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QUALIDADE DE VIDA, SEGURANÇA E TRABALHO UNIDADE 3

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- -1
QUALIDADE DE VIDA, SEGURANÇA E 
SAÚDE NO TRABALHO
CAPÍTULO 3 - SEGURANÇA E SAÚDE DO 
TRABALHADOR: QUAL O PAPEL DAS 
ORGANIZAÇÕES?
Rafaela Carvalho de Oliveira
- -2
Introdução
As pessoas estão ocupando um papel cada vez mais significativo nas empresas, representando o capital
intelectual e sendo responsáveis por boa parte da vantagem competitiva das organizações. Essa mudança levou a
uma maior preocupação com o bem-estar desses trabalhadores e com suas condições de trabalho. Afinal, manter
o ambiente organizacional preparado para a qualidade de vida no trabalho (QVT) e saber atender às
necessidades de segurança e saúde das pessoas inseridas nas organizações é crucial para uma empresa
contemporânea.
Existem muitas maneiras de trazer a QVT para o ambiente organizacional, e cada empresa precisa encontrar
qual o melhor método para a sua realidade. O desenvolvimento de um programa de QVT precisa ser pautado em
uma metodologia já testada, mas adaptado para a realidade da organização.
Além disso, é preciso ter em mente que a preocupação deve ser genuína com as pessoas, e não apenas uma
necessidade para que a empresa atenda a pré-requisitos relacionados a uma boa gestão e uma imagem perante a
sociedade. Esses programas de QVT devem ser planejados, pensados e aplicados pensando nos trabalhadores:
eles devem ser o foco e, consequentemente, a produção e os resultados.
Tudo isso traz à tona questões como: de que forma a empresa pode garantir mais segurança para quem realiza
as atividades organizacionais? Como manter os trabalhadores saudáveis e livres de doenças ocupacionais?
Afinal, qual o papel das organizações para a segurança e saúde dos seus trabalhadores?
Acompanhe o conteúdo deste capítulo e encontre essas e outras respostas.
3.1 Programas de QVT
Para que as organizações possam oferecer ambientes saudáveis, atividades seguras, condições que favoreçam a
saúde e o bem-estar dos seus trabalhadores dentro do contexto organizacional, é preciso investir em programas
voltados para a QVT. São exemplos de programas: “atividades associativas e esportivas; eventos de turismo e
cultura; atendimento à família; processos de seleção e avaliação de desempenho, carreira, remuneração e
programas participativos [...] medidas ergonômicas e de cuidados com a alimentação” (OLIVEIRA; LIMONGI-
FRANÇA, 2005, s/p).
Prossiga nos seus estudos e confira, nos próximos itens, as etapas para a implantação de um programa de QVT
em uma organização.
3.1.1 Etapas de implantação
Um programa de QVT pode trazer muitos resultados positivos e agora é a hora de compreender como implantá-
lo. Um estudo realizado por Limongi-França (2012) aponta que, embora as ações e os programas de QVT sejam
percebidos como necessários para as organizações melhorarem seu desempenho, muitos entrevistados não têm
conhecimento de como realizar a implantação.
A adoção de um programa de QVT pode ser realizada em três etapas, de acordo com a metodologia desenvolvida
por O’Donnel (VILARTA, 2007), apresentada na figura a seguir.
- -3
Figura 1 - Etapas de implantação do programa de QVT.
Fonte: Elaborada pela autora, 2018.
Na sensibilização, os colaboradores precisam saber o porquê da existência do programa, qual a importância e
como ele funciona. Para Vilarta (2007), ao sensibilizar os trabalhadores, é possível transmitir informações
importantes, de modo que eles compreendam mais e melhor sobre o foco do programa e, consequentemente,
possam tomar decisões importantes e acertadas, sempre buscando favorecer a saúde e a segurança. A ideia
principal com a sensibilização é fazer com que os trabalhadores tenham mais interesse no programa. Além da
sensibilização dos colaboradores, é preciso fazê-lo com os gestores, para que eles compreendam a importância e
o seu papel na QVT. Essa é uma etapa, geralmente, de baixo custo, podendo ser realizada de diversas formas,
como: , publicações internas, palestras, seminários, pôsteres, murais, memorandos, exames, ee-mails check-up
eventos focados na saúde e segurança.
É perceptível que a sensibilização, por si só, não fará com que o trabalhar modifique seu comportamento. Assim,
são necessárias mais fases. A próxima é o desenvolvimento do programa, ou seja, é preciso que seja realizada
uma avaliação inicial dos participantes com a definição de alguns indicadores. Depois, são iniciadas as atividades
vivenciais, os grupos de apoio e os métodos educacionais com foco na mudança de comportamento. Ao terminar
o programa, é realizada uma avaliação final para comparar os indicadores. É importante lembrar que todos os
trabalhadores precisam receber um para que saibam, precisamente, dos pontos para melhorar oufeedback
mudar (VILARTA, 2007).
