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Prof. MSc. Jamilson Alves UNIDADE I Interpretação e Produção de Textos No dia a dia, “texto” remete à obrigação de escrever algo, geralmente longo. Nos estudos discursivos, “texto” é algo mais amplo. “Texto” deriva do latim tecere, tecer. Ou seja, o texto é algo “tecido”. O texto não é um amontoado de elementos. É uma composição intencionalmente construída para transmitir uma mensagem. Todas as suas peças são importantes e devem estar bem encaixadas com as demais. Noções de texto Um texto é um todo organizado de sentido, um conjunto formado de partes solidárias, ou seja, o sentido de uma depende das outras. Repare nos exemplos: Ana é bonita _______ inteligente. Ana é bonita _______ antipática. Ana é grosseira _______ inteligente. Ana é grosseira _______ antipática. Perceba, nos exemplos acima, a relação lógico- matemática da linguagem. Noções de texto: a matemática da linguagem Pensando ainda na conexão entre as partes solidárias de um texto, vejamos os seguintes exemplos: João estuda _______ trabalha. João estuda _______ não trabalha. João não estuda _______ trabalha. João não estuda _______ trabalha. Novamente, o que se demonstra é a relação lógico- matemática presente na linguagem, em qualquer texto, por mais simples que seja. Noções de texto: a matemática da linguagem Um texto é um todo organizado de sentido. Isso implica afirmar que o texto é um conjunto formado de partes solidárias, que o sentido de uma depende das outras (Fiorin, 2011). Os elementos internos de um texto interagem coerentemente na construção de um sentido. Como produção, ele se associa a outros textos e ao contexto em que foi construído, ou seja, um texto não existe de forma isolada, desvinculada. Ainda sobre o que é um texto... Analise o quadro a seguir. Texto: um todo organizado de sentido Fonte: http://www.aindatorindo.com/2015/0 1/moco-eu-queria-uma- rasteirinha.html Analise agora este outro quadro. Texto: um todo organizado de sentido Fonte: http://www.aindatorindo.co m/2015/01/moco-eu- queria-uma- rasteirinha.html Texto: um todo organizado de sentido Fonte: http://www.aindatorindo.com/2015/01/moco-eu-queria-uma-rasteirinha.html Nenhum texto é uma peça isolada, nem a manifestação da individualidade de quem o produziu. Constrói-se um texto para, através dele, marcar uma posição ou participar de um debate de escala mais ampla que está sendo travado na sociedade. Até mesmo uma simples notícia jornalística, sob a aparência de neutralidade, tem sempre alguma intenção por trás (Fiorin, 1999). Vejamos os exemplos a seguir: 4 em cada 10 usuários desistem de ação anticrack da prefeitura. 6 em cada 10 usuários permanecem em ação anticrack da prefeitura. Ainda sobre o que é um texto... Estudantes invadem reitoria e forçam renúncia do reitor. Estudantes ocupam reitoria e reivindicam renúncia do reitor. Os sem-terra invadiram 100 fazendas neste ano. Os sem-terra invadiram só 100 fazendas neste ano. Os sem-terra invadiram 100 fazendas só neste ano. Ainda sobre o que é um texto... Você já deve ter visto em alguma rede social a seguinte brincadeira: Interpretação de textos nos dias de hoje... Fonte: http://espaco-do-saber- funcional.blogspot.com /2018/08/blog-post.html É importante perceber a diferença entre compreender e interpretar um texto. As perguntas feitas no anúncio revelam que as pessoas não compreenderam o anúncio, talvez por não lerem, de fato, o que estava escrito. Compreender corresponde à mera decodificação. No exemplo, todas as respostas estão no texto, colocadas de forma explícita. Interpretar, por sua vez, significa apreender o sentido do texto e depende de elementos que estão além dele. Quer ver um exemplo? Interpretação de textos nos dias de hoje... Interpretação de textos nos dias de hoje Fonte: http://delhumberto.blogspot.c om/2018/07/vejas-diferenca- entre-saber-ler-e-saber.html De acordo com o que vimos quanto ao que é um texto, pode-se dizer que: a) Uma charge sem palavras não pode ser considerada texto. b) Registros da oralidade não podem ser chamados de texto. c) Um texto bem escrito deve buscar a imparcialidade. d) Um texto