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O relato de queixas e problemas em um aten- dimento psicoterápico frequentemente faz referências a emoções e sentimentos. Embora esses eventos tenham a mesma natureza de outras respostas presentes no repertório hu- mano, diferenciando -se apenas em relação à acessibilidade, sua valorização social e seu ca- ráter privado podem resultar em uma percep- ção de estados emo- cionais como eventos particularmente im- portantes. Cultural- mente, somos treina- dos a valorizar o que sentimos como uma parte constituinte de nossa própria subjetivi- dade (Tourinho, 2006). Em uma perspectiva analítico -com por- ta mental, emoções e sentimentos costumam ser chamados, em conjunto, de “respostas emocionais” (Darwich e Tourinho, 2005), e são tratados como fenômenos complexos, en- volvendo componen- tes respondentes e operantes (verbais e não verbais). Isso se dá em razão de que diferentes tipos de respostas podem ocor rer simultanea- mente, sob controle de contingências am- bientais comuns. As- sim, um único even- to pode controlar uma resposta motora e diferentes respostas pri vadas, como pensar, sentir uma emoção ou uma sensação corporal. De acordo com Skinner (1989/1991), relatos sobre estados emocionais podem ser 19 O trabalho com relatos de emoções e sentimentos na clínica analítico - -comportamental João Ilo Coelho Barbosa Natália Santos Marques ASSunToS do CAPÍTulo > Emoções e sentimentos como “respostas emocionais”. > Cuidados em relação à avaliação baseada em relatos. > A variação de respostas emocionais em um continuum. > Funções que as respostas emocionais podem exercer em uma relação comportamental. Culturalmente, somos treinados a valorizar o que sentimos como uma parte constituinte de nossa própria subjetividade. Em uma pers‑ pectiva analítico‑ ‑comportamental, emoções e senti‑ mentos costumam ser chamadas, em conjunto, de “res‑ postas emocionais”, e são tratadas como fenômenos complexos, envol‑ vendo componentes respondentes e operantes (verbais e não verbais). Clínica analítico ‑comportamental 179 tão úteis quanto a descrição daquilo que as pessoas fazem, na medida em que podem fornecer pistas sobre o ambiente presente e passado do indivíduo. Sua investigação, por- tanto, é terapeuticamente relevante e parti- cularmente valiosa quando condições am- bientais passadas ainda controlam o com- portamento presente do cliente. Essa situação, recorrente na prática clínica, ocor- re, por exemplo, quando o cliente fala dos momentos difí- ceis vividos ao per- der um ente queri- do. Embora possam ter se passado alguns anos do fato, o espa- çamento temporal entre o momento presente e as contin- gências passadas não o impede de descrevê- -las em meio a choro intenso, relatando ain- da sentir profunda tristeza. Porém, embora seja útil para a terapia, a análise dos relatos dos clientes sobre estados emocionais merece cuidados, visto que alguns problemas ad- vêm da utilização de relatos verbais como a principal fonte de informação sobre as contingências inaces- síveis à observação do clínico. Em pri- meiro lugar, descri- ções verbais costu- mam apresentar im- precisões quando o evento descrito está ausente, pois, nesse caso, o controle do relato não é tão preciso como aquele sob controle direto das características de um objeto ou situação presente. Um segundo problema se refere às ca- racterísticas do comportamento verbal. A despeito do contato tão próximo do su- jeito com as altera- ções em seu próprio corpo, tateá -las e nomeá -las depende de um processo de aprendizagem con- duzido pela comuni- dade verbal. Portan- to, o desenvolvimen- to desse processo pode ser um fator limitante da capacidade do cliente de descrever seus sentimentos. Um repertório autodescritivo pobre, desse modo, sugere um ambiente ver- bal insuficiente para a aprendizagem de des- crições sob controle de condições corporais privadas. Também é importante salientar que