Essa etapa envolve a mudança do estilo de vida dos trabalhadores e precisa começar e terminar, não pode ser
contínua, permitindo que seja acompanhado o desempenho. Como o programa encerra em algum momento,
existe o risco de a pessoa voltar ao , ou seja, ao antigo comportamento. Por isso, para evitar recaídas,status quo
existe a terceira fase: o ambiente de suporte, onde deve ser proporcionado aos trabalhadores um local saudável
e compatível com o tema que foi abordado durante todo o programa.
- -4
O sucesso do programa de QVT está diretamente relacionado com a última etapa. Afinal, é ela que transforma o
programa em um processo, algo contínuo (VILARTA, 2007). Em resumo, o ambiente de suporte se refere ao
modo no qual a organização adequará o seu ambiente para que os trabalhadores se sintam estimulados a dar
continuidade aos novos comportamentos. Afinal, o que é essa mudança de comportamentos? Vamos conferir no
próximo item.
3.1.2 Mudança de comportamento
A mudança real dos comportamentos dos trabalhadores, após a realização do programa de QVT, é a mais difícil.
Assim, é preciso compreender que cada pessoa está em uma fase diferente da vida e isso também acontece em
relação à mudança. Posto isso, é possível afirmar que existem cinco fases da mudança de comportamento.
Confira:
CASO
Uma empresa estava muito preocupada com o número de colaboradores doentes, afastados
por lesões e o alto índice de absenteísmo. Foi desenvolvido um programa de QVT voltado à
saúde ocupacional, com foco em evitar doenças desenvolvidas no ambiente organizacional. O
programa foi um sucesso, os colaboradores engajaram-se, os índices e números melhoraram, e
a gestão estava muito satisfeita com o resultado obtido. Contudo, um tempo depois, percebeu-
se que as lesões e os afastamentos voltaram a acontecer. Os gestores não entendiam como isso
era possível – afinal, o programa era um sucesso.
Ao analisar o ambiente de trabalho, percebeu-se que os espaços de atividade não eram
ergonômicos, as mesas e cadeiras não eram reguláveis, de modo que os trabalhadores ficavam
desconfortáveis ao realizar as atividades diárias. Assim, muitas lesões de punho, ombro e
costas surgiram em decorrência da falta de ergonomia.
É possível perceber a falta de preocupação com o ambiente de suporte do programa de QVT,
visto que, para que fosse possível ter um resultado real de mudança de comportamento, era
preciso que a empresa também fornecesse um ambiente adequado para a realização das
atividades, de modo que focasse na saúde.
- -5
Quadro 1 - Etapas de mudança de comportamento
Fonte: Elaborado pela autora, 2018, adaptado de PROCHASKA; DI CLEMENTE, 1982; VILARTA, 2007.
Nas etapas de pré-contemplação e contemplação, pode haver um foco maior na sensibilização, de modo a fazer
com que os trabalhadores tenham mais interesse na mudança. Já nas fases de preparação e ação, percebe-se que
as pessoas já estão envolvidas com a mudança no estilo de vida, ou seja, participando do programa. Por fim, na
fase final de manutenção, é crucial ter um ambiente de suporte para que a mudança seja alicerçada na
estabilidade (VILARTA, 2007).
Para que ocorra efetivamente a mudança de comportamento das pessoas após a realizaçãodos programas de
VOCÊ SABIA?
O método de mudança de comportamento, chamado originariamente de Transtheoretical
 (TTM), teve seu desenvolvimento iniciado em 1979 por James O.Model of Behavior Change
Prochaska, um professor de Psicologia. O estudo focava na mudança de comportamento de
fumantes, contudo pode ser replicado para os mais diferentes cenários. É um modelo inovador,
porque passa a focar no papel do indivíduo para a tomada de decisão em prol da mudança.
- -6
Para que ocorra efetivamente a mudança de comportamento das pessoas após a realização dos programas de
QVT, é preciso entender as particularidades e os momentos de cada um dos trabalhadores, considerando que
cada um pode estar em um momento diferente, precisando de um apoio distinto. Assim, é possível afirmar que
não conseguimos mudar o comportamento de uma pessoa sem contar com um planejamento e uma metodologia
adequada, bem como é preciso respeitar os limites e as individualidades de cada um para ter sucesso na
implantação do programa.
A QVT envolve diretamente questões relacionadas à segurança no trabalho. Vamos conferir um pouco mais
sobre essa questão no próximo tópico.
3.2 Segurança no trabalho
A preocupação com a segurança no trabalho é algo relativamente recente: a Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT), publicada em 1943, e as “Normas Reguladoras de Higiene e Segurança do Trabalho nas Minas”
representam o primeiro documento oficial expedido pelo Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, na
década de 1950 (ZOCCHIO, 2002). Essas normas foram as precursoras das atuais Normas Regulamentadoras
(NRs) (BRASIL, 1978a). Com a regulamentação das NRs sobre saúde e segurança no trabalho, o cumprimento de
tais determinações passou a ser indispensável para as organizações que possuem empregados regidos pela CLT.
Vamos conferir o que são as NRs, qual o papel delas para a segurança do trabalho e, consequentemente, para a
QVT. Acompanhe!
