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REVISÃO DE TEORIA GERAL DO PROCESSO - I UNIDADE

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1ª REVISÃO DE TEORIA GERAL DO PROCESSO 
 
Jasmine Lira Alheiros Dias 
 
PONTO 1: INTRODUÇÃO À TGP 
A teoria geral do processo não se aprofunda em nenhum ramo do direito processual, mas 
foca em institutos básicos da Ciência processual. Vai englobar toda a fundamentação 
processual, não uma em específico. 
Divisão do direito - o que vai distinguir fundamentalmente direito material e direito 
processual é que este cuida das relações dos sujeitos processuais, da posição de cada uma das 
partes no processo, da forma de se proceder em juízo. 
A metodologia utilizada pela TGP é uma dialética entre a teoria empírica e a racional: 
une a observação dos fatos do direito positivo com a razão. OBS: o estudo da TGP não engloba 
como objeto de estudo outros modelos de processo senão o processo jurisdicional. 
São três os institutos fundamentais da TGP: ação, processo e jurisdição. A ação é o 
direito de provocar o Estado para a solução de conflitos; o processo é a união dos sujeitos na 
busca de solucionar os conflitos; a jurisdição é quando o Estado age e soluciona as questões. 
 
PONTO 2: PROPEDÊUTICA PROCESSUAL 
DIREITO COMO REGULADOR SOCIAL 
A TGP vai estudar formas de dissolução de conflitos na sociedade. A sociedade, como 
sabido, precisa do direito para a manutenção da ordem social. O homem possui necessidade 
(estado de carência, de desequilíbrio) por um bem (elemento de valor) que, por sua vez, possui 
utilidade (capacidade de um bem de satisfazer a necessidade). O interesse envolve juízo 
valorativo. Como os bens alvos de interesse dos homens são escassos no mundo, o conflito vai 
surgir. O conflito é intrasubjetivo quando ocorre conflitos de interesses de uma pessoa só (é 
um conflito interno, não externado). O conflito intersubjetivo é que interessa para o ramo 
processual porque é menos abstrato. É chamado LIDE o conflito que envolve choque de 
interesses entre indivíduos: há a pretensão de um dos interessados e a resistência de outro. Na 
LIDE, há uma pretensão e uma resistência, portanto. 
Esses conflitos são nocivos para a sociedade porque podem gerar o caos social, 
comprometendo a paz. As formas de dissolução de conflito são três: autotutela, 
autocomposição e heterocomposição. 
A primeira, autotutela, é a mais rudimentar. Nos primórdios, quando não existia Estado, 
ou quando ele não era suficientemente forte para superar os ímpetos individualistas, a 
autotutela era amplamente usada. É a defesa própria. A resolução do conflito, nesse caso, dá-
se pela imposição da vontade do mais forte, o que não garante a justiça. Atualmente, com o 
Estado consolidado, a autotutela é aceita (mesmo com energética repulsa) em casos 
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excepcionais. Para a utilização da autotutela, necessita-se de um processo anterior para 
declarar sua licitude. São exemplos de autotutela permitidos por lei: poder estatal de executar 
prisões em flagrantes ou atos que sejam realizados em legítima defesa ou estado de 
necessidade. 
A autocomposição também era uma forma de solução possível desde os sistemas 
primitivos. No entanto, representa uma forma mais evoluída porque se caracteriza como sendo 
a solução dos conflitos por parte dos próprios litigantes, sem que haja ameaça ou uso efetivo 
da força. Essa forma é muito incentivada pelo Estado porque é mais barata e mais efetiva em 
promover a paz de fato. Exige espontaneidade. A autocomposição, segundo autores, pode ser 
unilateral (quando há renúncia por parte do atacante ou quando há submissão por parte do 
atacado) ou bilateral (quando há transação entre o atacante e o atacado). Pode ser, também, 
assistida (por mediadores: quando houver vínculo anterior entre as partes envolvidas no litígio; 
por conciliadores: quando não houver vínculo anterior entre as partes envolvidas no litígio). Por 
fim, a autocomposição pode ser perante o processo judicial (quando uma das partes entra com 
uma ação, mas chegam a um acordo no processo anterior ao da jurisdição) ou extrajudicial 
(quando há a solução sem ação). 
A heterocomposição é a forma de solução autorizada pela intervenção de um terceiro 
que age com poder de decisão. Existem duas formas dessa composição: arbitragem e o processo 
judicial. 
Processo arbitral: é quando o árbitro ou colégio arbitral é invocado para solucionar questões. 
É um processo privado e facultativo, uma via alternativa à jurisdição estatal. As partes entram 
em acordo em que se comprometem em acatarem a decisão arbitral. Mas quando isso não é 
respeitado, falta ao árbitro o poder de coerção, de execução sancionaria, para impor sua 
decisão. O processo arbitral pode sem de equidade (baseado apenas nos argumentos dos 
árbitros para tomarem a decisão) ou de direito (baseado em leis). O ponto positivo da 
arbitragem é que é um processo confidencial. 
OBS: Cabe dizer, ainda, que a arbitragem vem se afirmando gradativamente no cenário nacional 
mais recentemente. Entendeu-se, a partir das construções teóricas de Mauro Cappelletti, 
especificamente por conta de obra que versa sobre as dimensões de acesso à justiça, a 
importância da arbitragem, inclusive para o processo judicial. A terceira dimensão renovatória 
de Cappelletti inclui a arbitragem, que não veio para substituir ou competir com o Estado-juiz, 
mas como forma alternativa de solução de conflitos. Apresenta-se, assim, como uma 
possibilidade de desafogamento do Judiciário e, consequentemente, de seu fortalecimento e 
prestígio junto aos jurisdicionados, pela efetiva prestação jurisdicional. Objetiva-se, na 
verdade, uma resposta jurisdicional rápida, segura e eficaz. Tem-se, portanto, que a oferta de 
alternativas, como a arbitragem, para a resolução de conflitos abarca o objetivo de garantir o 
acesso à Justiça, que é a teleologia do Estado, que, dessa forma, deve incentivar que os 
conflitos sejam resolvidos, independentemente de isso se dar no âmbito estatal ou fora dele. 
Obs: A Lei 13.129/2015 foi um marco para a afirmação da arbitragem dentro do panorama 
brasileiro. 
 