o comportamento de relatar respostas emocio- nais, enquanto um operante verbal do tipo tato, está sujeito às variáveis que afetam o controle de estímulos sobre esse operante (tais como a presença de reforços não genera- lizados contingentes ao relato ou a punição do comportamento verbal), o que pode resul- tar em um relato distorcido, não correspon- dente aos eventos descritos. Assim, considerando a relevância e as dificuldades envolvidas na análise de respos- tas emocionais na clínica, faz -se necessário discutir aspectos relativos a essa tarefa, tais como a observação de respostas emocionais e a identificação das suas funções. > a obseRvação das Respostas emocioNais Tomando a observação como a primeira ati- vidade do clínico para o desenvolvimento de uma intervenção efetiva, é necessário que ele esteja atento às diferentes formas como as res- postas emocionais podem se apresentar. Estas podem variar em um continuum cujos extre- Relatos sobre estados emocionais podem ser tão úteis quanto a descrição daquilo que as pessoas fazem, na medida em que po‑ dem fornecer pistas sobre o ambiente presente e passado do indivíduo. Embora seja útil para a terapia, a análise dos relatos dos clientes sobre estados emocionais merece cuidados, visto que alguns problemas advêm da utilização de relatos verbais como a principal fonte de informação sobre as contingên‑ cias inacessíveis à observação do clínico. A despeito do contato tão próximo do sujeito com as alterações em seu próprio corpo, tateá ‑las e nomeá‑ ‑las depende de um processo de aprendizagem conduzido pela comunidade verbal. 180 Borges, Cassas & Cols. mos são os respon- dentes eliciados de forma quase automá- tica (p. ex., olhos ar- regalados e contração dos músculos da face diante de uma amea- ça à sua integridade física) e respostas ver- bais que descrevem para um ouvinte aquilo que está ocor- rendo privadamente ao sujeito, com a par- ticipação de poucos respondentes ou de outros operantes publica- mente observáveis. A observação, por parte do clínico, de respondentes e operantes não verbais envolvi- dos no comportamento emocional do cliente é dificultada por uma razão básica: várias des- tas respostas são privadas. Mesmo quando parte destas respostas é publicamente acessí- vel, podem ser de difícil discriminação, pois nem sempre caracterizam uma alteração brus- ca no comportamento público do cliente. Assim, para conseguir relacionar res- pondentes ou operantes específicos a uma mudança emocional do cliente, o clínico pre- cisa estar constante- mente avaliando a variabilidade com- portamental apresen- tada, lançando mão da comparação com o repertório do clien- te previamente ob- servado em outros momentos, seja na mesma sessão ou em situações anteriores. Detalhes sutis, como a mudança no ritmo e tom da voz, forma- ção de lágrimas ou o aumento de gestos mo- tores do cliente podem ser os únicos indicati- vos da presença de uma resposta emocional. Por outro lado, a observação dos as- pectos topográficos de respondentes e operantes não ver- bais não garante, por si só, a discriminação da resposta emocio- nal relacionada a tais respostas, já que dife- rentes emoções po- dem produzir mu- danças corporais parecidas. Contrações do rosto, por exemplo, podem estar relacionadas à sensação de dor ou tristeza; e uma maior gesticulação acompanhada de voz alta pode, às vezes, sinalizar eventos discriminados como raiva e, em outras vezes, indicar a presença de ansiedade. Para uma caracterização do comporta- mento emocional vigente, o clínico precisa relacionar a presença de respostas emocionais ao contexto verbal no qual elasestão ocorren- do. A confrontação do relato com as respostas observadas pode sugerir a ocorrência de uma emoção específica. Quando as verbalizações do cliente sobre seu estado emocional estão de acordo com as mudanças corporais obser- vadas, o clínico pode conferir uma maior confiabilidade às suas observações. De outra