3.2.1 As Normas Regulamentadoras (NRs)
As NRs representam determinações obrigatórias sobre a segurança e saúde do trabalho que precisam ser
seguidas, tanto por empresas privadas quanto públicas e órgãos governamentais que tenham empregados
celetistas.
Perceba que “as empresas, entidades e órgãos que contratem empregados celetistas não ficam desobrigados da
observância de outras normas pelo simples fato de cumprirem o disposto nas NRs” (CAMISASSA, 2017, p. 10).
Isso quer dizer que, mesmo cumprindo tudo o que está determinado nas NRs, é preciso observar o que está
disposto sobre saúde e segurança no trabalho nos textos legais, nas convenções e nos acordos coletivos
trabalhistas.
VOCÊ SABIA?
O termo celetista é empregado para fazer referência aos trabalhadores que possuem seus
contratos trabalhistas regidos pela CLT. Os servidores públicos são regidos por estatutos, os
chamados estatutários, e devem ter seus direitos à saúde e segurança respeitados, contudo as
organizações empregadoras não são obrigadas a seguir as NRs.
- -7
Figura 2 - As preocupações com a segurança no trabalho e o uso de equipamentos adequados são focos das NRs.
Fonte: Shutterstock, 2018.
A Portaria do Ministério do Trabalho n. 3.214/1978 determinou grande parte das NRs vigentes, sendo da NR 1
até a NR 28 (BRASIL, 1978a). No momento atual, existem 35 NRs em vigor, que vão da NR 1 a NR 36, e a NR 27
foi revogada. Essas normas são divididas por temas, sendo importante destacar que existem algumas genéricas
(podem ser aplicadas a diversas atividades) e outras setoriais (CAMISASSA, 2017).
Confira, no quadro a seguir, o rol das NRs em vigor.
- -8
Quadro 2 - Normas Regulamentadoras vigentes atualmente no Brasil.
Fonte: Elaborado pela autora, adaptado de CAMISASSA, 2017.
A elaboração das normas não é aleatória: ela segue os procedimentos sugeridos pela Organização Internacional
do Trabalho (OIT), a qual orienta a aplicação de um sistema tripartite paritário. Isso quer dizer que há espaço
igualitário para o governo, os trabalhadores e os empregadores para a discussão e elaboração das normas de
segurança e saúde no trabalho. Assim, para a criação ou revisão de uma NR, são feitos debates na Comissão
Tripartite Paritária Permanente (CTPP).
- -9
É importante compreender que, ao não cumprir o disposto nas NRs sobre segurança e medicina do trabalho, o
empregador fica sujeito às penalidades previstas na legislação.
Agora que você já conhece um pouco mais sobre as NRs, é hora de aprofundar o seu conhecimento sobre elas,
mais especificamente, a NR 7 e a NR 9, que abordam os programas de eliminação, controle e preservação da
saúde no ambiente de trabalho. Vamos conferir no próximo item? Acompanhe!
3.2.2 Programas de eliminação, controle e preservação da saúde no 
ambiente de trabalho
Para que possamos falar sobre os programas de eliminação, controle e preservação da saúde no ambiente de
trabalho, precisamos destacar algumas NRs. Contudo, antes, é preciso que você relembre que todas as
determinações aqui apresentadas são válidas para as organizações que possuem empregados celetistas.
Começaremos pela NR 7, que determina a obrigatoriedade do Programa de Controle Médico de Saúde
Ocupacional (PCMSO), buscando promover e preservar a saúde dos trabalhadores. A ideia é prevenir, rastrear e
diagnosticar precocemente fatores que possam estar relacionados à saúde dos trabalhadores no ambiente de
trabalho. Essa NR determina exames médicos obrigatórios: admissional, periódico, de retorno ao trabalho, de
mudança de função e demissional. Você pode estar se perguntando: mas como são realizados esses exames? É
basicamente uma avaliação clínica, uma anamnese voltada para a função exercida pelo trabalhador, exame físico
e mental. Podem ser solicitados exames complementares, dependendo de algumas especificidades destacadas
nos quadros I e II da NR 7 (BRASIL, 1978b).
Caso seja constatado o surgimento ou agravamento de alguma doença ocupacional, com a realização dos exames,
a empresa ficará encarregada de tomar algumas medidas, que podem ser: emissão da Comunicação de Acidente
do Trabalho (CAT); indicação do afastamento do trabalhador para não se expor mais a riscos ou gerar
agravamento; encaminhamento do trabalhador para a Previdência Social para avaliação; adoção de medidas de
controle no ambiente de trabalho (BRASIL, 1978b).
Essa NR estabelece que o PCMSO “deve privilegiar o instrumental clínico-epidemiológico na abordagem da
relação entre a saúde do trabalhador e o seu trabalho” (CAMISASSA, 2017, p. 175). Isso quer dizer que o
programa precisa ser elaborado pensando tanto no trabalhador (abordagem clínica) quanto no coletivo
(abordagem epidemiológica).