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Processo judicial: é quando os juízes agem em substituição às partes. Quando não há a solução 
do conflito sem o processo. Uma vez vedada a autotutela, resta a possibilidade de deixar o 
Estado agir. 
 
PONTO 3: DIREITO PROCESSUAL – GENERALIDADES 
O estudo do processo em si é recente, tendo pouco mais de cem anos. A prática de 
resolução das lides, no entanto, é antiga. Havia a prática dentro da teoria, mas não havia 
autonomia da ciência processual. Esse direito processual, por meio de disposições contidas no 
próprio texto constitucional, cria e regula o exercício dos remédios jurídicos que tornam efetivo 
todo o ordenamento jurídico, em todos os seus ramos, com o objetivo de dirimir conflitos 
interindividuais, pacificando e fazendo justiça em casos concretos. Basicamente, são normas 
que regulam a forma que o Estado exerce a jurisdição e que o indivíduo entra com ações. 
Cabe menção de que toda civilização antiga tem um direito processual. Existem três que 
merecem ser citados: processo romano, processo germânico e o processo medieval. Chiovenda 
elaborou uma análise comparativa que ajuda a compreender as diferenças essenciais dos três 
modelos citados. 
Acerca do processo romano, tem-se que era bem desenvolvido e aprimorado 
tecnicamente. O juiz tinha a função de aplicar o direito material, atuar de acordo com a lei e 
a prova tinha função de fornecer o conhecimento ao juiz. O processo romano era oral, pois só 
o processo oral permite ao juiz formar sua convicção com base na observação pessoal e direta 
do material da causa. Esse processo seguia ritos que obedeciam rigorosamente os critérios de 
justiça da época. A finalidade do processo é, então, atuar a lei, cabendoao pretor tomar 
conhecimento dos fatos e submetê-los ao crivo da lei. 
O processo germânico, por sua vez, foi bastante difundido com a queda do Império 
Romano e era bem mais primitivo do que ele. Tinha a função básica de promover a paz social 
e dissolver os conflitos, a conciliação dos litigantes, inclusive mediante a reparação do dano. 
Por algum tempo, houve a aplicação concomitante dos processos romano e germânico, 
principalmente devido aos esforços empreendidos pela Igreja Católica, que era preocupada com 
a manutenção das instituições romanas, mesmo porque o direito por ela aplicado era de fundo 
romano-canônico. A prova tinha o objetivo principal de convencer o adversário de seu 
argumento e o juiz atuava para coordenar os litigantes. A função do juiz limita-se a declarar o 
que há a provar e por que meio deve ser provado. Depois disto, limita-se o juiz a assistir à 
experiência probatória e certificar-se mecanicamente do seu resultado. 
O processo medieval, por fim, tinha fundo romano-canônico e tinha como função a 
dissolução da questão central. Era considerado um campo de atuação privado. O juiz tinha por 
objetivo a definição das questões de acordo com a verdade legal. A função do juiz é tomar 
conhecimento das questões, no que se assemelhava ao romano; mas esse processo reduz a 
tarefa do juiz a uma verificação quase aritmética do concurso do número de elementos 
necessários para formar, no caso concreto, o que se chama a “verdade legal”. Tal processo não 
resulta de nenhuma lei; havendo uma construção da doutrina, ainda incipiente, que se impõe 
como meio de resolver as controvérsias. Ao contrário do processo romano, é inteiramente 
escrito, regulado por princípios opostos aos da imediação, concentração, identidade do juiz e 
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FASES DA DOUTRINA PROCESSUAL 
A partir do século XIX que a ciência processual adquiriu o status de autônoma, separada 
do direito material. Para que isso acontecesse, as concepções privatistas sobre o processo 
tiveram de ser abandonadas. Com a publicação de Oskar von Bullow, o processo é despido de 
caracteres privatistas e ganha feição publicista. Então, enquanto a ação era vista como direito 
privado, não se pensava na autonomia da ação, como direito em si mesmo. Windscheid e 
Muther, Wach, Chiovenda, Oskar von Bullow – contribuem com a construção da concepção de 
ação como direito autônomo e de natureza pública. 
Obs: o que distingue fundamentalmente direito material e direito processual é que este cuida 
das relações dos sujeitos processuais, da posição de cada um deles no processo, da forma de se 
proceder aos atos deste. 
Por muito tempo, assim, o processo foi encarado apenas de forma prática, sem haver o 
estudo aprofundado de uma teoria do processo. O desenvolvimento do estudo do processo 
ocorreu da seguinte forma: 
Primeiramente, a Fase Primitiva – representa a inexistência de verdadeira doutrina 
processual. A Escola Judicialista foi a segunda, tendo nascido na Bolonha, e começou a discutir 
a visão do julgador. O Praxismo, que surgiu na Espanha, se destacou como a terceira, 
empreendendo estudos com a prática do processo – conjunto de recomendações práticas sobre 
o modo de proceder em juízo. O Procedimentalismo ocorreu em decorrência da Revolução 
Francesa e vai estudar o processo tendo em vista o modo como a lei o regula, nada muito 
teórico. Depois dessas tendências, tem-se o desenrolar de um estudo de processo de forma mais 
substancial. Três fases do desenrolar desse estudo merecem especial destaque: 
a) Processualismo Científico: tem início com Oskar von Bullow e é um marco da 
elaboração do direito processual como “sistema de princípios”. O nascer de uma 
concepção em que o processo é uma relação jurídica construída a partir dos direitos 
e obrigações do juiz e das partes. Bullow traz a concepção de autonomia científica 
para o ramo processual, assim como se tem nos ramos do direito material. Ele prega 
que o processo é uma relação jurídica pública que vincula o Estado e que avança 
gradualmente, desenvolvendo-se passo a passo. Existem dois inegáveis triunfos em 
relação à teoria de Bullow: haver buscado uma explicação publicista para a natureza 
jurídica do processo, mercê da qual as interpretações privatistas, quer dizer, as que 
o imaginaram como contrato ou quase-contrato, ficaram definitivamente superadas; 
haver provocado um movimento científico-processual de envergadura, magnitude e 
brilhantismo inigualáveis, que, ao irradiar-se primeiro para a Itália e depois para 
outros países, deu uma completa renovação dessa disciplina no mundo. Contudo, no 
processualismo científico, se acreditava que o processo era um fim em si mesmo; 
b) Fase Instrumentalista: é a fase que teve como renome Mauro Cappelletti (Acesso à 
Justiça) e vai passar a analisar o processo de um panorama externo, examinando o 
seu caráter prático e se preocupando com a satisfação do “consumidor” do processo. 
Tem forte potencial reformista; 
c) Fase Utilitarista: é a atual fase da doutrina processual. Evolução em busca de um 
“processo de resultados”. Implementação das reformas na legislação processual; na 
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estrutura do Judiciário; na mentalidade dos operadores; na conduta dos 
jurisdicionados. 
IMPORTANTE!!!! Para que a autonomia científica do processo fosse conquistada (o que ocorreu 
partir da segunda metade do século XIX), foram necessários, especialmente, dois elementos: a 
ideia de relação jurídica de cunho publicista- Bullow e a ideia de autonomia do direito de ação- 
Wach. 
Obs: a publicização do processo ocorreu porque perceberam que a principal função do processo 
não é a tutela de interesses individuais, mas a atuação do direito objetivo, o resguardo da paz 
social através da solução do conflito de interesses. 
A fase instrumentalista, como notório, teve forte potencial reformista – foi a fase em 
que Mauro Cappelletti é inserido. Supera-se o tecnicismo exacerbado. A preocupação com os 
resultados práticos do processo, o “olhar o processo externamente” levando em conta a visão 
a visão dos consumidores do processo foi algo amplamente enfatizado nessa fase. 
 A fase utilitarista sucedeu a instrumentalista e também teve sua importância. Agora, 
não apenas se busca uma efetividade analisando simplesmente o processo (ou seja, o processo 
útil em si mesmo). O entendimento é no sentido de que a prestação jurisdicional deve ser útil 
em seus fins, dessa forma não basta que o processo seja analisado por uma ótica 
instrumentalista. Para efetivar-se a prestação, a legislação deve proporcionar mecanismos que 
auxiliem na celeridade do processo ao mesmo tempo em que deve ser instrumental. Também 
cabe ao magistrado um papel de importância fundamental, qual seja, utilizar-se de técnicas 
adequadas para a satisfação do direito material. 
 
