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A Dança como Expressão Corporal e Cultural

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RITMO E DANÇA
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Unidade II
5 A DANÇA
O objetivo desta unidade é destacar a linguagem da dança como expressão corporal e cultural e suas relações com a Educação Física.
A dança? Não é movimento,
súbito gesto musical.
concentração, num momento, da humana graça natural.
No solo não, no éter pairamos, nele amaríamos ficar.
A dança – não vento nos ramos: seiva, força, perene estar.
Um estar entre céu e chão, novo domínio conquistado, onde busque nossa paixão libertar-se por todo lado… Onde a alma possa descrever suas mais divinas parábolas sem fugir à forma do ser,
por sobre o mistério das fábulas (ANDRADE, 1964, p. 366).
5.1 Definindo conceitos
A dança é uma forma de manifestação artística que está diretamente ligada ao contexto social, político e religioso do meio em que está inserida.
Dalcroze dizia que a dança é a arte de expressar emoções com o auxílio dos movimentos rítmicos (ARTAXO NETO; MONTEIRO, 2008).
“A dança é um meio de conhecimento introspectivo e do mundo exterior” (GARAUDY, 1980).
“A dança é movimento, é a resultante de uma sucessão de poses. São movimentos voluntários harmoniosos, rítmicos, com fim neles mesmos. É um movimento colocado em forma rítmica e espacial, uma sucessão de movimentos que começa, se desenvolve e é finalizado” (GUILLOT, 1974).
“Dança é uma arte articulada com princípios, valores, ideologia, filosofia, numa perspectiva de expressão humana, revitalizadora e justa para a sociedade” (GARCIA; HAAS, 2002).
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Unidade II
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A dança é uma arte que abrange todas as possibilidades físicas do ser humano. Pelo jogo de músculos, ela permite ao homem exteriorizar um estado latente segundo as leis naturais do ritmo e da estética. Como o corpo humano é o instrumento da arte da dança, é necessário discipliná-lo e desenvolvê-lo, para que atinja, através de movimentos harmônicos coordenados, toda a plasticidade, pureza de linhas e expressões possíveis.
A palavra dança deriva de tan (sañscrito), que significa fusão.
5.2 Objetivos e funções da dança
O objetivo ao trabalhar com a dança é promover e desenvolver de forma consciente os aspectos físicos, socioafetivos e cognitivos. Vejamos alguns deles a seguir:
a manutenção de capacidades físicas, como agilidade, coordenação, equilíbrio (dinâmico, estático e recuperado), flexibilidade, força (explosiva, isométrica e dinâmica), resistência (localizada, aeróbia e anaeróbia), potência muscular e cardiorrespiratória, mobilidade articular, ritmo e alinhamento biomecânico do movimento;
as referências socioafetivas despertam potencialidades, como cooperação, sociabilização, solidariedade, liderança, compreensão e laços de amizade, e incentivam a relação intrapessoal de forma positiva, estimulando a autoexpressão.
o sentido cognitivo, por meio de estímulos ao raciocínio, atenção, concentração, criatividade, senso estético, percepção, consciência corporal e noção espaçotemporal.
Portanto, podemos notar que a dança tem a possibilidade de desenvolver o homem de forma integral nos aspectos socioafetivo-cognitivos. Ela possui algumas atribuições específicas, divididas em seis tópicos:
autoexpressão;
comunicação;
diversão e prazer estético;
espiritualidade;
identificação cultural;
ruptura do sistema e revitalização da sociedade.
5.3 Elementos que compõem a dança
A matéria-prima da dança é o seu “próprio corpo”, que conscientemente ocupa e se desloca pelo espaço das mais variadas maneiras, empregando em seus movimentos uma determinada força de acordo com o objetivo a ser realizado, em um tempo preestabelecido. A seguir, vamos estudar os elementos que compõem a dança.
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O primeiro desses elementos é o corpo. Veja o quadro a seguir:
Quadro 2 – Corpo
	
	Interna:
	
	músculos, tendões, ligamentos, ossos, articulações, coração e pulmões
	
	(respiração).
	Partes do corpo
	Externa:
	
	
	
	cabeça, olhos, queixo, boca, pescoço, parte superior do tronco, costas,
	
	costelas, ombros, braços, cotovelos, punhos, mãos, metacarpos, pélvis,
	
	diafragma, abdômen, quadril, pernas, joelhos, tornozelos, pés, artelhos e
	
	pele.
	
	estender;
	
	curvar;
	
	torcer;
	
	rodar;
	
	elevar;
	Movimentos do corpo
	cair;
	
	girar;
	
	balançar;
	
	sacudir;
	
	suspender;
	
	desmoronar.
	
	andar;
	
	correr;
	Passos
	saltar;
	
	galopar;
	