Outra NR que merece destaque quando falamos de programas de eliminação, controle e preservação da saúde no
trabalho é a NR 9, a qual determina que são obrigatórias, pelo empregador, a elaboração e a implementação do
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). O objetivo do programa é preservar a saúde e integridade
dos empregados, antecipando e controlando problemas e riscos. Além de proteger o meio ambiente interno da
organização, especialmente os trabalhadores, busca-se a proteção do meio ambiente externo e dos recursos
naturais (BRASIL, 1978c).
Para Camisassa (2017, p. 211), é possível afirmar que “o foco da NR 7 é o indivíduo/trabalhador e a coletividade
VOCÊ QUER VER?
A atriz Meryl Streep interpreta a história real de Karen Silkwood, no filme Silkwood: o retrato
. Ela trabalha em uma fábrica e identifica diversos abusos e inconsistênciasde uma coragem
relacionados à segurança dos trabalhadores. O longa-metragem retrata os riscos das
atividades laborais, bem como de denunciar e tentar modificar essa realidade (EPHRON;
ARLEN, 1983).
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Para Camisassa (2017, p. 211), é possível afirmar que “o foco da NR 7 é o indivíduo/trabalhador e a coletividade
de trabalhadores, o ponto central da NR 9 é o meio ambiente de trabalho”. Na determinação da NR9, são
considerados riscos ambientes os agentes físicos (ruídos, temperatura, radiação), químicos (substâncias que
possam ser absorvidas pela via respiratória, pele ou ingestão) e biológicos (bactérias, fungos, protozoários,
vírus) existentes no ambiente de trabalho, que podem causar danos à saúde dos trabalhadores, de acordo com
sua natureza, concentração, intensidade ou tempo de exposição (BRASIL, 1978c).
A NR 9 determina que sejam implantadas medidas coletivas nas quais os trabalhadores são treinados com
procedimentos que garantam eficiência e informação a respeito de questões que possam trazer alguma limitação
para a proteção e segurança. Todos os dados devem ser registrados, formando um histórico (técnico e
administrativo) do desenvolvimento desse programa e guardados por, no mínimo, 20 anos e à disposição de
todos os envolvidos (BRASIL, 1978c).
Essa NR determina alguns parâmetros mínimos e algumas diretrizes gerais que precisam ser observados na
execução do PPRA. Além disso, Camisassa (2017, p. 211) destaca que:
[...] quando vários empregados realizarem atividades simultâneas no mesmo local de trabalho,
deverão ser executadas ações integradas para aplicar as medidas previstas no PPRA, com o objetivo
de garantir a proteção do conjunto de trabalhadores contra os riscos existentes no ambiente.
A NR 9 reforça também que, caso os trabalhadores estejam em situação de risco, o empregador deve assegurar
que os trabalhadores interrompam suas atividades e comuniquem aos superiores para que as devidas
providências sejam tomadas (BRASIL, 1978c).
É importante ter em mente que cada NR precisa estar articulada com as demais que também são cabíveis àquela
organização. Além disso, muitas questões podem ser ampliadas mediante negociações coletivas de trabalho. Por
isso, é importante perceber que a segurança no trabalho abrange diversas questões e pode impactar nos mais
diferentes agentes, que é o foco da visão holística da segurança. Confira mais sobre isso no tópico seguinte.
3.3 A visão holística da segurança
A segurança no trabalho envolve diversos fatores e aspectos da organização. Assim, ao falarmos em visão
holística, o objetivo é reforçar que a atenção precisa estar no todo, de modo que haja uma visão sistêmica que
permita identificar o papel de cada um em prol da segurança dentro da organização. Nesse contexto, a
organização é um sistema e é o objeto de estudo da segurança.
As atividades realizadas pelos trabalhadores podem gerar riscos, mas de quem deve ser a preocupação e
responsabilidade? É possível minimizar esses riscos? Sendo assim, precisamos descobrir como identificar
antecipadamente o da segurança na organização. Para isso, confira no próximo item como fazer ostatus
diagnóstico da segurança.
VOCÊ SABIA?
No site do Ministério do Trabalho (BRASIL, 2015), é possível acessar as NRs com uma redação
completa e detalhamento de cada portaria que acrescentou os textos às normas. Cada uma das
NRs possui particularidades e um foco diferente; por isso, é importante realizar a leitura geral,
mas acessar o site para efetuar pesquisas sempre que necessário.
- -11
3.3.1 Diagnóstico da segurança
Antes de adentrarmos no campo da segurança especificamente, precisamos ter em mente que todas as
organizações possuem diferentes relações com o meio ambiente e são diversos fenômenos que ocorrem a partir
dessas relações. Confira no quadro a seguir.
Quadro 3 - Fenômenos das relações organizacionais.
Fonte: Elaborado pela autora, adaptado de CARDELLA, 2016.
Considerando a abordagem holística, esses fenômenos possuem interdependência e inter-relação. Assim, não
será possível afirmar que, quando temos um problema (ou um acidente), a causa é única, e sim que a união de
fatores (ou seja, os diversos fenômenos) levaram a um determinado acontecimento.