 
PONTO 4: INSTRUMENTALIDADE E EFETIVIDADE DO PROCESSO 
“O processo é instrumento do direito material. Todavia, o direito como um todo é instrumento 
do homem.”. José Albuquerque Rocha 
 
Já foi explicitado, a partir das explicações das fases instrumentalista e utilitarista da 
doutrina processual, que o processo precisa servir aos seus consumidores e oferecer resultados, 
ser útil. A evolução da teoria consolidou a preocupação com os resultados práticos e, assim, há 
o rompimento com a preocupação de uma teoria que não funciona na prática. É indispensável 
levar em consideração como os resultados chegam aos consumidores desse serviço, ou seja, a 
população destinatária. O sistema existe para agradar a população. “O processo, para ser 
grande, antes tem que ser pequeno”. Há a conscientização de que o processo é apenas um 
instrumento para a paz social. O processo é um meio!!! Não é suficiente encarar o processoa 
partir do ponto de vista dos operadores (“produtores”) do serviço processual. Tem-se que saber 
da opinião dos consumidores. 
Metas do modelo processual contemporâneo segundo a Fase Utilitarista: serventia do 
provimento jurisdicional; satisfação do jurisdicionado; utilidade do processo judicial. O 
potencial reformista desse novo modelo englobava: evolução no plano dogmático, reforma da 
legislação processual, aperfeiçoamento do Judiciário no plano estrutural e institucional. Há o 
que se chama de “ondas renovatórias” (que se baseia na obra de Ada Pellegrini): instrumentos 
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de acesso à jurisdição; ações coletivas; mudanças legislativas. As ações coletivas mencionadas 
quebram a regra do interesse na questão das ações. Os sindicatos, por exemplo, podem entrar 
com ações em nome dos trabalhadores. 
 Em suma, os objetivos do direito processual moderno serão: o aperfeiçoamento do 
modelo processual, contribuição para a evolução da dogmática processual, conscientizar 
que o processo judicial não é apenas instrumento técnico a serviço da ordem jurídica, 
mas, acima disso, um poderoso instrumento técnico destinado a servir à sociedade e ao 
Estado. 
Instrumentalidade do processo (Escopos do Processo Judicial) – Primeiramente, é 
importante dizer que nem todos os doutrinadores concordam acerca dos escopos do 
processo (Alfredo Rocco, por exemplo, tem uma visão diferente). 
1) Escopo Jurídico: atuação da vontade concreta da lei, aplicação do direito material; 
2) Escopo Político: preservação do preservação do ordenamento jurídico, conservação dos 
valores nele consagrado; 
3) Escopo Social: educação para o exercício dos próprios direitos e respeito aos direitos 
alheios, conscientização do cidadão acerca de seus direitos e deveres 
4) Escopo Magno do Processo: pacificação com justiça, reestabelecendo a paz com 
critérios de justiça. 
- Significado de Instrumentalidade do processo: corresponde à atuação do processo como 
instrumento de concretização social. 
- Funções Instrumentais do processo: sob um ponto de vista puramente jurídico, o processo 
é um instrumento a serviço da aplicação do direito material; num panorama político, o 
processo é instrumento a favor da preservação de um ordenamento jurídica vigente; no 
campo social, o processo vai conscientizar a população sobre seus direitos e deveres; no 
geral, o processo vai servir como um instrumento a serviço da pacificação social. 
OBS: Convém ressaltar que essa instrumentalidade do processo vai ter aspectos positivos e 
negativos. Aspectos positivos: vai alertar para a necessidade de se ter um processo eficiente, 
que busque resultados e que sirva à ordem jurídica justa. Aspectos negativos: alertar para o 
fato de o processo ser um meio, não um fim em si mesmo; à aplicação das regras processuais 
não deve ser dada tanta importância, a ponto de, para sua prevalência, ser condenado o 
inocente ou absolvido o culpado; o sucesso do processo não deve ser tal que superem ou 
contrariem os desígnios do direito material, do qual ele também é instrumento. 
ACESSO À JUSTIÇA (Mauro Cappelletti) 
O acesso à justiça diz respeito o acesso a um ordenamento jurídico justo. É a inserção do 
cidadão numa comunidade de direitos efetivos e de acesso efetivo à justiça. 
Algumas medidas, soluções práticas são tomadas para alcançar um acesso à justiça mais efetivo. 
Tais medidas estão divididas em ondas (proposição de Ada, que se relaciona com as três 
dimensões de acesso à justiça): 
- Primeira Onda: Defensoria Pública. A defensoria pública é um instrumento de acesso à justiça 
na medida em que fornece assistência judiciária para os pobres. 
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- Segunda Onda: Ações Coletivas. Excluem o mérito como requisito para o ingresso da ação. 
Uma ação coletiva é aquela que envolve um conjunto de pessoas ou até mesmo toda a 
sociedade. Isto porque, a decisão tomada em uma ação coletiva afeta não só os indivíduos que 