	deslizar.
Outro elemento é o espaço. Veja:
Quadro 3 – Espaço
	Forma
	desenhos do corpo no espaço.
alto;
Nível (altura do
movimento)	médio;
baixo.
frente;
atrás;
Direção
lados: direito e esquerdo;
diagonais: direito e esquerdo.
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Tamanho
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grande;
pequeno.
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Lugar
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no mesmo lugar;
através do espaço.
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Foco
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Foco interno:
atenção na força empregada, na qualidade do movimento, contagem da música (pulso), respiração etc.
Foco externo:
atenção espacial, na expressão do movimento, na comunicação com a plateia etc.
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Caminho
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Direto: reto.
Indireto: curvo/ zigue-zague.
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A força também é um elemento:
Quadro 4 - Força
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Peso
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leve;
pesado.
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Energia
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compacta;
solta.
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Fluência
Por fim, o tempo:
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livre;
controlada.
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Quadro 5 - Tempo
Batida	pulso.
rápido;
Tempo	lento;
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Acento
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pausa.
forte;
fraco.
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Duração
5.4 Fundamentos da dança
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longa;
curta.
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Vejamos agora quais são os fundamentos principais da dança:
Locomoção: são meios de o corpo se deslocar pelo espaço usando as variações de direção, nível, tempo e formas de execução.
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Transferência: é a mudança ou deslocamento do peso corporal. Exemplo: quando uma bailarina se prepara para dar uma pirueta, ela está com o peso corporal dividido entre os dois membros inferiores. Para realizar o movimento de giro sobre uma perna, é necessário que ela transfira o peso corporal apenas para um membro inferior.
Giro: são movimentos de rotação em torno do próprio eixo longitudinal, sobre um pé apenas, podendo ser executados no lugar ou se deslocando. O giro também é conhecido como pivô ou pirueta, podendo ser concretizado para dentro (en dedans) ou para fora (en dehors).
O movimento é composto de cinco componentes: cabeça, braços, tronco, pernas e pés, e todos devem trabalhar simultaneamente.
A pirueta possui quatro fases:
Preparatória: é a acomodação do corpo, base técnica para iniciar o movimento. Nesta fase é importante:
— o alinhamento das estruturas, como ombros e crista ilíaca;
— a aquisição do tônus necessário do tronco para o controle postural;
— o encaixe do quadril (ísquios alinhados ao calcâneo).
Impulsão: coloca o corpo no eixo central e é responsável pelo ritmo da velocidade do movimento
— o corpo deverá trabalhar com forças antagônicas (tronco alongando ao máximo para cima e pés com toda a sua base de sustentação, empurrando o chão);
— deve-se flexionar as pernas, sem alterar a postura ereta do tronco;
— é necessário transferir o peso da base de duas pernas para uma, dando o impulso necessário para o movimento rotacional.
Giro: é o movimento rotacional no seu ápice. Nele:
— há marcação de cabeça ou ponto fixo no espaço ajuda a direcionar espacialmente o movimento em deslocamento e a manter o equilíbrio.
Esse componente se refere ao movimento de girar a cabeça, manter o olhar fixo o máximo possível em referência espacial, fazendo com que o olhar seja o último elemento, após o tronco e a cabeça, a abandonar a direção original, e o primeiro a se encontrar na referida direção novamente, enquanto tronco e cabeça ainda completam o giro (DENARDI,FERRACIOLI, RODRIGUES, 2008, p. 247);
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Figura 12 – Braços alinhados ao corpo para execução do giro
— os braços (MMSS) também têm um papel importante na impulsão e velocidade do movimento; quanto mais próximo ao tronco (menor o atrito com o ar), maior a velocidade do giro;
— manter o equilíbrio é fundamental para o sucesso do giro.
Aterrissagem: é o processo de desaceleração e parada do giro:
— os dois pés devem tocar o chão, descendo da meia ponta (dedos) para pés inteiros apoiados no chão;
— os joelhos também flexionam para ajudar no amortecimento da aterrissagem.
Outros itens que merecem destaque são a queda e o salto.
A queda é a mudança de nível de movimento e, por conseguinte, da base de sustentação. Exemplo: quando o corpo está em pé (nível alto), tem sua base nos dois pés. Ao se lançar ao solo, o corpo muda para o nível baixo e provavelmente a sua base vai se ampliar de acordo com o modo como o corpo chegou até o chão.
Ao executar o salto, o corpo fica suspenso e perde momentaneamente o contato com o solo ou outra base de sustentação na qual se apoia.
Os saltos possuem três fases: impulsão, voo e amortecimento da queda. Além disso, dividem-se em saltos grandes e pequenos, com deslocamento e sem deslocamento, que podem ser realizados nos eixos vertical e horizontal.
Os saltos podem ser executados em relação à base de apoio:
de dois pés para dois pés;
de dois pés para um pé;
de um pé para dois pés;
de um pé para o mesmo pé;
de um pé para outro pé.
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Pode-se destacar que a terceira fase (amortecimento da queda) é a grande responsável pelas lesões. Isso ocorre quando é aplicada de forma incorreta, quando há falta de fortalecimento dos MMII (membros inferiores) ou pelo excesso de impacto, podendo machucar articulações e causar torções, microlesões em ossos, rompimento de músculos etc.
 Observação
Quando usamos de forma consciente e criativa os itens que compõem a dança (corpo, tempo, espaço e força) – aliados aos princípios da dança (locomoção, transferência, giro, salto, queda) – temos uma grande variação de elementos que nos dão suporte para iniciarmos uma composição coreográfica.
5.5 Composição coreográfica
Segundo Garcia e Haas (2006), compreende-se por coreografia uma estrutura lógica de organização de movimentos em nível espacial capaz de expressar, a partir de uma estrutura musical, mensagens concretas e abstratas de acordo com o ideário do coreógrafo.
Para Nanni (1998), coreografias são criações sequenciais, sucessivas e com alternância das formas e movimentos dentro de um espaço temporal, com trajetórias no espaço físico, concretizando e desenvolvendo formas. O autor também diz que são vinculadas pelo vocabulário formal da dança.
A composição coreográfica surge como etapa final de um processo de aprendizado, baseado no estudo de uma técnica e de seus fundamentos, e é desenvolvida ao longo de um determinado período de tempo. Possui muitas etapas, como a concepção da ideia central, tema, repertório musical, exploração e criação de células de movimento e do espaço.
O tempo de criação varia muito, pois depende de vários aspectos, tais como:
nível técnico dos executantes (básico, adiantado, avançado);
estilo de dança (arte, cultura popular, circular etc.);
faixa etária (criança, adolescente, adulto, terceira idade);
grupos especiais (cadeirantes, deficientes visuais etc.);
número de alunos;
o tema da coreografia (abstrato, concreto, de repertório etc.).
Uma coreografia é composta de pequenas frases ou células de movimentos, que vão se agrupando umas às outras, até elaborar uma coreografia. O mecanismo é exatamente igual na criação de um livro: frases se unem e formam o capítulo, e vários capítulos integram o livro.
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A composição coreográfica é o “fazer artístico”, é a finalização de todo um processo de aprendizado no qual combinamos e exploramos de forma consciente os elementos que compõem a dança, seus fundamentos e a técnica do estilo de dança utilizado.
A composição é utilizada para todos os estilos de dança e também a encontramos na área esportiva nas seguintes modalidades: nado sincronizado e ginástica geral, rítmica, aeróbica e artística.
6 HISTÓRIA DA DANÇA
“[...] dança-se há mais de 10 mil anos e, historicamente, não se conhece um só povo que não dançasse, por mais primitivo que fosse” (AGOSTINI, 2010).
Podemos dizer que a dança existe desde que o homem existe. Sem dúvida, ela é uma das artes mais antigas, por meio da qual o homem manifestava suas crenças, desejos e impulsos.
Figura 13 – Figuras em movimentos de dança
Registros históricos indicam que na era primitiva os homens utilizavam seus movimentos para agradar aos seus deuses. Os homens dançavam muito mais que as mulheres, pois o regime era patriarcal. Com movimentos amplos e másculos (saltos e passos largos), dançavam para adquirir forças para a caça e celebrar vitórias. Havia danças guerreiras, solares, animalizadas e de máscaras.
As mulheres dançavam pela fertilidade, pelo nascimento, pela chuva e pelas colheitas. Suas articulações eram curtas e estreitas. Nesse período nascem a dança pantomima (imitação de animais) e a dança abstrata (em círculo) para atrair forças magnéticas.
Na Antiguidade, a dança tinha um caráter sacrorreligioso e festivo. No Egito, Idade do Bronze (3315 a 1200 a.C.), ela era praticada por mulheres, que cantavam e dançavam como forma de culto à deusa da fertilidade, antecedendo a cheia do rio Nilo. As danças típicas do período eram: as funerárias, as da colheita e as acrobáticas. A dança do ventre, também originária do Egito, era religiosa e praticada por sacerdotisas dos templos egípcios. Posteriormente, ela foi adotada pelos ciganos, que possuíram um papel importante nesse período, pois, na condição de nômades, foram responsáveis pela difusão da dança do ventre. Assim, a dança do ventre recebe influência de outras culturas e é incorporada à cultura árabe: Egito, Líbano, Marrocos, Tunísia e Turquia.
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Na Idade Média, a Igreja condenou a dança pagã, que era um costume popular para festejar a primavera, a semeadura e as colheitas. Entretanto, nessa época, essa mesma dança passou a ser absorvida pela nobreza e sofreu transformações em seus movimentos. Estes são codificados à métrica musical e a dança é executada apenas como divertimento. Então, passa a ter duas linhas: a dança popular e a dança da classe dominante.
A dança no Renascimento (século XV) surgiu na Itália e se espalhou por toda a Europa. As artes e o saber passam a ser valorizados (razão humana, filosofia, literatura e ciências), constituindo um patrimônio cultural que revolucionou o pensamento e a estética até então conhecidos. Na Itália, em 1581, a rainha Catarina de Médici reuniu pela primeira vez a dança, a música e o teatro. Nessa época, destacou-se o Ballet Comique de la Reine (O Balé Teatral da Rainha). Luís XIV revolucionou a dança de corte e a levou para o teatro, criando a Academia Real da Dança, em 1661, na França. A dança clássica recebeu um forte impulso evolutivo, o balé se desenvolveu com virtuosismo, estética e técnica e as danças populares persistiram e mantiveram suas tradições.
No Romantismo (século XIX), a dança foi marcada pela Revolução Francesa (igualdade, liberdade e fraternidade) e pela manifestação artístico-cultural, como oposição ao Iluminismo, articulado na razão humana. O balé se incorporou a esse movimento, negando a realidade e caminhando ao encontro da fantasia, do irreal e do etéreo. Suas histórias são românticas, narrando lendas e amores impossíveis entre o homem e seres imaginários (fadas, bruxos, ninfas, sílfides) ou entre o nobre e a camponesa.
Nesse século, irrompem os balés de repertório,e suas sequências coreográficas eram interpretadas minuciosamente – iguais às originais, seguindo o mesmo padrão para as músicas, figurinos e cenários. Destacamos alguns exemplos a seguir:
Giselle.
A Bela Adormecida.
A Sílfide.
Copélia.
O Quebra-Nozes.
Romeu e Julieta.
O Lago dos Cisnes.
Don Quixote.
La Fille Mal Gardée.
La Bayadere.
Paquita.
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O Pássaro de Fogo.
O Corsário.
Petrouchka.
Figura 14 – Ilustração de Marie Taglioni dançando La Sylphide
A sueca Marie Taglioni foi a primeira bailarina a usar sapatilha de ponta. No fim do século XIX, o balé entrou em declínio na Europa, mas ganhou forças na Rússia, sendo financiado pelos czares. O professor e coreógrafo russo Marius Petipa aperfeiçoou o balé russo e trabalhou com as músicas de Tchaikovsky.
A dança sempre esteve ligada ao contexto social, politico e religioso, e na Modernidade (século XX) não foi diferente. Com o surgimento das fábricas, as crises econômicas, a queda da bolsa de valores (1929), as guerras, enfim, com o mundo em transformação, o homem sente a necessidade de liberdade, de ideias inovadoras, quer mudar suas concepções. Nesse contexto, evidencia-se Isadora Duncan (1878 1927), bailarina americana que foi a precursora da dança moderna. Ela, que não aceitava as regras rígidas e arcaicas do balé, abandonou as sapatilhas de ponta e criou sua própria técnica, dançando os movimentos da natureza (onda, vento, nuvem, árvore) ou de antigas civilizações. Essa personagem influenciou vários bailarinos, coreógrafos e estudiosos daquele período, que passaram a criar um novo vocábulo de dança e de linguagem corporal.
O homem atual sofre a influência da tecnologia, da velocidade exponencial das informações e da alteração da relação tempo-espaço, ampliando seu mundo. O homem dança essa nova realidade, o corpo passa a agir pelo conhecimento, e não mais pela repetição, buscando movimentos mais expressivos para demonstrar os sentimentos.
A dança contemporânea explora a pluralidade, a ambivalência, a fragmentação de movimentos, a variação de velocidade, de peso, de espaço, e passa a ser um corpo aberto a investigações. Seus
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movimentos são baseados no cotidiano da sociedade e o tema de suas investigações coreográficas são os engajamentos sociais, a sexualidade, os movimentos políticos, a violência e a liberdade.
6.1 A dança no Brasil
A primeira forma de manifestação da dança em solo brasileiro ocorreu através da cultura indígena. A música e a dança sempre tiveram um papel fundamental em sua cultura, eles dançavam para celebrar a colheita, a pesca, a eleição de um cacique e a puberdade, para homenagear os mortos, para afastar as doenças etc.
Com a chegada dos colonizadores, o país passa a sofrer uma forte influência da cultura europeia. Depois, os escravos trazidos para trabalhar nas lavouras apresentaram seus costumes, músicas e danças africanas.
“Como temos, no Brasil, a mistura de vários povos (africanos, europeus e indígenas), os usos e costumes de todos eles se entrelaçam, aumentam ou diminuem e, muitas vezes, mesmo com características diferentes, têm a mesma origem” (PEREIRA; ALMEIDA PRADO, 2000, p. 4).