Dessa forma, quando ocorre um acidente dentro da organização, ele pode ser decorrente de diversos fenômenos.
E é, nesse sentido, que precisamos pensar na função da segurança, de forma holística. Ou seja, como podemos
evitar esses acidentes? Como podemos monitorar e buscar minimizar os riscos? Para isso, é necessário conhecer
qual a situação da organização frente essa questão da segurança, sendo que a melhor forma de identificá-la é
realizando um diagnóstico.
O diagnóstico da segurança representa o resultado de um estudo que tem como objetivo principal conhecer o
estado de segurança da organização (CARDELLA, 2016). Para que essa avaliação seja possível, é comparado o
estado atual com um padrão. O desvio, então, será analisado e servirá de insumo para a elaboração de um plano
de ação para uma intervenção em prol de melhorias.
Para Cardella (2016), esse diagnóstico abrangerá: a organização, o meio ambiente e a relação entre eles. Serão
analisados na organização: os sistemas operacionais (estrutura, forma e funções – foco em pessoas,
equipamentos, instalações, processos, insumos e produtos) e os organizacionais, a relação entre eles, as
manifestações de risco em ocorrências anormais (acidentes, danos e perdas). Assim, é possível afirmar que o
diagnóstico da segurança aborda a organização do ponto de vista da segurança da sua estrutura e das suas
atividades.
- -12
Para a realização do diagnóstico, é necessário realizar a inspeção planejada do ambiente de trabalho, ou seja,
identificar agentes agressivos (mecânicos, gravitacionais, elásticos, cinéticos, térmicos, biológicos, ergonômicos,
sonoros e radiantes), classificando cada um de acordo com o nível de periculosidade, bem como determinar os
sistemas de controle (contenção, recomposição, isolamento, alarme, proteção, evacuação, resgate, salvamento,
combate e recuperação), classificados com base no nível de qualidade (CARDELLA, 2016).
Contudo, não basta analisar o ambiente físico da empresa: é preciso compreender a cultura da empresa, como as
pessoas se comportam e no que acreditam. Para isso, é feita uma análise dos elementos ligados à cultura
organizacional, por meio de questionários e da observação. É uma tarefa muito complexa e precisa de pessoas
especializadas para isso. Por exemplo, uma determinada empresa tem uma cultura na qual está pré-estabelecido
que pessoas competentes não precisam utilizar equipamentos de proteção individual (EPIs). Será um trabalho
árduo convencer os trabalhadores a usarem, contudo, é preciso iniciar pela mudança da cultura.
É preciso identificar o histórico das organizações. Com esse propósito, torna-se necessária a realização da
análise dos registros formais que a organização tenha, por exemplo, registro de ocorrências, bem como
conversar com todos os evolvidos para que eles possam compartilhar lembranças sobre acidentes, riscos e
situações perigosas.
Depois de traçar qual o estado desejado de segurança e de identificar qual o estado atual da organização, é
preciso conduzir a organização em um plano de ação que seja pautado na visão holística (CARDELLA, 2016). Isso
quer dizer que é preciso focar nas partes, nas atividades específicas, em mudanças pequenas, mas que serão
significativas para a organização como um todo.
Nesse processo, para que seja possível controlar e mudar o cenário, Cardella (2016, p. 24) reforça que:
Devem ser criados programas para focalizar empresas contratadas, atividades fora da organização,
atividades da organização, emergências, trânsito, sinalização, ordem, limpeza e desenvolvimento
cultural. Além dos programas, o plano maior inclui a implantação de instrumentos permanentes de
controle de risco, tais como Análise de Riscos em todo o ciclo de vida das instalações e dos produtos,
Gestão de Riscos nas Intervenções e Monitoramento de Segurança. No monitoramento, registram-se
ocorrências e estados. Os de maior potencial para revelar causas de acidentes devem ser analisados
com maior profundidade.
As condições de segurança da empresa melhorarão e isso dependerá da velocidade com que são mudados a
cultura organizacional e o empenho dos trabalhadores eda liderança. O exemplo de um líder engajado com essa
causa pode gerar muito mais impacto na mudança do que palestras, por exemplo. Contudo, a empresa precisará
trabalhar suas diretrizes, suas políticas e seus programas em prol de mais segurança do seu ambiente interno.
Além da mudança proposta a partir do diagnóstico da segurança, é preciso que a organização tenha um
VOCÊ QUER LER?
O livro “Segurança no trabalho e prevenção de acidentes: uma abordagem holística - segurança 
integrada à missão organizacional com produtividade, qualidade, preservação ambiental e
desenvolvimento de pessoas” traz um aprofundamento acerca da segurança, tanto da
prevenção por meio do diagnóstico da segurança quanto das questões que envolvem o papel
do trabalhador e as falhas humanas (CARDELLA, 2016).
- -13
Além da mudança proposta a partir do diagnóstico da segurança, é preciso que a organização tenha um
conhecimento mais aprofundamento sobre as atividades exercidas por seus colaboradores e os riscos inerentes
em cada função. Mesmo que o objetivo seja eliminar os riscos, precisamos conhecer algumas doenças e
disfunções mais comuns no ambiente de trabalho contemporâneo. Vamos lá!