é um todo organizado de sentido. e) Todo texto é assim considerado se tiver certo tamanho de linhas e parágrafos. Interatividade De acordo com o que vimos quanto ao que é um texto, pode-se dizer que: a) Uma charge sem palavras não pode ser considerada texto. b) Registros da oralidade não podem ser chamados de texto. c) Um texto bem escrito deve buscar a imparcialidade. d) Um texto é um todo organizado de sentido. e) Todo texto é assim considerado se tiver certo tamanho de linhas e parágrafos. Resposta A linguagem é o código essencial à concretização da comunicação, que é uma necessidade humana. Linguagem é todo sistema de signos que deve ser compartilhado por emissor e receptor para que a comunicação ocorra. Signo, de uma forma sintética, é aquilo que representa algo, que substitui outra coisa. Um desenho e uma palavra são signos. A escolha da linguagem nunca é neutra, seu uso é sempre subjetivo, uma vez que há um sujeito que faz as escolhas que resultam em certo efeito de sentido. Texto e linguagem: diferentes modos de dizer Podemos, por exemplo, proferir qualquer um dos enunciados a seguir. Arnaldo faleceu ontem. Arnaldo morreu ontem. Arnaldo bateu as botas ontem. Arnaldo vestiu o terno de madeira ontem. Arnaldo virou uma estrelinha ontem. Texto e linguagem: diferentes modos de dizer Ainda que os dicionários apresentem palavras ou expressões como sinônimos, é nítida a diferença entre os impactos provocados por cada uma das formas. “Falecer” é mais respeitoso do que “morrer”; “Bater as botas” e “vestir o terno de madeira” são desrespeitosas ou engraçadas; “Virar uma estrelinha” é uma forma suave de expressar a ideia de morte. Texto e linguagem: diferentes modos de dizer Procure notar que a maioria dos veículos de imprensa utiliza o verbo “ocupar” para se referir a ações policiais e usa o verbo “invadir” para as ações do Movimento Sem-Terra (MST), por exemplo. Reflita sobre os sentidos que são construídos a partir dessa escolha. Assim, a forma de dizer interfere no conteúdo do que se diz. Quando interpretamos um texto, devemos também perceber como ele foi construído e qual efeito de sentido ele provoca. Texto e linguagem: diferentes modos de dizer Muitas vezes, quando não queremos ofender alguém, buscamos suavizar o modo de apresentar uma crítica. Procuramos uma forma eufemística para dizer algo desagradável. A origem da palavra “eufemismo” está no grego eu (bom, agradável) e pheme (palavra). Desta junção, formou-se euphémein, que significa “falar palavras agradáveis” ou “bem dizer”. Eufemismo é uma figura de linguagem que se caracteriza por suavizar alguma afirmação desagradável. Figuras de linguagem: eufemismo Arnaldo virou uma estrelinha ontem. (morreu) Aquele político enriqueceu por meios ilícitos. (roubou) O País está passando por uma desaceleração do crescimento. (crise) Exemplos de eufemismo Em certas situações, o exagero no enunciado é importante para revelar a dimensão daquilo que queremos dizer. Nesse sentido, a hipérbole é oposta ao eufemismo, já que, em vez de suavizar o que se quer dizer, exagera-o. O vocábulo tem origem na língua grega, na palavra hiperbolé (exagero). “Hiper” (sobre, por cima) e “bolé” (atirar, lançar). Hipérbole é a figura de linguagem em que se exagera no enunciado, a fim de ampliar a dimensão do que está sendo dito.Figuras de linguagem: hipérbole Faz séculos que não vejo Maria. (faz muito tempo) Morri de rir ontem no jantar. (foi muito divertido) Aquele ônibus leva uma eternidade para passar. (demora muito) Exemplos de hipérbole É importante o uso do duplo sentido de palavras e expressões. Quando intencionalmente produzida, a ambiguidade caracteriza um recurso que enriquece o texto. Ambiguidade: derivado do termo latino ambiguitas (equívoco, incerteza), que vem do grego amphibolia, que quer dizer “duplicidade de sentido”. O duplo sentido surge tanto por relações sintáticas, construção das orações ou pela polissemia de palavras (um significante com mais de um significado). Figuras de linguagem: ambiguidade “Ouvi falar da festa no escritório.” “O boi se diverte com a pata na lama.” “O menino estava perto do banco.” Exemplos de