Essa miscigenação de culturas tão distintas traz um enriquecimento de ritmos, movimentos e repertórios para a construção da dança em nosso país.
Influência
indígena
Influência	Influência
europeia	africana
Figura 15
A dança erudita chega ao nosso solo através da corte de D. João IV, em meados do século XIX, para apresentar grandes espetáculos que eram executados na Europa.
Exemplo de aplicação
Veja a lista a seguir com alguns dos principais artistas da dança no Brasil:
Marilena Ansaldi, Maria Duschenes, Ismael Ivo, Henrique Rodovalho, Rodrigo Pederneiras, Rui Moreira, Ana Vitória, Deborah Colker, Paulo Caldas, Clarisse Abujamra, Marcia Haydée, Ivaldo Bertazzo, Lia Rodrigues, Luis Arrieta, Ismael Guiser, Ana Botafogo, Ruth Rachou, Renée Gumiel, Dalal Achcar, Rose Calheiros, Roseli Rodrigues, Cecilia Kerche, Hulda Bittencourt, Décio Otero, Marika Gidali, Carlinhos de Jesus, Jaime Aroxa, Angel Vianna, Lia Robatto, Edson Claro, Antônio da Nobrega, entre tantos outros.
Selecione dois ou três nomes e faça uma pesquisa sobre a contribuição social de cada um.
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Unidade II
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 Saiba mais
Os filmes a seguir podem propiciar um melhor entendimento sobre o trabalho de Pina Bausch.
FALE com ela. Dir. Pedro Almodóvar. Espanha: Warner Sogefilms, 2002.
112 minutos.
SONHOS em movimento. Dir. Anne Linsel e Rainer Hoffmann. Alemanha:
TAG/TRAUM, 2010. 92 minutos.
7 ESTILOS, MÉTODOS E ÁREAS DE ATUAÇÃO DA DANÇA
Agora vamos estudar quais são os estilos de danças existentes, suas áreas de atuação e técnicas empregadas.
7.1 Dança erudita e arte
A dança erudita utiliza a técnica para atingir seus objetivos, que são a performance e o rendimento técnico. Reforça padrões estéticos e biotipológicos ideais em relação ao corpo humano de um modo elitista, ou seja, nem sempre pessoas podem dançar, ou melhor, conseguem dançar.
Destacaremos a seguir as principais escolas e métodos do balé clássico pelo mundo.
Escola italiana
O Balé Escala de Milão é a escola mais antiga e renomada da Itália (foi fundada em 1813 por Benedetto Ricci). Organização do método: oito anos de graduação. Nos cinco primeiros, os alunos estudam dança clássica e moderna, e nos anos seguintes, especializam-se em clássico ou moderno.
Escola francesa
Na década de 1870, a França era conhecida como a professora de dança da Europa. O método Cecchetti é um dos mais ricos e antigos do país. Organização do método: sete etapas de graduação, com exames periódicos para troca de níveis e obtenção de diploma. A técnica prioriza o desenvolvimento da força, o equilíbrio e o conhecimento anatômico.
Escola russa
O método Vaganova foi fundado há mais de 100 anos. Organização do método: oito níveis de graduação, que priorizam a perfeição técnica, desenvolvimento de força na parte posterior da coxa, costas, plasticidade dos braços e arte individual.
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Escola inglesa
O método da Royal Academy foi inaugurado em 1920. É uma das principais escolas de balé do mundo, atuando em 79 países, com mais de 13 mil membros. Organização do método: dez etapas de graduação, que priorizam o alinhamento e a colocação do bailarino no espaço, incluindo-se exercícios específicos de barra e centro.
Escola cubana
A Escola de Balé Nacional de Cuba foi fundada em 1948 por Alicia Alonso e seu marido Fernando. O ensino é gratuito e financiado pelo governo. Organização do método: sofre influência da metodologia russa (Vaganova). Para ingressar na escola, seus estudantes passam por uma rigorosa seleção, devem ser talentosos e ter a biotipologia adequada à prática da dança.
Apresentaremos os principais nomes da dança moderna, dividida em duas escolas, a americana e a alemã.
Na escola americana, temos:
George Balanchine (1904-1983): seu estilo de dança era abstrato (sem enredo), com emprego de linhas alongadas e uso extensivo do espaço, da energia e da velocidade. Em 1948, funda sua companhia, The New York City Ballet.
François Delsarte (1811-1871): cantor que estudava a relação entre gesto, voz e emoção. A expressão
é obtida pela contração e relaxamento dos músculos: tension – release, que são palavras-chave do método de Martha Graham.
Isadora Duncan (1878-1927): precursora da dança moderna, rompendo com o rigor do ballet. Sua técnica é desenvolvida pela observação dos movimentos da natureza (onda, vento, nuvem, árvore) ou de antigas civilizações.
Ruth Saint-Denis (1879-1968): tinha um temperamento místico e encontrou inspiração nos movimentos exóticos e religiosos. Com seu marido (Ted Shaw),criou a escola Denishawn. Suas principais bailarinas foram Martha Graham e Doris Humphrey. Ambas abandonam a escola Denishawn e iniciam seus estudos.
Martha Graham (1894-1991): foi um dos alicerces da dança moderna. Basicamente, sua técnica reside em contrair e alongar o tronco.
Doris Humphrey (1895-1958): também foi um dos pilares da dança moderna. Sua técnica é apoiada na queda e na recuperação.
José Limón (1908-1972): discípulo de Humphrey. Sua técnica fundamenta-se na respiração e seu efeito sobre os movimentos, na exploração da fluência e do peso na prática do rebote. Foi professor na Juliard School, de Nova York.
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Merce Cunningham (1919-2009): sua técnica coreográfica é forte, balanceada e rítmica. Explora as mudanças de direção, tempo, e transferência de peso e usa o acaso para suas composições coreográficas.
Steve Paxton: é um bailarino e coreógrafo nascido em 1939. Sua formação foi a ginástica, lutas como aikido e tai chi chuan, ioga e dança clássica e moderna. Desenvolveu um estudo em que o movimento deve se iniciar pela pélvis e pela coluna.
Na escola alemã, destacam-se:
Émile Jaques Dalcroze (1865-1950): músico suíço que criou o método eurritmia (coordenar música e movimentos corporais), o que é muito usado na dança.
Rudolf Laban (1879-1958): preocupava-se em expressar as emoções através do movimento do corpo humano. Concebe a labonotação (memorização dos movimentos por meio de gráficos) e o icosaedro (o aluno se movimenta dentro dessa noção de espaço). Trabalha com os componentes espaço, tempo e peso.
Mary Wigman (1886-1973): foi aluna de Dalcroze e assistente de Laban. Suas coreografias eram gestos decididos, simples e estilizados (expressionismo).
Kurt Jooss (1901-1979): foi aluno de Wigman. Seu trabalho era baseado nas teorias de Laban e suas coreografias eram amostras claras de uma crítica à ordem social (expressionismo).
Pina Bausch (1940-2009): foi responsável pela transformação da dança alemã e a criadora da dança-teatro. Sua técnica é apoiada na repetição de movimentos do cotidiano ou do abstrato. Para suas composições coreográficas, aplica a improvisação, a inspiração, a experiência de vida de seus bailarinos, e ainda utiliza-se da percussão corporal. Foi diretora do Tanztheater (dança-teatro) Wuppertal Pina Bausch.
7.2 Dança da cultura popular
As danças populares são danças que nascem do povo e se manifestam normalmente para expressar a cultura de uma determinada região ou país. Também podem ser uma forma de protesto, de festejo etc.
Balbino (2006) amplia a ideia ao afirmar que o hip hop é representante de sobreviventes da guerra. Uma guerra cotidiana pelo direito de viver. Este movimento acolhe e tenta proteger os que já nascem condenados à morte. Personagens reais, cercados pela miséria, fome, desabrigo, armas de fogo, tráfico e desrespeito. O hip hop escolhe a cultura como forma de resistência. Uma cultura marginal, que não é propriedade nem da elite, nem da burguesia. A cultura de quem foi capaz de criá-la e levá-la adiante, além das fronteiras geográficas. É a cultura das ruas, do povo, do mundo.
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7.3 Danças urbanas – street dance
Na década de 1960, em meio aos conflitos de ordem social, como pobreza, racismo, violência, drogas e discriminação, nos guetos de Nova York, mais especificamente no bairro do Bronx, surge a cultura hip hop, que foi criado pelo DJ Afrika Bambaataa. Foi um movimento revolucionário que era uma mistura de músicas intituladas de rap, dança break e a arte plástica chamada grafite. As pessoas marginalizadas usavam esse tipo de arte para romper com a discriminação e a desigualdade de direitos, e as letras das músicas tinham um caráter informativo, de cunho político-social.
Figura 16 – Dança hip hop
O hip hop é caracterizado por cinco fundamentos:
MC: canta o rap e é considerado o cérebro do grupo, a consciência.
DJ: é o responsável pela música de fundo para o MC.
Rap: é a expressão musical da cultura hip hop, e suas letras falam de pobreza, discriminação étnica, conflitos com a lei, pobreza etc.
Grafite: é uma arte visual que, através de desenhos grandes e coloridos realizados pelos grafiteiros, demarcam seus territórios, comunicam-se ou simplesmente demonstram sua arte. Realiza tais figuras em muros, becos, prédios, trens etc.
Break: é a dança que representa essa cultura com seus movimentos peculiares. Cada grupo tem seu estilo, sua marca, mas o improviso é a base de todos.
Este movimento chegou ao Brasil na década de 1980, na cidade de São Paulo, e os pioneiros da cultura hip hop em nosso país foram: Racionais MCs, Nelson Triunfo, Thaíde, DJ Hum e Metralhas.
Vejamos alguns exemplos de danças urbanas:
hip hop;
break;
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locking;
vogue;
up rocking;
popping;
waving;
scare crow;
animation;
king tut;
house dance.
7.4 Dança-educação – movimento expressivo
“Por meio de um trabalho reflexivo em dança escolar, é possível desenvolver alunos críticos, autônomos e criativos, capazes de serem agentes transformadores em seu meio” (VIEIRA, 2008).
“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção” (FREIRE, 1996).
A dança-educação utiliza as possibilidades individuais do aluno para atingir seus objetivos, que são criar estratégias ou facilitações para a educação integral do ser humano, o prazer, a comunicação e a descontração. Não visa à performance, e sim ao que cada um pode buscar dentro de si de acordo com seus limites e respeitando-os. Não existe preocupação com técnica e nem com biótipo. Qualquer pessoa tem a capacidade de dançar. Exemplos:
dança educacional;
dança escolar;
movimento expressivo (Rudolf Laban).
Em nosso país, Rudolf Laban é conhecido como um estudioso na área de dança-educação, porém ele
reconhecido no globo como o “mestre do movimento”, pois seus estudos são usados nas mais distintas áreas do conhecimento. Quem introduziu seu método no Brasil foi Maria Duschenes, sua discípula.
Rudolf Laban nasceu em 1879, na cidade de Bratislava, Hungria. Aos 15 anos, teve os primeiros sinais de sua futura carreira, descrevendo que seu corpo e sua alma moviam-se juntos, e então
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ele simplesmente começou a dançar. O fato marcou o início para a compreensão da totalidade do movimento do corpo, não restrito à dança, mas se estendendo ao trabalho, às ações cotidianas ou a qualquer movimento humano.
O notável húngaro tornou-se bailarino e coreógrafo. É autor de várias obras, as quais se tornaram famosas e que foram concebidas tanto para grandes grupos como para pequenas companhias, tanto para leigos quanto para profissionais. Laban foi também diretor de movimento da Ópera Estadual de Berlim e dirigiu seu trabalho principalmente para a dança como meio de educação.
Ele buscava um tipo de arte que envolvesse ação e pessoas e também uma dança que não usasse as formas tradicionais de mímica e balé clássico. Então, concebeu uma experiência de movimento com pessoas, e elas participavam ativamente das danças criadas. A partir daí, desenvolveu a dança coral com o objetivo de redescobrir a dança como forma de educação e terapia.
Laban criou centros de pesquisa nos quais buscava o retorno aos movimentos naturais em sua espontaneidade e riqueza e na plena vivência consciente de cada um deles, ampliando o alcance do estudo do movimento humano, pois se baseou nos princípios básicos do movimento humano, e não apenas em estilos específicos. Em 1929, estudou as ações de trabalhadores industriais, despertando seu interesse em conhecer as atitudes psicológicas desses operários para aperfeiçoar seu campo de pesquisa. Nessa análise, investigou a organização no processo fabril, que era feito em filmes e destinava-se ao treinamentode mulheres para tarefas executadas anteriormente por homens. Como na época havia pouco material para continuar esse projeto, Laban ensinou ao seu amigo Lawrence, um industrial, a escrita da dança, mais conhecida como Labanotation, para que este pudesse dar continuidade ao trabalho.
Laban foi um grande pesquisador das múltiplas e diversas manifestações do movimento no trabalho exercido nas fábricas, na vida cotidiana ou nas artes. Seus estudos continuam contribuindo até hoje nas mais diversas áreas do conhecimento, como Educação Física, Dança, Teatro, Psicologia, Pedagogia etc.
Além disso, desenvolveu um método e uma terminologia para análise do movimento humano, tais como:
eucinética: “estuda os aspectos qualitativos do movimento; é o estudo do ritmo e dinâmicas do movimento; é o estudo das qualidades expressivas do movimento” (RENGEL, 2005, p. 62);
labanotação: é um tipo de escrita dos movimentos da dança. É composta de sinais gráficos que possibilitam registrar os movimentos coreográficos. Possui a mesma função de uma partitura de música, e qualquer pessoa que consiga decodificá-la consegue executar seus movimentos;
corêutica: é o estudo do movimento corporal em relação ao espaço físico.
Essa organização espacial explora o espaço dentro da “cinesfera” de cada indivíduo.
Segundo Rengel (2005), cinesfera é a esfera pessoal de movimento. Determina o limite natural do espaço pessoal, cercando o corpo, esteja ele em movimento ou imóvel.
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A seguir, destacamos as direções do corpo em relação à cinesfera:
frente: nível alto, médio e baixo;
atrás: nível alto, médio e baixo;
diagonal direita frente: nível alto, médio e baixo;
diagonal direita atrás: nível alto, médio e baixo;
diagonal esquerda frente: nível alto, médio e baixo;
diagonal esquerda atrás: nível alto, médio e baixo;
lado direito: nível alto, médio e baixo;
lado esquerdo: nível alto, médio e baixo.
Figura 17 – Cinesfera
Agora vamos ressaltar alguns itens importantes.
Há quatro fatores do movimento: fluência, espaço, peso e tempo.
A ação básica do esforço é o estudo da atitude interna e consciente dos movimentos corporais, buscando a qualidade do movimento empregado nas oito ações básicas de movimento (a seguir). Ao executarmos um movimento de dança ou mesmo um exercício de musculação, devemos nos atentar para a direção das estruturas ósseas, a força empregada e o tempo de execução, para então desenvolvê lo.
As oito ações básicas de movimento são: sacudir, torcer, pressionar, chicotear, socar, flutuar, deslizar e pontuar.
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Nesse instante, irrompem três questões: em que direção do espaço o corpo se move? Qual a velocidade empregada no movimento? Quanto de energia muscular é gasto no movimento?
A figura a seguir destaca o passo a passo:
	Ação básica
	