entraram com aquela ação como também todos aqueles que se encontram na situação julgada 
e pretendem entrar com uma ação na Justiça. 
- Terceira Onda: é o novo enfoque de acesso à justiça. Engloba vias alternativas à jurisdição 
estatal (Art. 1o § 3o A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de 
conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do 
Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial.); novos procedimentos e tutelas 
diferenciadas (tutela preventiva- que trabalha em cima de uma hipótese provável, mas que 
ainda não se materializou; tutela reparadora- repara danos que ocorreram no passado); novos 
órgãos jurisdicionais (juizados especiais). 
DIMENSÕES DE ACESSO À JUSTIÇA 
 Acesso ao Judiciário: é o acesso físico às unidades do Judiciário. É muito importante que 
isso seja garantido, tendo em vista que em muitas pontos o acesso é precário. 
 Acesso à Jurisdição: é o acesso à proteção do Estado, à mediação do Estado, à 
materialização dos efeitos jurisdicionais. 
 Acesso à Justiça: é o acesso a um ordenamento jurídico justo na visão de Capelletti. 
Obs: Esse acesso à justiça é o escopo maior do processo judicial – processo como instrumento 
de inserção social= essência da instrumentalidade. 
EFICÁCIA x EFETIVIDADE DO PROCESSO 
 Efetividade significa a eficiência de um instrumento na consecução do seu objetivo 
(meta é atingida sem desperdícios; fim alcançado conforme planejado). Eficácia 
representa a realização de um fim, independentemente da forma de alcance do 
objetivo. Uma ferramenta, portanto, pode ter eficácia, mas com uma fórmula 
inadequada por ter efeitos colaterais negativos. Um modelo processual independente é 
a meta, pois aí os desperdícios seriam evitados. Um modelo processual efetivo é aquele 
que consegue alcançar seus objetivos sem desperdiçar recursos como tempo e dinheiro, 
gerando afinal a satisfação tanto do condutor como do destinatário. 
CRITÉRIOS DE AFERIÇÃO DA EFETIVIDADE DO MODELO PROCESSUAL (pontos de 
estrangulamento do modelo processual) – são usados para checar se o processo está sendo 
efetivo! 
1) Admissão em Juízo: é semelhante à ideia de acesso à justiça. Avalia o grau de 
dificuldade em propor ações judiciais. É preciso dirimir as barreiras econômicas que 
possam impedir as pessoas de litigar. Avalia também a preocupação dos juristas em abrir 
o Judiciário e facilitar o ajuizamento da demanda. 
2) Modo de ser do processo: avalia se os procedimentos e ferramentas do sistema 
processual cumprem ou não suas missões. 
3) Justiça das decisões: é a avaliação do grau de justiça nas decisões dos magistrados, 
considerando que a decisão deve refletir o sentimento de justiça da sociedade. O juiz 
deve pautar-se pelo critério de justiça. A equidade somente ocorre em casos 
expressamente autorizados pelo legislador, conforme previsto no CPC. O julgamento 
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COM equidade, no entanto, é necessário. “Ao examinar a LIDE, o magistrado deve 
idealizar a solução mais justa, considerando a respectiva formação humanística. 
Somente após, cabe recorrer à dogmática para, encontrando o indispensável, formalizá-
la”. 
4) Utilidade das decisões: é a efetividade do provimento jurisdicional. A sentença não pode 
ser apenas justa, tem que ser útil, proporcionando satisfação ao vencedor da demanda. 
Todo processo deve dar a quem tem um direito tudo aquilo e precisamente aquilo que 
ele tem o direito de obter; provimento jurisdicional deve ser útil, sob pena de deixar 
insatisfeitos as partes. 
 
PONTO 5: NORMAS PROCESSUAIS: ESPÉCIES, FONTES, INTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO 
 
As normas jurídicas se dividem em a) materiais – disciplinam imediatamente a cooperação 
entre as pessoas e os conflitos de interesses ocorrentes na sociedade -e b) instrumentais – 
contribuem de forma indireta para a resolução dos conflitos interindividuais, mediante a 
disciplina da criação e atuação das regras jurídicas gerais ou individuais. 
Importante dizer que as regras processuais se encontram no campo das normas 
instrumentais, visto que regulam a imposição da regra jurídica específica e concreta pertinente 
a determinada situação litigiosa. 
OBS: normas materiais instituem o critério de julgar. O error in iudicando consiste no ato 
pelo qual o juiz se equivoca quanto à apreciação da demanda, seja porque erra na interpretação 
da lei, seja por que não adequa corretamente os fatos ao plano abstrato da norma. O magistrado 
erra ao julgar. Por outro lado, normas processuais instituem o critério de proceder. 
Desobedecer norma processual consiste no erro do juiz ao proceder. É um erro de forma. O 
magistrado inobserva os requisitos formais necessários para a prática do ato, culminando num 
decisório nulo. É o exemplo da sentença que falta relatório ou a que concede pedido que a 
parte autoral não postulou (sentença extra petita). 
 