3.3.2 Doenças e disfunções
Com o diagnóstico da segurança, busca-se melhorar os aspectos da QVT, incluindo a redução de riscos ligados às
doenças ocupacionais, isto é, aquelas adquiridas pelos trabalhadores após anos de exposição (acima dos limites
toleráveis) aos agentes causadores e podem se manifestar mesmo após a aposentadoria ou o afastamento do
trabalhador da proximidade com o agente causador.
Os principais agentes das doenças ocupacionais são: físicos, químicos, biológicos ou ergonômicos, sendo
importante destacar que os ergonômicos são mais recentes.
Nem sempre é possível eliminar totalmente o contato ou a existência de alguns agentes, mas é preciso monitorar
os chamados limites de tolerância. A NR 15 traz determinações com relação a esses níveis e indica que limite de
tolerância é “[...] a concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de
exposição ao agente, que não causará dando à saúde do trabalhador, durante sua vida laboral” (BRASIL, 1978d,
p. 1).
Ainda que a exposição aos agentes possa levar ao favorecimento das doenças ocupacionais, é preciso destacar
que as características específicas da organização e a suscetibilidade individual de cada trabalhador serão
determinantes para o agravamento das doenças (MORAES, 2014).
Para que seja possível compreender melhor a atuação desses agentes, vamos conhecê-los um pouco mais?
- -14
Quadro 4 - Resumo dos agentes e das possíveis doenças ocupacionais.
Fonte: Elaborado pela autora, adaptado de MORAES, 2014.
Para entender de forma mais clara a relação desses agentes no dia a dia de um trabalhador, visualize um lixeiro.
Ele está em contato com ruído do caminhão, frio/calor/umidade de acordo com as condições climáticas, contato
com poeira e gases constantemente, além dos agentes biológicos advindos dos resíduos descartados e agentes
ergonômicos relacionados à postura da atividade laborativa.
Ainda que não estejam destacados no quadro, alguns agentes em situações mais graves podem levar o
trabalhador a óbito. Então, as medidas que buscam a prevenção são fundamentais pensando não apenas no bem-
estar, mas também na preservação da vida humana.
Para que seja possível prevenir as doenças ocupacionais, Moraes (2014) destaca três etapas que precisam ser
seguidas: o reconhecimento, a avaliação e o monitoramento.
Reconhecer os agentes é crucial para saber como adaptar os processos produtivos e laborais, as instalações, as
estações de trabalho, para minimizar (ou eliminar) o impacto. A avaliação pode ser qualitativa (observação) ou
quantitativa (levantamento de dados), mas tem como objetivo reconhecer quais os agentes existentes
efetivamente na organização. Por fim, é preciso determinar medidas para controlar esses agentes que foram
- -15
quantitativa (levantamento de dados), mas tem como objetivo reconhecer quais os agentes existentes
efetivamente na organização. Por fim, é preciso determinar medidas para controlar esses agentes que foram
reconhecidos e avaliados. Assim, as medidas podem ser voltadas para o ambiente (substituição de produtos,
melhorias nos processos, isolamentos, ventilação) ou para o trabalhador (uso de EPI, realização de exames
médicos) (MORAES, 2014).
O controle das doenças e disfunções ocupacionais está diretamente relacionado com a aplicação das NRs que
estudamos. Quando a organização se cerca de medidas preventivas, a probabilidade de que doenças venham a
acometer os trabalhadores é reduzida.
Porém, não são apenas as doenças que ameaçam a segurança dos trabalhadores: podem acontecer acidentes,
emergências e, da mesma forma, esses também podem ser prevenidos e até evitados. Vamos conferir como
ocorre a gestão de riscos na sequência? Acompanhe!
3.4 Gestão de riscos
A segurança organizacional pode ser desdobrada em outras duas funções:
• gestão do controle de riscos: tem como foco manter os riscos abaixo dos valores considerados 
toleráveis;
• gestão do controle de emergências: é necessária quando a possibilidade de risco se torna real. Dessa 
forma, é possível afirmar que o controle de emergências está contido no controle de riscos, porque, ao 
reduzir e prevenir os riscos, as emergências são controladas e minimizadas.
Assim, neste tópico, fecharemos nosso estudo sobre a segurança focando na gestão de riscos, que seria a
prevenção para que não acontecessem emergências no ambiente organizacional. Continue acompanhando.
3.4.1 Função controle de riscos
A função controle de riscos envolve diversos instrumentos que podem ser utilizados pelas organizações para
realização do planejamento, da operação e do controle de suas atividades, buscando controlar os riscos. Para
Cardella (2016, p. 63), alguns desses instrumentos são “princípios, política, diretrizes, objetivos, estratégias,
metodologia, programas, sistemas organizacionais e sistemas operacionais”.