	Ação básica
	
	
	Ação básica
	
	Ação básica
	1 – Sacudir
	
	2 – Torcer
	
	
	3 – Pressionar
	
	4 – Chicotear
	
	
	
	
	
	
	
	
	Fator espaço
	
	Fator espaço
	
	
	Fator espaço
	
	Fator espaço
	Indireto
	
	Indireto
	
	
	Direto
	
	Indireto
	
	
	
	
	
	
	
	
	Fator tempo
	
	Fator tempo
	
	
	Fator tempo
	
	Fator tempo
	Acelerado
	
	Desacelerado
	
	
	Desacelerado
	
	Acelerado
	
	
	
	
	
	
	
	
	Fator peso
	
	Fator peso
	
	
	Fator peso
	
	Fator peso
	Leve
	
	Firme
	
	
	Firme
	
	Firme
	
	
	
	
	
	
	
	
	Ação básica
	
	Ação básica
	
	
	Ação básica
	
	Ação básica
	5 – Socar
	
	6 – Flutuar
	
	
	7 – Deslizar
	
	8 – Pontuar
	
	
	
	
	
	
	
	
	Fator espaço
	
	Fator espaço
	
	
	Fator espaço
	
	Fator espaço
	Direto
	
	Indireto
	
	
	Direto
	
	Direto
	
	
	
	
	
	
	
	
	Fator tempo
	
	Fator tempo
	
	
	Fator tempo
	
	Fator tempo
	Acelerado
	
	Desacelerado
	
	
	Desacelerado
	
	Acelerado
	
	
	
	
	
	
	