forma, a não concordância entre o comporta- mento verbal e o não verbal precisa ser inves- tigada. Uma possível razão para a inconsistên- cia entre comportamento verbal e não verbal pode estar na falta de um repertório verbal adequado de discriminação e/ou descrição do que ocorre privadamente ao cliente. Caso se confirme ser esta a dificuldade do cliente, cabe ao clínico planejar contingências capa- zes de modelar tatos autodescritivos. Um re- As respostas emo‑ cionais podem variar em um continuum cujos extremos são os respondentes eliciados de forma quase automática e respostas verbais que descrevem para um ouvinte aquilo que está ocorren‑ do privadamente ao sujeito, com a participação de poucos respondentes ou de outros ope‑ rantes publicamente observáveis. Para conseguir relacionar respon‑ dentes ou operantes específicos a uma mudança emocional do cliente, o clínico precisa estar cons‑ tantemente avaliando a variabilidade com‑ portamental apre‑ sentada, lançando mão da comparação com o repertório do cliente previamente observado em outros momentos na mesma sessão ou em situa‑ ções anteriores. A observação dos aspectos topográfi‑ cos de respondentes e operantes não verbais não garante, por si só, a discrimi‑ nação da resposta emocional relaciona‑ da a tais respostas, já que diferentes emoções podem produzir mudanças corporais parecidas. Clínica analítico ‑comportamental 181 curso terapêutico in- teressante para essa finalidade são filmes que evidenciam rela- ções entre contin- gências específicas vi- venciadas por um personagem e as res- postas emocionais derivadas dessa inte- ração do sujeito com o ambiente. Estratégia parecida pode ser adotada na análise e discus- são de poemas ou outras produções artísticas, que poderão ter ainda maior valor terapêuti- co quando abordam temas próximos aos pro- blemas trazidos pelo cliente. O clínico também pode suspeitar que o problema não esteja na falta de um repertório autodescritivo, e sim na participação de ou- tras variáveis de controle das verbalizações do cliente. Seria o caso de sentimentos social- mente punidos, os quais o cliente frequente- mente se esquiva em tatear acuradamente, o que resulta na emissão de relatos não corres- pondentes ao comportamento não verbal do falante. Nesse caso, o terapeuta precisa sinali- zar ao cliente a ausência de condições aversi- vas no contexto terapêutico, constituindo -se no que Skinner (1953/1965) chamou de au- diência não punitiva. > ideNtificaNdo as fuNções das Respostas emocioNais As relações comportamentais que determi- nam a função de uma resposta são complexas, pois, em uma cadeia comportamental, cada elemento pode desempenhar diferentes fun- ções em relação a elementos subsequentes e antecedentes. Como um exemplo, a negativa do pai ao pedido do filho de comer um cho- colate pode alterar a frequência da classe de respostas que a antecedeu (por exemplo, a resposta de fazer soli- citações ao pai). O mesmo evento tam- bém pode eliciar res- pondentes aversivos, como a raiva, e ainda interferir na emissão de outros operantes, como a resposta de agredir o pai. Para que o clí- nico não se limite a uma intervenção restrita frente às possíveis funções desempenhadas pelas respostas emocionais apre sentadas pelo cliente, é preciso ampliar a análise daqueles eventos, procurando identificar os compo- nentes respondentes e operantes verbais e não verbais do comportamento emocional, e en- tender como esses componentes se relacio- nam entre si e com o ambiente. Algumas fun- ções comportamentais possivelmente desem- penhadas por respostas emocionais serão dis- cutidas a seguir. Respostas emocionais enquanto comportamento respondente Estudos comparativos de emoções foram fun- damentais para a concepção de emoção en- quanto um comportamento respondente. Após 34 anos de pesquisas com inúmeros animais, Darwin (1872/2000) comparou e demonstrou que certas expressões emocionais humanas correspondiam a