ambiguidade/duplo sentido “Ouvi falar da festa no escritório.” - Eu estava no escritório quando ouvi falar da festa ou a festa será realizada no escritório? “O boi se diverte com a pata na lama.” - O boi coloca uma parte de seu corpo na lama ou brinca com outro animal? “O menino estava perto do banco.” - De um instrumento para sentar ou de uma instituição financeira? Exemplos de ambiguidade/duplo sentido Exemplos de ambiguidade/duplo sentido Fonte: https://www.lg.com.br A ironia consiste em se fazer uma afirmação que, na verdade, significa o oposto. É a utilização proposital de termos que manifestam o sentido oposto do seu significado. Por exemplo, uma pessoa que levou uma bronca do chefe após um péssimo dia de trabalho pode dizer: “Era o que faltava para encerrar o meu dia maravilhosamente bem”. Figuras de linguagem: ironia Em conversas cotidianas, a ironia é facilmente percebida pela entonação e pelo contexto. Quando a professora diz ao aluno que tirou zero em uma prova que ele foi “muuuuito bem”, a ironia é evidente. Em textos impressos, nem sempre a percepção da ironia é tão imediata e, quando ela não é percebida, a interpretação é totalmente equivocada. Observemos a charge a seguir. Figuras de linguagem: ironia Figuras de linguagem: ironia Fonte: http://4.bp.blogspot.com Figuras de linguagem: ironia Fonte: https://manualdapilhaerrada.wordpress.com Em outras palavras, podemos dizer que a forma de expressão interfere diretamente no conteúdo. Vejamos um exemplo com um “meme”, algo tão corriqueiro hoje em dia, baseado em Nicolau Maquiavel: A expressão afeta o conteúdo A expressão afeta o conteúdo Fonte: https://www.obaoba.com.br/ comportamento Nicolau Maquiavel: importante pensador, defensor do poder absoluto e autor de O Príncipe. Nessa obra, ele comenta que um governante tem o dever (e o direito) de se manter no poder de qualquer forma. Com esses exemplos, queremos mostrar que a densidade do conteúdo está intimamente relacionada com a forma de expressão. Essas relações de sentido refletem-se diretamente na linguagem, na mensagem, naquilo que se quer transmitir. A expressão afeta o conteúdo A linguagem é uma atividade humana que representa o mundo, que constrói a realidade, revelando aspectos históricos, culturais e sociais. É com a linguagem que o ser humano organiza e dá forma às suas vivências. A linguagem pode ser verbal ou não verbal: Linguagem verbal: a comunicação acontece por meio das palavras, escritas ou faladas; Linguagem não verbal: a comunicação acontece por desenhos, gestos, entre outros. Tipos de linguagem Uma mesma ideia pode ser expressa por meio de signos verbais, não verbais ou pela combinação deles: Tipos de linguagem: verbal Fonte: o Autor Tipos de linguagem: não verbal Fonte: http://loja.afixgraf.com.b r/placa-proibido-fumar Tipos de linguagem: sincrética ou híbrida Fonte: http://www.aerotexextintores.com. br/advertencia-e-proibicoes Como vimos, um texto pode utilizar somente linguagem verbal, somente linguagem não verbal ou misturar as duas, sendo assim denominado sincrético ou híbrido. Decodificar um texto implica reconhecer os significados dos seus signos, sejam eles verbais ou não verbais, e observar a combinação entre eles. Um texto é uma unidade de sentido, com a combinação coerente e coesa dos seus elementos. Existem infinitas formas de dar concretude a uma ideia, o que significa que são inúmeros os textos que podem ser construídos para expressá-la. Linguagem verbal e não verbal De acordo com o que vimos, pode-se dizer que: a) Informar a uma criança que alguém “virou estrelinha” em vez de dizer que “morreu” configura hipérbole. b) Uma ideia expressa em linguagem não verbal é mais difícil de ser interpretada que uma em linguagem verbal. c) A hipérbole está associada à ideia de exagero, como em “morrer de rir”. d) O eufemismo está associado à ideia de mentira ou de ocultação da verdade. e) A ambiguidade é um recurso que deve ser evitado nos textos orais. Interatividade De acordo com o que vimos, pode-se dizer que: a) Informar a uma criança que alguém “virou estrelinha” em vez de dizer que “morreu” configura hipérbole. b) Uma ideia expressa