor medular; os ductos coletores se unem para formar ductos progressivamente maiores que se esvaziam na pelve renal, pelas extremidades das papilas renais. - Os néfrons que têm os glomérulos localizados na zona cortical externa são chamados de néfrons corticais; eles têm alças de Henle curtas que penetram apenas em pequena extensão no interior da medula. - Cerca de 20% a 30% dos néfrons têm glomérulos mais profundos no córtex renal, perto da medula, e são chamados de néfrons justamedulares; suas longas alças de Henle mergulham profundamente no interior da medula, em direção às papilas renais. - Para os néfrons corticais, todo o sistema tubular é envolvido por extensa malha de capilares peritubulares. - Para os néfrons justamedulares, longas arteríolas eferentes se estendem dos glomérulos para a região externa da medula e, então, se dividem em capilares peritubulares especializados, denominados vasa recta, que se estendem para a medula, acompanhando paralelamente as alças de Henle. Assim como a alça, os vasa recta retornam para a zona cortical e se esvaziam nas veias corticais. Micção - Processo pelo qual a bexiga se esvazia quando fica cheia. - Envolve duas etapas: primeiro a bexiga se enche até que a tensão em sua parede atinja nível limiar; isso gera o segundo passo, o reflexo de micção, que embora seja um reflexo autônomo da medula espinhal, pode ser inibido ou facilitado por centros do córtex ou tronco cerebrais. Anatomia Fisiológica da Bexiga - A bexiga é composta por duas partes: (1) o corpo, a maior parte e onde a urina é armazenada e (2) o colo, parte do corpo afunilado que passa inferiormente ao triângulo urogenital e conectando-se com a uretra. - A contração do músculo detrusor é a etapa principal no esvaziamento da bexiga. - Na parede posterior da bexiga, acima do colo, existe uma pequena área triangular chamada trígono. No ápice do trígono, o colo se abre na uretra posteriore nos ângulos mais superiores do trígono os dois ureteres entram na bexiga. - A mucosa do trígono é lisa, em contraste com o restante da mucosa vesical que é pregueada, formando rugas. - O músculo detrusor na região do colo vesical (uretra posterior) é chamado de esfíncter interno. Seu tônus mantém o colo vesical e a uretra posterior vazios até o limiar crítico. - A uretra também passa pelo diafragma urogenital que contém esfíncter externo da bexiga, um músculo esquelético voluntário. Inervação da Bexiga - O principal suprimento nervoso é pelos nervos pélvicos que se conectam à medula espinhal pelo plexo sacro, principalmente aos segmentos S2 e S3. - Os nervos pélvicos possuem fibras sensoriais e motoras. As sensoriais detectam o grau de distensão vesical, iniciando o reflexo de micção. As fibras motoras pertencem ao parassimpático. - Também há as fibras motoras esqueléticas no nervo pudendo que inervam o esfíncter externo da bexiga, de caráter consciente. - Há inervação simpática pelos nervos hipogástricos, conectados com o segmento L2. Essas fibras estimulam os vasos sanguíneos, além de serem importantes para a sensação de plenitude e dor. Transporte da Urina do Rim à Bexiga pelos Ureteres - O fluxo da urina dos ductos coletores para o interior dos cálices renais os distende e aumenta sua inerente atividade marca-passo. Com isso, são desencadeadas contrações peristálticas que se difundem para a pelve rena e ao logo do ureter, propelindo a urina para a bexiga. A parede do ureter contém músculo liso. - Essas contrações ao longo do ureter são estimuladas pelo parassimpático e inibidas pelo simpático. - Os ureteres penetram na bexiga pelo músculo detrusor no trígono vesical. Quando a pressão intravesical aumenta, o tônus do músculo detrusor comprime os ureteres, evitando o refluxo da urina durante a micção ou compressão. - Em algumas pessoas o ureter percorre uma distância menor na parede vesical e o músculo detrusor não consegue ocluí-lo, causando refluxo vesicoureteral. A Sensação de Dor nos Ureteres e o Reflexo Ureterorrenal - Quando o ureter é obstruído (ex. cálculo ureteral), ocorrem contrações reflexas intensas associadas à dor muito intensa. Os impulsos dolorosos também ativam o simpático no