Para que os riscos sejam controlados, nem sempre é necessário recorrer para sistemas sofisticados (os quais
podem, sim, ser utilizados e muito úteis): é possível que um trabalhador faça controle de riscos ao realizar suas
atividades cotidianas. Seja em um contexto com sofisticação de recursos ou no dia a dia de um trabalhador,
Cardella (2014) indica a adoção de quatro princípios básicos para a gestão de riscos:
• o acidente é um fenômeno de natureza multifacetada, resultante de interações complexas entre fatores 
físicos, biológicos, psicológicos, sociais e culturais (CARDELLA, 2014, p. 64);
• todo acidente pode ser evitado;
• acidentes acontecem porque a mente se envolve com o trabalho e esquece o corpo;
VOCÊ QUER LER?
Compreender quais doenças ocupacionais que podem acometer os trabalhadores e em quais
situações elas podem se manifestar é sempre importante para que seja possível focar em como
evitá-las. Pensando nisso, Moraes (2014) publicou o livro “Doenças ocupacionais – agentes:
físico, químico, biológico e ergonômico”, em que traz um aprofundamento sobre os agentes
causadores das doenças.
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• acidentes acontecem porque a mente se envolve com o trabalho e esquece o corpo;
• um trabalhador não consegue, sozinho, controlar os riscos da sua atividade.
Podemos perceber que o segundo princípio proposto pelo autor é um pouco polêmico: será que todos os
acidentes poderiam, de fato, ser evitados? Contudo, ele mesmo afirma que:
o segundo princípio tem validade dentro de determinados limites que abrangem a quase totalidade
dos casos que nos interessa estudar. Estão fora desses limites as situações nas quais o homem não
dispõe de conhecimento ou tecnologia suficientes para evitar o acidente (CARDELLA, 2016, p. 64).
O quarto princípio destaca a importância de as organizações contarem com um profissional da áreade segurança
no trabalho, bem como da constituição de comissões específicas para isso, como a Comissão Interna de
Prevenção de Acidentes (CIPA).
Figura 3 - Acidentes de trabalho que podem ser evitados graças à função controle de riscos.
Fonte: wellphoto, Shutterstock, 2018.
As políticas da empresa determinam regras comportamentais da organização. Assim, cada uma terá diretrizes
diferentes para conduzir a sua gestão de riscos. Contudo, algumas considerações podem ser básicas: preservar as
pessoas acima da preservação dos bens, e quem é responsável por uma atividade também será pelos riscos
decorrentes dela.
Podemos perceber que são necessárias diretrizes para organizar a gestão do risco nas organizações. Vamos
conferir como isso ocorre.
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3.4.2 Diretrizes para a gestão de risco
A gestão de riscos deve integrar todas as atividades da organização e ser o foco de todas as fases do ciclo de vida
produtivo. Um dos objetivos da gestão de riscos é evitar que acidentes de trabalho aconteçam. Acidente, para o
nosso estudo, é um evento indesejável, incerto e remoto, cuja ocorrência é anormal e contém evento danoso. Os
danos e as perdas, ainda que possam ser considerados desprezíveis, sempre ocorrem (CARDELLA, 2016).
É comum que as pessoas priorizem outras questões do seu dia a dia em detrimento da segurança. Assim, para
traçar uma estratégia mais acertada para o sistema de gestão de risco, é preciso trabalhar diretamente na
prevenção dos acidentes e com o foco das pessoas constantemente na segurança. Dessa forma, se entendemos
que o acidente é um evento indesejável, incerto e remoto, precisamos criar eventos certos, desejáveis e
imediatos, de modo que as pessoas não tenham a opção de evitar ou repelir.
Assim, os líderes da organização precisam ter reuniões voltadas para as questões de segurança com data fixa e
frequência respeitada. Isso demonstra a preocupação da gestão com essa pauta, e esse comportamento refletirá
nos trabalhadores (CARDELLA, 2016). Além das reuniões, os indicadores de desempenho para as ações
desenvolvidas em prol da segurança precisam ser acompanhados sistematicamente.
A visão holística da segurança objetiva, também, que todos se integrem em prol dessa causa; logo, a
responsabilidade não reside nos profissionais de segurança no trabalho, mas sim representa uma assessoria e
um suporte para que a segurança seja uma prioridade dentro da organização. Para facilitar o compartilhamento
de responsabilidades, Cardella (2016) indica que sejam criados alguns sistemas organizacionais:
• comitês funcionais: constituídos pelo dirigente de uma unidade organizacional e os trabalhadores que 
respondem imediatamente para ele. São definidos diversos deles, de acordo com o tamanho da 
organização, e abordados assuntos de segurança relativos àquela unidade organizacional especificamente;
• comitês interfuncionais: são formados por pessoas de diferentes unidades organizacionais. Têm como 
foco a visão global e sistêmica, mas são ações locais nas áreas funcionais de cada um dos participantes;
• comissões: organizações de curta duração que objetivam analisar todas as ocorrências, emitir 
conclusões e recomendações;
• grupos de trabalho (GTs): são organizações de curta duração que objetivam executar um trabalho 
técnico.