em linguagem não verbal é mais difícil de ser interpretada que uma em linguagem verbal. c) A hipérbole está associada à ideia de exagero, como em “morrer de rir”. d) O eufemismo está associado à ideia de mentira ou de ocultação da verdade. e) A ambiguidade é um recurso que deve ser evitado nos textos orais. Resposta Nenhum texto existe de forma isolada: “Todo texto é produto de criação coletiva: a voz de seu produtor se manifesta ao lado de um coro de outras vozes que já trataram do mesmo tema e com as quais se põe em acordo ou desacordo” – Platão e Fiorin (1999, p. 25). Intertextualidade é a relação entre textos, a referência direta ou indireta de um texto a outros, é um “diálogo” entre textos. Por isso, para perceber a intertextualidade, o receptor deve ter conhecimento dos textos com os quais o texto lido dialoga. O texto e o contexto O recurso da intertextualidade aparece nos mais variados textos, inclusive nos publicitários. É comum vermos uma peça publicitária fazendo referência a um filme, a uma música, a um poema, a outro anúncio. Observe o anúncio publicitário que divulga um bistrô da Feira do Livro. É visível, para quem conhece um pouco de literatura (conhecimento que se espera de quem frequenta o evento), a referência a um famoso poema de Carlos Drummond de Andrade. Intertextualidade: a relação entre textos Intertextualidade: a relação entre textos Fonte: http://discutindoaredacao.wordpress.com Vejamos o trecho inicial do texto de Carlos Drummond de Andrade: E agora, José? E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? Intertextualidade: a relação entre textos Vejamos também o trecho final do texto de Carlos Drummond de Andrade: Sozinho no escuro qual bicho-do-mato, sem teogonia, sem parede nua para se encostar, sem cavalo preto que fuja a galope, você marcha, José! José, para onde? Intertextualidade: a relação entre textos O poema de Drummond foi publicado em 1942, na época da Segunda Guerra Mundial e do Estado Novo no Brasil. O conflito e a ditadura varguista causam desolamento no poeta. É possível ver isso nos versos, pois parece não haver saída para José diante do desconsolo que domina a realidade. O anúncio inverte o sentido de desesperança presente no poema de Drummond, transformando a cena em um momento de alegria, a hora da Festa do Livro no bistrô. Certa vez, a empresa O Boticário veiculou uma campanha em que as peças faziam referênciaa protagonistas femininas dos contos de fadas, atribuindo-lhes mais poder que na história original. Dessa forma, os textos sugeriam que os produtos da empresa poderiam empoderar as mulheres. O anúncio a seguir fez parte dessa campanha. Texto verbal da peça: “A história sempre se repete. Todo chapeuzinho vermelho que se preze, um belo dia, coloca o lobo mau na coleira”. Intertextualidade: a relação entre textos Intertextualidade: a relação entre textos Fonte: https://creativitate2013.wordpress.com Era uma vez, numa terra muito distante, uma linda princesa, independente e cheia de autoestima que, enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo estava de acordo com as conformidades ecológicas, se deparou com uma rã. – Linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito. Mas uma bruxa má lançou-me um encanto e eu transformei-me nesta rã asquerosa. Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir um lar feliz no teu lindo castelo, e viveríamos felizes para sempre… … E então, naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã à sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria e pensava: – Eu, hein?