	
	Fator peso
	
	Fator peso
	
	
	Fator peso
	
	Fator peso
	Firme
	
	Leve
	
	
	Leve
	
	Leve
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	Figura 18
	
	
 Lembrete
Para executarmos os nossos movimentos com qualidade e precisão, devemos usar as oito ações básicas. Esse recurso não deve ser aplicado apenas na prática da dança, mas em todas as nossas atividades físicas.
7.5 Dança e Educação Física
A Dança na Educação Física está inserida nas atividades que compõem o universo da cultura corporal de movimento, cuja definição é:
[...] acervo de formas de representação do mundo que o homem tem produzido no decorrer da história, exteriorizados pela expressão corporal: jogos, danças, lutas, exercícios ginásticos, esporte, malabarismo, contorcionismo, mímica e outros, que podem ser identificados como formas de representação simbólica de realidades vividas pelo homem, historicamente criadas e culturalmente desenvolvidas (COLETIVO DE AUTORES, 1992).
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A influência da dança no universo ginástico é muito presente, tanto no aspecto do desenvolvimento técnico de saltos, giros, piruetas e equilíbrios como na evolução do trabalho corporal para sensibilizar os movimentos e torná-los mais rítmicos e expressivos. Observamos também o uso de composição coreográfica, desenhos espaciais, deslocamentos, cânon e termos técnicos do balé que foram incorporados pelo universo ginástico, tais como espacato, jeté en tournant, grand jeté, grand ecart e en passé.
Humphrey (1965), ao analisar os movimentos da dança, afirma que estas possuem quatro elementos: o desenho, a dinâmica, o ritmo e a motivação, e que, quando estes elementos são bem trabalhados, bem apresentados, escolhidos com inteligência, nas suas combinações possíveis, a dança aumenta, técnica e expressivamente, o seu valor (MESQUITA, 2008, p. 66).
Há elementos da dança em várias áreas do universo ginástico, tais como:
ginástica rítmica;
ginástica artística;
ginástica geral;
nado sincronizado;
hidroginástica;
ginástica aeróbica;
zumba;
balé fitness etc.
7.6 A dança como reabilitação
De acordo com a American Dance Therapy Association, a dança-terapia define-se como “o uso psicoterapêutico do movimento como um processo que visa promover a integração física e emocional do indivíduo” (COUPER, 1981).
Como salientado, esse tipo de terapia tem como objetivo trabalhar com grupos especiais, por exemplo, pessoas com deficiência visual, auditiva, motora, física e cognitiva. Atua no desenvolvimento e reabilitação das capacidades físicas, bem como na inclusão e no processo artístico.
A dança-terapia é extremamente útil e saudável. Traz benefícios físicos (fortalecimento do tônus muscular e da flexibilidade), previne a rigidez articular, promove equilíbrio (com ganho de coordenação nos movimentos), agilidade e benefícios ao sistema cardiorrespiratório. No quesito psicológico, ajuda o indivíduo a interagir e socializar com outros parceiros, assim como aprender a arte da dança para se expressar e se tornar mais independente, melhorando a qualidade de vida e a sensação de bem-estar.
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7.7 A dança na religião
Figura 19 – Três orixás, Djanira da Mota e Silva
Acredita-se que a dança-religião faz parte dos rituais sagrados desde a Antiguidade. Com ela, o homem pode se conectar com uma energia ou um ser superior e, por meio dela, também pode agradecer aos seus deuses.
“Durante milênios só existiam os bailados para pedir chuva, caça, vitória aos deuses e agradecer-lhes as mercês ou abrandar a possibilidade dos castigos ameaçadores” (CASCUDO, 2012, p. 253).
Fica claro que a dança religião foi se fortalecendo e sendo transmitida de geração em geração, nas mais diversas regiões do nosso planeta.
Evidenciam-se os seguintes tipos de dança-religião:dervixe;
danças religiosas da Grécia Antiga: corybanthique (dedicada a Zeus) e gimnopédia (em honra ao deus Apolo);
danças do candomblé;
danças de culto gospel;
danças rituais de diversas tribos indígenas;
danças religiosas, como a São Gonçalo (dedicada ao santo São Gonçalo);
dança de São Vito, entre outras.
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Figura 20 – Indígenas caiapó dançando
8 DANÇAS INTEGRATIVAS
As danças integrativas são exercícios de dança e movimentos corporais que têm como objetivo introduzir de maneira educativa, alegre e prazerosa a arte de se expressar, de conhecer nosso corpo e nossa mente, para que possamos integrar e administrar nossa saúde, além de promover uma linguagem por meio da qual o individuo possa sentir, perceber, conhecer e manifestar-se através de atividades artísticas que desenvolvam a sensibilidade, a imaginação, a criatividade e a comunicação humana.
Além desses fatores, por meio da brincadeira e da expressão corporal, as danças integrativas buscam ampliar nossas percepções para a busca da intuição e a sabedoria milenar universal.
Através da dança, do movimento, da respiração, do ritmo, do pulso, de jogos lúdicos, da observação, buscaremos de forma descontraída o “espírito brincalhão” de cada um. O “espírito brincalhão” é regido pela alegria, que tem a força e a capacidade de afastar a doença, a ofensa, a raiva, o nervosismo, a tensão, a solidão, o desânimo, entre outros.
A dança integrativa é uma das maneiras de se conectar com “a força”, pois você se concentra, focaliza uma ação, gera um movimento intencionado num determinado ritmo e alinha, integra e harmoniza suas quatro forças – corporal, emocional, mental e espiritual. Também cria condições para um melhor relacionamento entre as pessoas e desenvolve o tônus muscular, que vai influenciar suas atitudes e sua maneira de se posicionar. Além disso, permite que os indivíduos se desinibam, não sintam tanta vergonha, e promove uma soltura, uma liberdade interior, permitindo um melhor estado de espírito e uma sensação agradável em seu corpo.
Por meio da dança integrativa, é possível desenvolver uma experiência saudável para aprender a mensagem, gerando confiança em nós mesmos. Essa autoconfiança é o modo de despertar e não ter medo de enfrentar as diversas situações que a vida nos proporciona. Ela apresenta experiências motivacionais que geram curiosidade e fortalece nossa tendência à exploração e à busca do desconhecido, o que conduz à aprendizagem e ao despertar de si mesmo.
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Vejamos os benefícios das danças integrativas:
promove autoconfiança;
gera sociabilização e divertimento;
estimula a circulação sanguínea;
desenvolve a coordenação motora;
melhora o sistema cardiorrespiratório;
dá agilidade e flexibilidade;
diminui o estresse;
aumenta a resistência muscular (principalmente pernas e quadris);
desenvolve ritmo e percepção corporal.
A seguir, vamos estudar as danças que, por possuírem as características de trabalhar com um número grande de pessoas, com uma técnica de movimentos mais simples de serem aprendidos e executados, são consideradas integradoras. São elas: danças circulares, danças de salão e danças folclóricas.
8.1 Danças circulares
Figura 21 – A dança, Henri Matisse
Danças circulares são simples e de fácil aprendizado. Elas são realizadas em roda, normalmente executadas por um grande número de pessoas, ao ritmo de músicas alegres ou meditativas. São inspiradas em certas tradições ou originárias de várias culturas ou regiões de um país. Dançar em círculo
uma das formas mais antigas de se dançar; desde a pré-História, o homem já fazia tais movimentos para agradecer pela colheita, fertilidade e plenitude da vida, acreditando adquirir forças.
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As danças circulares sagradas são carregadas de simbolismo. Elas podem ser meditativas, vigorosas, lúdicas, não competitivas, divertidas, pacíficas, curativas e socializadoras, pois qualquer um pode dançar, já que não é preciso nenhuma experiência anterior, não há limite de idade ou número de participantes.
Em 1952, o bailarino e coreógrafo alemão Bernhard Wosien começou a pesquisar as antigas danças em roda da Europa Oriental e observou o bem que elas faziam ao seu povoado, criando um ambiente de comunhão entre todos. Em 1976, teve contato com a Findhorn Foundation e criou a meditação da dança, que foi divulgada pelo mundo todo. As danças circulares sagradas chegaram ao Brasil através da Comunidade Nazaré Paulista, desenvolvendo um trabalho de reflexão espiritual, vivência grupal e autoconhecimento.
Encontramos essas danças nas grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, e elas são realizadas em praças públicas ou parques, sempre em lugares onde é possível o contato com a natureza. Acentuaremos alguns exemplos de danças circulares sagradas e seus significados e características:
Dança circular – Irish mandala:
— os passos para frente significam caminhar para o futuro;
— os passos para trás representam não perder a visão do passado, apesar de caminharmos para o futuro;
— os passos para frente indicam que não devemos nos prender ao passado;
— os passos que retornam ao lugar mostram que também devemos ter os pés no presente;
— a aproximação significa o compartilhar, dividir o espaço, trocar experiências;
— separar, voltando ao seu lugar, indica a preservação de sua privacidade, que você deve manter seu espaço;
— a troca de lugar expressa que você deve se colocar no lugar da pessoa, trocar de papéis;
— a troca de pares revela que não vivemos apenas na troca comum, mas sim com várias pessoas e de uma forma contínua e ininterrupta.
Dança circular – Shetland wedding reel:
— é uma dança alegre e vibrante, dançada nas festas de casamento, especialmente ao norte da Escócia (Ilhas Shetland) e na Bavária.
Dança circular – Kos greeting dance (Ena mythos):
— passo em direção ao centro do círculo: eu te saúdo;
— passo para trás: eu te dou espaço e ocupo o meu espaço;
— passo para o lado direito: eu sigo o meu caminho.
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Essa dança é realizada na ilha de Kos (Grécia) pelas famílias dos pescadores. Executam-na ao vê-los chegar sãos e salvos de uma pescaria perigosa para lhes desejar boas-vindas. Era também dançada pelos templários durante as Cruzadas.
Chestnut bud:
— dança do floral de Bach (erros e enganos do passado), é conhecida como a dança da solidariedade.
8.2 Danças sociais ou danças de salão
A dança de salão é uma dança social praticada e interpretada por pares, que realizam movimentos expressivos e coreografados, de forma simples ou com evoluções mais complexas, nos mais diversos ritmos musicais. Em geral, é executada por prazer e para integração.