Agora que já conhecemos a estrutura, compreenderemos as funções vinculadas à gestão de riscos, isto é, a
identificação de perigos, a avaliação de riscos, a comparação com risco tolerado e o tratamento de riscos. Assim,
é preciso analisá-los e monitorá-los, de modo que seja possível intervi-los e preveni-los (CARDELLA, 2016).
Para avaliar o risco, é preciso levar em conta a frequência e a consequência do evento perigoso, que pode ser
considerado um evento indesejável, não programado, de forma controlada que libera ou gera agentes agressivos
ou coloca alvos em campo de ação agressiva (CARDELLA, 2016).
Então, podemos dizer que o objetivo principal é controlar o risco, não necessariamente eliminá-lo. Por isso, o
risco tolerado é considerado um ponto de ajuste que permite saber qual o limite de tolerância que pode existir.
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Mas como será possível controlar o risco de todos os espaços, pessoas e atividades? Para que a gestão de riscos
funcione, é preciso contar com algum tipo de divisão da organização e das atividades em áreas de ação. Essa
divisão proposta pode ser geográfica ou funcional, sendo cada uma das unidades uma área de ação, e ela é
importante porque é preciso considerar as especificidades de cada área e atividade, mas sem perder o foco
sistêmico/global do programa.
Ao melhorar a segurança no ambiente de trabalho, a organização está focando também no aumento da
produtividade, na diminuição do custo produtivo e, consequentemente, no custo do produto final (BERGAMINI,
2013). Isso se deve ao fato de que as lesões e doenças ocupacionais geram afastamentos, ausências, interrupções
no processo.
O objetivo de um sistema de controle de riscos é manter os riscos abaixo dos valores tolerados. Contudo, é
importante compreender que nem sempre a intervenção surtirá efeitos imediatamente. Na prática, na maior
parte dos casos, o tempo de reação é longo, como quando se precisa mudar a cultura organizacional (CARDELLA,
2016).
Para que a gestão de riscos funcione, é preciso que haja um monitoramento (verificação periódica) da segurança,
que a organização tenha programas permanentes de inspeções planejadas e de auditorias, bem como faça uso de
indicadores para auxiliar nessa questão (CARDELLA, 2016). Aqui, é importante resgatar a importância da
realização da inspeção planejada e do registro/análise de ocorrências, conforme vimos anteriormente, os quais
permitem a localização de incongruências entre o padrão estabelecido e os desvios encontrados.
Assim, com base em tudo que estudamos até o momento, podemos perceber que tanto a segurança quanto a
gestão de riscos têm um papel central e de muita importância para que as organizações priorizem a QVT.
Síntese
Chegamos ao fim deste capítulo, no qual você pôde se aprofundar mais no estudo sobre os programas de QVT,
conheceu diversos aspectos relacionados à importância de focar na segurança do trabalho e na gestão de riscos.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
• aprender as etapas para implantação de um programa de QVT;
• compreender a importância das NRs para a segurança no trabalho;
• identificar as NRs mais importantes para os programas voltados para a eliminação, o controle e a 
preservação da saúde no ambiente de trabalho;
• conhecer a visão holística da segurança;
• entender como ocorre a gestão de riscos nas organizações, visando prevenir a ocorrência de acidentes e 
doenças ocupacionais.
VOCÊ O CONHECE?
John Adams é um geógrafo que dedicou sua vida a pesquisar o risco. Ele sempre foi fascinado
pelo assunto, mas, com o tempo, além de se aprofundar nas raízes mais profundas do risco,
passou a se dedicar ao seu gerenciamento. Ainda que muitas vezes a gente finja que ele não
existe ou que não nos importamos, o risco está ali, nos acompanhando em toda a nossa
existência, muitas vezes sendo responsável por bons e maus momentos (ADAMS, 2009).
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Bibliografia
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Brasília: MTE; GM, 1978d. Disponível em: <http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR15/NR-15.
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CARDELLA, B. : uma abordagem holística – segurançaSegurança no trabalho e prevenção de acidentes
integrada à missão organizacional com produtividade, qualidade, preservação ambiental e desenvolvimento de
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LIMONGI-FRANÇA, A. C. : conceitos e práticas nas empresas da sociedadeQualidade de vida no trabalho – QVT
pós-industrial. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
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OLIVEIRA, P. M.; LIMONGI-FRANÇA, A. C. Avaliação da gestão de programas de qualidade de vida no trabalho. 
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ZOCCHIO, A. : ABC da segurança do trabalho. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2002.Prática da prevenção de acidentes
	Introdução
	3.1 Programas de QVT
	3.1.1 Etapas de implantação
	3.1.2 Mudança de comportamento
	3.2 Segurança no trabalho
	3.2.1 As Normas Regulamentadoras (NRs)
	3.2.2 Programas de eliminação, controle e preservação da saúde no ambiente de trabalho
	3.3 A visão holística da segurança
	3.3.1 Diagnóstico da segurança
	3.3.2 Doenças e disfunções
	3.4 Gestão de riscos
	3.4.1 Função controle de riscos
	3.4.2 Diretrizes para a gestão de risco
	Síntese
	Bibliografia

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