… nem morta! Intertextualidade: “Conto de fadas para mulheres modernas” Essa mesma inversão do discurso tradicional dos contos de fada pode ser observada nos quadrinhos a seguir. Intertextualidade: Um conto real Fonte: https://br.pinterest.com Como já afirmamos, nenhum texto existe de forma autônoma. Nas palavras de Norma Discini (2005, p.13), o texto deve ser considerado “naquilo que é dito, no como é dito, no porquê do dito, na aparência, na imanência, como signo, como História”. Isso significa que devemos analisar, além dos elementos internos de qualquer texto, as suas condições de produção. O texto e seu contexto histórico-social O bêbado e a equilibrista Caía a tarde feito um viaduto E um bêbado trajando luto Me lembrou Carlitos… A lua Tal qual a dona do bordel Pedia a cada estrela fria Um brilho de aluguel E nuvens! Lá no mata-borrão do céu Chupavam manchas torturadas Que sufoco! Louco! O texto e seu contexto histórico-social A composição de João Bosco e Aldir Blanc, lançada em 1979, no período da ditadura militar, é um exemplo da importância do contexto na interpretação de um texto. Na música, o enunciador apresenta o embate entre a Arte e a violência do Estado. Na primeira estrofe, para indicar como a tarde havia caído repentinamente, o autor faz referência ao Viaduto Paulo Frontin, no Rio de Janeiro, que desabou em 1971; a alusão ao luto e a Carlitos (Charles Chaplin) representa o estado de tristeza da classe artística diante da pouca liberdade de expressão. O mata-borrão e as manchas torturadas referem-se à violência dos órgãos estatais com os opositores do regime. O texto e seu contexto histórico-social Uma leitura não pode se basear em fragmentos isolados do texto. Uma leitura deve levar em consideração os elementos do interior de um texto e também os aspectos externos, do contexto em que foi produzido, bem como as relações que estabelece com outros textos. O texto e seu contexto sócio-histórico Imagine que você chegue à faculdade e escute a seguinte frase: “Hoje você está bonito!”. Apesar da evidente intenção de elogio contida na frase, não se pode deixar de reparar na presença do advérbio “hoje”. Você pode questionar: só hoje? Embora não esteja explícita, há a mensagem de que, nos demais dias, você não estava bonito. Além disso, há o uso do verbo “estar”, que, na língua portuguesa, tem um sentido diferente de “ser”. As informações implícitas Notemos o uso de conjunções adversativas (mas, porém, contudo, no entanto) ou de concessivas (apesar de, mesmo que), como nos enunciados: “Apesar de ser francês, o filme é bom”; “Tem mais de 60 anos, mas sabe usar o computador”. Aqui, notamos que um falante não aprecia o cinema francês, e que o outro pensa que as pessoas mais velhas não sabem utilizar as tecnologias mais modernas. Certa vez, um anúncio de iogurte usou a seguinte frase: “Tão gostoso que nem parece light”. Nesse caso, fica implícita a afirmação de os produtos light não serem gostosos. As informações implícitas “Relação estabelecida entre dois ou mais textos. É muito comum que os autores façam uso de conteúdos já existentes e reconhecidos com a finalidade de embasar melhor um tema, dar mais informações aos leitores, defender uma ideia etc.” Essas características apresentadas definem o conceito de: a) Elaboração de charges. b) Intertextualidade. c) Apropriação textual. d) Oralidade. e) Publicidade. Interatividade “Relação estabelecida entre dois ou mais textos. É muito comum que os autores façam uso de conteúdos já existentes e reconhecidos com a finalidade de embasar melhor um tema, dar mais informações aos leitores, defender uma ideia etc.” Essas características apresentadas definem o conceito de: a) Elaboração de charges. b) Intertextualidade. c) Apropriação textual. d) Oralidade. e) Publicidade. Resposta Um texto não verbal é aquele em que não se usam palavras. Assim, devemos prestar atenção na imagem. A compreensão e a interpretação de textos não verbais dependem da capacidade do leitor em decodificar os signos não verbais e atribuir sentidos a eles. Deve-se ter atenção a cada elemento e, especialmente, à combinação deles. Embora a linguagem não verbal tenda a ser mais universal, ou seja, ela pode ser compreendida por pessoas de diferentes países e idiomas, a interpretação de um texto não verbal nem sempre é fácil. Interpretação de textos não verbais Charles Peirce, filósofo e fundador da Semiótica, considerava que os signos não verbais poderiam ser classificados, de acordo com a relação que estabelecem com seus referentes, em: Ícones; Índices; Símbolos. Interpretação de textos não verbais Mantêm relação direta de semelhança com seu referente. É o que se observa na figura a seguir, em que temos o desenho de um cão. A