“Dança é designada para indicar, atualmente, um conjunto de inúmeras outras danças, cada uma característica de uma região ou país, e que, ao longo dos tempos, sofreu modificações culturais na medida em que se espalhou no mundo” (GARCIA; HAAS, 2006).
Em 1915, a suíça Louise Frida Reynold Leitão introduziu a primeira escola de dança de salão no Brasil.
Além dos aspectos socioafetivo e lúdico, a dança de salão é considerada uma das formas mais relaxantes de exercitar o corpo, pois desenvolve boa postura, coordenação, flexibilidade e equilíbrio e fortalece o tônus muscular. Por todas essas características, ela é muito indicada para a terceira idade.
Citamos alguns ritmos dançados nesse estilo de dança:
forró;
samba;
tango;
valsa lenta;
valsa vienense;
slowfox;
quickstep;
chá-chá-chá;
paso doble;
rumba;
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jive;
rock’n’roll;
mambo.
 Saiba mais
Existe também uma categoriade dança de salão competitiva, chamada de dança esportiva.
Acesse o site:
<http://www.worlddancesport.org/>.
8.3 Danças da cultura popular brasileira ou danças folclóricas
Dança folclórica é uma manifestação cultural desenvolvida pelos costumes de uma determinada comunidade e que se perpetua por ser transmitida de geração a geração. A principal característica das danças folclóricas é a valorização do modo de pensar e agir de uma cultura específica. São executadas com passos simples e repetitivos com o objetivo de integrar, sociabilizar e divertir os membros desse grupo. O termo folclore significa
[...] as maneiras de pensar, sentir e agir de um povo, preservadas pela tradição popular, ou pela imitação, e que não sejam diretamente influenciadas pelo circulo erudito e instituições que se dedicam ou à renovação de patrimônio científico e artístico humano, ou à fixação de uma orientação religiosa e filosófica (GARCIA; HAAS, 2006, p. 121).
As danças folclóricas podem ser religiosas, profanas ou guerreiras, mas quase todas possuem um elemento social. Antigamente representavam a vida diária de um povoado e eram ligadas a danças guerreiras, de competição, de casamento, do plantio e da colheita, de agradecimento, de funeral, de pastoreio, da pesca, de tecelagem etc. Hoje elas são realizadas de forma lúdica, com caráter de preservação de uma cultura.
Segundo Marcos Neira (2006), “a cultura não morre, ressignifica-se. Ela tem que ser pensada à luz do tempo da classe que a pratica e do grupo cultural que lhe atribui sentido”. Tal fato pode ser comprovado através das mudanças que ocorreram na catira, dança rural típica do Sudeste. Ela era executada exclusivamente pelo gênero masculino, com características marcantes de força e virilidade, nos movimentos do sapateado e das palmas. Entretanto, a catira vem sofrendo modificações, pois o interesse do gênero feminino em aprender e divulgar essa dança diminuiu, haja vista as modificações naturais aplicadas em sua execução – emprego de força e do tônus.
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8.3.1 Folclore
Folclore é a cultura do popular, tornada normativa pela tradição. Compreende técnicas e processos utilitários, além da sua funcionalidade. O conteúdo do Folclore ultrapassa o enunciado de 22 de agosto de 1846, quando William John Thoms criou o vocábulo. Qualquer objeto que projete interesse humano, além de sua finalidade imediata, material e lógica, é folclórico. Desde que o laboratório químico, o transatlântico, o avião atômico, o parque industrial determinem projeção cultural no plano popular, acima do seu programa específico de produção e destino normais, estão incluídos no Folclore. Não apenas contos e cantos, mas a maquinaria faz nascer hábitos, costumes, gestos, superstições, alimentação, indumentária, sátiras, lirismo, assimilados nos grupos sociais participantes. Onde estiver um homem, aí viverá uma fonte de criação e divulgação folclórica. O Folclore estuda a solução popular na vida em sociedade. Em qualquer povo haverá uma cultura sagrada, hierárquica, veneranda, reservada para a iniciação, e a cultura popular, aberta à transmissão oral e coletiva, estórias e acessos às técnicas habituais do grupo, destinada à manutenção dos usos e costumes no plano do convívio diário. O Folclore estuda todas as manifestações tradicionais na vida coletiva (CASCUDO, 2012, p. 304).
Um nome notável para o folclore nacional é Luís da Câmara Cascudo (1898-1986), um grande pesquisador das tradições do povo brasileiro e suas raízes culturais. É oportuno lembrar que seu estudo foi pioneiro e de profunda importância para resgatar, arquivar e perpetuar o folclore do País. Entre inúmeras contribuições, citamos: música, danças, comidas, versos, brincadeiras, jogos, artesanatos.
Os fatos folclóricos são transmitidos oralmente e pela imitação através da fala (em cantigas ou de forma declamada).
O Brasil possui um dos folclores mais ricos de todo o mundo. O dia do folclore é comemorado em 22 de agosto, e foi determinado pelo Decreto nº 56.747, de 17 de agosto de 1965.
Figura 22 – Máscaras
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Manifestações folclóricas:
contos;
cantigas;
costumes;
culinária;
danças;
frases;
festas;
gestos;
jogos e brincadeiras;
roupas;
superstições.
8.3.2 Quadrilha
A quadrilha é uma dança que surgiu na Inglaterra em meados dos séculos XIII e XIV, com característica rural e camponesa. Após a Guerra dos Cem Anos, a França adotou a quadrilha, que passou a ser realizada nas festividades por toda a nobreza e logo se espalhou pela Europa, chegando a ser a principal dança dos grandes bailes da corte. Ela chegou ao Brasil com a corte portuguesa no século XIX e logo se popularizou por todo o País. O excerto a seguir é de 1842.
O furor das contradanças
Por toda parte s’estende,
A todo gênero humano
A quadrilha compreende.
Nas baiucas mais nojentas,
Onde a gente mal se vê,
Já se escuta a rabequinha,
Já se sabe o balancê (CASCUDO, 2012, p. 587).
Vale ressaltar que a quadrilha nasceu do povo, depois foi absorvida pela corte e séculos mais tarde voltou à categoria de dança popular. Interessante notar que em nosso país ela é uma forma de festejo em homenagem aos santos juninos Santo Antônio, São João e São Pedro e também para
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agradecer a colheita, exatamente como era em seu início. A quadrilha denota linguagem caipira, mas ainda possui resquícios da dança de corte – por exemplo, alguns termos, como: balancê, en arriére, en avant, vis-a-vis, tour.
Em relação à marcação de quadrilha, ela é executada em pares, e as colunas e fileiras são intercaladas entre damas e cavaleiros. Deve-se numerar os casais em “grupo 1” e “grupo 2”. Vejamos os comandos do líder no momento da dança e a sequência das ações:
Ao centro: de mãos dadas às duas fileiras, vão para frente e cumprimentam-se.
Mais uma vez. No centro fazem o balanceio e o giro.
Aos seus lugares.
Damas cumprimentam os cavalheiros.
Cavalheiros cumprimentam as damas.
Saudação geral.
Cavalheiros trocam de lado: dirigem-se ao centro, dão-se as mãos direitas, giram pela direita e trocam de lado.
Damas trocam de lado: dirigem-se ao centro, dão-se as mãos direitas, giram pela direita e trocam de lado.
Grande passeio em círculo: as damas se colocam à direita dos cavalheiros.
Trocar de damas até que os pares se encontrem.
Trocar de cavalheiros até que os pares se encontrem.
Passagem pelo túnel.
Grupo 1: ao centro e balanceio.
Aos seus lugares.
Grupo 2: ao centro e balanceio.
Aos seus lugares.
Preparar para o galope.
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Segue o grande passeio.
Caminho da roça: formar uma coluna – o noivo segura as mãos da noiva e os demais se seguram pela cintura.
Olha a chuva!
Já passou!
A ponte caiu!
Já consertou!
Olha a cobra!
Já mataram a “mardita”!
Segue o caminho da roça.
Formar o caracol.
Desvirar o caracol.
Formar a grande roda, deslocar-se para a direita e para a esquerda.
Damas para o centro do círculo: damas à direita, cavalheiros à esquerda.
Cavalheiros procuram sua dama.
Coroar damas. Para a direita, para a esquerda.
Coroar cavalheiros. Para a direita, para a esquerda.
Todo mundo para o baile!
Está terminada a nossa quadrilha.
Despedida e saída do baile.
As danças do folclore brasileiro possuem dois grupos de desenvolvimento: o urbano, que marca os costumes das cidades, e o rural, que relata o estilo do homem do campo. Sofrem influência da cultura europeia, principalmente pelos portugueses e espanhóis, pela cultura africana e indígena. A seguir, vamos observar alguns exemplos de danças brasileiras e suas características.
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Pau defita
De origem portuguesa e espanhola, esta dança é executada em torno de um mastro central que possui fitas presas. A quantidade de participantes deve ser sempre em número par. Cada um segura a ponta de uma das fitas e, ao dançar, faz desenhos de tranças, tramas etc. Também foi encontrada no Rio Grande do Norte, no fim da dança bumba-boi (bumba meu boi), mas sem a execução do trançado.
Chula
De origem portuguesa, é conhecida como dança-desafio e é tipicamente masculina. Possui movimentos de sapateado fortes e vibrantes, e em geral são dançadas por peões.
Chimarrita
uma dança portuguesa da ilha da Madeira e Açores, e chegou ao Brasil pelo Rio Grande do Sul, através dos açorianos, no ano de 1747. É executada por homens e mulheres, que ficam frente a frente em duas fileiras. Os movimentos variam com palmas, batidas de pés e valsas.
Catira ou cateretê
Conhecida como dança rural, dançada basicamente por homens boiadeiros e lavradores nas festas religiosas. Sua formação se dá em duas fileiras, nas quais os dançarinos executam sapateado e palmeado ao som da moda de viola. Possui uma origem híbrida, com influência indígena, africana e europeia.
Parece uma coisa à toa
Mas tem muito que sabe;
Que não é qualquer pessoa
Que dança o Cateretê! (CASCUDO, 2012, p. 186)
Jongo
De origem africana, o jongo é uma dança de roda na qual os dançarinos se deslocam para o centro da roda individualmente ou em duplas, um homem e uma mulher, e então disputam suas habilidades. Os movimentos são feitos com a marcação da batida dos pés à frente do corpo (alternadamente e com rodopios), indicando agilidade. Os instrumentos de percussão aplicados são pequenos tambores, chocalhos e as palmas. A música é cantada por um ou mais solista, e o refrão é executado por todos os integrantes da roda.
Dança de São Gonçalo
