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A marcha humana normal

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A marcha humana normal
A marcha é uma tarefa motora que envolve um padrão complexo de contrações musculares em diversos segmentos do corpo. Pensando em termos biomecânicos, a marcha pode ser vista como o deslocamento do centro de gravidade do corpo através do espaço com o menor consumo de energia possível.
*Passo: distância entre o toque do calcanhar de um pé e o toque seguinte do calcanhar do outro pé.
*Passada: distancia entre o toque do calcanhar de um pé e o toque seguinte do calcanhar deste mesmo pé. Uma passada corresponde a dois passos.
1 Requisitos para a realização da marcha
Para que a marcha individual possa ser realizada dentro dos padrões considerados normais, é necessário que quatro critérios estejam em harmonia:
Integridade músculo-esquelética: todo o sistema músculo-esquelético, e isso inclui ossos, músculos e articulações, devem estar em perfeito estado físico e integrados entre si;
Controle neurológico: o comando cerebral e a resposta muscular devem estar em perfeita sintonia e sem nenhuma condição patológica, assim como a propriocepção do indivíduo e os estímulos visuais, vestibulares, auditivos, sensitivos e motores;
Equilíbrio: capacidade de o indivíduo assumir e manter ortostatismo;
Locomoção: capacidade de iniciar e manter um movimento.
2 Ciclo da marcha
Período que compreende desde o contato de um pé ao solo até o contato seguinte desse mesmo pé. É a descrição de eventos ocorridos em um membro inferior entre dois contatos consecutivos de um mesmo pé.
O ciclo da marcha é dividido em duas fases bem distintas: a fase de apoio, onde o pé toca o solo; e a fase de balanço, onde o pé não está em contato com o solo.
2.1 Fase de apoio
Toque do calcanhar: o ciclo começa assim que o calcanhar do membro referido toca o solo;
Fase de contato: fase onde o pé estará plano e em contato com o solo. Nesta fase, o peso corporal está distribuído por toda a superfície plantar;
Apoio médio: o pé ainda estará em total contato com o solo, porém o peso corporal será transferido para a região anterior do pé;
Saída do calcanhar: fase em que o calcanhar se desprende do solo. Nesta fase, a tíbia é deslocada anteriormente;
Propulsão: o pé perde contato com o solo e começa a fase de balanço. Neste momento, o corpo do indivíduo é impulsionado para frente.
2.2 Fase de balanço
Aceleração: fase em que o pé se eleva do solo e acelera para frente e para cima;
Oscilação média: ápice da aceleração do segmento. Neste momento alcança a maior elevação em relação ao solo;
Desaceleração: período em que o segmento desacelera o movimento e segue até que o calcanhar toque o solo e comece outro ciclo da marcha
3 Ativação muscular durante a marcha
As ações musculares na marcha humana ocorrem para: aceleração dos segmentos, frenagem moderada de uma aceleração, amortecimento dos choques e vibrações, e garantia de estabilidade articular.
A ação concêntrica dos músculos está presente tanto no início da fase de apoio como no início da fase de balanço. Serve para a impulsão e aceleração do segmento no inicio da oscilação e na transferência de peso durante a fase de duplo apoio.
A maior parte das ações musculares na marcha são isométricas ou excêntricas. Elas ocorrem para equilibrar e desacelerar os deslocamentos dos segmentos corporais e do centro de gravidade. O trabalho permite a absorção e o armazenamento de energia elástica.
3.1 Tibial anterior
É ativado de forma isométrica. O maior pico de contração desse músculo é durante a fase de apoio inicial. Na fase de contato atua de forma excêntrica durante o aplanamento do pé. Na passagem para o apoio médio, vai atuar de forma concêntrica ajudando no avanço da tíbia. Na fase de balanço, para evitar que o pé caia, vai realizar contração isométrica para mantê-lo na posição neutra.
3.2 Tríceps sural
Sua atividade inicial acontece na fase de contato, com o pé plano, atuando excentricamente para retardar e controlar o avanço da tíbia. Na fase de elevação do calcanhar e propulsão, irão atuar de forma concêntrica para elevar o calcanhar do solo e iniciar a fase de aceleração e balanço.
3.3 Quadríceps
Atuam isometricamente na fase de contato inicial. Já na fase de duplo apoio, atua excentricamente para frear a flexão de joelho. Atuarão de forma concêntrica na fase de desaceleração estendendo o joelho, para iniciar a fase de contato inicial.