semelhança é de tal ordem que mesmo uma criança pequena é capaz de identificar o referente. Ícones Fonte: http://www.comoaprenderdesenhar.com.br Os índices são indícios, isto é, apresentam uma relação de contiguidade ou de causalidade com o referente. Por exemplo, a fumaça pode representar o fogo. Uma placa com talheres à beira da estrada indica a proximidade de um restaurante, assim como o desenho de uma bomba de gasolina significa a presença de um posto de combustível, como se vê na figura a seguir. Índices Fonte: http://www.comoaprender desenhar.com.br Os símbolos, por sua vez, apresentam relação convencional e arbitrária com seu referente. Como exemplo, podemos mencionar a representação de operações matemáticas, como a da raiz quadrada. Símbolos Fonte: https://imagepng.org/raiz-quadrada-simbolo/raiz-quadrada-simbolo/ A compreensão dos ícones tende a ser mais imediata, já que eles representam aquilo com o que têm semelhança. Já os índices e os símbolos exigem do leitor um raciocínio que vai além da mera decodificação. Um mesmo signo pode ser um ícone, um índice ou um símbolo, dependendo do texto. O desenho de uma cruz pode ser um ícone, caso represente apenas uma cruz; um índice, caso represente a crucificação; e um símbolo, caso represente a fé cristã. Assim, não podemos dizer que um signo encaixa-se definitivamente em uma categoria, mas sim que ele é classificado como ícone, índice ou símbolo em determinado texto. Interpretação de textos não verbais Na charge que veremos aseguir, vemos pessoas tirando fotos de outra pessoa, representada por uma mão dentro da água. Até aqui, estamos no nível da compreensão do texto. No entanto, qual o sentido de tal charge? Não se trata apenas de registrar uma cena do cotidiano. Ela apresenta uma crítica à atitude de tirar fotos em vez de ajudar a pessoa que está se afogando, ao uso exagerado dos recursos tecnológicos que a maioria das pessoas faz hoje em dia. Interpretação de textos não verbais Essa interpretação é resultado de vários elementos, que dependem de nosso conhecimento de mundo e dos elementos internos do texto. Em primeiro lugar, devemos considerar o gênero textual: a charge. Trata-se de um tipo de texto cujo objetivo é a crítica de algum aspecto da contemporaneidade. Em segundo, o fato de que as pessoas normalmente tiram fotos para exibi-las em redes sociais em busca de “likes”. A charge critica esse desejo de exibição e aprovação promovido pelas redes, já que as pessoas preferem registrar uma tragédia a salvar alguém que está prestes a morrer afogado. Vejamos: Interpretação de textos não verbais Interpretação de textos não verbais Fonte: http://www.tribunadainternet.com.br Quanto à compreensão de textos não verbais, podemos dizer que: a) É mais fácil a compreensão de textos verbais, já que os textos não verbais são de compreensão universal. b) Embora a linguagem não verbal tenda a ser mais universal, nem sempre é fácil a compreensão de um texto não verbal. c) Um texto não verbal é o tipo mais completo de texto que há, uma vez que fornece ao leitor todas as informações necessárias, mas sem usar palavras. d) Os símbolos mantêm relação tão direta de semelhança com seu referente que mesmo uma criança pequena é capaz de identificar facilmente o referente. e) Um texto não verbal precisa ser representado ao mesmo tempo por um ícone, um índice e um símbolo. Interatividade Quanto à compreensão de textos não verbais, podemos dizer que: a) É mais fácil a compreensão de textos verbais, já que os textos não verbais são de compreensão universal. b) Embora a linguagem não verbal tenda a ser mais universal, nem sempre é fácil a compreensão de um texto não verbal. c) Um texto não verbal é o tipo mais completo de texto que há, uma vez que fornece ao leitor todas as informações necessárias, mas sem usar palavras. d) Os símbolos mantêm relação tão direta de semelhança com seu referente que mesmo uma criança pequena é capaz de identificar facilmente o referente. e) Um texto não verbal precisa ser representado ao mesmo tempo por um ícone, um índice e um símbolo. Resposta ATÉ A PRÓXIMA!
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