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OPERAÇÕES MOTIVADORAS (OM)
Tradicionalmente, motivação refere-se a uma experiência interna, portanto, uma "força" que energiza o comportamento, a ser procurada dentro do organismo. Na visão analítico-comportamental, por outro lado, motivação está relacionada a variáveis externas (variáveis motivadoras) que dependem de certas alterações no ambiente, as quais têm efeitos sobre o comportamento do indivíduo
O conceito de OM configura uma explicação da Análise do comportamento para o conceito de motivação. Tal conceito se opõe as concepções mentalistas, que consideram que a motivação é determinada por instâncias internas, e defende a ideia de que eventos ambientais podem estar diretamente relacionados com o fato de as pessoas quererem fazer alguma coisa. 
Ambiente é o termo empregado para se referir àquela parcela do universo que afeta o organismo. Os estímulos podem ser divididos em duas grandes classes: os que ocorrerem antes da resposta = estímulos Antecedentes; e os que sucederem a resposta = estímulos Consequentes.
O ambiente afeta o organismo de duas formas: evocando respostas ou alterando repertórios. A função evocativa ou instanciadora exerce um efeito momentâneo, fazendo com que uma resposta já aprendida ocorra. A função alteradora de repertório, ou selecionadora, exerce um efeito duradouro, ensinando uma nova relação. Os estímulos podem ter dois papéis importantes em uma relação comportamental: ora mudarão o repertório do individuo, tornando-o diferente; ora evocarão respostas que o indivíduo já aprendeu em sua história. As OM podem exercer as duas funções.
As OM podem ser definidas como todo e qualquer evento ambiental (seja uma operação ou condição de estímulo) que afeta um operante de duas maneiras:
1. alterando a efetividade dos estímulos consequentes (reforçadores ou punidores) e
2. modificando a frequência da classe de respostas que produzem essas consequências.
Em relação ao efeito sobre as consequências, as OM podem ser classificadas em:
Operação estabelecedora: eventos ambientais que tornam as respostas de uma classe operante mais prováveis de serem emitidas por aumentar a efetividade reforçadora ou diminuir a efetividade punidora da consequência.
Exemplo: - reforço positivo: a resposta de uma criança de pedir colo para sua mãe. Em uma situação em que a mãe fica longe da criança durante muitas horas, devido ao seu trabalho, esse tempo tem o efeito de aumentar o valor reforçador da presença da mãe e aumentará a frequência de toda uma classe de respostas que produz a aproximação com a mãe, como o pedir colo; - reforço negativo: em outra situação, uma garota está na praia com sua família e, conforme as horas passam, o calor vai ficando cada vez maior, fazendo com que a garota comece a ir mais vezes tomar banho de mar, refrescar-se na ducha e até mesmo a pedir dinheiro para o seu pai para comprar um sorvete (respostas para se livrar do ou diminuir  o calor).
Operação abolidora: eventos que tornam respostas dessa classe operante menos prováveis de ocorrerem, por diminuírem a efetividade reforçadora ou aumentar a efetividade punidora da consequência.
Exemplo= resposta de um rapaz propor aos amigos uma feijoada no sábado e, após comerem a feijoada, os amigos agitam um encontro no dia seguinte para continuarem se confraternizando. Nessa ocasião, não mais observamos o rapaz propor a feijoada; isso porque comer a feijoada se constituiu como uma operação abolidora que a tornou menos atrativa e diminui respostas que tenham como consequência produzir feijoada.
Operações motivadoras podem ser incondicionadas e condicionadas:
Todos os organismos nascem sensíveis a eventos aversivos e apetitivos, que poderão se tornar reforçadores ou punidores, a depender da relação que aprendem ao longo da sua história particular. Essas operações, são nomeadas de operações motivadoras incondicionadas, como são exemplos a privação, a saciação e a estimulação aversiva.
Por outro lado, ao longo da nossa história, tornamo-nos sensíveis a outros eventos aos quais não éramos, como, por exemplo, o dinheiro. Essa sensibilidade é adquirida a partir de aprendizagens que relacionaram tais outros eventos a eventos aversivos ou apetitivos de alguma forma. Esses eventos, assim como os incondicionais, poderão exercer diferentes funções em relações comportamentais, inclusive de operações motivadoras condicionais. Por exemplo, andar de ônibus lotado diariamente (operação estabelecedora) é uma condição que leva a pessoa a aplicar parte de seu salário na poupança (resposta) visando à compra de um carro (reforçador).