A dança de São Gonçalo é religiosa e possui origem portuguesa. Chegou ao País com os fiéis do Santo Amarante, padroeiro das meninas que querem casar e dos doentes de estômago e ventre. Dançadas essencialmente em fazendas e povoados, onde os fieis cantam e dançam com a imagem para pagar a promessa.
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Carimbó
Dança típica de Marajó (PA), é realizada nas zonas de pescadores e lavradores. Possui forte influência africana e é realizada ao som de instrumentos de percussão como o carimbó (tambor de origem africana), pandeiros e reco-reco. Os movimentos são requebrados, vibrantes, alegres e cheios de rodopios. O carimbo é dançado por homens e mulheres em roda. Ao rodopiarem, as mulheres tentam jogar a barra da saia sobre a cabeça do homem, causando risos entre os participantes.
Danças típicas da região Sul:
xote;
maçarico;
milonga;
pezinho;
rancheira de carreirinha;
anu;
balaio;
bugio;
tatu;
tirana;
fandango;
vanerão.
Na região Sudeste, destacamos:
catira ou cateretê;
jongo;
dança de São Gonçalo;
samba;
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xiba;
ciranda;
dança do tamanduá;
mineiro-pau;
batuque;
cana-verde;
fandango.
Na região Norte, acentuamos:
bumba-boi;
carimbó;
camaleão;
dança do maçarico;
desfeitera;
marambiré;
lundu marajoara;
marujada;
dança siriá;
xote bragantino.
Na região Nordeste, ressaltamos:
maculelê;
cavalo piancó;
reisado;
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ciranda;
coco;
maneiro-pau;
dança de São Gonçalo;
dança do lelê;
dança do caroço;
espontão;
frevo;
cavalo-marinho;
caboclinhos;
maracatu rural;
mamulengo;
pagode do amarante;
tambor de crioula;
bambaê de caixa;
cacuriá;
torém;
caninha-verde;
marujada.
Na região Centro-Oeste, temos:
catira;
vilão;
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tambor;
siriri;
cururu;
boi à serra;
dança de São Gonçalo;
sarandi;
chupim;
polca de carão;
xote.
Figura 23 – Maracatu
8.4 Preparação física para a dança
Condicionar o dançarino como um atleta é um exercício de mente-corpo-força [...] equilíbrio, flexibilidade, postura e treinamento da imagem corporal precisam estar juntos como um todo equilibrado. Se o dançarino estiver apto a quebrar o ciclo de movimentos desalinhados e fortalecer os apropriados, ele pode não apenas se tornar mais habilidoso como também reduzir os riscos de lesão (FRANKLIN, 2012, p. 2).
Falar em condicionamento na dança não é algo tão simples, pois são inúmeros os estilos e as técnicas existentes. Portanto, deve-se conhecer a técnica do estilo de dança a ser trabalhado, bem como investigar quais são as exigências físicas que precisam ser desenvolvidas. De modo geral, a preparação física na dança consiste no evolução da coordenação neuromuscular e cinestésica, alinhamento, flexibilidade, força, resistência, equilíbrio e agilidade.
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8.4.1 Aquecimento/resfriamento
Para um bom desempenho em um ensaio, treino ou aula de dança, é essencial fazer o aquecimento para elevar o fluxo sanguíneo, acelerar a respiração, aumentar a temperatura corporal e lubrificar as articulações, tornando o corpo mais elástico e hábil para as próximas etapas.
Um bom profissional deve estar atento para necessidade de se aquecer o corpo de acordo com os movimentos similares aos que serão requisitados nas aulas, danças ou composições coreográficas. Dessa forma, ele estará apto para executar os movimentos solicitados com melhor desempenho.
Autores como Volianitis (2001) sugerem que é preciso dividir o aquecimento em três fases: organizar o corpo (fisiológico), captar a percepção (psicofisiólogico) e preparar a mente (psicológico).
Todo bailarino ou dançarino deve desenvolver um alto grau de percepção corporal, buscando identificar as partes mais tensas, rígidas e fracas, enfim, as áreas mais deficientes. Depois, é preciso ajustar mudanças para preparar dispor de forma adequada o seu corpo.
 Lembrete
Ao aquecer o corpo, os alongamentos devem servir como uma forma de acordar os músculos, e não para aumentar a flexibilidade.
Não devemos parar de modo repentino os exercícios na aula de dança, ensaios ou espetáculos. Por fim, temos o resfriamento, que deve acontecer de forma lenta e gradativa para que o seu corpo retorne ao estado de repouso.
Segundo Franklin (2012, p. 10),
[...] essa mudança abrupta do exercício para a posição sentada faz com que o sangue se acumule nos membros inferiores, e o coração e todos os sistemas do corpo reduzam o ritmo rápido demais. Da mesma forma, resíduos metabólicos acumulados pelo músculo durante o exercício não são facilmente removidos do tecido se não houver uma fase de resfriamento. O resultado é dor, músculos cansados, articulações doloridas e menos resistência geral no dia seguinte.
Recomenda-se que sejam executados leves exercícios de respiração e alongamento nos principais músculos trabalhados para seu relaxamento, o que reduzirá as dores localizadas.
 Observação
Não é aconselhável trabalhar o alongamento de forma intensa no resfriamento, pois há grande possibilidade de lesionar as fibras musculares.
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8.4.2 Percepção corporal e o alinhamento
Para executar movimentos de dança ou de qualquer outra atividade esportiva que busca a autoexibição, a qualidade de movimento e a excelência técnica, é essencial que o dançarino ou atleta tenha um conhecimento básico sobre ossos, articulações e músculos e a percepção espaço-temporal em que o corpo se manifesta. Isso indica que, para um trabalho consciente, é preciso desenvolver a percepção em relação ao alinhamento das estruturas ósseas, aos músculos envolvidos no movimento,
força que se emprega, às sensações de desconforto, tensões, dor,estresse, enfim, conseguir sentir as possíveis distorções na postura. Além disso, é imperioso assimilar como o corpo ocupa o espaço em relação aos planos e eixos.
planos: sagital, frontal e horizontal;
eixos: longitudinal/crânio-caudal, transversal/látero-lateral, antero-posterior/sagital.
Figura 24
O alinhamento é uma relação dos ossos do corpo aos planos geométricos. Neste caso, um plano sagital mediano imaginário secciona o corpo humano no nariz, no centro da mandíbula, no esterno e na sínfise púbica. Um plano frontal imaginário disseca o corpo humano na articulação atlanto-occiptal, na ponta dos ombros, no trocanter maior e logo à frente da parte externa do osso do tornozelo. Uma distorção na postura pode ser encontrada no plano horizontal. A cabeça pode ser virada para a direita em relação ao ombro e à pelve, e rotada para a esquerda em relação aos pés. Se você olhar para o corpo a partir de cima, tanto as orelhas quanto a ponta dos ombros, o trocanter maior e os tornozelos devem estar idealmente localizados aproximadamente no mesmo plano frontal (FRANKLIN, 2012, p. 87).
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Portanto, executar movimentos de dança com o corpo alinhado reduz o estresse sobre os músculos, facilita a execução, diminui o esforço, eleva a flexibilidade e traz beleza às formas do movimento, promovendo plasticidade.
8.5 Equilíbrio
Figura 25 – Primeira bailarina do Teatro Municipal, Rio de Janeiro
A dança e a ginástica rítmica trabalham muito com o virtuosismo, que nada mais é do que possuir um grande domínio sobre uma técnica e executá-la com grande perfeição e graciosidade. Na imagem anterior, vemos uma bailarina em equilíbrio sobre a ponta dos dedos do pé. Para adquirir esse grau de habilidade, é vital desenvolver percepção corporal. Então, deve-se alinhar as estruturas ósseas, centralizar a postura (encontrando o eixo corporal), marcar um ponto fixo com a cabeça, empregar o tônus necessário e usar a força contrária (vetores).
Possuímos reflexos ou reações de endireitamento que fazem com que a cabeça se alinhe com a coluna ou o eixo do corpo inteiro em relação à gravidade. Esses reflexos nos orientam em direção ao nosso centro para que saibamos onde estamos em relação ao nosso eixo e possamos responder a outros estímulos de forma eficiente. As reações de endireitamento são controladas por inúmeros órgãos sensoriais nos músculos do pescoço (fusos musculares) e órgãos de equilíbrio no ouvido interno (vestíbulo) e nos olhos (endireitamento óptico) (FRANKLIN, 2012, p. 30).
Vamos falar sobre os pés, sustentáculos do corpo. Em primeiro lugar, o corpo deve estar aquecido e com os dedos alongados, assim é possível aumentar a base de apoio. O peso deve ser distribuído sobre o 1º e o 5º metatarsais e o calcanho, formando um triângulo. Os maléolos precisam ser alinhados e o tornozelo deve estar firme. Dessa forma, temos uma boa base de apoio para manter o equilíbrio.
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Usar as metades do corpo (estruturas ósseas e musculares) em simetria ajuda a adequar o alinhamento corporal, evitando entortá-lo e tensionar os músculos de modo desnecessário, causando a instabilidade. No desenho a seguir, podemos observar um corpo com simetria: ombros, quadril e coluna alinhados.
Figura 26 – Corpo alinhado, em simetria
8.6 Força muscular equilibrada
Podemos notar que o tronco é essencial na dança, quase todos os movimentos são gerados a partir dele. Para que essa base seja estável, é preciso um controle postural, força muscular equilibrada e uma respiração eficiente. A maioria dos estilos de dança possui em suas coreografias movimentos que exigem uma grande desestabilidade do tronco. Para evitar o impacto na coluna vertebral, é necessário um core (força do centro) forte e preparado.
Para fortalecer o tronco, é fundamental desenvolver uma força muscular equilibrada na coluna lombar, nos músculos do abdômen, no diafragma e no iliopsoas. Então, esses músculos proporcionam estabilidade para executar os movimentos mais complexos de forma segura.
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Na figura a seguir, nota-se uma bailarina executando um plié (flexão dos MMII) em 2ª posição dos pés.
Figura 27 – Movimento alinhado do plié
Vamos analisar a figura e destacar algumas ações relevantes:
esse trabalho requer uma rotação da coxofemoral (en dehors), exigindo a flexibilidade dos membros inferiores;
o corpo se encontra em simetria, trazendo harmonia e equilíbrio entre os lados;
o alinhamento das estruturas ósseas é vital para qualidade e êxito no movimento, e na imagem notamos que os ombros estão alinhados em relação à crista ilíaca, os ísquios, ao calcanho, e a patela, ao centro dos pés;
o trabalho de força contrária ajuda a posicionar o corpo no espaço de forma correta e possibilita o espaçamento nas articulações, o que traz mais flexibilidade e facilita a rotação da coxofemoral;