1. Norma Jurídica como gênero: existe uma discussão tradicional acerca da relação entre 
norma e princípio. Argumentos a favor de que o princípio é uma norma jurídica existem 
no sentido de que se normas são extraídas de princípio por meio de um procedimento 
de densificação ou generalização inversa, então os princípios são normas também (são 
abstraídos de espécies animais sempre novos animais, não plantas). Também se 
argumenta que se princípios são utilizados para regular casos não regulados por normas 
expressas (em caso de lacunas), cumprem a mesma função básica das normas, que é 
regular um caso. Para os doutrinadores, todavia, são elementos completamente 
distintos, pois as normas desembocam (subdividem-se) em regra e princípio, o que 
quer dizer que as normas contêm princípios e regras. 
◦ Diferenças entre princípios e regras: os princípios revelam maior grau de 
abstração, enquanto que as regras revelam abstração menor, pois se referem a 
casos hipotéticos; os princípios passam por mediações concretizadoras por 
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possuírem esse grau de abstração, enquanto que as regras são sujeitas a 
aplicação direta; os princípios são desenvolvidos, são extraídos de um processo 
histórico de conveniência, enquanto as regras são criadas de um processo formal 
de normatividade. Princípios assumem posição de relevância no ordenamento 
jurídico, influenciando a criação de regras jurídicas, regras não revelam 
protagonismo no sistema de fontes jurídicas. Princípios são fundamentos de 
regras, constituindo a base das regras jurídicas, regras não assumem uma função 
normagenética fundante. 
2. Norma Jurídica e valor: são diferentes porque valores são elementos axiológicos, não 
contêm uma ordem ou proibição e sim um destino, uma valoração de determinado 
elemento. 
As normas processuais são todas aquelas que disciplinam a atividade do Estado e das partes 
litigantes, bem como o modo como essa atividade se desenvolve. 
CATEGORIAS (ESPÉCIES) DE REGRAS PROCESSUAIS 
1. Regra processual stricto sensu: disciplinam, regulam o processo como tal. Artigo 17 
no CPC. Atribuem poderes e deveres processuais às partes e aos órgãos jurisdicionais. 
Exemplo: Art. 17 CPC: “Para postular em juízo é necessário ter interesse e 
legitimidade.” 
2. Regras procedimentais: aquelas que estabelecem o conjunto de atos que devem ser 
praticados durante o curso de um processo. São as que regulam o modo como o juiz e 
as partes devem se conduzir, no processo, e, inclusive, a coordenação dos atos que 
compõem o processo (procedimento). Quando uma regra define momento e período, é 
uma regra procedimental. 
3. Regra de organização judiciária: são as que regulam a criação e estruturação dos 
órgãos judiciários e seus auxiliares. Organizam a constituição e composição dos 
tribunais. 
CARACTERÍSTICAS DAS REGRAS PROCESSUAIS 
São três as características básicas das regras processuais. 
a) Índole pública: está no âmbito do direito público por conta da atividade estatal. 
Relação jurídica que se estabelece no processo não é uma relação de coordenação, mas 
sim de poder e sujeição, predominando sobre os interesses divergentes dos litigantes o 
interesse público na resolução dos conflitos e controvérsias. 
b) Cunho cogente: revela cunho imperativo. Via de regra, a incidência da norma processual 
é obrigatória e independente da vontade das partes. Existem, contudo, algumas 
situações nas quais, excepcionalmente, a aplicação da norma processual depende da 
vontade da parte: convenção das partes sobre o ônus da prova, foro de eleição, negócio 
jurídico processual. 
c) Natureza Técnica/ Instrumental: as regras processuais, como consequência de sua 
instrumentalidade ao direito material, apresentam, via de regra, natureza 
eminentemente técnica. A neutralidade ética que normalmente caracteriza a técnica 
não tem aplicação ao processo, que é um instrumento ético de solução de conflitos, 
profundamente vinculado aos valores fundamentais que informam a cultura do país. 
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FONTES DAS REGRA PROCESSUAIS 
Fonte de direito designa os processos ou meios em virtude dos quais as regras jurídicas se 
positivam com legítima força obrigatória, isto é, com vigência e eficácia. 
 O surgimento de princípios se deu a partir da doutrina e jurisprudência. Tais princípios 
estão numa posição integradora do ordenamento jurídico, são “princípios positivados”. 
 
Fontes formais da regra processual: são quatro atividades. 
1. Atividade Legiferante: é a principal fonte de regras processuais; é o poder legislativo, o 
poder executivo (decretos legislativos) e o poder judiciário (regimento interno, 
resoluções e instruções). 
2. Atividade Judicante: é o processo judicial dos tribunais. Os tribunais também criam 
regras processuais mediante a sua atividade legiferante (conceito de atividade atípica). 
3. Atividade Consuetudinária: é a praxe forense e o costume judiciário. A prática forense 
reiterada resulta em criação de uma regra processual “costumeira”. Existem, portanto, 
variações regionais. 
4. Atividade Negocial: partes processuais podem, dentro dos limites da lei, negociar regras 
de conteúdo processual. É um pé na disponibilidade. Negócio jurídico processual. 
INTERPRETAÇÃO DA REGRA PROCESSUAL 
A interpretação da norma jurídica não pode se restringir à literalidade do enunciado normativo. 
Existem, portanto, alguns critérios de interpretação para a regra processual. Assim, a 
interpretação das regras processuais deve ser à luz das normas. 
 A hermenêutica processual tem que ser conforme a constituição. “Art. 1o O processo 
civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas 
fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil, 
observando-se as disposições deste Código.” 
 Objetivos Fundamentais da República (artigo 1º da CR/88): cidadania, dignidade da 
pessoa humana, valor social do trabalho e livre iniciativa – garantias constitucionais do 
processo. 
 