3.4 Isquiotibiais
Começam a trabalhar isometricamente na fase de contato inicial, freando a flexão do quadril. Na fase de balanço atua flexionando o joelho na fase de aceleração até a oscilação média. A partir da oscilação média até a oscilação final irá atuar excentricamente, controlando a extensão do joelho e desacelerando o segmento.
3.5 Abdutores
Se contraem para estabilizar a pelve durante a fase de contato inicial e na fase de apoio único.
3.6 Adutores
Se contraem para estabilizar a pelve durante a fase de contato inicial e na fase de aceleração flexionando o quadril.
3.7 Fibulares
Possui atividade semelhante a do tríceps, com a contração iniciando na fase de apoio e indo ao máximo na elevação do calcanhar.
3.8 Glúteo máximo
Começa ao toque do calcanhar ao solo, de forma isométrica, impedindo a flexão da pelve, e vai até a fase de apoio médio, de forma concêntrica, promovendo a extensão da pelve.
3.9 Eretores da espinha
Mantém uma atividade constante durante a marcha, com picos de contração nas fases de contato inicial e apoio médio.
4 Principais deslocamentos do corpo durante o ciclo da marcha
Pelve: se inclina, gira e oscila;
Membros inferiores: se deslocam nos três planos espaciais, fazendo flexão e extensão, adução e abdução e as rotações mediais e laterais;
Cintura escapular: realiza rotação contralateral à pelve, dissociação;
Membros superiores: balançam em direção contrária aos movimentos pélvicos e de membros inferiores.
5 Visualização da marcha nos planos
Sagital: oscilação vertical da cabeça e pelve;
Frontal: oscilação lateral da cabeça e pelve;
Horizontal: rotação da cintura escapular e da cintura pélvica.
6 Avaliação fisioterapeutica da marcha
A avaliação da marcha é fundamental na descoberta de causas de patologias músculo-esqueléticas, nas causas de alterações posturais, e no plano de tratamento e treinamento de desportistas.
Existem vários métodos para se avaliar a marcha. É interessante que o paciente seja avaliado antes mesmo de entrar no consultório, visto que ele tenderá a corrigir a passada quando estiver sendo avaliado.
6.1 Exame físico
Força muscular: uso da escala de oxford;
Controle moto-neural: teste da resposta neuronal a um estímulo externo (reflexo tendíneo);
Goniometria: medidas de mensuração da amplitude articular;
Antropometria estática e dinâmica: medidas de comprimento de segmentos corporais.
6.2 Vídeo
Paciente estará utilizando o mínimo de roupas possível e será gravado um vídeo da sua deambulação em um espaço durante um período determinado. Serão avaliados os padrões posturais, o posicionamento articular, a mobilidade e dissociação da cintura escapular e pélvica, vício de marcha.
Este exame também pode ser realizado apenas a olho nu.
6.3 Medições temporais
Comprimento do ciclo de marcha (passada)
Comprimento do passo
Largura do passo
Cadência – passos/minuto
Velocidade – cadência x comprimento do passo
6.4 Eletromiografia
Fases de ativação muscular
Tempos musculares
6.5 Potência muscular
Gerada: concêntrica
Absorvida: excêntrica
6.6 Gasto energético
Consumo de O2
Economia muscular: pode ser conseguida pela estabilidade articular resultante da adequada colocação no espaço + a direção da força de reação ao solo + trabalho ligamentar
Alongamento muscular: 3x mais eficiente que seu encurtamento
6.7 Baropodometria
Distribuição do peso corporal sob a superfície plantar;
Tipo de pé;
Desvios patológicos do pé.
Referências
SOUSA, ASP; TAVARES, JMRS. Controle postural e marcha humana: análise multifactorial. Universidade do Porto, 2010.
MANN, L; TEIXEIRA, CS; MOTA, CB. A marcha humana:interferências de cargas e de diferentes situações. Unipar, nol. 12, nº 3, 2008.
MAFRA, NR. Processamento de sinal na avaliação clínica da marcha humana. 2012. 46f. Dissertação (Mestrado integrado em Bioengenharia).Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Porto, 2012.
SOUSA, ASP; TAVARES, JMRS. A marcha humana: uma abordagem biomecânica. 1º ICH Gaia-Porto, 2010.
PIFFER, G; BALBINOT, A. Desenvolvimento de um protótipo de plataforma de força de pequeno porte para marcha humana. UFRGS, 2010.

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