outras observadas em animais, argumentando que tais compor- tamentos estariam relacionados a aspectos fi- logenéticos. Para Darwin, o processo de seleção na- tural estabeleceu e manteve no repertório hu- mano um conjunto de “emoções básicas”, as- sim como outras características filogenetica- mente herdadas, comuns a indivíduos de diferentes culturas e sociedades. Uma possível razão para a inconsistên‑ cia entre o compor‑ tamento verbal e não verbal pode estar na falta de um repertó‑ rio verbal adequado de discriminação e/ ou descrição do que ocorre privadamente ao cliente. As relações com‑ portamentais que determinam a função de uma resposta são complexas, pois, em uma cadeia comportamental, cada elemento pode desempenhar dife‑ rentes funções em relação a elementos subsequentes e antecedentes. 182 Borges, Cassas & Cols. Watson (1930/1990) partilhava da crença de Darwin em um conjunto de emo- ções primárias: a raiva, o medo e a alegria. To- das as demais emoções humanas, segundo o autor, seriam derivadas destas, descritas a par- tir de padrões complexos de respondentes es- pecíficos. Embora não pareça conveniente limitar a resposta emocional a um padrão respon- dente, a investigação das relações de controle em tal resposta pode levar terapeuta e cliente a reconhecerem a existência de condições am- bientais eliciadoras de emoções, favorecendo uma explicação externalista e, portanto, mais consistente com os princípios da análise do comportamento para tais fenômenos. função reforçadora das respostas emocionais Por serem natural- mente eliciados pelo próprio comporta- mento do indivíduo, estados emocionais constituem -se em es- tímulos potencial- mente reforçadores ou punidores. Nos casos de excessos compor- tamentais, como no uso abusivo de álcool e de outras drogas, no jogar ou no comer de forma compulsiva, emoções e estados corpo- rais eliciados podem manter o responder em alta frequência e mais resistente à extinção. Além de exercer a função de reforçador positivo, estados emocionais também podem reforçar negativamente uma resposta. Isso ocor- re quando, por exemplo, clientes com transtor- nos de ansiedade realizam rituais, os quais são mantidos pela redução no nível de ansiedade. A ansiedade, nesse caso, exerce controle sobre um conjunto de respostas de fuga e esquiva da pró- pria condição emocional sentida. função discriminativa das respostas emocionais Uma vez que emoções específicas podem ante- ceder e acompanhar a apresentação de conse- quências reforçadoras ou punitivas, é possível que futuras ocorrências dessas emoções, mes- mo que desacompanhadas do mesmo contex- to ambiental, possam exercer controle dis- criminativo sobre ou- tros operantes. Isto pode ser observado quando o cliente rela- ta ansiedade ou triste- za sem motivo apa- rente, e emite respos- tas que, em situações anteriores, foram re- forçadas na presença desses sentimentos, tais como pedir ajuda ou tomar um medicamento. O clínico precisa estar atento à possibi- lidade de existência do controle discriminati- vo exercido por variáveis emocionais, pois tal controle pode estar envolvido na manutenção de uma alta frequência de “com portamentos- -problema”. Clientes com um padrão de comportamento evitativo podem ficar exage- radamente sensíveis ao seu estado emocional, aumentando a frequência de respostasde fuga ou esquiva mesmo em ocasiões em que não haja nenhum estímulo ambiental externo que sinalize a ocorrência de condições aversivas. Além das respostas emocionais não ver- bais, componentes verbais a respeito das emo- ções sentidas também podem adquirir uma função discriminativa. Uma das possibilida- des de intervenção frente ao relato de respos- tas emocionais enquanto estímulo discrimi- nativo foi proposta por Wilson e Hayes (2000). Esses autores valorizam os aspectos Por serem natural‑ mente eliciados pelo próprio comporta‑ mento do indivíduo, estados emocionais constituem ‑se em estímulos potencial‑ mente reforçadores ou punidores. Clientes com um padrão de compor‑ tamento evitativo podem ficar exage‑ radamente sensíveis ao seu estado emocional, aumen‑ tando a frequência de respostas de fuga ou esquiva mesmo em ocasiões em que não haja nenhum estímulo ambiental externo que sinalize a ocorrência de con‑ dições aversivas. Clínica analítico ‑comportamental 183 verbais descritivos das condições privadas auto -observadas, e acreditam que, da mesma forma que os eventos privados afetam a for- ma como o cliente os descreve, o inverso tam- bém pode ocorrer. Dessa forma, ao promover uma reestruturação do discurso do cliente so- bre seus sentimentos e emoções, o clínico te- ria, em determinadas condições, a oportuni- dade de alterar a função daquelas respostas emocionais, mesmo que não tivesse acesso di- reto às contingências que estabeleceram o controle discriminativo presente. Entretanto, outros analistas do compor- tamento, embora considerem a possibilidade de respostas verbais controlarem parcialmente respostas não verbais subsequentes, criticam um modelo de intervenção comportamental voltada prioritariamente para os aspectos ver- bais das emoções. De acordo com esses auto- res, tal modelo de intervenção corre o risco de valorização exagerada das autodescrições em detrimento da investigação externalista de contingências ambientais na determinação do comportamento (Tourinho, 1997). Respostas emocionais enquanto operações motivadoras Quando respostas emocionais anterio- res a outra resposta não foram direta- mente relacionadas a consequências espe- cíficas, mas interfe- rem na forma como o cliente interage com os eventos am- bientais a sua volta, podemos tratá -las como variáveis motivadoras (cf. Catania, 1998/1999; Michael, 1993). Assim como ocorre com as condições de privação, respostas emocionais (como, por exemplo, as discriminadas como raiva, medo ou ansiedade) podem interferir em toda a ca- deia comportamental subsequente, aumen- tando ou diminuindo a efetividade das con- sequências reforçadoras de uma resposta, além de potencializar ou reduzir o controle de estímulos discriminativos sobre esta. Como produto dessa interferência, tais con- dições emocionais alteram a probabilidade de ocorrência da resposta subsequente. Como um exemplo de condições emo- cionais com função motivadora, Holland e Skinner (1961/1975) apontaram a presença da ansiedade, que, ao potencializar a efetivi- dade das consequências de respostas de fuga e/ou esquiva, aumenta a probabilidade de ocorrência destes comportamentos. Esse exemplo de ansiedade com função motivado- ra se diferencia das demais referências à ansie- dade, discutidas previamente, em termos do tipo de controle que esta resposta emocional exerce sobre as de- mais respostas. Nesse caso, observa -se a função moduladora dessa emoção, en- quanto, nos demais casos, discutiram -se as funções evocativa e reforçadora. Eventos que eliciam reações emocionais fortes frequentemente funcionam como ope- rações motivadoras com efeitos a longo pra- zo, tais como a morte de alguém amado, um estupro ou um acidente grave. O efeito esta- belecedor de tais eventos pode persistir até que seja eventualmente suplantado ou modi- ficado por outros eventos. Na clínica, frequentemente a verbaliza- ção do cliente acerca de eventos passados traumáticos é acompanhada de uma intensa Respostas emocio‑ nais podem interferir em toda a cadeia comportamental subsequente, aumentando ou dimi‑ nuindo a efetividade das consequências reforçadoras de uma resposta, além de potencializar ou reduzir o controle de estímulos discrimi‑ nativos sobre esta. Alguns analistas do comportamento dirão que neste caso não se falaria de uma função de operação motivado‑ ra, mas sim de uma função alteradora de função de estímulo. 