 
PONTO 6: PRINCÍPIOS ORIENTADORES DO DIREITO PROCESSUAL 
As normas processuais ora são princípios, ora são regras. De acordo com Miguel Reale, 
“princípios são verdades fundantes de um sistema de conhecimento.” São diretrizes 
orientadoras que nos mostram o caminho a percorrer - forma de conduta, pensamento e 
reflexão. 
A concepção de Celso Antônio Bandeira de Mello define que os princípio são, por 
definição, mandamentos nucleares de um sistema, verdadeiros alicerces dele, e ainda 
disposições fundamentais que se irradiam sobre diferentes normas, compondo-lhes o espírito e 
servindo de critério para a sua exata compreensão e inteligência,exatamente por definirem a 
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lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido 
harmônico. 
“O direito processual constitucional abrange, de um lado, a tutela constitucional dos princípios 
fundamentais da organização judiciária e do processo; e de outro lado, a jurisdição 
constitucional.” 
O pós-positivismo inaugura o encontro da norma com a ética, introduzindo no 
ordenamento jurídico as ideias de justiça e legitimidade materializadas em princípios, assim 
nominados os valores compartilhados pela sociedade em um dado momento e lugar. 
Os princípios, além de condensarem valores, dão unidade ao sistema jurídico e 
condicionam o trabalho interpretativo. A tradição jurídico-cristã sempre aceitou a identificação 
de princípios no ordenamento jurídico, mas somente no pós-positivismo foram eles abrigados 
pela Lei Maior, como síntese dos valores ideológicos, trazendo harmonia ao sistema. 
Conceituados os princípios como valores sociais identificados em um momento histórico, 
temos que as regras jurídicas, proposições normativas sedimentadas à vista dos fatos da vida, 
seguem tais valores. 
Sob o ponto de vista da dogmática, pode-se afirmar que: os princípios não têm 
abrangência puramente axiológica e ética; têm eficácia jurídica e aplicação direta e imediata; 
inexistem princípios meramente programáticos na Constituição; os princípios têm maior teor 
de abstração que as normas; e a distinção entre princípio e regra é meramente qualitativa. 
O sistema é dinâmico e, consequentemente, mutável, porque também mutável é a sua 
base de sustentação, as relações sociais. Esse pluralismo pode levar à colisão de princípios, 
dentro da mais absoluta normalidade do sistema, porque os princípios são imutáveis. 
Cabe ao intérprete, diante do antagonismo, conciliar o sistema, utilizando-se das 
ferramentas jurídicas, como a hierarquia, a ordem cronológica ou temporal, a especialização e 
a ponderação de valores, essas dentro da ideia do razoável. 
Temos, assim, a Constituição como um conjunto de princípios e regras destinadas à 
realização do Direito que, como sistema aberto, apreende o infinito de possibilidades do mundo 
real, funcionando como verdadeiro filtro. 
Os princípios agem como espécies de canaletas de comunicação entre o sistema de 
valores e o sistema jurídico. Por isso mesmo, não comportam enumeração taxativa, embora 
realçados alguns e normalmente identificados: princípio do estado de direito, princípio da 
liberdade, princípio da igualdade e, ainda, os princípios da razoabilidade e da dignidade da 
pessoa humana. 
 
12 
 
1. Funções 
— Interpretativa: Servem como referências de interpretação. Muitas vezes recorre-se 
ao princípio para compreender o verdadeiro alcance da norma. 
— Criadora/Informativa: Servem de inspiração ao legislador para criar normas. 
— Integradora: São convocados para preencher lacunas no ordenamento jurídico, 
integrando-o. 
— Normativa: Adquire o caráter normativo na medida em que estabelecem um “dever 
ser.” 
 
2. Classificações 
a. Onivalente 
Aplicável a todos os ramos do direito. Ex: Princípio do devido processo legal (Aqui, 
o termo processo é compreendido em sua acepção mais ampla, como modo de 
agir/proceder no geral) 
b. Plurivalente 
Aplicável a diversos ramos do Direito, mas não a todos eles. Ex: Princípio da 
publicidade. 
c. Monovalente 
Aplicável a apenas um ramo do Direito. Ex: A imparcialidade do juiz. 
d. Setorial 
Mais peculiar ainda do que o monovalente, aplica-se a apenas um setor específico 
do ramo, não a ele todo. Ex:. Princípios peculiares ao processo de decisão 
(Aplicáveis a apenas uma fase da execução, a decisão) 
 
Quanto à finalidade: 
 
e. Gerais 
Atribuições genéricas de orientar, inspirar o legislador, preencher lacunas... 
(Quanto ao cumprimento das suas funções) 
f. Informativos 
Estabelecem metas para que o sistema evolua cada vez mais em busca do seu 
próprio aperfeiçoamento. 
 
3. Princípios Informativos (LIPEJ) 
 
3.1. Lógico/ Meta: racionalidade 
— A racionalidade deve imperar, deve haver sintonia entre TODOS os elementos 
do sistema (de forma a evitar erros e desperdício de recursos) para que se 
alcance o objetivo com justiça. 
— Visão matemática. 
— Qualquer obstáculo deve ser eliminado. 
— O sistema deve primar pela objetividade, deve haver uma “razão de ser” em 
cada passo. 
3.2. Jurídico/ Meta: Isonomia 
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— Estabelece como meta a ser perseguida a ideia de um sistema com 
tratamento isonômico entre as partes, que ambas tenham a mesma chance 
para defender seus interesses e eu o melhor/mais justo prevaleça. 
— Igualdade. 
*Apesar de tais qualidades, o processo deve atentar para diferentes formas de 
tratamento de acordo com a qualidade do litigante!!! (Suas qualidades, as 
dificuldades que enfrenta...) 
3.3. Político/ Meta: Equilíbrio 
— Tentativa de equilibrar um mínimo de sacrifício individual com o máximo de 
garantias coletivas, de forma a não desestimular tanto a ação individual. 
— Será pouco atrativo se SEMPRE tiver que prevalecer o interesse coletivo. 
3.4. Econômico/ Meta: Baixo custo e eficiência 
— O sistema deve ser pouco dispendioso, barato e, ao mesmo tempo, bom e 
eficiente no alcance de seus objetivos. 
3.5. Instrumental 
— O processo deve buscar ser um instrumento/ferramenta na busca por todos 
os quatro escopos (jurídico, político, social e o magno) principais do processo. 
 