rim, causando constrição das arteríolas para diminuir a produção de urina (reflexo ureterorrenal). Reflexo de Micção - Conforme a bexiga se enche, muitas contrações de micções se sobrepõem ao tônus basal, gerada pelo reflexo de estiramento iniciado pelos receptores sensoriais ao estiramento da parede vesical, principalmente da uretra posterior. - O reflexo é levado à medula espinhal e trazido de volta à bexiga pelos nervos pélvicos. - O reflexo de micção é ciclo único completo com (1) aumento rápido e progressivo da pressão, (2) período de pressão sustentada e (3) retorno da pressão ao tônus basal da bexiga. Conforme a bexiga fique mais cheia, o reflexo passa a ocorrer com maior frequência e com mais eficácia. - Quando o reflexo se torna suficiente para esvaziar a bexiga, ele produz outro reflexo para relaxar o esfíncter externo através dos nervos pudendos. Caso esse reflexo seja maior que a inibição voluntária, a micção ocorre. Facilitação ou Inibição da Micção pelo Encéfalo - O reflexo de micção pode ser inibido ou facilitado pelos centros cerebrais. - Esses centros incluem: (1) potentes centros facilitadores e inibitórios no tronco cerebral, principalmente na ponte e (2) vários centros localizados no córtex cerebral que são principalmente inibitórios, mas podem se tornar excitatórios. - Micção voluntária: o indivíduo contrai a musculatura abdominal, aumentando a pressão na bexiga e permite que mais urina entre no colo vesical e na uretra, distendendo a parede e iniciando o reflexo de micção. Ao mesmo tempo, o esfíncter uretral externo é inibido. Anormalidades da Micção Bexiga atônica e incontinência causada pela destruição das fibras nervosas sensoriais - Essa destruição impede a transmissão do reflexo de estiramento. - A bexiga se enche ao máximo, quando começa a liberar algumas gotas pela uretra (incontinência de superenchimento). - Causa comum de bexiga atônica é a lesão por esmagamento na região sacral da medula espinhal. A sífilis também pode causar lesão das raízes dorsais, condição chamada de tabes dorsalis. Bexiga automática causada pela lesão da medula espinhal acima da região sacral - Os segmentos sacrais continuam intacto e o reflexo de micção pode ocorrer. - No início o reflexo é suprimido pelo estado de “choque espinhal” causado pela perda súbita dos impulsos facilitadores, provenientes do tronco cerebral e encéfalo. - Com o tempo, a excitabilidade do reflexo retorna; então, o esvaziamento vesical periódico (não anunciado) ocorre. Bexiga neurogênica não inibida causada pela perda dos sinais inibitórios do encéfalo - Se origina na lesão parcial da medula espinhal ou do tronco cerebral que interrompe a maior parte dos sinais inibitórios. Contudo, os impulsos facilitadores ainda continuam, promovendo micções frequentes. A Formação da Urina Resulta da Filtração Glomerular, Reabsorção Tubular e Secreção Tubular - A intensidade da excreção de determinada substância depende de: (1) filtração glomerular, (2) reabsorção nos túbulos renais e (3) secreção nos túbulos renais. - Intensidade = filtração – reabsorção + secreção. - Grande quantidade de líquido quase sem proteínas é filtrado para o interior da cápsula de Bowman. Esse filtrado é modificado no túbulo pela reabsorção de água e alguns solutos (para os capilares peritubulares) ou pela secreção de substâncias dos capilares para os túbulos. Filtração, Reabsorção e Secreção de Diferentes Substâncias - Em geral, a reabsorção tubular é mais importante que a secreção, mas a secreção é importante para algumas substâncias, como potássio e hidrogênio. - Substâncias indesejáveis, como ureia, creatinina, ácido úrico e uratos são poucos reabsorvidas. - Eletrólitos como os íons sódio, cloreto e bicarbonato são muito reabsorvidos, aparecendo na urina em pequena quantidade. - Substâncias nutricionais, como glicose e aminoácidos, são completamente reabsorvidos. - A filtração glomerular (FG), a reabsorção tubular e a secreção tubular são regulados de acordo com as necessidades corporais. - As intensidades de filtração e reabsorção são extremamentes altas em relação às de excreção, na maioria dos casos. Um aumento de 10% da FG, sem uma