184 Borges, Cassas & Cols. reação emocional1 que pode potencializar o efeito aversivo daqueles eventos, bem como evocar comportamentos de fuga ou esquiva em relação a eles. A intervenção terapêu- tica adequada, neste caso, requer o ofere- cimento de um con- texto seguro para a observação e descri- ção dos estados emo- cionais aversivos re- lacionados a tais eventos, de forma a enfraquecer o efeito dessas condições motivadoras sobre os ante- cedentes e consequentes da resposta. > coNsideRações fiNais A multiplicidade de formas de participação dos eventos emocionais nas relações com- portamentais conferem relevância à investi- gação e intervenção dos analistas do com- portamento frente aos estados emocionais, especialmente na prática clínica, em que tais eventos são mais evidentes. Assim, conhecer os mecanismos pelos quais as respostas emo- cionais se relacionam com outros comporta- mentos humanos é fundamental para a ela- boração de uma análise e intervenção clínica adequadas. Além de participarem de diversas rela- ções comportamentais, respostas emocionais podem desempenhar uma variedade de fun- ções. Por esse motivo, cabe ao clínico manter- -se sensível às variações emocionais apresen- tadas pelo cliente ao longo do processo te- rapêutico, sendo capaz de identificá -las e analisá -las a partir do repertório compor- tamental do cliente e do seu contexto am- biental. Tendo em vista tais condições, pode -se afirmar que a sensibilidade do clínico às res- postas emocionais do cliente e às variações apresentadas por essas respostas é um fator contingente ao sucesso da terapia e, portanto, qualquer planejamento de intervenção com- portamental deve levar em conta os efeitos emocionais que as mudanças planejadas pos- sam produzir. > Nota 1. Este fenômeno ocorre em razão do que Sidman (1994) designou como “formação de classes de equivalência de estímulos”, o que possibilitaria aos estímulos verbais adquirirem as funções dos eventos aos quais eles se referem. > RefeRêNcias Catania, A. C. (1999). Aprendizagem: Comportamento, lin‑ guagem e cognição. Porto Alegre: Artmed. (Trabalho original publicado em 1998) Darwich, R. A., & Tourinho, E. Z. (2005). Respostas emo- cionais à luz do modo causal de seleção por consequências. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 7(1), 107-118. Darwin, C. (2000). A expressão das emoções nos homens e nos animais. São Paulo: Companhia das Letras. (Trabalho origi- nal publicado em 1872) Holland, J. G., & Skinner, B. F. (1975). A análise do com‑ portamento. São Paulo: EPU. (Trabalho original publicado em 1961) Kohlenberg, R. J., & Tsai, M. (1991). Functional analytic psychotherapy. New York: Plenum. Michael, J. (1993). Establishing operations. The Behavior Analyst, 16, 191-206. Sidman, M. (1994). Equivalence relations and behavior: A research story. Boston: Authors Cooperative. Skinner, B. F. (1965). Science and human behavior. New York: Free Press. (Trabalho original publicado em 1953) Skinner, B. F. (1991). Questões recentes na análise comporta‑ mental. Campinas: Papirus. (Trabalho original publicado em 1989) Skinner, B. F. (1994). Ciência e comportamento humano (9. ed.). São Paulo: Martins Fontes. (Trabalho originalpubli- cado em 1994) Cabe ao clínico manter‑se sensí‑ vel às variações emocionais apresen‑ tadas pelo cliente ao longo do processo terapêutico, sendo capaz de identificá‑ las e analisá‑las a partir do repertório comportamental do cliente e do seu contexto ambiental. Clínica analítico ‑comportamental 185 Tourinho, E. Z. (1997). Eventos privados em uma ciência do comportamento. In R. A. Banaco (Org.), Sobre compor‑ tamento e cognição: Aspectos teóricos, metodológicos e de for‑ mação em análise do comportamento e terapia comportamen‑ tal (vol. 1, pp. 174-187). São Paulo: Arbytes. Tourinho, E. Z. (2006). Subjetividade e relações comporta‑ mentais. Tese para concurso de professor titular. Programa de Pós -Graduação em Teoria e Pesquisa do Comporta- mento, Universidade Federal do Pará, Belém. Watson, J. B. (1990). Behaviorism. New York: W. W. 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