quanto mais o bailarino flexiona o seu plié (dobra suave dos joelhos), mais força equilibrada ele emprega no tronco para elevação do centro de gravidade;
os pés bem posicionados no solo aumentam a base de apoio, estabilizando o movimento;
o tônus empregado deve ser apenas o necessário para manter a posição firme e equilibrada.
ao executar o plié na fase de descida, inspire pelo nariz e perceba que o diafragma e os músculos do assoalho pélvico se expandem.
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8.7 Flexibilidade
Encontramos na literatura muito a respeito da história da dança, dos criadores e de suas criações, bem como seus principais representantes, mas poucos estudos são encontrados a respeito dos aspectos funcionais e morfológicos. Certas atividades esportivas, lutas e danças necessitam de maiores níveis de flexibilidade para se atingir desempenhos superiores (SILVA; BONORINO, 2008).
Em virtude de a flexibilidade estar relacionada à técnica dos movimentos da dança e também por compor grande parte das exigências dos movimentos executados, é uma capacidade física valorosa para a modalidade e relacionada à performance desse bailarinos (MONTEIRO, 2009).
A flexibilidade é uma aptidão física essencial na dança, permitindo ao atleta realizar ações motoras que requerem amplitude articular. Assim, a falta da flexibilidade é uma enorme limitação ao bailarino.
O treinamento de flexibilidade ajuda a aumentar a extensão de movimento nas articulações e em outras estruturas do corpo, promovendo um movimento menos tenso, mais livre e amplo. Segundo Franklin (2012), esse treinamento tem um papel crucial na manutenção geral da saúde do corpo, garantindo o fluxo suficiente de sangue através dos tecidos e a lubrificação de articulações. Há uma grande conexão entre flexibilidade equilibrada, estabilidade e redução de lesões.
Ganhamos mais flexibilidade ao combinar exercícios que elevam a temperatura do corpo aos de alongamentos leves. Um modo vantajoso de alongar o tronco e trazer mais flexibilidade à coluna vertebral é trabalhar com o espaçamento das vertebras ou o alongamento do esqueleto axial (crânio, coluna vertebral, costelas e sacro).
Esse trabalho ocorre quando empregamos forças antagônicas, aumentando os espaçamentos e tornando a coluna mais flexível e os movimentos mais amplos e reduzindo o risco de lesões. A seguir, vemos o desenho de um esqueleto axial e duas setas ou vetores indicando a direção da força antagônica aplicada.
Figura 28 – Esqueleto axial: vetores indicando as forças opostas para atingir o alongamento
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 Saiba mais
Para aprofundamento sobre preparação física na dança, leia o livro a seguir:
HAAS, J. G. Anatomia da dança.São Paulo: Manole, 2011.
 Resumo
Nesta unidade, abordamos a dança em seus mais variados estilos, métodos e áreas de atuação, como: a educação, a Educação Física, a reabilitação, a religião, a dança da cultura popular ou folclórica, entre outras. A esse respeito, percebemos o quão amplo é o universo de trabalho nessa área.
Vimos que desde a pré-História a dança permeava a vida do homem. Cumpria diversas funções, por exemplo, expressão religiosa, artística e cultural, de acordo com o contexto histórico.
Destacamos os estudos de Laban sobre as oito ações básicas de movimento: deslizar, flutuar, pontuar, sacudir, pressionar, torcer, chicotear e socar. Tais informações nos auxilia a executar os movimentos em relação ao tempo, ao espaço e à força que deve ser empregada.
Estudamos a dança integrativa e apresentamos diversos exemplos: dança circular sagrada, dança social de salão e dança folclórica. Sua importância está relacionada aos diversos benefícios que ela traz: desenvolve autoconfiança, gera sociabilização e divertimento, estimula a circulação sanguínea, desenvolve a coordenação motora, melhora o sistema cardiorrespiratório, dá agilidade e flexibilidade, diminui o estresse e aumenta a resistência muscular, promovendo ritmo e percepção corporal.
Também evidenciamos que a preparação física para a dança é essencial. Preparar o corpo com um aquecimento bem elaborado, abordando especificamente as necessidades do bailarino, promoverá excelentes resultados em sua performance. Desenvolver as habilidades como flexibilidade, força, agilidade, equilíbrio, coordenação e alinhamento tornará o bailarino mais apto a criar um trabalho com consciência corporal, com qualidade em seus movimentos, evitando o risco de lesões e alcançando um nível técnico desejado.
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Fizemos, ainda, um breve histórico da dança em seus mais variados aspectos e contextos, com o intuito de ampliar seus conhecimentos e buscar descobertas, aprofundamentos e realizações.
 Exercícios
Questão 1. O grupo de percussão corporal Barbatuques é referência internacional em percussão corporal, ou seja, utiliza todas as possibilidades de extrair sons harmoniosos do corpo de seus integrantes. O grupo faz música e ritmos através de variações de palmas, assobios, estalos dos dedos, batidas no peito, sopros entre as mãos unidas, sapateados, efeitos de voz, todos estes sons em mais completa sintonia. Foi fundado em 1997 pelo músico Fernando Barba e atualmente faz shows por todo o País e até no exterior. Participa de workshops para outros grupos, escolas, empresas, ONGs e instituições culturais. Mantém um núcleo de pesquisas sobre a linguagem sonora corporal e apresenta vasto repertório de criação própria, interagindo nos shows com o público (ARTAXO NETO; MONTEIRO, 2008).
Com bases na experiência rítmica do grupo Barbatuques, de que forma o professor de educação física pode utilizar o ritmo dos sons produzidos pelo corpo no desenvolvimento de suas aulas?
I – Estimulando o conhecimento do ritmo e da coordenação motora dos alunos através dos próprios segmentos corporais.
– Utilizando os ritmos de palmas, pisadas e batidas em atividades lúdicas, auxiliando o desenvolvimento psicomotor das crianças.
– Trabalhando os ritmos corporais em grupos, como forma de integração e trabalho em equipe, realizando tarefas e apresentações em atividades recreativas.
IV – Criando os ritmos de percussão corporal associado às aulas de dança e ritmo nas academias de ginástica.
V – Associando o trabalho de ritmos com a montagem de peças teatrais e espetáculos cênicos, estimulando a iniciação artística dos alunos.
É correto apenas o que se destaca nas afirmativas:
I, II e IV.
I, II, IV e V.
II, III, IV e V.
I, II, III e IV.
Todas as afirmativas são corretas.
Resposta correta: alternativa D.
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Análise das afirmativas
I – Afirmativa correta.
Justificativa: a coordenação motora é uma capacidade física coordenativa que pode ser desenvolvida através da dança e do trabalho de ritmos de percussão corporal.
II – Afirmativa correta.
Justificativa: o trabalho de ritmos visa auxiliar o desenvolvimento cognitivo e motor dos alunos e pode ser utilizado como conteúdos em aulas de Educação Física.
III – Afirmativa correta.
Justificativa: o trabalho de ritmo em equipe depende de colaboração, entrosamento e trabalho conjunto, o que é bastante importante para o desenvolvimento afetivo e social dos alunos.
IV – Afirmativa correta.
Justificativa: o professor de Educação Física da área de condicionamento físico deve utilizar o ritmo para melhorar a cadência dos movimentos, aumentando a intensidade do exercício de forma motivadora.
V – Afirmativa incorreta.
Justificativa: o professor de educação física deve implementar atividades rítmicas em suas aulas, visando ao desenvolvimento afetivo, cognitivo e motor de seus alunos. O desenvolvimento artístico não é a atividade principal do professor de Educação Física.
Questão 2. A dança e a ginástica trabalham muito com o virtuosismo, que nada mais é do que possuir um grande domínio sobre uma técnica e executá-la com grande perfeição e graciosidade. Para se chegar a este grau de habilidade, é preciso desenvolver percepção corporal, para se obter o equilíbrio alinhado, que nada mais é do que alinhar as estruturas ósseas, centralizar a postura encontrando o eixo corporal, marcar um ponto fixo com a cabeça, empregar o tônus necessário e usar a força contrária.
A virtuosidade pode ser definida como “desempenhar o comum incomumente bem”. A virtuosidade
mais que uma exigência para aquele último décimo de ponto; ela é a verdadeira marca da maestria, da genialidade e da beleza.
Há uma tendência entre os novatos que estão desenvolvendo qualquer habilidade ou arte, na dança, na ginástica ou em outras modalidades esportivas de se mover rapidamente pelos princípios básicos e seguir para movimentos, habilidades ou técnicas mais elaboradas e sofisticadas. Esta compulsão é expressa pela ansiedade de chegar à originalidade e ao risco.
Diante dessas condições inerentes à dança e à ginástica, são características do processo de ensino e aprendizagem da dança e da ginástica:
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I – Rigor formal nas sequências pedagógicas de movimentos complexos e combinados vivenciados de forma global por praticantes de diversos níveis de aprendizagem e tempo de prática.
– Dedicação exaustiva aos fundamentos básicos e mais simples, antes de progredir para ações combinadas e complexas.
– A aprendizagem exige muitos anos de dedicação, pois os fundamentos elementares devem ser assimilados de forma consistente e a progressão em complexidade é muito gradativa.
IV – Mesmo os alunos mais avançados devem se dedicar a fundamentos básicos que mantenham o condicionamento necessário para as composições mais complexas.
V – O entusiasmo, a autoconfiança e a intrepidez são motivados diariamente e impulsionam o aprendizado de experiências que envolvem o risco e a virtuosidade.
correto apenas o que se destaca nas afirmativas: A) I, II e IV.
B) II, III e V. C) II, III e IV. D) I, II, IV e V. E) I, II, III e IV.
Resposta desta questão na plataforma.
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FIGURAS E ILUSTRAÇÕES
Figura 2
ARTAXO NETO, M. I.; MONTEIRO, G. A. Ritmo e movimento: teoria e prática. 4. ed. São Paulo: Phorte, 2008. p. 31.
Figura 11
ARTAXO NETO, M. I.; MONTEIRO, G. A. Ritmo e movimento: teoria e prática. 4. ed. São Paulo: Phorte, 2008. p. 36.
Figura 12
FRANKLIN, E. Condicionamento físico para a dança. São Paulo: Manole, 2012. p. 99.
Figura 13
A_3_4.JPG. Disponível em: <http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/
conteudo_9805/A_3_4.jpg>. Acesso em: 15 jul. 2016.
Figura 14
09.PNG. Disponível

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