4. Princípios Constitucionais 
 
4.1. Devido processo legal 
O princípio do devido processo legal se inspira na dignidade da pessoa humana. É uma tradução 
da expressão “due processo of law”. O processo tem que estar de acordo com o Direito como 
um todo, não apenas com a lei. É uma garantia contra o exercício do poder abusivo. Noção de 
devido processo legal é antiga. Contudo, logicamente um acúmulo histórico a respeito da 
compreensão do devido processo legal foi construído. Essas concretizações do devido processo 
legal estão constantes na CF e estabelecem o modelo constitucional do processo brasileiro. A 
construção do processo devido é obra eternamente em progresso. 
Possui duas dimensões: processo legal formal ou procedimental – conteúdo é composto pelas 
garantias processuais (direito ao contraditório, juiz natural, duração razoável, etc.); devido 
processo legal substancial: reforça a ideia do equilíbrio, vedando excessos normativos e 
prescrições irrazoáveis do Poder Público. 
Apropriado modo de proceder previsto em lei, tipificado pelo legislador. Na previsão de alcance 
de um objetivo, o legislador estabelece que determinado procedimento é o mais adequado a 
ser seguido. Submissão à lei, ao que está previsto nela. 
*Caso abstrato discutido: Ao encontrar uma criança na rua, um casal não pode simplesmente 
levá-la para casa, fingir que são seus pais e criá-la sem que todo o procedimento de adoção 
seja seguido e consentido. 
4.2. Inafastabilidade da jurisdição 
— É um direito fundamental processual. É uma garantia constitucional ao 
cidadão de que, quando o mesmo se sentir ameaçado/lesado, poderá recorrer 
ao Estado. 
14 
 
— Orbita ao redor do direito de ação, direito de provocar o Estado para obter 
um pronunciamento. 
*Toda vez que se verificar um dispositivo atuando como obstáculo, deve-se 
recorrer pelo fato de que esta garantia/ princípio está sendo violado! 
4.3. Garantia do juiz natural 
— Uma vez que se possa manipular a escolha do julgador, tal escolha poderá 
influenciar no resultado do processo. Varia, em sua maioria, pela diferença dos 
perfis ideológicos dos juízes. Dessa forma, é necessário que tal manipulação e 
consequentes interferências na escolha sejamEVITADAS. 
4.4. Garantia da igualdade processual 
— Assegurar um tratamento isonômico entre as partes. (Embora, como já 
mencionado anteriormente, algumas pessoas tenham que receber tratamento 
diferenciado por se configurarem em situações diferenciadas.) 
4.5. Contraditório e ampla defesa (O “Victor e Léo” de Sérgio) 
— Contraditório: A relação processual litigiosa envolve pelo menos duas partes 
e, durante o curso do processo, cada uma delas tem o direito de saber o que 
está acontecendo (ter ciência) para poder se manifestar (reagir). 
— Ampla defesa: Direito de defender seu interesse em juízo de forma mais 
ampla, porém, dentro dos limites da lei. Ex:. Em relação a um prazo para 
recorrer, se este está previamente estabelecido, o juiz não deve diminuí-lo. 
4.6. Licitude das provas 
— São inadmissíveis no processo as provas obtidas por meios ilícitos. (Como os 
grampeamentos de telefone e filmagens que claramente invadam a 
privacidade/intimidade) 
— A pior de todas as formas de ilicitude são as provas obtidas por meio de 
tortura, coação. 
4.7. Publicidade dos atos processuais 
— Os atos ou processos judiciais devem ser PÚBLICOS: 1. É um serviço público 
sendo prestado; 2. Há a necessidade de transparência; 3. Todos acabam se 
tornando “fiscais” dos juízes; 
— Situações excepcionais devem ser justificadas para que o juiz decrete o 
sigilo, como, por exemplo, em casos de Estado. 
4.8. Motivação das decisões 
— O juiz, ao decidir, deve obrigatoriamente justificar os fundamentos da sua 
decisão. Isso deve ocorrer a partir da justificação do nexo entre as provas e não 
apenas da mera apresentação das mesmas. 
— Deriva do princípio da publicidade anteriormente abordado pois o juiz acaba 
tendo que justificar perante a sociedade. 
— Alguns alegam a restrição da liberdade do juiz a partir deste princípio. 
 
4.9. Respeito à coisa julgada 
— Respeito da imutabilidade da coisa julgada por via recursal. 
— Respeito à decisão final. 
4.10. Gratuidade da justiça 
— Livre acesso ao judiciário. 
— Assistência gratuita. 
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4.11. Tutela efetiva 
— Deriva de uma garantia constante do Pacto de San José da Costa Rica. 
— Razoável duração do processo e de meios que garantam sua celeridade. 
*A compreensão de tal princípio deve, no entanto, ir além dos fatores 
temporais pois a complexidade da causa, dentre tantos outros fatores, não 
permite que se estabeleça aprioristicamente um prazo exato para o processo.* 
— A ideia de tutela efetiva, como um todo, requer que a mesma seja 
adequada, útil e justa. 
 
5. Princípios Processuais Infraconstitucionais 
 
5.1. Princípio da indeclinabilidade 
— Proibição do Non-liquet (ideia do Direito Romano que permitia que o juiz se 
escusasse de julgar em virtude da não clareza do ordenamento acerca de tal 
assunto). 
— Inafastabilidade da decisão. 
— Dever de decidir (Não se deve alegar lacunas ou obscuridade na lei) 
5.2. Princípio da imparcialidade do juiz 
— NÃO significa que o mesmo deva ser neutro. 
— Ele deve ser imparcial no sentido de que não poderá beneficiar a um e 
prejudicar a outro utilizando-se de motivos próprios, alheios ao processo. 
— 3 garantias capazes de assegurar a imparcialidade: 
1. Vitaliciedade do juiz (Funciona como garantia à sociedade de um juiz 
vitalício) 
2. Imobilidade (Juiz não pode ser removido de onde está contra sua vontade) 
3. Irredutibilidade do salário. 
5.3. Princípio da ação 
— A jurisdição é inerte e deve ser provocada pela parte interessada e 
legitimada (cabe a ela o primeiro ato). O início é por meio das partes! 
— O juiz aguarda a provocação. 
5.4. Princípio do dispositivo 
— Decorrência do princípio da ação. Tudo deve ser requisitado pelas partes. 
— Uma vez iniciado o processo o juiz assume a condução do mesmo (até mesmo 
em virtude do princípio do impulso oficial), no entanto, durante seu curso, 
existem determinados atos que a autoridade se sentirá inclinada a iniciar, 
porém, só poderão se verificar mediante iniciativa da parte, isto é, apenas 
quando o réu levantar a questão. 
— A menos que o litigante levante a questão não será pertinente ao juiz fazê-
lo. 
— Fica claro que não é apenas o início do processo que deverá ser requerido 
pela parte. 
5.5. Princípio da congruência 
— Ao decidir, o juiz não poderá proferir uma sentença além dos limites 
postulados pelo pedido, devendo se ater ao que foi pedido. 
16 
 