 
Bibliografia básica:
AURELIANO, L.F.G; BORGES N.B Operações motivadoras. Em: BORGES, N. B.; CASSAS, F. A. Clínica analítico-comportamental: aspectos teóricos e práticos. Porto Alegre: ARTMED, 2012 (p. 33 – 39). 
Bibliografia complementar:
HAYDU, V. B. O que é operação estabelecedora? In: COSTA, C.E., CECÍLIA, J. C. L.; SANT'ANNA H. H. N. (Orgs.), Primeiros passos em análise do comportamento e cognição. Santo André: ESETec, 2004.
MARCON, Roberta Maia; DE SOUZA BRITTO, Ilma A. Goulart. Operações motivadoras e atenção social. Perspectivas em análise do comportamento, v. 2, n. 2, p. 192-202, 2011.
MIGUEL, Caio F.. O conceito de operação estabelecedora na análise do comportamento. Psic.: Teor. e Pesq.,  Brasília ,  v. 16, n. 3, p. 259-267,  Dec.  2000.
Exercício comentado: 
Em relação as operações motivadoras, analise as afirmativas seguintes:
I. A função motivadora refere-se somente a alteração da função reforçadora de um estímulo, estímulos punidores não tem sua efetividade alterada por uma operação motivadora.
II. As operações abolidoras são eventos ambientais que tornam as respostas de uma classe operante mais prováveis de serem emitidas.
III. As operações estabelecedoras são eventos ambientais que tornam as respostas de uma classe operante menos prováveis de serem emitidas.
IV. A privação e a saciação são exemplos de operações motivadoras incondicionadas.
Estão corretas as afirmativas:
A) I, II, III
B) II, IV
C) I, III
D) IV
E) I
Resposta esperada = a alternativa correta é a D, apenas a afirmativa IV está correta, as demais afirmativas estão incorretas: I. As OM podem ser definidas como todo e qualquer evento que afeta um operante alterando a efetividade dos estímulos consequentes, tanto reforçadores quanto punidores e não apenas a função reforçadora de uma consequência; as afirmativas II e III também são incorretas, pois as operações abolidoras são eventos ambientais que tornam as respostas de uma classe operante MENOS prováveis de serem emitidas (diminuem a frequência das respostas) e as operações estabelecedoras são eventos ambientais que tornam as respostas de uma classe operante MAIS prováveis de serem emitidas (aumentam a frequência das respostas).
 
Eventos privados
Os eventos privados têm a mesma natureza de outras respostas públicas, apenas se diferenciam quanto à acessibilidade e sua valorização social. Culturalmente somos treinados a valorizar o que sentimos.
As emoções e sentimentos (respostas emocionais) envolvem componentes respondentes e operantes (verbais e não verbais).
Relatar as emoções podem ser úteis quanto a descrição daquilo que as pessoas fazem, já que fornecem pistas sobre o ambiente presente e passado.
Devemos ficar atentos, porque nem sempre as descrições verbais são precisas. Um, porque descrever aquilo que não está presente não é fácil; dois, porque a aprendizagem se deu por  meio da comunidade verbal, que não tinha acesso direto a tais eventos na ocasião.
As respostas emocionais podem ter diversas funções:
a) comportamento respondente: emoções básicas como a raiva ou o medo, tem função adaptativa de sobrevivência;
b) Função reforçadora, já que podem ser eliciados pelo próprio comportamento do indivíduo.
c) Função discriminativa: futuras ocorrências dessas emoções podem exercer controle discriminativo sobre outros operantes.
d) Operação Motivadora: respostas emocionais podem afetar a cadeia comportamental, como aumentar ou diminuir o valor do reforçador, bem como pode potencializar ou reduziro controle de estímulos discriminativos (SDs), e isso pode alterar a probabilidade da resposta subsequente.
Em conclusão, os eventos emocionais interferem nas relações comportamentais de diversas maneiras, por isso é fundamental que se analise cada uma das funções para que possa se planejar as intervenções de modo adequado.
EPISÓDIOS EMOCIONAIS:
Apesar de não ser vista como “causa”, a emoção não é negligenciada pela análise do comportamento. Ao contrário, é compreendida enquanto “fenômeno complexo”. Para compreender a emoção do ponto de vista da Análise do Comportamento, é importante identificar a interação entre comportamento respondente e operante. Olhar para os comportamentos respondente e operante separadamente teria um caráter principalmente didático, uma vez que um evento ambiental antecedente pode:
1. evocar respostas reforçadas em sua presença (função discriminativa ou evocativa);
2. alterar a efetividade momentânea de um estímulo (função estabelecedora) e,
3. ao mesmo tempo, eliciar respostas reflexas.