adequação da reabsorção, elevaria o volume urinário por 13 vezes. - A alta FG permite que os rins removam rapidamente os produtos indesejáveis do corpo, além de filtrar e processar todos os líquidos corporais, muitas vezes diariamente. Como o volume plasmático é de 3 litros e a FG é de 180 L/dia, todo o plasma pode ser processado e filtrado 60 vezes diariamente. Filtração Glomerular – A Primeira Etapa da Formação da Urina Composição do Filtrado Glomerular - O líquido filtrado dos capilares glomerulares é essencialmente livre de proteínas e de elementos celulares. - A concentração de sais e moléculas orgânicas são similares às concentrações do plasma. Exceções incluem o cálcio e ácidos graxos, que estão em parte ligados a proteínas plasmáticas (essa parte não é filtrada). A FG Corresponde a Cerca de 20% do Fluxo Plasmático Renal - A FG é determinada pelo (1) balanço das forças hidrostáticas e coloidosmóticas e (2) o coeficiente de filtração capilar (Kf), o produto da permeabilidade e da área de superfície de filtração dos capilares. - A filtração é elevada devido à altapressão hidrostática glomerular e ao alto Kf. - A FG é cerca de 125 ml/min ou 180 L/dia. A fração de filtração é 0,2 (20% do plasma que flui pelos rins é filtrado pelos capilares glomerulares). Fração de filtração = FG / Fluxo plasmático renal Membrana Capilar Glomerular - É formada por três camada: (1) o endotélio capilar; (2) a membrana basal e (3) camada de células epiteliais (podócitos), externamente à membrana basal. - O endotélio capilar é rico em fenestrações. Apesar das fenestra, as células endoteliais, assim como a membrana basal e os podócitos, são ricos em carga negativa, impedindo a passagem de proteínas. - A membrana basal possui espaços para filtrar água e solutos. - Os podócitos são separados por lacunas (fendas de filtração), pelas quais o filtrado glomerular se desloca. - A seletividade da filtração glomerular se baseia no tamanho e na carga elétrica das moléculas. Quanto menor for a molécula e mais positiva sua carga elétrica, maior será sua filtração. - Em doenças renais (nefropatia com alteração mínima), as cargas elétricas negativas das membranas basais são perdidas e proteínas, como a albumina, são filtradas. Determinantes da FG - A pressão efetiva de filtração reflete as somas das forças hidrostáticas e coloidosmóticas que favorecem ou diminuem a filtração glomerular. - Forças favoráveis à filtração (mmHg): o Pressão hidrostática glomerular (Pg) – 60 o Pressão coloidosmótica na cápsula de Bowman (πb) – 0 - Forças que se opõem à filtração (mmHg): o Pressão hidrostática na cápsula de Bowman (Pb) – 18 o Pressão coloidosmótica glomerular (πg) – 32 FG = Kf x Pressão líquida de filtração FG = Kf x (Pg – Pb – πg + πb) Pressão efetiva de filtração = 60 – 18 – 32 = 10 mmHg O Aumento no Coeficiente de Filtração Capilar Glomerular Eleva a FG - Como o FG é 125 ml/min e a pressão efetiva de filtração 10 mmHg, o Kf é aproximadamente 12,5 (400 vezes mais alto que a maioria dos outros capilares). - DIA e HA reduzem o Kf pelo aumento da espessura da membrana capilar e pela lesão dos capilares. A Pressão Hidrostática Aumentada na Cápsula de Bowman Diminui a FG - A obstrução urinária, como pela precipitação de cálcio ou ácido úrico, aumenta a pressão hidrostática na cápsula de Bowman, reduzindo a FG e eventualmente pode causar hidronefrose (distensão e dilatação da pelve renal e dos cálices) e lesar o rim. A Pressão Coloidosmótica Capilar Aumentada Reduz a FG - Quando o sangue passa dos capilares glomerulares para as arteríolas eferentes, a concentração de proteínas plasmáticas aumenta 20%, pois um quinto do sangue glomerular é filtrado. - Dois fatores influenciam a pressão coloidosmóstica dos capilares glomerulares: (1) a pressão coloidosmótica no plasma arterial e (2) a fração de plasma filtrada pelos capilares glomerulares. Aumentando a pressão coloidosmótica arterial, eleva-se a pressão coloidosmóstica glomerular e reduz a FG. - Aumentando-se a fração de filtração também se concentram as proteínas plasmáticas e se eleva a pressão coloidosmótica glomerular. - A fração de filtração pode ser aumentada pelo aumento do