— Correspondência entre condenação e a imputação, isto é, o fato descrito na 
peça inaugural de um processo deve guardar estrita relação com o fato 
constante na sentença pelo qual o réu é condenado. 
1. Extra petita (inventa): O juiz concede tutela diversa da pretendida pelo 
requerente. 
2. Ultra petita (exagera): O juiz analisa o pedido e seus respectivos elemento 
fáticos e jurídicos, mas se excede, concedendo mais do que foi pleiteado. 
3. Citra petita (Esquece ou ignora): A postulação como um todo não é 
apreciada, não decide ou deixa de analisar todos os pedidos realizados pelo 
autor. 
5.6. Princípio do impulso oficial 
— O caso é iniciado pela parte, mas o curso do processo deverá seguir por 
impulso oficial, isto é, conduzido pelo juiz. 
 
5.7. Princípio da livre investigação das provas 
— O juiz não está restrito às provas apresentadas pelas partes, podendo 
solicitar demais documentos, depoimentos e quaisquer outros elementos que 
lhe convirem e funcionem como provas para sua melhor averiguação do caso. 
— Muitas vezes as partes se revelam incapazes de apresentar provas 
suficientemente convincentes. 
5.8. Princípio da persuasão racional do juiz 
— O juiz deve formar livremente seu convencimento na análise das provas, 
devendo as mesmas estar contidas nos autos judiciais. 
— Regula a avaliação e apreciação das provas existentes nos autos. 
5.9. Princípio da lealdade processual 
— A necessidade de agir de boa-fé/ com ética em juízo. 
— Seguir regras éticas que tendam a garantir a honestidade. 
— Válido para aqueles que de qualquer forma participam do processo. 
— O art. 79 do código indica que o autor, réu ou litigante que agir com má-fé 
irá responder por perdas e danos. 
5.10. Princípio da economia processual 
— O aproveitamento dos atos processuais deve ser feito de forma a economizar 
recursos como tempo, energia, dinheiro... 
— Atuar da forma mais econômica possível dentro do processo. 
5.11. Princípio da instrumentalidade das formas dos atos processuais 
— A forma de um ato processual não deve ser hipervalorizada de forma que o 
seu valor supere o objetivo do ato para o qual serve. 
— O apego ou culto excessivo à forma é nocivo. O processo pode travar. 
— O importante é que o ato atinja sua finalidade. 
5.12. Princípio da fungibilidade 
— Quando um ato é iniciado/provocado pela parte a título A uma vez que este 
deveria ser intitulado como B, porém, o conteúdo de A satisfaz os requisitos da 
petição pertinente a B, o juiz poderá acatar o requerimento da mesma forma. 
— Trata-se de uma mera questão de nomenclatura. Romeu e Julieta. 
5.13. Princípio do duplo grau de jurisdição 
— Possibilidade de recorrer uma decisão que não tenha agradado. 
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— O “duplo grau” se configura em uma duplicidade de sentença, ou seja, 
diante da existência de uma primeira sentença que não tenho sido do agrado 
da parte, esta poderá requerer uma segunda. 
5.14. Princípio da eventualidade 
— O ato da prática processual deve ser realizado em toda sua plenitude uma 
vez que não se consideram segundas oportunidades. 
— Apresentação de várias teses como reforço (Caso, eventualmente, uma não 
funcione, as outras poderão ser requeridas) de maneira a NÃO perder a 
oportunidade.5.15. Princípio da preclusão 
— Preclusão é a perda do direito de praticar um ato processual, seja porque: 
1. Preclusão temporal: Já tenha se passado o momento ou o prazo. 
2. Preclusão lógica: Já foi praticado um outro ato incompatível com este ato 
que agora se pretende praticar. 
3. Preclusão consumativa: O ato já foi praticado e não poderá ser novamente. 
5.16. Princípio da sucumbência 
— Quem for vencido num processo judicial deverá arcar com todos os 
honorários pertinentes ao vencedor (advogado e demais custos). 
— A ideia é que quem perdeu, neste caso, por ter sido condenado por um ato 
prejudicial a outrem e não reconheceu suas falhas previamente, deverá 
encarregar-se das despesas e demais prejuízos que fez o outro adquirir com o 
processo. 
5.17. Princípio da estabilidade da demanda 
— Alterações no pedido ou na causa de pedir não serão permitidas após o 
saneamento do processo ou após a prolação do despacho saneador. 
5.18. Princípio da busca pela verdade real 
— Almeja-se descobrir a verdade real, mas deve conter-se com a verdade 
processual. 
— Nenhuma verdade será absoluta, toda verdade é sempre dotada de 
subjetividade. 
5.19. Princípio da conciliação 
— Solução consensual dos conflitos. 
— Os envolvidos serão conduzidos e estimulados a negociarem em um impasse 
com o objetivo de chegarem a um acordo mútuo. 
5.20. Princípio da oralidade 
— Deve prevalecer, quando possível, a prática oral nos atos processuais de 
forma a garantir a fluidez do processo. 
— Constitui também um mecanismo capaz de aferir a credibilidade das partes, 
de suas provas e depoimentos. 
5.21. Princípio da cooperação 
— Todos devem cooperar na condução do processo, e não exclusivamente o 
juiz. Neste caso, juízes e mandatários devem cooperar entre si de forma a 
efetivamente alcançar a pacificação do caso concreto. 
— Para que todos participem do saneamento do processo. 
5.22. Princípio da prevalência do mérito 
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— O processo deve ser visto como meio, e não como fim, para que o mérito da 
causa seja efetivamente resolvido. 
— Não se deve valorizar o processo em si, mas o seu mérito.

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