Da mesma forma, um estímulo consequente, além de alterar a probabilidade futura de uma classe de respostas, pode passar a ter função de estímulo eliciador condicional em uma outra relação, respondente. A resposta respondente (privada) eliciada por esse estímulo pode, também, tornar-se um estímulo discriminativo privado para a classe de respostas reforçada por aquele estímulo consequente.
Analisar um fenômeno complexo, como a emoção, envolveria, então, olhar para essas múltiplas funções dos estímulos em conjunto, alterando a relação organismo-ambiente como um todo.
Para a Análise do Comportamento, a emoção não se refere a um estado do organismo e sim a uma alteração na predisposição para ação ou seja, a uma alteração na probabilidade de uma classe de respostas sob controle de uma classe de estímulos. Um estímulo, antecedente ou consequente, também elicia respostas respondentes.
O episódio emocional refere-se à relação entre eventos ambientais e todas as alterações em um conjunto amplo de diferentes classes de respostas, não sendo redutível a uma única classe de respostas ou atribuível a um único conjunto de operações.
Exemplo, suponha que uma pessoa perdeu um jogo em função de um erro do juiz. Ela dirá que “está com raiva”. Do ponto de vista de um analista do comportamento, isso possivelmente significa que
1. respostas que produzam dano ao outro, como xingar, reclamar, gritar e socar terão sua probabilidade aumentada;
2. respostas reflexas, como aumento dos batimentos cardíacos, enrubescimento, o ofegar serão eliciadas pela punição/extinção característica da condição da perda do jogo;
3. a efetividade reforçadora de outros estímulos, como a presença da família, poderá diminuir, e a pessoa poderá relatar que “precisa ficar sozinha”.
A raiva, então, não seria somente o que a pessoa sente, mas toda esta alteração no repertório total do indivíduo.
É importante destacar que, geralmente, as emoções aparecem como queixa clínica, e o psicólogo pode cair em erro ao considerá-las apenas do ponto de vista respondente e programar intervenções que alterem esse aspecto da emoção. Outro erro poderia ser optar por um tratamento exclusivamente medicamentoso – o que, talvez, alteraria o padrão respondente –, pois não se ensinaria um desempenho operante de enfrentamento, nem aumentaria a efetividade de outros estímulos como reforçadores positivos.
Olhar para ansiedade ou qualquer outra emoção como um fenômeno comportamental complexo envolve avaliar todas as alterações comportamentais envolvidas no episódio emocional e, com isso, programar intervenções clínicas que modifiquem toda a relação organismo-ambiente característica do episódio emocional.
Bibliografia básica:
THOMAS, C. R. C. Episódios emocionais como interações entre operantes e respondentes. Em: BORGES, N. B.; CASSAS, F. A. Clínica analítico-comportamental: aspectos teóricos e práticos. Porto Alegre: ARTMED, 2012 (p. 40-48). 
Bibliografia complementar:
TOURINHO, E. Z. (1997). Privacidade, comportamento e o conceito de ambiente interno. In R. A. Banaco (Org.), Sobre comportamento e cognição (vol. 1). Santo André: Arbytes.
ZAMIGNANI, D. R.; BANACO, R. A. (2005). Um panorama analítico-comportamental sobre os transtornos de ansiedade. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 7(1), 77-92.
Exercício comentado:
No contexto terapêutico é comum observar pessoas expostas a eventos aversivos relatarem estados emocionais negativos como consequência da experiência, tais como, medo, raiva, frustração. De acordo com a perspectiva teórica da Análise do comportamento, em relação aos episódios emocionais:
A) É a de que a emoção é um estado interno ou uma condição corporal do organismo, no qual as topografias e as frequências dos comportamentos envolvidos podem ser alteradas.
B) É a de que a emoção é um estado interno ou uma condição corporal do organismo que explica a emissão de certos comportamentos das pessoas.
C) Os processos operantes e respondentes não podem interagir; devem ser analisados e observados separadamente.
D) Os episódios emocionais são comportamentos respondentes e não afetam comportamentos operantes.
E) Os eventos internos, por exemplo, as emoções não podem assumir funções estimuladoras.
Resposta esperada = a alternativa correta é a A. Para a Análise do Comportamento, a emoção não se refere a um estado do organismo e sim a uma alteração na predisposição para ação ou seja, a uma alteração na probabilidade de uma classe de respostas sob controle de uma classe de estímulos, envolvendo interação entre comportamento respondente e operante.

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