FG ou pela redução do fluxo plasmático renal. - Uma diminuição do fluxo plasmático renal sem alteração inicial da FG, aumentaria a pressão coloidosmótica nos capilares glomerulares e acabaria por reduzir a FG. Um aumento do fluxo plasmático renal sem alteração inicial da FG, diminuiria a pressão coloidosmótica nos capilares glomerulares e acabaria por aumentar a FG - Dessa forma, mesmo com pressão hidrostática glomerular constante, um aumento no fluxo sanguíneo renal tende a aumentar a FG e uma diminuição de fluxo tende a diminuir a FG. A Pressão Hidrostática Glomerular Aumentada Eleva a FG - Variações da pressão hidrostática glomerular servem como modo primário para a regulação fisiológica da FG. - Ela é determinada por: (1) pressão arterial (2) resistência arteriolar aferente e (3) resistência arteriolar eferente. - O aumento da pressão arterial tende a elevar a pressão hidrostática glomerular e, portanto, aumentar a FG. - A resistência aumentada das arteríolas aferentes reduz a pressão hidrostática glomerular e diminui a FG. - A constrição das arteríolas eferentes aumenta a pressão hidrostática glomerular, e, enquanto o aumento da resistência eferente não reduzir o fluxo sanguíneo renal, a FG se elevará discretamente. Como essa constrição reduz o FS renal, a fração de filtração e a pressão coloisdosmótica glomerular aumentam. Portanto, se a constrição é grave (3x o normal), a elevação da pressão coloidosmótica excede o aumento da hidrostática, diminuindo a força efetiva de filtração, causando redução da FG. - Resumindo o item anterior: constrição eferente moderada eleva a FG, mas constrição eferente grave tende a reduzir a FG. Fluxo Sanguíneo Renal - O FS para ambos os rins é de cerca de 1.100 mL/min ou 22% do débito cardíaco. - O FS elevado excede a necessidade renal. O motivo dele ser tão elevado visa suprir plasma suficiente para se ter altas taxas de FG, necessária para regular o volumes dos líquidos corporais e a concentração de solutos. Fluxo Sanguíneo Renal e Consumo de Oxigênio - Grande fração do oxigênio consumido pelos rins está relacionada à alta intensidade de reabsorção ativa de sódio, ou seja, o consumo de oxigênio renal varia proporcionalmente à reabsorção de sódio nos túbulos renais. Determinantes do Fluxo Sanguíneo Renal - O FS renal é determinado pela diferença entre as pressões hidrostáticas na artéria renal e veia renal, dividido pela resistência vascular renal total. - A pressão na artéria renal é igual à pressão arterial sistêmica, e a pressão na veia renal é, em média, de 3 a 4 mmHg. - A maior parte da resistência vascular renal reside nas artérias interlobulares, arteríolas aferentes e arteríolas eferentes, sendo controladas pelo simpático, por hormônios e por mecanismos de controle local. - Um aumento na resistência reduz o FS, enquanto que a diminuição, aumenta o FS. O Fluxo Sanguíneo nos Vasa Recta da Medula Renal É Muito Baixo, Comparado ao Fluxo no Córtex Renal - O córtex renal recebe a maior parte do FS renal. - O FS para medula renal corresponde a 1% a 2% do total, sendo suprida pelos capilares peritubulares (vasa recta). Esses vasos são paralelos às alças de Henle. Controle Fisiológico da Filtração Glomerular e do Fluxo Sanguíneo Renal Ativação do Sistema Nervoso Simpático Diminui a FG - A forte ativação simpática pode produzir constrição das arteríolas renais e diminuir o fluxo sanguíneo renal e a FG. Controle Hormonal e Autacoide da Circulação Renal - Norepinefrina, epinefrina e endotelina provocam constrição dos vasos sanguíneos renais e diminuem a FG. - A angiotensina II preferencialmente provoca constrição das arteríolas eferentes, havendo poucos receptores para ela nas arteríolas aferentes. o Está aumentada quando há diminuição da pressão arterial ou depleção de volume. o Evita a queda da pressão hidrostática glomerular e diminui o fluxo sanguíneo renal, o que contribui para o fluxo reduzido nos capilares peritubulares, aumentando a reabsorção de sódio e água. - O óxido nítrico derivado do endotélio diminui a resistência vascular renal e aumenta a FG. Em hipertensos, o dano ao endotélio e produção reduzida de óxido nítrico, contribui para vasoconstrição renal, elevando a pressão sanguínea. - Prostaglandinas (PGE2 e PGI2) e bradicininas tendem a aumentar a FG por causar vasodilatação. Autorregulação da FG e Fluxo Sanguíneo Renal - Mecanismos de feedback intrínsecosdos rins mantém o fluxo sanguíneo renal e a FG constantes, mesmo com alterações da pressão sanguínea arterial (autorregulação). - A principal função da autorregulação renal é manter a FG relativamente constante e permitir o controle preciso da excreção renal de água e solutos. A Importância da Autorregulação da FG, na Prevenção de Alterações Extremas da Excreção Renal - Normalmente a FG é 180 L/dia e a reabsorção tubular 178,5 L/dia, deixando 1,5L para ser excretado na urina. - As variações da pressão arterial costumam exercer pouco efeito sobre o volume de urina por dois motivos: (1) a autorregulação renal evita alterações na FG e (2) mecanismos dos túbulos renais que permitem aumentar a reabsorção quando a FG se eleva muito, fenômeno denominado balanço glomerulotubular. - Mesmo com esses mecanismos, variações da pressão arterial têm efeitos significativos na excreção renal e água e sódio; conhecido como diurese pressórica ou natriuse pressórica. Papel do Feedback Tubuloglomerular na Autorregulação da FG - Para fazer a autorregulação, os rins têm mecanismos de feedback que relaciona as mudanças na concentração de cloreto de sódio na mácula densa com o controle da resistência arteriolar renal. Ele garante fornecimento constante de cloreto de sódio ao túbulo distal e ajuda a prevenir flutuações na excreção renal. - Esse mecanismo possui dois componentes que controlam a FG: (1) mecanismo de feedback arteriolar aferente e (2) mecanismo de feedback arteriolar eferente. Esses mecanismos dependem da posição anatômica do complexo justaglomerular. - O complexo justaglomerular consiste de células da mácula densa na parte inicial do túbulo distal e de células justaglomerulares nas paredes das arteríolas aferentes. - A diminuição da concentração de cloreto de sódio na mácula densa causa dilatação das arteríolas aferentes (eleva a pressão hidrostática glomerular e ajuda a retornar a FG ao normal) e aumento da liberação de renina pelas células justaglomerulares (a angiotensina II formada posteriormente contrai as arteríolas eferentes, aumentando a pressão hidrostática glomerular e auxilia no retorno da FG). - Uso de IECA e de antagonistas dos receptores de angiotensina II para tratar hipertensos com estenose da artéria renal pode causar grave diminuição da FG e até insuficiência renal aguda. Autorregulação Miogênica do Fluxo Sanguíneo Renal e FG - A capacidade dos vasos sanguíneos individuais resistirem ao estiramento, durante aumento da pressão arterial, fenômeno conhecido como mecanismo miogênico contribui para a manter o FS renal e a FG relativamente constantes. - Esse mecanismo também é importante para diminuir as lesões induzidas por hipertensão. As arteríolas se contraem e atenuam a transmissão da pressão arterial elevada para os capilares glomerulares. Outros Fatores que Aumentam o Fluxo Sanguíneo Renal e a FG: Alta Ingestão Proteica e Glicose Sanguínea Aumentada - Refeição rica em proteínas aumenta a liberação de aminoácidos para o sangue, reabsorvidos nos túbulos renais proximais junto com o sódio. Como há mais aminoácidos, mais sódio será reabsorvido, diminuindo a concentração de cloreto de sódio nas células da mácula densa. Essa diminuição causa uma dilatação das arteríolas aferentes, aumentando o FS renal e a FG pelo mecanismo tubuloglomerular. Esse mecanismo mantém a excreção de sódio normal e aumenta a de produtos indesejáveis, como ureia. - O mesmo mecanismo descrito anteriormente ocorre com o excesso de glicose, que é reabsorvida no túbulo proximal junto com o sódio. - O mecanismo de feedback tubuloglomerular não busca deixar o FS e a FG constantes, mas sim manter a concentração de cloreto de sódio nas células da mácula densa. - Quando a concentração de cloreto e sódio aumenta devido à danificação dos túbulos proximais, uma das respostas compensatória é a vasoconstrição renal. Leonardo F. R. Isquerdo
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